Você está na página 1de 16

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 00ª VARA CRIMINAL

DA CIDADE.

URGENTE
R É U PR E SO

Proc. nº. 33445-66.2016.005.66.0001

FRANCISCO DAS QUANTAS, brasileiro, solteiro, mecânico,


possuidor do RG. nº 334455 – SSP(PR), residente e domiciliado na Rua Xista, nº 000 –
Cidade (PR), vem, com o devido respeito à presença de Vossa Excelência, intermediado
por seu mandatário ao final firmado --- onde, em atendimento ao que preceitua o art. 5º,
§ 1º do Estatuto da OAB, vem protestar pela juntada do instrumento procuratório no
prazo legal ---, para, com estribo no art. 5º, inc. LXV, da Constituição Federal c/c
310, inc. III, art. 322, parágrafo único e art. 350, estes do Caderno Processual
Penal, apresentar

PEDIDO DE LIBERDADE PROVISÓRIA,


em razão dos fundamentos abaixo evidenciados.

1
I – INTROITO

Colhe-se dos autos que no dia 00 de fevereiro de 0000 o


Réu fora preso em flagrante por policiais militares, por ter, presumidamente, praticado
ato tentado de estupro de vulnerável. (CP, 217-A). Na hipótese, cogita-se que o
Acusado tentará manter relações sexuais com sua enteada Beltrana de Tal, a qual, à
época dos fatos, tinha a idade de 12 anos e sete meses de idade.

Em conta do despacho que demora às fls. 23/25 do


processo criminal em espécie, Vossa Excelência, na oportunidade que recebera o auto
de prisão em flagrante (CPP, art. 310), convertera essa em prisão preventiva. Nesse
momento processual, sob o enfoque de que “. . .a permanência do réu em liberdade
resulta em risco à sociedade e a paz social.”

Todavia, com a merecida venia, o Réu destaca que, na


verdade, a prisão cautelar em referência não é de conveniência, à luz de preceitos
constitucionais e, mais ainda, sob o alicerce de dispositivos da Legislação Adjetiva
Penal.
Desse modo, almeja-se com a presente seja reanalisada a
viabilidade da liberdade provisória, maiormente quando o Acusado, com esta peça
processual, revela fundamentos não analisados quando do desfecho do despacho
inaugural.

II – PRISÃO PREVENTIVA É PRISÃO CAUTELAR


2
– O Réu não ostenta quaisquer das hipóteses previstas no art. 312 do CPP
- Inescusável o deferimento do pedido de liberdade provisória

De outro bordo, importa revelar que o Acusado não ostenta


quaisquer das hipóteses situadas no art. 312 da Legislação Adjetiva Penal, as quais,
nesse ponto, poderiam inviabilizar o pleito (sucessivo) de liberdade provisória.

Como se percebe, ao revés disso, o Réu, antes negando a


prática do delito que lhe restou imputado, demonstra que é primário e de bons
antecedentes, comprovando, mais, possuir residência fixa e ocupação lícita. (docs.
01/04)

De outro importe, o crime, pretensamente praticado pelo


Réu, não ostenta característica de grave ameaça ou algo similar.

A hipótese em estudo, desse modo, revela a pertinência da


concessão da liberdade provisória.

Convém ressaltar, sob o enfoque do tema em relevo, o


magistério de Norberto Avena:

“A liberdade provisória é um direito subjetivo do imputado nas hipóteses


em que facultada por lei. Logo, simples juízo valorativo sobre a gravidade
genérica do delito imputado, assim como presunções abstratas sobre a
ameaça à ordem pública ou a potencialidade a outras práticas delitivas não

3
constituem fundamentação idônea a autorizar o indeferimento do
benefício, se desvinculadas de qualquer fator revelador da presença dos
requisitos do art. 312 do CPP. “ (AVENA, Norberto Cláudio Pâncaro.
Processo Penal: esquematizado. 7ª Ed. São Paulo: Método, 2015, pp.
1.065/1.066)

No mesmo sentido:

“Como é sabido, em razão do princípio constitucional da presunção da


inocência (art. 5º, LVII, da CF) a prisão processual é medida de exceção;
a regra é sempre a liberdade do indiciado ou acusado enquanto não
condenado por decisão transitada em julgado. Daí porque o art. 5º,
LXVI, da CF dispõe que: ‘ninguém será levado à prisão ou nela mantida,
quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança. “
(BIANCHINI, Alice . . [et al.] Prisão e medidas cautelares: comentários à Lei
12.403, de 4 de maio de 2011. (Coord. Luiz Flávio Gomes, Ivan Luiz Marques).
2ª Ed. São Paulo: RT, 2011, p. 136)
(não existem os destaques no texto original)

É de todo oportuno também gizar as lições de Marco


Antônio Ferreira Lima e Raniere Ferraz Nogueira:

“A regra é liberdade. Por essa razão, toda e qualquer forma de prisão tem
caráter excepcional. Prisão é sempre exceção. Isso deve ficar claro, vez que

4
se trata de decorrência natural do princípio da presunção de não
culpabilidade. “ (LIMA, Marco Antônio Ferreira; NOGUEIRA, Raniere Ferraz.
Prisões e medidas liberatórias. São Paulo: Atlas, 2011, p. 139)
(sublinhas nossas)

É altamente ilustrativo transcrever notas de jurisprudência,


as quais indicam a possibilidade da concessão de liberdade provisória em razão de
crime de estupro de vulnerável:

HABEAS CORPUS. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. ART. 217-A DO CP. PRISÃO EM


FLAGRANTE CONVERTIDA EM PREVENTIVA. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTOS
VÁLIDOS. VIOLÊNCIA PRESUMIDA. AGENTE PRIMÁRIO, COM RESIDÊNCIA
FIXA E OCUPAÇÃO LÍCITA. EXCEPCIONALIDADE DA PRISÃO CAUTELAR.
PREVALÊNCIA DO DIREITO DE RESPONDER À AÇÃO PENAL EM LIBERDADE.
Cabimento da liberdade provisória mediante a imposição de medidas
cautelares diversas da prisão previstas no art. 319 I e IV do CPP. Ordem
concedida. (TJSP; HC 2216751-25.2015.8.26.0000; Ac. 9085550; Pirajuí; Décima
Sexta Câmara de Direito Criminal; Rel. Des. Almeida Toledo; Julg. 15/12/2015;
DJESP 29/01/2016)

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. INTERPOSIÇÃO MINISTERIAL. ESTUPRO DE


VULNERÁVEL. PRISÃO EM FLAGRANTE. CONCESSÃO DE LIBERDADE
PROVISÓRIA. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PARA A CUSTÓDIA. MEDIDAS
CAUTELARES ADOTADAS PELO JUÍZO A QUO. SUFICIÊNCIA. RECURSO
DESPROVIDO.

5
Não estando demonstrados os pressupostos do artigo 312 do CPP, aliado à
primariedade do agente e, ainda, ao fato de ele se encontrar cumprindo as
medidas cautelares que lhe foram impostas quando do recebimento da
denúncia, não há que se decretar a prisão cautelar que, diante de seu caráter
excepcional, revela-se inapropriada. Recurso desprovido. (TJMS; RSE 0000664-
57.2015.8.12.0014; Terceira Câmara Criminal; Rel. Des. Luiz Claudio Bonassini
da Silva; DJMS 12/02/2016; Pág. 27)

HABEAS CORPUS COM PEDIDO DE LIMINAR. ESTUPRO DE VULNERÁVEL.


ARTIGOS 217-A, CAPUT, DO CÓDIGO PENAL. PRETENSÃO DE CONCESSÃO
PARA OBTENÇÃO DA LIBERDADE PROVISÓRIA. POSSIBILIDADE.
Substituição da prisão pela aplicação das medidas cautelares do art. 319, II, III
e IV do CPP. Ordem concedida. (TJSP; HC 2226855-76.2015.8.26.0000; Ac.
9133528; Mogi-Mirim; Sétima Câmara de Direito Criminal; Rel. Des. Reinaldo
Cintra; Julg. 28/01/2016; DJESP 04/02/2016)

HABEAS CORPUS. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. INDEFERIMENTO DO DIREITO


DE RECORRER EM LIBERDADE. ART. 312 DO CPP. PERICULUM LIBERTATIS.
INDICAÇÃO NECESSÁRIA. FUNDAMENTAÇÃO INSUFICIENTE. ORDEM
CONCEDIDA.
1. A jurisprudência desta corte superior é remansosa no sentido de que a
determinação de segregar o réu, antes de transitada em julgado a condenação,
deve efetivar-se apenas se indicada, em dados concretos dos autos, a
necessidade da cautela (periculum libertatis), à luz do disposto no art. 312 do
CPP. 2. Assim, a prisão provisória se mostra legítima e compatível com a
presunção de inocência somente se adotada, em caráter excepcional,

6
mediante decisão suficientemente motivada. Não basta invocar, para tanto,
aspectos genéricos, posto que relevantes, relativos à modalidade criminosa
atribuída ao acusado ou às expectativas sociais em relação ao poder judiciário,
decorrentes dos elevados índices de violência urbana. 3. O juiz de primeira
instância apontou genericamente a presença dos vetores contidos no art. 312
do CPP, sem indicar motivação suficiente para justificar a necessidade de
colocar o paciente cautelarmente privado de sua liberdade, uma vez que se
limitou a consignar que o paciente não tem residência fixa. 4. Habeas corpus
concedido, para que o paciente possa aguardar em liberdade o trânsito em
julgado da ação penal, se por outro motivo não estiver preso, sem prejuízo da
possibilidade de nova decretação da prisão preventiva, se concretamente
demonstrada sua necessidade cautelar, ou de imposição de medida
alternativa, nos termos do art. 319 do cpp. (STJ; HC 260.168; Proc.
2012/0249142-0; BA; Sexta Turma; Rel. Min. Rogério Schietti Cruz; DJE
17/03/2015)

HABEAS CORPUS. TENTATIVA DE ESTUPRO DE VULNERÁVEL. LIBERDADE


PROVISÓRIA. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS DO ARTIGO 312 DO CPP.
INIDONEIDADE DA FUNDAMENTAÇÃO. EXISTÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO
ILEGAL. NECESSIDADE DE RESGUARDAR O OFENDIDO. DEFERIDA A
LIBERDADE PROVISÓRIA CUMULADA COM MEDIDAS CAUTELARES. ORDEM
CONCEDIDA.
Há constrangimento ilegal se o Decreto ou a manutenção da custódia cautelar
está fundamentada em 18 motivos não idôneos. A FM de prestigiar o direito
de liberdade do paciente, porém também acautelar a vítima, aplicam-se as
medidas cautelares previstas no artigo 319 do código de processo penal.

7
(TJMS; HC 1400039-80.2015.8.12.0000; Primeira Câmara Criminal; Rel. Des.
Romero Osme Dias Lopes; DJMS 10/03/2015; Pág. 17)

HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. TESES.


NEGATIVA DE AUTORIA. INVIABILIDADE. NECESSIDADE DE PROFUNDA
INCURSÃO NO CONJUNTO FÁTICO PROBATÓRIO. PRETENSÃO TÍPICA DA
AÇÃO DE CONHECIMENTO. PRISÃO PREVENTIVA. PEDIDO DE LIBERDADE
PROVISÓRIA. ALEGAÇÃO. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO NA DECISÃO QUE
DETERMINOU A SEGREGAÇÃO CAUTELAR DO PACIENTE. OCORRÊNCIA. JUÍZO
VALORATIVO GENÉRICO E ABSTRATO. PRESSUPOSTOS DO ART. 312 DO CPP
NÃO ANALISADOS CONCRETAMENTE. AFRONTA AO ARTIGO 93, IX, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. CONSTRANGIMENTO ILEGAL CARACTERIZADO.
ORDEM CONCEDIDA, COM CONDIÇÕES.
A negativa de autoria demandaria a incursão no conjunto fático-probatório,
inadmissível na via eleita, dada a natureza do mandamus, o qual, como é
sabido, não admite exame aprofundado de provas ou valoração dos elementos
de convicção coligidos nos autos, análise essa reservada à via ordinária da ação
penal. É imprescindível que se demonstre, com explícita e concreta
fundamentação, a necessidade da imposição da custódia para garantia da
ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal
ou para assegurar a aplicação da Lei penal, sem o que não se mostra razoável a
privação da liberdade de modo antecipado. Cabe ao magistrado ao decretar ou
manter a prisão preventiva demonstrar, com base em fatos concretos
existentes nos autos, da utilidade social ou processual da manutenção da
segregação do custodiado. Importa ressaltar, que tendo em vista a violação do
artigo 93, IX, da Carta Magna, fica evidenciado o constrangimento ilegal

8
amargado pelo beneficiário. (TJMT; HC 155176/2014; Lucas do Rio Verde; Red.
Desig. Des. Rui Ramos Ribeiro; Julg. 19/12/2014; DJMT 09/02/2015; Pág. 221)

HABEAS CORPUS. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. PRISÃO PREVENTIVA.


GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA E DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL.
FUNDAMENTAÇÃO GENÉRICA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO.
LIBERDADE PROVISÓRIA COM VINCULAÇÃO. DECRETAÇÃO DE OFÍCIO.
ORDEM PARCIALMENTE CONCEDIDA.
1) A segregação provisória, medida excepcional, pode ser decretada ou
mantida caso seja demonstrada, através de elementos concretos nos autos, a
efetiva imprescindibilidade de restrição ao direito constitucional à locomoção,
não podendo basear-se em dados abstratos de resguardo da ordem pública e
da aplicação da Lei penal, sob pena de violação do princípio constitucional da
presunção de não culpabilidade, até porque, na hipótese, o paciente é
primário e não empreendeu fuga do distrito da culpa, mostrando-se, portanto,
inadequada a segregação cautelar. Precedentes do TJAP. 2) Em que pese a
ausência dos requisitos autorizados do art. 312 do CPP, impõe-se, de ofício, a
liberdade provisória e com vinculação a medidas cautelares substitutivas.
Precedentes do TJAP. 3) Ordem parcialmente concedida. (TJAP; Proc 0001644-
32.2014.8.03.0000; Seção Única; Rel. Des. Carlos Tork; Julg. 22/01/2015; DJEAP
0 2 / 0 2 / 2 0 1 5 ; Pág. 2 2 )

No plano constitucional, após a promulgação da Magna


Carta a imposição de prisões processuais passou a ser a exceção. Para o legislador,
essas prisões constituem verdadeiras antecipações de pena. Desse modo, tal agir

9
afronta os princípios constitucionais da Liberdade Pessoal (art. 5º, CR), do Estado
de Inocência (art. 5º, LVII, CR), do Devido Processo Legal (art. 5º, LIV, CR), da
Liberdade Provisória (art. 5º, LXVI, CR) e a garantia de fundamentação das
decisões judiciais (arts 5º, LXI e 93, IX, CR)

Nesse compasso, a obrigatoriedade da prisão cautelar


não pode provir de um automatismo da lei ou da mera repetição judiciária dos
vocábulos componentes do dispositivo legal. Ao contrário disso, deve vir do efetivo
periculum libertatis, consignado em um dos motivos da prisão preventiva, quais sejam, a
garantia da ordem pública ou econômica, a conveniência da instrução criminal ou
para assegurar a aplicação da lei penal (art. 312, CPP). Dessa forma, em todas as
hipóteses, a natureza cautelar da prisão deve emergir a partir da realidade objetiva,
de forma a evidenciar a imprescindibilidade da medida extrema.

De efeito, não resta, nem de longe, quaisquer


circunstâncias que justifiquem a prisão em liça, quais sejam, a garantia de ordem
pública, a conveniência da instrução criminal ou assegurar a aplicação da lei penal.

III – DA FIANÇA

Ademais, impende destacar que a regra do ordenamento


jurídico penal é a liberdade provisória sem fiança.

A consagrada e majoritária doutrina sustenta, atualmente,


que não há mais sentido arbitrar-se fiança a crimes menos graves, v. g. furto simples,

10
estelionato etc. Absurdo, por esse norte, deixar de obrigar o réu ou indiciado a pagar
fiança em delitos mais graves, a exemplo do homicídio simples ( ! ).

A propósito, de bom alvitre evidenciar as lições de


Guilherme de Souza Nucci:

“Além disso, a fiança teria a finalidade de garantir o pagamento das custas e


também da multa (se for aplicada). Atualmente, no entanto, o instituto
da fiança ainda se encontra desmoralizado. Embora seus valores
tenham sido revistos pela Lei 12.403/2011, por culpa exclusiva do
constituinte, inseriu-se na Constituição Federal a proibição de fiança para
determinados casos graves, como os crimes hediondos e assemelhados,
dentre outros. Ora, tais delitos comportam liberdade provisória, sem
fiança, gerando uma contradição sistêmica. Para o acusado por homicídio
qualificado (delito hediondo), o juiz pode conceder liberdade
provisória, sem arbitrar fiança; para o réu de homicídio simples (não
hediondo), caberia liberdade provisória com fixação de fiança. Diante
disso, o autor de infração penal mais grave não precisa recolher valor
algum ao Estado para obter a liberdade provisória; o agente de crime mais
leve fica condicionado a fazê-lo. Infelizmente, tal erro somente se pode
corrigir com uma revisão constitucional.” (NUCCI, Guilherme de Souza.
Código de Processo Penal Comentado. 14ª Ed. São Paulo: Forense, 2015, p.
754)
(os destaques são nossos)

11
Malgrado os contundentes argumentos acima destacados,
ou seja, pela pertinência da liberdade provisória sem fiança, impõe-se acentuar que o
Requerente não aufere quaisquer condições de recolhê-la, mesmo que arbitrada no
valor mínimo.

Para justificar as assertivas acima informadas, o Requerente


acosta declaração de pobreza/hipossuficiência financeira, obtida perante a Autoridade
Policial da residência do mesmo, na forma do que rege o art. 32, § 1º, da Legislação
Adjetiva Penal. (doc. 06)

Desse modo, o Requerente faz jus aos benefícios da


liberdade provisória, sem imputação de pagamento de fiança, sob a égide do que rege o
Código de Processo Penal.

CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

Art. 350 – Nos casos em que couber fiança, o juiz, verificando a situação
econômica do preso, poderá conceder-lhe a liberdade provisória, sujeitando-o
às obrigações constantes dos arts. 327 e 328 deste Código e a outras medidas
cautelares, se for o caso.

Com efeito, é ancilar o entendimento do Superior Tribunal de


Justiça:

PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. RECEPTAÇÃO. PRISÃO EM

12
FLAGRANTE. ARBITRAMENTO DE FIANÇA. RÉU JURIDICAMENTE POBRE.
CONDICIONAMENTO DA LIBERDADE AO PAGAMENTO DA FIANÇA
ARBITRADA. IMPOSSIBILIDADE. HABEAS CORPUS CONCEDIDO.

Na hipótese, configura flagrante constrangimento ilegal o condicionamento da


liberdade provisória ao pagamento de fiança arbitrada no valor de R$
5.500,00, não obstante seja o paciente hipossuficiente. Ordem concedida para,
confirmando a liminar deferida, garantir a liberdade ao paciente,
independentemente do pagamento de fiança, salvo se por outro motivo
estiver preso, e sem prejuízo da decretação de outras medidas cautelares
diversas da prisão previstas no art. 319 do código de processo penal. (STJ; HC
324.922; Proc. 2015/0122703-9; RS; Quinta Turma; Rel. Min. Felix Fischer; DJE
04/03/2016)

PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. FURTO SIMPLES NA FORMA


TENTADA. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA.
ARBITRAMENTO DE FIANÇA. RÉ U JURIDICAMENTE POBRE.
CONDICIONAMENTO DA LIBERDADE AO PAGAMENTO DA FIANÇA
ARBITRADA. IMPOSSIBILIDADE. FLAGRANTE ILEGALIDADE. AFASTAMENTO
DA SÚMULA Nº 691/STF. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. ORDEM
CONCEDIDA DE OFÍCIO.

I. Embora não se admita, em princípio, a impetração de habeas corpus contra


decisão que denega pedido liminar em sede de writ impetrado na origem, sob
pena de se configurar indevida supressão de instância, a teor da Súmula nº
691/STF, uma vez evidenciada teratologia ou deficiência de fundamentação na
decisão impugnada, é possível a mitigação do mencionado óbice

13
(precedentes). II. Tendo em vista que a tese acerca da atipicidade da conduta
eventualmente praticada não foi apreciada pelo eg. Tribunal a quo, não é
possível a esta corte preceder a tal análise, sob pena de indevida supressão de
instância, uma vez que, no ponto, não se vislumbra flagrante ilegalidade
(precedentes). III. Por outro lado, "a imposição da fiança, dissociada de
qualquer dos pressupostos legais para a manutenção da custódia cautelar, não
tem o condão, por si só, de justificar a prisão cautelar do réu, a teor do
disposto no art. 350, do código de processo penal" (hc n. 247.271/df, quinta
turma, Rel. Min. Laurita vaz, dje de 2/10/2012) IV. Na hipótese, configura
constrangimento ilegal o condicionamento da liberdade provisória ao
pagamento de fiança arbitrada no valor de R$ 200,00, não obstante seja o
paciente hipossuficiente. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida, de
ofício, para, confirmando-se a liminar parcialmente deferida, garantir a
liberdade ao paciente, independentemente do pagamento de fiança, salvo se
por outro motivo estiver preso, e sem prejuízo da decretação de outras
medidas cautelares diversas da prisão previstas no art. 319 do código de
processo penal. (STJ; HC 337.399; Proc. 2015/0245227-7; SP; Rel. Min. Felix
Fischer; DJE 26/02/2016)

No mesmo compasso:

HABEAS CORPUS. ARTIGO 15 DA LEI Nº 10.826/03. LIBERDADE PROVISÓRIA


MEDIANTE FIANÇA. PACIENTE HIPOSSUFICIENTE. ISENÇÃO DO PAGAMENTO.
POSSIBILIDADE.

14
Levando-se em conta a hipossuficiência do paciente, impõe-se a isenção do
pagamento da fiança, a teor do artigo 350 do Código Processo Penal, por ser
ele presumidamente pobre nos termos legais. (TJMG; HC 1.0000.16.006951-
4/000; Relª Desª Denise Pinho da Costa Val; Julg. 23/02/2016; DJEMG
04/03/2016)

HABEAS CORPUS - RECEPTAÇÃO E ADULTERAÇÃO DE SINAL DE VEÍCULO


AUTOMOTOR - LIBERDADE PROVISÓRIA CONCEDIDA EM 1º GRAU MEDIANTE
FIANÇA - PEDIDO DE DISPENSA DO PAGAMENTO DA FIANÇA - RÉU
ECONOMICAMENTE HIPOSSUFICIENTE - POSSIBILIDADE - ARTS. 325, § 1º, I E
350 DO CPP - ORDEM CONCEDIDA.
I - ficando demonstrado que o paciente não possui recursos financeiros para
arcar com a fiança arbitrada e, ainda, diante de não estarem presentes os
requisitos da prisão preventiva, concede-se a ordem para a dispensa da
garantia. ii - or- dem concedida com o parecer da pgj. (TJMS; HC 1400435-
23.2016.8.12.0000; Terceira Câmara Criminal; Rel. Des. Luiz Claudio Bonassini
da Silva; DJMS 23/02/2016; Pág. 75)

HABEAS CORPUS. FURTO QUALIFICADO. IMPOSIÇÃO DE FIANÇA.

Paciente que deve ser presumido hipossuficiente. Afastamento da


contracautela de rigor. Liminar ratificada. Ordem concedida. (TJSP; HC
0055211-02.2015.8.26.0000; Ac. 9020803; São Paulo; Primeira Câmara de
Direito Criminal; Rel. Des. Ivo de Almeida; Julg. 23/11/2015; DJESP
29/01/2016)

15
IV – REQUERIMENTOS

Do exposto, uma vez comprovado que o Réu:

( i ) não possui antecedentes criminais;

( ii ) demonstrou que tem residência fixa;

( iii ) é pobre na forma da Lei (CPP, art. 350),

e, mais,

( iv ) a prisão deve ser relaxada,

com abrigo no art. 310, inc. III, art. 322, parágrafo


único e art. 350, todos do Caderno Processual Penal, pede seja-lhe
concedida a LIBERDADE PROVISÓRIA, sem o pagamento de fiança, mediante
termo de comparecimento a todos os atos do processo (CPP, art. 327 e 328),
expedindo-se, para tanto, o devido ALVARÁ DE SOLTURA, com a entrega do
Requerente, ora preso, de forma incontinenti, o que de logo requer.

Respeitosamente, pede deferimento.

Cidade (PR), 00 de março do ano de 0000.

Fulano(a) de Tal
Advogado(a)

16

Você também pode gostar