Curso de Mariologia
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Como bem sabemos, nos Evangelhos não há a finalidade de contar a história de Jesus,
dos discípulos e nem tampouco de Maria. Narram a Boa Nova da salvação. Dentro
desta narrativa encontramos personagens ligados a Jesus de Nazaré que, de um modo
ou de outro, contribuíram no seu plano salvífico.
Surge como figura ímpar Maria, sua mãe. Maria adquiriu ao longo dos séculos um
direito particularíssimo de veneração por parte da cristandade. Ela tem uma
característica única no discipulado perfeito de Jesus.
A história da Igreja, por sua vez, desde o século II d.C. autenticou um esboço de culto
a Mãe do Senhor em diversos aspectos oral e escrito. Começa-se no séc. III orações
específicas suplicando o socorro da Virgem, como, por exemplo, a oração Sub tuum
praesidium. Os Padres da Igreja do séc. II, com diversos autores eclesiásticos,
arrastaram multidões de fiéis com suas orações, sermões litúrgicos, louvores,
exaltações, reflexões e teses teológicas procurando iluminar o papel de Maria na vida
de Cristo e da Igreja.
Surgem ao longo dos séculos liturgias específicas onde Maria é celebrada, por
exemplo, a Anunciação do Senhor (séc. VI), Visitação de Maria (séc. XIII), Purificação
de Maria – hoje Apresentação do Senhor (séc. VII), Natividade Maria (séc. VII),
Apresentação de Maria (no Oriente, séc. VI; no Ocidente, no séc. IX-XIV), Imaculada
Conceição, com maior ênfase nos claustros beneditinos ingleses a partir do séc. XII
(no séc. VII no Oriente como a festa da «Conceição de Ana»), Assunção de Maria (séc.
VII), Dores de Maria (séc. XIV), Alegrias de Maria (séc. XII), etc.
Este culto de dois milênios a uma mulher levou a Igreja a definir como verdade de fé
quatro dogmas que são, ao mesmo tempo, certezas que fazem referimento ao futuro
da Igreja, que somos nós, os peregrinos da fé: a Maternidade divina (431), a
Virgindade Perpétua (649), a Imaculada Conceição (1854) e a Assunção gloriosa da
Virgem (1950).
Este tema não pretende ser uma reflexão completa da presença de Maria na História
da Igreja, porque seria um trabalho que recolheria diversas facetas deste culto.
Elementos importantes podem provocar uma tomada de posição da nossa parte em
favor de uma cientificidade da questão.
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O aspecto marial no Brasil, quando não é apresentado com aspectos adocicados por
consagrados e leigos, cai no exagero de uma má interpretação teológica, aplicando
assim a Maria formas minimalistas de culto; tirando, assim, o seu esplendor de única
criatura depois de Jesus Cristo e a mais próxima de nós que assumiu sem reservas a
causa do Reino quando do seu ‘fiat’. Por isso, uma piedade mariana deve estar
baseada nos pilares da fé católica: Bíblia, Patrística e Magistério. Sem esta base fica-
se uma piedade estéril e fechada em si mesma.
Porém, existe um preâmbulo. Foi da Torre de Belém, próximo ao antigo mosteiro dos
Jerónimos (Portugal), em uma antiga capela dedicada a Nossa Senhora de Belém, que
os navegadores se reuniam em oração para solicitar patrocínio de Maria. Assim
também, um dos três navios de Cabral tinha como denominação Santa Maria (junto a
Pinta e Niña).
A presença de Maria não era só venerada nas suas imagens e pinturas, mas também
nos sermões e literaturas, como já vimos em Anchieta. António Vieira (+ 1697), outro
célebre jesuíta nos deixou vários sermões dedicados à Nossa Senhora nas suas festas
ou igrejas onde passava. Outra feita eram as invocações suplicantes a favor de vitórias
contra diversos inimigos que o povo luso-brasileiro se dirigia a Maria com o seu
patrocínio, fazendo assim valer seu testemunho de fé com diversos templos como ex-
voto.1 No Grande Recife, o mais célebre de todos os monumentos/templos dedicados
a Nossa Senhora foi pelas vitórias nas famosas batalhas dos Guararapes (1648-1649).
A herança portuguesa fincou raízes nas terras brasileiras, pois a figura de Maria de
Nazaré no seu aspecto antropológico possui as características almejadas por qualquer
criatura humana. Sua maternidade é a que mais está presente nos anseios do povo
brasileiro, seguido de uma confiança em sua poderosa intercessão nas situações mais
difíceis da vida.
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Objeto deixado em gratidão a uma promessa cumprida ou graça recebida.
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A piedade popular ainda é deixada ou alimentada por parte de alguns como fonte de
renda, sem a menor preocupação ou incentivo na formação adequada do povo. A
deformação da fé nestes casos é pior do que um escândalo que possa ocorrer no seio
da Igreja, pois tais formas desorientadas e desordenadas de piedade são algo
meramente exterior. Por consequência disto, ocorre em alta escala uma escassez às
participações na vida sacramental da Igreja. É justamente na vida sacramental que a
força da intercessão de Maria se atua, pois convocados pelo Espírito de Deus nos
reunimos em torno do altar, onde o Sumo e Eterno Sacerdote Jesus Cristo dá a seu
povo a sua vida da graça. Nesta comunidade reunida, a primeira da comunidade cristã
é a Mãe de Jesus (cf. Mt 2,11; Jo 2,1-2; At 1,14).
3) Cronologia Mariana
IDADE ANTIGA
SÉCULO I:
* Aparição de Nossa Senhora a São Tiago o Maior em Saragossa (Espanha) por volta
do ano 40 (?): Nossa Senhora do Pilar.
SÉCULO II:
* Representação iconográfica na
Catacumba de Priscila, Roma (foto):
Maria com o menino Jesus no colo; Maria
com o menino Jesus e os reis Magos.
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SÉCULO III:
* Orígenes (+ 284) é o primeiro a usar o termo Mãe de Deus nas suas homilias.
SÉCULO IV:
SÉCULO V:
IDADE MÉDIA
SÉCULO VI:
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Discurso de elogio e louvor a alguém.
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* Desenvolvimento da liturgia mariana no Oriente: Assunção, Natividade e
Apresentação de Maria no Templo.
SÉCULO VII:
SÉCULO VIII:
* O papa João VII (705-707) se intitula “servo de Maria” deixando em várias igrejas de
Roma tais inscrições.
SÉCULO IX:
* São Teodoro Estudita (+ 826) cria diversos adjuntivos ao cânon litúrgico que fica
conhecido como “Theotokia” em honra de Maria.
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* Maria na hinologia latina:
Ermoldo Nigello (+ 840),
Hicmaro de Reims (+882),
Gôndacro de Reims (890 cerca),
Venâncio Fortunato (+ 801),
Ubaldo de Sant’Amando (840-
930), Notikero de São Galo.
* A Carta “Cogite Me” sobre a «Assunção de Maria» atribuída a Jerônimo foi escrita
pelo abade beneditino, Pascásio Radberto.
SÉCULO X:
* Criação do «Pequeno Oficio de Nossa Senhora» para ser celebrado logo após o
Ofício Divino.
SÉCULO XI:
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Cluny, Anselmo de Luca, Gostestalco de Limburg, Rabdodo de Noyon, Pseudo-
Agostinho, Anselmo de Cantuária.
SÉCULO XII:
SÉCULO XIII:
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* O culto a Nossa Senhora de Loreto na Itália.
SÉCULO XIV:
SÉCULO XV:
* Várias devoções Marianas: Coroa das Sete Dores, Coroa dos 12 privilégios de
Maria.
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IDADE MODERNA
SÉCULO XVI:
SÉCULO XVII:
SÉCULO XVIII:
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* Práticas piedosas: Mês de Maio (1725), Hora de Maria na Sexta-feira Santa, Via
Matris Dolorosa.
* A festa de Nossa Senhora do Rosário é extensiva a todo orbe católico pelo papa
Clemente XI em 1716.
IDADE CONTEMPORÂNEA
SÉCULO XIX:
SÉCULO XX:
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* Aparições da Virgem: Fátima (1917), Banneaux (1933), Beauraing (1932), Akita no
Japão (aprovada em 1979), Medjugorje (1981), Betânia na Venezuela (aprovada 1976),
San Nicolas na Argentina (aprovada em 1981), Laus na França no séc. XVIII (aprovada
em 2008), USA (aprovada em 2010).
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SÉCULO XXI:
Bibliografia
* ROSCHINI, G., Maria Santissima nella storia della salvezza. Trattato completo di
mariologia alla luce del Concilio Vaticano II, Vol. 4: Il culto mariano. Tipografia Editrice
M. Pisani, Isola del Liri, 1969.
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