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Brasília-DF.
Elaboração
Aline Garrido
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 5
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8
UNIDADE I
CONCEITOS TEÓRICOS SOBRE DEGLUTIÇÃO E DISFAGIA......................................................................... 9
CAPÍTULO 1
CONCEITOS TEÓRICOS SOBRE DEGLUTIÇÃO E DISFAGIA........................................................... 9
CAPÍTULO 2
FISIOLOGIA E CONTROLE NEUROLÓGICO DAS FASES DA DEGLUTIÇÃO................................... 25
CAPÍTULO 3
OCLUSÃO DENTÁRIA E DEGLUTIÇÃO....................................................................................... 35
CAPÍTULO 4
DEGLUTIÇÃO E PROCESSO DE ENVELHECIMENTO.................................................................... 40
UNIDADE II
AVALIAÇÃO E TRATAMENTO.................................................................................................................. 43
CAPÍTULO 1
AVALIAÇÃO E TRATAMENTO .................................................................................................... 43
CAPÍTULO 2
TRATAMENTOS DAS DISFAGIAS................................................................................................. 49
CAPÍTULO 3
DISTÚRBIOS DA DEGLUTIÇÃO NA CRIANÇA.............................................................................. 64
CAPÍTULO 4
DISTÚRBIOS DE DEGLUTIÇÃO NO IDOSO E DISFAGIAS NEUROLÓGICAS.................................... 67
CAPÍTULO 5
PACIENTES TRAQUEOSTOMIZADOS........................................................................................... 70
CAPÍTULO 6
DISFAGIA MECÂNICA – CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO..................................................... 75
CAPÍTULO 7
NUTRIÇÃO EM DISFAGIA E REFLUXO GASTROESOFÁGICO........................................................ 82
CAPÍTULO 8
A RESPIRAÇÃO DO PACIENTE DISFÁGICO................................................................................ 86
CAPÍTULO 9
AUSCULTA CERVICAL, TORÁCICA E AVALIAÇÃO VIDEOFLUOROSCÓPICA DAS DISFAGIAS ......... 88
CAPÍTULO 10
TRATAMENTO MULTIDISCIPLINAR............................................................................................... 95
REFERÊNCIAS................................................................................................................................. 100
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Praticando
6
Atenção
Saiba mais
Sintetizando
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).
Avaliação Final
7
Introdução
Comer e deglutir são comportamentos complexos que envolvem atividades reflexas e
voluntárias, envolvendo mais de 30 nervos e músculos. Eles têm duas características
biológicas cruciais: passagem de alimentos da cavidade oral para o estômago e proteção
das vias aéreas.
Existem profissionais que são referencias na área. Todos concordam que o terapeuta
da disfagia deve ser completo ao considerar esta como a área que trabalhará as funções
alimentares em sua complexidade e especificidade.
Alguns autores tratam a disfagia como patologia outros, como sequela, como
degeneração. De fato, as funções alimentares estão em dessincronia. O fonoaudiólogo
reabilita a função por completo, desde o restabelecimento da vontade de comer e de
alimentar-se oralmente.
Mas também é o profissional que intervém nas indicações das alimentações auxiliares
e de suplementação. O objetivo da reabilitação é o de identificar e tratar anormalidades
da alimentação seja por deglutição alterada ou outro indício, mantendo alimentação e
hidratação segura e eficiente.
Objetivos
»» Promover o raciocínio clínico diante as diversas situações clínicas
inerentes ao profissional que atua em disfagia.
8
CONCEITOS TEÓRICOS
SOBRE DEGLUTIÇÃO E UNIDADE I
DISFAGIA
CAPÍTULO 1
Conceitos teóricos sobre deglutição
e disfagia
Como terapeuta, na prática, nem sempre faço uso deste estímulo. É preciso avaliar
caso a caso. Pode um paciente apresentar alterações no RD, como atraso ou ausência e
alimentar-se?
Conheça o Sr. Luiz. Meu paciente de 65 anos, considerado novo para um paciente em
home care, realiza hemodiálise 4 vezes na semana, amputou as 2 pernas ao nível do
9
UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS SOBRE DEGLUTIÇÃO E DISFAGIA
joelho, devido ao diabetes e, como nos refere a esposa, é cardiopata. Não bastasse a
riqueza de comorbidades neste caso, o paciente sofreu uma isquemia em região occipital
cerca de 1 mês após a amputação. A fonoaudiologia foi requisitada para avalia-lo
em casa. Paciente, aparentemente, alimenta-se bem, com boa aceitação, sem recusa.
Durante a avaliação acompanhada pela esposa esta refere que tem demorado muito
tempo para alimentá-lo pois após a isquemia não para de mastigar. Uma informação
como esta não pode passar batida. Traduzindo clinicamente, foi constatado que o
paciente propulsiona, propulsiona, propulsiona, mas não desencadeia o reflexo que
lhe conferiria a força de ejeção para efetivar a deglutição. Porém, o faz em comando
verbal, graças a seu estado cognitivo perfeito.
Sendo assim, em face de uma disfagia neurogênica de grau leve caracterizada pela
ausência do reflexo de deglutição, a família foi orientada a automatizar o comando
verbal que auxiliará no processo de reabilitação por estímulo direto deste paciente.
Os nervos encefálicos são: Trigêmeo V (motor e sensitivo), Facial VII (motor e sensitivo),
Glossofaríngeo IX (motor e sensitivo), Vago X (motor e sensitivo), Hioglosso XII
(motor), e Spinal-cervical 1-3 (motor).
Se considerarmos que o pescoço necessita estar bem posicionado para uma deglutição
harmoniosa, poderíamos também incluir o nervo Acessório XI.
10
CONCEITOS TEÓRICOS SOBRE DEGLUTIÇÃO E DISFAGIA │ UNIDADE I
Boca
A boca, também referida como cavidade oral ou bucal, é formada pelas bochechas (formam
as paredes laterais da face e são constituídas externamente por pele e internamente por
mucosa), pelos palatos duro (parede superior) e mole (parede posterior) e pela língua
(importante para o transporte de alimentos, o sentido do gosto e a fala). O palato mole se
estende posteriormente na cavidade bucal como a úvula, que é uma estrutura com forma
de letra V e que está suspensa na região superior e posterior da cavidade bucal.
Figura 1. Cavidade Bucal
Fonte: NETTER, Frank H. Atlas de anatomia humana. 2 a ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.
Fonte: NETTER, Frank H.. Atlas de anatomia humana. 2 a ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.
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UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS SOBRE DEGLUTIÇÃO E DISFAGIA
Palato Mole
Fonte: NETTER, Frank H.. Atlas de anatomia humana. 2 a ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.
Dentes
Os dentes são estruturas cônicas, duras, fixadas nos alvéolos da mandíbula e maxila
que são usados na mastigação e na assistência à fala. Crianças têm 20 dentes decíduos
(primários ou de leite). Adultos normalmente possuem 32 dentes secundários.
Na época em que a criança está com 2 anos de idade, provavelmente já estará com um
conjunto completo de 20 dentes de leite. Quando um adulto jovem já está entre os 17 e
12
CONCEITOS TEÓRICOS SOBRE DEGLUTIÇÃO E DISFAGIA │ UNIDADE I
Fonte: NETTER, Frank H. Atlas de anatomia humana. 2 a ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.
Fonte: NETTER, Frank H.. Atlas de Anatomia Humana. 2 a ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.
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UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS SOBRE DEGLUTIÇÃO E DISFAGIA
Língua
A raiz é a parte posterior, por onde se liga ao osso hioide, pelos músculos hioglosso e
genioglosso e pela membrana glosso-hioidea; à epiglote, por três pregas da mucosa;
ao palato mole, pelos arcos palato-glossos, e à faringe, pelos músculos constritores
superiores da faringe e pela mucosa.
Fonte: http://www.auladeanatomia.com/digestorio/sistemadigestorio.htm
A face inferior possui uma mucosa entre o soalho da boca e a língua na linha mediana
que forma uma prega vertical nítida, o frênulo da língua.
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CONCEITOS TEÓRICOS SOBRE DEGLUTIÇÃO E DISFAGIA │ UNIDADE I
Fonte: NETTER, Frank H.. Atlas de anatomia humana. 2 a ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.
Fonte: NETTER, Frank H. Atlas de Anatomia Humana. 2 a ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.
Os músculos da língua são divididos em metades por um septo fibroso mediano que
se estende por todo o seu comprimento e se fixa inferiormente no osso hioide. Em
cada metade, há dois conjuntos de músculos, extrínsecos e intrínsecos. Os músculos
extrínsecos são: genioglosso, hioglosso, condroglosso, estiloglosso e palatoglosso. Os
intrínsecos são: longitudinal superior, longitudinal inferior, transverso e vertical.
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UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS SOBRE DEGLUTIÇÃO E DISFAGIA
Fonte: NETTER, Frank H. Atlas de Anatomia Humana. 2 a ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.
Faringe
A faringe é um tubo que se estende da boca até o esôfago. Apresenta suas paredes muito
espessas devido ao volume dos músculos que a revestem externamente, por dentro, o
órgão é forrado pela mucosa faríngea, um epitélio liso, que facilita a rápida passagem
do alimento.
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CONCEITOS TEÓRICOS SOBRE DEGLUTIÇÃO E DISFAGIA │ UNIDADE I
»» Inferior – esôfago.
A faringe pode ainda ser dividida em três partes: nasal (nasofaringe), oral (orofaringe)
e laríngea (laringofaringe).
»» Parte Oral – estende-se do palato mole até o osso hioide. Em sua parede
lateral,’ encontra-se a tonsila palatina.
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UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS SOBRE DEGLUTIÇÃO E DISFAGIA
Fonte: NETTER, Frank H. Atlas de anatomia humana. 2 a ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.
Esôfago
O esôfago é um tubo fibro-músculo-mucoso que se estende entre a faringe e o estômago.
Localiza-se posteriormente à traqueia, começando na altura da 7a vértebra cervical.
Perfura o diafragma pela abertura chamada hiato esofágico e termina na parte superior
do estômago. Mede aproximadamente 25 centímetros de comprimento.
Fonte: NETTER, Frank H. Atlas de anatomia humana. 2 a ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.
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CONCEITOS TEÓRICOS SOBRE DEGLUTIÇÃO E DISFAGIA │ UNIDADE I
Fonte: NETTER, Frank H. Atlas de anatomia humana. 2 a ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.
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UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS SOBRE DEGLUTIÇÃO E DISFAGIA
Boca
Faringe
Nasofaringe
Orofaringe
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CONCEITOS TEÓRICOS SOBRE DEGLUTIÇÃO E DISFAGIA │ UNIDADE I
Hipofaringe
Laringe
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UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS SOBRE DEGLUTIÇÃO E DISFAGIA
Esôfago
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CONCEITOS TEÓRICOS SOBRE DEGLUTIÇÃO E DISFAGIA │ UNIDADE I
Para saber mais e estimular o raciocínio clínico, será apresentado um texto em que
haverá discussões específicas sobre os idosos. Ao avaliarmos estes pacientes, devemos
aprender e estender a análise destes achados para o raciocínio clínico das funções
alimentares alteradas. Vejamos os sinais aos quais devemos nos atentar, antes, durante
e após a alimentação, ao avaliarmos:
Fonte: http://www.julianavenites.com.br/degluticao.html
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UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS SOBRE DEGLUTIÇÃO E DISFAGIA
Fonte: www.afh.bio.br
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CAPÍTULO 2
Fisiologia e controle neurológico das
fases da deglutição
A deglutição será aqui dividida em três fases distintas: oral, faríngea e esofágica. A primeira
é uma fase voluntária e consciente. O bolo é posicionado sobre o dorso da língua, a boca
se fecha, a ponta da língua se eleva posicionando-se atrás dos incisivos superiores.
Em seguida, a língua toca as partes anterior e posterior do palato duro, o palato mole
se eleva e a base da língua oscila para baixo e para trás. Ao mesmo tempo, os pilares
posteriores da faringe param e o bolo é então empurrado para baixo e para trás,
liberando o istmo da garganta.
Ao mesmo tempo, a parede posterior da faringe se levanta, até alcançar o véu palatino
que se horizontalizou, protegendo as fossas nasais de uma possível penetração de
alimento. Durante a fase faríngea, a via aérea se fecha e a via digestiva se abre para a
passagem do bolo alimentar, para isto, os pilares posteriores se aproximam, apertando
a úvula que fica rígida.
O próximo ato após a elevação da laringe a faringe se encurta e fica mais larga, o que
ajuda na abertura do esôfago para receber o bolo. O esôfago, ao receber este alimento,
é ajudado pela contração breve do diafragma, criando assim, uma aspiração torácica. A
movimentação do bolo a partir daí, é facilitada pelas sucessivas contrações dos músculos
constritores da faringe.
A última fase é a esofágica: o bolo alimentar passa do esôfago para o estômago por
meio de movimentos peristálticos, que são movimentos musculares involuntários
comandados pelo sistema nervoso autônomo. A onda peristáltica na altura da faringe
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UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS SOBRE DEGLUTIÇÃO E DISFAGIA
Fase Oral
Fase Faríngea
Fase Esofágica
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CONCEITOS TEÓRICOS SOBRE DEGLUTIÇÃO E DISFAGIA │ UNIDADE I
A deglutição pode ser disparada por diferentes centros nervosos, mesmo após remoção
total das regiões corticais e subcorticais, acima do tronco cerebral. Isto indica que o
córtex cerebral não é essencial para os estágios faríngeo e esofageal (MILLER, 1972),
embora o córtex cerebral facilite a fase oral e a iniciação da fase faríngea.
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UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS SOBRE DEGLUTIÇÃO E DISFAGIA
Sensorial Motor
»» Palatoglosso – X.
Sensorial Motor
»» V e IX Palato V, VII, IX e X.
»» V e X Faringe IX e X.
»» Cricofaríngeo X.
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CONCEITOS TEÓRICOS SOBRE DEGLUTIÇÃO E DISFAGIA │ UNIDADE I
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UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS SOBRE DEGLUTIÇÃO E DISFAGIA
Sensorial Motor
Trigêmio – V
»» Controle eferente:
Facial – VII
»» Controle aferente:
»» Controle eferente:
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CONCEITOS TEÓRICOS SOBRE DEGLUTIÇÃO E DISFAGIA │ UNIDADE I
Glossofaríngeo - IX
Vago - X
›› Epiglote.
»» Controle eferente
Acessório – XI
»» Controle eferente:
Hipoglosso - XII
»» Controle eferente:
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UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS SOBRE DEGLUTIÇÃO E DISFAGIA
Tronco Cerebral
Vista Ântero-inferior
Sensorial Motor
V (forma e textura) BOCA VII
VII e IX (paladar) LÍNGUA XII
V (posição da ATM) MANDÍBULA V
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CONCEITOS TEÓRICOS SOBRE DEGLUTIÇÃO E DISFAGIA │ UNIDADE I
Sensorial Motor
V e IX PALATO V, VII, IX e X
IX LÍNGUA V, VII e XII
VeX FARINGE IX e X
X LARINGE IX e X
CRICOFARÍNGEO X7
Sensorial Motor
X (nervo laringeal superior) Esfíncter esofageal superior X
X (nervo laringeal recorrente) Esôfago inferior X
X (ramos torácicos) Esfíncter esofageal inferior X
Fonte: https://www.facebook.com/fonoaudiologiaericasitta .
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UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS SOBRE DEGLUTIÇÃO E DISFAGIA
demonstrar que o uso da corrente RUSSA em casos de disfagia leve na fase aguda
é eficiente quando associado a condições de funcionalidade para reestabecer
a deglutição. Método: Participaram 15 clientes, todas mulheres que realizaram
tireoidectomia total com idades variando entre 37 e 60 anos, no ano de 2012.
O equipamento utilizado foi o NEURODYN RUBY LINE, 4 canais. A frequencia
estabelecida foi de 50 Hz com uma a modulação de 10% indicada para músculos
pequenos, ideal para a fase aguda de recuperação. Foram estabelecidas 3
etapas de estimulação: o aquecimento muscular com uma frequência de 10 Hz,
tonificação para estimular tanto fibras musculares Tipo I e II, com tempo ON de
5 segundos e tempo off de 10 segundos, associando exercícios para deglutição
e voz para resistência, velocidade e força, finalizando com o desaquecimento
com TENS acupuntura (10 Hz e larura de pulso de 300ms). A intensidade de
esimulação variou entre as clientes numa média de 34mA. Foram usados 2
canais para estimulação com os eletrodos adesivos posicionados um par sobre a
região central do músculo digástrico e o segundo par sobre a região do hioide.
A disfagia foi avaliada através da Escala Funcional de Ingestão por Via Oral
(FOIS). Foram realizadas 3 sessões na mesma semana, cada uma com duração
de 30 minutos. Resultados: No final da terceira sessão todas as pacientes
relataram ausência de engasgos com água. Conclusão: A terapia com a
corrente RUSSA associada a exercícios para deglutição e voz na fase aguda
da disfagia transitória é uma possibilidade terapêutica bem robusta com
resultado rápido e eficiente.
34
CAPÍTULO 3
Oclusão dentária e deglutição
Figura 13.
Fonte: http://www.naiaodonto.com.br/site/ortopedia-funcional/maclusao.
35
UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS SOBRE DEGLUTIÇÃO E DISFAGIA
A respiração do paciente precisa estar adequada, para que ocorra uma boa mastigação.
Se a respiração for bucal, a pessoa não mastiga direito, principalmente alimentos mais
consistentes, pois para respirar, engole rápido o alimento ou mastiga de boca aberta.
36
CONCEITOS TEÓRICOS SOBRE DEGLUTIÇÃO E DISFAGIA │ UNIDADE I
maior qualidade, possibilitando sentir o sabor dos alimentos com maior intensidade,
provocando uma saciedade natural e uma boa digestão; uma vez que o estômago envia
mensagem de saciedade a partir de 20 minutos do início da alimentação, é importante
que uma refeição dure entorno de 20 a 30 minutos. A qualidade de vida de uma
pessoa está diretamente ligada a sua alimentação e a maneira como ela é realizada;
é fundamental que o indivíduo busque o acompanhamento da fonoaudióloga para
receber as orientações corretas e obter os resultados desejados.
A respiração adequada deveria ser realizada pelo nariz, já que este é responsável
por umidificar, aquecer e lubrificar o ar inspirado, além de proteger as vias aéreas
inferiores. No entanto, muitas vezes encontramos indivíduos que fazem uso do modo
oral ou misto de respiração, seja por hábito vicioso ou por alterações orgânicas como
hipertrofia de adenoides, problemas alérgicos, desvio de septo e pirâmide nasal,
entre outras.
37
UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS SOBRE DEGLUTIÇÃO E DISFAGIA
Fonte: http://2009.campinas.sp.gov.br/saude/programas/protocolos/protocolos.htm.
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CAPÍTULO 4
Deglutição e processo
de envelhecimento
Envelhecimento e Deglutição
Alguns apresentam maiores dificuldades no processo de envelhecimento. Com o avançar
da idade, todos necessitam de atenção e cuidados específicos para que isso ocorra de
forma saudável. Neste processo, é fundamental acompanhar a alimentação pois, mais
do que uma necessidade, é também um ato de socialização que une pessoas e satisfaz o
prazer de comer.
Assim, a deglutição é uma das funções biológicas essenciais para o ser humano e a
organização neurológica é indispensável para o bom funcionamento da mesma.
Pode ainda surgir devido a próteses dentárias mal adaptadas, refluxo gastro- esofágico
grave e, após longos períodos de entubação.
40
CONCEITOS TEÓRICOS SOBRE DEGLUTIÇÃO E DISFAGIA │ UNIDADE I
Além disso, a Disfagia é uma característica comum nas doenças degenerativas e tende
a piorar no decurso da doença. Os pacientes devem ser periodicamente avaliados para
se detectar se há piora progressiva da deglutição e se esta pode ser compensada; se há
risco de aspiração pulmonar; se o estado nutricional do paciente se mantém estável,
mesmo na vigência de alimentação não oral.
Dessa forma, para diminuir as complicações provocadas pela disfagia, devem-se seguir
as seguintes orientações, durante a alimentação:
Quanto melhor o estado de nutrição do paciente, melhores condições ele terá para
manter seu estado clínico geral estável para se defender de aspirações e consequências
e até mesmo para realizar as técnicas terapêuticas.
41
UNIDADE I │ CONCEITOS TEÓRICOS SOBRE DEGLUTIÇÃO E DISFAGIA
Para saber mais: Não deixe de ler: Protocolo para controle de eficácia terapêutica,
em disfagia orofaríngea neurogênica (PROCEDON). Disponível no link: <http://
www.scielo.br/pdf/rcefac/v12n1/a10v12n1.pdf>.
42
AVALIAÇÃO E UNIDADE II
TRATAMENTO
CAPÍTULO 1
Avaliação e tratamento
43
UNIDADE II │ AVALIAÇÃO E TRATAMENTO
45
UNIDADE II │ AVALIAÇÃO E TRATAMENTO
Com o protocolo de avaliação de risco para disfagia – PARD, um dos mais utilizados,
formalizamos uma atuação baseada em evidências, uma vez que podemos aplicá-lo
sequencialmente, bem como retratar evolução positiva ou negativa do paciente.
46
AVALIAÇÃO E TRATAMENTO │ UNIDADE II
47
UNIDADE II │ AVALIAÇÃO E TRATAMENTO
E, por fim, para avaliar a eficácia do tratamento/de acordo com a função alimentar
reabilitada.
Escala FOIS
48
CAPÍTULO 2
Tratamentos das disfagias
No Brasil, podemos dizer que a deglutição passa a ser estudada mais detalhadamente,
por um maior número de fonoaudiólogos, a partir da década de 1990 e isto ocorre pela
preocupação com as disfagias propriamente ditas, independentemente da patologia.
Nos Estados Unidos a revista Dysphagia organiza a Dysphagia Research Society para
realizar pesquisas nesta área.
A disfagia afeta a rotina e a vida diária de quem tem este sintoma. Os pacientes precisam
ser conscientes da forma de deglutir desde os lábios ao estômago.
Por isso, dizemos que o primeiro sinal de bom prognóstico para reabilitação é um
cognitivo preservado, alerta e consciente. Por quais motivos um paciente inconsciente
seria estimulado pelo fonoaudiólogo? Haveria reabilitação? As disfagias podem ocorrer
segundo as situações descritas a seguir.
49
UNIDADE II │ AVALIAÇÃO E TRATAMENTO
Nesse sentido, acompanhe este papo de aula em que tratamos de maneira coloquial,
experiências baseadas na prática clínica que ilustram tudo que podemos prever acerca
dos tratamentos em disfagia.
Papo de aula
Nós vamos tratar neste papo de aula sobre algumas técnicas e observações sobre
disfagia, dentro dos casos em que este sintoma se torna mais comum.
Temos-nos diferenças, como eu havia dito, com relação à região da lesão e quanto ao
protocolo de atendimento. As denominações têm relação com as diferentes abordagens
nas emergências. Temos alguns exemplos na fonoaudiologia: o fonoaudiólogo só atua
após extubação, em alguns lugares, após 24 horas de ocorrida a extubação.
Como atuar em paciente em ventilação mecânica? Você entra com uma terapia direta
com esse paciente? Esses são assuntos que vamos discutir. Se você entrar para trabalhar
em um hospital, por exemplo, em que você tenha que trabalhar com um paciente ligado
a um equipamento de ventilação mecânica, como você atuaria, sabendo que o risco de
aspiração nesses casos é enorme.
50
AVALIAÇÃO E TRATAMENTO │ UNIDADE II
É muito importante nós sabermos, até para poder orientar melhor, quais os sintomas que
aparecem quando uma pessoa apresenta um AVC, que seriam perda de sensibilidade,
fraqueza ou paralisia do membro superior ou inferior de um dos lados do corpo, perda
parcial da visão ou da audição, visão dupla, tontura, fala pastosa, dificuldade em falar,
dificuldade em identificar partes do corpo, movimentos incomuns, comportamentos
incomuns, incontinência urinária e desequilíbrio. Os AVCs também podem causar
depressão, descontrole emocional, edema cerebral, que pode acarretar danos maiores
que o próprio AVC inicial.
Uma observação que eu gosto de fazer, porque percebi com a minha experiência clínica
e também existem estudos nessa área, é que você tem alguns episódios de depressão ou
alteração de humor nessas pessoas antes de você ter o AVC. A depressão pode ser um
sinal de uma instabilidade neuropsíquica, que pode levar a pessoa a um AVC. Este é um
dos sinais.
51
UNIDADE II │ AVALIAÇÃO E TRATAMENTO
Continuando sobre esse assunto, nós devemos ter duas questões aqui: o seu paciente
está em casa ou no hospital? Um paciente em casa é um paciente crônico, então você,
resguardando uma proporção, um trabalho com objetivo, tem que saber que esse
paciente vai ter um processo de reabilitação mais longo. Seu paciente no hospital é
um paciente de fase aguda, então você tem que trabalhar para a sequela do AVC. O seu
paciente que está em casa, nem sempre você vai lidar somente com a sequela do AVC,
mas todo um conjunto que está envolvido em uma reabilitação de um paciente crônico.
O uso do oxímetro
Nós temos que usar o oxímetro como recurso nos dois casos: em casa ou hospital. Porque
a partir do momento que você tem um paciente crônico em casa, o oxímetro pode ser um
recurso visual para a família e um dado específico que você pode registrar, bem objetivo, em
vários tipos de técnicas, mas também para relatar a melhora desse paciente. Por exemplo,
você pode usar o oxímetro durante as deglutições para verificar a aspiração, a queda de
10% na saturação é um indício de aspiração. O oxímetro te dá respostas silentes, então
você pode ter um paciente crônico que tenha aspiração silente que vai fazer pneumonias
de repetição que talvez na ausculta, por ser silente, você não perceba a penetração de
resíduos em valécula, em seios, na laringe, que podem vir a tomar o caminho do pulmão.
Mas o oxímetro pode te ajudar a identificar os pacientes silentes.
Ausculta cervical
Alguns lugares nós vemos como ausculta laríngea. Na minha experiência, eu ausculto
tudo, toda hora e sempre. Por quê? Porque nós vamos conhecendo esse paciente, tendo
uma ideia de como essa laringe vem melhorando. Crepitação de laringe, temos que
escutar. É preciso ouvir também esse paciente antes, durante e após a mastigação; a
ausculta da deglutição vazia, com o bolo alimentar controlado, com bolo maior.
Eu costumo fazer uma brincadeira com meus alunos sobre o santo brônquio e a santa
pleura, dois personagens que nós inventamos. Apesar de termos falado tudo isso sobre
pacientes crônicos e agudos, sobre o uso do oxímetro para aspiração silente e sobre a
ausculta sempre como um recurso de avaliação clínica para o fonoaudiólogo, nós temos
pacientes nos quais vemos acontecer essas coisas, mas são pacientes que não ficam
ruins, que vão mantendo uma situação boa da parte respiratória. Nós costumamos dizer
que alguns pacientes tem uma saúde respiratória melhor que os outros. São pacientes
que tem um santo brônquio e santa pleura, seus pulmões são mais plásticos e não têm
tanto sintomas de pneumonias aspirativas e de repetição como outros pacientes às
vezes com a mesma lesão e o mesmo tipo de risco para aspiração. Então, nós temos
sim pacientes com mesmos quadros, com mesmas características, mas que alguns vão
pior na parte respiratória e outros que vão melhor porque têm essa pré-disposição, essa
parte respiratória melhor. Geralmente, pacientes que não eram fumantes, que tinham
algum tipo de atividade física, de atividade cognitiva conseguem manter essa parte
respiratória muito saudável. Eu digo que o paciente que está em casa, deve-se observar
sempre quando você chega, se ele está dispneico, se a respiração está muito superior,
evidenciando uma ansiedade, um esforço para respirar. Esses são alguns sinais.
53
UNIDADE II │ AVALIAÇÃO E TRATAMENTO
está com ruído borbulhante, depois desse momento, quando eu vou fazer a avaliação
oferecendo o pastoso, eu já oriento a família em relação a posicionamento, conforme
eu já vou observando esse paciente. Nesse período você já deu muitas informações e
já vai trabalhando com seu paciente no sentido de avaliá-lo. Mas porque você cora o
alimento se ele está em casa? Eu coro porque, numa tosse mais forte, num escape de
secreção, numa sialorreia, se a gente tiver retorno desse corante azul, nós já temos
alguns sinais de instabilidade.
No paciente agudo no hospital, até por ter resguardado todo esse ambiente, que é mais
seguro para se intervir, e sendo o fonoaudiólogo o profissional que reabilita a função da
alimentação, se é uma paciente que teve um AVC há algumas horas, nós já começamos
com uma terapia direta, evoluindo o paciente para o quarto após a emergência, nós já
vamos trabalhando para que ele saia o mais restabelecido possível. O paciente que está
no hospital, nós devemos trabalhar esse desmame, tirando a sonda e garantindo que
ele não vai ficar desnutrido Além disso, tanto para o paciente crônico quanto o agudo,
gostaria de ressaltar que nós nos preocupamos com a nutrição do paciente e às vezes
nos esquecemos da hidratação.
A polêmica do videodeglutograma
A gastrostomia é um mito ainda em muitos lugares. Porém, ela deveria ser vista como
um grande auxílio na reabilitação dos pacientes, principalmente neurológicos, cuja
relação cognição-nutrição está comprometida. Hoje eu tenho como protocolo pessoal
no qual abordo um paciente, começo a avaliação, vejo que é um paciente crônico e
que nós vamos ter um prognóstico lento ou de até bom avanço, mas que nós vamos
ter sequelas de comorbidades e com qualidade de vida reduzida; então eu digo que,
primeiramente, eu indico a gastrostomia porque eu vou garantir um aporte muito
melhor. Os pacientes têm ficado melhor com uma gastrostomia percutânea, sem o
aparato da sonda nasoenteral na região orofacial, atrapalhando e estigmatizando esse
paciente e, após o período de reabilitação, essa gastrostomia tendo garantido nutrição
e hidratação pode ser tirada. Hoje a gastrostomia não é uma via definitiva. Ela é um
recurso para melhorar o aporte, melhorar a terapia cognitiva que vai sendo realizada de
forma integrada com as funções alimentares, os pacientes ficam melhores porque eles
têm mais aporte, os resultados são melhores.
O uso do espessante
Deve ser indicado nos casos em que o paciente não tem a gastrostomia para fazer o
aporte. Esse paciente está em desmame de uma sonda naso ou já está com tudo por via
oral, mas tem a disfagia para líquidos. O espessante vai engrossar esta água ou líquido
e vai permitir que o paciente, com alguma manobra de defesa, faça a sua hidratação
por via oral. Porém, existem algumas ressalvas em relação ao uso do espessante: usá-
lo para engrossar não quer dizer que você está garantindo a segurança da deglutição
desse paciente. Usar o espessante por tempo indeterminado e longo, sem a ajuda
55
UNIDADE II │ AVALIAÇÃO E TRATAMENTO
da nutricionista, você pode pecar, porque o espessante tem algumas restrições para
diabéticos e ele tem uma queda na hidratação. Ele garante algum aporte, mas não é
100%. Por isso, nós trabalhamos de forma integrada.
Dica interessante
Existem pacientes que parecem ter baixo recurso financeiro, principalmente, quando
somos chamados em casa, e nós sabemos que o espessante tem alto custo. Em algumas
prefeituras, governos, estados, há pessoas que conseguem requisições de medicamentos
e suplementos de alto custo, quando entram com processo e conseguem o espessante.
Mas até que isso seja conseguido eu tenho usado de recursos naturais. Se a nutricionista
estiver de acordo e essa pessoa puder fazer além da água a hidratação com sucos
naturais, o suco pode ser engrossado com a própria fruta. Então você bater um suco de
maça com mais maçã do que água. Ou um suco de laranja com mamão, ou com manga,
dependendo do que os pacientes forem mostrando.
O outro tipo de espessante que eu costumo usar, em casos que não tem nenhuma
restrição alimentar, é o processamento de bolacha do tipo simples, aquelas bolachas de
amido de milho ou bolachas salgadas. No caso de uma sopa, a gente pega, por exemplo,
a bolacha de maisena, bate no liquidificador, ou no processador, até que ela vire pó e
usá-a em líquidos doces, geralmente com leite combina bem, vitaminas, e você consegue
espessar. Sopas também, batendo bolacha água e sal até que ela vire pó, você coloca nas
sopas para engrossá-la. São dicas que adquirimos com a experiência clínica.
Nós sabemos que nos casos crônicos, a avaliação precoce é muito importante. E nos
casos dos nossos pacientes em UTI também. Por conta da experiência e dos relatos
científicos que existem, baseados em evidências, nós temos casos com prognósticos
mais rápidos e que variam de acordo com a idade, o tipo de AVC, o tratamento
médico que foi utilizado no momento do recebimento desse paciente e os casos com
o prognóstico mais lento.
Nós sabemos que o Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCI) é um coágulo que
bloqueia o fluxo sanguíneo para uma área do cérebro que geralmente tem uma melhor
evolução dependendo da área afetada, pois a lesão teoricamente é menor. Porém, no
AVCI nós temos uma instabilidade neurológica maior, esses pacientes precisam estar
sempre de olho porque ainda estão tomando medicamentos que vão fazer com que os
56
AVALIAÇÃO E TRATAMENTO │ UNIDADE II
próprios pacientes dizem que afinam o sangue para que se previnam novos acidentes
vasculares cerebrais.
Eu vou colocar alguns passos: qual seria a abordagem em um paciente com TQT? Blue
dye e aspiração mecânica, blue dye salivar, avaliar com cuff insuflado, em segurança
com cuff desinsuflado, trabalhar para o desmame, introduzir líquido-pastoso e sólidos,
evoluir para uma alimentação por via oral, mas sempre trabalhando em paralelo a
linguagem, até porque você estimula a vibração das pregas vocais, o que vai garantir
uma competência glótica melhor, uma proteção de via aérea melhor.
Vamos continuar falando sobre a disfagia, usando alguns outros casos, como exemplos
para que a gente possa discutir as técnicas, mas dentro de casos específicos.
57
UNIDADE II │ AVALIAÇÃO E TRATAMENTO
No Parkinson, temos uma característica muito interessante. Ele tem muitos casos
relatados de disfagia para líquido por conta da rigidez. E é um aspirador silente tanto
pelo fato de que ele está com uma rigidez e a ausculta fica dificultosa, como pela demora
desse alimento fazer todo o trânsito. Quando nós avaliamos um paciente com Parkinson,
você avalia e espera de 10 a 15 minutos para que tenha uma tosse, que pode ser um
sinal, ou outro tipo de sinal que possa contribuir na sua avaliação clínica.
Os pacientes oncológicos têm uma variação instável e que depende de cada caso,
principalmente dos casos cervicais, laríngeos, de tumores cerebrais, de tronco. Nós
temos pacientes que evoluem para a traqueostomia, até por uma questão de controle
neurológico, nesses casos, é muito usado a gastrostomia. Ainda que não se tenha a
perda total dessa função.
Vejamos o caso da Dona Carmelita. Ela é uma paciente oncológica da UTI. Ela já está
na sexta cirurgia neurológica. Ela está em ventilação mecânica porque acabou de sair
da cirurgia neurológica. Se nós fomos avaliar o prontuário dessa paciente, ela não tem
nenhum prognóstico para alimentação. Até porque os nervos envolvidos com o controle
da deglutição estão comprometidos. Ela está com uma paralisia facial do lado direito.
No caso dela, nós aguardamos que ela saísse da ventilação mecânica para iniciar a
dieta com alimento pastoso. Quando ela sai da ventilação mecânica, após 24horas, ela
começa a emitir algumas palavras, tem muito interesse em falar e em comer, mas nós
solicitamos que fosse colocado a sonda naso para que ela garantisse o aporte no período
que ela estivesse no hospital, até que conseguíssemos evoluir.
Durante três dias, essa paciente só recebeu alimento pastoso, sempre corado, somente
com a presença da fonoaudióloga. Porém, em um dia foi deixado pelo erro das pessoas
que entregam o alimento, e aí olhem a importância de um hospital organizado, um
pudim próximo à cama da UTI da Dona Carmelita. A filha que via que a fonoaudióloga
estava atendendo essa paciente ofereceu o pudim porque havia se comentado que essa
58
AVALIAÇÃO E TRATAMENTO │ UNIDADE II
pessoa já estava comendo pastoso com a fono. Acabou o horário de visita, quando
nós voltamos, estava a Dona Carmelita em ventilação mecânica de novo porque ela
havia aspirado. Estava com sinais clássicos, diarreia, vômito, tendo que ser reanimada.
Tivemos uma regressão nesse caso, ela volta para o ventilador mecânico, depois de
quatro ou cinco dias conseguimos fazer o desmame, ela retorna e nós vamos continuar
nosso trabalho.
A Dona Carmelita continua com a sonda naso e nesse momento nós não temos nenhum
indício de vibração de prega vocal, pois ela está com uma paralisia direita por conta
da cirurgia neurológica ou até do tumor. É uma cirurgia neurológica extensa, porém,
a paciente, apesar da idade de 69 anos, evolui bem. Ela vai para o quarto ainda sem
terapia por via oral, mas nós trabalhamos com ela o programa Stemple and Gerdeman,
que são quatro exercícios que melhoram a qualidade vocal, estimulam a vibração de
pregas vocais resguardando com movimentos de cabeça associado para que essa pessoa
pudesse restabelecer as funções das pregas vocais. Depois de quatro dias, a gente começa
a ouvir uma sonorização, então nós estamos mais seguras para começar a introduzir o
alimento pastoso.
O alimento pastoso é uma oferta de segurança, por isso iniciar pelo alimento
pastoso.
Após algum tempo, a paciente começa a deglutir e nós usamos o oxímetro como
nosso recurso. Essa paciente, de alto risco de penetração e aspiração, comia e ficava
bem naquele momento, mas quando havia aspiração mecânica, voltava \o alimento
corado. Porém, ela não tinha mais vômitos e nem no raio-x de tórax aparecia que
ela estava com comprometimentos. Em acordo com a nutrição e os médicos, nós
fomos fazendo o desmame dessa sonda naso e não foi indicado nesse momento
por conta de ter uma cirurgia recente, o aporte pela gastro percutânea. A família
também não iria aceitar ainda os mitos da gastrostomia. Mas ela era uma pessoa
que talvez, se não tivesse realizado um programa de exercício vocal, não teria
restabelecido essa função. A paralisia de prega vocal era tida como irreversível para
os médicos. Nós apresentamos o caso e eles acharam uma boa evolução o fato de que
a pessoa voltou a sonorizar e a falar ao mesmo tempo em que a função alimentar ia
sendo restabelecida.
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UNIDADE II │ AVALIAÇÃO E TRATAMENTO
Para quem e
Descrição Como executar O que esperar Funções
para que
Programa S&G Programa de 4 exercicios que Pacientes que têm Melhora da qualidade vocal. Estimula com base na
devem ser realizados sempre nessa lesões de prega vocal, fisiologia do exercício,
ordem, resguardando as indicações, incompetência da o restabelecimento da
condutas, de acordo com cada caso. função glótica, para que função muscular das
tente se restabelecer pregas vocais.
Realizar o som do /i/ em escala
a função muscular,
maior.
a vibração de prega
Realizar o som do “nó” em escala vocal.
maior ascendente.
Executar o som do “nó” em escala
menor, descendente.
Realizar o som do “e” em uma região
confortável para o paciente.
Sempre realizar em tempo máximo
de fonação.
Realizar 5 vezes ao dia.
Manobra de queixo Deve ser usada como manobra de Quem tem indícios de Que o paciente tenha uma
para baixo segurança em todos os pacientes. aspiração. melhora da deglutição e
Solicitar que o paciente seja isso melhora a função de
alimentado com o queixo para baixo. proteção de via aérea.
Deglutição com Pacientes que não tem disfagia para Pacientes que têm Melhorar a hidratação, a
esforço de água a líquidos, você deve solicitar que ele xerostomia, que horizontalização da laringe,
cada 30 minutos umedeça a região oral realizando não têm a salivação abertura e fechamento de
uma manobra de deglutição com suficiente. prega vocal, a força durante
esforço a cada 30 minutos para essas funções, reestabelecer
estimular a automatização. a competência e a função de
hidratação de toda a região
cervical, laríngea.
Enxaguante bucal Eu uso para limpeza da boca, porque Pacientes que têm Trabalhar sensibilidade com o Melhora função de higiene
é um foco grande de contaminação. higiene oral ruim. exaguante bucal, ao mesmo e reflexos e sensibilidade.
Colocar a gaze no dedo enluvado e tempo em que limpa.
faça a limpeza de bochecha direita
e esquerda, valécula e que faça na
língua. Observar se reflexo de vômito
está presente.
“Geladinho” Pode ser utilizado para pacientes Múltiplas funções do Depende da função que Melhora sensibilidade
em disfagia. Nós acabamos não estímulo termotátil. você quer estimular. Se e reflexo de deglutição.
usando recursos de crioterapia por for sensibilidade, esperar Nos casos de paralisia
falta de equipamento. Podemos uma referência da pessoa facial, vai restabelecer
usar os saquinhos que são feitos os de que ela está sentindo a sensibilidade da
geladinhos de frutas para criança, formigamento nas regiões musculatura orofacial.
que têm múltiplas funções. Usado que foi feita massagem com
para a pessoa ingerir ou como o geladinho.
recurso para massagem e para
bolsas de gelo em região cervical e
laríngea.
Cabeça virada para Observar o tempo máximo de Nos pacientes que Ao longo do tempo, que a Proteção de via aérea
o lado ruim fonação da execução de um som de conseguem entender própria manobra se converta superior.
“a”, com cabeça virada para direita, comandos, pode ser num exercício de reabilitação.
depois esquerda. Identificar o lado usado como manobra
pior. Oferecer alimento para a pessoa de segurança.
com a cabeça para o lado direito,
esquerdo, e fazer a comparação.
Geralmente a cabeça virada para o
lado ruim preserva, é uma medida
de segurança para a função de vias
aéreas.
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AVALIAÇÃO E TRATAMENTO │ UNIDADE II
Uma sessão com FES pode constar de fases, com finalidade e parâmetros distintos.
São cinco os passos para que os músculos sejam devidamente trabalhados com
a corrente FES chegando o mais próximo possível da contração fisiológica.
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UNIDADE II │ AVALIAÇÃO E TRATAMENTO
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AVALIAÇÃO E TRATAMENTO │ UNIDADE II
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CAPÍTULO 3
Distúrbios da deglutição na criança
A criança tem “almofadas de sucção” (sucking pads) as quais são descritas como
densas massas compactas de tecido gorduroso dentro dos músculos masseteres. Estas
“almofadas” (pads) ajudam a estabilizar a bochecha e geralmente desaparecem por
volta dos 4 a 6 meses de idade. O tamanho da cavidade oral da criança é pequeno
por conta do tamanho da mandíbula, isto faz com que a língua pareça grande para o
espaço em que está. A íntima proximidade da língua, do palato mole e faríngea com
a laríngea, a qual está suspensa em uma porção mais elevada no pescoço da criança,
facilita a respiração nasal, em relação ao adulto. Esta relação está preservada nos três
ou quatro primeiros meses de vida quando a maioria das crianças começa tipicamente
a respirar através da boca tão bem quanto pelo nariz. Ao nascer, a boca já nos mostra
uma notável integração sensorial e neuromotora. Estudos nos tem mostrado que
durante o desenvolvimento fetal a região perioral se desenvolve bem cedo. É a primeira
área a responder a estímulos táteis (segundo Peiper, 1963, sete semanas de gestação),
e os padrões de sucção /deglutição são estabelecidos por volta de 15 a 18 semanas de
gestação (IANNIRUBERTO, 1981). O fato de estas respostas estarem prontas tão cedo
garante ao recém-nascido a sua sobrevivência.
»» dificuldade de mastigação;
»» não mamou;
»» vômitos frequentes;
»» desidratação ou má nutrição;
O que fazer?
Se o pai suspeita que seu filho tem dificuldade em comer, entre em contato com o pediatra
e um fonoaudiólogo imediatamente. O seu pediatra vai examinar as razões médicas
para as dificuldades de alimentação, incluindo a presença de distúrbios de refluxo ou
metabólicos. Um fonoaudiólogo, que é especializado no tratamento de crianças com
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UNIDADE II │ AVALIAÇÃO E TRATAMENTO
alimentação e deglutição, pode avaliar o seu filho e vai aprofundar no que se refere
a: queixa, desenvolvimento e sintomas correlatos, avaliar a motricidade orofacial de
maneira generalizada e específica, vai associar esses achados aos padrões observados
em função. Avalia e corrige a postura da criança, comportamento e movimentos orais
durante comer e beber. Indica, se necessário, exames especiais.
»» um terapeuta ocupacional;
»» um fisioterapeuta;
»» um médico ou enfermeiro;
»» um nutricionista;
»» um especialista em desenvolvimento.
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CAPÍTULO 4
Distúrbios de deglutição no idoso e
disfagias neurológicas
Em relação à motricidade orofacial, pode existir uma série de adaptações tanto nas
estruturas, envolvendo mandíbula, área oclusal, lábios, língua, bochechas, palato, como nas
funções estomatognáticas: sucção, mastigação, respiração, deglutição e fonoarticulação,
podendo essas adaptações comprometer a qualidade de vida, uma vez que interferem nas
atividades cotidianas de vida diária como a comunicação do idoso e até mesmo funções
importantes como a respiração, mastigação e deglutição e fonoarticulação, vitais para o
ser humano..
Sabe-se que, com o avançar da idade, ocorre a perda de papilas sobre a língua, tornando
o epitélio mais delgado e, consequentemente, ocorre o declínio na sensação gustativa.
Dessa forma, o idoso não consegue sentir como antes, o sabor dos alimentos.
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UNIDADE II │ AVALIAÇÃO E TRATAMENTO
Disfagias neurológicas
São resultados de comprometimento sensório-motor das fases oral e faríngea da
deglutição devido a um distúrbio neurológico. Os sintomas de disfagia neurogênica
incluem salivação excessiva, dificuldade para iniciar a deglutição, regurgitação nasal,
dificuldade em gerir as secreções, episódios de tosse, enquanto ocorre a alimentação, e
degola comida na garganta.
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AVALIAÇÃO E TRATAMENTO │ UNIDADE II
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CAPÍTULO 5
Pacientes traqueostomizados
Fonte: www.afh.bio.br
Fonte: www.afh.bio.br
Na literatura comum, ilustrações podem ser bem didáticas, até mesmo para orientarmos
os pacientes. Veja esta da Folha de São Paulo:
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AVALIAÇÃO E TRATAMENTO │ UNIDADE II
Fonte: www.passy-muir.com
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UNIDADE II │ AVALIAÇÃO E TRATAMENTO
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AVALIAÇÃO E TRATAMENTO │ UNIDADE II
Para avaliar a deglutição de saliva, tal teste deve ser realizado durante dois dias
consecutivos, de três em três horas, sendo aplicadas quatro gotas do corante
azul no dorso da língua do paciente.
Caso o resultado desse procedimento seja negativo, não significa que o paciente
não esteja bronco aspirando. Sem dúvida, esse é um dado que deve ser somado
aos demais obtidos durante toda a avaliação para um diagnóstico preciso.
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UNIDADE II │ AVALIAÇÃO E TRATAMENTO
Porém, atenção! A terapia direta, ou seja, com oferta de alimento, nesses casos
deve aguardar de 24 a 48h. Pacientes em ventilação mecânica são considerados
de alto risco para aspiração.
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CAPÍTULO 6
Disfagia mecânica – câncer de
cabeça e pescoço
Pessoas que tenham sido tratados de câncer de cabeça e pescoço, tais como câncer
de laringe ou câncer bucal, muitas vezes experimentam problemas de deglutição
(disfagia). A gravidade do problema da deglutição depende do tipo e da natureza do
tratamento, o tamanho e localização do tumor, bem como a natureza de qualquer
reconstrução.
»» tosse ou asfixia;
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UNIDADE II │ AVALIAÇÃO E TRATAMENTO
de deglutição e dieta adequada para essa pessoa. A pessoa pode, inicialmente, ter
um tubo de alimentação por meio de seu nariz até que o inchaço da cirurgia diminui.
Se há suspeita de uma deglutição faríngea problema, estudos adicionais podem ser
recomendados para determinar o risco de aspiração.
Local/Problema
»» (Boca) cirurgia oral: pode resultar em perda de alimentos ou de líquidos,
a partir da frente da boca, e perda de controle geral do bolo alimentar,
incluindo a mastigação e deglutição.
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AVALIAÇÃO E TRATAMENTO │ UNIDADE II
Outras sequelas
A fase oral está comprometida, sem alteração da fase faríngea. Ocorrem dificuldades
de mastigação, do controle do bolo e do movimento lingual. Esses pacientes podem
aspirar antes ou depois da deglutição, pois há dificuldade de condução e controle
do bolo alimentar. É interessante notar que a características do esquema corporal
altamente impactante e alterado de pacientes com câncer de cabeça e pescoço
podem levar o fonoaudiólogo a uma atitude muito preservadora e por isso nós temos
que ter uma atitude de olhar para o que o paciente consegue para, a partir daí,
levá-lo a potencializar essas funções, a fim de se estabelecer a melhor deglutição e
alimentação possível.
Ao realizar toda técnica e manobra, o profissional deve atentar sempre para o grau de
estresse biopsíquico em relação à função alimentar que está sendo provocada nesse
paciente. Segundo a experiência clínica, muitas vezes você está insistindo em algumas
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UNIDADE II │ AVALIAÇÃO E TRATAMENTO
condutas que talvez não seja prioridade para o paciente nesse momento em virtude de
um diagnóstico grave, dor e desconfortos.
Para evitar a aspiração após a deglutição, quando você perceber em seu paciente
um resíduo na língua, na valécula ou na faringe, utiliza-se da deglutição múltipla e o
revezamento dessa deglutição com o líquido após a ingestão do alimento. Ela acaba
limpando a região anterior e evita aspiração tardia.
Os estímulos gelados que vem sendo trabalhados, a variação das consistências e a terapia
passiva devem sempre levar em consideração que muitos nervos podem ter sido pelo
menos manipulados e que nós vamos ter alteração do reflexo. Por isso, é importante
estimular o reflexo da deglutição.
Mandibulectomia
Pode ocorrer a mandibulectomia marginal, que ocorre longitudinalmente e segmentar,
só no sentido vertical. Pode ser hemi ou total. A reconstrução geralmente é feita com
próteses metálicas, os enxertos da costela ou da crista ilíaca, podendo ter associado
lesão na orofaringe, língua e soalho da boca.
As técnicas que são sugeridas por Jacob, por exemplo, são: mastigação contralateral,
sensibilidade de lábio e língua, exercícios específico da deglutição, manobra de proteção
de via aérea associado à sucção, com o bucinador, mudança de postura de cabeça, de
preferência para trás, promovendo a propulsão do bolo, manobra de Mendelsohn,
emissão de vogal i agudo e u grave para estimular mobilidade vertical da laringe,
abertura e fechamento oral, sempre procurando centralizar a mandíbula, as condutas
que já foram salientadas em outros momentos para o trismo, tonicidade e mobilidade
das estruturas adjacentes.
Como terapia passiva pode ser utilizadas a maximização das funções e a mobilidade e o
tônus das estruturas remanescentes, também resguardando a melhora com utilização
do estímulo térmico em temperatura gelada. Tongue holding, ou Manobra de Massako,
é interessante nesses casos.
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UNIDADE II │ AVALIAÇÃO E TRATAMENTO
Laringectomia total
É a remoção de todas as cartilagens laríngeas, membranas intrínsecas e músculos. O
osso hióideo, músculos do pescoço e uma ou mais cartilagem da traqueia. É realizada a
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AVALIAÇÃO E TRATAMENTO │ UNIDADE II
separação das vias aéreas primarias e das vias digestivas superior, incluindo a cavidade
oral e faríngea, para evitar aspirações. Pode não haver alteração da deglutição.
Radioterapia
Em relação à radioterapia, nós podemos dizer e estar atentos a esses processos em nossos
pacientes, pois os efeitos agudos podem durar 6 meses após a indicação. Nos pacientes
crônicos podem durar anos após a radioterapia. Os efeitos agudos são mucosite,
xerostomia, odinofagia, inapetência, dermatite. Os efeitos crônicos são trismo, fibrose,
necrose de tecido, cáries, edema de laringe, paralisia de prega vocal.
Nós podemos relacionar danos ao nível dos nervos cranianos II, III, IV, V, VI VIII, X,
XII, sendo o XII mais comumente afetado, e o laríngeo recorrente mais raramente. Em
geral, os pacientes ficam sensibilizados durante bastante tempo quando a radioterapia
está associada ao tratamento do câncer.
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CAPÍTULO 7
Nutrição em disfagia e refluxo gastroesofágico
Fonoaudiologia e Nutrição
Quantas vezes você já ouviu falar, até mesmo no meio fonoaudiológico, o que me parece
um absurdo, que devemos mastigar X número de vezes antes de “engolir” a comida?
Vindo de leigos ou profissionais de outras áreas posso entender. Essa orientação
pretende fazer com que o paciente prepare um pouco melhor o bolo.
Esqueça tudo que já aprendeu até aqui! Vamos raciocinar por outro caminho. Nós,
fonoaudiólogos, sabemos que o alimento tem cor, sabor, textura, consistência
e palatabilidade.
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AVALIAÇÃO E TRATAMENTO │ UNIDADE II
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UNIDADE II │ AVALIAÇÃO E TRATAMENTO
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AVALIAÇÃO E TRATAMENTO │ UNIDADE II
Nota: seta contínua e/ou sinal positivo indicam estimulação, seta descontínua e/ou
sinal negativo indicam inibição: CCK: colecistocinina: GLP-1: peptídeo semelhante ao
glucagon: NPY: neuropeptídeo Y: GIP: peptídeo insulinotrópico glicose dependente:
SNS: sistema nervoso simpático.
Figura 20. Responsabilidade do hipotálamo na função alimentar. Rede de interações de um sistema psíquico-fiológico.
Fonte: http://www.rgnutri.com.br/sap/tr-cientificos/ial.php
Refluxo
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CAPÍTULO 8
A respiração do paciente disfágico
Supraglótica
O objetivo é ejetar o alimento por meio da ação da gravidade. Também é uma manobra
de proteção de via aérea. Por isso devemos colocar de 5 a 10 ml de líquido na boca,
prender a respiração, colocar a cabeça para baixo, deglutir duas vezes ou mais e tossir.
Supersupraglótica
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AVALIAÇÃO E TRATAMENTO │ UNIDADE II
Mendelsohn
Objetivo é limpar os recessos faríngeos, então, você deve oferecer líquidos e sólidos até
a limpeza total da faringe.
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CAPÍTULO 9
Ausculta cervical, torácica e avaliação
videofluoroscópica das disfagias
A Importância da videofluoroscopia
»» Baixo índice de exposição à radiação.
Avaliação da deglutição
Fase Oral:
Descrição:
Fase Faríngea:
Descrição:
Com o início da peristalse, pelo qual o bolo é levado, depois de passar pelos pilares
anteriores, por meio de uma ação dos constritores faríngeos que o apertam para dentro
e por meio da faringe, em direção ao esfíncter cricofaríngeo no topo do esôfago. Inicia-se
a elevação e o fechamento da laringe nos três esfíncteres: epiglote/pregas ariepiglóticas;
pregas vocais falsas; pregas vocais verdadeiras.
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UNIDADE II │ AVALIAÇÃO E TRATAMENTO
Método da videofluoroscopia
Delimitadas as fases da deglutição e sua dinâmica, o método de contraste, por sulfato
de bário e análise por videofluoroscopia considera a seguinte sequencia para avaliação:
»» cognição preservada;
»» uso de drogas;
»» xerostomia;
»» dieta;
»» prótese,
»» glossite;
Considerem uma dica interessante, antes de se usar contraste, suje a saliva com pequena
quantidade de solução de sulfato de bário e solicite que degluta esta saliva para verificar
a proteção das vias aéreas.
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UNIDADE II │ AVALIAÇÃO E TRATAMENTO
»» O bolo em escape do conteúdo oral para a faringe, sendo que esse escape
atinge o nível da valécula.
A reabilitação fonoaudiológica no
home Care
“A reabilitação fonoaudiológica domiciliar tem um grande
diferencial comparada com a realizada em consultório”.
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AVALIAÇÃO E TRATAMENTO │ UNIDADE II
»» dificuldade de mastigar;
»» regurgitação nasal;
»» perda de peso.
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UNIDADE II │ AVALIAÇÃO E TRATAMENTO
»» O paciente tem maior privacidade: pode usar sua própria roupa, tem
maior controle e segurança física.
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CAPÍTULO 10
Tratamento multidisciplinar
Sugiro assistir ao vídeo, Você sabe o que é disfagia?, e usa-lo nas orientações aos
cuidadores:
https://www.youtube.com/watch?v=dDMQub9Geeo
Fonte: http://revista.unati.uerj.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-
98232006000300007&lng=pt&nrm=iso
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UNIDADE II │ AVALIAÇÃO E TRATAMENTO
Manobras facilitadoras
Manobra supraglótica
Tem como objetivo proteger as vias aéreas maximizando o fechamento das pregas
vocais antes e durante a deglutição, tentando assim evitar a aspiração. Sua execução
consiste em inspirar, segurar a respiração, deglutir com a respiração presa e tossir
imediatamente após a deglutição (Logemann et al., 1990 Martin et al., 1993). Segundo
Logemann et al. (1990), essa manobra auxilia pacientes com fechamento reduzido ou
tardio de pregas vocais, favorecendo assim uma alimentação segura.
Manobra supersupraglótica
Tem como propósito proteger a via aérea maximizando o fechamento das pregas vocais
e pregas vestibulares. Sua execução consiste em solicitar uma inspiração, segurar a
respiração, deglutir com esforço e tossir após a deglutição (Martin et al., 1993).
Para Logemann, 1997), essa manobra promove a proteção das vias aéreas da aspiração
pela utilização voluntária do fechamento aéreo prolongado, seguida de expiração
forçada, e tem sido usada em pacientes disfágicos que apresentam sintomas de
penetração laríngea ou aspiração antes ou durante a deglutição, particularmente os
que tiveram laringectomia supraglótica.
Deglutição de esforço
Donzelli et al. (2004) observaram que seria importante avaliar as manobras de proteção
de vias aéreas supraglótica e supersupraglótica, através do exame de nasofibroscopia e
96
AVALIAÇÃO E TRATAMENTO │ UNIDADE II
seus efeitos sobre a apnéia das pregas vocais em adução e sua implicação para uma
deglutição segura. Observaram 150 voluntários, entre 13 e 91 anos, com habilidades
cognitivas para compreender as solicitações verbais e sem história de problemas
neurológicos, déficits espinhais ou disfagia. Concluíram que essas manobras são efetivas
para manter o pleno fechamento laríngeo em adultos saudáveis que demonstraram
risco de aspiração antes e durante a deglutição.
Manobras posturais
Para Bülow (2001), a manobra de cabeça para baixo não se mostrou eficaz em pacientes
com moderada a severa disfagia na fase faríngea, não impediu episódios de aspiração/
penetração, manteve a retenção faríngea e continuou com fraqueza da contração faríngea.
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UNIDADE II │ AVALIAÇÃO E TRATAMENTO
Essa manobra auxilia na descida do alimento pelo lado mais eficiente (Logemann, 1993).
Observou mais tarde que essa manobra auxilia pacientes com disfunção unilateral de
língua, associadas a desordens faríngeas Logemann, 2000).
98
AVALIAÇÃO E TRATAMENTO │ UNIDADE II
99
Referências
FURKIM, Ana Maria; SANTI, Célia Regina Queiroz Salviano. Disfagias orofaríngeas.
Vol. 2. Carapicuiba: Pró-Fono, 2008.
100
REFERÊNCIAS
OLIVEIRA, Silvia Tavares de. Fonoaudiologia Hospitalar. São Paulo: Lovise, 2003.
Sites
http://www.auladeanatomia.com/digestorio/sistemadigestorio.htm
101