Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1 INTRODUÇÃO
Nas garotas, a puberdade chega 2 anos antes que nos meninos, a partir dos 8
ou 9 anos. Logo, tendem a ser mais altas, mais pesadas e mais fortes que os meninos
3
sempre condizentes com uma imagem corporal já por eles construída (FROIS; et al.,
2011).
Enquanto multiplicador e reprodutor de informações, as mídias possuem ativa
participação na divulgação desse padrão de beleza, sendo ele, segundo Silva, et al.
(2004), um potente gerador de uma imagem corporal distorcida. Vale lembrar que toda
essa influência midiática e a cobrança pelo tipo físico ideal, podem gerar sentimento
de frustração, culpa, vergonha e de insatisfação (SILVA; et al., 2018), que pode
significar uma redução na qualidade de vida desses jovens, inclusive levando a
desordens de natureza psíquica, como depressão e até suicídio.
Nas redes sociais, programas de televisão ou em revistas e jornais é comum
que sejam apresentadas pessoas atléticas, que vendem saúde e boa forma, portando
objetos caros, realizando procedimentos estéticos da moda ou vendendo algum
produto que auxilie na dieta, ou outros que visem suprir os padrões estéticos
estabelecidos (LIRA; et al., 2017).
A mídia reflete os valores sociais atuais, onde a magreza é sinônimo de
sucesso e deve ser alcançada. Os adolescentes, então, buscam ideais que se
contrapõem aos antigos parâmetros já conhecidos, passando a internalizar os
modelos que o mundo apresenta. Desejam novos espaços, acessórios, modas e
novos corpos. Diante do exposto, novas experiências geram novas crenças e, por
consequência, constroem uma nova identidade corpórea. No entanto, é comum nesse
processo a preferência pelo que já se conhece e pelo que é apresentado pela
sociedade, o que acaba por contribuir para o aumento das angústias e crises dos
adolescentes (FROIS; MOREIRA; STENGE, 2011).
Os meios de comunicação são responsáveis por expor os modelos de beleza,
valorizando determinados atributos em detrimento de outros (CAMPAGNA; SOUZA,
2006). Neste contexto, tais referenciais, em meninas que estão passando por uma
mudança corporal, aumentam o nível de insegurança com seu próprio corpo, assim
como a frustração e, frequentemente, para tentar se encaixar nesse padrão, adotam
comportamentos inadequados de perda de peso (MARTINS; PETROSKI, 2015 apud
ESPINOZA; PENELO; RAICH, 2010).
Essa avaliação subjetiva e negativa da imagem corporal, internalização do
padrão do corpo “ideal”, modifica as atitudes e comportamentos pessoais, sendo um
importante mediador da insatisfação corporal (LIRA; et al., 2017 apud LAUS; et al.,
2013).
5
2 METODOLOGIA
Calligaris. Também foram encontrados quatorze artigos nas bases de dados, com os
totais de três artigos do Periódicos Eletrônicos em Psicologia (PEPSIC), oito da
Scientific Eletronic Library Online (SciELO) e três de periódicos do Repositório da
USP.
Como descritores, foram utilizados: Imagem corporal de adolescentes.
Insatisfação corporal. Mídias sociais. imagem corporal no gênero feminino,
insatisfação corporal no gênero feminino.
Foram utilizados, como critérios de inclusão, artigos com foco nos descritores,
idioma português, período entre 2011 à 2021. Como critérios de exclusão foram
descartados aqueles que possuíam outros idiomas, faixa etária, gêneros e com
especificações étnicas e/ou relacionados a alguma patologia específica.
Foram utilizados quatorze artigos no total na realização deste artigo. E, com a
utilização dos critérios de inclusão e exclusão, aplicado para esta pesquisa seis
artigos: três na Scielo, um na Pepsic e dois no Repositório da USP, conforme descritos
no quadro a seguir:
Uso de redes sociais, Repositório. Avaliar relações entre a O acesso diário maior de 10
influência da mídia e USP - 2017 influência da mídia e o uso de vezes ao dia ao Facebook e
insatisfação com a redes sociais na imagem Instagram aumentou a
imagem corporal de corporal (IC) de adolescentes chance de insatisfação em
adolescentes do sexo feminino. 6,57 e 4,47 vezes,
brasileiras; LIRA, respectivamente.
Ariana Galhardi;
ALVARENGA, Marle
dos Santos; GANEN,
Aline de Piano.
Motivos e prevalência Scielo - Verificar os motivos e a A estética, a autoestima e a
de insatisfação com a 2012 prevalência de insatisfação saúde são os motivos que
imagem corporal em com a imagem corporal (IC) mais influenciam a
adolescentes; em adolescentes. insatisfação com a IC. Mais
PETROSKI, Edio Luiz, da metade dos adolescentes
PELEGRINI, Andreia está insatisfeita com sua
e GLANER, Maria silhueta corporal. Neste
Fátima. sentido, intervenções por
profissionais e serviços de
saúde são necessárias nessa
fase da vida, para prevenir
possíveis problemas futuros
de distúrbios alimentares
(anorexia, bulimia e
vigorexia).
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
e constatado pelas estatísticas. Assim como os autores citados, Lira, et al. (2017)
também compartilham da ideia de que a imagem da propagada influencia mais do que
a realidade vivida e observada no dia a dia, e, que o reforço produzido pela mídia
aliado à falta de diversidade de corpos como referencial de beleza, cria a dificuldade
em lidar com o diferente.
Conforme Petroski, et al. (2012), a globalização nos trouxe inúmeras vantagens
e acesso às informações, nos possibilitando conhecer a cultura de outros países.
Todavia, a banalização também acarreta em comparações injustas. Desse modo, Lira,
et al. (2017) ressaltam que a maneira como as pessoas se comunicam ou buscam tais
informações está em constante mudança. Nesse estudo, o Facebook foi a rede social
mais acessada (97,2%), seguido pelo Instagram. Dentre os adolescentes, as
novidades tecnológicas são maiores e ocorrem de forma mais rápida. Meninas que
utilizam as redes sociais por mais de 20h por semana são as mesmas que ficam mais
expostas à insatisfação corporal. Isso acontece, pois, as imagens de corpos “perfeitos”
que são veiculadas e vistas repetidamente são encaradas como uma versão da
realidade e, não alcançar tal ideal, é motivo de frustração e insatisfação.
A respeito do pensamento de Bauman (2001) sobre a liquidez na formação da
identidade dos jovens da modernidade, citado por Sena, et al. (2019), na perspectiva
de Frois, et al (2011), o efémero e imediatismo, gerado pela idealização do corpo
perfeito, está localizado na dimensão do sonho do adolescente. Tal construção
fantasiosa vai, aos poucos, se moldando em uma realidade mais aceitável, porém,
construída a partir de vivências desenvolvidas ao longo da vida.
autoridade organizadora dos pais e cuidadores tem papel primordial, pois contribui, a
partir de vínculos estáveis e saudáveis, para um processo harmônico de construção
de uma nova imagem corporal” (FROIS; et al. 2011, p. 77).
Para Petrovski, Pelegrini e Glaner (2010) a maior prevalência de insatisfação
com a imagem corporal foi verificada nos adolescentes urbanos quando comparados
aos rurais e, de acordo com Campagna e Souza (2006) apud De Lucia (2001), em
uma pesquisa realizada com 580 adolescentes, comprovou que a maior motivação
para a mudança de hábitos não eram relacionadas a melhora da saúde, mas a
melhora da aparência física, a busca por um corpo ideal.
Não somente os meios de divulgação de conteúdo educacional, mas a mídia
também divulga e estimula o consumo de um padrão estético ideal. Diante disso, a
mídia pode também influenciar negativamente a vida das pessoas.
As novas mídias reforçam o narcisismo e os padrões de beleza vigentes. É o
sinônimo de “meios de comunicação social”, é a mais perversa das influências (LIRA;
et al., 2017, apud GOMES, 2001).
De acordo com o artigo segundo do Código de Ética do Psicólogo, resolução
n.º 10/05, 2005, o profissional possui o dever ético de, não somente promover saúde
e qualidade de vida das pessoas e das coletividades, mas, também, prestar
assistência quanto à forma que estão sendo expostas e absorvidas essas informações
que são divulgadas ao contribuir com a eliminação de qualquer forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
Ao ridicularizar ou discriminar o corpo que se apresenta diferente do padrão
aceito atual, não motiva mudança visando saúde. Já o processo de (auto)aceitação
corporal é uma ferramenta essencial para que o processo de autocuidado possa
realmente acontecer de forma efetiva e transformadora (SILVA; et al., 2018).
Nesta perspectiva, a psicologia visa contribuir para o desenvolvimento saudável
de uma imagem e esquema corporal e deve permitir a preservação e estimulação da
livre manifestação dessa identidade, não somente no âmbito e exercício da práxis
profissional, mas como agente de mudança que compreende a dimensão e maturação
do corpo, estimulando a educação integral dos indivíduos para relações sociais
saudáveis, o que significa a necessidade de instaurar uma nova forma de vida social.
Desta forma, visando uma maior aceitação do corpo feminino durante a
adolescência, destaca-se a importância do planejamento e implementação de
estratégias nas escolas que visem uma conscientização sobre pressões sociais e a
16
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
17
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. Ed. São Paulo: Atlas, 2002.
SILVA, A. F. de S.; et al. A magreza como normal, o normal como gordo: reflexões
sobre corpo e padrões de beleza contemporâneos. Revista Família, Ciclos de Vida
e Saúde no Contexto Social, Uberaba, v. 6, n. 4, p. 808-813, 2018. Disponível em:
<http://dx.doi.org/10.18554/refacs.v6i4.3296>. Acesso em: 19 set. 2021.