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Orientador:
Prof. Dr. Gustavo Ferreira Leondhardt
Banca examinadora:
Agradecemos, primeiramente, ao nosso orientador Prof. Dr. Gustavo Ferreira Leonhardt por
toda a paciência e orientação atribuídas a nós durante o desenvolvimento deste trabalho de
conclusão de curso. Sem seus ensinamentos nós não conseguiríamos concluir este trabalho.
À Usina da Pedra, por abrirem as portas para que pudéssemos visitar suas instalações e,
também, pela doação generosa de amostras para que pudéssemos realizar as análises pertinentes
ao trabalho. Ao representante de vendas da Linde, Danilo Rato que nos forneceu todo o material
pertinente à área de concentração de gás carbônico em gases de exaustão.
Ao técnico Douglas dos laboratórios de Engenharia Química e de Alimentos do IMT, por toda
paciência e orientação para o manuseio dos equipamentos utilizados para o desenvolvimento
da parte experimental do TCC (principalmente em horários não convenientes). Sem sua ajuda,
este trabalho também não seria possível.
Agradecemos também aos nossos pais e familiares. Sem seu apoio incondicional e sua crença
em nosso potencial, nós não seriamos nada e não teríamos realizado nada. Este trabalho é a
prova de que todo o investimento e apoio valeram a pena.
Aos nossos amigos e colegas, pelo apoio, companheirismo, camaradagem e amizade. Sem esses
atributos essa conquista teria sido mais estressante do que já foi. Todos vocês fazem parte dessa
conquista em nossas vidas. Em especial, gostaríamos de agradecer à Anna Caroline Yves e à
Claudia Alves, por nos acompanharem nessa jornada de cinco anos de faculdade sempre nos
apoiando não importando o que acontecesse. Essa conquista também é de vocês.
EPÍGRAFE
“O êxito da vida não se mede pelo caminho que você conquistou, mas sim pelas dificuldades
que superou no caminho.”
Abraham Lincoln
RESUMO
O setor industrial sucroalcoleiro é um dos mais afetados pela crise energética que assola o país.
Devido aos recentes aumentos nas tarifas de eletricidade, é importante para o setor aproveitar
em sua totalidade o seu próprio potencial energético. Dados da ÚNICA – União da Indústria de
Cana-de-açúcar – confirmam que a biomassa referente ao bagaço da cana possui elevado
potencial, produzindo no país em 2010, energia correspondente à 12,5 % de uma Itaipu. Porém,
o setor encontra-se em declínio nos últimos anos e, de acordo com a UNICA, há previsão de
que esse déficit persista até 2019. Apesar de ser uma prática comum nas indústrias desse setor,
existem diversas maneiras de se otimizar esse processo. Uma delas propõe a secagem do bagaço
antes de utilizá-lo na área de cogeração. Buscou-se analisar o ganho energético da secagem na
cogeração, uma vez que reduzindo a umidade do bagaço é aumentado seu poder calorifico
promovendo maior geração de energia na caldeira e uma consequentemente aumento no
trabalho gerado na turbina. A energia térmica dos gases de exaustão da caldeira (produtos de
combustão) pode ser redirecionada para a secagem do bagaço promovendo um
reaproveitamento da elevada temperatura dos gases (257 °C). Procurando estudar a cinética do
processo de secagem, foram feitos dois ensaios empregando um secador de bandejas, utilizando
ar de secagem à 90 °C e 1,0 m/s, e um de leito fluidizado utilizando a mesma temperatura porém
com velocidade máxima. Como resultado verificou-se possível reduzir a umidade do bagaço de
50% para 20% por essa faixa encontrar-se no início do período de taxas decrescentes de
umidade e também por aumentar seu poder calorífico de 9524,97 kJ/kg para 15244,14 kJ/kg.
Em uma simulação realizada no software Aspen Hysys constatou-se um aumento de 60% da
energia gerada na turbina ao se utilizar o bagaço seco. Ao dimensionar-se um secador de leito
fluidizado para promover esse ganho energético, idealizou-se uma câmara cilíndrica cujas
dimensões necessárias para uma vazão de bagaço de 194,54 kg/s são: altura de leito de 1,80 m;
volume de 562,27 m³; área de escoamento de 23,39 m²; diâmetro de 5,46 m; altura útil de 24,04
m e velocidade de suspensão de 4,12 m/s. Determinou-se que é possível otimizar a cogeração
na indústria sucroalcoleira realizando a secagem do bagaço promovendo um ganho energético
de 60%. Também foi determinado que para esse processo o secador de leito fluidizado é o mais
indicado por apresentar maiores taxas de transferência de calor e massa promovendo maior
eficiência na secagem e que com uma vazão mássica de 260 kg/s, promove-se maior geração
de energia com menor área útil do secador.
The sugar and alcohol industries are one of the most affected by the current energy crisis. Due
to the increase in the electricity tax it’s important that these industries are able to seize their
full energetic potential. Data from UNICA – Sugarcane Industries Union – have confirmed that
the sugar bagasse has great potential, being responsible in 2010 for the production of as much
energy as 12.5% of an Itaipu. However, they are having problems with the energy generation
in recent years. According to UNICA, the prediction is that this deficit will persists until 2019.
Although it is a common practice in the industries of this sector, there are several ways to
optimize the process of cogeneration. One is to dry the bagasse before the cogeneration
process. It was sought to analyze the energetic gains from the inclusion of the drying process,
since reducing the humidity causes an increase of its calorific power and thereafter the energy
produced in the turbine. The energy from the exhaust gases in the boiler (combustion products)
can be harnessed in the drying of the bagasse with the high temperature of this gas (257 °C).
Looking to study the kinetics of the drying process, two tests were made employing a tray dryer,
with air at 90 °C and 1.0 m/s, and a fluidized bed one using the same temperature but with
maximum air flow. As a result it was found possible to reduce the humidity of the bagasse from
50% to 20% because this band is in the period of decreasing moisture rates and also causing
an increase of its calorific power from 9524.97 kJ / kg to 15244.14 kJ / kg. In a simulation
performed in Aspen Hysys software it was found a 60% increase in energy generated in the
turbine when using the dry bagasse. The design of a fluidized bed dryer to promote this energy
gain, was made for a cylindrical chamber whose dimensions necessary for a bagasse flow of
194.54 kg / s are: bed height of 1.80 m ; volume of 562.27 m³ ; flow area of 23.39 m² ; diameter
of 5.46 m; dryer’s height of 24.04 m; gas speed of 4.12 m/s. It was found that it is possible to
optimize the cogeneration in the sugar industry by the drying of the bagasse promoting an
energy gain of 60 %. It was also determined that in this process the fluidized bed dryer is the
most suitable due to the higher heat and mass transfer rates promoting increased efficiency in
drying and with a mass flow of 260 kg/s , it can promotes a higher energy generation with a
smaller area of the dryer.
Figura 1–Relação da tarifa e do imposto sobre energia elétrica para indústrias ...................... 26
1 INTRODUÇÃO ................................................................................ 23
2 REVISÃO DA LITERATURA ....................................................... 25
2.1 A INDÚSTRIA SUCROALCOOLEIRA NO BRASIL................................... 25
2.2 COGERAÇÃO DE ENERGIA ......................................................................... 26
2.3 ANÁLISE DO CICLO TÉRMICO ................................................................... 28
2.4 PROCESSO DE SECAGEM DO BAGAÇO DE CANA ................................ 29
2.5 SECADORES DE LEITO FLUIDIZADO ....................................................... 30
2.6 PODER CALORÍFICO ..................................................................................... 31
2.7 DESTINO DAS CINZAS ................................................................................... 32
2.8 DESTINO DO GÁS CARBÔNICO .................................................................. 33
3 MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................... 35
3.1 SIMULAÇÃO DO CICLO NO SOFTWARE HYSYS ................................... 35
3.2 ANÁLISE DA CINÉTICA DE SECAGEM EM SECADOR DE BANDEJAS
37
3.2.1 MATERIAIS ........................................................................................................... 37
3.2.2 PROCEDIMENTO ................................................................................................... 38
3.3 UMIDADE DO BAGAÇO ................................................................................. 38
3.3.1 MATERIAIS ........................................................................................................... 39
3.3.2 PROCEDIMENTO ................................................................................................... 39
3.4 ANÁLISE DA CINÉTICA DE SECAGEM E EM SECADOR DE LEITO
FLUIDIZADO ......................................................................................................................... 39
3.4.1 MATERIAIS ........................................................................................................... 39
3.4.2 PROCEDIMENTO ................................................................................................... 40
3.5 FUNDAMENTOS TEÓRICOS ......................................................................... 41
3.5.1 CONDIÇÕES DO PROCESSO DE SECAGEM PARA O BALANÇO DE MASSA ............ 41
3.5.2 BALANÇO DE MASSA EM UM SECADOR IDEAL .................................................... 42
3.5.3 ESTUDO DA FLUIDIZAÇÃO ................................................................................... 42
3.6 MEMORIAL DE CÁLCULO ........................................................................... 43
3.6.1 OBTENÇÃO DAS CURVAS DE SECAGEM ............................................................... 43
3.6.2 PSICROMETRIA ..................................................................................................... 43
3.6.3 BALANÇO DE MASSA ............................................................................................ 46
22
1 INTRODUÇÃO
Apesar de ser uma prática consolidada nas indústria, sendo responsável por 15,7% de toda a
energia do Brasil (UNICA, 2015), existem diversas maneiras de se otimizar o setor de
cogeração das indústrias sucroalcooleiras tornando-as mais sustentáveis, econômicas e
eficientes.
Sabe-se que o setor de cogeração possui elevado potencial energético. De acordo com a
UNICA, em meados de 2010, a biomassa foi responsável por gerar 12,5% de energia que é
gerada pela usina Itaipu. Porém, nos últimos anos, a geração de energia por biomassa caiu,
tendo previsão de gerar menos de 40 MWh em 2019.
gasto energético nesse processo, foi estudada também a possibilidade da utilização dos gases
de exaustão produzidos pela caldeira no setor de cogeração da usina.
Além disso, foi feito o dimensionamento de um secador de câmara cilíndrica para uma massa
fixa de bagaço de cana por hora considerando a utilização dos gases de exaustão da própria
fábrica para promover a secagem. Para isso foram calculados alguns parâmetros de projetos
como o diâmetro e a altura da coluna, bem como a altura do leito e área útil do secador.
25
2 REVISÃO DA LITERATURA
A cana-de-açúcar, conhecida como uma das principais culturas da economia brasileira, foi
introduzida no período colonial. Assim, de acordo com o ministério de agricultura, pode-se
afirmar que o Brasil, além de ser o maior produtor do insumo, é o principal produtor de açúcar
e etanol do mundo. É sabido também que o mercado do etanol tem potencial de crescimento de
7% ao ano de acordo com dados da Petrobras (BEZERRA, 2013).
Como pode ser observado na curva em vermelho do gráfico mostrado na Figura 1, houve um
grande aumento do preço das tarifas de fornecimento de energia elétrica nos últimos 20 anos
(Aneel, IBGE e FGV), e por isso o setor de cogeração nas indústrias de açúcar e álcool veio
ganhando presença nos lucros das indústrias de açúcar e álcool, buscando melhorias de
desempenho. O vapor na cogeração é formado através da queima de bagaço úmido e então
guiado para turbinas geradoras de energia elétrica. Por último ele é reutilizado na alimentação
das caldeiras na forma de condensado, formando um ciclo térmico e aumentando a economia
de combustível e geração de energia (BEZERRA, 2013).
Fonte: ilumina.org.br
Após o vapor gerado na caldeira alimentar a turbina, é necessária uma transferência de energia
entre as vizinhanças e o sistema para retornar o sistema ao estado inicial e completar o ciclo.
Esta transferência ocorre pela liberação de calor no condensador e em forma de trabalho no
compressor (KORETSKY, 2007).
Os quatro estágios do ciclo de Rankine podem ser vistos na Figura 2. O processo ocorre da
seguinte maneira: No estado termodinâmico 1 do diagrama, o fluido de trabalho entra na turbina
como vapor superaquecido. Após a saída da turbina, este vapor é expandido e resfriado,
enquanto produz trabalho, saindo no estado 2. A entropia desta etapa é constante, como é
indicado pelo diagrama (KORETSKY, 2007).
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Como o vapor é superaquecido, ele não é condensado significantemente. Caso este estiver
saturado, uma fração significativa de líquido é formada durante a queda de temperatura
isentrópica. Esta opção é impraticável, pois muito líquido causa erosão e desgaste das pás da
turbina A seguir o vapor passa por um condensador isobárico, saindo deste no estado 3 como
água líquida saturada (KORETSKY, 2007).
Por último o líquido à alta pressão retorna ao estado de vapor superaquecido na caldeira. Nessa
etapa a energia liberada pela combustão do combustível é transferida ao fluido de trabalho. A
caldeira aquece isobaricamente o líquido até a saturação, vaporiza-o e então o superaquece. A
eficiência do ciclo é definida pela razão do trabalho líquido obtido e o calor absorvido na
caldeira (KORETSKY, 2007).
A secagem do bagaço de cana ainda é necessária, pois elevados teores de umidade reduzem
fortemente o poder calorífico do bagaço. Há um ganho calorífico de 7,56% quando a umidade
do bagaço é removida em 17,14% (KILICASLAN, et al., 1997). Isso demonstra que o processo
30
A redução de umidade desse insumo já foi pesquisado por diversos autores. Muitas usinas
utilizam os gases de saída da caldeira para secar parcialmente o bagaço. Porém este método não
se mostrou efetivo. (MORGENROTH e BATSTONE, 2005). Para um processo de secagem
que utiliza os gases de caldeira, que saem a uma temperatura de 257°C, o bagaço possui 50% e
é alimentada uma tonelada de bagaço no secador é possível reduzir a umidade para 33%
(KILICASLAN, et al., 1997).
Outro fator importante tanto na cogeração quanto na secagem (pois os gases utilizados
geralmente são os produzidos na combustão) é a combustão do bagaço. Essa depende da
composição do mesmo, que é uma função da característica da cana-de-açúcar, tipo de solo,
estação do ano, tipo de colheita e tipo de extração do caldo. Uma composição média do bagaço
possui 47% carbono, 6,5% hidrogênio, 44% oxigênio e 2,5% de cinzas. Essas porcentagens são
baseadas na massa seca do bagaço. Em caldeiras é usual que a combustão ocorra com ar em
excesso para garantir a combustão completa do bagaço (SOSA-ARNAO e NEBRA, 2009).
Secadores de leito fluidizado são comumente utilizados para secar materiais particulados ou
granulares, ou seja, materiais que podem ser fluidizados com a suspensão de suas partículas.
Para que o leito seja fluidizado, é necessário que o gás de secagem encontre-se a uma velocidade
acima da mínima de fluidização (ponto onde as forças gravitacionais e de arraste são
equivalentes) (NITZ e GUARDANI, 2015).
Nesse tipo de secador é possível obter elevada eficiência térmica, consequentemente elevada
remoção de umidade, equipamento de fácil controle e baixo custo de manutenção. Em
contrapartida, possui limitações como elevada perda de carga e pode ocorrer aglomeração de
partículas (MUJUMDAR, 2006).
que a velocidade do gás que faz com que a partícula se mantenha em repouso. A partir desta
propriedade é possível obter a velocidade do gás utilizada na secagem (MUJUMDAR, 2006).
O poder calorífico de uma substância é definido pela quantidade de energia por unidade de
massa liberada na queima desse, podendo variar dependendo de suas propriedades físicas e
químicas (ALMEIDA e AL., 2010). Quanto maior o valor do poder calorífico do bagaço de
cana, maior a quantidade de energia que ele libera em sua queima, aumentando a produção de
vapor e consequentemente a geração de energia elétrica (KILICASLAN, et al., 1997). Uma
opção para aumentar o poder calorífico do bagaço de cana é a remoção de parte de sua umidade.
Existem duas maneiras de se considerar o poder calorífico: o poder calorífico superior e o poder
calorífico inferior. O primeiro é definido pela quantidade de energia gerada pelo combustível
seco, enquanto o outro é obtido utilizando o poder calorífico superior e considerando o teor de
umidade da substância (QUIRINO, 2003). Essas propriedades podem ser obtidas teoricamente
através do conhecimento da composição química do combustível empregando a fórmula de
Dulong (KILICASLAN, et al., 1997).
𝑂
𝐻𝑢 = 2,321 ∙ [14,093 ∙ 𝐶 + 61,095 ∙ (𝐻 − )]
8
O poder calorífico pode também ser obtido experimentalmente utilizando uma bomba
calorimétrica (QUIRINO, 2003). Uma bomba calorimétrica consiste em uma câmara de
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combustão, onde a substância e oxigênio são postos sob pressão. Esta câmara é colocada em
um recipiente isolado junto de uma quantidade conhecida de água. A amostra é então aquecida
utilizando uma corrente elétrica que atravessa um fio de ferro, causando a reação de combustão
que aquecerá a água ao redor da câmara de combustão. Utilizando um termômetro de precisão
obtém-se a variação da temperatura em função do tempo, sendo possível calcular o poder
calorífico do combustível (BARROS e MORAES, 2008).
Ainda com o reaproveitamento do bagaço de cana e a secagem do mesmo para garantir máxima
eficiência, é possível ainda utilizar-se das cinzas remanescentes da queima do bagaço. Ao
combiná-las com o melaço e enviar a mistura à um fermentador, o produto formado é um
fertilizante valioso chamado de bio-composto (KILICASLAN, et al., 1997). Esse fertilizante é
um material úmido com vinhaça que possui um pH baixo entre 4,2 e 4,5. Além disso, ele contém
70% em massa de matéria orgânica, e o restante dos diversos nutrientes necessários para tornar-
se um solo propício à plantação (nitrogênio, fósforo, entre outros micronutrientes). Um estudo
em plantações de cana-de-açúcar paquistanesas (solos deficientes em matéria orgânica)
aplicando-se 50 t/ha de NPK (nitrogênio, fósforo e potássio) com o bio-composto, houve uma
melhora de 30,78% no rendimento da plantação (NASIR, et al., 1994).
O fertilizante chamado de Bio-composto é feito pela fermentação das cinzas (fonte de potássio)
com o melaço de cana (KILICASLAN, et al., 1997). Porém, verificou-se que as cinzas
compõem a torta de filtro, uma mistura já utilizada na plantação como adubo (ROSETTO e
SANTIAGO, 2015). Além disso, segundo o Nova Cana, o melaço é um importante recurso para
a produção de etanol e açúcar, uma vez que há a possibilidade de utilizá-lo na produção, sendo
essa uma nova oportunidade para as usinas brasileiras. Portanto, para as indústrias brasileiras,
a produção de fertilizante a partir de cinzas não é considerada viável.
Além de produzir fertilizantes, é possível extrair e briquetar o carvão presente nessas cinzas e
misturá-lo com farinha de mandioca (utilizado como aglutinante) de modo a formar pallets de
3 cm de diâmetro. Estes palletes resultam em um eficiente combustível, com uma margem
calorífica de 25,551 kJ/kg, possuindo uma densidade de 1,12 g/cm³. Ao ser produzido, o
33
resultado foi de briquetes eficientes com propriedades compatíveis com o requerimento técnico
do mercado. Sua eficácia chega a ser melhor que os parâmetros obtidos utilizando outras fontes
de carvão (TEIXEIRA, PENA e MIGUEL, 2010).
Como já foi dito, existe um foco na atualidade em direcionar as indústrias para um modelo mais
sustentável, e um dos grandes problemas da cogeração de energia elétrica nas industrias
açucareiras é a formação de gás carbônio durante a queima da biomassa do bagaço de cana. Nas
Resoluções nº 003/1990 e nº 008/1990 do CONAMA foram determinados limites máximos
para partículas totais em suspensão, fumaças (composta praticamente de CO2) e outras
partículas inaláveis, fazendo com que as próprias usinas se preocupassem com suas emissões;
esses valores foram definidos como sendo a concentração limite em que esses gases não afetam
a saúde e qualidade de vida da população local.
Uma das opções para o tratamento desse efluente seria a utilização de filtros para reduzir a
quantidade de material particulado. Uma quantidade de material é retido nesses filtros e
descartado separadamente, fazendo com que a quantidade de emissões seja reduzida (LÓPES,
2010).
A alternativa mais interessante neste caso é realizar a concentração deste gás carbônico e utilizá-
lo no cultivo de microalgas para a produção de biodiesel. Para a sua cultura, é essencial uma
fonte de energia e altas quantidades de carbono, como por exemplo o gás carbônico (LOPES,
et al, 2014). Dessa maneira além de contribuir para a redução de material particulado na
atmosfera, é possível aumentar os lucros da empresa revendendo esse gás carbônico para
industrias de biodiesel, ou até criar uma seção na própria indústria para esse propósito.
Para cada 1 kg de bagaço, a reação de combustão na caldeira produz 1,87 kg de gás carbônico.
Este gás, em sua totalidade, é liberado para o meio ambiente de modo a realizar o ciclo da
cogeração (nutriente para a plantação de cana-de-açúcar) (CONAB, 2011). Porém, parte deste
gás poderia ser concentrado e aplicado à cultura de microalgas para a produção de biodiesel,
intensificando a atuação das indústrias sucroalcooleiras no mercado da bioenergia. Um dos
métodos de concentração do gás carbônico destaca-se a separação por colunas de absorção, que
é uma tecnologia já consolidada na indústria.
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Em uma coluna de absorção, o gás contendo CO2 é resfriado e alimentado na parte inferior,
onde entra em contato com uma solução de MEA cuja concentração é 30% em massa. O gás é
liberado para o meio ambiente com uma concentração menor que 500 ppm. A solução de MEA
contendo o CO2 é enviada a uma segunda coluna onde o gás carbônico é separado por
aquecimento à 150 °C e 202,6 kPa. Este então sai em estado gasoso na parte superior da coluna.
A Figura 3 mostra o esquema de separação por colunas de absorção (LÓPES, 2010).
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Nesta seção, será explicado como foi desenvolvido o estudo proposto que iniciou-se com a
análise do ciclo térmico pelo software Aspen Hysys de modo a analisar o ganho energético. Em
seguida, é descrita a parte experimental do processo de secagem seguida dos fundamentos
teóricos envolvidos no processo de secagem tanto quanto ao modelo do secador quanto à análise
física envolvida no processo de secagem.
Para se obter uma análise de um ciclo térmico de Rankine no processo de cogeração estudado,
realizou-se uma simulação no software de processos Aspen Hysys. Iniciou-se o estudo
escolhendo água pura como único componente e o modelo de Peng-Robinson como principal
equação termodinâmica.
Na primeira simulação, especificou-se a potência gerada em uma turbina de uma usina obtido
por BEZERRA (2013). Além disso, especificou-se o estado termodinâmico do vapor de alta
pressão fixando-se pressão e temperatura disponibilizados por ROCHA (2010). Também
estimou-se a pressão do vapor que sai da turbina pela corrente 2.
Ao final da simulação, obteve-se a carga energética necessária de uma caldeira para produzir
quantidade de vapor necessária para rotacionar uma turbina. Dispondo-se desse valor e do valor
de poder calorífico do bagaço úmido, fez-se uma balanço de energia na caldeira descrito pela
Equação 1. Com esse balanço, obteve-se a vazão mássica necessária de bagaço para gerar
energia suficiente para produzir o vapor de alta necessário.
Nessa equação Qcaldeira representa a carga térmica da caldeira (kW), Ẇbagaço representa a vazão
mássica de bagaço (kg/s) e PCSbagaço representa o poder calorífico superior do bagaço (kJ/kg).
Nesta seção será descrito o procedimento de obtenção da curva referente à cinética de secagem
por meio de um ensaio em escala piloto utilizando um secador de bandejas.
3.2.1 MATERIAIS
Foi utilizado um secador de bandejas da marca Armfield modelo Tray Drayer que apresenta
uma seção transversal retangular. O esquema desse equipamento é mostrado na Figura 5. O
equipamento dispõe de um soprador de ar que consiste em um motor de 200/220V e 3000 rpm,
cuja velocidade é medida por um anemômetro e controlada por meio de um inversor de
frequência (A). De modo a controlar a temperatura, o equipamento possui nove resistências (B),
sendo duas de 1000W e sete de 500 W. Elas estão colocadas logo após a entrada de ar do
equipamento, sendo arranjadas em conjuntos de três em três. O equipamento também dispõe de
uma placa localizada ao lado das resistências (C), com a finalidade de melhor distribuir o ar
pelas bandejas (DONA, COVELLO e NITZ, 2014).
Essas bandejas de alumínio, onde será disposto o material a ser seco, são colocadas em um
suporte acoplado à uma balança digital (D), cuja capacidade é de 3 kg de sólidos úmidos
(DONA, COVELLO e NITZ, 2014). Essa balança, por sua vez, está conectada a um software
instalado em um computador que quantifica a massa de amostra em função do tempo.
Há também, uma abertura lateral de vidro temperado (E) (para que possa suportar as elevadas
temperaturas) para que seja possível acessar o suporte a fim de colocar as bandejas contendo as
amostras, o suporte possui capacidade para acomodar até quatro bandejas (DONA, COVELLO
e NITZ, 2014). Ao lado da abertura de vidro, há termômetros de bulbo seco e úmido acoplados
a fim de medir essas grandezas do ar de secagem a ser utilizado.
38
B C
D
3.2.2 PROCEDIMENTO
Para se obter as curvas de secagem, utilizou-se o secador de bandejas para obter-se uma curva
primária. O secador de bandejas Armfield Tray Dryer foi ligado e regulado. Escolheu-se a
temperatura de operação de 90 °C de modo que a mesma fosse suficientemente alta (a fim de
simular o procedimento utilizando os gases de caldeira que se encontram em uma temperatura
bastante elevada) sem que causasse superaquecimento prejudicando as resistências do
equipamento.
A massa inicial da amostra foi medido pela balança digital acoplada ao secador, tarando-se o
peso do suporte e da bandeja. Com auxílio do software instalado no computador associado ao
secador, foi possível obter a perda de massa da amostra em função do tempo.
Nesta etapa será descrito o procedimento para a determinação da umidade presente no bagaço
através da porcentagem de massa seca do material.
39
3.3.1 MATERIAIS
Dessecador;
Estufa;
Placas de Pétri;
Balança analítica
3.3.2 PROCEDIMENTO
Válido ressaltar que o manuseio destas placas foi feito com o cuidado de não entrar em contato
com a pele, podendo haver deposição de gordura das mãos nas placas. Em seguida, colocou-se
as amostras na estufa também à 120 °C por três horas. Após as três horas, mediu-se a massa das
placas novamente. Em seguida as medições foram feitas com um intervalo de tempo de 0,5 h
até obter massa constante.
Com a massa das placas de Pétri foi possível obter a massa de bagaço de cana antes de colocá-
los na estufa e após a secagem. Assim, obteve-se a porcentagem de massa seca contida na
amostra.
Nesta seção será descrito o método de obtenção das curvas de secagem referentes à segunda
análise cinética deste estudo. Essas foram obtidas por um ensaio em escala piloto utilizando um
secador de leito fluidizado.
3.4.1 MATERIAIS
O principal equipamento utilizado neste experimento foi o secador de leito fluidizado, cujo
esquema está mostrado na Figura 6. Este equipamento é composto por um ventilador centrífugo
40
F Filtro manga
L Lâmpada para iluminação interior do equipamento
M-0 Ventilador centrífugo
M-1 Motor responsável por girar o disco que promove a pulso-fluidização
P Painel geral
R-1/R/2 Alimentação elétrica das resistências
S Entrada do bico atomizador
T-0 Tomada de temperatura do ar antes do aquecimento
T-1 Tomada de temperatura do ar após o aquecimento e antes do leito
T-2 Tomada de temperatura do ar após o leito
T-3 Tomada de temperatura do ar após o aquecimento
U Sensor de umidade
V-0 Placa de orifício entre flanges
V-1 Válvula borboleta para regulagem de vazão
V-2/V-3 Distribuição de ar no leito pelas laterais
3.4.2 PROCEDIMENTO
quantidade de amostras. Com a análise preliminar da cinética feita no secador de bandejas, foi
possível estipular o tempo do ensaio no secador de leito fluidizado, determinando assim a
quantidade de pontos a ser obtida neste ensaio.
As amostras recolhidas durante o processo são pesadas e armazenadas em placas de Pétri para,
em seguida, serem colocadas em estufa à 120 °C, de modo a obter os pontos referentes à
umidade do material em base úmida ao final do procedimento. As amostras ficaram na estufa
por 3,0 horas, após isso, elas foram pesadas e em seguida a cada 0,5 horas eram pesadas
novamente afim de obter massa constante.
Figura 7 – Esquema de um secador ideal com as principais variáveis utilizadas no balanço de massa
Com as medidas de massa obtidas através do software Mettler Toledo e a porcentagem de massa
seca da amostra, foi calculada a umidade em base úmida pela Equação 2 para cada ponto obtido
e fez-se um gráfico em função do tempo de modo a avaliar a cinética de secagem.
𝑚 ∙ 𝑈𝑏𝑢 2
𝑋=
𝑚𝑖 ∙ (1 − 𝑈𝑏𝑢 )
Nessa equação X representa a umidade em base seca (g água/g material seco), Ubu representa a
umidade em base úmida do bagaço (g água/g material seco), m representa a massa em um
determinado intervalo de tempo da amostra no secador (g), mi representa a massa inicial de
amostra (g).
3.6.2 PSICROMETRIA
Para determinar as propriedades do gás de secagem, utilizou-se uma simulação em uma planilha
Excel da carta psicrométrica fornecida pelo professor orientador Dr. Gustavo Ferreira
Leonhardt. Como dados de entrada deve ser especificada a temperatura de bulbo seco e úmido,
além da pressão atmosférica, avaliada em 101,325 kPa. Para avaliar a umidade absoluta do gás
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Parâmetro Valor
A 1,6373·101
B -2,8186·103
C -1,6908·100
D -5,7546·103
E 4,0076·10-6
Fonte: Os autores, 2015
10 3
𝐵 101,325
𝑃∗ = [𝐴 + + 𝐶 ∙ log(𝑇(𝐾)) + 𝐷 ∙ 𝑇(𝐾) + 𝐸 ∙ 𝑇(𝐾)2 ] ×
𝑇(𝐾) 760
Nesse equação:
18 𝑃∗ 𝑡𝑏𝑢 4
𝑌𝑡𝑏𝑢 = ( ) ( )
29 𝑃𝑎𝑡𝑚 − 𝑃∗ 𝑡𝑏𝑢
Nessa equação:
Nessa equação:
0,38 6
647,2 − 𝑇(𝐾)
𝜆 = 538,7 ∙ ( ) × 4,1868
647,2 − 373,15
Nessa equação:
𝐶𝑢 × (𝑇𝑏𝑠 − 𝑇𝑏𝑢 ) 7
𝑌𝑡𝑏𝑠 = 𝑌𝑡𝑏𝑢 −
𝜆𝑡𝑏𝑢
Nessa equação:
Em seguida, foi necessário obter a temperatura de bulbo úmido e a entalpia do gás à temperatura
de bulbo seco de 257 °C. Para o primeiro caso, sabe-se que a umidade absoluta do ar na
temperatura de bulbo seco permanece constante ao elevar-se a temperatura. Então utilizou-se a
ferramenta “Atingir Metas” do Excel para alterar o valor da temperatura de bulbo úmido de
modo que a umidade absoluta de bulbo seco permanecesse constante. Com este valor, calculou-
se a entalpia total do ar na temperatura de bulbo seco pela Equação 8. Em seguida, foi calculado
o valor do volume úmido, ou seja, o volume ocupado por unidade de massa de ar seco presente
no gás de secagem à 257 °C pela Equação 9.
Nessa equação:
46
9
22,4 𝑇𝑏𝑠 + 273,15 1 𝑌𝑡𝑏𝑠
𝑉𝑢𝑡𝑏𝑠 =( )( 𝑃 ) (( ) + ( ))
273,15 𝑎𝑡𝑚 29 18
101,325
Nessa equação:
Com a temperatura de saída do gás sendo a mesma de bulbo úmido da entrada e considerando
que a entalpia do gás é constante no secador ideal, utilizou-se novamente o “Atingir Metas”
para alterar o valor da temperatura de bulbo úmido mantendo-se constante a entalpia. Com o
novo valor da temperatura de bulbo úmido, calculou-se novamente os valores de umidade
absoluta de bulbo seco e úmido para, então calcular o volume úmido avaliado para a nova
temperatura de bulbo seco utilizando a Equação 9.
Apesar da operação em um secador ser transiente, para o balanço material no secador ideal,
considerou-se um equipamento operando em regime permanente e com mistura perfeita.
Fazendo o balanço para a água, foi possível determinar a vazão mássica de água evaporada pela
Equação 10. Com esse valor, foi possível calcular a vazão volumétrica de ar necessária para a
secagem pela Equação 11. Nessa, é multiplicada a vazão mássica de água pela média dos
valores de volume úmido na entrada e na saída do secador. Isso foi feito, pois para os balanços,
só é considerado um único valor de volume úmido e há uma pequena variação entre estes dois
valores.
𝑊̇𝑏𝑎𝑔𝑎ç𝑜 ∙ (1 − 𝑈𝑏𝑢 ) 10
𝑊̇á𝑔𝑢𝑎 = × (𝑋𝑖 − 𝑋𝑓 )
(1 + 𝑋𝑓 )
Nessa equação Ẇágua representa a vazão mássica de água (kg/s), Xi representa a umidade inicial
(kg/kg material seco) e Xf representa a umidade final (kg/kg material seco).
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(𝑉𝑢𝑡𝑏𝑠,𝑖 + 𝑉𝑢𝑡𝑏𝑠,𝑓 ) 11
𝑉𝑔̇ = 𝑊̇á𝑔𝑢𝑎
2
Nessa equação 𝑉𝑔̇ representa a vazão volumétrica de gás (m³/h), Vutbs,i representa o volume
úmido na temperatura de bulbo seco inicial (m³/kg ar seco) e Vutbs,f representa o volume úmido
na temperatura de bulbo seco final (m³/kg ar seco).
Com a finalidade de determinar a velocidade do gás de secagem, fez-se uma análise física do
transporte de quantidade de movimento que ocorre durante a fluidização avaliando o coeficiente
de arraste, bem como a velocidade terminal a fim de realizar o cálculo da grandeza física
primariamente citada.
Porém, a velocidade terminal depende do coeficiente de arraste que, por sua vez, depende do
número de Reynolds que relaciona a velocidade relativa da partícula fluidizada. No entanto,
essa propriedade é quantificada por meio do coeficiente de arraste.
Para determinar o seu valor, realizou-se um cálculo iterativo, uma vez que o seu valor depende
do número de Reynolds referente à partícula em movimento devido ao fluido que, por sua vez,
depende da velocidade relativa.
𝑑𝑒𝑞 ∙ 𝑣𝑟 ∙ 𝜌𝑔 12
𝑅𝑒𝑃 =
𝜇𝑔
Nessa equação Rep representa o número de Reynolds referente à partícula, deq representa o
diâmetro equivalente (m) e vr representa a velocidade relativa (m/s).
48
13
4 ∙ 𝑑𝑒𝑞 ∙ 𝑔 ∙ (𝜌𝑏𝑎𝑔𝑎ç𝑜 − 𝜌𝑔 )
𝑣𝑅 = √
3 ∙ 𝐶𝐷 ∙ 𝜌𝑔
Com o valor do coeficiente definido, calculou-se a velocidade terminal com auxílio da Equação
14. Por fim, determinou-se a velocidade do gás pela Equação 15 e a velocidade mínima de
fluidização pela Equação 16 disponível em BOJORGE (2009). Válido ressaltar que a constante
K mostrada é, geralmente avaliada como sendo igual a 2,0.
4 𝜌𝑏𝑎𝑔𝑎ç𝑜 14
𝑣𝑡 = ∙( − 1) ∙ 𝑔 ∙ 𝑑𝑒𝑞
3 ∙ 𝐶𝐷 𝜌𝑔
𝑣𝑔 = 𝐾 ∙ 𝑣𝑡 15
1/2 16
𝜌𝑏𝑎𝑔𝑎ç𝑜 − 𝜌𝑔
𝑣𝑚𝑓 = √0,756 ∙ [ ∙ 𝑔 ∙ 𝜀 3 ∙ 𝑑𝑒𝑞 ]
𝜌𝑔
Para determinar a área de escoamento do gás de secagem, utilizou-se a Equação 17, que
relaciona a vazão volumétrica do fluido com sua velocidade.
𝑉𝑔̇ 17
𝐴𝑒𝑠𝑐 =
𝑣𝑔
𝑊̇𝑏𝑎𝑔𝑎ç𝑜 ∙ 𝑡𝑅 18
𝐴=
𝜌𝑏𝑎𝑔𝑎ç𝑜 ∙ 𝐻𝑏
Nessa equação A representa a área (m²), tR representa o tempo de residência (s) e Hb representa
a altura do leito a ser fluidizado (m).
𝑊̇𝑔 = 𝜌𝑔 ∙ 𝑣𝑔 ∙ 𝐴 19
𝜌𝑔 ∙ 𝑣𝑔 ∙ 𝑊̇𝑏𝑎𝑔𝑎ç𝑜 ∙ 𝑡𝑅 20
𝐻𝑏 =
𝜌𝑏𝑎𝑔𝑎ç𝑜 ∙ 𝑊̇𝑔
Com a altura do leito determinada, foi possível calcular o volume deste leito pela Equação 21,
dispondo da densidade do material e da vazão mássica de material particulado obtido pelo
balanço de energia realizado na caldeira do ciclo de Rankine. Dispondo desse valor juntamente
com a altura do leito previamente calculada, obteve-se o valor do diâmetro da coluna pela
Equação 22 que representa um desmembramento da fórmula geométrica do volume de um
cilindro.
𝑊̇𝑏𝑎𝑔𝑎ç𝑜 21
𝑉𝑏 = ∙𝑡
𝜌𝑏𝑎𝑔𝑎ç𝑜 𝑅
22
4 ∙ 𝑉𝑏
𝐷𝑐𝑜𝑙𝑢𝑛𝑎 =√
𝜋 ∙ 𝐻𝑏
Visando calcular a altura útil do secador, determinou-se o volume da câmara de secagem pela
Equação 23 dispondo dos valores de umidade absoluta inicial e final do material, obtidos
experimentalmente em escala piloto, e do gás de secagem, obtidos pelo procedimento descrito
na psicrometria. Assim, utilizando a Equação 24 e dispondo do valor do diâmetro e volume da
câmara de secagem, determinou-se a altura de projeto do secador em questão.
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𝑊̇𝑏𝑎𝑔𝑎ç𝑜 ∙ (𝑋𝑖 − 𝑋𝑓 ) 23
𝑉𝑐𝑜𝑙𝑢𝑛𝑎 = ∙𝑡
𝜌𝑏𝑎𝑔𝑎ç𝑜 ∙ (𝑌𝑓 − 𝑌𝑖 ) 𝑅
𝑉𝑐𝑜𝑙𝑢𝑛𝑎 24
𝐻𝑐𝑜𝑙𝑢𝑛𝑎 =
𝐷𝑐𝑜𝑙𝑢𝑛𝑎 2
𝜋∙ 4
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nesta seção, serão apresentados os resultados de todo o estudo descrito. Na análise da cinética
de secagem serão apresentadas e comparadas as curvas de secagem obtidas dos ensaios nos
secadores de bandejas e de leito fluidizado. Além disso, foram especificadas as variáveis
obtidas na psicrometria, além de observações sobre as condições estabelecidas para a
determinação das mesmas.
Juntamente dos dados pertinentes à fluidização, apresentou-se alguns dos parâmetros de projeto
referentes ao secador como a altura, o diâmetro e o volume da coluna de secagem, bem como a
altura e o volume do leito de material a ser fluidizado.
Pela Figura 9, observou-se com nitidez os períodos de secagem do material. A parte linear da
curva, representa o período de taxa constante. Nessa etapa, a velocidade de secagem permanece
inalterada com a remoção de umidade. A transferência de calor e massa nessa etapa ocorre
basicamente por convecção (MUJUMDAR, 2006).
Em seguida ao período de taxa constante, ocorre o período chamado de taxa decrescente (pode
ser visto na Figura 9 a partir das 0,3 horas). Ocorre quando o sólido atinge um valor de umidade
chamada de crítica. Logo após atingir a umidade crítica, a secagem do material atinge a zona
de superfície de secagem não saturada. Nesta etapa, apresentam-se áreas secas no material que
54
Com o ensaio feito no secador de leito fluidizado, foi possível observar que a secagem ocorreu
de maneira homogênea, sem que houvesse formação de canal preferencial. Porém é possível
observar no gráfico da Figura 10, que há discrepâncias nos pontos da curva referente ao secador
de leito fluidizado, que é decorrente do seu método de amostragem. Como todas as amostras
são retiradas manualmente do equipamento, existe uma grande probabilidade da ocorrência de
erros de operador, justificando a discrepância entre os pontos ao final da curva.
Além disso, é possível observar que a umidade já é completamente removida aos 5 minutos.
Portanto, para melhor analisar a cinética do material nesse equipamento, seria necessário
realizar um ensaio de 5 minutos recolhendo amostras em um menor intervalo de tempo.
55
1,40
1,00
0,80
0,60
0,40
0,20
0,00
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00
Tempo (h)
1
Umidade (g água/g de massa seca)
0,9
0,8
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
0 5 10 15
Tempo (min)
Deduziu-se também que um bom ponto de operação para os estudos referentes à secagem e o
poder calorífico do bagaço de cana-de-açúcar seria em torno de 0,226 g água/g material seco
de umidade em base seca (correspondente a 20% em base úmida). Para esse teor de umidade,
observou-se que se encontra no início do período de taxas decrescentes, ou seja, logo após o
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ponto de inflexão da curva que se encontra a umidade em base seca crítica. Com esse valor, já
é possível proporcionar uma variação significativa no poder calorífico do material.
Tendo esse valor como referência, observou-se que o secador de leito fluidizado é melhor
indicado para esta operação por secar o bagaço mais rapidamente do que o outro equipamento.
Enquanto o de bandejas demora 30 minutos para atingir 20% de umidade em base úmida, o de
leito fluidizado demora menos do que 5 minutos. Isto ocorre devido à maior área de contato
que o bagaço tem ao ser fluidizado dentro da câmara de secagem proporcionando maiores taxas
de transferência de calor e massa. Já no secador de bandejas essas taxas tendem a ser menores
uma vez que as bandejas funcionam como barreiras para a passagem de ar.
4.2 PSICROMETRIA
Durante a obtenção das propriedades psicrométricas, observou-se que uma vez que a entalpia
permanece constante e há alteração na temperatura, implica que houve alteração na composição
do gás, ou seja, houve alteração na umidade absoluta do gás, uma vez que o assunto em pauta
é a secagem. Quando há aumento da umidade no gás de secagem, a temperatura de bulbo seco
tende a ser menor. Isso ocorre, pois quando o gás de secagem passa pelo material a ser seco, o
mesmo fornece energia para evaporar a água do material, e quando esse vapor é incorporado ao
gás aumentando sua umidade, a entalpia do gás é mantida constante, porém a perda de energia
para evaporar a água reflete na temperatura desse gás.
57
Os principais resultados obtidos pela análise do ciclo térmico são referentes ao ganho
energético, tanto na caldeira como na turbina (na forma de trabalho). Avaliou-se também a
influência da quantidade de biomassa por hora na produção energética.
A primeira simulação realizada com base em 446MW de trabalho gerado na turbina calculou
uma energia necessária na caldeira do ciclo de Rankine de 1872 MW. Para gerar essa energia
na caldeira, seriam necessários 196,54 kg/s de bagaço a 50% de umidade. A quantidade de
bagaço necessária caso fosse utilizado o bagaço a 20% de umidade seria de 122,80 kg/s pois o
poder calorífico do material aumenta de 9524,97 kJ/kg para 15244,14 kJ/kg.
Tendo feita essa análise, realizou-se outra simulação fixando a quantidade de bagaço para se
verificar a diferença na energia gerada na caldeira e na turbina para cada tipo de bagaço
utilizado. A base de cálculo para esse estudo foi uma vazão de bagaço de 196,53 kg/s. Verificou-
se que a energia da caldeira aumentou de 1872MW para 2996MW e na turbina de 446MW para
696MW. Portanto, observou-se um ganho energético na turbina de 60% do bagaço seco em
relação ao úmido. Na Tabela 4, está mostrado um resumo dos resultados pertinentes a esta
análise.
Com a realização do balanço material, obteve-se a vazão volumétrica de gás necessária para
remover 30% de umidade do bagaço de cana com 50% de umidade cujo valor foi de 96,30 m³/h.
Com a velocidade do gás determinada, foi possível calcular o diâmetro da coluna de secagem
pela área de escoamento e os demais parâmetros de projeto de um secador que são mostrados
na Tabela 6. Esses parâmetros foram calculados para as condições considerando a vazão
mássica de bagaço de 196,54 kg/s obtendo um ganho energético de 60%.
8 5,00E+03
4,50E+03
6
3,50E+03
5 3,00E+03
4 2,50E+03
Diâmetro
3 2,00E+03
Energia
1,50E+03
2
1,00E+03
1 5,00E+02
0 0,00E+00
0 100 200 300 400
Vazão mássica de bagaço (kg/s)
5 CONCLUSÕES
O bagaço de cana é um importante recurso e possui elevado potencial energético. Foi visto que
ao reduzir sua umidade para 20%, seu poder calorífico tende a aumentar de 9524,97 kJ/kg para
15244,14 kJ/kg. Sendo assim, é possível obter um ganho energético de 60% na cogeração com
a aplicação do processo de secagem do bagaço de cana.
Um secador para realizar essa operação com 196,54 kg/s de bagaço, possuiria um diâmetro de
5,46 m, com uma altura útil de 24,04 m. Ainda, seria necessário uma vazão de gás de 96,30
m³/s para promover a fluidização do meio com uma velocidade de 4,12 m/s.
Também foi visto que a melhor dimensão para receber um ganho energético satisfatório
utilizando menor área útil seria para um diâmetro de 6,28 m com uma vazão mássica de bagaço
de 260 kg/s.
61
REFERÊNCIAS
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to torrefaction: The potential of mass loss as a synthetic indicator. Bioresource Technology,
p. 9778–9784, 2010.
BIZZO, W. A. et al. The generation of residual biomass during the production of bio-ethanol
from sugarcane, its characterization and its use in energy production. Elsevier, 29, Janeiro
2014. 589–603.
FOUST, A. S. Princípios das Operações Unitárias. Rio de Janeiro: Guanabara Dois, 1982.
FRANCO, H. C. J.; AL., E. Assessment of sugarcane trash for agronomic and energy purposes
in Brazil. Sci. Agric., 70, Setembro/Outubro 2013.
KILICASLAN, I. et al. Sugar cane as an alternative energy source for Turkey. Energy
Conversion & Management, 17 dez. 1997. 12.
MUJUMDAR, A. S. Handbook of Industrial Drying. 3ª. ed. [S.l.]: Taylor & Francis Group,
2006.
NASIR, N. M. et al. Effect of Bio-compost on sugarcane crop. ResearchGate, Julho 1994. 13-
16. Disponivel em:
<http://www.researchgate.net/profile/Shahid_Afghan/publication/236120413_Effect_of_Bio-
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SOSA-ARNAO, J. H.; NEBRA, S. A. Bagasse Dryer Role in the Energy Recovery. Dryng
Technology, 2009. 587-594.
GLOSSÁRIO
Bomba Calorimétrica
Ciclo Térmico: Ciclo de geração de energia por movimento de uma turbina realizado a partir
de elevada pressão de um vapor gerado em uma caldeira.
Estufa: Equipamento que opera com elevadas temperaturas de ar seco para remoção de umidade
ou esterilização.
Secador de bandejas: Equipamento onde ocorre o fenômeno da secagem por onde o ar entra em
contato com a superfície do material a ser seco. O material é disposto em bandejas de modo que
o ar entra em contato somente com a parte superior.
Secador de leito fluidizado: Equipamento onde ocorre o fenômeno da secagem por onde o ar
fluidiza as partículas a serem secas. Este equipamento é geralmente utilizado para materiais
granulares, particulados ou fibrosos.
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ÍNDICE
Operação ................................................. 56
U
P Umidade ................................................. 57