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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ª VARA CIVEL

DO FORO CENTRAL COMARCA DE SÃO PAULO - SP

ISMAEL LOPES DE CAMARGO , brasileiro, industrial, casado, portador


da cédula de RG: 12.560.147-5 SSP, inscrito no CPF: 011.867.668/75, residente
domiciliado na Rua Godoi Preto, 168 - Pari - São Paulo – SP CEP: 03018-020,
por sua advogada que esta subscreve (procuração anexa), vem à presença de
Vossa Excelência com fulcro no artigo 319, do CPC, bem como fundamento da
Lei 8.245/91, propor a presente:

AÇÃO DE DESPEJO POR FALTA DE PAGAMENTO C/C COBRANÇA


DOS ALUGUEIS EM ATRASO E DEMAIS ENCARGOS

Em face Sra. ANA BEATRIZ COSTA, angolana, casada, comerciante,


portadora do RNE: V637218-0 inscrita sob o CPF nº 232.888.568-32, e o Sr.
ALCINO MANUEL DOS SANTOS FRANCISCO, angolano, casado, comerciante,
portador da cédula de RNE: G139754-A, inscrito no CPF: 232.094.268-80,
ambos residentes domiciliados na Av. Celso Garcia, 528 – Apto 9009 e 910 –
Brás – São Paulo-SP, CEP: 03014-000, pelos motivos e fato a seguir expostos:

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DA RELAÇÃO LOCATÍCIA

O Requerente é proprietário do imóvel situado a Av. Celso Garcia, 528 –


Apto 9009 e 910 – Brás – São Paulo-SP, CEP: 03014-000, locado para os
requeridos para fim residencial, por contrato de locação (doc. Anexo) firmado em
01 de julho de 2018, pelo prazo de 30 (trinta) meses, portanto com termino em
31 de dezembro de 2020, mediante aluguel mensal inicial de R$1.200,00 (hum
mil e duzentos reais). Além do consumo de água, energia elétrica, bem como o
pagamento do imposto que incidisse sobre o referido imóvel (IPTU), (doc. anexo).

O contrato em questão foi dispensado à garantia, pelo locador.

Vale destacar que, há muitos meses os requeridos se mantem


inadimplente com os alugueis e acessórios. Foram feitas diversas tentativas
para o recebimento amigável dos alugueres em atraso. A locatária, no entanto,
quedou-se inerte, ocupando o imóvel sem pagar o aluguel.

A lei 8.245 de 18 de outubro de 1991 adverte, no seu Art. 9ª, III, que a
locação poderá ser desfeita em decorrência da falta de pagamento do aluguel e
demais encargos, sendo que o artigo 63, § 1º, “b”, adverte ser de quinze dias o
prazo para desocupação do imóvel na procedência da ação de despejo, se este
houver sido decretado com fundamento no artigo 9º, III, supra.

Como anteriormente descrito, o peticionário pugnou exaustivamente por


solução pacífica para o imbróglio, sem que fosse necessária propositura de
demanda judicial.

Contudo, os réus negam-se ao adimplemento das obrigações que lhes


cabe por força do vínculo contratual, bem como se recusa a entregar a posse do
imóvel ao seu proprietário.

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Em razão disso, restam inadimplentes os alugueres vencidos e sem
pagamentos referentes os meses de Fev/2019 a Mai/2019, no valor de R$
10.596,81 (dez mil quinhentos e noventa e seis reais e oitenta e um
centavos), devidamente atualizados conforme planilha anexa.
Tais fatos, por si só, convertem-se em cláusula resolutiva expressa,
conforme itens em contrato de locação.

Ora Excelência, os Requeridos além de não efetuar os pagamentos dos


alugueres nas datas estipuladas, não cumpriu com a obrigação legal e
contratual de pagar os impostos e taxas incidentes sobre os imóveis,
caracterizando a mora contratual, bem como a rescisão imediata do presente
contrato, justificando o ajuizamento desta ação, na qual o Requerente persegue
a DECRETAÇÃO DESPEJO e a CONDENAÇÃO DAS DEVEDORAS AO
PAGAMENTO INTEGRAL DA DÍVIDA, com memória discriminada de débito no
valor total de R$10.596,81 (dez mil quinhentos e noventa e seis reais e oitenta e
um centavos), conforme planilha de cálculo anexa.

DO DIREITO

A falta de pagamento de aluguel enseja a propositura de ação de despejo,


conforme preceitua o art. 9.º, III, da Lei 8.245/1991; o pedido de despejo assim
embasado pode ser cumulado com pedido de cobrança de aluguéis não pagos,
com fulcro no art. 62, I, da mesma Lei.

Ademais, não efetuou os pagamentos dos alugueres e respectivos


encargos, estando inadimplente há 04 (quatro) meses, (Fev-2019 a Mai-
2019), haja vista que, o último aluguel venceu em 09/06/2019 e até a
presente data não foi efetuado qualquer pagamento, cometendo também
infração legal, ao não cumprir o disposto no artigo 23, inciso I, da LI, que dispõe
sobre a obrigação do locatário de pagar pontualmente o aluguel e os encargos
locatícios, seja eles legais ou contratualmente exigíveis no prazo estipulado.

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Por seu turno, a pretensão do Requerente de exigir a rescisão do referido
contrato de locação encontra respaldo nos incisos II e III do artigo 9º, da LI:

“Art. 9º A locação também poderá


ser desfeita:
I - por mútuo acordo;

II - em decorrência da prática de
infração legal ou contratual;

III - em decorrência da falta de


pagamento do aluguel e demais
encargos;

IV - para a realização de reparações


urgentes determinadas pelo Poder
Público, que não possam ser
normalmente executadas com a
permanência do locatário no imóvel
ou, podendo, ele se recuse a consenti-
las”

Ademais, não efetuaram o pagamento dos alugueres e respectivos


encargos, estando inadimplentes por a 04 (quatro) meses, cometendo
também infração legal, ao não cumprir o disposto no artigo 23, inciso I, da
LI, que dispõe sobre a obrigação do locatário de pagar pontualmente o
aluguel e os encargos locatícios, sejam eles legais ou contratualmente
exigíveis no prazo estipulado.

Importante ressaltar que os entendimentos jurisprudenciais confirmam o


que vem previsto na legislação:
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AÇÃO DE DESPEJO POR FALTA DE
PAGAMENTO DOS ALUGUÉIS.
INADIMPLÊNCIA DO LOCATÁRIO.
RESCISÃO CONTRATUAL. PROCEDENCIA DO
PEDIDO. SENTENÇA MANTIDA. 1. Não se
provando o pagamento dos aluguéis em
atraso e os demais encargos da locação, há
de se ter por caracterizado o
inadimplemento das obrigações que
sustenta o pedido de rescisão do contrato.
2. Recurso desprovido. (TJ-DF - APC:
20120110287643 DF 0008340-
41.2012.8.07.0001, Relator: ANTONINHO
LOPES, Data de Julgamento: 04/06/2014, 4ª
Turma Cível, Data de Publicação: Publicado
no DJE : 04/08/2014 . Pág.: 235)

APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE DESPEJO POR


FALTA DE PAGAMENTO - COBRANÇA
ENCARGOS DA LOCAÇÃO - INADIMPLÊNCIA
DEMONSTRADA - DÉBITO IPTU - PREVISÃO
CONTRATUAL - OBRIGAÇÃO DO LOCATÁRIO
SENTENÇA MANTIDA - PROVIMENTO
NEGADO. Ocorrendo a inadimplência do
contrato de locação, é legítima a ação de
cobrança dos aluguéis e demais encargos da
locação. É responsabilidade do locatário a
quitação de impostos (IPTU) e taxas
relativos ao imóvel,
durante o período da locação, tendo em
vista expressa disposição contratual nesse
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sentido, com respaldo no art. 22, VIII, da Lei
de Locações, sendo estes devidos.
(TJ-MG - AC: 10702085392547001 MG,
Relator: Newton Teixeira Carvalho, Data de
Julgamento: 08/08/2013, Câmaras Cíveis /
13ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação:
14/08/2013)

Inclusive, a esse respeito, há o entendimento do ilustre doutrinador Carlos


Roberto Gonçalves: “A falta de pagamento do aluguel e demais encargos
poderá, também, a dar ensejo à rescisão contratual. A falta de pagamento
se caracteriza pelo atraso no cumprimento das obrigações financeiras,
como mensalidade, seguro, impostos, contribuição ordinária de condomínio
e outros compromissos legais estabelecidos no contratado” – (GONÇALVES,
Carlos Roberto – Curso de Direito Civil – Vol. 5 – pag. 302 e 303 – 2013)

Por fim, a Lei, que regula as locações de imóveis, deixa claro em seu artigo
5º que a ação para reaver o imóvel é a de despejo, seja qual for o fundamento do
término da locação, fazendo com que o Requerente busque reaver a posse de seu
imóvel, bem como os recebimentos dos débitos, por esse meio judicial.

Há cumulação do pedido de rescisão de locação com a cobrança de


aluguéis e acessórios, em conformidade com o artigo 62 da LI, que dispões:

“Art. 62 - Nas ações de despejo fundadas


na falta de pagamento de aluguel e
acessórios da locação, de aluguel
provisório, de diferença de aluguéis, ou
somente de quaisquer dos acessórios da
locação, observar-se-á o seguinte:
I – o pedido de rescisão da locação poderá
ser cumulado com o pedido de cobrança

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dos aluguéis e acessórios da locação;
nesta hipótese, citar-se-á o locatário para
responder ao pedido de rescisão e o locatário e
os fiadores para responderem ao pedido de
cobrança, devendo ser apresentado com a
inicial,
cálculo discriminando o valor do débito.
(...)
VI - havendo cumulação dos pedidos de
rescisão da locação e cobrança dos aluguéis e
acessórios da locação, devendo ser
apresentado, com a inicial, cálculo
discriminando o valor do débito; ”

Destarte, a cumulação dos pedidos, tendo por base para rescisão da


locação à falta de pagamento é legítima a cumulação do despejo com a
cobrança dos alugueres e das taxas dos impostos IPTU não pagos.

DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO

Diante de tudo amplamente mencionado, esclarece o Requerente que não


á interesse em audiência de conciliação. Visto que o autor tentou por diversas
vezes uma auto composição sem qualquer sucesso.

Nos termos do art. 334, § 5º, do Código de Processo Civil, o autor desde já
manifesta, pela natureza do litígio, desinteresse em auto composição.

DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, o Requerido requer a Vossa Excelência:

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a) Sejam os pedidos da Presente ação Julgados Procedentes para
determinar a rescisão contratual, fixando-se o prazo de 15 dias
para a desocupação do imóvel pelo Locatário, sob pena de ser
expedida a ordem de despejo, sem a fixação de caução.

b) Sejam julgados PROCEDENTES OS PEDIDOS, cumulados de Extinção


da Locação com o Decreto de Despejo, bem como a CONDENAÇÃO
das Requeridas no pagamento dos alugueres e encargos vencidos e
vincendos inclusive IPTU, com os juros moratórios sobre o débito na
forma da lei e acrescidas às parcelas vencidas os valores referentes à
multa de mora de (20%) e juros de mora (1%) mensais prevista em
contrato, no valor de R$ 10.596,81 (dez mil quinhentos e noventa e
seis reais e oitenta e um centavos).

c) A condenação das Requeridas ao pagamento dos aluguéis em atraso,


conforme informado na tabela supra, com juros legais e atualização
monetária, bem como das parcelas que se vencerem no curso da
lide.

d) Declarar Rescindido o Contrato de Locação pelos motivos e fatos


avençados.

e) A Desconsideração dos valores cobrados que por ventura já tenha sido


pagos pelas Requeridas, desde que haja comprovação do feito nos
autos.

f) Provar o alegado por todos os meios de provas e direitos admitidos,


incluindo depoimento pessoal, testemunhal e produção de prova
documental.

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g) Ademais, seja condenado ao Pagamento das Custas Processuais e
Honorários de Sucumbência, ajustados entre as partes em 20% do
valor da causa, na forma da lei;

h) Informa, ainda, que o autor não tem interesse na realização de


audiência de conciliação, pois já tentou várias vezes realizar acordo
para sua desocupação.

i) Por oportuno, declara-se que são cópias fiéis dos originais, todos os
documentos carreados nos autos.

DO VALOR DA CAUSA:

O valor do último aluguel recebido pelos autores foi de R$1.200,00 (hum


mil e duzentos reais) e para apurar o valor do presente feito, consoante
determina o art. 58, inciso III, da Lei do Inquilinato em vigor, multiplicou este
valor por 12 (doze) meses, apurando o valor de R$14.400,00 (quatorze mil
quatrocentos reais).

Nestes termos
Pede deferimento.
São Paulo, 18 de Junho de 2019.

DANIELA RODRIGUES DE SOUZA


OAB/SP 336.237

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