Você está na página 1de 3

Design Thinking

Inovação Frugal: Violência de Gênero

Violência de Gênero
“O fenômeno da violência, na modalidade ora estudada, pode ser explicada como uma
questão cultural que se situa no incentivo da sociedade para que os homens exerçam sua
força de dominação e potência contra as mulheres, sendo essas dotadas de uma virilidade
sensível.” (OLIVEIRA, 2010).
“No período de isolamento social, durante a pandemia, em que o convívio gerou mais
tensões entre as pessoas, muitos casos surgiram e os existentes se tornaram mais
frequentes ou evidentes.” (SESC; UNFPA, 2021).
“A violência contra a mulher se manifesta de forma física, psicológica, sexual e
patrimonial, em diversos níveis.” (SESC; UNFPA, 2021).
“A dificuldade da denúncia: envolvimento emocional, dependência financeira, as
vítimas têm dificuldade de reconhecer que aquela postura é agressiva, a falta de
credibilidade.” (SESC; UNFPA, 2021).
“Como identificar uma vítima: A ausência de comunicação deve ser um alerta quem
vive em torno da mulher que sofre a violência, uma vez que até mesmo as meninas
tendem a ficarem mais caladas e distantes no auge das agressões. Esse
distanciamento, por vezes promovido pelo agressor, isola a vítima e enfraquece a
rede de possíveis apoios à mulher.” (SESC; UNFPA, 2021).
“Mulheres lésbicas e bissexuais sofrem diversos tipos de violência em função de sua
orientação sexual, desde agressões físicas, verbais e psicológicas até os chamados
‘estupros corretivos’, prática criminosa que supostamente ocorre para ‘modificar’ a
orientação sexual das vítimas. As mulheres transexuais também são alvo constante
de preconceitos e agressões múltiplas, devido às diversas formas de discriminação.”
(SESC; UNFPA, 2021).

Dados
“Embora 2018 tenha apresentado uma tendência de redução da violência letal contra
as mulheres na comparação com os anos mais recentes, ao se observar um período
mais longo no tempo, é possível verificar um incremento nas taxas de homicídios de
mulheres no Brasil e em diversas UFs. Entre 2008 e 2018, o Brasil teve um aumento
de 4,2% nos assassinatos de mulheres. Em alguns estados, a taxa de homicídios em
2018 mais do que dobrou em relação a 2008: é o caso do Ceará, cujos homicídios de
mulheres aumentaram 278,6%; de Roraima, que teve um crescimento de 186,8%; e do
Acre, onde o aumento foi de 126,6%. Por seu turno, as maiores reduções no decênio
ocorreram no Espírito Santo (52,2%), em São Paulo (36,3%) e no Paraná (35,1%).”
(Atlas da Violência - IPEA, 2020).
“Analisando-se o período entre 2008 e 2018, essa diferença fica ainda mais evidente:
enquanto a taxa de homicídios de mulheres não negras caiu 11,7%, a taxa entre as
mulheres negras aumentou 12,4%. Em 2018, 68% das mulheres assassinadas no
Brasil eram negras. Enquanto entre as mulheres não negras a taxa de mortalidade por
homicídios no último ano foi de 2,8 por 100 mil, entre as negras a taxa chegou a 5,2
por 100 mil, praticamente o dobro.” (Atlas da Violência - IPEA, 2020).
“Segundo o Grupo Gay da Bahia, 445 pessoas LGBTQI+ foram mortas em 2017 (Mott,
Michels e Paulinho, 2017), dos quais 191 eram trans, e 420 em 2018, dos quais 164
eram trans (Mott, Michels e Paulinho, 2018). Similarmente, a contagem realizada pela
Associação Nacional de Travestis e Transexuais aponta que 179 pessoas trans foram
vítimas de homicídio em 2017, e 163 em 2018 (Benevides e Nogueira, 2019).” (Atlas da
Violência - IPEA, 2020).
“Da análise dos dados informativos sobre a violência de gênero, pode-se dizer que é
pequeno o número de casos em que a mulher figura no pólo ativo do conflito, fato que pode
ser explicado pela herança cultural, desenvolvida através de muitas gerações. Nesse
sentido, as mulheres adquiriram características de fragilidade, sensibilidade, dependência e
afetividade, enquanto os homens herdaram como características determinantes a virilidade,
a racionalidade e a agressividade, razão pela qual as mulheres sentem-se menos
poderosas socialmente e menos proprietárias de seus parceiros.” (OLIVEIRA, 2010).

Âmbitos culturais, sociais, religiosos


“No âmbito cultural pode-se dizer que a violência de gênero é fruto de hábitos e
costumes que estão presentes na consciência coletiva, sendo, portanto,
consequência da permanência de uma estrutura de poder patriarcal que ainda
predomina no tempo hodierno. Outrossim, na sociedade atual ainda existem
‘cidadãos’ que não conhecem seus direitos fundamentais, o que faz com que muitas
pessoas deixem de reclamar judicialmente o fato de serem vítimas de violência de
gênero, permitindo, assim, a continuidade desse problema social.
Sobre o aspecto social, é possível dizer que a estruturação dos papéis sociais é feita
com base na idéia de hierarquia entre gêneros, que ainda paira em muitas
sociedades, seja nas atividades privadas ou íntimas da seara familiar, seja nas
atividades públicas, no espaço do trabalho, do lazer coletivo, ‘justificando’ a
dominação masculina sobre as mulheres, sendo a violência um meio de manutenção
de tal relação de dominação.
Outro aspecto que merece destaque no estudo da violência de gênero é a religião.
Observe-se que muitas religiões pregam a superioridade do homem sobre a mulher, o
que faz com que alguns homens sintam-se no direito de exercer o seu ‘domínio’
sobre a mulher, mesmo que para tanto seja necessário o uso da violência.”
(OLIVEIRA, 2010).

Riscos
“O comportamento violento nem sempre segue uma lógica: mesmo sem histórico de
agressões durante a relação afetiva, a mulher pode ser vítima de feminicídio. Em muitas
situações, a mulher já está em um ciclo de violência e fica ainda mais difícil de entender os
riscos. O agressor se encontra em um estado de constante tensão e irritação, que pode
levar rapidamente a agressão, depois para arrependimento ou até mesmo comportamento
carinhoso, que deixa a mulher confusa sobre o que está vivenciando. Esse ciclo pode se
repetir muitas vezes e o risco pode ser baixo em um momento e altíssimo em outro.”
(SESC; UNFPA, 2021).
Figura 1: Violentômetro

Fonte: SESC; UNFPA, 2021

Referências
OLIVEIRA, Glaucia. Violência de gênero e a lei Maria da Penha. OABSP, [s. l.], 2010. Disponível em:
https://www.oabsp.org.br/subs/santoanastacio/institucional/artigos/violencia-de-genero-e-a-lei-maria-da-penha.
Acesso em: 3 jul. 2022.

SILVA, Luana et al. Você Não Está Sozinha: Guia para entender a violência de gênero. SESC & UNFPA: [s. n.],
2021. Disponível em: https://brazil.unfpa.org/sites/default/files/pub-pdf/cartilha_vcnaoestasozinha_digital.pdf.
Acesso em: 3 jul. 2022.

CERQUEIRA, Daniel et al. Atlas da Violência. IPEA: [s. n.], 2020. Disponível em:
https://www.ipea.gov.br/atlasviolencia/arquivos/artigos/3519-atlasdaviolencia2020completo.pdf. Acesso em: 3 jul.
2022.

Você também pode gostar