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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

THAÍS LOZANO BECKER

RELATÓRIO DE ESTÁGIO OBRIGATÓRIO:


TESTES DE SUBSTRATOS ENZIMÁTICOS DEFINIDOS COMO UMA
ALTERNATIVA NAS ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS DE COLIFORMES EM
ÁGUAS

Palhoça
2021
THAÍS LOZANO BECKER

RELATÓRIO DE ESTÁGIO OBRIGATÓRIO:


TESTES DE SUBSTRATOS ENZIMÁTICOS DEFINIDOS COMO UMA
ALTERNATIVA NAS ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS DE COLIFORMES EM
ÁGUAS

Relatório de Estágio Curricular Obrigatório


apresentado ao Curso de Engenharia Química
da Universidade do Sul de Santa Catarina,
como requisito parcial à obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Química.

Orientador: Prof. Ivete F. Rossato, Dra.

Palhoça
Julho/ 2021
Dedico esse trabalho à minha família, que
com paciência, me deram apoio e suporte
durante essa caminhada.
LISTAS DE FIGURAS

Figura 1- Imagem Satélite da localização da empresa em São José/SC...................................15


Figura 2: Imagem da fachada da empresa em São José/SC......................................................15
Figura 3: Missão, Visão, Valores do Laboratório Aquavita, São José- SC..............................16
Figura 4- Organograma da empresa..........................................................................................17
Figura 5- Fluxograma Laboratório Aquavita............................................................................19
Figura 6 – Laboratório Microbiológico Meios de cultura.........................................................21
Figura 7 – Laboratório Microbiológico 1.................................................................................21
Figura 8 – Laboratório Microbiológico 2.................................................................................21
Figura 9 – Sala de Incubação....................................................................................................22
Figura 10 – Sala de Repique.....................................................................................................22
Figura 11- Laboratório microbiológico 2 no processo de esterilização do ambiente...............30
Figura 12- (a) Membrana filtrante; (b) Manifold de inox com 6 holders de policarbonato......31
Figura 13 - Posicionamento asséptico da membrana estéril no holder.....................................33
Figura 14- Porta-filtro contendo 100mL de amostra de água e uma placa de Petri com m-
Endo..........................................................................................................................................35
Figura 15- Análises de 6 amostras com ensaios de coliformes totais (placa vermelha) e
termotolerantes (placa azul)......................................................................................................36
Figura 16- Placa de m-Endo com colônias típicas e atípicas....................................................36
Figura 17- Contador de colônias...............................................................................................37
Figura 18- Colônias típicas e atípicas de coliformes termotolerantes.......................................38
Figura 19- Passos metodológicos da técnica de presença ou ausência do grupo coliforme em
água potável..............................................................................................................................39
LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Materiais utilizados nas análises de contaminação em águas de consumo humano,


com a técnica de membrana filtrante........................................................................................32
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 12
1.1 OBJETIVO GERAL.......................................................................................................... 14
1.1.1 Objetivo específico....................................................................................................... 14
2 A EMPRESA........................................................................................................................ 15
2.1 PERFIL DA EMPRESA.................................................................................................... 17
2.1.1 Mercado de atuação.......................................................................................................18
2.1.2 Fluxo de trabalho...........................................................................................................18
2.1.3 Principais serviços..........................................................................................................19
2.2 SETOR DA EMPRESA......................................................................................................20
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...................................................................................... 24
3.1 ANÁLISES AMBIENTAIS................................................................................................24
3.2 HISTÓRIA ÁGUA E SAÚDE............................................................................................24
3.3 ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO.............................................................................25
3.4 NORMAS DE POTABILIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO...............25
3.4.1 Legislações sobre qualidade microbiológica das águas para diferentes usos..........25
3.5 GRUPO COLIFORMES....................................................................................................27
3.6 MEIOS DE CULTURA.....................................................................................................28
3.7 MÉTODOS DE ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS EM ÁGUAS..................................28
3.7.1 Técnica de filtração por membrana............................................................................28
3.7.2 Técnica de substratos enzimáticos definidos para coliformes...................................29
4 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS..................................................................................30
4.1 ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS NAS AMOSTRAS DE ÁGUAS DE CONSUMO
HUMANO...............................................................................................................................30
4.1.1 Método de Membrana Filtrante..................................................................................31
4.1.1.1 Preparo dos meios de cultura.......................................................................................32
4.1.1.2 Cuidados de manipulação dos mateirais estéreis no momento da análise...................33
4.1.1.3 Análise de coliformes totais e E-coli...........................................................................35
4.1.1.4 Análise de coliformes termotolerantes e E-coli...........................................................37
4.1.2 Estudo do método de substratos enzimáticos definidos para coliformes................38
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................40
REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 41
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1 INTRODUÇÃO

A água é o mais importante elemento para a vida humana, possui a função de


veículo e solvente universal dos componentes orgânicos e inorgânicos do ambiente, faz parte
de todos os líquidos orgânicos vitais ao funcionamento dos seres vivos como o sangue, e
regula a temperatura corporal e celular. Porém, sua capacidade de diluição e seu poder de
solvente é fortemente influenciada pela sua qualidade (CEBALLOS; DINIZ, 2017).
A avaliação da qualidade microbiológica da água se torna primordial à saúde
pública, pois, se poluída com substâncias tóxicas, com excesso de alguns elementos químicos
ou contaminada com microrganismos patogênicos, é um dos mais importantes veículos de
enfermidades, com destaque para as doenças diarreicas de origem infecciosa (OLIVEIRA,
2011).
Dessa forma, a água para consumo humano deve ser potável, respeitando ao
padrão de potabilidade estabelecido pelo Ministério da Saúde, não podendo conter
microrganismos patogênicos nem substâncias que representem riscos à saúde.
As fontes de água, como poços, rios, riachos e lagos, podem ser contaminadas de
várias maneiras, destacando-se a poluição por esgoto, metais pesados, agrotóxicos e
fertilizantes. Todos esses tipos de contaminação ocorrem principalmente como consequência
do descarte inadequado dessas substâncias.
A água pode veicular um elevado número de enfermidades e essa transmissão
pode se dar por diferentes mecanismos. O mecanismo de transmissão de doenças mais
comumente lembrado e diretamente relacionado à qualidade da água é o da ingestão, por meio
do qual um indivíduo sadio ingere água que contenha componente nocivo à saúde e a
presença desse componente no organismo humano provoca o aparecimento de doenças.
Para que a água seja considerada potável, após o tratamento convencional os
parâmetros físico-químicos e microbiológicos deverão estar de acordo com a Portaria nº 36,
do Ministério da Saúde, de 19 de janeiro de 1990, que em seu Anexo A apresenta as normas e
o padrão de potabilidade da água destinada ao consumo humano, a serem observadas em todo
o território nacional (BRASIL, 2006).
Em função da extrema dificuldade, quase impossibilidade, de avaliar a presença
de todos os mais importantes microrganismos na água, a técnica adotada é a de se verificar a
presença ou ausência de um organismo indicador e sua respectiva população. Essas bactérias
indicadoras são organismos usados para detecção e quantificação de níveis de contaminação
na água. A escolha desses indicadores foi objeto de um processo histórico cuidadoso,
13

realizado pela comunidade científica internacional, de modo que aqueles atualmente


empregados reúnem determinadas características de conveniência operacional e de segurança
sanitária, nesse caso significando que sua ausência na água representa a garantia da ausência
de outros patogênicos (BRASIL, 2006).
Para um microrganismo ser considerado indicador ideal, são necessárias algumas
características, tais como: ser aplicável a todos os tipos de água, ter uma população mais
numerosa no ambiente que outros patógenos, sobreviver melhor que os possíveis patógenos,
possuir resistência equivalente a dos patogênicos aos processos de autodepuração e ser
detectado por uma metodologia simples e barata (CEBALLOS; DINIZ, 2017).
Os indicadores mais usados são as bactérias do grupo coliformes, ou um
subgrupo deste, conhecido por coliformes termotolerantes, encontrados no trato intestinal de
animais de sangue quente (RECHE et al., 2010).
No Brasil, de acordo com a Portaria n. 518, de 2004, do Ministério da Saúde /
ANVISA, a água é considerada potável sob o ponto de vista microbiológico, quando está de
acordo com a seguinte conformidade: ausência de coliformes totais e termotolerantes em 100
ml de amostra de água para consumo, considerando-se assim inofensiva para a saúde do
homem.
O isolamento e identificação de cada tipo de microrganismo exige uma
metodologia diferente. Atualmente, os métodos laboratoriais mais usados para análises
microbiológicas em águas de consumo humano são divididos em convencionais e rápidos.
Os métodos convencionais foram criados há muitos anos, são considerados mais
trabalhosos, devido a utilização de muito material e levam muito tempo para se obter os
resultados.
Os métodos rápidos foram empregados para minimizar as desvantagens dos
métodos convencionais, reduzindo o tempo para a obtenção dos resultados e para melhorar a
produtividade laboratorial.
No laboratório Aquavita localizado em São José - SC, empresa onde será
realizado o estágio obrigatório, utiliza-se do método de membrana filtrante para as análises
microbiológicas em águas na detecção das bactérias do grupo coliforme. Este é um método
convencional, e será objeto de estudo para esse relatório.
14

1.1 PROBLEMA DA PESQISA

Com o aumento na demanda de análises ambientais em águas e a necessidade de


aumentar a capacidade de análises nos laboratórios se tornou necessário reduzir o tempo de
processamento das amostras, passando por simplificar as técnicas utilizadas.

1.2 OBJETIVO GERAL

Pesquisar e desenvolver um método alternativo para as análises microbiológicas


de águas de consumo humano, visando otimizar e reduzir os cursos dos processos.

1.2.1 Objetivos Específicos

Os objetivos específicos deste estágio são:


a) Estudar o método de análise microbiológico em águas utilizado atualmente no
Laboratório Aquavita;
b) Pesquisar e analisar um método alternativo para análise microbiológica de
águas
c) Pesquisar e analisar a eficiência dos métodos rápidos como alternativa de
análises microbiológicas em águas;
d) Analisar e comparar a eficiência dos métodos de análises microbiológicas de
águas;

1.3 JUSTIFICATIVA

Com a normatização e controle dos padrões de qualidade da água potável e,


alguns anos depois, o início das políticas de proteção ambiental, a necessidade de aumentar a
capacidade de análises dos laboratórios se tornou mais preeminente. Se tornou necessário
reduzir o tempo de processamento das amostras, passando por simplificar as técnicas
(diminuir o uso de reagentes, meios de cultura, instrumentos, lavagem e preparação do
material, etc.), aumentar sua sensibilidade e, simultaneamente, reduzir os custos unitários
frente ao grande aumento da demanda.
15

2 EMPRESA

A empresa Aquavita é um laboratório que realiza análises ambientais que


contribuem para a sustentabilidade do meio ambiente, e análises para controle de qualidade
que garantem o bem-estar dos consumidores.
Formada por uma equipe técnica especializada, a Aquavita dispõe de dois
laboratórios, o laboratório físico-químico e o microbiológico. Seus serviços são realizados em
diversas matrizes como águas, efluentes, alimentos, cosméticos, análises de ar e de solo.
O laboratório Aquavita foi fundado em 2014 na Rua Célio Veiga no bairro Cidade
Jardim de Florianópolis, em São José - SC, inicialmente dividia um galpão no
estabelecimento da KSE ambiental, ocupando um espaço de 110 m2 com 3 colaboradores.

Figura 1- Imagem Satélite da localização da empresa em São José/SC.

Fonte: Google Maps, 2021.

Com a capacidade de idealizar, coordenar e realizar projetos da


Diretora/proprietária da Aquavita, em 2017 a empresa expandiu, mantendo o mesmo endereço,
porém, mudando-se para um novo espaço contendo 350 m2, onde encontram-se até hoje, com
19 colaboradores. A figura 2 ilustra a fachada da empresa.

Figura 2: Imagem da fachada da empresa em São José/SC.


16

Fonte: Aquavita, 2020.

A empresa tem como Missão, oferecer soluções na área da química ambiental,


assegurando a satisfação dos clientes, dos colaboradores e da sociedade. Firmar parcerias,
prover relações de negócios sustentáveis e soluções integradas de gestão, suprindo com
excelência as necessidades regionais.
A Visão da empresa é: Ser o Laboratório Ambiental com o maior índice de
satisfação entre clientes e colaboradores até 2025.
Os Valores são: Ética, profissionalismo, conscientização ecológica, transparência
e valorização dos clientes e colaboradores são princípios básicos que guiam a empresa desde
sempre.
Na figura 3 mostra a imagem da Missão, Visão, Valores do Laboratório Aquavita.

Figura 3: Missão, Visão, Valores do Laboratório Aquavita, São José- SC.

Fonte: Site da empresa, 2021.


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2.1 PERFIL DA EMPRESA

O laboratório Aquavita é uma empresa de pequeno porte e atua no ramo de


análises ambientais e de controle de qualidade. O nome da empresa é Aquavita laboratório de
análises química e microbiológicas EIRELI e seu nome fantasia é Aquavita Laboratório de
análises. Seu público-alvo são Industrias, comércios, condomínios, entre outros que
necessitam analisar a qualidade de uma matriz que pode ser água, efluente, cosméticos,
alimentos, etc.
O laboratório é composto por uma equipe de 19 profissionais, divididos em
setores que estão representados no organograma da empresa na Figura 4. Uma empresa que
está sempre buscando formas de melhorar a experiência do cliente para com ela, por isso o
cliente vem em primeiro lugar como mostra o organograma a seguir.

Figura 4- Organograma da empresa.

Fonte: Autora, 2021.


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2.1.1 Mercado em que atua

Os laboratórios ambientais são ferramentas indispensáveis dentro dos processos


de gestão do meio ambiente. Por meio deles, são obtidos dados representativos para o
conhecimento da realidade seguindo normas e legislações.
Para pequenas e médias empresas do setor industrial cumprirem com seu papel,
devem realizar análises ambientais e divulgar os seus resultados. A demanda na região é
ampla para esse mercado.
A Aquavita atua nos seguintes campos:

 Aterros Sanitários;
 Condomínios e Residências;
 Efluentes industriais;
 Farmácias de manipulação;
 Hospitais e Clínicas;
 Parques Aquáticos;
 Postos de combustíveis;
 Restaurantes;
 Entre outros.

Tem como concorrente direto, a empresa QMC Saneamento, pequeno porte,


localizada em Florianópolis, atuando no mesmo campo que a Aquavita.

2.1.2 Fluxo de trabalho

Inicialmente, o cliente entra em contato com a empresa, via e-mail ou telefone, e


solicita um orçamento do serviço desejado, o comercial elabora a proposta e a encaminha. O
cliente aprovando a proposta, o comercial agenda uma data para a coleta da amostra a ser
analisada. Na data combinada, os coletores se dirigem ao local para realizar a amostragem, as
amostras passam pelo recebimento e conforme o que está descrito no rótulo, é feito as
distribuições das amostras para os setores, onde é gerado um lote técnico para realizar os
ensaios. Após a realização dos ensaios, o responsável técnico do setor faz a conferência dos
resultados do lote técnico. Por fim, libera o relatório final que vai para o e-mail cadastrado do
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cliente. A empresa conta também com suporte técnico feito pelos supervisores dos setores,
dúvidas podem ser tiradas com o pós-venda do comercial e, caso haja qualquer reclamação, o
cliente tem a atenção do setor da qualidade. A figura 5 ilustra o fluxograma da empresa:

Figura 5- Fluxograma Laboratório Aquavita.

Fonte: Autora, 2021.

2.1.3 Principais serviços

Após o recebimento das amostras, inicia-se o processo de análise através de um


rigoroso controle de qualidade, que serão comparados aos limites permitidos nas legislações
vigentes, conforme solicitado pelo cliente.
Os ensaios são realizados através de diversos procedimentos e normas nacionais e
internacionais referentes aos tipos de análises, assegurando que os resultados sejam expressos
de forma exata.
Os métodos de análises podem se dividir em:
 Físicos: medições das propriedades de uma amostra, diferentemente das
concentrações de componentes químicos ou biológicos;
20

 Químicos: medição da quantidade dos componentes desejados através


de técnicas clássicas através dos métodos exigidos para cada tipo de ensaio com o auxílio de
sofisticados equipamentos de medição e ensaios;
 Microbiológicos: são utilizados para monitoramento e pesquisa de
ambientes, resíduos e águas potáveis e não potáveis.
Seus principais serviços são análises em efluentes industriais e domésticos,
monitoramento ambiental, análises de alimentos, matéria-prima e fármacos, cosméticos,
análise de águas, análise de água para hemodiálise, análise de piscina e ensaios
microbiológicos.
As principais matrizes são as águas e os efluentes, com ensaios como medição de
pH, condutividade, turbidez, cor aparente, alcalinidade, dureza, e a presença ou ausência de
microrganismos patogênicos, entre outras. Nas análises de ar os principais ensaios são
Bolores, Dióxido de carbono, Poeira e Umidade.
O monitoramento ambiental é um instrumento que atua como um mecanismo de
observação constante do meio ambiente, em especial, dos componentes ambientais água, ar e
solo (BRASIL, 2009).
Dessa forma, o monitoramento ambiental é um procedimento de observações
sistemáticas no tempo e no espaço por meio de medição contínua e avaliação de fatores e
parâmetros representativos e preestabelecidos para indicar a qualidade de um ambiente natural
ou urbano no que corresponde à poluição ou quaisquer outros impactos ambientais.

2.2 SETOR DE ESTÁGIO

As análises do Laboratório iniciam-se na coleta das amostras, pois a


confiabilidade dos resultados analíticos depende do procedimento adequado de coleta e
transporte das amostras. Após a amostra passar pelo recebimento da empresa, é distribuído
para os laboratórios Microbiológico e Físico-químico.
O Laboratório Microbiológico é o setor em que o estágio foi realizado. Há
trabalhando nesse setor, a supervisora do laboratório, a analista e as estagiárias. O ambiente é
subdividido entre as salas: meios de cultura, (figura 6)., o laboratório de microbiologia 1,
(figura 7), onde são feitas análises de alimentos, cosméticos, filtrações das águas limpas, etc.;
o Laboratório de microbiologia 2, (figura 8), onde são feitas as filtrações dos efluentes brutos
e tratados, águas superficiais, águas subterrâneas, etc; a sala de incubação (figura 9) e sala de
repique (figura 10).
21

Figura 6 – Laboratório Microbiológico Meios de cultura.

Fonte: Instagran Aquavita, 2021.

Figura 7 – Laboratório Microbiológico 1.

Fonte: A autora, 2021.

Figura 8 – Laboratório Microbiológico 2.

Fonte: A autora, 2021.


22

Figura 9 – Sala de Incubação.

Fonte: A autora, 2021.

Figura 10 – Sala de Repique.

Fonte: A autora, 2021.

Esses são os setores onde realiza-se os ensaios microbiológicos da qualidade de


diversas matrizes, tais como: água (consumo, recreação, superficial, alimentação industrial,
etc.); efluentes em geral (tratado, bruto, caixas separadoras, etc.); Swab de superfícies,
cosméticos, alimentos, entre outros.
Neste tipo de análise há a qualificação e/ou quantificação microbiológica das
amostras, por meio da identificação dos seguintes organismos: coliformes totais; coliformes
termotolerantes (fecais); bactérias heterotróficas; pseudomonas aeruginosa; enterococcus sp;
fungos e leveduras; endotoxina bacteriana; microcistinas – cianotoxinas e saxitoxinas;
bacillus cereus; estafilococos aureus; salmonella; entre outros.
23

Diariamente é feito uma desinfecção das bancadas, superfícies das quais são
realizadas as análises microbiológicas, com hipoclorito de sódio, desinfecção do ar com luz
ultravioleta e, realiza-se testes de ar e Swab de superfícies para assegurar a eficiência dos
cuidados com o local de trabalho. Há uma contribuição numerosa de parâmetros a serem
considerados para assegurar a integridade das amostras, o desempenho esperado das análises,
a qualidade dos dados e o bem-estar das pessoas usuárias daquele espaço.
24

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 ANÁLISES AMBIENTAIS

Todas as atividades produtivas podem gerar em algum momento impactos


ambientais e estes devem ser observados, monitorados e mitigados. Desta forma descobrir os
níveis e intensidade do impacto é o primeiro passo.
As análises ambientais são os estudos realizados por profissionais capacitados que
têm como objetivo verificar os parâmetros determinados pelas normas, em interfaces como a
água, solo, ar, dentre outras. Além de cumprirem parte das atividades de monitoramento, as
análises são em alguns casos exigidas e fiscalizadas como condicionantes de licenças
ambientais. Esses estudos podem ser realizados momentos pontuais ou até mesmo de forma
contínua, com um planejamento e cronograma.
De acordo com a área de atuação da empresa e o produto ou serviço que ele
oferece, os órgãos ambientais solicitam as análises que devem ser realizadas por laboratórios
preparados e acreditados.

3.2 HISTÓRIA ÁGUA E SAÚDE

Até os inícios do século XX, não havia padrões para avaliar a qualidade
microbiológica da água de consumo humano. Foi em 1990 que Theodor Escherich descobriu
os coliformes no intestino grosso de humanos com e sem diarreia e que logo foram aplicados
como indicadores de contaminação de fecal de animais homeotermos nas águas. Em 1890, a
United States Public Health Service (USPHS) dos Estados Unidos propôs a padronização das
técnicas para a avaliação da qualidade da água e entre elas as análises bacteriológicas. Esse
trabalho foi a base para a primeira edição, em 1905, do Standard Methods for the Examination
of Water and Wastewater. A importância desses padrões técnicos continua até hoje, estando
em circulação a mais nova Edição, número 23, de 2017.
Com a constante e intensa intervenção do homem no ambiente, alterou a
qualidade do ar, das águas e do solo com descargas poluidoras que causaram mudanças
profundas na distribuição dos diversos componentes da biota (TUNDISI, 2011). Entre eles,
destacam-se vetores de doenças infecciosas que deixaram seus habitats naturais agredidos em
busca de ambientes apropriados para sua adaptação e consequente desenvolvimento e
25

reprodução. As fezes humanas e resíduos sólidos contaminados são os principais veículos


transmissores de doenças infecciosas que se propagam pela água e as principais causas de
morte em crianças menores de dois anos (CEBALLOS; DINIZ, 2017.

3.3 ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO

A água potável não deve conter microrganismos patogênicos e deve estar livre de
bactérias indicadoras de contaminação fecal. Como indicadores de contaminação fecal, são
eleitas como bactérias de referência as do grupo coliforme. O principal representante desse
grupo de bactérias chama-se Escherichia coli (BRASIL, 2013).
Para um microorganismo ser considerado indicador ideal, são necessárias algumas
características, tais como: ser aplicável a todos os tipos de água, ter uma população mais
numerosa no ambiente que outros patógenos, sobreviver melhor que os possíveis patógenos,
possuir resistência equivalente a dos patogênicos aos processos de autodepuração e ser
detectado por uma metodologia simples e barata.
Para que a água seja considerada potável, após o tratamento convencional os
parâmetros físico-químicos e microbiológicos deverão estar de acordo com a Portaria nº 36,
do Ministério da Saúde, de 19 de janeiro de 1990.

3.4 NORMAS DE POTABILIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO

O Decreto Federal nº 79.367, de 09 de março de 1977, atribuiu competência ao


Ministério da Saúde para elaborar normas e o padrão de potabilidade de água para consumo
humano. No mesmo ano, a primeira norma de potabilidade, a Portaria do Ministério da Saúde
nº 56 23

3.4.1 Legislações sobre qualidade microbiológica das águas para diferentes usos

Condições de qualidade microbiológica para águas doces da classe 1: coliformes


termotolerantes para o uso de recreação de contato primário deverão ser obedecidos os
padrões de qualidade de balneabilidade, previstos na Resolução CONAMA Nº 274, de 2000
(BRASIL, 2001). Para os demais usos, não deverá ser excedido um limite de 200 coliformes
26

termoto- lerantes por 100 mililitros em 80% ou mais, de pelo menos 6 amostras, coletadas
durante o período de um ano, com frequência bimestral. E. coli poderá ser determinada em
subs- tituição ao parâmetro coliformes termotolerantes de acordo com limites estabelecidos
pelo órgão ambiental competente.
Conforme Resolução CONAMA N°274, de 2000 (BRASIL, 2001) as águas de
Classe 1 são águas que podem ser destinadas:
a) ao abastecimento para consumo humano, após trata- mento simplificado;
b) a proteção das comunidades aquáticas;
c) a recreação de contato primário, tais como nata- ção, esqui aquático e mergulho;
d) a irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se
desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película; e
e) a proteção das comunidades aquáticas em Terras Indígenas.

A Portaria 2914 de 12 de dezembro de 2011 do Ministério da Saúde - legisla


sobre a qualidade da água potável no território nacional: “Dispõe sobre os procedimentos de
controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de
potabilidade”. Aplica-se à água destinada ao consumo humano, proveniente de sistema e
solução alternativa de abastecimento de água. Estabelece ausência de coliformes
termotolerantes e de E. coli nas águas destinadas ao consumo humano (BRASIL, 2011).
As disposições dessa Portaria não se aplicam à água mineral natural, à água
natural e às águas adicionadas de sais destinadas ao consumo humano após o envasamento, e
a outras águas utilizadas como matéria-prima para elaboração de produtos, que são legisladas
pela Resolução (RDC) nº 274 de 22 de setembro de 2005 da Diretoria Colegiada da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA (BRASIL, 2005).
Em relação à Portaria 2914/2011-MS, o Capítulo V refere-se à qualidade da
água potável. Alguns artigos e parágrafos selecionados são citados e comentados a seguir:

Portaria 2914/2011-MS - Capítulo V - Do Padrão de Potabilidade (BRASIL, 2011)


Art. 27. A água potável deve estar em conformidade com o padrão microbiológico,
conforme disposto no Anexo I e demais disposições desta Portaria.
§ 1º No controle da qualidade da água, quando forem detectadas amostras com
resultado positivo para coliformes totais, mesmo em ensaios presuntivos, ações
corretivas devem ser adotadas e novas amostras devem ser coletadas em dias
imediatamente sucessivos
até que revelem resultados satisfatórios.
§ 6º Quando o padrão microbiológico estabelecido no Anexo I desta Portaria for
violado, os responsáveis pelos sistemas e soluções alternativas coletivas de
abastecimento de água para consumo humano devem informar à autoridade de saúde
pública as medidas corretivas tomadas.
27

Anexo I

Água potável: E. coli ausência em 100 mL.


Água tratada na saída do tratamento: E. coli e Coliformes totais: ausentes em 100
mL.
Água tratada no sistema de distribuição e rede: Coliformes totais em:
1) Sistemas ou soluções alternativas coletivas que abastecem menos de 20.000
habitantes: apenas uma amostra entre as examinadas no mês poderá apresentar
resultado positivo.
2) Sistemas ou soluções alternativas coletivas que abastecem mais de 20.000
habitantes: ausência em 95% das amostras coletadas em um mês.

3.5 GRUPO COLIFORMES

As bactérias coliformes foram descobertas em 1886, no cólon humano e de


animais homeotérmicos, por Theodor Escherich (1857 – 1911), médico pediatra e
bacteriologista nascido em Viena. Pela sua origem, seu número elevado nas excretas e pela
sua facilidade de detecção passaram a ser usadas já em 1900 como indicadores bacterianos de
contaminação fecal.
São Gram negativos que fermentam a lactose a 35°C com produção de ácido e gás.
Esse grande grupo contém um subgrupo chamado inicialmente de coliformes fecais e
atualmente denominado de coliformes termotolerantes, e a espécie Escherichia coli é
considerada a única que confirma a contaminação fecal.
Têm ampla distribuição na natureza (águas, solo, folhas) e estão presentes no
intestino de animais homeotermos, são excretados com as fezes em altas concentrações.
Todos os coliformes possuem a enzima ß-galactosidade que cliva o substrato Ortonitrofenil-
galacto-piranosídeo (ONPG) e libera ortonitrofenil usado para identificação rápida do grupo
Os coliformes Totais foram utilizados logo após sua descoberta como indicadores
universais de contaminação fecal, foi posteriormente verificada sua capacidade de se
multiplicar no ambiente. Atualmente o grupo é definido na Portaria N° 2914 /2011 – MS
como Indicador de eficiência de tratamento (BRASIL, 2011).
Os Coliformes termotolerantes são um subgrupo das bactérias do grupo coliforme
que fermentam a lactose a 44,5 ± 0,2°C em 24 horas; tendo como principal representante a
Escherichia coli, de origem exclusivamente fecal.
A Escherichia coli é a bactéria do grupo coliforme que fermenta a lactose e
manitol, com produção de ácido e gás a 44,5 ± 0,2°C em 24 horas, produz indol a partir do
triptofano, oxidase negativa, não hidroliza a ureia e apresenta atividade das enzimas ß
28

galactosidase e ß glucoronidase, sendo considerado o mais específico indicador de


contaminação fecal recente e de eventual presença de organismos patogênicos.

3.6 MEIOS DE CULTURA

O processo de seleção e obtenção de uma cultura pura a partir de uma cultura


mista denomina-se isolamento e se consegue por meio da semeadura da amostra em meios de
cultura específicos. As técnicas de quantificação de bactérias se baseiam na promoção seletiva
do crescimento (isolamento) daquelas de interesse contidas numa alíquota da amostra para o
qual se empregam meios de culturas sólidos ou líquidos que fornecem os nutrientes
específicos para essas bactérias sob condições apropriadas e controladas de temperatura e
tempo de incubação.
Os meios de cultura são constituídos por uma mistura de substâncias orgânicas e
inorgânicas que proporcionam nutrientes (fontes de carbono, nitrogênio, fósforo e sais
minerais, entre outros) e fontes de energia, pH e salinidade adequados para o crescimento e
multiplicação in vitro dos microrganismos. São poucas as bactérias que não crescem em
meios de cultura por serem parasitos intracelulares obrigatórios (MCCUIN, et al. 2002).
Os meios de cultura são preparados industrialmente e são disponíveis no mercado
desidratados, em pó. Preparam-se facilmente pela adição de água destilada ou ultrapura,
dependendo das necessidades experimentais. Exigem controle do pH no momento de sua
preparação, e a maioria deve ser esterilizada antes de uso.

3.7 MÉTODOS DE ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS EM ÁGUAS

3.7.1 Técnica de filtração por membrana

É um método que baseia-se na filtração de volumes adequados de água, no qual as


bactérias ficarão retidas na membrana filtrante, com porosidade de 0,45 μm, parcialmente
inseridas dentro dos poros. Após a filtração, a membrana é assepticamente transferida para
uma placa de Petri pequena de 47 mm de diâmetro que contém o meio de cultura sólido ou
líquido. Incubam-se as placas de Petri em temperatura apropriada, durante o tempo necessário
para o crescimento dessas bactérias específicas, e posteriormente procede-se à contagem das
colônias crescidas a partir daquelas que ficaram presas dentro dos poros da membrana (uma
29

colônia pode-se originar de uma bactéria ou de mais de uma que ficaram juntas dentro de um
mesmo poro, mas para a contagem se assume que uma única bactéria formou a colônia).

3.7.2 Técnica de substratos enzimáticos definidos para coliformes

Este método tem como princípio a identificação dos microrganismos pela análise
de suas enzimas típicas, sendo o tempo estimado 24 horas. O meio contém dois substratos
para identificar as enzimas: o cromôgenico orto-nitrofenil-β-D-galactopiranosídeo (ONGP) e
fluorogênico 4-metilumbeliferil-β-D-glucoronídeo (MUG), que detectam as bactérias do
grupo coliforme total e Eschericia coli em amostras de água.
As técnicas com uso de substratos enzimáticos definidos, também denominadas
de métodos rápidos, começaram a ser desenvolvidas na segunda metade do século XX, entre à
necessidade de obtenção rápida de resultados. Na época, estava ainda muito disseminada a
Técnica de Tubos Múltiplos nos laboratórios das companhias de águas e esgotos e em
pesquisas de microbiologia sanitária e ambiental. Essa técnica, desenvolvida nos fins do
século XIX, precisa de 72 a 96 horas para a obtenção dos resultados sobre a concentração de
coliformes totais e termotolerantes em uma amostra.
Com a normatização e controle dos padrões de qualidade da água potável e,
alguns anos depois, o início das políticas de proteção ambiental, a necessidade de aumentar a
capacidade de análises dos laboratórios se tornou mais preeminente. Reduzir o tempo de
processamento das amostras passava por simplificar as técnicas (uso de reagentes, meios de
cultura, instrumentos, lavagem e preparação do material, etc.).
Hoje, dentre esses métodos rápidos utiliza-se Colilert e o Colitag, ambas
metodologias são aprovadas pela United States Environmetal Protection Agency (USEPA).
Segundo os fabricantes do Colitag, esse produto promove a reativação e posterior detecção de
E-coli danificadas pelo cloro. Esse método é confiável e de acordo com a USEPA gera 0,0%
de resultados falso-negativos e 5,0% de resultados falso-positivos para coliformes totais e E-
coli.
.
30

4 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Em um laboratório de microbiologia as condições de higiene e limpeza devem ser


rigorosas, para evitar possíveis fontes de contaminações, que constituam um risco em
potencial para todos os envolvidos no trabalho e manuseio.
Para dar início de qualquer ensaio no laboratório, era feito diariamente a
desinfecção das salas de análises, uma vez que qualquer matéria estranha pode ser uma fonte
de contaminação; realizando uma limpeza das bancadas com hipoclorito de sódio, álcool 70%
e o uso da lâmpada UV, era feito a esterilização do ambiente, ar e superfícies como mostra a
Figura 11, assim tendo controle e a segurança de resultados mais precisos.

Figura 11: Laboratório microbiológico 2 no processo de esterilização do ambiente.

Fonte: Autora, 2021.

Os ensaios eram realizados no mesmo dia em que a amostra dava entrada no


laboratório, afim de minimizar alterações das amostras. Até o início dos ensaios elas ficavam
armazenadas sob refrigeração entre 1°C e 4°C para preservar as características físicas,
químicas e biológicas em curto prazo.

4.1 ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS NAS AMOSTRAS DE ÁGUAS DE CONSUMO


HUMANO

No monitoramento ou análise da qualidade de água são utilizados indicadores


biológicos específicos como as bactérias do grupo coliforme. A água potável não deve conter
micro-organismos patogênicos e deve estar livre de bactérias indicadoras de contaminação.
31

O método de análise utilizado no Laboratório Aquavita para a contagem de


coliformes totais, coliformes termotolerantes e Escherichia coli em água é a técnica de
membrana filtrante.

4.1.1 Método de Membrana Filtrante

Baseia-se na filtração de volumes adequados de água, mediante pressão negativa


(vácuo), através da membrana filtrante (Figura 12, (a)), com porosidade de 0,45 μm. As
bactérias por serem maiores que os poros da membrana ficarão retidos em sua superfície,
sendo então transferida para uma placa de Petri, contendo o meio de cultura seletivo e, por
capilaridade, o meio se difundirá para a membrana, entrando em contato com as bactérias.
Para a filtração, é usado um sistema de filtração à vacuo, manifold de inox que consta 6
holders de policarbonato (Figura 12, (b)) para 6 provas.

Figura 12: (a) Membrana filtrante; (b) Manifold de inox com 6 holders de policarbonato.

a) b)

Fonte: Autora, 2021.

A execução dos ensaios, tanto para coliformes totais, termotolerantes ou e-coli,


passam por três etapas: de filtração e incubação, etapa de leitura após o tempo de incubação
para ver se ocorreu crescimento de alguma unidade formadora de colônia (UFC), e a etapa da
confirmação, caso tenha crescido alguma colônia de bactérias visto na etapa anterior.
Para todo o processo de análise, são utilizados os seguintes materiais dispostos no
Quadro 1:
32

Quadro 1: Materiais utilizados nas análises de contaminação em águas de consumo humano,


com a técnica de membrana filtrante.
Utensílios Equipamentos Meios de cultura
Ágar m-endo
Pinça Estufa a 35°C (coliformes totais e
e-coli)
Holders Bomba de vácuo Água estéril
Filtração e incubação
Membrana filtrante M-FC ágar (coliformes
Autoclave
porosidade 0,45μm termotolerantes e e-coli)
Placa de Petri Bico de bunsen
Banho maria à 45°C
Etapa leitura Caneta para vidraria Contador de colônias
Caldo Lauril Sulfato
Alça de platina Estufa 35°C
Triptose (LST)
Caldo bile verde
Etapa confirmação Bico de bunsen
brilhante 2% (VB)
Água peptonada
tamponada 0,1% (APT)
Fonte: Autora, 2021.

4.1.1.1 Preparo dos meios de cultura

Os meios de cultura são insumos preparados no laboratório que fornecem os


nutrientes para o crescimento e desenvolvimento dos microrganismos (como bactérias e
fungos) fora do seu habitat natural.
Para as análises microbiológicas nas águas, eram necessário o preparo desses
meios de cultura podendo serem liquidos ou sólidos, pelo menos 2 vezes por semana. O
método de preparo era de acordo com as instruções contidas nos rótulos de cada meio. Mas de
forma geral, era necessário pesar uma quantidade do meio desidratado, dilui-lo em água
destilada e deionizada, sob agitação e, em alguns casos, sob fervura. Distribuí-los aos
recipientes adequados como, a placa de Petri ou os tubos de ensaio e, se necesário, autoclavá-
los.
Os materiais necessários para esse processo estão listados abaixo:

 Autoclave;
 Balança analítica;
 Destilador;
 Béquer de vidro de 250mL, 1000mL e 2000mL;
33

 Espátula;
 Agitador magnético;
 Chapa de aquecimento;
 Estufa de esterilização e secagem;
 Tubo de durhan;
 Tubo de ensaio com tampa;
 Placas de Petri descartáveis;
 Pipeta automática de 10mL;
 Ponteiras autoclavadas de 10mL;
 Capela de fluxo laminar;
 Grades para tubo de ensaio;
 Peixinho para agitador magnético;
 Refrigerador para o armazenamento dos meios de cultura.

4.1.1.2 Cuidados de manipulação dos mateirais estéreis no momento da análise

De acordo com a carga bacteriana, as amostras deveriam ser filtradas sob


condições de esterilidade, sendo que todos os materiais deveriam estar estéreis como os
holders, a membrana e a água.
Durante toda a execução da análise, era feito o uso do bico de Bunsen para
trabalhar com seguridade na área estéril criada pelo calor da chama, todos os movimentos
deveriam ser executados na proximidade da chama (na zona oxidante). A pinça necessária
para colocar a membrana até o porta-filtro do holder, era flambada antes e após o manuseio
(Figura 13).

Figura 13: Posicionamento asséptico da membrana estéril no holder.


34

Fonte: Autora, 2021.


35

4.1.1.3 Análise de coliformes totais e E-coli

Para dar início ao procedimento, fazia-se necessário a desinfecção externa dos


frascos com papel toalha e álcool 70% e a homogeneização da amostra, inclinando-a de modo
a formar um ângulo de aproximadamente 45° entre o braço e o antebraço, por no mínimo 25
vezes. Para as amostras de água potável , de piscina ou apresentando boa qualidade, filtra-se
um volume de 100mL da amostra.
Cuidadosamente, vertia-se o volume da amostra a ser examinada no porta filtro,
evitando que a água respingue sobre as bordas superiores (Figura 14). Ligava-se o vácuo e
após a passagem da amostra, separa-se a parte superior do porta-filtro, com uma pinça
previamente flambada e resfriada, retirou-se com cuidado a membrana e transferiu-se
assepticamente para a placa contendoo meio de cultura ágar m-Endo com a superfície
quadriculada da membrana voltada para cima. Deve-se ter o cuidado de toda a área da
membrana estar aderida ao meio de cultura. Ao finalizar a operação, deve-se desligar a
válvula de controle de vácuo do porta-filtro e fazer um enxágue.

Figura 14: Porta-filtro contendo 100mL de amostra de água e uma placa de Petri com m-Endo.

Fonte: Autora, 2021.


36

Figura 15: Análises de 6 amostras com ensaios de coliformes totais (placa vermelha) e
termotolerantes (placa azul).

Fonte: Autora, 2021.

Após toda filtração, era necessário enxaguar o porta-filtro 2 vezes com porções de
100mL e 50mL de água estéril, para evitar a retenção de alguma bactéria nas paredes internas,
e então podia proceder-se para a próxima amostra.
A incubação das placas de m-Endo para coliformes totais e E-coli era em estufas a
35° + +
− 0,5°� por 24 −2h com a placa invertida.

As colônias típicas em m-Endo possuem coloração rosa a vermelho escuro com


brilho esverdeado e metálico, já as colônias atípicas podem ser rosa a vermelho escuro sem
brilho como mostra a Figura 16.

Figura 16: Placa de m-Endo com colônias típicas e atípicas.

Fonte: Google imagens, 2021.

Na etapa da leitura, com o auxílio do contador de colônias (Figura 17) as colônias


eram quantificadas. As placas que teria dado um crescimento de colônias, escolhia-se cinco
colônias típicas e cinco atípicas para a etapa da confirmação, as colônias eram transferidas
com o auxilio de uma alça estéril para um tubo contendo 10mL de Caldo LST e em seguida
eram incubados a 35° +
− 0,5°� por 48h.
37

Figura 17: Contador de colônias.

Fonte: Site da empresa, 2021.

Após as 48h, na etapa de confirmação, os tubos que apresentavam turvação com


presença de gás no tubo durhan, eram submetidos à confirmação em Caldo VB 2%. Para cada
tubo positivo de LST, retirava-se uma porção do meio com o auxílio de uma alça estéril e
inoculava em tubos contendo 10mL de caldo VB 2%. Esses tubos eram incubados a
35° +
− 0,5°� por mais 48h. A formação de gás no tubo Durhan e turvação nos tubos de caldo

LST e caldo VB 2% é confirmado para coliformes totais.

4.1.1.4 Análise de coliformes termotolerantes e E-coli

Com todos os materiais e o ambiente já esterilizados, começamos a análise


preparando a amostra, limpando a parte externa do frasco que contém a amostra e fazendo a
homogeneização da amostra, inclinando-a de modo a formar um ângulo de aproximadamente
45° entre o braço e o antebraço, por no mínimo 25 vezes.
Da mesma forma que na análise de coliformes totais, para as amostras de águas
purificadas e águas de piscinas, filtra-se 100mL da amostra. O processo de filtração é o
mesmo que na análise de coliformes totais, porém o meio utilizado para o crescimento de
coliformes termotolerantes é o m-FC. Após ter transferido a membrana assepticamente para a
placa contendo o m-FC, esse era incubado em banho maria à 45°C.
Na etapa da leitura, com o auxilio do contador de colônias, era visto se houve ou
não crescimento de colônias na placa. As colônias típicas de coliformes termotolerantes
crescem em várias tonalidades de azul e as colônias atípicas possuem a tonalidade que varia
entre cinza e verde.
Para a expressão do resultado de águas purificadas era como: “coliformes
termotolerantes presentes/ausentes em 100mL de amostra”.
38

Figura 18: Colônias típicas e atípicas de coliformes termotolerantes.

Fonte: Google imagens, 2021.

4.1.2 Estudo do método de substratos enzimáticos definidos para coliformes

Foi utilizado estudo de revisão bibliográfica do tipo descritivo, transversal, com


abordagem qualitativa, na qual se analisou cada metodologia aplicada à análise
microbiológica da água para consumo humano.

O critério do questionamento sistemático, crítico e criativo pode facilmente sugerir


banalidades, que seria relevante logo desfazer. Em primeiro lugar, não significa
debandada crítica, mau humor, e azedume, má vontade com tudo, derrubada
irresponsável, muito menos fofoca da oposição. O questionamento sustentável supõe
sempre elaboração acurada, construção e reconstrução de conceitos, de teorias e
práticas, colaboração alternativa persistente, envolvimento completo e, por fim, a
respectiva prática. (DEMO, 2012, p. 26).

A aplicação dessa técnica, que permitem detectar enzimas específicas de uma


espécie ou gênero ou de um grupo de microrganismos que agem sobre substratos definidos
com propriedades cromogênicas e/ou fluorogênicas se mostrara promissora, na atualidade,
está amplamente em uso. Simplificam os procedimentos analíticos ao facilitarem a detecção
qualitativa e quantitativa diretamente nos meios líquidos (Figura 19).
O meio de cultura em pó é fornecido em cartelas plásticas, já esterilizado. A
cartela possui ampolas plásticas individuais de fácil abertura com a quantidade de meio estéril
adequada para ser adicionada diretamente a 100 mL da amostra de água.
Para a execução do teste, o meio de cultura é dissolvido diretamente em 100mL da
amostra e posteriormente incubado por 24h a 35°C. Permite, em até 18 horas, a determinação
simultânea da presença-ausência (P/A) de coliformes totais e E. coli.
A leitura dos resultados pode ser feita rapidamente, visualizando se a amostra
permaneceu incolor deu negativo, caso tenha ficado amarelo, deu presença para coliformes
39

Totais e se colocado sob a luz UV e a amostra ficar fluorescente, testou positivo para E-coli,
como mostra a Figura 19 (IDEXX, 2021).

Figura 19: Passos metodológicos da técnica de presença ou ausência do grupo coliforme em


água potável.

Fonte: Google imagens, 2021.

Baseados em uma reação enzimática por ação da bactéria que produz a mudança
da cor do meio de cultura ou da colônia não são necessários repiques para obter novas cultu-
ras para se proceder aos testes de identificação bioquímica de microrganismos. Não
necessitando passar pelas etapas de repique, esses testes diminuem em 24 a 48 horas a
obtenção dos resultados (CEBALLOS; DINIZ, 2017).
As vantagens são o tempo estimado para a obtenção dos resultados confirmados
que varia de 18 a 28 horas, dependendo do produto comercial usado; rapidez dos resultados;
alta especificidade; diminuem o desperdício do meio de cultura, pois as embalagens são
individualizadas; esse método utiliza apenas uma estufa e luz UV; ocupa menos espaço na
estufa e não é necessário confirmação. Possuem custo mais elevado como desvantagem.
(STANDARD, 1985).
Dentre esses métodos rápidos os mais utilizados são o método Colilert e o Colitag,
destacando o Colitag que recupera as células danificadas pelo cloro. Ambas metodologias são
aprovadas pela United States Environmetal Protection Agency (USEPA).
40

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A técnica de membrana filtrante pode ser substituída pela técnica de substratos


enzimáticos, devido ao seu tempo de elaboração ser menor em relação à outra técnica, e é
utilizado um meio já estéril, então não requer tantos equipamentos, não é necessário o preparo
de meios de culturas variados e não requer grandes quantidades de vidrarias.
A técnica de substratos enzimáticos possuem grande rapidez na execução dos
resultados, levando 24 horas, não necessitam de testes confirmatórios, utilizando apenas um
meio de cultura já estéril, considerando baixo custo.
41

REFERÊNCIAS

BRASIL, Ministério da Saúde. Vigilância e controle da qualidade da água para


consumo humano: Secretaria de Vigilância em Saúde. Brasília - DF: Ministério da
Saúde, 2006. 212 p. ISBN 85-334-1240-1.

BRASIL, Ministério do Meio Ambiente. Programa Nacional de Capacitação de


gestores ambientais: licenciamento ambiental. Brasília: Ministério do Meio
Ambiente, 2009.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2914 de 12 de dezembro de 2011. Dispõe


sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para
consumo humano e seu padrão de pota- bilidade. Diário Oficial da União, Brasília,
14 dez. 2011.

CEBALLOS, Breatriz Susana Ovruski de; DINIZ, Célia Regina. Técnicas de


Microbiologia Sanitária e Ambiental. [S. l.: s. n.], 2017. 324 p. ISBN 9788578792855.
Disponível em: www.uepb.edu.br/ebooks/. Acesso em: 20 abr. 2021.

DEMO, P. Pesquisa e construção de conhecimento: metodologia científica no


caminho de Habermas. 7. ed. Rio de Janeiro: Brasileiro, Tempo, 2012.

IDEXX. Step by Step to using FILTA MAX; Diponivel em: <https://


www.idexx.com/water/products/filta-max.html>. Acesso em 15 jun DE 2021.

McCUIN, M. R.; CLANCY, L. J. Modifications to United States Environmental Protection


Agency Methods 1622 and 1623 for detection of Cryptosporidium oocysts and
Giardia cysts in water. Applied and Environmental Microbiology, v.69, n.1, p. 267-
274, 2002.

OLIVEIRA, Kildrey Aquino de. Qualidade da água para consumo humano em


solução alternativa de abastecimento no município do cabo de Santo Agostinho,
Pernambuco. Orientador: Reginaldo Gonçalves de Lima Neto. 2011. 16 p.
Monografia (Especialização em Saúde Pública) - Departamento de Saúde Coletiva,
Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz., Recife, 2011.

RECHE, Maria Helena Lima Ribeiro et al. Bactérias e bioindicadores de qualidade de


águas de ecossistemas orizícolas da região sul do Brasil. Oecologia Australis, [S. l.], v.
14, p. 452-463, 12 mar. 2010.

STANDARD methods for the examination of water and wastewater. 16th ed.
Washington: APHA, 1985.
42

TUNDISI, J. G.; MATSUMURA-TUNDISI, T. Recursos Hídricos no Século XXI: Oficina


de Textos, 2011. 328 p.

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