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Inquérito 4.831 Distrito Federal Agravante: Jair Messias Bolsonaro
Inquérito 4.831 Distrito Federal Agravante: Jair Messias Bolsonaro
Advogado-Geral da União
RAZÕES DO AGRAVO
Excelso Pretório,
Eminentes Ministros,
I - DO CABIMENTO
II - DA TEMPESTIVIDADE
1 “Art. 39 - Da decisão do Presidente do Tribunal, de Seção, de Turma ou de Relator que causar gravame à parte, caberá agravo para o
órgão especial, Seção ou Turma, conforme o caso, no prazo de cinco dias.”
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“Art. 798. Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e peremptórios, não se
interrompendo por férias, domingo ou dia feriado.
(...)
§ 3o O prazo que terminar em domingo ou dia feriado considerar-se-á prorrogado até o dia
útil imediato.
IV – DOS FUNDAMENTOS
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A Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º, incisos LIII e XXVII, consagra o
princípio do juiz natural, ao asseverar que: “não haverá juízo ou tribunal de exceção” e “ninguém será
processado nem sentenciado senão pela autoridade competente”. Referido postulado goza de duas facetas,
uma positiva, a que obsta o processamento e julgamento por autoridade incompetente e, quanto
à negativa, a que proíbe a constituição de tribunais de exceção ou post factum.
Na mesma direção é o Pacto de San Jose da Costa Rica que, em seu art. 8º, item 1,
assevera que “Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um prazo razoável,
por um juiz ou tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na apuração de
qualquer acusação penal formulada contra ela, ou para que se determinem seus direitos ou obrigações de natureza
civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza.”
Igualmente, é sabido que esse processo judicial diz respeito a “possíveis crimes de
corrupção passiva (art. 317-CP), prevaricação (art. 319-CP), advocacia administrativa (art. 321-CP) e tráfico de
influência (art. 332-CP), por parte do ex-Ministro da Educação Milton Ribeiro, com possíveis envolvimentos dos
Pastores Gilmar Santos e Arilton Moura Correa, além de Luciano Freitas Musse”, conforme relatório da
decisão do magistrado singular.
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“Art. 40. Quando, em autos ou papéis de que conhecerem, os juízes ou tribunais verificarem a
existência de crime de ação pública, remeterão ao Ministério Público as cópias e os documentos
necessários ao oferecimento da denúncia.”
2 RISTF: - “Art. 21. São atribuições do Relator: xv – determinar a instauração de inquérito a pedido do
Procurador-Geral da República, da autoridade policial ou do ofendido, bem como o seu arquivamento, quando o
requerer o Procurador-Geral da República, ou quando verificar:” (Redação dada pela Emenda Regimental n. 44, de 2 de
junho de 2011)
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deve o magistrado manter-se apartado da fase investigativa, atribuição que deve repousar nas
autoridades policiais e no Ministério Público, ressalvada a análise de questões agasalhadas pela
cláusula de reserva de jurisdição, vg., adoção de medidas cautelares e quebras, de modo a
preservar sua imparcialidade para eventual julgamento do caso:
“a gestão das provas é função das partes, cabendo ao juiz um papel de garante das regras do
jogo, salvaguardando direitos e liberdades fundamentais (...) Pelo sistema acusatório, acolhido
de forma explícita pela Constituição Federal de 1988 (art. 129, inciso I), que tornou
privativa do Ministério Público a propositura da ação penal pública, a relação processual
somente tem início mediante a provocação de pessoa encarregada de deduzir a pretensão
punitiva (ne procedat judex ex officio) e, conquanto não retire do juiz o poder de gerenciar o
processo mediante o exercício do poder de impulso processual, impede que o magistrado tome
iniciativas que não se alinham com a equidistância que ele deve tomar (...) Deve o
magistrado, portanto, abster-se de promover atos de ofício na fase
investigatória, atribuição esta que deve ficar a cargo das autoridades
policiais e do Ministério Público.” (grifo nosso) (Op. cit.).
Nessa senda, ausente prevenção nos autos do Inquérito 4.831 para conhecer do tema
versado na petição incidental apresentada pelo membro do Congresso Nacional, em 24/06/2022,
falece autorizativo para sua aderência no bojo da investigação em estágio avançado/finalizado,
sendo medida de rigor, em cumprimento ao que determina o art. 230-B do RISTF, seja feito
simples traslado da manifestação do “noticiante” à PGR, para ciência e eventuais providências de
sua alçada, ou, subsidiariamente, remessa à Ministra Cármen Lúcia, em atenção ao procedimento
anterior, sob sua relatoria.
V – DOS PEDIDOS
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