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INTRODUÇÃO
Assédio Moral
Sobol (2006) afirma que o assédio é uma forma de violência psicológica, tendo como
consequência a restrição de ações e comportamentos através do abuso do poder, de modo que
causa prejuízo no desenvolvimento e danos para a saúde física e emocional da vítima. Ainda
assim, este mesmo autor ressalta que, para compreender o assédio moral, é necessário atentar-
se para a objetividade do trabalho e também para a subjetividade dos trabalhadores, levando
em consideração a importância de se identificar alguns aspectos relacionados à organização e
a ocorrência do fenômeno.
Martiningo Filho e Siqueira (2008) afirmam que o assédio moral mostra-se
relacionado a uma série de comportamentos negativos, no qual o agressor exibe práticas tais
como isolamento social da vítima através de fofocas, tratamento silencioso (não falar com a
pessoa), ataque à vida privada ou às atitudes, crítica ou monitoração excessiva do trabalho,
omissão de informações que prejudicam o desenvolvimento da função, agressões verbais,
explosões de raiva, comportamentos agressivos, e para Hirigoyen (2002) o assédio moral
adquire significado na insistência e não deve ser confundido com pressões do trabalho ou
estresse.
O processo de assédio moral no trabalho traz sérios prejuízos para o indivíduo, para a organização
e para a sociedade. Os indivíduos acometidos pelo assédio moral, ao se sentirem ameaçados,
deixam de levar uma vida normal e vêem prejudicado todo o contexto de sua vida pessoal. Há
casos em que eles se sentem esmagados e perdem inteiramente a disposição e a paixão pela vida.
A destruição da identidade do indivíduo nos processos de assédio moral no trabalho se dá
rapidamente (MARTININGO FILHO; SIQUEIRA, 2008, p. 16).
Em seu estudo, Hoel e Cooper (2000) concluíram que, quando comparados com os
demais funcionários, as vítimas de assédio moral no trabalho registram desempenho
prejudicado. As pessoas desempenham diferentes papéis na sociedade, além de funcionário,
cliente, cidadão, e para Martiningo Filho e Siqueira (2008), o assédio moral ultrapassa as
questões organizacionais e englobam questões que são de interesse da sociedade como um
todo:
[...] O assédio moral que ocorre no ambiente de trabalho pode ocasionar múltiplos custos para a
sociedade como um todo. O estresse e a violência causados pelo fenômeno levam, por exemplo, ao
aumento da pressão sobre os serviços sociais e sobre a previdência social, particularmente
naqueles casos em que as vítimas se tornam não empregáveis e têm de se aposentar por doença.
Nessas situações, as conseqüências do assédio moral dizem respeito a custos médicos, benefícios e
custos da previdência social que, dependendo do sistema de saúde adotado pelo país, podem ser
substanciais em virtude da necessidade de longos tratamentos médicos e até de hospitalizações
(MARTININGO FILHO; SIQUEIRA, 2008, p. 16-17).
Assédio Sexual
Para Ferraz (2017), o assédio sexual é uma das formas de violência contra a mulher
mais comuns e mais banalizadas, e esse tipo de assédio é sofrido na rua, nos transportes
públicos, no trabalho, dentro de casa e nas instituições de ensino, de modo que todas estão
suscetíveis a passar por algum assédio diariamente, da forma mais velada até a mais evidente.
Freitas (2001) afirma que a questão do assédio sexual no Brasil não é uma prática
nova. Em 2004, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) elaborou um documento
sobre Mecanismos de Combate à Discriminação e Promoção de Igualdade de Oportunidades,
no qual explica do que se trata o assédio e especificamente o assédio sexual. Para a OIT, o
assédio trata-se de “perseguição com propostas, insistência impertinente, pretensão constante
em relação a alguém” (OIT, 2004, p. 47).
A qualificação sexual atribuída ao assédio configura que este venha acompanhado de
uma intenção sexual impertinente, importuna e que não é desejada pelo outro ao qual se
direciona essas intenções (OIT, 2004).
Dessa maneira, assédio sexual é uma conduta insistente, persecutória, que, ao visar obter favores
sexuais, resulta por violar a liberdade sexual, fundada na noção de livre disposição do corpo,
amparada na esfera dos direitos de liberdade, que se apresentam como bens jurídicos
constitucionalmente assegurados. (OIT, 2004, p. 47).
No Código Penal, na Lei nº 10.224, em seu artigo 216-A, o assédio sexual configura-
se em “constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual,
prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao
exercício de emprego, cargo ou função”. Pode levar à detenção e pena de 1 a 2 anos, podendo
ser aumentada em até um terço se a vítima for menor de 18 anos (BRASIL, 2001).
É importante ressaltar que diferentemente daquilo que se pode entender por assédio
em âmbito trabalhista, o assédio sexual somente se caracteriza como crime de assédio sexual
quando o sujeito ativo é superior hierárquico, ou tem ascendência e poder sobre a vítima. Na
esfera trabalhista ainda não há lei específica prevendo sanção ao assédio sexual (FERRAZ,
2017).
Piadas sexistas, comentários com apelos sexuais, abordagens de cunho sexual,
cantadas ofensivas, repetitivas e insistentes são apenas alguns dos exemplos de condutas que
podem se configurar como assédio sexual dentro de uma organização, além disso, não é
necessário ter contato físico para que seja configurado como tal (FERRAZ, 2017).
Constitui não apenas um convite constrangedor, que produz embaraço e vexame pois um convite,
por mais indelicado que seja, pode ser recusado, mas também explicita a diferença entre convite e
intimação, entre convite e intimidação, entre convidar e acuar o outro (FREITAS, 2001, p. 14).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BRASIL, Conselho Nacional de Justiça. CNJ Serviço: O que é assédio moral e o que fazer? -
CNJ Notícias, disponível em: https://www.cnj.jus.br/cnj-servico-o-que-e-assedio-moral-e-o-
que-fazer/, 2016.
FREITAS, M. E.; HELOANI, R.; BARRETO, M.. Assédio moral no trabalho. São Paulo:
Cengage Learning, 2008.
FREITAS, M. E. Assédio moral e assédio sexual: faces do poder perverso nas organizações.
Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 41, n. 2, p. 8 - 19, 2001.
GOLDBERG, M. A. A. Educação Sexual: Uma Proposta, Um Desafio. 4ª ed., São Paulo: Ed.
Cortez, 1988.
GONCALVES, J.; SCHWEITZER, L.; TOLFO, S. de R.. Assédio Moral no Trabalho: uma
Revisão de Publicações Brasileiras. Gerais, Rev. Interinst. Psicol., Belo Horizonte , v. 13,
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HOEL, H.; COOPER, C. Destructive conflict and bullying at work. Manchester: University of
Manchester Institute of Science and Technology, 2000.
MAIA, A. C.; RIBEIRO, P. R. M. Educação Sexual: Princípios para a ação. Revista Brasileira
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