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O Passe Espírita
A Sublime Doação
“E disse Pedro: Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho isto te dou. Em nome de
Jesus-Cristo, o Nazareno levanta-te e anda”. (Atos, 3:6.)
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O Passe Espírita
Módulo 1
BREVE HISTÓRIA DO MAGNETISMO HUMANO
No velho Egito, no templo da deusa Isis, as multidões aí acorriam, procurando o alívio dos
sofrimentos junto aos sacerdotes, que lhes aplicavam a imposição das mãos. Pacientes
eram levados ao estado de letargia através da magnetização, quando então realizavam
intervenções cirúrgicas, inclusive trepanações.
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O Passe Espírita
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O Passe Espírita
MESMER (1736—1815)
DISSEMINOU NO MEIO CIENTÍFICO E POPULAR AS 27 PROPOSIÇÕES SOBRE O
MAGNETISMO
Foi o Dr. Franz Anton Mesmer (médico alemão), doutorado pela
Universidade de Viena, quem estudou de forma científica a
teoria que certas pessoas podem irradiar um fluido especial
proveniente do próprio corpo com influência nos indivíduos e
nos animais. Baseava-se em estudos anteriores dos seus
predecessores. Em 1765 escreveu um livro no qual abordava a
influência dos astros entre si e em corpos vivos – Kardec cita isso
em A Gênese, cap. 18, item 8 – Planetarum Influxos.
Em 1779 escreveu sobre Magnetismo Animal, concluindo em sua tese de que o organismo
humano pode emitir um fluido e curar. As teses foram combatidas em Viena e por isso ele
mudou-se para Paris onde foi bem recebida. O povo e o próprio rei Luiz XVI aceitaram, mas
o Catedrático da Faculdade de Medicina julgou o tratamento perigoso e imoral. Mesmer
vê-se forçado a deixar Paris instala-se em uma cidadezinha na Suíça onde vive
modestamente durante 20 anos
Deduções de mesmer: “As moléstias são ou falta ou o desequilíbrio na distribuição do
magnetismo pelo corpo. Existe uma influência mútua entre os seres, equivalente à que
ocorre entre os astros"
DELEUZE (1753—1835)
ESTABELECEU A RELAÇÃO ENTRE O MAGNETIZADOR E O MAGNETIZADO.
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O Passe Espírita
Ilustração de Du Potet
do Magnetismo
Animal em 1863 na
obra “Terapêutica
Magnética”
Barão Du Potet, foi um dos mais notáveis magnetizadores que o mundo já viu. No ano de
1836, compareceu perante a Corte Regia de Montpellier, enfrentando o mais celebre
processo envolvendo o Magnetismo (Magnetismo Curativo, Alphonse Bue). Rejeitando
advogado, fez ele mesmo a sua defesa da qual transcrevemos alguns trechos retirados da
obra citada:
“Todo o meu crime é ter solicitado o exame publico, não de uma doutrina, mas de simples
fenômenos que os sábios da vossa cidade ignoram....Condenar-me-eis por tal fato?
“Pequei contra a moral? - Ensino os homens a fazerem de suas reservas vitais o emprego
mais nobre: aliviar os sofrimentos dos seus semelhantes.”
“... tudo quanto posso dizer-vos, e que ensino a produzir o sono sem ópio, a curar a febre
sem quina; a minha ciência dispensa as drogas, a minha arte arruína os boticários. Nós,
magnetizadores, damos forças ao organismo, sustentamo-lo quando ele sucumbe; damos
óleo à lâmpada, quando ela já não o tem.”
“Finalmente, não se pode impedir de proclamar uma verdade. Calar-se, porque esta
verdade pode ofuscar certos espíritos prevenidos ou retardatários, e, em minha opinião,
mais do que um crime: é uma covardia.”
Em 1852 escreveu sua obra mais famosa o “Tratado Completo sobre magnetismo animal”.
Era ainda editor do “Journal du Magnetisme” e dirigente da “Sociedade Mesmeriana”.
De inicio incrédulo, mais tarde o barão se torna espírita, diante dos inúmeros fatos da
realidade espiritual constatados durante as sessões de sonambulismo. Um dos seus
discípulos foi Pierre-Gaetan Leymarie, o qual deu continuidade a Revue Spirite, de Allan
Kardec. O próprio Codificador da Doutrina Espírita fez parte, ate 1850, do grupo de
estudiosos e magnetizadores a que pertencia o Barão Du Potet.
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Módulo 2
DEFINIÇÕES, TIPOS E CONDIÇÕES PARA APLICAÇÃO DO PASSE
DEFINIÇÃO:
“O Passe é uma transfusão de energias psíquicas de um ser para outro.”
“Os passes são os movimentos com as mãos, feitos pelos médiuns passistas, nos indivíduos
com desequilíbrios psicossomáticos ou apenas desejosos de uma ação fluídica benéfica.”
“O Passe é, antes de tudo, uma transfusão de amor.”
TIPOS DE PASSES
4) MEDIÚNICO
Quando os Espíritos atuam através de um médium (médium curador).
INDIVIDUAL
COLETIVO
A DISTÂNCIA
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3) Que o paciente esteja receptivo, para que sua mente adira à idéia de trabalho
restaurativo.
1) Fisicamente:
Manter a SAÚDE e a BOA DISPOSIÇÃO. Evitar excessos nas atividades diárias. Os cuidados
visarão principalmente: Alimentação, abolir vícios e higiene.
2) Espiritualmente:
3) Intelectualmente:
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Módulo 3
AS CURAS DE JESUS
“Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim, fará também as obras que
eu faço, e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai.
E tudo quanto pedirdes em meu nome, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no
Filho.
O CEGO BARTIMEU
(Mc 10:46-52; Mt 20:29-34: Lc 18:35-43)
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25. Ora, certa mulher que havia doze anos tinha um fluxo
de sangue 26. e que muito sofrera nas mãos de vários
médicos, tendo gasto tudo o que possuía sem nenhum
resultado, mas cada vez piorando mais, 27. tinha ouvido
falar de Jesus. Aproximou-se dele, por detrás, no meio da
multidão, e tocou-lhe a roupa.
28 Porque dizia: “Se ao menos tocar as suas roupas, serei salva”. 29 E logo estancou a
hemorragia. E ela sentiu no corpo que estava curada de sua enfermidade. 30
Imediatamente, Jesus, tendo consciência da forca que dele saíra, voltou-se a multidão e
disse: “Quem tocou minhas roupas?” 31 Os discípulos disseram-lhe: “Estas vendo a
multidão que Te comprime e perguntas: 'Quem me tocou?'” 32 Jesus olhava em torno de si
para ver quem havia feito aquilo. 33 Então a mulher, amedrontada e tremula, sabendo o
que lhe tinha sucedido, foi e caiu-lhe aos pés e contou-lhe toda a verdade. 34 E Ele disse a
ela: “Minha filha, a tua fé te salvou; vai em paz e esteja curada desse teu mal”.
Tese:
Mulher, que há 12 anos sofria de hemorragia, toca as vestes de Jesus e fica curada. Jesus,
por seu turno, teve o conhecimento em si mesmo da virtude que lhe saíra.
Questão:
O efeito não foi provocado por nenhum ato de vontade de Jesus; não houve magnetização,
nem imposição das mãos. Pergunta-se: Por que a irradiação foi direcionada para aquela
mulher e não a outra qualquer, dado que tinha uma multidão à sua volta?
Explicação:
O fluido pode ser dirigido sobre o mal pela vontade do curador, ou atraído pelo desejo
ardente, pela confiança, pela fé do doente. No primeiro caso, a cura assemelha-se a uma
bomba calcante; no segundo caso, a uma bomba aspirante. Algumas vezes, é necessária a
simultaneidade das duas ações; doutras, basta uma só. No caso em questão, a fé funcionou
como uma força atrativa. Deve-se levar em conta, também, o merecimento do doente.
(Kardec, A Gênese, cap. XV, itens 10 e 11)
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Módulo 4
O FLUIDO CÓSMICO UNIVERSAL
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Módulo 5
O DUPLO ETÉRICO
Considerando-se toda célula em ação por unidade viva, qual motor microscópico, em
conexão com a usina mental, é claramente compreensível que todas as agregações
celulares emitam radiações e que essas radiações se articulem, constituindo-se “tecidos
de forças". (André Luiz, em Evolução em Dois Mundos)
No homem essa projeção surge enriquecida e modificada pelos fatores do pensamento
contínuo que modelam, em derredor da personalidade, o conhecido “corpo vital ou duplo
etérico.” (André Luiz – Evolução em dois mundos)
O duplo etérico é um corpo fluídico, que se apresenta como uma duplicata energética do
indivíduo, interpenetrando o seu corpo físico, ao mesmo tempo em que parece dele
emergir. O duplo etérico emite uma emanação energética que se apresenta em forma de
raias ou estrias que partem de toda a sua superfície. Ao conjunto dessas raias é que,
geralmente, se denomina “aura interna”.
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Os nossos pensamentos que são produtos do espírito, interagem com o envoltório fluídico
que nos cerca, produzido principalmente pelas emanações do duplo etérico. Assim são
plasmadas as formas-pensamento, que adquirem uma espécie de “vida” própria.
Essas formas-pensamento – nossas criações mentais – são verdadeiros “pacotes fluídicos”
que, a partir do momento em que se exteriorizam para o ambiente, ficam ao sabor das
forças de atração e repulsão que regem os deslocamentos dos fluidos.
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Módulo 6
O PERISPÍRITO
Do grego PERI, que significa contorno, em torno.
CONCEITOS:
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NATUREZA:
SEMI-MATERIAL (Material e Espiritual)
Sub produto do fluido cósmico Quintessência
PROPRIEDADES:
PENETRÁVEL E PENETRANTE
ELÁSTICO
EMISSOR
PLÁSTICO
ABSORVENTE
FUNÇÕES:
A AURA HUMANA
É a conjugação de forças físico-químicas e mentais peculiar a cada indivíduo, que se irradia
de forma luminosa em torno do corpo.
DENSIDADE
Quintessenciada ou rarefeita nas almas muito evoluídas;
Pastosa ou opaca nas almas imperfeitas.
COLORAÇÃO
Luminosa e brilhante nos Espíritos Superiores;
Sem qualquer brilho nas almas inferiorizadas.
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Módulo 7
OS CENTROS VITAIS OU DE FORÇA
São Centros Energéticos que controlam as correntes de energia que interagem e afetam a
própria VIDA.
Na superfície do “Duplo Etérico” podem ser observadas certas regiões características
bem singulares. Elas são geralmente descritas como tendo a aparência de redemoinhos.
São os chamados “Centros Vitais ou Centros de Forças”. Seus diâmetros variam de caso a
caso, mas de um modo geral medem de um a cinco centímetros. Apresentam, em sua
superfície, altos e baixos, como uma onda. Lembram uma flor, sendo que o número de
“pétalas” parece ser uma característica de cada centro.
Centros Vitais ou de Força ou Rodas são acumuladores e distribuidores de força espiritual,
situados no corpo etéreo pelos quais transitam os fluidos energéticos de uns para outros
dos envoltórios exteriores do Espírito encarnado.
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No perispírito, o sistema nervoso liga-se através dos plexos e gânglios, a uma série de
centros de força, denominados chacras na literatura oriental.
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Módulo 8
AS REGRAS DA MOVIMENTAÇÃO DAS MÃOS
A movimentação das mãos deverão ser executadas sempre de “CIMA PARA BAIXO”, da
cabeça aos pés, dos órgãos que estiverem acima aos que se encontrem mais abaixo.
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Quando aplicar movimentos rotatórios (circulares) com as mãos sobre o corpo do paciente, o
“sentido” será HORÁRIO.
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REGRA DA EMPATIA
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Módulo 9
AS TÉCNICAS DO PASSE
QUADRO DEMONSTRATIVO DA DIVISÃO DAS TÉCNICAS DO PASSE
Os Passes Concentradores
Técnica
Estender os braços para frente do corpo, pondo as mãos sobre a cabeça do
paciente, ficando as mãos espalmadas para baixo, sem contração ou enrijecimento
muscular, sem se fazer força. Manter-se orando, solicitando a assistência dos bons
espíritos, acionando a vontade de ajudar, de transmitir bons fluidos.
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2. Sopro quente
O sopro curador é uma modalidade do passe não muito
divulgada entre os espíritas. Entretanto ele é muito
empregado pelo magnetismo na prática vulgar, por quase
todos os que necessitam de socorrer os doentes em angústia.
Técnica
O passe pelo sopro quente é transmitido pela boca; assopra-se com ar aquecido do
estômago sobre o local ou sobre toda a pessoa doente, como no gesto de quem
deseja aquecer as mãos quando atacadas pelo frio.
Por seus efeitos estimulante, cicatrizante, descongestionante, deve ser empregados
contra queimaduras, inflamações locais, dores, etc.
3. Circulares
Também pode ser feito com as pontas dos dedos reunidos, o que tem ação mais
profunda no organismo.
Havendo precisão, poderá fazê-lo em combinação das mãos, estando uma (a esquerda,
por exemplo) na cabeça do doente fazendo “imposição simples” e outra (a direita)
aplicando o passe circular.
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1. Longitudinal
Técnica:
Os Passes Dispersadores
1. Transversal
O passe transversal, depois do Circular é o mais aplicado para dispersão de fluidos
acumulados.
1º) Extensão dos braços para o paciente até lhe alcançar o tórax, na “imposição dupla”.
2º) Contração dos polegares para baixo como se quisesse ocultá-los sob as mãos.
3º) Abertura dos braços até deixá-los em linha reta com o corpo (em cruz).
4º) Voltar à posição primitiva num movimento vivo e rápido e, assim, repetir várias
vezes.
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2. Perpendicular
É outro passe que está na ordem dos passes de dispersão. A sua técnica é a seguinte:
3. Longitudinal
Têm notável poder dispersivo e sua ação também é calmante além de regular a
circulação sangüínea e fluídica.
4. Circulares
Técnica:
Põe-se a mão sobre o ponto que se quer dispersar, à mesma distância que se usou para
o passe ou até mais próximo, com a palma voltada ao ponto que se quer dispersar,
arcando-os os dedos para cima, inteiramente abertos, firmes e imóveis, como se
quisesse dobrá-los para trás.
Atentemos, todavia, para a nossa posição mental, pois não é o simples arcar de dedos
que fará fluir fluidos dispersivos; nossas disposições e comando mentais nesse sentido
são indispensáveis.
Além de dispersiva, esta técnica é excelente para se fazer cessar dores localizadas,
resolver tumores e inflamações.
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5. Sopro frio
Recomenda-se muito cuidado nessa operação. Pois, em primeiro lugar, a boa saúde do
médium deve estar em bom equilíbrio orgânico. O estado de sanidade dos pulmões e do
coração é condição essencial.
Prova cabal de que o médium com saúde alterada não deve dar passes, pois, em vez de
levar curas ao doente, levará, pelo contágio, mais enfermidades ao pobre, já de si tão
atormentado pelos sofrimentos.
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Módulo 10
TÉCNICAS COMPLEMENTARES
CHOQUE FLUÍDICO
O choque fluídico ocorre quando os campos áuricos entre o passista e paciente não
encontram ponto de contato.
Tais como: Forte repulsão, forte atração, indiferença, distância, ausência, inapetência de
aplicar o passe, um bem querer súbito, uma piedade filial, vontade de acariciar, e reações
estranhas como tremores, calafrios, arrepios generalizados, sudorese instantânea, ânsias
de vômito, peso na cabeça, braços pesados, braços leves, etc.
PRINCÍPIO:
PROCEDIMENTO 1
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PROCEDIMENTO 2
Vá impondo a(s) mão(s) sobre algum centro vital superior (de preferência, o coronário ou o
frontal), baixando-a(s) lentamente a partir de uma distância aproximada de 1 (um) metro.
Você perceberá que a partir de determinado ponto surgirá uma tênue barreira fluídica,
como a definir uma nova camada de fluidos.
Sobre esse local a sensação de falta de empatia ou desarmonia será mais FORTEMENTE
SENTIDA.
PROCEDIMENTO 3
Volte a(s) mãos ao ponto mais distante e repita o exercício até ter certeza de que o ponto
localizado é sempre o mesmo.
PROCEDIMENTO 4
Localizado este ponto, repouse a(s) mão(s) suavemente sobre ele, procurando emitir uma
vibração de harmonia, como quem abraça um filho recém-nascido, como quem afaga uma
frágil criança. Aja como se estivesse alisando aquela região com profundo carinho.
A(s) mão(s) pode(m) oscilar lenta e suavemente sobre esse local, até perceber que
aconteceu uma espécie de encaixe (uma sensação psíco-tátil sutil, mas perfeitamente
registrável, denotando a superação da dificuldade).
PROCEDIMENTO COMPLEMETAR
Se, depois disso, a antipatia fluídica persistir, faça uma série (algo em torno de 8 a 15) de
dispersivos (passes rápidos ao longo do corpo do paciente) e depois retorne à tentativa de
estabelecimento da relação fluídica.
Com a relação fluídica estabelecida, o passe será muito mais efetivo e as sensações, tanto
no paciente quanto no passista, serão mais amenas e agradáveis. Com isso, os efeitos
benéficos do passe de demorarão por mais tempo e alcançarão mais profundamente os
objetivos almejados.
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O TATO-MAGNÉTICO
OBSERVAÇÃO 1
Havendo uma desarmonia generalizada ou de difícil percepção, fazer uma série de
dispersivos e, logo após, repete-se o tato-magnético.
Normalmente, após essa dispersão, o(s) ponto(s) ou foco(s) se sobressaem, pois
momentaneamente os dispersivos “apagam” as desarmonias induzidas em conseqüência
do(s) foco(s).
OBSERVAÇÃO 2
Pode acontecer também que depois dos dispersivos não seja percebida mais qualquer
desarmonia. Isso é indicativo de que o paciente provavelmente estava apenas com seu
campo vital desarmonizado, sem causas mais consistentes, pelo que os dispersivos já
trataram.
Quando for este o caso, fazer mais alguns dispersivos gerais – da cabeça aos pés – e repetir
o tato-magnético mais uma vez.
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O Passe Espírita
“Só poderia acarretar inconveniente, se aquele que a possui abusasse dela, depois de se
haver tornado médium facultativo, porque então se verificaria nele uma emissão
demasiado abundante de fluído vital e, por conseguinte, enfraquecimento dos órgãos”.
Allan Kardec in: O Livro dos Médiuns, cap. 14, item 161.
1 – O que não se cansa está funcionando como “canal” de energias espirituais enquanto o
segundo estará doando primordialmente o seu magnetismo;
3 – aquele que não se fadiga tem a capacidade de se recompor rapidamente; o outro não
tem essa facilidade natural – é muito raro a pronta recuperação fluídica organo-magnética;
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5 – Como o controle da emissão se adquire com a prática, recomenda-se aos neófitos não
aplicar mais que cinco passes por sessão durante um determinado período (de um a seis
meses);
AS FUNÇÕES DO DISPERSIVO
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Módulo 11
A ÁGUA FLUIDIFICADA
INTRODUÇÃO
“Ela pode adquirir qualidades poderosas e eficientes sob a ação do fluido espiritual
ou magnético ao qual ela serve de veículo ou, se quiserem, de reservatório”.
Allan Kardec
DEFINIÇÃO
COMO AGE
NOTAS
O vasilhame poderá estar tampado ou não;
Os magnetizadores, para fluidificarem a água, seguram o vasilhame que a contém;
Os Espíritos do Bem atuam sobre a água mudando suas propriedades (cor, sabor,
etc.).
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Módulo 12
Artigos de ALLAN KARDEC
1
No artigo intitulado OS BANQUETES MAGNÉTICOS da Revista Espírita de junho de 1858, Allan
Kardec afirmará: “Em nossa opinião a ciência magnética, que professamos há 35 anos, deveria ser
inseparável da seriedade.”
2
“O Espiritismo e o Magnetismo nos dão a chave de uma imensidade de fenômenos sobre os quais a
ignorância teceu um sem número de fábulas, em que os fatos se apresentam exagerados pela
imaginação. O conhecimento lúcido dessas duas ciências que, a bem dizer, formam uma única,
mostrando a realidade das coisas e suas verdadeiras causas, constitui o melhor preservativo contra
as idéias supersticiosas, porque revela o que é possível e o que é impossível, o que está nas leis da
natureza e o que não passa de ridícula crendice.”
Allan Kardec O Livro dos Espíritos, comentário à resposta n0 555.
3
MAGNETISMO E ESPIRITISMO
Revista Espírita. Março de 1858.
Quando apareceram os primeiros fenômenos espíritas, algumas pessoas pensaram que esta
descoberta, se assim a podemos chamar, iria desferir um golpe de morte no magnetismo e que
aconteceria como nas invenções: a mais aperfeiçoada faz esquecer sua predecessora. Tal erro não
tardou a se dissipar e prontamente se reconheceu o parentesco próximo das duas Ciências. Com
efeito, baseando-se ambas na existência e na manifestação da alma, longe de se combaterem,
podem e devem se prestar mútuo apoio: elas se completam e se explicam mutuamente.
Entretanto, seus respectivos adeptos discordam nalguns pontos: certos magnetistas (1) ainda não
admitem a existência ou, pelo menos, a manifestação dos Espíritos; pensam que podem tudo
explicar só pela ação do fluido magnético, opinião que nos limitamos a constatar, reservando-nos
para a discutir mais tarde. Nós mesmos a partilhávamos a princípio; mas, como tantos outros,
tivemos que nos render à evidência dos fatos. Ao contrário, os adeptos do Espiritismo são todos
concordes com o magnetismo, todos admitem sua ação e reconhecem nos fenômenos
sonambúlicos uma manifestação da alma. Esta oposição, aliás, se enfraquece dia a dia, e é fácil
prever que não está longe o dia em que cessará qualquer distinção. Tal divergência nada tem de
surpreendente. No começo de uma Ciência ainda tão nova é muito fácil que cada um, olhando as
coisas de seu ponto de vista, dela forme uma idéia diferente. As Ciências mais positivas tiveram
sempre, e têm ainda, suas seitas, que sustentam ardorosamente teorias contrárias; os sábios
criaram escola contra escola, bandeira contra bandeira e, muitas vezes, para sua dignidade, as
polêmicas se tornaram irritantes e agressivas para o amor próprio ofendido e ultrapassaram os
limites de uma sábia discussão. Esperemos que os sectários do magnetismo e do Espiritismo,
melhor inspirados, não dêem ao mundo o escândalo de discussões muito pouco edificantes e
sempre fatais à propagação da verdade, seja qual for o lado em que ela esteja. Podemos ter nossa
opinião, sustentá-la e discuti-la: mas o meio de nos esclarecermos não é nos estraçalhando,
processo pouco digno de homens sérios e que se torna ignóbil desde que entre em jogo o interesse
pessoal.
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O Passe Espírita
Devíamos aos nossos leitores esta profissão de fé, que terminamos com uma justa homenagem aos
homens de convicção que, enfrentando o ridículo, o sarcasmo e os dissabores, dedicaram-se
corajosamente à defesa de uma causa tão humanitária. Seja qual for a opinião dos
contemporâneos sobre o seu proveito pessoal, opinião que é sempre mais ou menos o reflexo das
paixões vivazes, a posteridade far-lhes-á justiça: ela colocará os nomes do Barão Du Potet, diretor
do Journal du Magnétisme, do Sr. Millet, diretor da Union Magnétique, ao lado de seus ilustres
pioneiros, o Marquês de Puységur e o sábio Deleuze. Graças aos seus esforços perseverantes, o
magnetismo, popularizado, fincou pé na Ciência oficial, onde já se fala dele aos cochichos. Este
vocábulo passou à linguagem comum: já não afugenta e, quando alguém se diz magnetizador, já
não lhe riem no rosto.
1. Magnetizador é o que pratica o magnetismo: magnetista é aquele que lhe adota os princípios.
Pode-se, pois, ser magnetista sem ser magnetizador; mas não se pode ser magnetizador sem ser
magnetista.
4
O MAGNETISMO PERANTE A ACADEMIA
Revista Espírita. Janeiro de 1860.
Deixado à porta, o Magnetismo entrou pela janela, graças a um disfarce e a um outro nome.
Em vez de dizer: Sou o magnetismo, o que provavelmente não lhe teria dado acolhida favorável,
disse: Chamo-me hipnotismo (do grego hypnos, sono). Graças a esta palavra de passe, entrou, após
vinte anos de paciência, Mas não perdeu por esperar, pois soube fazer-se introduzir por uma das
maiores sumidades. Teve o cuidado de evitar, na apresentação, o seu cortejo de passes, de
sonambulismo, de visão à distancia, de êxtases, que o teriam traído. Disse simplesmente: Sois bons
e humanos; vosso coração sangra ao ver sofrer os vossos doentes; procurais um meio de
adormecer a der do paciente, cortado pelo vosso escalpelo; o que empregais, às vezes é muito
perigoso. Eu vos trago um mais simples e que, em todo caso, não têm inconvenientes. Estava certo
de ser ouvido, falando em nome da humanidade. E acrescentou astucioso: Sou da família, pois devo
a vida a um dos vossos. Pensava, não sem alguma razão, que essa origem não o prejudicaria.
Se vivêssemos ao tempo da Grécia, brilhante e poética, diríamos: O Magnetismo, filho da
natureza e de um simples mortal, foi proscrito do Olimpo porque tinha ferido os privilégios de
Esculápio e marchado ao seu lado, gabando-se de poder curar sem o seu concurso. Errou muito
tempo pela Terra, onde ensinou aos homens a arte de curar por meios novos; desvendou ao vulgo
uma porção de maravilhas que, até então, tinham sido misteriosamente escondidas nos templos;
mas aqueles cujos segredos haviam revelado, desmascarando-lhes a charlatanice, o perseguiram a
pedradas, de tal sorte que foi, ao mesmo tempo, banido pelos deuses e maltratado pelos homens.
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O Passe Espírita
Nem por isso deixou de continuar a espalhar seus benefícios, aliviando a humanidade, certo
de que um dia a sua inocência seria reconhecida, de que um dia lhe fariam justiça. Teve um filho,
cujo nascimento escondeu cuidadosamente, receoso de lhe atrair perseguições, E o
chamou Hipnotismo. Este filho partilhou longamente de seu exílio e durante esse tempo se instruía.
Quando o julgou bem formado, disse-lhe: Vai te apresentar no Olimpo guarda-te de dizer que és
meu filho; teu nome e um disfarce facilitarão a tua entrada; Esculápio te apresentará. — Como?
meu pai! Esculápio, teu mais encarniçado inimigo! aquele que te proscreveu! — Ele mesmo te
estenderá a mão! — Mas se me reconhecer, expulsar-me-á. — Ora! Se te expulsar, virás junto a
mim e continuaremos nossa obra beneficente entre os homens, à espera de melhores dias. Mas
fica tranqüilo: tenho muita esperança. Esculápio não é mau; ele quer, antes de tudo, o progresso da
Ciência, do contrário não seria digno de ser o deus da Medicina. Aliás, talvez eu tenha cometido
algumas faltas para com ele; ofendido por me ver denegrir, eu me exaltei, eu o ataquei
imprudentemente. Prodigalizei-lhe injúrias, insultei-o, vilipendiei-o, chamando-o de ignorante. Ora,
isto é um meio ruim de tratar os homens e os deuses, e seu amor-próprio ferido irritou-se um
instante contra mim. Não faças como eu, meu filho. Se mais prudente e, sobretudo, mais polido. Se
os outros não o forem para contigo, o erro será deles, e a razão, tua. Vai, meu filho, e lembra-te
que não se apanham moscas com vinagre. — Assim falou o pai. Hipnotismo partiu timidamente
para o Olimpo; o coração lhe batia forte, quando se apresentou à soleira da porta sagrada. Mas —
ó surpresa! — o próprio Esculápio estende a mão e o introduz!
Assim, eis o Magnetismo no lugar. Que vai fazer? Oh! Não acrediteis na vitória definitiva;
ainda estamos nas preliminares da paz. É uma primeira barreira derrubada — eis tudo. O passo é
importante, sem dúvida, mas não penseis que os inimigos vão confessar-se vencidos. O próprio
Esculápio, o grande Esculápio, que o reconheceu por seus traços de família, dificultava
enormemente sua defesa, pois seriam capazes de mandá-lo a Charenton. Vão dizer que é...
qualquer coisa... mas que, seguramente, não é magnetismo. Vá! Não chicanemos com as palavras:
será tudo o que quiserem; mas, enquanto se espera, é um fato que terá conseqüências. Ora, eis as
conseqüências. Inicialmente vão ocupar-se apenas do ponto de vista anestésico (do
grego aisthesis, sensibilidade e a,privativo, isto é, privação geral ou parcial da faculdade de sentir) e
isto por força da predominância das idéias materialistas, pois ainda há tanta gente, sem dúvida por
modéstia, que teima em se reduzir ao papel de grelha que, quando estragada é atirada ao ferro
velho, sem deixar vestígios! Assim, vão examinar o fato de todas as maneiras, ainda que por mera
curiosidade. Vão estudar a ação das várias substâncias, para produzir o fenômeno da catalepsia.
Depois, um belo dia, reconhecerão que basta pôr o dedo. Mas não é tudo. Observando o fenômeno
da catalepsia, outros surgirão espontaneamente. Já foi notada a liberdade de pensamento durante
a suspensão das faculdades orgânicas. Assim, o pensamento independe dos órgãos. Há, pois, no
homem, algo além da matéria. Ver-se-á a manifestação de faculdades estranhas: a vista adquirir
uma amplitude insólita, transpondo os limites dos sentidos; todas as percepções deslocadas; numa
palavra, é um vasto campo para a observação e não faltarão observadores. O santuário está aberto,
e esperamos que dele jorrará a luz, a menos que o celeste areópago não deixe a honra a mais
ninguém.
Nossos leitores tenham a bondade de ver o notável artigo que o Sr. Victor Meunier, redator
do Ami des Sciences, publicou sobre esse interessante assunto, na Revista científica hebdomadária
do Siècle, de 16 de dezembro de 1859:
"O Magnetismo animal, conduzido à Academia pelo Sr. Broca, apresentado à ilustre
companhia pelo Sr. Velpeau, experimentado pelos srs. Follin, Verneuil, Faure, Trousseau,
Denonvilliers, Nélaton, Azam, Ch. Robin, etc., todos cirurgiões dos hospitais, é a grande novidade
do dia.
As descobertas, como os livros, têm o seu destino. A de que vamos tratar não é nova. Data
de uns vinte anos, e nem na Inglaterra, onde nasceu, nem na França, onde, no momento, não se
ocupa de outra coisa, lhe faltou publicidade.
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O Passe Espírita
Um médico escocês, o Dr. Braid, a descobriu e lhe consagrou um livro: Neurypnology or the
rationale of nervous sleep, considered in relation with animal magnetism1. Um célebre médico
Inglês, o Dr. Carpenter, analisou detidamente a descoberta do Dr. Braid no artigo sleep (sono) da
Enciclopédia de Anatomia e Fisiologia de Tood (Cyclopedia of Anatomy and Physiology). Um ilustre
cientista francês, o Sr. Littré, reproduziu a análise do Dr. Carpenter na segunda edição do Manuel
de Physiologie de S. Mueller. Enfim, nós mesmos consagramos um de nossos folhetins da Presse, de
7 de julho de 1852 aohipnotismo, nome dado pelo Dr. Braid ao conjunto de fatos de que se trata. A
mais recente das publicações relativas ao assunto data, pois, de sete anos. E eis que, quando o
julgavam esquecido, ele adquire esta imensa repercussão.
Há no hipnotismo duas coisas: um conjunto de fenômenos nervosos, e o processo por meio
do qual são produzidos.
O processo empregado outrora, se não me engano, pelo Abade Faria, é de grande
simplicidade.
Consiste em manter um objeto brilhante em frente aos olhos da pessoa com a qual se
experimenta a pequena distância da raiz do nariz, de modo que só o possa olhar enviesando os
olhos para dentro; ela deve fixar os olhos sobre ele. A princípio as pupilas se contraem, depois se
dilatam bastante e, em poucos instantes produz-se o estado cataléptico. Levantando-se os
membros do paciente, estes conservam a posição que se lhes dá. É apenas um dos fenômenos
produzidos; dos outros falaremos oportunamente.
O Sr. Azam, professor substituto de clinica cirúrgica da Escola de Medicina de Bordéus, tendo
repetido com sucesso as experiências do Dr. Braid, trocou idéias com o Dr. Paul Broca, que pensou
que as pessoas hipnotizadas talvez fossem insensíveis à dor das operações cirúrgicas. A carta que
acaba de dirigir à Academia das Ciências é o resumo de suas experiências a respeito.
Antes de tudo devia ele assegurar-se da realidade do hipnotismo, E o conseguiu sem
dificuldades.
Visitando uma senhora de uns quarenta anos, algo histérica, e que estava acamada por
ligeira indisposição, o Dr. Broca fingia querer examinar os olhos da paciente e lhe pedia olhasse
fixa-mente um frasquinho dourado que ele segurava a uns quinze centímetros da raiz do nariz. Ao
cabo de três minutos os olhos ficaram um pouco vermelhos, os traços imóveis, as respostas lentas e
difíceis, mas perfeitamente racionais. O Dr. Broca levantou o braço da doente e este se manteve na
posição deixada; deu aos dedos as mais extremas situações e eles as conservaram; beliscou a pele
em vários pontos, com certa força e, ao que parece, a paciente nada sentiu. Catalepsia,
insensibilidade! O Dr. Broca não levou adiante a experiência: esta lhe havia ensinado o que queria
saber. Uma fricção sobre os olhos, uma insuflação de ar frio na fronte trouxeram a doente ao
estado normal. Não tinha a menor lembrança do que se havia passado.
Restava saber se a insensibilidade hipnótica resistiria à prova das operações cirúrgicas.
Entre os doentes do Hospital Necker, no serviço do Dr. Follin, estava uma pobre senhora de
24 anos, vitima de extensa queimadura nas costas e nos dois membros direitos e de um abscesso
extremamente doloroso. Os menores movimentos lhe eram um suplício. Esgotada pelo sofrimento
e, de resto, muito pusilânime, essa infeliz pensava com terror na operação que se fazia necessário.
Foi nela que, de acordo com o Dr. Follin, o Dr. Broca resolveu completar a prova do hipnotismo.
Puseram-na num leito em frente à janela, prevenindo-a que ia dormir. Ao cabo de dois
minutos suas pupilas se dilataram, levantaram o braço esquerdo quase verticalmente acima do
leito e ele ficou imóvel. Ao quarto minuto suas respostas são lentas e quase penosas, mas
perfeitamente sensatas. Quinto minuto: o Dr. Follin belisca a pele do braço esquerdo e a doente
não o acusa; nova picada mais funda, que produz sangue, e a mesma impassibilidade. Levantam o
braço direito, que fica no ar. Então as cobertas são levantadas e os membros inferiores afastados,
para deixar a descoberto a sede do abscesso.
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O Passe Espírita
A doente consentia e disse com tranqüilidade que, sem dúvida, iriam magoá-la. Aberto o
abscesso solta um grito fraco: foi o único sinal de reação e durou menos de um segundo. Nem o
menor tremor de músculos do rosto ou dos membros, nem uma agitação nos braços, sempre
elevados verticalmente acima do leito. Os olhos um pouco injetados estavam largamente abertos; o
rosto tinha a imobilidade de uma máscara...
Levantado o pé esquerdo, fica suspenso. Tiram o objeto brilhante, uma luneta. Persiste a
catalepsia; pela terceira vez picam o braço esquerdo, o sangue borbulha e a operada nada sente.
Há 13 minutos o braço guarda a posição que lhe foi dada.
Enfim, uma fricção nos olhos, uma insuflação de ar fresco, despertam a jovem senhora quase
que subitamente; relaxados, os braços e a perna esquerda caem de repente na cama. Ela esfrega os
olhos, retoma a consciência, de nada se lembra e se admira de que a tenham operado. A
experiência tinha durado de 18 a 20 minutos; o período de anestesia, de 12 a 15.
Tais são, em resumo, os fatos essenciais comunicados pelo Dr. Broca à Academia das
Ciências. Já não são mais isolados. Um grande número de cirurgiões de nossos hospitais tiveram a
honra de repeti-los, e o fizeram com sucesso. O objetivo do Dr. Broca e de seus ilustres colegas era,
e deveria ser, cirúrgico. Esperemos que, como meio de provocar a insensibilidade, tenha o
hipnotismo todas as vantagens dos agentes anestésicos, sem lhes ter os inconvenientes. Mas a
Medicina não é do nosso domínio e, para não sair de suas atribuições, nossa Revista não deve
considerar o fato senão sob o ponto de vista fisiológico.
Depois de haver reconhecido a veracidade do Dr. Braid sobre o ponto essencial, certamente
ter-se-á que verificar tudo o que respeita a este estado singular, ao qual se dá o nome de
hipnotismo. Os fenômenos que ele lhe atribui podem ser assim classificados:
Exaltação da sensibilidade. O olfato é levado a um grau de sensibilidade pelo menos igual ao
que se observa nos animais de melhor olfato. A audição também se torna muito penetrante. O
tacto adquire, sobretudo em relação à temperatura, uma incrível delicadeza.
Sentimentos sugeridos. Ponde o rosto, o corpo ou os membros do paciente na atitude que
convém à expressão de um sentimento particular e logo se desperta o estado mental
correspondente. Assim, colocada no alto da cabeça a mão do hipnotizado, ele se retesa
espontaneamente, inclinando o corpo para trás; sua atitude é a do mais puro orgulho. Se nesse,
momento se lhe curvar a cabeça para a frente, dobrando levemente o corpo e os membros, o
orgulho é substituído pela mais profunda humildade. Afastando levemente os cantos da boca,
como no riso, logo se produz uma disposição alegre. O mau humor sobrevém imediatamente
quando se faz as sobrancelhas convergirem para baixo.
Idéias provocadas. Levante-se a mão do paciente acima da cabeça, dobrem-se os dedos
sobre a palma, e é suscitada a idéia de subir, de se balançar ou puxar uma corda. Se, ao contrário se
dobrarem os dedos, deixando o braço pendente, provoca-se a idéia de levantar um peso. Se os
dedos forem fechados e o braço levado à frente, como para dar um soco, é sugerida a idéia de
jogar box. (A cena se passa em Londres).
Acréscimo de força muscular. Se se quiser suscitar uma força extraordinária num grupo de
músculos, basta sugerir ao paciente a idéia da ação que reclama essa força e lhe assegurar que o
pode realizar com a maior facilidade, caso queira. Diz o Dr. Carpenter: "Vimos um paciente
hipnotizado pelo Dr. Braid, notável pela pobreza de desenvolvimento muscular, levantar com o
polegar um peso de quatorze quilos e girá-lo em volta da cabeça, certo de que o peso era leve
como uma pluma."
Limitamo-nos, por hoje, à indicação deste esquema. Aos fatos a palavra; as reflexões virão
depois.
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O Passe Espírita
1º. Existe uma influência mútua entre os corpos celestes, a terra e os corpos animados.
2º. Um fluido universalmente propagado e contínuo, de modo a não sofrer qualquer vazio, cuja sutileza não permite
comparações, e que, por sua natureza é suscetível de receber, propagar e comunicar todas as impressões do
movimento, é o meio desta influencia.
3º. Essa ação recíproca está submetida a leis mecânicas desconhecidas até o presente.
4º. Resultam dessa ação efeitos alternativos que podem ser considerados como um fluxo e refluxo.
5º. Este fluxo e refluxo é mais ou menos geral, mais ou menos particular, mais ou menos composto, segundo a natureza
das causas que o determinam.
6º. É por essa operação, a mais universal que a natureza nos oferece, que as relações de atividade se exercem entre os
corpos celestes, a Terra e suas partes constitutivas.
7º. As propriedades da matéria e dos corpos organizados dependem desta operação.
8º. O corpo animal prova os efeitos alternativos deste agente, que ao se insinuar na estrutura dos nervos, afeta-os
imediatamente.
9º. Ele manifesta, especialmente no corpo humano, propriedades análogas ao ímã. Distinguem-se pólos igualmente
diferentes e opostos, que podem ser comunicados, trocados, destruídos e reforçados; o próprio fenômeno da
inclinação é também ai observado.
10º. A propriedade do corpo animal que o torna suscetível à influencia dos corpos celestes e a ação recíproca daqueles
que o cercam, manifesta pela sua analogia com o ímã, me determinou a chama-lo: “Magnetismo Animal”.
11º. A ação e a virtude do Magnetismo Animal assim caracterizados podem ser comunicados a outros corpos animados e
inanimados. Uns e outros, entretanto, são mais ou menos suscetíveis.
12º. Essa ação e essa virtude do Magnetismo Animal podem ser reforçadas e prolongadas por esses mesmos corpos.
13º. Observa-se, em experiências, o escoamento de uma matéria, cuja sutileza penetra todos os corpos, sem perder
praticamente sua atividade.
14º. Sua ação realiza-se a distância afastada, sem a intervenção de qualquer corpo, intermediário.
15º. Ela é aumentada e refletida pelos espelhos, tal como a luz.
16º. Ela é comunicada propagada e aumentada pelo som”.
17º. Essa virtude magnética pode ser acumulada, concentrada, transformada.
18º. Disse que os corpos animados não são igualmente suscetíveis; acontece mesmo, ainda que muito raramente, que
têm uma propriedade tão oposta que sua simples presença destrói todos os efeitos desse magnetismo em outros
corpos.
19º. Essa virtude oposta também penetra todos os corpos; ela pode ser comunicada, propagada, acumulada e
transformada, refletida por espelhos e propagada pelo som; o que constitui não apenas uma privação, mas uma
virtude oposta: positiva.
20º. O ímã, natural ou artificial, é suscetível ao magnetismo animal e à virtude oposta, sem que sua ação sobre a agulha
seja alternada; o princípio do magnetismo animal difere, portanto, do mineral.
21º. Este sistema fornecerá esclarecimentos sobre a natureza do fogo e da luz, bem como pela teoria da atração, sobre o
fluxo e o refluxo do ímã e da eletricidade.
22º. Ele permitirá saber que o ímã e a eletricidade artificial têm, em relação às doenças, apenas propriedades comuns a
um grande número de outros agentes e que, se resultam alguns afeitos úteis da administração daqueles, isso se deve
ao magnetismo animal.
23º. Reconhecer-se-á, por esses fatos, segundo as regras práticas que estabeleci, que o princípio pode curar diretamente
as doenças dos nervos e indiretamente as demais.
24º. Com sua ajuda, o médico é esclarecido sobre a utilização dos medicamentos; aperfeiçoa sua ação, provoca e dirige as
crises salutares, de modo a se tornar o senhor da situação.
25º. Ao comunicar meu método, demonstrarei por uma nova teoria das doenças, a unidade universal do princípio que lhe
aponho.
26º. Com este conhecimento, o médico julgará seguramente a natureza e o progresso das doenças, mesmo das mais
complicadas; ele impedirá seu desenvolvimento e alcançará sua cura, sem jamais expor o doente a efeitos perigosos
ou a resultados inoportunos, seja qual for à idade, o temperamento ou o sexo. As mulheres grávidas e por ocasião dos
partos gozarão das mesmas vantagens.
27º. Esta doutrina, enfim colocará o médico em condições de julgar corretamente o grau de saúde de cada indivíduo e de
preservá-lo das doenças às quais ele possa estar exposto. A arte de curar chegará à sua maior perfeição.
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