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Manual do Passe Espírita

O Passe Espírita

A Sublime Doação
“E disse Pedro: Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho isto te dou. Em nome de
Jesus-Cristo, o Nazareno levanta-te e anda”. (Atos, 3:6.)

À porta do templo, chamado Formosa, o


Apóstolo Pedro e o deficiente físico.

Entre ambos um momento de expectativa.

Da alma cansada e sofrida – que espera.

Da alma plena de fé e estuante de amor – que


doa.

Não há indagação nem hesitações.

Apenas a sublime doação.

Eis aí o significado profundamente belo e


sublimado do passe:

A doação de alma para alma.

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O Passe Espírita

Módulo 1
BREVE HISTÓRIA DO MAGNETISMO HUMANO

“Muito antiga na humanidade, a observação de que havia corpos com a


propriedade de atrair outros. Na velha Ásia, muito antes de Cristo, foi encontrado na região
de Magnésia um minério que atraía o ferro. E por isso foi ele denominado “Magneto”
donde deriva a palavra “Magnetismo” . Analisado recentemente foi classificado como
“tetróxido de triferro (Fe304), ao qual hoje se denomina “Magnetita”, chamando-se ímãs
ao magneto. Todos conhecemos essa capacidade do ímã de atrair limalha de ferro, e os
ímãs são muito empregados em numerosos campos de atividade.”
Interessante recordar que essa capacidade de “atração” é também observada no
corpo humano, e por associação, a esta se chamou “Magnetismo animal”.
(Carlos Torres Pastorino - Técnica da Mediunidade).

“A magnetização remonta à mais remota antigüidade. (...)“Existe em cada um de


nós um foco invisível cujas radiações variam de intensidade e amplitude conforme nossas
disposições. A vontade lhes pode comunicar propriedades especiais; nisso reside o segredo
do poder curativo dos magnetizadores. A estes efetivamente, é que em primeiro lugar se
revelou essa força em suas aplicações terapêuticas”.
(Leon Denis).

TERAPIA NO EGITO ANTIGO


INICIADOS NOS SEGREDOS DA EXPERIMENTAÇÃO MAGNÉTICA

No velho Egito, no templo da deusa Isis, as multidões aí acorriam, procurando o alívio dos
sofrimentos junto aos sacerdotes, que lhes aplicavam a imposição das mãos. Pacientes
eram levados ao estado de letargia através da magnetização, quando então realizavam
intervenções cirúrgicas, inclusive trepanações.

O toque terapêutico tem registros antigos, aparece no Papiro de


Ebers, um dos tratados médicos mais antigos e importantes que
é conhecido. Este tratado foi escrito no Antigo Egito e é datado
de 1552 a.C. A confirmação deste achado aparece também no
livro “O Espiritismo perante a Ciência”, de Gabriel Delanne no
trecho “Os egípcios (…) empregavam, no alívio dos sofrimentos,
os passes e a aposição de mãos, como os executamos ainda em
nossos dias“.

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O Passe Espírita

Papiro de Ebers O Livro dos Mortos:


encontrado nas ruínas de
Tebas: “Eu coloco as mãos
sobre ti, Osíris, para
“Coloque tua
teu bem, para te fazer
mão sobre a dor e
viver”.
diga para a dor se
ir.”

GALENO (129 – 200)

Médico grego que afirmou a ação que os espíritos podiam


exercer sobre os corpos, ainda que estes fossem estranhos.

Em consequência das suas aplicações magnéticas e por afirmar


que aprendia muito em sonhos, Galeno teve de abandonar
Roma.

AVICENA (980 – 1037)

Médico e filósofo árabe, escreveu aos seus discípulos que a alma


atua não apenas sobre o seu próprio corpo a que pertence mas
também sobre os corpos estranhos, influenciando mesmo à
distância.

PARACELSO (1493 – 1541)


ESTABELECEU AS BASES DO MAGNETISMO MODERNO

Médico e místico suíço que escreveu sobre o corpo astral e o mundo


astral.
“O que uma geração considera como o máximo do saber, é
frequentemente reconhecido como absurdo em gerações
seguintes; e o que num século é considerado como superstição ou
ilusão, pode formar a base da Ciência dos séculos vindouros.”

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O Passe Espírita

VAN HELMONT (1577—1644)


PRIMEIRO A UTILIZAR A EXPRESSÃO “MAGNETISMO ANIMAL”
Médico e místico nascido na Bélgica, discípulo de Paracelso.
Afirmava que “cada doença tinha um princípio vital que
poderiam ser tratadas por um meio espiritual”. Afirmava ainda
que, “Há no homem uma energia, que pode atuar fora de si e
influenciar de maneira durável um ser ou um objeto de que está
afastado. Tal força é infinita no Criador, mas limitada na criatura,
pelos obstáculos naturais”. É um precursor conceitual para a
homeopatia.

MESMER (1736—1815)
DISSEMINOU NO MEIO CIENTÍFICO E POPULAR AS 27 PROPOSIÇÕES SOBRE O
MAGNETISMO
Foi o Dr. Franz Anton Mesmer (médico alemão), doutorado pela
Universidade de Viena, quem estudou de forma científica a
teoria que certas pessoas podem irradiar um fluido especial
proveniente do próprio corpo com influência nos indivíduos e
nos animais. Baseava-se em estudos anteriores dos seus
predecessores. Em 1765 escreveu um livro no qual abordava a
influência dos astros entre si e em corpos vivos – Kardec cita isso
em A Gênese, cap. 18, item 8 – Planetarum Influxos.
Em 1779 escreveu sobre Magnetismo Animal, concluindo em sua tese de que o organismo
humano pode emitir um fluido e curar. As teses foram combatidas em Viena e por isso ele
mudou-se para Paris onde foi bem recebida. O povo e o próprio rei Luiz XVI aceitaram, mas
o Catedrático da Faculdade de Medicina julgou o tratamento perigoso e imoral. Mesmer
vê-se forçado a deixar Paris instala-se em uma cidadezinha na Suíça onde vive
modestamente durante 20 anos
Deduções de mesmer: “As moléstias são ou falta ou o desequilíbrio na distribuição do
magnetismo pelo corpo. Existe uma influência mútua entre os seres, equivalente à que
ocorre entre os astros"

DELEUZE (1753—1835)
ESTABELECEU A RELAÇÃO ENTRE O MAGNETIZADOR E O MAGNETIZADO.

Reconheceu existir não somente um efeito físico, como previra


inicialmente Mesmer, mas também um efeito espiritual na
magnetização.

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MARQUES DE PUYSÉGUR (1751—1825)

Descobriu o sonambulismo provocado, a sugestão mental e a


transmissão do pensamento.
“Essencial para se magnetizar com sucesso é: a confiança, a
intenção de fazer o bem e ardente vontade.”

BARÃO DU POTET (1786-1881)


DISSEMINOU EM LIVROS SUAS EXPERIÊNCIAS COM O MAGNETISMO ANIMAL

Ilustração de Du Potet
do Magnetismo
Animal em 1863 na
obra “Terapêutica
Magnética”

Barão Du Potet, foi um dos mais notáveis magnetizadores que o mundo já viu. No ano de
1836, compareceu perante a Corte Regia de Montpellier, enfrentando o mais celebre
processo envolvendo o Magnetismo (Magnetismo Curativo, Alphonse Bue). Rejeitando
advogado, fez ele mesmo a sua defesa da qual transcrevemos alguns trechos retirados da
obra citada:
“Todo o meu crime é ter solicitado o exame publico, não de uma doutrina, mas de simples
fenômenos que os sábios da vossa cidade ignoram....Condenar-me-eis por tal fato?
“Pequei contra a moral? - Ensino os homens a fazerem de suas reservas vitais o emprego
mais nobre: aliviar os sofrimentos dos seus semelhantes.”
“... tudo quanto posso dizer-vos, e que ensino a produzir o sono sem ópio, a curar a febre
sem quina; a minha ciência dispensa as drogas, a minha arte arruína os boticários. Nós,
magnetizadores, damos forças ao organismo, sustentamo-lo quando ele sucumbe; damos
óleo à lâmpada, quando ela já não o tem.”
“Finalmente, não se pode impedir de proclamar uma verdade. Calar-se, porque esta
verdade pode ofuscar certos espíritos prevenidos ou retardatários, e, em minha opinião,
mais do que um crime: é uma covardia.”
Em 1852 escreveu sua obra mais famosa o “Tratado Completo sobre magnetismo animal”.
Era ainda editor do “Journal du Magnetisme” e dirigente da “Sociedade Mesmeriana”.
De inicio incrédulo, mais tarde o barão se torna espírita, diante dos inúmeros fatos da
realidade espiritual constatados durante as sessões de sonambulismo. Um dos seus
discípulos foi Pierre-Gaetan Leymarie, o qual deu continuidade a Revue Spirite, de Allan
Kardec. O próprio Codificador da Doutrina Espírita fez parte, ate 1850, do grupo de
estudiosos e magnetizadores a que pertencia o Barão Du Potet.

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DR. BRAID (1795-1860)


LANÇOU AS BASES DO HIPNOTISMO MODERNO
Com a realização de várias experiências,
Braid concluiu que os resultados
conseguidos por Mesmer eram produzidos
por uma perturbação do sistema nervoso,
pela fixidez do olhar e concentração da
atenção.

CHARCOT (1825 – 1893)

Coube ao Professor Charcot, eminente médico do Hospital de


Salpetrière de Paris, propagar a explicação dos fenômenos
hipnóticos baseado nas primitivas concepções de Mesmer.

ALLAN KARDEC (1804 – 1869)

Em 1823 o jovem Rivail (Allan Kardec) chega a Paris e teve sua


atenção voltada ao magnetismo e nos anos que se seguiram
aplicou parte do seu tempo ao estudo dessa ciência e foi
testemunha de muitas curas provocadas pelo agente
magnético. Allan Kardec estudou todos os livros que falavam
sobre magnetismo, inclusive os que eram contra essa ciência.
O mestre lionês conheceu as pesquisas do padre português José Custódio Faria, que fora
iniciado no magnetismo pelo marques de Puységuir, contrariando a igreja que condenava o
magnetismo, pois dizia “que os fluidos eram de origem infernal, o sonambulismo e o
magnetismo eram sobrenaturais e diabólicas, anticristão, anticatólicos e antimorais.”
Rivail, tomou parte ativa nos trabalhos da Sociedade de Magnetismo de Paris, a mais
importante da França. Soube fazer amigos nessa corrente de idéias e um deles o Sr. Fortier,
foi quem em 1854 lhe falaria pela primeira vez das mesas falantes que deu origem a
Codificação do Espiritismo. Tendo adquirido sólidos conhecimentos de magnetismo, foi
capaz de perceber, logo ao início de suas observações junto às mesas girantes e falantes a
íntima ligação entre Espiritismo e Magnetismo, afirmando: “Dos fenômenos magnéticos,
do sonambulismo e do êxtase às manifestações espíritas não há senão um passo, sua
conexão é tal que é por assim dizer, impossível falar de um, sem falar do outro.”

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O Passe Espírita

Módulo 2
DEFINIÇÕES, TIPOS E CONDIÇÕES PARA APLICAÇÃO DO PASSE

DEFINIÇÃO:
“O Passe é uma transfusão de energias psíquicas de um ser para outro.”
“Os passes são os movimentos com as mãos, feitos pelos médiuns passistas, nos indivíduos
com desequilíbrios psicossomáticos ou apenas desejosos de uma ação fluídica benéfica.”
“O Passe é, antes de tudo, uma transfusão de amor.”

TIPOS DE PASSES

Quanto ao seu agente, o passe pode ser classificado:

1) MAGNÉTICO ou MAGNETISMO HUMANO


Quando ministrado somente com os recursos fluídicos do próprio passista.

2) ESPIRITUAL ou MAGNETISMO ESPIRITUAL


Quando ministrado pelos Espíritos unicamente com seus próprios fluidos.

3) HUMANO-ESPIRITUAL ou MAGNETISMO MISTO


Quando os Espíritos combinam seus fluidos com os do passista.

4) MEDIÚNICO
Quando os Espíritos atuam através de um médium (médium curador).

O PASSE QUANTO APLICAÇÃO AO PACIENTE

INDIVIDUAL
COLETIVO
A DISTÂNCIA

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O Passe Espírita

CONDIÇÕES PARA SE ALCANÇAR MELHORES RESULTADOS:

1) Que o passista use o pensamento e a vontade, a fim de captar os fluidos, emiti-los e


fazê-los convergir para o assistido.

2) Que haja um clima de confiança entre o socorrista e o necessitado, a fim de se


formar um elo de forças entre eles.

3) Que o paciente esteja receptivo, para que sua mente adira à idéia de trabalho
restaurativo.

CONDIÇÕES BÁSICAS PARA SE APLICAR O PASSE:

1) Fisicamente:

Manter a SAÚDE e a BOA DISPOSIÇÃO. Evitar excessos nas atividades diárias. Os cuidados
visarão principalmente: Alimentação, abolir vícios e higiene.

2) Espiritualmente:

Cultivar as VIRTUDES e manter CONDUTA ESPÍRITA. Os cuidados visarão principalmente:


Sentimento fraterno, fé, humildade, reforma íntima, equilíbrio emocional e perseverança
no trabalho.

3) Intelectualmente:

Ter CONHECIMENTOS especializados sobre o passe.

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O Passe Espírita

Módulo 3
AS CURAS DE JESUS
“Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim, fará também as obras que
eu faço, e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai.

E tudo quanto pedirdes em meu nome, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no
Filho.

Se me pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei.”

JESUS (João, 14.12-14)

O CEGO BARTIMEU
(Mc 10:46-52; Mt 20:29-34: Lc 18:35-43)

46. Depois chegaram a Jericó. E, ao sair ele de Jericó com os


seus discípulos e uma grande multidão, estava sentada a beira
do caminho, mendigando, o cego Bartimeu, filho de Timeu.
47. Quando percebeu que era Jesus, o Nazareno, que passava,
começou a gritar: “Filho de Davi, Jesus, tem compaixão de
mim!” 48. E muitos, o repreendiam para que se calasse. Ele,
porém, gritava mais ainda: “Filho de Davi, tem compaixão de
mim!” 49. Detendo-se, Jesus disse: “Chamai-o!” Chamaram o
cego, dizendo-lhe: “Coragem! Ele te chama. levanta-te”. 50.
Deixando a sua capa, levantando-se e foi até Jesus. 51. Então
Jesus lhe disse: “Que queres que Eu te faça?”
O cego respondeu: “Rabbúni! Que eu possa ver novamente!”
52. Jesus lhe disse: “Vai, a tua fé te salvou”. No mesmo
instante ele recuperou a vista e seguia-O no caminho.

Comentário de Kardec na obra A Gênese:


Razão, pois, tinha Jesus para dizer: «Tua fé te salvou.» Compreende-se que a fé a que ele se
referia não é uma virtude mística, qual a entendem, muitas pessoas, mas uma verdadeira
força atrativa, de sorte que aquele que não a possui opõe à corrente fluídica uma força
repulsiva, ou, pelo menos, uma força de inércia, que paralisa a ação. Assim sendo, também,
se compreende que, apresentando-se ao curador dois doentes da mesma enfermidade,
possa um ser curado e outro não. É este um dos mais importantes princípios da
mediunidade curadora e que explica certas anomalias aparentes, apontando-lhes uma
causa muito natural.

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O Passe Espírita

A CURA DE UMA MULHER ENFERMA


(Mc 5:25-34; Mt 9:20-22; Lc 8:43-48)

25. Ora, certa mulher que havia doze anos tinha um fluxo
de sangue 26. e que muito sofrera nas mãos de vários
médicos, tendo gasto tudo o que possuía sem nenhum
resultado, mas cada vez piorando mais, 27. tinha ouvido
falar de Jesus. Aproximou-se dele, por detrás, no meio da
multidão, e tocou-lhe a roupa.
28 Porque dizia: “Se ao menos tocar as suas roupas, serei salva”. 29 E logo estancou a
hemorragia. E ela sentiu no corpo que estava curada de sua enfermidade. 30
Imediatamente, Jesus, tendo consciência da forca que dele saíra, voltou-se a multidão e
disse: “Quem tocou minhas roupas?” 31 Os discípulos disseram-lhe: “Estas vendo a
multidão que Te comprime e perguntas: 'Quem me tocou?'” 32 Jesus olhava em torno de si
para ver quem havia feito aquilo. 33 Então a mulher, amedrontada e tremula, sabendo o
que lhe tinha sucedido, foi e caiu-lhe aos pés e contou-lhe toda a verdade. 34 E Ele disse a
ela: “Minha filha, a tua fé te salvou; vai em paz e esteja curada desse teu mal”.

Tese:
Mulher, que há 12 anos sofria de hemorragia, toca as vestes de Jesus e fica curada. Jesus,
por seu turno, teve o conhecimento em si mesmo da virtude que lhe saíra.

Questão:
O efeito não foi provocado por nenhum ato de vontade de Jesus; não houve magnetização,
nem imposição das mãos. Pergunta-se: Por que a irradiação foi direcionada para aquela
mulher e não a outra qualquer, dado que tinha uma multidão à sua volta?

Explicação:
O fluido pode ser dirigido sobre o mal pela vontade do curador, ou atraído pelo desejo
ardente, pela confiança, pela fé do doente. No primeiro caso, a cura assemelha-se a uma
bomba calcante; no segundo caso, a uma bomba aspirante. Algumas vezes, é necessária a
simultaneidade das duas ações; doutras, basta uma só. No caso em questão, a fé funcionou
como uma força atrativa. Deve-se levar em conta, também, o merecimento do doente.
(Kardec, A Gênese, cap. XV, itens 10 e 11)

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O Passe Espírita

Módulo 4
O FLUIDO CÓSMICO UNIVERSAL

“O fluido cósmico universal é a matéria – prima da criação.”


(Allan Kardec, LE, resposta a pergunta 27)

“O fluido cósmico é a matéria elementar primitiva, cujas modificações e


transformações constituem a inumerável variedade dos corpos da Natureza.”
(Allan Kardec, LE, resposta a pergunta 27)

“O fluido universal, sendo o agente de que o espírito se utiliza, é o princípio


sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão e nunca
adquiriria as qualidades que a gravidade lhe dá.”
(Allan Kardec, LE, resposta a pergunta 27)

“O fluído cósmico é plasma divino, hausto do Criador ou força nervosa do


Todo-Sábio. Nesse elemento primordial, vibram e vivem constelações e sóis,
mundos e seres, como peixes no oceano.”
(André Luiz, Evolução em dois mundos)

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O Passe Espírita

O FLUIDO CÓSMICO UNIVERSAL E OUTRAS CULTURAS

Ch'i (Qi) - Cultura chinesa (medicina tradicional)

É um conceito fundamental da cultura tradicional chinesa (medicina


tradicional, artes marciais, acupuntura, Feng Shui dentre outras). O
termo Qi pode ser associado de um modo bem amplo ao conceito
ocidental de fluxo de energia. É um tipo de energia que permeia e
sustenta os seres vivos.

Prana - Cultura hindu (Cura Prânica)


É a energia cósmica do universo (pelo menos a parte que está acessível à
nossa dimensão). Os hindus a chamam de Prana (ou Purana). No Oriente
dá-se o maior valor à respiração, pois é através dela que retiramos a
energia para o nosso veículo extrafísico. Nós fazemos isso toda noite, ao
dormir. O corpo astral fica planando pouco acima do físico pra poder "se
encher" de prana (através dos chakras). Infelizmente isso é um processo
inconsciente e poucos se lembram de algo assim. Mas existem técnicas de
Yoga pra absorção do Prana acordados.

Johrei - Cultura japonesa (Igreja Messiânica Mundial)

O Johrei é uma técnica e um método natural para o aperfeiçoamento


espiritual criada por Meishu Sama baseado nas leis da natureza
(canalização da infinita energia vital do universo), para ampliar a força de
recuperação natural do Homem e restabelecendo na sua vida a harmonia
original (verdadeira saúde, prosperidade, paz e nobreza de sentimentos).

Reiki - Cultura japonesa (Terapia holística)


Reiki é uma terapia baseada na canalização da energia universal (rei)
através da imposição das mãos com o objetivo de restabelecer o
equilíbrio energético vital de quem a recebe e, assim, restaurar o estado
de equilíbrio natural (seja ele emocional, físico ou espiritual; podendo
eliminar doenças e promover saúde.

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O Passe Espírita

O FLUIDO CÓSMICO UNIVERSAL E O CAMPO DE ENERGIA HUMANO

O Campo da Energia Humana é a manifestação da energia


universal intimamente envolvida na vida humana. Pode ser
descrito como um corpo luminoso que cerca o corpo físico e
o penetra, emite sua radiação característica própria e é
habitualmente denominado “aura”.

“Descem sobre a fronte humana, em cada minuto,


bilhões de raios cósmicos, oriundos de estrelas e
planetas amplamente distanciados da Terra, sem nos
referirmos aos raios solares, caloríficos e luminosos, que
a ciência terrestre mal começa a conhecer. Os raios
gama, provenientes do radium que se desintegra
incessantemente no solo e os de várias expressões
emitidas pela água e pelos metais, alcançam os
habitantes da Terra pelos pés, determinando
consideráveis influenciações. E em sentido horizontal,
experimenta o homem a atuação dos raios magnéticos
exteriorizados pelos vegetais, pelos irracionais e pelos
próprios semelhantes.”

(Extraído de “Missionários da Luz” pelo Espírito de


André Luiz, por Francisco Cândido Xavier.)

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O Passe Espírita

Módulo 5
O DUPLO ETÉRICO
Considerando-se toda célula em ação por unidade viva, qual motor microscópico, em
conexão com a usina mental, é claramente compreensível que todas as agregações
celulares emitam radiações e que essas radiações se articulem, constituindo-se “tecidos
de forças". (André Luiz, em Evolução em Dois Mundos)
No homem essa projeção surge enriquecida e modificada pelos fatores do pensamento
contínuo que modelam, em derredor da personalidade, o conhecido “corpo vital ou duplo
etérico.” (André Luiz – Evolução em dois mundos)

O duplo etérico é um corpo fluídico, que se apresenta como uma duplicata energética do
indivíduo, interpenetrando o seu corpo físico, ao mesmo tempo em que parece dele
emergir. O duplo etérico emite uma emanação energética que se apresenta em forma de
raias ou estrias que partem de toda a sua superfície. Ao conjunto dessas raias é que,
geralmente, se denomina “aura interna”.

O duplo etérico é a parte do perispírito mais grosseira e próxima do corpo. Reservatório de


vitalidade, necessário, durante a vida física, à reposição de energias gastas ou perdidas.
Com a desencarnação, essa estrutura se desintegra com a própria organização física.
(Jorge Andréa - Psicologia Espírita Vol II )

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O Passe Espírita

Espírito e Perispírito + Duplo etérico e Corpo físico = ESPÍRITO ENCARNADO

Os nossos pensamentos que são produtos do espírito, interagem com o envoltório fluídico
que nos cerca, produzido principalmente pelas emanações do duplo etérico. Assim são
plasmadas as formas-pensamento, que adquirem uma espécie de “vida” própria.
Essas formas-pensamento – nossas criações mentais – são verdadeiros “pacotes fluídicos”
que, a partir do momento em que se exteriorizam para o ambiente, ficam ao sabor das
forças de atração e repulsão que regem os deslocamentos dos fluidos.

Sempre que, através dos nossos pensamentos e sentimentos, entramos em ressonância


vibratória com um destes “pacotes”, ele é imediatamente atraído e, ao atingir-nos, será
parcialmente, ou totalmente, assimilado pelo nosso organismo, produzindo, em nós,
efeitos de conformidade com suas características vibratórias específicas: os bons causando
bem-estar, os maus induzindo toda sorte de desequilíbrios.

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O Passe Espírita

Módulo 6
O PERISPÍRITO
Do grego PERI, que significa contorno, em torno.

Do latim SPIRITUS, significa alma, relativo a fluídico.

CONCEITOS:

“O perispírito é o invólucro ou envoltório fluídico do Espírito”.

“É o laço que prende o espírito ao corpo”.

“É o agente de transmissão do espírito e recepção das sensações do corpo”.

CORPO ESPIRITUAL EM TODAS AS ÉPOCAS:

LINGA SHARIRA (hindus)


NÉPHESPH (hebreus)
KA e o BÁ (egípcios)
OCHÉMA (gregos)
CARRO SUTIL DA ALMA (Pitágoras)
EIDOLON (Hipócrates)
CORPO ESPIRITUAL ou CORPO INCORRUPTÍVEL (Paulo)
CORPO ASTRAL (ocultistas)
CORPO BIOPLÁSMICO (pesquisadores russos)
CORPO PSÍQUICO (Rosacruz)
PSICOSSOMA (Espírito André Luiz)

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O Passe Espírita

NATUREZA:
SEMI-MATERIAL (Material e Espiritual)
Sub produto do fluido cósmico Quintessência

PROPRIEDADES:

 PENETRÁVEL E PENETRANTE
 ELÁSTICO
 EMISSOR
 PLÁSTICO
 ABSORVENTE

FUNÇÕES:

1. Laço de união entre o Espírito e o Corpo;


2. Veículo de manifestação do ser espiritual na Erraticidade;
3. Modelador e Sustentador da forma física (Matriz Espiritual do Corpo ou Idéia Diretriz);
4. Veículo do pensamento – retrata nosso estado mental;
5. Elemento de exteriorização da mediunidade;
6. Chave de todos os fenômenos espíritas.

A AURA HUMANA
É a conjugação de forças físico-químicas e mentais peculiar a cada indivíduo, que se irradia
de forma luminosa em torno do corpo.

DENSIDADE
 Quintessenciada ou rarefeita nas almas muito evoluídas;
 Pastosa ou opaca nas almas imperfeitas.

COLORAÇÃO
 Luminosa e brilhante nos Espíritos Superiores;
 Sem qualquer brilho nas almas inferiorizadas.

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O Passe Espírita

Módulo 7
OS CENTROS VITAIS OU DE FORÇA
São Centros Energéticos que controlam as correntes de energia que interagem e afetam a
própria VIDA.
Na superfície do “Duplo Etérico” podem ser observadas certas regiões características
bem singulares. Elas são geralmente descritas como tendo a aparência de redemoinhos.
São os chamados “Centros Vitais ou Centros de Forças”. Seus diâmetros variam de caso a
caso, mas de um modo geral medem de um a cinco centímetros. Apresentam, em sua
superfície, altos e baixos, como uma onda. Lembram uma flor, sendo que o número de
“pétalas” parece ser uma característica de cada centro.
Centros Vitais ou de Força ou Rodas são acumuladores e distribuidores de força espiritual,
situados no corpo etéreo pelos quais transitam os fluidos energéticos de uns para outros
dos envoltórios exteriores do Espírito encarnado.

No homem comum, o centro de


força se apresenta como um círculo de mais ou menos 5 centímetros de diâmetro, quase
sem brilho; porém, no homem espiritual, é quase sempre um vórtice luminoso e
refulgente. Abaixo o esquema do caminho metabólico da energia primária entrante:

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O Passe Espírita

Os chakras absorvem a energia universal ou primária (ch’i, orgone, prana, etc.),


decompõem-na em suas partes e, em seguida, mandam-na, ao longo de rios de energia
chamados nadis, para o sistema nervoso, as glândulas endócrinas e, depois, para o sangue,
a fim de alimentar o corpo.

No perispírito, o sistema nervoso liga-se através dos plexos e gânglios, a uma série de
centros de força, denominados chacras na literatura oriental.

Os Centros Vitais e os Plexos

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O Passe Espírita

Existem, também, no perispírito, estruturas semelhantes às do “Duplo Etérico”. Entre


cada centro do duplo etérico e o seu correspondente no perispírito observa-se a existência
de laços fluido-magnéticos permanentes que os interligam e que só se desligam com a
morte do corpo físico. São esses laços que, juntos, formam o geralmente denominado
cordão fluídico ou cordão prateado. O cordão fluídico é o elo entre o corpo físico e o
perispírito.

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O Passe Espírita

Os Centros Vitais e suas funções


Para o aplicador de passes é muito importante ter sempre em mente que os centros vitais
captam energias, transferindo-as ao corpo físico e também que todos eles encontram-se
em constante permuta energética entre si, fazendo com que qualquer desequilíbrio em um
deles reflita-se automaticamente em todo o conjunto e, por conseqüência, em todo o
corpo físico.

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O Passe Espírita

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O Passe Espírita

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O Passe Espírita

Módulo 8
AS REGRAS DA MOVIMENTAÇÃO DAS MÃOS

A movimentação das mãos deverão ser executadas sempre de “CIMA PARA BAIXO”, da
cabeça aos pés, dos órgãos que estiverem acima aos que se encontrem mais abaixo.

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O Passe Espírita

Como os fluidos magnéticos são de origem


externa ao paciente e seu ingresso se dá no
sentido dos campos energéticos criados pelos
centros de força, isso nos indica que a corrente
fluídica percorre o soma, naturalmente, de cima
para baixo. Portanto, como as “captações
fluidicas” por ocasião do passe se verificam no
sentido cabeça/pés, o retorno das mãos abertas,
emitindo fluidos no sentido contrário ao fluxo
natural, cria bloqueios e/ou concentrações
congestivas em vários setores dos centros de
força que, transmitidos ao corpo, provocam toda
sorte de mal-estares.

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O Passe Espírita

Quando aplicar movimentos rotatórios (circulares) com as mãos sobre o corpo do paciente, o
“sentido” será HORÁRIO.

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O Passe Espírita

TABELA DE ASSOCIAÇÃO DOS EFEITOS DA DISTÂNCIA E DA VELOCIDADE

REGRA DA EMPATIA

Estabelecimento do clima de CONFIANÇA e AMIZADE entre magnetizador e magnetizado.

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O Passe Espírita

Módulo 9
AS TÉCNICAS DO PASSE
QUADRO DEMONSTRATIVO DA DIVISÃO DAS TÉCNICAS DO PASSE

Os Passes Concentradores

1. IMPOSIÇÃO DAS MÃOS


Chama-se “Imposição das mãos” o ato do passista
colocar ambas as mãos espalmadas sobre a cabeça ou
qualquer parte do corpo do paciente.

Trata-se de técnica concentradora de fluidos,


dependendo da distancia da aplicação efetuada,
funcionará como concentradora e bastante ativante se
aplicado de perto do paciente - e calmante se aplicado
de longe do paciente.

Técnica
Estender os braços para frente do corpo, pondo as mãos sobre a cabeça do
paciente, ficando as mãos espalmadas para baixo, sem contração ou enrijecimento
muscular, sem se fazer força. Manter-se orando, solicitando a assistência dos bons
espíritos, acionando a vontade de ajudar, de transmitir bons fluidos.

29
O Passe Espírita

Quanto às variações da aplicação, temos:

1.1. Geral ou localizada


Quando aplicada de forma geral aos mãos deverão se impor no centro
coronário.
Quando localizada é usada sobre órgãos afetados ou sobre centros de força,
de conveniência e nas distâncias que os casos requeiram.
1.2. Imposição das mãos simples ou dupla
A imposição simples é feita com uma das mãos. Naturalmente, que a dupla,
com ambas as mãos.
1.3. Palmar ou digital
A palmar refere-se a aplicação com as radiações fluidicas do centro das
mãos, enquanto a digital os dedos tendem a inclinar-se para baixo com as
radiações apartir das pontas dos dedos, sem tensão ou contração.
1.4. Ativante ou calmante
Ativante quando a imposição ocorre a menos de 25 cm do corpo do
paciente, calmante acima de 25 cm.
1.5. Unida ou combinada
Unida quando se usam ambas as mãos no mesmo local. Combinada quando
impõe uma das mãos numa área e a outra noutro órgão ou centro de força.

Imposição dupla Imposição simples Imposição dupla Imposição dupla palmar e


palmar, geral e digital, localizada, palmar, ativante e calmante
unida e ativante combinada

30
O Passe Espírita

2. Sopro quente
O sopro curador é uma modalidade do passe não muito
divulgada entre os espíritas. Entretanto ele é muito
empregado pelo magnetismo na prática vulgar, por quase
todos os que necessitam de socorrer os doentes em angústia.

Técnica
O passe pelo sopro quente é transmitido pela boca; assopra-se com ar aquecido do
estômago sobre o local ou sobre toda a pessoa doente, como no gesto de quem
deseja aquecer as mãos quando atacadas pelo frio.
Por seus efeitos estimulante, cicatrizante, descongestionante, deve ser empregados
contra queimaduras, inflamações locais, dores, etc.

3. Circulares

No passe circular ou rotatório, partindo da “imposição simples”, sobre o local indicado,


a mão começa a fazer movimentos concêntricos no mesmo lugar durante alguns
minutos.

Também pode ser feito com as pontas dos dedos reunidos, o que tem ação mais
profunda no organismo.

Havendo precisão, poderá fazê-lo em combinação das mãos, estando uma (a esquerda,
por exemplo) na cabeça do doente fazendo “imposição simples” e outra (a direita)
aplicando o passe circular.

Quanto às variações da aplicação, temos:

31
O Passe Espírita

Os Passes Movimentadores e Distribuidores

1. Longitudinal

Passe longitudinal é aquele feito ao longo do corpo, de


cima para baixo. A base fundamental desta aplicação é a
formação de uma corrente de fluidos que, partindo do
passista e veiculado pelas suas mãos, transmite-se ao
corpo do paciente em todo o seu campo vibratório.

Técnica:

1º) Concentração e “Imposição” sobre a cabeça.


2º) Descer as mãos lentamente ao longo do corpo do paciente até onde deva ir o passe.
3º) Fechar as mãos e uni-las ao corpo.
4º) Afastar as mãos do corpo e abri-las.
5º) Voltar as mãos em movimento rápido à “imposição” inicial (ponto de partida), para
recomeçar o passe.

Os Passes Dispersadores

1. Transversal
O passe transversal, depois do Circular é o mais aplicado para dispersão de fluidos
acumulados.

A sua técnica é a seguinte:

1º) Extensão dos braços para o paciente até lhe alcançar o tórax, na “imposição dupla”.

2º) Contração dos polegares para baixo como se quisesse ocultá-los sob as mãos.

3º) Abertura dos braços até deixá-los em linha reta com o corpo (em cruz).

4º) Voltar à posição primitiva num movimento vivo e rápido e, assim, repetir várias
vezes.

32
O Passe Espírita

2. Perpendicular

É outro passe que está na ordem dos passes de dispersão. A sua técnica é a seguinte:

1º) O médium coloca-se ao lado do doente estando este na


posição de pé ou sentado.
2º) Fazer “imposição dupla” sobre os lados da cabeça.
3º) Descer rapidamente as mãos, simultaneamente, uma de cada
lado do corpo, começando pelos braços em primeiro lugar,
até os pés.
4º) Pode ser repetido mais de uma vez.

3. Longitudinal

Passe feito rapidamente (cerca de 3 segundos para o percurso cabeça/pés) e a uma


distância de 15 centímetros a mais.

Têm notável poder dispersivo e sua ação também é calmante além de regular a
circulação sangüínea e fluídica.

4. Circulares

Técnica:

Põe-se a mão sobre o ponto que se quer dispersar, à mesma distância que se usou para
o passe ou até mais próximo, com a palma voltada ao ponto que se quer dispersar,
arcando-os os dedos para cima, inteiramente abertos, firmes e imóveis, como se
quisesse dobrá-los para trás.

Atentemos, todavia, para a nossa posição mental, pois não é o simples arcar de dedos
que fará fluir fluidos dispersivos; nossas disposições e comando mentais nesse sentido
são indispensáveis.

Além de dispersiva, esta técnica é excelente para se fazer cessar dores localizadas,
resolver tumores e inflamações.

33
O Passe Espírita

5. Sopro frio

Utilizado para ação dispersiva, nos acúmulos de fluidos,


principalmente nos estados congestivos, depressão nervosa,
vertigens e colapso cardíaco e reter as forças de entidade agressiva
no caso das obsessões, separando obsessor do obsediado.

Para aplicação do sopro fio, observa-se a seguinte regra:

o médium passista coloca-se na posição mais conveniente para o trabalho e, depois de


inspiração profunda, assopra sobre o doente, com força, como se fosse para apagar uma
vela a distância.

Repete a mesma operação por 5 ou 6 vezes em cada sessão.

Recomenda-se muito cuidado nessa operação. Pois, em primeiro lugar, a boa saúde do
médium deve estar em bom equilíbrio orgânico. O estado de sanidade dos pulmões e do
coração é condição essencial.

Técnica de efeito calmante, revigorador, dispersador de fluidos, curativo.

CADA UM DÁ O QUE TEM

O cientista J. Ochorowicz relata, para comprovar a transmissão


das forças fluídicas de um corpo para outro, o fato de um
magnetizador ter tomado dois copos de vinho e logo em seguida
passar a magnetizar, tendo por resultado imediato o doente
apresentar sintomas visíveis de embriaguez, sem, entretanto, ter
tomado uma gota sequer de qualquer bebida alcoólica.

Prova cabal de que o médium com saúde alterada não deve dar passes, pois, em vez de
levar curas ao doente, levará, pelo contágio, mais enfermidades ao pobre, já de si tão
atormentado pelos sofrimentos.

34
O Passe Espírita

Módulo 10
TÉCNICAS COMPLEMENTARES
CHOQUE FLUÍDICO

O choque fluídico ocorre quando os campos áuricos entre o passista e paciente não
encontram ponto de contato.

Tais como: Forte repulsão, forte atração, indiferença, distância, ausência, inapetência de
aplicar o passe, um bem querer súbito, uma piedade filial, vontade de acariciar, e reações
estranhas como tremores, calafrios, arrepios generalizados, sudorese instantânea, ânsias
de vômito, peso na cabeça, braços pesados, braços leves, etc.

ENTRADANDO EM RELAÇÃO FLUÍDICA OU EMPATIA FLUIDICA

PRINCÍPIO:

Para que trocas fluídicas harmoniosas e sem


embaraços ocorram entre os campos fluídicos
do passista e do paciente é necessário que
esses tenham, zonas comuns de bom contato,
de boa relação.

PROCEDIMENTO 1

Ore com fé;

Medite sobre a moral espírita;

Participe do trabalho pleno de boa vontade;

Vibre positivamente pelo bem do paciente;

Envolva-o mentalmente em clima de muita fraternidade;

Nutra muito amor na hora do trabalho.

35
O Passe Espírita

PROCEDIMENTO 2

Vá impondo a(s) mão(s) sobre algum centro vital superior (de preferência, o coronário ou o
frontal), baixando-a(s) lentamente a partir de uma distância aproximada de 1 (um) metro.

Você perceberá que a partir de determinado ponto surgirá uma tênue barreira fluídica,
como a definir uma nova camada de fluidos.

Sobre esse local a sensação de falta de empatia ou desarmonia será mais FORTEMENTE
SENTIDA.

PROCEDIMENTO 3

Volte a(s) mãos ao ponto mais distante e repita o exercício até ter certeza de que o ponto
localizado é sempre o mesmo.

Aí teremos um local “físico” onde mais facilmente estabeleceremos a relação fluídica.

PROCEDIMENTO 4

Localizado este ponto, repouse a(s) mão(s) suavemente sobre ele, procurando emitir uma
vibração de harmonia, como quem abraça um filho recém-nascido, como quem afaga uma
frágil criança. Aja como se estivesse alisando aquela região com profundo carinho.

A(s) mão(s) pode(m) oscilar lenta e suavemente sobre esse local, até perceber que
aconteceu uma espécie de encaixe (uma sensação psíco-tátil sutil, mas perfeitamente
registrável, denotando a superação da dificuldade).

PROCEDIMENTO COMPLEMETAR

Se, depois disso, a antipatia fluídica persistir, faça uma série (algo em torno de 8 a 15) de
dispersivos (passes rápidos ao longo do corpo do paciente) e depois retorne à tentativa de
estabelecimento da relação fluídica.

Com a relação fluídica estabelecida, o passe será muito mais efetivo e as sensações, tanto
no paciente quanto no passista, serão mais amenas e agradáveis. Com isso, os efeitos
benéficos do passe de demorarão por mais tempo e alcançarão mais profundamente os
objetivos almejados.

36
O Passe Espírita

O TATO-MAGNÉTICO

É a técnica com que podemos precisar locais e focos em


desarmonias, e determinar os pontos de aplicação, facilitando uma
fluidificação mais objetiva.

Além de permitir ao passista condição de verificação do estado do paciente após o passe,


evitando que ele saia da cabine ou do atendimento com deficiências, acúmulos,
desarmonias ou descompensações que depois lhe provoquem mal-estares.
Encontrado o ponto ideal para que se estabeleça a relação fluídica, observar a distância em
que se encontra do corpo do paciente.
A partir daí, passemos a(s) mão(s) lentamente sobre todo o corpo do paciente,
conservando sempre a mesma distância e seguindo até o final do circuito (cabeça aos pés).
Quando realizando o tato-magnético, qualquer impulso de doação fluídica deve ser
dominado; a mente deve vibrar no sentido de não expedir, doar ou usinar fluidos.
Aticemos nossa atenção, percepção e acuidade para registrar os locais onde sejam
percebidas mudanças na camada fluídica sob nossa(s) mãos.
As mudanças fluídicas, percebidas nas mãos, mais comuns são:
CALOR SECO, CALOR ÚMIDO, FRIO SECO, FRIO ÚMIDO, CHOQUES, FIBRILAÇÃO, PONTADAS,
SUCÇÕES, SOPROS, VENTOS FORTES, ARDOR, FORTE ATRAÇÃO, FORTE REPULSÃO,
ELEVAÇÕES OU DEPLEÇÕES NA CAMADA FLUÍDICA, SUPERFÍCIE CRESTA OU LISA...
Localizados o(s) ponto(s) que esteja(m) em desarmonia com o todo, inicia-se o tratamento
sempre repetindo o tato-magnético para perceber como está(ão) reagindo ao tratamento.

OBSERVAÇÃO 1
Havendo uma desarmonia generalizada ou de difícil percepção, fazer uma série de
dispersivos e, logo após, repete-se o tato-magnético.
Normalmente, após essa dispersão, o(s) ponto(s) ou foco(s) se sobressaem, pois
momentaneamente os dispersivos “apagam” as desarmonias induzidas em conseqüência
do(s) foco(s).

OBSERVAÇÃO 2
Pode acontecer também que depois dos dispersivos não seja percebida mais qualquer
desarmonia. Isso é indicativo de que o paciente provavelmente estava apenas com seu
campo vital desarmonizado, sem causas mais consistentes, pelo que os dispersivos já
trataram.
Quando for este o caso, fazer mais alguns dispersivos gerais – da cabeça aos pés – e repetir
o tato-magnético mais uma vez.

37
O Passe Espírita

OS CUIDADOS COM A FADIGA FLUÍDICA

“Só poderia acarretar inconveniente, se aquele que a possui abusasse dela, depois de se
haver tornado médium facultativo, porque então se verificaria nele uma emissão
demasiado abundante de fluído vital e, por conseguinte, enfraquecimento dos órgãos”.

Allan Kardec in: O Livro dos Médiuns, cap. 14, item 161.

CONDIÇÕES DE FADIGA FLUÍDICA ENTRE AS DOAÇÕES DE ORIGEM ESPIRITUAL E


HUMANA

1 – O que não se cansa está funcionando como “canal” de energias espirituais enquanto o
segundo estará doando primordialmente o seu magnetismo;

2 – O primeiro, mesmo quando doando energias próprias, o faz em pequenas dosagens,


enquanto o outro em larga escala;

3 – aquele que não se fadiga tem a capacidade de se recompor rapidamente; o outro não
tem essa facilidade natural – é muito raro a pronta recuperação fluídica organo-magnética;

4 – mesmo os dois doando em igualdade de condições, o primeiro tem um potencial


fluídico muito maior que o segundo.

Origem espiritual Origem humana

RECOMENDAÇÕES PARA EVITAR, MINIMIZAR OU SE RECOMPOR DA FADIGA FLUÍDICA

1 - Observação e percepção de cansaço antes, durante e após uma sessão de aplicação de


passes;

2 - Comportamento alimentar e de repouso normal;

3 - Observação no dia seguinte de sintomas ou sinais de dispêndio de fluidos além do


recomendado (sonolência, falta de apetite, enxaqueca e outros;

38
O Passe Espírita

4 - Observação após algum período – semanas ou meses - de prática de passes, de


indisposições ou dores musculares que vão aumentando e aparecendo com uma
freqüência acima do normal;

5 – Como o controle da emissão se adquire com a prática, recomenda-se aos neófitos não
aplicar mais que cinco passes por sessão durante um determinado período (de um a seis
meses);

6 – A recompensação energética se dá através da prece e na confiança no auxílio espiritual;

7 – Complementarmente através de caminhadas ao ar livre, exercícios respiratórios,


alimentação natural e repouso.

8 – Em casos de evidente fadiga fluídica, recomenda-se o recebimento de passes


dispersivos e a ingestão de água fluidificada (especialmente ao levantar-se, em jejum, e ao
deitar-se).

AS FUNÇÕES DO DISPERSIVO

1. Fazem ir para diferentes centros vitais os concentrados fluídicos;


2. Dissipam e desfazem congestões fluídicas;
3. Promovem a saída de agregados fluídicos perniciosos;
4. Filtram os fluidos, refinando-os para atendimentos e alcances diversos;
5. Compactam os fluidos para processos, onde ficam armazenados nas periferias dos
centros vitais, para consumo gradual pelo paciente;
6. Catalizam fluidos, aumentando seu poder e velocidade de penetração, alcance e
transferência entre centros vitais;
7. Decantam os fluidos, retirando impurezas e refinando a textura dos mesmos;
8. Quando em grande circuito, faculta a harmonia e o equilíbrio entre os centros vitais;
9. Esparge as camadas fluídicas superficiais, deixando mais visíveis e sensíveis os focos de
desarmonias do paciente;
10. Elimina os excessos de concentrados fluídicos por ocasião do passe;
11. Resolve desarmonias provocadas por fadigas fluídicas;
12. Corrige eventuais equívocos no uso de técnicas;
13. Redireciona cargas fluídicas entre os centros vitais.

39
O Passe Espírita

Módulo 11
A ÁGUA FLUIDIFICADA

INTRODUÇÃO

“A água é dos corpos o mais simples e receptivos da Terra”.


Emmanuel

“Ela pode adquirir qualidades poderosas e eficientes sob a ação do fluido espiritual
ou magnético ao qual ela serve de veículo ou, se quiserem, de reservatório”.
Allan Kardec

DEFINIÇÃO

Em Espiritismo, denomina-se de água fluidificada aquela que recebeu ação magnética


(de encarnado) ou espiritual (de desencarnado), adquirindo propriedades especiais, de
forma a beneficiar a quem a utilize.

COMO AGE

Ao ser ingerido (uso interno) é metabolizada pelo organismo que absorve as


quintessências que vão atuar no perispírito à semelhança de medicamento
homeopático.
No uso externo pode ela ser aplicada com os melhores resultados nas doenças da pele,
como feridas, queimaduras etc.
“Sendo como um remédio, não devemos abusar de sua utilização, nem empregá-la
indiscriminadamente”.

COMO FLUIDIFICAR A ÁGUA

1) Procure, se possível, local e horário apropriado à prece;


2) Coloque à sua frente um copo ou jarra com água potável;
3) Em prece, impondo ou não as mãos, acima do vasilhame, suplique o benefício de
que deseja fique a água impregnada;
4) Ao final, agradeça a Deus a bênção recebida.

NOTAS
 O vasilhame poderá estar tampado ou não;
 Os magnetizadores, para fluidificarem a água, seguram o vasilhame que a contém;
 Os Espíritos do Bem atuam sobre a água mudando suas propriedades (cor, sabor,
etc.).

40
O Passe Espírita

Módulo 12
Artigos de ALLAN KARDEC

1
No artigo intitulado OS BANQUETES MAGNÉTICOS da Revista Espírita de junho de 1858, Allan
Kardec afirmará: “Em nossa opinião a ciência magnética, que professamos há 35 anos, deveria ser
inseparável da seriedade.”

2
“O Espiritismo e o Magnetismo nos dão a chave de uma imensidade de fenômenos sobre os quais a
ignorância teceu um sem número de fábulas, em que os fatos se apresentam exagerados pela
imaginação. O conhecimento lúcido dessas duas ciências que, a bem dizer, formam uma única,
mostrando a realidade das coisas e suas verdadeiras causas, constitui o melhor preservativo contra
as idéias supersticiosas, porque revela o que é possível e o que é impossível, o que está nas leis da
natureza e o que não passa de ridícula crendice.”
Allan Kardec O Livro dos Espíritos, comentário à resposta n0 555.

3
MAGNETISMO E ESPIRITISMO
Revista Espírita. Março de 1858.

Quando apareceram os primeiros fenômenos espíritas, algumas pessoas pensaram que esta
descoberta, se assim a podemos chamar, iria desferir um golpe de morte no magnetismo e que
aconteceria como nas invenções: a mais aperfeiçoada faz esquecer sua predecessora. Tal erro não
tardou a se dissipar e prontamente se reconheceu o parentesco próximo das duas Ciências. Com
efeito, baseando-se ambas na existência e na manifestação da alma, longe de se combaterem,
podem e devem se prestar mútuo apoio: elas se completam e se explicam mutuamente.
Entretanto, seus respectivos adeptos discordam nalguns pontos: certos magnetistas (1) ainda não
admitem a existência ou, pelo menos, a manifestação dos Espíritos; pensam que podem tudo
explicar só pela ação do fluido magnético, opinião que nos limitamos a constatar, reservando-nos
para a discutir mais tarde. Nós mesmos a partilhávamos a princípio; mas, como tantos outros,
tivemos que nos render à evidência dos fatos. Ao contrário, os adeptos do Espiritismo são todos
concordes com o magnetismo, todos admitem sua ação e reconhecem nos fenômenos
sonambúlicos uma manifestação da alma. Esta oposição, aliás, se enfraquece dia a dia, e é fácil
prever que não está longe o dia em que cessará qualquer distinção. Tal divergência nada tem de
surpreendente. No começo de uma Ciência ainda tão nova é muito fácil que cada um, olhando as
coisas de seu ponto de vista, dela forme uma idéia diferente. As Ciências mais positivas tiveram
sempre, e têm ainda, suas seitas, que sustentam ardorosamente teorias contrárias; os sábios
criaram escola contra escola, bandeira contra bandeira e, muitas vezes, para sua dignidade, as
polêmicas se tornaram irritantes e agressivas para o amor próprio ofendido e ultrapassaram os
limites de uma sábia discussão. Esperemos que os sectários do magnetismo e do Espiritismo,
melhor inspirados, não dêem ao mundo o escândalo de discussões muito pouco edificantes e
sempre fatais à propagação da verdade, seja qual for o lado em que ela esteja. Podemos ter nossa
opinião, sustentá-la e discuti-la: mas o meio de nos esclarecermos não é nos estraçalhando,
processo pouco digno de homens sérios e que se torna ignóbil desde que entre em jogo o interesse
pessoal.

41
O Passe Espírita

O magnetismo preparou o caminho do Espiritismo, e os rápidos progressos desta última doutrina


são incontestavelmente devidos à vulgarização das idéias sobre a primeira. Dos fenômenos
magnéticos, do sonambulismo e do êxtase às manifestações espíritas há apenas um passo; sua
conexão é tal que, por assim dizer, é impossível falar de um sem falar do outro. Se tivermos que
ficar fora da Ciência do magnetismo, nosso quadro ficará incompleto e poderemos ser comparados
a um professor de Física que se abstivesse de falar da luz. Contudo, como o magnetismo já possui
entre nós órgãos especiais justamente acreditados, seria supérfluo insistirmos sobre um assunto
tratado com superioridade de talento e de experiência. A ele não nos referiremos, pois, senão
acessoriamente, mas de maneira suficiente para mostrar as relações íntimas das duas Ciências que,
na verdade, não passam de uma.

Devíamos aos nossos leitores esta profissão de fé, que terminamos com uma justa homenagem aos
homens de convicção que, enfrentando o ridículo, o sarcasmo e os dissabores, dedicaram-se
corajosamente à defesa de uma causa tão humanitária. Seja qual for a opinião dos
contemporâneos sobre o seu proveito pessoal, opinião que é sempre mais ou menos o reflexo das
paixões vivazes, a posteridade far-lhes-á justiça: ela colocará os nomes do Barão Du Potet, diretor
do Journal du Magnétisme, do Sr. Millet, diretor da Union Magnétique, ao lado de seus ilustres
pioneiros, o Marquês de Puységur e o sábio Deleuze. Graças aos seus esforços perseverantes, o
magnetismo, popularizado, fincou pé na Ciência oficial, onde já se fala dele aos cochichos. Este
vocábulo passou à linguagem comum: já não afugenta e, quando alguém se diz magnetizador, já
não lhe riem no rosto.

1. Magnetizador é o que pratica o magnetismo: magnetista é aquele que lhe adota os princípios.
Pode-se, pois, ser magnetista sem ser magnetizador; mas não se pode ser magnetizador sem ser
magnetista.

4
O MAGNETISMO PERANTE A ACADEMIA
Revista Espírita. Janeiro de 1860.

Deixado à porta, o Magnetismo entrou pela janela, graças a um disfarce e a um outro nome.
Em vez de dizer: Sou o magnetismo, o que provavelmente não lhe teria dado acolhida favorável,
disse: Chamo-me hipnotismo (do grego hypnos, sono). Graças a esta palavra de passe, entrou, após
vinte anos de paciência, Mas não perdeu por esperar, pois soube fazer-se introduzir por uma das
maiores sumidades. Teve o cuidado de evitar, na apresentação, o seu cortejo de passes, de
sonambulismo, de visão à distancia, de êxtases, que o teriam traído. Disse simplesmente: Sois bons
e humanos; vosso coração sangra ao ver sofrer os vossos doentes; procurais um meio de
adormecer a der do paciente, cortado pelo vosso escalpelo; o que empregais, às vezes é muito
perigoso. Eu vos trago um mais simples e que, em todo caso, não têm inconvenientes. Estava certo
de ser ouvido, falando em nome da humanidade. E acrescentou astucioso: Sou da família, pois devo
a vida a um dos vossos. Pensava, não sem alguma razão, que essa origem não o prejudicaria.
Se vivêssemos ao tempo da Grécia, brilhante e poética, diríamos: O Magnetismo, filho da
natureza e de um simples mortal, foi proscrito do Olimpo porque tinha ferido os privilégios de
Esculápio e marchado ao seu lado, gabando-se de poder curar sem o seu concurso. Errou muito
tempo pela Terra, onde ensinou aos homens a arte de curar por meios novos; desvendou ao vulgo
uma porção de maravilhas que, até então, tinham sido misteriosamente escondidas nos templos;
mas aqueles cujos segredos haviam revelado, desmascarando-lhes a charlatanice, o perseguiram a
pedradas, de tal sorte que foi, ao mesmo tempo, banido pelos deuses e maltratado pelos homens.

42
O Passe Espírita

Nem por isso deixou de continuar a espalhar seus benefícios, aliviando a humanidade, certo
de que um dia a sua inocência seria reconhecida, de que um dia lhe fariam justiça. Teve um filho,
cujo nascimento escondeu cuidadosamente, receoso de lhe atrair perseguições, E o
chamou Hipnotismo. Este filho partilhou longamente de seu exílio e durante esse tempo se instruía.
Quando o julgou bem formado, disse-lhe: Vai te apresentar no Olimpo guarda-te de dizer que és
meu filho; teu nome e um disfarce facilitarão a tua entrada; Esculápio te apresentará. — Como?
meu pai! Esculápio, teu mais encarniçado inimigo! aquele que te proscreveu! — Ele mesmo te
estenderá a mão! — Mas se me reconhecer, expulsar-me-á. — Ora! Se te expulsar, virás junto a
mim e continuaremos nossa obra beneficente entre os homens, à espera de melhores dias. Mas
fica tranqüilo: tenho muita esperança. Esculápio não é mau; ele quer, antes de tudo, o progresso da
Ciência, do contrário não seria digno de ser o deus da Medicina. Aliás, talvez eu tenha cometido
algumas faltas para com ele; ofendido por me ver denegrir, eu me exaltei, eu o ataquei
imprudentemente. Prodigalizei-lhe injúrias, insultei-o, vilipendiei-o, chamando-o de ignorante. Ora,
isto é um meio ruim de tratar os homens e os deuses, e seu amor-próprio ferido irritou-se um
instante contra mim. Não faças como eu, meu filho. Se mais prudente e, sobretudo, mais polido. Se
os outros não o forem para contigo, o erro será deles, e a razão, tua. Vai, meu filho, e lembra-te
que não se apanham moscas com vinagre. — Assim falou o pai. Hipnotismo partiu timidamente
para o Olimpo; o coração lhe batia forte, quando se apresentou à soleira da porta sagrada. Mas —
ó surpresa! — o próprio Esculápio estende a mão e o introduz!
Assim, eis o Magnetismo no lugar. Que vai fazer? Oh! Não acrediteis na vitória definitiva;
ainda estamos nas preliminares da paz. É uma primeira barreira derrubada — eis tudo. O passo é
importante, sem dúvida, mas não penseis que os inimigos vão confessar-se vencidos. O próprio
Esculápio, o grande Esculápio, que o reconheceu por seus traços de família, dificultava
enormemente sua defesa, pois seriam capazes de mandá-lo a Charenton. Vão dizer que é...
qualquer coisa... mas que, seguramente, não é magnetismo. Vá! Não chicanemos com as palavras:
será tudo o que quiserem; mas, enquanto se espera, é um fato que terá conseqüências. Ora, eis as
conseqüências. Inicialmente vão ocupar-se apenas do ponto de vista anestésico (do
grego aisthesis, sensibilidade e a,privativo, isto é, privação geral ou parcial da faculdade de sentir) e
isto por força da predominância das idéias materialistas, pois ainda há tanta gente, sem dúvida por
modéstia, que teima em se reduzir ao papel de grelha que, quando estragada é atirada ao ferro
velho, sem deixar vestígios! Assim, vão examinar o fato de todas as maneiras, ainda que por mera
curiosidade. Vão estudar a ação das várias substâncias, para produzir o fenômeno da catalepsia.
Depois, um belo dia, reconhecerão que basta pôr o dedo. Mas não é tudo. Observando o fenômeno
da catalepsia, outros surgirão espontaneamente. Já foi notada a liberdade de pensamento durante
a suspensão das faculdades orgânicas. Assim, o pensamento independe dos órgãos. Há, pois, no
homem, algo além da matéria. Ver-se-á a manifestação de faculdades estranhas: a vista adquirir
uma amplitude insólita, transpondo os limites dos sentidos; todas as percepções deslocadas; numa
palavra, é um vasto campo para a observação e não faltarão observadores. O santuário está aberto,
e esperamos que dele jorrará a luz, a menos que o celeste areópago não deixe a honra a mais
ninguém.
Nossos leitores tenham a bondade de ver o notável artigo que o Sr. Victor Meunier, redator
do Ami des Sciences, publicou sobre esse interessante assunto, na Revista científica hebdomadária
do Siècle, de 16 de dezembro de 1859:
"O Magnetismo animal, conduzido à Academia pelo Sr. Broca, apresentado à ilustre
companhia pelo Sr. Velpeau, experimentado pelos srs. Follin, Verneuil, Faure, Trousseau,
Denonvilliers, Nélaton, Azam, Ch. Robin, etc., todos cirurgiões dos hospitais, é a grande novidade
do dia.
As descobertas, como os livros, têm o seu destino. A de que vamos tratar não é nova. Data
de uns vinte anos, e nem na Inglaterra, onde nasceu, nem na França, onde, no momento, não se
ocupa de outra coisa, lhe faltou publicidade.

43
O Passe Espírita

Um médico escocês, o Dr. Braid, a descobriu e lhe consagrou um livro: Neurypnology or the
rationale of nervous sleep, considered in relation with animal magnetism1. Um célebre médico
Inglês, o Dr. Carpenter, analisou detidamente a descoberta do Dr. Braid no artigo sleep (sono) da
Enciclopédia de Anatomia e Fisiologia de Tood (Cyclopedia of Anatomy and Physiology). Um ilustre
cientista francês, o Sr. Littré, reproduziu a análise do Dr. Carpenter na segunda edição do Manuel
de Physiologie de S. Mueller. Enfim, nós mesmos consagramos um de nossos folhetins da Presse, de
7 de julho de 1852 aohipnotismo, nome dado pelo Dr. Braid ao conjunto de fatos de que se trata. A
mais recente das publicações relativas ao assunto data, pois, de sete anos. E eis que, quando o
julgavam esquecido, ele adquire esta imensa repercussão.
Há no hipnotismo duas coisas: um conjunto de fenômenos nervosos, e o processo por meio
do qual são produzidos.
O processo empregado outrora, se não me engano, pelo Abade Faria, é de grande
simplicidade.
Consiste em manter um objeto brilhante em frente aos olhos da pessoa com a qual se
experimenta a pequena distância da raiz do nariz, de modo que só o possa olhar enviesando os
olhos para dentro; ela deve fixar os olhos sobre ele. A princípio as pupilas se contraem, depois se
dilatam bastante e, em poucos instantes produz-se o estado cataléptico. Levantando-se os
membros do paciente, estes conservam a posição que se lhes dá. É apenas um dos fenômenos
produzidos; dos outros falaremos oportunamente.
O Sr. Azam, professor substituto de clinica cirúrgica da Escola de Medicina de Bordéus, tendo
repetido com sucesso as experiências do Dr. Braid, trocou idéias com o Dr. Paul Broca, que pensou
que as pessoas hipnotizadas talvez fossem insensíveis à dor das operações cirúrgicas. A carta que
acaba de dirigir à Academia das Ciências é o resumo de suas experiências a respeito.
Antes de tudo devia ele assegurar-se da realidade do hipnotismo, E o conseguiu sem
dificuldades.
Visitando uma senhora de uns quarenta anos, algo histérica, e que estava acamada por
ligeira indisposição, o Dr. Broca fingia querer examinar os olhos da paciente e lhe pedia olhasse
fixa-mente um frasquinho dourado que ele segurava a uns quinze centímetros da raiz do nariz. Ao
cabo de três minutos os olhos ficaram um pouco vermelhos, os traços imóveis, as respostas lentas e
difíceis, mas perfeitamente racionais. O Dr. Broca levantou o braço da doente e este se manteve na
posição deixada; deu aos dedos as mais extremas situações e eles as conservaram; beliscou a pele
em vários pontos, com certa força e, ao que parece, a paciente nada sentiu. Catalepsia,
insensibilidade! O Dr. Broca não levou adiante a experiência: esta lhe havia ensinado o que queria
saber. Uma fricção sobre os olhos, uma insuflação de ar frio na fronte trouxeram a doente ao
estado normal. Não tinha a menor lembrança do que se havia passado.
Restava saber se a insensibilidade hipnótica resistiria à prova das operações cirúrgicas.
Entre os doentes do Hospital Necker, no serviço do Dr. Follin, estava uma pobre senhora de
24 anos, vitima de extensa queimadura nas costas e nos dois membros direitos e de um abscesso
extremamente doloroso. Os menores movimentos lhe eram um suplício. Esgotada pelo sofrimento
e, de resto, muito pusilânime, essa infeliz pensava com terror na operação que se fazia necessário.
Foi nela que, de acordo com o Dr. Follin, o Dr. Broca resolveu completar a prova do hipnotismo.
Puseram-na num leito em frente à janela, prevenindo-a que ia dormir. Ao cabo de dois
minutos suas pupilas se dilataram, levantaram o braço esquerdo quase verticalmente acima do
leito e ele ficou imóvel. Ao quarto minuto suas respostas são lentas e quase penosas, mas
perfeitamente sensatas. Quinto minuto: o Dr. Follin belisca a pele do braço esquerdo e a doente
não o acusa; nova picada mais funda, que produz sangue, e a mesma impassibilidade. Levantam o
braço direito, que fica no ar. Então as cobertas são levantadas e os membros inferiores afastados,
para deixar a descoberto a sede do abscesso.

44
O Passe Espírita

A doente consentia e disse com tranqüilidade que, sem dúvida, iriam magoá-la. Aberto o
abscesso solta um grito fraco: foi o único sinal de reação e durou menos de um segundo. Nem o
menor tremor de músculos do rosto ou dos membros, nem uma agitação nos braços, sempre
elevados verticalmente acima do leito. Os olhos um pouco injetados estavam largamente abertos; o
rosto tinha a imobilidade de uma máscara...
Levantado o pé esquerdo, fica suspenso. Tiram o objeto brilhante, uma luneta. Persiste a
catalepsia; pela terceira vez picam o braço esquerdo, o sangue borbulha e a operada nada sente.
Há 13 minutos o braço guarda a posição que lhe foi dada.
Enfim, uma fricção nos olhos, uma insuflação de ar fresco, despertam a jovem senhora quase
que subitamente; relaxados, os braços e a perna esquerda caem de repente na cama. Ela esfrega os
olhos, retoma a consciência, de nada se lembra e se admira de que a tenham operado. A
experiência tinha durado de 18 a 20 minutos; o período de anestesia, de 12 a 15.
Tais são, em resumo, os fatos essenciais comunicados pelo Dr. Broca à Academia das
Ciências. Já não são mais isolados. Um grande número de cirurgiões de nossos hospitais tiveram a
honra de repeti-los, e o fizeram com sucesso. O objetivo do Dr. Broca e de seus ilustres colegas era,
e deveria ser, cirúrgico. Esperemos que, como meio de provocar a insensibilidade, tenha o
hipnotismo todas as vantagens dos agentes anestésicos, sem lhes ter os inconvenientes. Mas a
Medicina não é do nosso domínio e, para não sair de suas atribuições, nossa Revista não deve
considerar o fato senão sob o ponto de vista fisiológico.
Depois de haver reconhecido a veracidade do Dr. Braid sobre o ponto essencial, certamente
ter-se-á que verificar tudo o que respeita a este estado singular, ao qual se dá o nome de
hipnotismo. Os fenômenos que ele lhe atribui podem ser assim classificados:
Exaltação da sensibilidade. O olfato é levado a um grau de sensibilidade pelo menos igual ao
que se observa nos animais de melhor olfato. A audição também se torna muito penetrante. O
tacto adquire, sobretudo em relação à temperatura, uma incrível delicadeza.
Sentimentos sugeridos. Ponde o rosto, o corpo ou os membros do paciente na atitude que
convém à expressão de um sentimento particular e logo se desperta o estado mental
correspondente. Assim, colocada no alto da cabeça a mão do hipnotizado, ele se retesa
espontaneamente, inclinando o corpo para trás; sua atitude é a do mais puro orgulho. Se nesse,
momento se lhe curvar a cabeça para a frente, dobrando levemente o corpo e os membros, o
orgulho é substituído pela mais profunda humildade. Afastando levemente os cantos da boca,
como no riso, logo se produz uma disposição alegre. O mau humor sobrevém imediatamente
quando se faz as sobrancelhas convergirem para baixo.
Idéias provocadas. Levante-se a mão do paciente acima da cabeça, dobrem-se os dedos
sobre a palma, e é suscitada a idéia de subir, de se balançar ou puxar uma corda. Se, ao contrário se
dobrarem os dedos, deixando o braço pendente, provoca-se a idéia de levantar um peso. Se os
dedos forem fechados e o braço levado à frente, como para dar um soco, é sugerida a idéia de
jogar box. (A cena se passa em Londres).
Acréscimo de força muscular. Se se quiser suscitar uma força extraordinária num grupo de
músculos, basta sugerir ao paciente a idéia da ação que reclama essa força e lhe assegurar que o
pode realizar com a maior facilidade, caso queira. Diz o Dr. Carpenter: "Vimos um paciente
hipnotizado pelo Dr. Braid, notável pela pobreza de desenvolvimento muscular, levantar com o
polegar um peso de quatorze quilos e girá-lo em volta da cabeça, certo de que o peso era leve
como uma pluma."
Limitamo-nos, por hoje, à indicação deste esquema. Aos fatos a palavra; as reflexões virão
depois.

(1) Neuripnologia ou o fundamento do sono nervoso, considerado em relação com o magnetismo


animal.

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O Passe Espírita

As proposições sobre o magnetismo animal


por Anton Mesmer, 1779

1º. Existe uma influência mútua entre os corpos celestes, a terra e os corpos animados.
2º. Um fluido universalmente propagado e contínuo, de modo a não sofrer qualquer vazio, cuja sutileza não permite
comparações, e que, por sua natureza é suscetível de receber, propagar e comunicar todas as impressões do
movimento, é o meio desta influencia.
3º. Essa ação recíproca está submetida a leis mecânicas desconhecidas até o presente.
4º. Resultam dessa ação efeitos alternativos que podem ser considerados como um fluxo e refluxo.
5º. Este fluxo e refluxo é mais ou menos geral, mais ou menos particular, mais ou menos composto, segundo a natureza
das causas que o determinam.
6º. É por essa operação, a mais universal que a natureza nos oferece, que as relações de atividade se exercem entre os
corpos celestes, a Terra e suas partes constitutivas.
7º. As propriedades da matéria e dos corpos organizados dependem desta operação.
8º. O corpo animal prova os efeitos alternativos deste agente, que ao se insinuar na estrutura dos nervos, afeta-os
imediatamente.
9º. Ele manifesta, especialmente no corpo humano, propriedades análogas ao ímã. Distinguem-se pólos igualmente
diferentes e opostos, que podem ser comunicados, trocados, destruídos e reforçados; o próprio fenômeno da
inclinação é também ai observado.
10º. A propriedade do corpo animal que o torna suscetível à influencia dos corpos celestes e a ação recíproca daqueles
que o cercam, manifesta pela sua analogia com o ímã, me determinou a chama-lo: “Magnetismo Animal”.
11º. A ação e a virtude do Magnetismo Animal assim caracterizados podem ser comunicados a outros corpos animados e
inanimados. Uns e outros, entretanto, são mais ou menos suscetíveis.
12º. Essa ação e essa virtude do Magnetismo Animal podem ser reforçadas e prolongadas por esses mesmos corpos.
13º. Observa-se, em experiências, o escoamento de uma matéria, cuja sutileza penetra todos os corpos, sem perder
praticamente sua atividade.
14º. Sua ação realiza-se a distância afastada, sem a intervenção de qualquer corpo, intermediário.
15º. Ela é aumentada e refletida pelos espelhos, tal como a luz.
16º. Ela é comunicada propagada e aumentada pelo som”.
17º. Essa virtude magnética pode ser acumulada, concentrada, transformada.
18º. Disse que os corpos animados não são igualmente suscetíveis; acontece mesmo, ainda que muito raramente, que
têm uma propriedade tão oposta que sua simples presença destrói todos os efeitos desse magnetismo em outros
corpos.
19º. Essa virtude oposta também penetra todos os corpos; ela pode ser comunicada, propagada, acumulada e
transformada, refletida por espelhos e propagada pelo som; o que constitui não apenas uma privação, mas uma
virtude oposta: positiva.
20º. O ímã, natural ou artificial, é suscetível ao magnetismo animal e à virtude oposta, sem que sua ação sobre a agulha
seja alternada; o princípio do magnetismo animal difere, portanto, do mineral.
21º. Este sistema fornecerá esclarecimentos sobre a natureza do fogo e da luz, bem como pela teoria da atração, sobre o
fluxo e o refluxo do ímã e da eletricidade.
22º. Ele permitirá saber que o ímã e a eletricidade artificial têm, em relação às doenças, apenas propriedades comuns a
um grande número de outros agentes e que, se resultam alguns afeitos úteis da administração daqueles, isso se deve
ao magnetismo animal.
23º. Reconhecer-se-á, por esses fatos, segundo as regras práticas que estabeleci, que o princípio pode curar diretamente
as doenças dos nervos e indiretamente as demais.
24º. Com sua ajuda, o médico é esclarecido sobre a utilização dos medicamentos; aperfeiçoa sua ação, provoca e dirige as
crises salutares, de modo a se tornar o senhor da situação.
25º. Ao comunicar meu método, demonstrarei por uma nova teoria das doenças, a unidade universal do princípio que lhe
aponho.
26º. Com este conhecimento, o médico julgará seguramente a natureza e o progresso das doenças, mesmo das mais
complicadas; ele impedirá seu desenvolvimento e alcançará sua cura, sem jamais expor o doente a efeitos perigosos
ou a resultados inoportunos, seja qual for à idade, o temperamento ou o sexo. As mulheres grávidas e por ocasião dos
partos gozarão das mesmas vantagens.
27º. Esta doutrina, enfim colocará o médico em condições de julgar corretamente o grau de saúde de cada indivíduo e de
preservá-lo das doenças às quais ele possa estar exposto. A arte de curar chegará à sua maior perfeição.

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