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§ 1º Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 2° Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incurável;
III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem
assumiu o risco de produzi-lo:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Diminuição de pena
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob
o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode
reduzir a pena de um sexto a um terço.
Substituição da pena
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa,
de duzentos mil réis a dois contos de réis:
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
II - se as lesões são recíprocas.
§ 6º Se a lesão é culposa:
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
Aumento de pena
§ 7º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4º e 6º do
art. 121 deste Código.
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1º a 3º deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no §
9º deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço).
§ 11. Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for
cometido contra pessoa portadora de deficiência.
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da
Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança
Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro
ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de
um a dois terços.
§ 13. Se a lesão for praticada contra a mulher, por razões da condição do sexo feminino, nos
termos do § 2º-A do art. 121 deste Código: (Incluído pela Lei nº 14.188, de 2021)
O delito de lesão corporal pode ser conceituado como a ofensa à integridade corporal
ou à saúde, ou seja, o dano ocasionado à normalidade funcional do corpo humano,
quer do ponto de vista anatômico, quer do ponto de vista fisiológico ou mental
(MIRABETE, 2011, p. 103).
2) Objeto Jurídico
O bem jurídico tutelado pelo crime de lesões corporais é a integridade física e psíquica
do ser humano. É a incolumidade pessoal do indivíduo.
Ex. 1: O indivíduo corta um dedo da própria mão, simulando um acidente para receber
indenização de seguro. Caracteriza-se o crime do art. 171, § 2º, V, CP (Fraude para
recebimento de indenização ou valor de seguro).
Ex. 2: Indivíduo que se automutila para esquivar-se do serviço militar (art. 184 do
Código Penal Militar).
3.2. Sujeito Passivo
O verbo núcleo é “ofender”. Tal ofensa pode ser perpetrada por qualquer meio idôneo,
pois que se trata de crime de forma livre.
Alguns autores (v.g. Aníbal Bruno e Heleno Fragoso) defendem tratar-se de crime de
lesões corporais. Para tanto, é indispensável que a ação provoque alteração
desfavorável no aspecto exterior do indivíduo.
Pluralidade de vítimas?
Se há pluralidade de vítimas (ex.: indivíduo que agride e lesiona as vítimas A, B e C),
ocorre, obviamente, pluralidade de crimes. O mesmo se pode dizer se uma mesma
pessoa é agredida várias vezes, sofrendo lesões diversas em ocasiões distintas (ex.: o
autor agride a vítima hoje e depois novamente a agride no outro dia ou no mesmo dia,
mas em outro contexto).
Atenção!
Se as lesões fazem parte do contato físico normal da prática esportiva (ex.: futebol,
basquete, boxe etc.), são atípicas, pois são consideradas socialmente adequadas
(Teoria da Adequação Social – Hans Welzel), configurando um risco permitido na vida
social (Teoria da Imputação Objetiva – Claus Roxin). Nas palavras de Guilherme de
Souza Nucci:
“(...) lesões praticadas no esporte: trata-se, via de regra, de exercício regular de direito, quando
respeitadas as regras do esporte praticado. Exemplo disso é a luta de boxe, cujo objetivo é
justamente nocautear o adversário. Fugindo das normas esportivas, deve o agente responder pelo
abuso ou valer-se de outra modalidade de excludente, tal como o consentimento do ofendido;”
1º) É hipótese de atipicidade (Bento de Faria) não existe ajuste do comportamento dele ao tipo
penal;
2º) Ausência de dolo (Francisco de Assis Toledo) quando o médico intervém ele tem o dolo de
curar e não dolo de ofender;
3º) Descriminante supralegal do consentimento do ofendido;
4º) Exercício Regular de um Direito;
5º) Tipicidade conglobante (Zaffaroni);
6º) Teoria da Imputação Objetiva: são isentas as condutas que são dirigidas à diminuição de um
risco ou a evitar um dano maior ao bem jurídico, o que certamente ocorre nos casos de
intervenções cirúrgicas.
7º) Teoria da Adequação Social: medicina é uma atividade não somente socialmente adequada
e admitida, mas também indispensável para a sociedade.
A tentativa é possível.
7) Lesão Corporal Dolosa de Natureza Leve
O conceito de lesão leve é formado por exclusão, ou seja, se não for o caso de lesões
graves, gravíssimas ou seguidas de morte, terão ocorrido lesões corporais leves (art.
129, caput, CP).
Pergunta: Um bebê de 2 meses de vida pode ser vítima de lesão grave na hipótese do
inciso I? Se ele ficar incapacitado para mamar diretamente na mãe sofreu lesão de
natureza grave.
Atenção! O prazo de 30 dias a ser ultrapassado para a caracterização da lesão grave
não se refere ao tempo de recuperação da lesão, mas sim à incapacitação da vítima.
CPP
Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, proceder-se-
á a exame complementar por determinação da autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a
requerimento do Ministério Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor.
[...]
§ 2º. Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no art. 129, § 1o, I, do Código Penal,
deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da data do crime.
Art. 129. [...] § 1º Se resulta:
II - perigo de vida;
A primeira observação importante neste caso é que essa modalidade de lesão grave só
pode ser admitida de forma preterdolosa. Na forma dolosa haveria tentativa de
homicídio.
Inclusive o Laudo do IML nestes casos deve ser bem fundamentado pelo perito, não
bastando apenas dizer que houve perigo de vida, mas apontar em que consistiu esse
perigo.
Art. 129. [...] § 1º Se resulta:
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
Podem atingir:
a) membros – braços e pernas;
b) sentidos – visão, audição, olfato, paladar e tato;
c) função – atividades que são desenvolvidas por um conjunto de órgãos (exs.:
respiratória, circulatória, digestiva, locomotora, reprodutora, mastigatória etc.).
São exemplos de lesões dessa espécie:
Nestes casos não importa que a debilidade possa ser atenuada por meio do uso de
próteses.
Art. 129. [...] § 1º Se resulta:
IV - aceleração de parto:
Ocorre quando a lesão leva à antecipação do parto. Neste caso ocorre um parto
prematuro e o nascido sobrevive; se ocorrer aborto, há lesão gravíssima (art. 129, § 2º,
V, CP).
Atenção! Acaso o sujeito ativo desconheça a gravidez da vítima, não pode ser
responsabilizado pela lesão grave, pois se exige ao menos conduta culposa para
possibilitar sua responsabilização (art. 19, CP).
Art. 129. [...] § 2º Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
Pergunta: Qual trabalho? É para qualquer trabalho ou só para o trabalho que exercia
antes da lesão?
Prevalece que só incide essa qualificadora se ficar incapacidade para todo e qualquer
tipo de trabalho. Por outro lado, Mirabete entende que basta ficar incapacitado para o
exercício do trabalho que era anteriormente executado pela vítima (é corrente
minoritária)
Art. 129. [...] § 2º Se resulta:
II - enfermidade incurável;
Deformidade será considerada toda lesão que acarrete um prejuízo estético à vítima.
Ao contrário de outros países como a Itália e a Argentina, o nosso Código Penal não
considera a qualificadora apenas nos casos de lesão no rosto, mas sim abrangendo
todo o corpo, mesmo que tenha atingido região visível somente em momentos de
maior intimidade.
Atenção!
Não importa que a vítima possa disfarçar a deformidade com artifícios como perucas,
cremes, maquiagens, roupas com gola alta ou manga comprida etc.
Também não importa que a deformidade possa ser reparada por cirurgia plástica, não
estando a vítima obrigada a submeter-se a esse tipo de intervenção.
A doutrina e a jurisprudência têm reconhecido que no caso da deformidade a vítima
não está obrigada a submeter-se a cirurgia plástica, de modo que a mera possibilidade
de reparação do dano estético não desconfigura a qualificadora.
Magalhães Noronha observa que na deformidade devem ser levados em conta
aspectos sociais, etários e sexuais, aduzindo que a deformidade de um gilvaz na face de
uma donzela não se pode comparar a uma cicatriz no peito de um estivador ou mesmo
no rosto de um ancião já marcado pelas rugas (NORONHA, 1990, p. 72).
Informativo nº 0562 (18 a 28 de maio de 2015)
SEXTA TURMA
O crime de lesões corporais seguidas de morte não existe na forma tentada, pois que
tal fato configuraria tentativa de homicídio.
10) Lesão Corporal Dolosa Privilegiada
I – Nas hipóteses em que o agente comete o crime impelido por motivo de relevante
valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta
provocação da vítima;
II – Quando as lesões forem mútuas.
2º) Ambos se ferem e dizem ter agido em legítima defesa, não havendo prova do início
da agressão: nesta hipótese, ambos devem ser absolvidos;
3º) Ambos são culpados e nenhum agiu em legítima defesa: devem os dois serem
condenados com o privilégio.
12) Lesão Corporal Culposa
Trata-se dos casos em que a lesão corporal é causada por imprudência, negligência ou
imperícia.
Nestes casos não há distinção entre lesões leves, graves ou gravíssimas, sendo fato que
sempre a tipificação recairá no § 6º do art. 129, CP. No entanto, a gravidade das lesões
será considerada na dosimetria da pena nos moldes do art. 59, CP (“consequências do
crime”).
13) Lesão Corporal Culposa Majorada
Valem aqui os comentários já expostos com relação ao perdão judicial previsto para o
homicídio.
15) Violência Doméstica
O presente dispositivo teve redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006 – “Lei Maria da
Penha”.
A vítima necessariamente tem que ser mulher? Não! A forma qualificada de lesão
corporal não restringe o sujeito passivo, abrangendo ambos os sexos.
Violência doméstica e princípio da insignificância
Ementa
EMENTA: HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL. LESÃO CORPORAL. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA.
PRETENSÃO DE APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA: IMPOSSIBILIDADE. ORDEM
DENEGADA. 1. Para incidência do princípio da insignificância devem ser relevados o valor do
objeto do crime e os aspectos objetivos do fato, a mínima ofensividade da conduta do agente, a
ausência de periculosidade social da ação, o reduzido grau de reprovabilidade do
comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica causada. 2. Na espécie vertente, não se
pode aplicar ao Recorrente o princípio pela prática de crime com violência contra a mulher. 3. O
princípio da insignificância não foi estruturado para resguardar e legitimar condutas
desvirtuadas, mas para impedir que desvios de conduta ínfimos, isolados, sejam sancionados
pelo direito penal, fazendo-se justiça no caso concreto. 4. Comportamentos contrários à lei
penal, notadamente quando exercidos com violência contra a mulher, devido à expressiva
ofensividade, periculosidade social, reprovabilidade do comportamento e lesão jurídica
causada, perdem a característica da bagatela e devem submeter-se ao direito penal. 5. Recurso
ao qual se nega provimento.
STJ
Não se aplica à violência doméstica e familiar as agravantes do art. 61, II, “e” e “f”, do CP:
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:
[...]
II - ter o agente cometido o crime:
[...]
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade,
ou com violência contra a mulher na forma da lei específica;
16) Lesão corporal grave, gravíssima ou seguida de morte majorada pela violência
doméstica familiar
Art. 2º Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza
física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir
sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.
§ 1º A avaliação da deficiência, quando necessária, será biopsicossocial, realizada por equipe
multiprofissional e interdisciplinar e considerará:
I - os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo;
II - os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais;
III - a limitação no desempenho de atividades; e
IV - a restrição de participação.
§ 2º O Poder Executivo criará instrumentos para avaliação da deficiência.
18) Lesão corporal contra autoridade ou agente de segurança pública
Lei nº 8.072/90
Art. 1º. São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de
7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados:
[...]
I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2º) e lesão corporal seguida de morte
(art. 129, § 3º), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da
Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição;
19) Ação Penal
Exceções: Lesão corporal de natureza leve (“caput”) e culposa (§6º) – Ação Penal
Pública Condicionada à Representação da Vítima ou de seu Representante Legal.