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Tendências Digitais em Finanças
Autoria do Desafio Profissional: Patrícia Lazzarotti Garcia
Leitora Crítica: Tayra Carolina Nascimento Aleixo

Proposta de Resolução

1. CENÁRIOS PARA O PROCESSO DECISÓRIO DE FUSÃO

A BRASK S.A. é uma empresa industrial americana do setor químico. Seu produto possui uma gama
de aplicações, desde o isolamento térmico, elétrico, construção, aviação, entre outros. A empresa
domina o mercado brasileiro, onde seu market share é de 90%, e o restante do mercado está sobre
o controle da sua concorrente, a AQUIIM S.A. A indústria AQUIM S.A. tem em seu processo fabril a
utilização da tecnologia robótica.

Sendo assim, recentemente surgiu a oportunidade da fusão entre as empresas, contudo devem ser
analisados todos os aspectos para suportar a decisão final. Este relatório tem por objetivo
apresentar dois cenários possíveis e demonstrar qual deles é o mais indicado, dado as
circunstâncias, fatos e riscos.

1.1. Cenário 1 – Efetivação da Fusão

A empresa AQUIIM S.A. possui um avançado processo de produção com a utilização da robótica, o
que permite ganhos de produtividade e redução de custos.

O uso da Inteligência artificial (IA) associada à robótica vem revolucionando as organizações. Umas
das técnicas aplicadas à IA é o “aprendizado de máquina” (machine learning, em inglês), que de
acordo com Fernandes (2018) “trata-se de fazer com que um sistema empregando as
informações que lhe foram aplicadas execute a tarefa de modo que obtenha o melhor resultado
sem que dependa da intervenção humana”. Desta forma é possível automatizar grande parte do
processo produtivo, reduzindo erros, desperdícios e retrabalho, gerando assim aumento na
eficiência operacional e consequente melhora dos resultados financeiros.

Dado os argumentos acima, com o processo de fusão entre as empresas BRASK S.A. e AQUIIM S.A.,
toda a expertise tecnológica, tais como os processos robotizados de produção da AQUIIM S.A., farão
parte da empresa como um todo, em diferentes tipos de processos, o que gerará ganhos produtivos
e otimização dos recursos. Além do mais, torna-se mais barato e rápido adquirir a empresa com a
tecnologia almejada, pois o processo de absorção e a curva de aprendizagem é mais rápida,
diferentemente se a empresa resolvesse implantar a robotização do zero. Com esta integração,
gera-se produção otimizada, com baixo nível de erros, maior eficiência levando ao domínio do
mercado nacional (market share passaria a ser de 100%) e expansão no mercado internacional.

1.2. Cenário 2 – Não efetivação da Fusão

A fusão entre as empresas AQUIIM S.A. e BRASK S.A. geraria um monopólio no mercado brasileiro.
Este processo seria investigado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), que
“tem as atribuições de analisar e aprovar ou não os atos de concentração econômica, de investigar
condutas prejudiciais à livre concorrência e, se for o caso, aplicar punições aos infratores, e de
disseminar a cultura da livre concorrência” (CADE, 2018). Esta aquisição certamente seria barrada
pelo CADE pelos argumentos expostos:

a) Elevada concentração econômica nos mercados de produtos químicos;


b) Elevadas barreiras à entrada de novos concorrentes, afinal tratar-se-á da maior e
mais tecnológica empresa do setor químico do Brasil;
c) Ausência de concorrência gerando domínio no mercado.

O mesmo órgão, em 2004, barrou a aquisição da Garoto pela Nestlé, que de acordo com
Rosa e Gonçalves:

Acarretava elevada concentração econômica nos mercados de chocolates sob todas as


formas e coberturas de chocolates, fato este que, somado à existência de elevadas barreiras
à entrada de novos concorrentes e à ausência de efetiva rivalidade em tais mercados após a
operação, permitiria o exercício de poder de mercado, unilateral ou coordenado, por parte
da empresa resultante (2007).

Desta maneira se espera que o CADE não aprove a fusão, sendo assim, para que a empresa BRASK
S.A. se mantenha forte no mercado é imprescindível que haja investimento na robotização de sua
produção, pois, caso contrário, irá perder paulatinamente espaço no mercado para a concorrente.
1.3. Indicação

Após exposição dos dois cenários, sugere-se que a empresa não realize a aquisição da concorrente,
pois se trata de uma negociação altamente arriscada em decorrência do real impedimento do
CADE. A negociação exposta apresenta todos as características que vão ao encontro da
concentração econômica do mercado, o que é veemente combatido pelo CADE. Sendo assim, esta
fusão só geraria perda de tempo, pois não seria concretizada.

Se o objetivo da empresa BRASK S.A. é robotizar seu processo fabril, sugere-se a elaboração de um
plano de médio e longo prazo para o investimento em tais tecnologias, pois, de fato, a empresa só
se manterá competitiva e rentável se adentrar nas novas possibilidades de produção.

Referências

FERNANDES, J. G. L.; SILVA, N. A. M. da; BROCK, T. R.; QUEIROGA, A. P. G. de; RODRIGUES, L. C.


Inteligência artificial: uma visão geral. Revista Eletrônica Reeed – Engenharia Estudos e Debates, v. 1,
2018. Disponível em: http://reeed.com.br/index.php/reeed/ article/view/25. Acesso em: 15 mar. 2019.

ROSA, José Del Chiara Ferreira da; GONÇALVES, Priscila Brólio. O CADE, a Concorrência e a
Operação Nestlé-Garoto. Revista de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, v. 245, p. 263-278, mai.
2007. ISSN 2238-5177. Disponível em: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rda/article/
view/42130. Acesso em: 18 mar. 2019.

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