ABRIL DE 2022

RECORDÁ-­LO
SEMPRE

“ASSOMBRO ME CAUSA” QUÓRUM DE ÉLDERES E

O élder Soares fala a respeito de nos SOCIEDADE DE SOCORRO
lembrarmos do Salvador, 4 Como ajudar os membros a vencer
seus desafios, 16, 32

◀ No Velho Testamento, diz-­se
a respeito de Jeová: “Tu
dominas o ímpeto do mar;
quando as suas ondas
FROM FEAR TO FAITH, DE HOWARD LYON, REPRODUÇÃO PROIBIDA
se levantam, tu as fazes
aquietar” (Salmos 89:9).
No Novo Testamento,
Jesus mostrou quem era
quando Ele, “despertando,
repreendeu o vento, e
disse ao mar: Cala-­te,
aquieta-­te. E o vento se
aquietou, e houve grande
bonança” (Marcos 4:39).
B E M - ­V I N D O A E S T A E D I Ç Ã O !
O primeiro testamento
de Jesus Cristo
Meu trabalho como professor geralmente exige que eu faça pesquisas
em Jerusalém sobre a Bíblia e os manuscritos do Mar Morto. Minha
esposa, Camille, e eu tivemos a bênção de velejar em diversos barcos
no mar da Galileia. Aproveitamos essas oportunidades para refletir
sobre as várias escrituras que falam desses mares.
Por exemplo, Miqueias diz que Jeová “[lançará] todos os [nossos]
pecados nas profundezas do mar” (Miqueias 7:19) — não poucos
ou uma parte deles, mas todos os pecados. A palavra “todos” denota
perdão total. “Profundezas” significa muito abaixo da superfície da
água, onde nossos pecados desaparecerão para sempre.
Felizmente, Jeová não lança nossos pecados às margens do mar,
onde outras pessoas podem vê-­los. Além disso, a água do mar serve
como um agente de limpeza. Graças à vontade de Jeová de levar
sobre Si nossas iniquidades (ver Isaías 53:11), somos purificados de
nossos pecados. Segundo o élder Ulisses Soares, do Quórum dos
Doze Apóstolos, graças ao nosso arrependimento, temos um lugar
garantido ao lado Dele (ver página 4).
Outros profetas do Velho Testamento apresentam diversas pas-
sagens expressivas e convincentes sobre o Salvador. A razão disso
é que o foco do texto do Velho Testamento é Jesus Cristo. O Velho
Testamento é, na verdade, o primeiro testamento de Jesus Cristo.
Espero que essa verdade ressoe em seu estudo do Velho Testamento
durante este ano e espero que minha pequena contribuição para a
revista Liahona deste mês (ver página 40) fortaleça seu testemunho
dessa verdade.
Atenciosamente,
Donald W. Parry
Professor na Universidade Brigham Young
Abril de 2022 1
SUMÁRIO liahona.ChurchofJesusChrist.org | facebook.com/liahona | aplicativo Biblioteca do Evangelho

“Que presente
inestimável nos foi
dado ao tomarmos
os emblemas do
corpo partido e do
sangue derramado
do Mestre em Seu
Dia do Senhor.”
— Élder Ulisses
Soares, página 6

RECURSO

Revista oficial de A Igreja de

Jesus Cristo dos Santos dos SUMÁRIO
Últimos Dias

Abril de 2022 4 Recordá-­Lo sempre 25 Em um lugar santo

Vol. 75 Nº 4
Liahona 18314
Élder Ulisses Soares R. Spencer Hockett
Lembrar-­se de Jesus Cristo todos os dias As orações sacramentais se tornaram
traz as bênçãos de Sua Expiação sagrada. ainda mais espirituais graças a Billy, um
jovem portador de síndrome de Down.
8 Princípios do evangelho
O sacramento: Uma maneira 32 Princípios para ministrar
de se lembrar do Salvador como o Salvador
C A PA Servir de testemunhas
10 A Igreja está aqui de Sua libertação
Dublin, República da Irlanda
34 Como consegui seguir em frente
12 Vozes da Igreja depois de meu segundo divórcio
Histórias inspiradoras de membros da Logan Steele
Igreja em todo o mundo. Quando eu estava exausto mental,
emocional e fisicamente, a recordação
16 Estamos limitando Deus de um conselho de meu avô me trouxe
Foto: Adobe Stock em nossa vida? esperança.
Adam C. Olson
O bispo não é o único líder na ala que é 38 Para os pais
chamado para realizar a obra do Senhor. Jesus Cristo é nosso Salvador

22 Histórias extraídas de
Santos, Volume 3
Mártires que guardaram a fé

A Primeira Presidência: Russell M.
Nelson, Dallin H. Oaks, Henry B. Eyring
O Quórum dos Doze Apóstolos:
M. Russell Ballard, Jeffrey R. Holland,
Dieter F. Uchtdorf, David A. Bednar,
Quentin L. Cook, D. Todd Christofferson,
Neil L. Andersen, Ronald A. Rasband,
Gary E. Stevenson, Dale G. Renlund, Gerrit
W. Gong e Ulisses Soares
Editor: Randy D. Funk
Consultores: Sharon Eubank, Walter F. González,
Jan E. Newman, Michael T. Ringwood
Diretor administrativo: Richard I. Heaton
Diretor das revistas da Igreja: Aaron Johnston
Gerente comercial: Garff Cannon
Gerente editorial: Adam C. Olson
Gerentes editoriais assistentes: Brittany
Beattie, Ryan Carr, C. Matthew Flitton, Mindy Selu
Assistente de publicações: Camila Castrillón
Editores associados: Garrett H. Garff, Chakell Wardleigh Herbert,
Michael R. Morris, Richard M. Romney, Margaret Willes
Estagiários editoriais: Molly Ogden Welch, Alison R. Wood
Diretor de arte: Tadd R. Peterson
Diagramação: Fay P. Andrus, David Green, Colleen Hinckley, Eric P.
Johnsen, Scott M. Mooy, Aleni Regehr
Estagiária de diagramação: Hallie Roberts
Coordenadora de propriedade intelectual: Priscilla Biehl
da Silva
Gerente de produção: Ammon Harris
Produção: Ira Glen Adair, Julie Burdett, José
Chavez, Bryan W. Gygi, Marrissa M. Smith
Diretor de impressão: Steven T. Lewis
Diretor de distribuição: Nelson Gonzalez
Endereço para correspondência:
Liahona, Fl. 23, 50 E. North Temple St.,
Salt Lake City, UT 84150-­0023, USA.
A revista Liahona (termo do Livro de
Mórmon que significa “bússola” ou “guia”)

2 Liahona
 VEM, E SEGUE-M
­ E
40 A Expiação de Jesus Cristo
no Velho Testamento
Donald W. Parry
Existem muitos sinais do Salvador no
Velho Testamento, o primeiro testamento
de Jesus Cristo.
44 Não sejais rebeldes, e não temais
Élder Kevin R. Duncan
Depositar nossa confiança no Senhor
em tempos de incerteza nos dá poder e
orientação.
48 Como a Páscoa simboliza
a Expiação de Cristo?
Ajuda para seu estudo de Êxodo 12.
J O V E N S A D U LTO S
26 “Não conheço o significado de
todas as coisas”, e tudo bem
Megan Thomson Ramsey
O que fazer quando não temos todas as
respostas?
30 Dar à fé o benefício da dúvida
Claire Kennedy
Cinco passos para confiar em nossa fé
em momentos de dúvida.
é publicada em albanês, alemão, armênio, bislama, búlgaro, cambojano,
cebuano, chinês, chinês (simplificado), coreano, croata, dinamarquês,
esloveno, espanhol, estoniano, fijiano, finlandês, francês, grego,
holandês, húngaro, indonésio, inglês, islandês, italiano, japonês, letão,
lituano, malgaxe, marshallês, mongol, norueguês, polonês, português,
quiribati, romeno, russo, samoano, suaíli, sueco, tagalo, tailandês,
taitiano, tcheco, tonganês, ucraniano, urdu e vietnamita. (A periodicidade
varia de um idioma para outro.)
© 2022 Intellectual Reserve, Inc. Todos os direitos reservados. Impresso
no Brasil.
A R T I G O S A P E N A S E M F O R M ATO
D I G I TA L
Na edição deste mês na Biblioteca do
Evangelho, encontre artigos sobre:
• O poder de cura da Expiação
• Lições de liderança extraídas da vida
de Moisés
F I Q U E CO N E C TA D O
• Ideias para preparar nosso coração Encontre outras edições
para o sacramento da revista no site liahona.
Acesse o site liahona.ChurchofJesusChrist. ChurchofJesusChrist.
org ou o aplicativo Biblioteca do org. Utilize o link dessa
Evangelho para ler esses artigos e mais. página para enviar
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J O V E N S A D U LTO S
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For Readers in the United States and Canada: April 2022 Vol. 75 No. 4. POSTMASTER: Send all UAA to CFS (see DMM 507.1.5.2). NONPOSTAL
LIAHONA (USPS 311-­480) English (ISSN 1080-­9554) is published monthly by The AND MILITARY FACILITIES: Send address changes to Distribution Services,
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UT 84150-­0024, USA. USA subscription price is $10.00 per year; Canada, $12.00
Abril de 2022 3
 RECORDÁ-­LO SEMPRE
Quanto mais nos lembrarmos do Senhor, mais poder teremos de nos
manter em Seu caminho, fazendo o que Ele espera de nós.

N
as escrituras, conhecemos o ciclo de prosperidade e orgulho que afetou os filhos
de Deus ao longo de toda a história humana. Quando as pessoas se lembravam do
Senhor, elas prosperavam. Mas, quando elas se esqueciam Dele, caíam em um ciclo
de orgulho por conta de riquezas, avanços tecnológicos e oportunidades educacionais.
Como resultado, essas pessoas passavam a rejeitar o Senhor e Seus convênios.
Vamos considerar um dos convênios que fazemos semanalmente quando partilhamos
do sacramento — o convênio de “recordá-­Lo sempre” (ver Doutrina e Convênios 20:77,
79). Esse convênio é repetido em ambas as orações sacramentais. Uma palavra importante
desse convênio é recordar.

4 Liahona

A palavra recordar aparece centenas de
vezes nas escrituras. Na antiga Israel, a
palavra recordar foi usada em muitas oca-
siões para ajudar o povo do Senhor a recor-
dar o que Ele já havia feito pelas pessoas.
O termo era usado ainda mais frequente-
TO ALWAYS REMEMBER HIM, DE WALTER RANE; REPRODUÇÃO PROIBIDA
mente no contexto dos convênios que o
Senhor fez com Seu povo.
Os filhos de Israel, assim como muitas
pessoas hoje, tinham dificuldade de recordar
o Senhor e Seus mandamentos e, por conta
desse esquecimento, frequentemente sofriam
dolorosas consequências. Esse é um dos
motivos pelos quais o Senhor usou a palavra
recordar. Por exemplo, a jornada do Egito
até Israel começou com este mandamento:
“Lembrai-­vos deste dia, em que saístes do
Egito, da casa da servidão, pois com mão
forte o Senhor vos tirou daqui” (Êxodo 13:3).
A palavra em inglês remember [recordar]
vem do latim memor e significa “tomar
consciência de”. Nesse contexto, a pala-
vra recordar significa ter em mente ou ser
capaz de trazer à mente de um indivíduo
a percepção de alguém ou algo que esse
indivíduo viu, conheceu ou vivenciou no
passado.1 Existe uma forte correlação entre
a emoção sentida e a recordação resultante.
Assim, quanto mais forte for a emoção,
mais vívida e influente será a recordação.
No contexto hebreu, a palavra recordar
envolve um conhecimento que é acompa-
IMAGEM DE FUNDO: GETTY IMAGES
nhado pela ação apropriada. Assim, fazer é
uma parte essencial de recordar.
Quanto mais nos recordarmos do Senhor,
mais poder teremos de nos manter no
caminho correto, fazendo o que Ele espera
Élder Ulisses
Soares
Do Quórum dos
de nós. Nesse sentido, quando partilhamos Doze Apóstolos
do sacramento, testificamos a Deus, o Pai
Eterno, que nos recordaremos do Salvador
em nossa mente e em nosso coração em
todos os momentos e em todos os lugares.
Prometemos que manteremos em nosso
coração as emoções e os sentimentos vivos
de gratidão por Seu sacrifício, por Seu amor
e pelos dons que Ele nos concedeu. Também
prometemos que agiremos de acordo com
tais recordações, emoções e sentimentos.
Por que, como e o que fazer
para recordá-­Lo
Um ano depois da organização de A
Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últi- No contexto
hebreu, a palavra
mos Dias, o Senhor concedeu a Joseph
recordar envolve um
Smith uma revelação que amplia a dimen- conhecimento que é
são do convênio de recordá-­Lo sempre: acompanhado pela
“Oferecerás um sacrifício ao Senhor teu ação apropriada.
Assim, fazer é uma
Deus em retidão, sim, um coração quebran-
parte essencial de
tado e um espírito contrito. recordar.
E para que mais plenamente te conser-
ves limpo das manchas do mundo, irás à
casa de oração e oferecerás teus sacramen-
tos no meu dia santificado; (…)
Contudo teus votos serão oferecidos
em retidão todos os dias e em todos os
momentos;
Lembra-­te, porém, de que no dia do
Senhor oferecerás tuas oblações e teus
sacramentos ao Altíssimo, confessando teus
pecados a teus irmãos e perante o Senhor”
(Doutrina e Convênios 59:8–9, 11–12).
Por meio dessa revelação, o Senhor nos
ensinou por que, como e o que fazer para
recordá-­Lo sempre.
Abril de 2022 5
 • Por quê: “Para que mais plenamente
te conserves limpo das manchas do
mundo”.
• Como: “Teus votos serão oferecidos
em retidão” com “um coração que-
brantado e um espírito contrito”.
• O quê: “[Oferecer] tuas oblações e
teus sacramentos ao Altíssimo, con-
fessando teus pecados a teus irmãos e
perante o Senhor”.
A escritura menciona a palavra oblações.
Nas escrituras, oblação implica devoção
total ao Senhor, oferecendo a Ele um cora-
ção quebrantado e um espírito contrito. O
termo também significa qualquer sacrifício
O convênio de nos que fazemos pelo Senhor. Assim, o convê-
recordarmos sempre
do Salvador deve
nio de recordá-­Lo sempre está relacionado
nos influenciar e nos a sacrificar tudo pelo Senhor, com um cora-
inspirar em cada ção quebrantado e um espírito contrito.
decisão e ação de Tudo isso confirma que recordar o Salvador
nossa vida.
é agir de acordo com as coisas que nos
manterão no caminho da retidão.
Que presente inestimável nos foi dado
ao tomarmos os emblemas do corpo par-
tido e do sangue derramado do Mestre
em Seu Dia do Senhor. Ao partilharmos
do sacramento, comemos o pão partido
em recordação de Seu corpo. Tomamos
a água em recordação de Seu sangue,
que foi derramado por nós. E por convê-
nio prometemos ao Senhor que vamos
recordá-­L o sempre.
Em seguida, recebemos a maravilhosa
promessa de “ter sempre [conosco] o seu
Espírito” (Doutrina e Convênios 20:77; ver
também versículo 79) se agirmos de acordo
com nosso convênio. Participar do sacra-
mento é considerado tão importante por
nosso Pai Celestial que somos admoestados
a partilhá-­lo todos os domingos.
6 Liahona
Meus queridos amigos, o convênio de
recordá-­Lo sempre deve nos influenciar
e nos inspirar em cada decisão e ação de
nossa vida. O rei Benjamim ensinou:
“Quisera, portanto, que tomásseis sobre
vós o nome de Cristo, todos vós que haveis
feito convênio com Deus de serdes obe-
dientes até o fim de vossa vida. (…)
E quisera que também vos lembrásseis
de que este é o nome que eu disse que vos
daria e que nunca seria apagado, a menos
que o fosse devido a transgressão; portanto
tomai cuidado para não transgredirdes, a
fim de que o nome não seja apagado de
vosso coração” (ver Mosias 5:8, 11).
Assim, recordar o Salvador todos os dias
afeta cada decisão individual que tomamos.
Essa recordação afeta, por exemplo, como
falamos, o que escolhemos fazer, assistir,
ler, ouvir, etc., e como tratamos uns aos
outros. Posso assegurar a vocês que o pró-
prio Senhor vai inspirar nossas decisões,
guiar-­nos em nossas dificuldades e garantir
que a colheita será positiva.
Por ser real a Expiação de Jesus Cristo,
a vida tem possibilidades eternas e divi-
nas para aqueles que sempre se lembram
Dele. É de essencial importância recordar
o que sentimos quando partilhamos do
sacramento. No momento em que parti-
lhamos do sacramento e prometemos nos
lembrar do Salvador em nosso coração e
em nossa mente, estamos nos preparando
para a vida eterna e a exaltação, sabendo
que recordá-­L o nos guiará em cada deci-
são e ação.
“Assombro me causa”
Eu os convido a comigo refletir sobre
o impacto que esse importante princípio
pode ter em nossa vida pessoal. Pensem
HE IS NOT HERE, DE WALTER RANE, REPRODUÇÃO PROIBIDA
no que podemos fazer para nos recordarmos sempre de Jesus Cristo,
todos os dias. O Salvador disse: “Vós sereis meus amigos, se fizerdes o
que eu vos mando” ( João 15:14).
Nosso Salvador Jesus Cristo foi motivado por Seu compromisso de
sempre se recordar do Pai e sempre fazer a vontade de Deus devido
ao Seu infinito amor por Deus e por nós. Sua sincera oração no Get-
sêmani ainda ecoa em minha mente: “Aba, Pai, todas as coisas te são
possíveis; afasta de mim este cálice; porém não seja o que eu quero,
mas o que tu queres” (Marcos 14:36).
Parafraseando as palavras do hino “Assombro me causa”2, ainda me
assombro com o momento em que Jesus, preso na cruz, disse: “Pai,
perdoa-­lhes, porque não sabem o que fazem” (Lucas 23:34).
Assombro me causa saber que por mim Ele foi crucificado, que
por mim, um pecador, Ele sofreu, Ele sangrou, Ele morreu e Ele
ressuscitou. E me prometeu que, se eu tiver um espírito contrito,
reconhecendo meus pecados e minhas limitações, e se eu desejar
me arrepender, amando os filhos de Deus como o Salvador os ama,
o Senhor garantirá meu perdão e meu lugar ao Seu lado.
Sintam o amor do Salvador
Sempre se lembrem do Salvador e O reconheçam em sua vida.
Lembrem-­se sempre de vir a Ele, de seguir Sua influência em
seus pensamentos, em seus sentimentos e em suas decisões, e de
sempre segui-­L o. Sempre recorram a Ele em momentos de angús-
tia, de dificuldades, de depressão e de desafios. Sintam o amor
do Salvador e a real dedicação Dele a seu
bem- ­estar.
Peço que se lembrem de que são filhos
preciosos de nosso Pai Celestial, reservados
para vir à Terra neste momento da história.
Lembrem-­se de que vocês foram escolhi-
dos pelo Pai Celestial para vir à Terra neste
momento porque vocês têm o poder de
enfrentar os desafios desta era. Lembrem-­se
de que a felicidade e a paz nesta vida e no
mundo vindouro dependem de se recorda-
rem diariamente do Salvador e dos convênios
que fizeram com Ele. ◼
Extraído de um discurso proferido em um devocional na
Universidade Brigham Young, em 5 de fevereiro de 2019.
NOTAS
1. Ver “remember”, dicionário Merriam-­Webster.com.
2. Ver “Assombro me causa”, Hinos, nº 112.
Abril de 2022 7
PRINCÍPIOS DO EVANGELHO

O sacramento: Uma maneira de

se lembrar do Salvador

Tomamos o sacramento todos

os domingos durante a reunião
sacramental. Cantamos um hino
enquanto os portadores do

THE LAST SUPPER, DE SIMON DEWEY; FOTOGRAFIA DO PÃO SENDO PARTIDO, DE JERRY GARNS; CHRIST IN GETHSEMANE, DE MICHAEL T. MALM
sacerdócio partem o pão em
pequenos pedaços.

N
a noite anterior à Sua Crucificação, Jesus Cristo Se reuniu com Seus SAIBA MAIS
apóstolos na Última Ceia. Lá, Ele lhes deu o sacramento pela primeira Se você tiver dúvidas a respeito
vez. Jesus explicou que aquela era uma maneira de os apóstolos se do sacramento, fale com seus
lembrarem Dele. O sacramento é uma ordenança em que partilhamos do pão irmãos ou irmãs ministradores,
e da água em lembrança da Expiação de Cristo. O pão representa o corpo de com os líderes da ala ou do ramo
Cristo, e a água representa Seu sangue. ou com os missionários.

8 Liahona
Os portadores do sacerdócio
que partiram o pão fazem orações
especiais. Essas orações se encontram
em Doutrina e Convênios 20:77, 79.
As orações nos lembram do que
prometemos ao Pai Celestial e do que
Ele prometeu a nós.
Outros portadores do sacerdócio
passam o sacramento aos membros
da ala ou do ramo. Ao tomarmos
o sacramento, recordamo-­nos do
Salvador e de Seu sacrifício por
nós. Também renovamos nosso
compromisso com os convênios
(promessas) que fizemos ao Pai
Celestial.
Enquanto o sacramento é abençoado
e distribuído, nós nos mantemos
reverentes. É um momento de pen-
sarmos na vida, nos ensinamentos e
na Expiação de Jesus Cristo. Também
podemos pensar em como seguir o
exemplo Dele.

GLOSSÁRIO

Ordenança: Um Portadores do A Expiação de

ato sagrado e sacerdócio: Jesus Cristo:
formal realizado Homens e rapazes Seu sofrimento por
pela autoridade do dignos que recebe- nossos pecados,
sacerdócio. ram a autoridade Sua morte na cruz
de agir em nome de e Sua Ressurreição,
Jesus Cristo. que nos permite
voltar a viver com
Deus.

Abril de 2022 9
 A I G R E J A E S TÁ AQ U I

Dublin,
República da
Irlanda
O rio Liffey atravessa Dublin a caminho do Mar da Irlanda.
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias está
presente em Dublin desde 1850, e a primeira estaca na
República da Irlanda foi criada em Dublin, em 1995. Hoje, no
país, a Igreja tem:

4.000 membros
(aproximadamente)

1 estaca, 1 distrito,
13 congregações

3 centros de história da família

A oração une famílias

Na cidade de Limerick, Tommy Kelly, sua sobrinha Emma
e outros membros da família se unem em oração. “Nossa
família sempre se sente mais unida quando oramos juntos”,
conta Tommy.
FOTO À ESQUERDA: ADOBE STOCK
VOZES DA IGREJA
A resposta no jardim
Ju Pil Sun, Jeolla do Norte, Coreia
No início, não entendi, mas a resposta para minha oração estava bem na minha frente.
R ecentemente, alguns missionários da Estaca JeonJu
Coreia e eu fizemos um jardim de flores na entrada
do edifício de meu apartamento. Uma manhã, antes de
ir a meu jardim, pedi ao Pai Celestial que me abençoasse,
permitindo que eu usasse o jardim para conhecer uma
amiga que estivesse preparada para ouvir o evangelho.
Naquele dia, enquanto eu trabalhava no jardim, uma
mulher se aproximou.
“Estou procurando uma igreja que fica em cima de um
supermercado por aqui”, disse ela. “Você sabe onde fica?”
“Não conheço essa igreja”, respondi.
Ela seguiu em frente, mas voltou meia hora depois.
“Ouvir dizer que há uma igreja aqui, em algum lugar”,
ela disse. “Acabei de me mudar para meu apartamento,
há alguns dias, e estou procurando uma igreja para
frequentar.”
Surpreendi-­me com o comentário. Ela era a resposta
de minha oração. Descobri que ela se mudara para o
mesmo andar do mesmo edifício onde meu marido e
eu moramos.
12 L i a h o n a
No dia seguinte, nós nos encontramos em uma área
aberta atrás do jardim. Lim Bo Nam e eu conversamos e
contamos sobre nossa vida uma para a outra por mais
de três horas. Movida por um forte sentimento, compar-
tilhei com ela algumas de minhas crenças como membro
de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
Também contei a ela sobre as reuniões sacramentais que
estávamos realizando em casa durante a pandemia de
Covid-­19. Em seguida, convidei Lim Bo Nam para vir à
nossa casa. Para minha surpresa, ela prometeu vir.
Ensinamos à irmã Lim sobre arrependimento e o
significado dos emblemas do sacramento. Também com-
partilhamos alguns versículos da Bíblia relacionados à
importância de “nascer da água e do Espírito” ( João 3:5).
O Espírito a tocou.
A irmã Lim expressou gratidão por aprender sobre o
verdadeiro evangelho de Jesus Cristo. Depois de rece-
ber as lições dos missionários de tempo integral, ela foi
batizada em 1º de agosto de 2020.
Durante sua primeira reunião de jejum e testemunho
como membro da Igreja, ela testificou que havia orado
para fazer amigos no novo bairro. No dia em que nos
conhecemos, ela também havia orado a fim de encontrar
uma igreja para frequentar.
FOTOGRAFIA: CORTESIA DA AUTORA (À DIREITA, COM A IRMÃ LIM À ESQUERDA)
Sou grata pelo Senhor ter respondido às nossas duas
orações e me abençoado com a oportunidade de fazer
uma amiga e compartilhar o evangelho com ela. ◼
 Você nunca está sozinho
Renan Apolonio de Sá Silva, Pernambuco, Brasil
Aquele homem doente era um desconhecido para
mim, mas não para o Pai Celestial.
N ós éramos seis missionários
brasileiros, havíamos acabado
de aterrissar na Argentina e esperá-
vamos os voos que nos levariam às
nossas missões. Quando entramos
na sala de espera de nossos voos de
partida, queríamos tirar fotos da
passarela do aeroporto, com a paisa-
gem da cidade ao fundo. Enquanto
os outros cinco foram tirar fotos,
fiquei perto deles cuidando de
nossas malas.
Quando eles voltaram, olhei ao
redor e vi um lugar de onde eu que-
ria tirar uma foto. “Já volto”, eu disse
aos outros.
Depois de tirar a foto, ouvi
alguém chamar: “Élder!” Olhei rapi-
damente ao meu redor, mas não vi
ninguém. Então, ouvi pela segunda
vez: “Élder!”
Quando olhei novamente, vi
um homem sentado em um banco
próximo. Ao me aproximar, ele
disse: “Élder, eu gostaria de receber
uma bênção do sacerdócio para
enfermos”.
O pedido dele me surpreendeu.
Um homem que eu nunca vira antes
FOTO: ADOBE STOCK E JANAE BINGHAM
me pediu uma bênção em meu pri-
meiro dia, em um país cujo idioma
eu mal sabia falar.
Num espanhol atrapalhado, fiz
várias perguntas a ele: “Você tem
fé? Você acredita no poder do
sacerdócio? Você conhece A Igreja
de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias?”
Um pouco confuso com minhas
perguntas, ele respondeu: “Sou
membro da Igreja, élder. Sou de
Salta, no Norte. Estou sozinho, estou
doente e preciso de uma bênção”.
Fui chamar os outros missio-
nários. Nós nos apresentamos e
conversamos com o homem por
um minuto. Em seguida, meu
companheiro e eu o levamos para
o sanitário, onde demos a ele uma
bênção.
Naquela ocasião, não tive
tempo para pensar muito no que
o homem havia me falado, exceto
que ele precisava de uma bênção.
Mas, depois, as palavras dele:
“Estou sozinho”, tocaram pro-
fundamente meu coração. Ele se
sentia sozinho, mas tinha um Pai
Celestial que sabia onde ele estava
e que estava doente. Em vez de
abandoná-­lo, o Pai Celestial enviou
missionários para confortá-­lo, dar-­
lhe uma bênção e lembrá-­lo de que
não estava sozinho.
Essa experiência fortaleceu meu
testemunho de que temos um Pai
Celestial que nos conhece e nunca
vai nos abandonar. ◼
Abril de 2022 13
Onde encontro consolo
Yenny Álvarez, Barinas, Venezuela

No momento em que meus ministradores cantaram, eles fortaleceram meu testemunho

de que o Salvador me compreendia, amava-­me e nunca me deixaria.

Q uando me casei, nunca pensei que a palavra divórcio

um dia faria parte de minha história pessoal. No
entanto, apesar de meus apelos e esforços para salvar
nosso relacionamento, meu marido me deixou, e nosso
casamento chegou ao fim. Sentia-­me um fracasso.
Começou então uma época de profunda dor, humi-
lhação e sonhos despedaçados. Nunca havia sentido uma
perda ou dor maiores.
Em meio à minha dor, meus ministradores vieram me
visitar. Eles me consolaram e me deram uma bênção. Em
seguida, a plenos pulmões, cantaram para mim um hino
que eu não conhecia. Naquele momento difícil, foi o
hino mais belo e consolador que eu já tinha ouvido. Eles
cantaram:
Onde encontrar
a paz e o consolo
Quando o mundo estiver contra mim?
Se n’alma carregar dor, desconsolo
Onde encontrarei
a paz sem fim? (…)
Não consegui segurar as lágrimas quando ouvi essas
palavras e a música. Elas confirmaram e fortaleceram meu
testemunho da verdade: o Salvador me compreendia,
amava-­me e nunca me deixaria sozinha em minha dor.
Devido ao que o Salvador passou em Sua Expiação,
Ele entende nossos sentimentos. Não importa as circuns-
tâncias difíceis que enfrentamos, Ele conhece nossa dor.
Ele sofreu por nós (ver Alma 7:11–12).
Quando meus ministradores terminaram de cantar,
lembrei-­me das palavras que Isaías usou para descrever o
Salvador: “Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas
enfermidades, e as nossas dores levou sobre si (…). E
pelas suas pisaduras fomos sarados” (Isaías 53:4–5).
Podemos ter a certeza de que nosso Salvador Jesus
Cristo nos compreende, ama-­nos e sempre estará ao nosso
lado — até mesmo em nossas dores mais profundas. ◼
NOTA
1. “Onde encontrar a paz?”, Hinos, nº 73.

Quem pode aliviar o meu tormento?

Em Cristo paz real,
certo, terei.1

14 L i a h o n a
Estamos aqui para ajudar
Jason Campbell, Utah, EUA
Sempre me lembrarei do amor e das conversas que me ajudaram durante uma difícil viagem de volta para casa.
E u tinha terminado uma série de
sessões de tratamento para o
câncer em San Diego, Califórnia,
EUA, e precisava voltar dirigindo
mais de 965 quilômetros até minha
casa. Estava cansado e sozinho, e
orei pedindo ajuda e orientação.
Eu já tinha feito mais de 50 via-
gens semanais para San Diego a fim
de fazer meu tratamento no centro
oncológico de lá, mas essa viagem
foi mais difícil devido à pandemia
de Covid-­19. As restrições da pande-
mia impediram que minha esposa
viajasse comigo, e eu não podia
ir de avião porque meus médicos
temiam que eu me contaminasse
com o vírus. Se eu adoecesse, pro-
vavelmente não sobreviveria. Dirigir
sozinho era a única opção.
Minha esposa e minha mãe me
ligaram. Elas estavam preocupadas
comigo. Seria uma noite bem longa.
Quando Brough, meu ministra-
dor, soube que eu estava em San
Diego e estava prestes a voltar para
casa dirigindo, ele também ficou
preocupado. Ele me ligou para saber
se eu estava bem e, em seguida,
organizou um mutirão de telefone-
mas. Ele pediu que vários membros
de nosso quórum de élderes se reve-
zassem me ligando e conversando
comigo durante uma hora cada. As
ligações deles me fariam companhia
e me manteriam acordado e alerta.
Durante a viagem de 10 horas ao
volante, tive a companhia desses
bons irmãos enquanto conversáva-
mos. Ao final de cada ligação, nós
nos despedíamos. Em seguida, meu
telefone tocava de novo, e eu alegre-
mente colocava a nova ligação no
alto-­falante do carro.
Quando agradecia a cada um dos
irmãos, ouvia como resposta: “Fico
feliz por poder ajudar. Estamos aqui
para apoiar você, irmão”.
Quando me lembro da gentileza
desses bons irmãos, que dedicaram
uma hora de sua noite para me guiar
com segurança para casa, ainda fico
com os olhos cheios de lágrimas. De
fato, foi uma noite longa, mas sem-
pre me lembrarei de nossas con-
versas e do amor que esses irmãos
demonstraram por mim.
Todos estamos em uma longa e,
às vezes, difícil jornada de volta ao
nosso lar celestial. Todos precisamos
de pessoas boas para nos incentivar
ao longo do caminho.
Sou grato às muitas pessoas que
oraram por minha família e por
mim, que nos serviram e nos deram
amor durante minha longa batalha
contra o câncer — sou grato especial-
mente aos irmãos de meu quórum
de élderes, que ministraram a nós,
apoiaram-­nos e nos guiaram em
cada passo do caminho (ver Mateus
25:35–40). ◼
Abril de 2022 15
 ESTAMOS LIMITANDO
DEUS EM
NOSSA VIDA?
O bispo não é a única pessoa que Deus enviou
para nos ajudar a enfrentar nossos desafios.
Adam C. Olson
Revistas da Igreja
Q
uando Marco foi chamado bispo, um de seus
primeiros compromissos foi com o irmão e a
irmã Peña (os nomes foram modificados). Os
dois sofriam de traumas relacionados com abuso. Como
resultado disso, eles enfrentavam problemas agudos de
saúde mental. Ambos já haviam passado por um divórcio
e estavam se empenhando ao máximo para formar uma
família unida. Com os desafios constantes para encontrar
trabalho, eles tinham dificuldades para ser autossuficien-
tes. Eles queriam ir ao templo, mas não se qualificavam
para as recomendações. Um ou o outro sempre parecia
estar em crise.
Marco os amava, mas rapidamente ficou claro que eles
precisavam de mais ajuda do que ele era capaz de ofere-
cer sozinho.
Infelizmente, o casal Peña era relutante em permi-
tir que o bispo envolvesse outras pessoas na ajuda. Ao
mesmo tempo, havia entre muitos membros da Igreja
uma expectativa de que o bispo era o responsável por
ajudar os membros a enfrentar desafios como esses.
16 L i a h o n a
Além disso, Marco temia que, se pedisse a ajuda de
outras pessoas, o casal Peña talvez sentisse que o bispo
não os considerava importantes.
Então, Marco fez o melhor que podia. Ele os visitava
e os aconselhava. Fez um esforço para colocá-­los em
contato com os devidos profissionais de saúde mental.
Marco e sua esposa foram às aulas de autossuficiência
com eles e os ajudaram a resolver algumas dificuldades
financeiras. Apesar de outras pessoas da ala também
terem ajudado, o bispo dedicou incontáveis horas ao
casal Peña. Ao final de cinco anos, eles foram selados,
mas ainda enfrentavam muitos dos mesmos problemas
de longa data que tinham desde a primeira vez em que
foram visitados pelo bispo.
Olhando em retrospectiva, Marco afirma que tanto ele
quanto o casal Peña entenderam erroneamente o papel
do bispo. Além disso, os três falharam em não confiar
que a presidente da Sociedade de Socorro e o presidente
do quórum de élderes cumpririam suas responsabi-
lidades divinas de auxiliar os membros da Igreja que
 enfrentam esse tipo de desafios. O resultado foi que eles
limitaram as bênçãos do Senhor na vida do casal Peña.

Expandir nossa visão e nosso círculo

Essa não é uma história incomum. Muitos de nós recor-
remos ao bispo como o líder espiritual de nossa ala. Ele
é o sumo sacerdote que preside a ala e tem as chaves do
sacerdócio para liderar o trabalho da Igreja na ala. Como
as escrituras determinam que a função do bispo inclui ser-
vir como juiz comum, precisamos da ajuda dele quando
temos problemas relacionados à dignidade e ao arrepen-
dimento. Ele também é o maior responsável pelo uso
dos recursos da Igreja em prol dos necessitados. Por isso,
frequentemente o bispo é a primeira pessoa em quem
pensamos quando precisamos de qualquer tipo de ajuda.
No entanto, em A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
ILUSTRAÇÕES: DAVID GREEN

Últimos Dias, o bispo não é a única pessoa que o Senhor

autorizou a agir em Seu nome. Servindo sob a direção
das chaves do sacerdócio, outros homens e mulheres da
ala têm a autoridade e o poder de receber revelação e

Abril de 2022 17
ajudar aqueles designados aos seus cuidados. O presi-
dente do quórum de élderes e a presidente da Sociedade
de Socorro foram chamados para receber a orientação
de Deus e nos ajudar. Outros líderes da ala, irmãs e
irmãos ministradores e qualquer pessoa que, sob a auto-
ridade das chaves do sacerdócio, tenha recebido uma
designação de agir em nome do Senhor, também podem
oferecer a ajuda necessária.
“A presidente da Sociedade de Socorro e o presidente
do quórum de élderes receberam a responsabilidade
divina e a revelação para ajudar os membros”, disse
Jean B. Bingham, presidente geral da Sociedade de
Socorro. “Todos os que são designados por imposição de
mãos para um chamado ou que receberam uma atribui-
ção sob as chaves do sacerdócio têm a autoridade e
o direito à revelação necessária para atuar nessa
responsabilidade.”1
Deus nos ama e deseja usar Seu poder
infinito para nos abençoar (ver Dou-
trina e Convênios 41:1).2 Contudo,
“é por meio de outras pessoas
que Ele costuma atender a nossas
necessidades”.3 Quando limitamos
aqueles em quem confiamos para
nos ajudar, podemos
estar impedindo que
entrem em nossa vida
muitas das bênçãos
18 L i a h o n a
que Deus deseja nos conceder, porque não estamos
atendendo às condições que Ele estabeleceu para o
recebimento dessas bênçãos (ver Doutrina e Convênios
130:20–21).4
Concedendo poder à presidente da Sociedade de
Socorro e ao presidente do quórum de élderes
Na Conferência Geral de Abril de 2018, os líderes
anunciaram mudanças significativas, incluindo
a reestruturação dos quóruns do sacerdócio, a
implementação do programa
de ministração no lugar dos
mestres familiares e das
professoras visitantes, e a
elevação das presidên-
cias da Sociedade de
Socorro e do quórum de
élderes para ajudar a liderar o
trabalho de salvação e exaltação
na ala. Essas mudanças enfati-
zaram o papel da presidente da
Sociedade de Socorro e do pre-
sidente do quórum de élderes
de “assumir a responsabilidade
primária (…) por zelar
e ministrar aos mem-
bros da Igreja”,5 além de
trabalharem juntos para atender às necessidades tempo- dignidade. Da mesma maneira, o bispo tem a responsa-
rais, em um esforço coordenado com o bispo.6 bilidade total pelo uso das ofertas de jejum e das finanças
Essas recentes mudanças na organização, nas normas e da ala. Ele possui as chaves do Sacerdócio Aarônico na
nos programas da Igreja tinham a finalidade, em parte, de ala e não pode negligenciar suas responsabilidades pela
“[ajudar] o quórum de élderes e a Sociedade de Socorro nova geração.
a harmonizar seu trabalho. (…) Também [permitir] que A capacidade de delegar é uma bênção tanto para o
o bispo delegue mais responsabilidades ao presidente bispo quanto para os membros da ala. “O bispo precisa
do quórum de élderes e à presidente da Sociedade de saber delegar ou não suportará o peso de suas respon-
Socorro, de modo que o bispo e seus conselheiros se con- sabilidades e poderá se sentir frustrado ao ver tantos de
centrem em seus principais deveres” seus deveres não cumpridos”, disse o presidente Dallin H.
com a nova geração na ala.7 Oaks, primeiro conselheiro da Primeira Presidência.8
“O bispo precisa compreender que delegar não o
Para os bispos: O poder da diminui”, disse a irmã Reyna I. Aburto, segunda con-
delegação divina selheira na presidência geral da Sociedade de Socorro.9
Uma vez que existem respon- Pelo contrário, convidar outras pessoas a ajudar na obra
sabilidades que apenas o bispo do Senhor permite que elas sejam edificadas e abençoa-
pode cumprir, poder contar das pelas oportunidades de servir. Essa bênção é o
com a ajuda da presidente resultado de agir em nome do Salvador e com
da Sociedade de Socorro e do a autoridade Dele para abençoar outras
presidente do quórum de élde- pessoas.
res é uma grande bênção para
os bispos e para os membros Para os líderes: Como fazer isso?
necessitados. É muito provável que membros
Por exemplo, apenas o bispo e líderes vejam essas bênçãos
pode servir nas alas em que os
como juiz comum membros com-
nas questões de preenderam a visão

Abril de 2022 19
da ministração e nas quais o presidente do quórum de
élderes e a presidente da Sociedade de Socorro estão
bem coordenados entre si e com o bispo.
“O ideal é que o presidente do quórum de élderes
e a presidente da Sociedade de Socorro já estejam tra-
balhando juntos no atendimento das necessidades dos
membros que foram debatidas durante a coordenação
da ministração”, disse a presidente Bingham. “Em
seguida, eles se reúnem com o bispo para obter sua per-
cepção e aprovação ao plano de ajuda.”10
É importante reconhecer que o trabalho é feito à
medida que os membros da ala ministram. “A minis-
tração é o evangelho em ação”, disse o élder Walter F.
González, dos setenta. “Cuidar das necessidades dos
membros não é trabalho apenas do presidente do quó-
rum de élderes e da presidente da Sociedade de Socorro,
assim como não é trabalho somente do bispo.”11
“A ministração é a chave para atender às necessida-
des e cumprir a obra de salvação e exaltação”, afirmou
a presidente Bingham. “Ministrar é convidar as pessoas
para vir a Cristo e cumprir convênios do templo com
Ele. É ministrando que identificamos as necessidades e
os pontos fortes dos membros enquanto lhes damos o
suporte necessário para que vivenciem o evangelho e se
tornem autossuficientes.”12
Não é o fim
A pandemia começou pouco depois de Marco ser
desobrigado como bispo. O irmão Peña perdeu o
emprego, e a família mergulhou em uma nova fase de
crise emocional e financeira. Seguindo o conselho dos
líderes da Igreja e do manual revisado,13 o presidente do
quórum de élderes da família Peña assumiu a liderança
na busca de maneiras inspiradas de ajudá-­los. Depois de
se aconselhar com o novo bispo, o presidente do quórum
20 L i a h o n a
de élderes se sentiu inspirado a designar Marco para
ajudar o irmão Peña.
Um importante relacionamento de confiança já havia
sido construído. E, com essa designação, concedida sob a
autoridade das chaves do sacerdócio, Marco podia confiar
que receberia a revelação de que precisava para ajudar.14
“Alguns poderiam achar irônico o fato de eu ter sido
chamado para ajudar o irmão Peña depois de dedicar tanto
tempo a ele no papel de bispo”, disse Marco. “Mas essa
designação tem sido uma experiência muito especial para
mim. É uma designação que o Senhor me deu para ajudar
a cumprir Sua obra. Fico grato por poder ajudar a aliviar
não só o fardo da família Peña, mas também do bispo.” ◼
NOTAS
1. Entrevista com o élder Walter F. González e com membros da
presidência geral da Sociedade de Socorro, maio de 2021.
2. Ver Thomas S. Monson, “Pensem nas bênçãos”, A Liahona, novembro
de 2012, p. 86.
3. Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Spencer W. Kimball, 2006, p. 92.
4. Ver Dieter F. Uchtdorf, “Viver o evangelho com alegria”, A Liahona,
novembro de 2014, p. 120.
5. Jeffrey R. Holland, Reunião de liderança da Conferência Geral de Abril
de 2018.
6. Ver Manual Geral: Servir em A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Dias, itens 7.1.4.1; 8.2.2; 9.2.2, ChurchofJesusChrist.org/study/manual/
general-­handbook?lang=por.
7. Ronald A. Rasband, “As hostes do eterno”, Liahona, maio de 2018, p. 59;
ver também Manual Geral, item 7.1.
8. Dallin H. Oaks, “Bispo, socorro!”, A Liahona, julho de 1997, p. 24.
9. Entrevista com o élder Walter F. González e com membros da
presidência geral da Sociedade de Socorro, maio de 2021.
10. Entrevista, maio de 2021; ver também Manual Geral, item 21.4.
11. Entrevista, maio de 2021.
12. Entrevista, maio de 2021.
13. Ver Manual Geral, item 22.6.2.
14. Ver Quentin L. Cook, “Bispos: Os pastores do rebanho do Senhor”,
Liahona, maio de 2021, p. 59.
 O QUE OS MEMBROS E OS LÍDERES PODEM FAZER?

Existem mais coisas que podemos fazer para permitir que
Deus nos abençoe por meio de Seus servos autorizados.
Os líderes de duas alas — Ala Ridgeway na África do Sul e
Ala Duston na Inglaterra — compartilharam suas opiniões a
respeito.
Os membros de sua ala deixaram de contar
exclusivamente com o bispo para ajudá-­los?
“Algumas pessoas ainda recorrem ao bispo para tratar de
assuntos que poderiam ser atendidos pelas ministradoras
ou pelos ministradores, ou pela presidente da Sociedade de
Socorro. No entanto, quanto mais pessoas compreenderem
o papel da presidente da Sociedade de Socorro e do
presidente do quórum de élderes, mais eficaz será nossa
ajuda.” — Hayley Dodkins, presidente da Sociedade de
Socorro, Ala Duston
Como bispo, como você se sente ao contar mais com
a ajuda de outras pessoas para atender às necessidades
dos membros?
“Tem sido uma bênção. Muitos membros estão enfren-
tando dificuldades neste momento. Como bispo, não
consigo estar com todas as famílias. O trabalho que faze-
mos por meio dos quóruns de élderes e da Sociedade de
Socorro se tornou muito importante.” — Bispo Thando
Radebe, Ala Ridgeway
Como os membros reagem quando você os convida a
falar com outra pessoa?
“A maior parte dos membros reage bem. Houve apenas
um membro que preferiu continuar se reunindo comigo.”
— Bispo Paul Corre, Ala Duston
Como as outras pessoas reagem quando o bispo
pede que elas ajudem a cuidar das necessidades de
um membro?
“Quando o bispo nos dá uma designação, seguimos com
a total confiança de que somos capazes de ajudar essas
pessoas. Existem diversos assuntos nos quais podemos
ser úteis para abençoar os membros e, assim, esperamos
aliviar a carga de trabalho do bispo.” — Stephen Campbell,
presidente do quórum de élderes, Ala Duston
Qual tem sido a importância da ministração para
atender às necessidades dos membros?
“A ministração está no coração de praticamente tudo. Sem
ela, não seria possível realizar a obra do Senhor. Assim como
o bispo, também não consigo ajudar todos os membros.
Por isso, o melhor que temos a fazer é nos certificar de que
a ministração está acontecendo.” — Bulewa Pimzi-­Phiri,
presidente da Sociedade de Socorro, Ala Ridgeway
Como a ministração tem ajudado?
“À medida que dedicamos tempo para conhecer as pes-
soas, obtemos percepções sobre assuntos nos quais pode-
mos ajudar. Sinto que a ministração definitivamente tem
sido a chave.” — Hayley Dodkins, presidente da Sociedade de
Socorro, Ala Duston
Como os membros podem fazer a diferença?
“É uma questão de estar em sintonia com o Espírito. Seja
financeiramente ou em outro aspecto, de alguma maneira,
todos somos necessitados. A simples pergunta: ‘Como você
está?’ ou um sorriso podem fazer a diferença.” — Flavio
Manjate, presidente do quórum de élderes, Ala Ridgeway

DELEGAÇÃO DO ACONSELHAMENTO CONTÍNUO

“Embora os bispos possam aconselhar nas questões urgentes e iminentes, recomendamos que a
delegação do aconselhamento contínuo para questões crônicas e menos urgentes que não envol-
vam julgamento de dignidade seja atribuída a membros do quórum de élderes ou da Sociedade
de Socorro — geralmente as presidências ou os irmãos e irmãs ministradores. O Espírito vai guiar
os líderes para que escolham os membros certos para assumir esse aconselhamento. Aqueles
que recebem essa designação de aconselhamento delegada têm direito à revelação.”
Élder Quentin L. Cook, do Quórum dos Doze Apóstolos, “Bispos: Os pastores do rebanho do Senhor”, Liahona, maio de 2021, p. 59.

Abril de 2022 21
HISTÓRIAS EXTRAÍDAS DE SANTOS, VOLUME 3

Mártires que guardaram a fé

Durante a década de 1910, os santos dos últimos dias que habitavam a região central
do México se viram no meio de uma revolução que mudaria o país e testaria sua fé.

N
o verão de 1915, Rafael Monroy era o presidente de um ramo de apro- saquear a loja em busca de armas.
ximadamente 40 santos em San Marcos, Hidalgo, no México. Em 17 Rafael e Vicente alegaram sua ino-
de julho, um grupo de tropas rebeldes invadiu o vilarejo, estabeleceu cência e garantiram às tropas que não
sede em uma grande casa no centro do local e exigiu que Rafael, um prós- eram inimigos.
pero fazendeiro, fornecesse carne às tropas.1 Os soldados não acreditaram
Esperando apaziguar as tropas, Rafael deu a elas uma vaca para o abate.2 neles. “Se vocês não entregarem as
Depois que Rafael entregou a vaca, alguns de seus vizinhos começaram a falar armas, nós os enfocaremos na árvore
com os rebeldes. Um desses vizinhos, Andres Reyes, estava incomodado com mais alta”, disseram eles.
o crescente número de santos na região. Muitos mexicanos se opunham às Os soldados levaram os dois
influências estrangeiras no país, e Andres e outros moradores da cidade homens a uma árvore alta
tinham um ressentimento pelo fato de a família Monroy ter e penduraram
abandonado a fé católica para se filiar a uma Igreja cordas em
amplamente associada aos Estados Unidos.3 seus
Sabendo disso, os soldados seguiram Rafael
na volta para sua casa e o aprisionaram no
momento em que ele se sentava à mesa
para tomar o desjejum. Eles ordenaram
que Rafael abrisse a loja da família,
afirmando que ele e seu cunhado
americano eram coronéis do exército
carrancista e escondiam armas para
usá-­las contra os zapatistas.
Na loja, Rafael e as tropas encontra-
ram Vicente Morales, outro membro
da Igreja, fazendo pequenos serviços.
As tropas acreditavam que Vicente
também era um soldado carran-
cista, prenderam-­no e começaram a

22 L i a h o n a
 Da esquerda para a direita: Rafael Monroy segurando a filha María Concepción; Guadalupe Hernández de Monroy, esposa de Rafael;
sua irmã Natalia; sua mãe, Jesusita Monroy; e suas irmãs Jovita e Lupe.

fortes troncos. Em seguida,
colocaram uma corda de forca ao
redor do pescoço dos dois. Se Rafael
e Vicente abandonassem sua religião
e se juntassem aos zapatistas, seriam
libertados, disseram os soldados.
“Prezo mais minha religião do
que minha própria vida”, respondeu
Rafael, “e não posso abandoná-­la”.
Os soldados puxaram as cordas
até que Rafael e Vicente, pendu-
rados pelo pescoço, desmaiaram.
ILUSTRAÇÃO: GREG NEWBOLD
De volta à loja, os rebeldes continuaram a busca pelas armas. Jesusita, a
mãe de Rafael, e Guadalupe, esposa dele, insistiram que não havia armas.
“Meu filho é um homem de paz!”, garantiu Jesusita. “Se não fosse, vocês
acham que o encontrariam dentro da própria casa?” Quando os soldados
mais uma vez exigiram as armas da família, os Monroy entregaram exempla-
res do Livro de Mórmon e da Bíblia.
“Isto não são armas”, reagiram os rebeldes.
Naquela tarde, os zapatistas levaram Rafael e Vicente à sua sede, onde
também mantinham presas as irmãs de Rafael — Jovita, Lupe e Natalia.
Lupe ficou chocada com a aparência de Rafael. “Rafa, seu pescoço está
sangrando”, disse ela. Rafael caminhou até uma pia no cômodo e lavou o
rosto. Ele estava calmo e não parecia zangado, apesar de tudo o que havia

Então, os rebeldes soltaram as cor- acontecido.

das, reanimaram os homens e conti- Mais tarde, Jesusita trouxe comida para os filhos. Antes que a mãe saísse,
nuaram torturando-­os.4 Rafael lhe entregou uma carta que havia escrito para um capitão zapatista

Abril de 2022 23

que ele conhecia, pedindo ajuda para provar sua inocência. Jesusita pegou a
carta e foi em busca do capitão. A família Monroy e a família Vicente aben-
çoaram a refeição, mas, antes que pudessem comer, eles ouviram barulhos
de passos e armas atrás da porta. Os soldados chamaram Rafael e Vicente, e
os dois homens saíram da sala. Na porta, Rafael pediu que sua irmã Natalia
saísse com ele, mas os guardas a empurraram de volta para dentro.
As irmãs se entreolharam, com o coração palpitando. O silêncio caiu sobre
elas. Em seguida, os tiros rasgaram o silêncio da noite.5
Na noite em que os zapatistas invadiram San Marcos, Jesusita de Monroy
estava indo encontrar um líder dos rebeldes, na esperança de que ele pudesse
ajudá-­la a libertar os filhos aprisionados, quando ela ouviu os trágicos tiros.
Ela apressadamente voltou à prisão, onde encontrou o filho Rafael e Vicente
Morales, outro santo dos últimos dias, mortos pelas balas dos rebeldes.
Um ano após a morte do filho, Jesusita ainda vivia em San Marcos. No pri-
meiro domingo de julho de 1916, os santos realizaram uma reunião de teste-
munho, em que cada membro do ramo prestou testemunho do evangelho e
da esperança que ele lhes trazia. Dias depois, em 17 de julho, aniversário dos
assassinatos, eles novamente se reuniram para relembrar os mártires. Eles can-
taram um hino sobre a Segunda Vinda de Jesus Cristo, e Casimiro Gutierrez leu
um capítulo do Novo Testamento. Outro membro do ramo comparou Rafael e
Vicente ao mártir Estêvão, que morreu em nome de seu testemunho de Cristo.6
Jesusita continuou sendo o pilar da fé para sua família. “Nossas dores têm
sido difíceis”, ela escreveu em uma carta, “mas nossa fé é forte, e jamais aban-
donaremos essa religião”.7 ◼
24 L i a h o n a
DETALHE DE A SEGUNDA VINDA, DE HARRY ANDERSON
Quando o volume 3 for publicado, uma lista
completa de obras e tópicos citados estará
disponível em santos​.Churchof JesusChrist​.org.
NOTAS
1. Rey L. Pratt, “A Latter-­day Martyr”,
Improvement Era, junho de 1918, vol. 21, pp.
720–721; Grover, “Execution in Mexico”,
p. 9; Monroy, History of the San Marcos
Branch, pp. 12b, 15b, 19, 22b, 25, 31b–32;
Tullis, Martyrs in Mexico, pp. 7, 34–35.
2. Monroy, History of the San Marcos Branch,
p. 31b; Jesus M. de Monroy para Rey L.
Pratt, 27 de agosto de 1915, Biblioteca de
História da Igreja; Grover, “Execution
in Mexico”, pp. 13–15; Tullis, Mormons in
Mexico, p. 103. Tópico: México.
3. Monroy, History of the San Marcos Branch,
pp. 23, 25, 31b; Tullis, Martyrs in Mexico, pp.
9, 32–33.
4. Monroy, History of the San Marcos Branch,
pp. 31b–33; Jesus M. de Monroy para Rey L.
Pratt, 27 de agosto de 1915, Biblioteca
de História da Igreja; Rey L. Pratt, “A
Latter-­day Martyr”, Improvement Era, junho
de 1918, vol. 21, pp. 723–724; Tullis, Martyrs
in Mexico, pp. 10–12.
5. Monroy, History of the San Marcos
Branch, pp. 32b–33b; Villalobos, entrevista
pessoal, p. 4.
6. Monroy, History of the San Marcos Branch,
pp. 44–44b.
7. Diary de W. Ernest Young, p. 121; Tullis,
Martyrs in Mexico, pp. 78, 80.
 EM UM LUGAR
SANTO
Enquanto o jovem pronunciava lentamente
cada palavra da oração sacramental, sentimos
um poderoso testemunho do amor de Deus.
É
ramos novos na Ala
Dunwoody quando conhece-
mos Billy. Quando a reunião
sacramental começou, percebi que ele estava
sentado à mesa do sacramento.
Depois que a ala partilhou do pão, Billy
começou a oração sacramental para abençoar a
água, mas ele gaguejava e tinha dificuldade para
pronunciar as palavras. As distrações frequentes
e normais e os sons das crianças pequenas desa-
pareceram. Parecia que todos haviam parado,
esperando Billy.
As palavras da oração sacramental, normal-
mente fluidas e breves, desta vez saíram len-
tamente, cada palavra extraída e pronunciada
trabalhosamente. No início, senti-­me constran-
gido pelo jovem. Meu coração se encheu de
compaixão por ele.
Então, tudo mudou.
Quando ele terminou a primeira frase da
oração — uma oração que eu já havia ouvido
ILUSTRAÇÃO: DILLEEN MARSH
milhares de vezes —, um novo sentimento tomou
conta da sala. Um intenso silêncio caiu sobre nós,
e então soubemos que estávamos em um lugar
santo. Billy não estava apenas lendo as palavras
R. Spencer Hockett
da oração, mas, sim, orando sinceramente a seu
Pai Celestial, que respondeu com uma impressio-
nante demonstração do Espírito.
O sentimento do amor de Deus por esse
jovem era palpável, e nos sentimos privilegiados
por fazermos parte daquela ordenança espiritual
inigualável.
Billy prosseguiu e, por fim, concluiu a oração.
Eu não queria que ele terminasse, pois desejava
continuar com aquele sentimento sagrado.
Mas o intenso dom do Espírito permaneceu
enquanto o sacramento era passado para a
congregação. Foi uma verdadeira renovação
dos convênios para nos arrepender, ser pessoas
melhores e servir ao Senhor mais inteiramente.
Ao final da reunião, fui até a mesa do sacra-
mento e agradeci ao jovem. Vi que ele tinha
síndrome de Down. Ele gaguejou: “De nada”,
com um enorme sorriso.
Hoje, depois de anos e em uma ala diferente,
ainda me lembro de Billy. As reuniões sacramen-
tais se tornam mais significativas à medida que me
esforço, assim como Billy, para me achegar ao Pai
Celestial com fé e orações simples e fervorosas. ◼
O autor mora na Flórida, EUA.
Abril de 2022 25
JOV E N S A DULTOS

Quando não
conhecemos
“Não conheço o
todas as
respostas, a fé e
é a resposta.

Megan Thomson Ramsey

N
Revistas da Igreja

unca me esquecerei de uma lição que aprendi com

uma moça durante minha missão.
Ela ficava pedindo evidências físicas ou tangí-
veis de que o Livro de Mórmon era verdadeiro. Eu
continuava ali sentada, sem saber como responder
às dúvidas e acusações dela. Eu era uma jovem missionária
com brilho nos olhos, e tudo o que sabia era que o Livro de
Mórmon era verdadeiro. Fiquei desmotivada porque não
conhecia todas as respostas para as perguntas dela. Foi então
que percebi que não adiantaria ter evidências físicas para
provar a ela que o Livro de Mórmon era verdadeiro. Provas não
trariam fé a ela.
O élder D. Todd Christofferson, do Quórum dos Doze Após-
tolos, ensinou: “A fé não vem pelo estudo de textos antigos
como pesquisa puramente acadêmica. Não vem de escavações
e descobertas arqueológicas. Não vem de experiências cientí-
ficas. Não vem tampouco dos milagres testemunhados. Essas

26 L i a h o n a
significado de todas as coisas”,
tudo bem
coisas podem servir para confirmar a fé ou, às vezes, para
desafiá-­la, mas não criam fé”.1
Não seria muito fácil se pudéssemos mostrar as placas
de ouro para o mundo inteiro? Algumas pessoas definiti-
vamente se uniriam à Igreja, mas outras talvez não, pois
evidências físicas não bastam para edificar a fé em Jesus
Cristo e em Seu evangelho. Afinal, como Jesus ensinou
a Tomé: “Bem-­aventurados os que não viram, e creram”
( João 20:29).
Então, o que é fé?
Fé não é apenas crença — é um princípio de ação. “A
fé em Cristo conduz à ação. Ela conduz a uma mudança
sincera e duradoura.”2 E, embora o mundo diga que ter fé é
seguir cegamente, compreendi que ter fé é confiar que Deus
me dará confirmações da verdade quando eu agir.
“Ter fé em Jesus Cristo significa confiar Nele completa-
mente — acreditar em Seu poder, Sua inteligência e Seu
amor infinitos. Isso inclui acreditar em Seus ensinamentos.
Significa acreditar que, mesmo que você não entenda todas
as coisas, Ele entende.”3
Não conhecemos todas as respostas, mas, à medida que
confiamos em nosso Pai Celestial, que tudo sabe, Ele nos
conduzirá à verdade (ver Palavras de Mórmon 1:7).
Concentre-­se no que você sabe
Pode ser desconcertante ouvir o conselho de que deve-
mos edificar uma fé inabalável em um mundo que constan-
temente tenta nos abalar. Mas construir uma fé inabalável
é, sim, possível. A fé é uma escolha. Quando escolhemos,
consistente e deliberadamente, viver todos os dias pela fé,
edificamos uma base e um testemunho fundado em fortes
alicerces.
O rei Benjamim ensinou a seu povo como construir uma
fé inabalável: “Acreditai em Deus; (…) acreditai que ele tem
toda a sabedoria e todo o poder, tanto no céu como na
Terra; acreditai que o homem não compreende todas as
coisas que o Senhor pode compreender” (Mosias 4:9).
Abril de 2022 27
 Para mim, quando aceito que existem coisas que
talvez eu nunca compreenda totalmente nesta vida e
me concentro no que de fato sei, as outras coisas não
abalam meu testemunho do amor de Deus por mim
nem da veracidade desta Igreja.
Reitero as palavras do élder David A. Bednar, do
Quórum dos Doze Apóstolos:
“Não conheço todas as razões, todos os propósitos,
e não sei tudo sobre o tempo do Senhor. Tal como
Néfi, todos podemos dizer que ‘não [conhecemos] (…)
o significado de todas as coisas’ (1 Néfi 11:17).
Mas algumas coisas sei com absoluta certeza.
Sei que somos filhos espirituais de um Pai Celestial
amoroso. Sei que o Pai Eterno é o autor do plano de
felicidade. Sei que Jesus Cristo é nosso Salvador e
Redentor”.4
Esses princípios básicos são partes cruciais de
meu testemunho. Deus revelou muitas coisas gran-
diosas e importantes; não se prenda aos mistérios
que Ele ainda não revelou (ver Regras de Fé 1:9).
Existem muitas coisas que ainda não conhecemos.
Mas tudo bem!
O élder Neal A. Maxwell (1926–2004), do Quórum
dos Doze Apóstolos, ensinou: “Evidentemente, não
podemos compreender tudo agora! É claro que não
podemos saber o significado de todas as coisas
agora. Mas podemos saber, agora mesmo, que Deus
nos conhece e nos ama individualmente!”5
Aja com fé, não com dúvida
Muitos membros fiéis se perdem quando deixam
que suas dúvidas falem mais alto do que sua fé.
Concentrar-­nos na dúvida pode nos fazer olhar “para
além do marco” (Jacó 4:14).
A jovem a quem ensinei em minha missão só
acreditaria que a Igreja era verdadeira se minha com-
panheira e eu conseguíssemos desacreditar todas
as acusações que ela fazia. Mas a única coisa que
eu poderia provar a ela era a realidade de encontrar
respostas por meio da revelação pessoal.6
Posso testificar a poderosa evidência do Espírito
Santo em minha vida. Sei que o Livro de Mórmon é
28 L i a h o n a
verdadeiro, não porque conheço todas as respostas,
mas porque o Espírito testificou a mim que o livro é
inegavelmente verdadeiro. Meu testemunho não veio
em uma manifestação milagrosa, e sim com o passar
do tempo, com minha constância em meus estudos e
minhas orações. Em outras palavras, meu testemunho
não veio por conta de evidências físicas, veio porque
agi com fé e continuarei agindo assim.
Então, o que fazer se não conseguirmos encontrar
respostas para nossas perguntas? A irmã Camilla Kim-
ball, esposa do presidente Spencer W. Kimball, contou
sua estratégia para aguardar respostas a perguntas
difíceis. Ela tinha uma prateleira metafórica onde guar-
dava as coisas para as quais não tinha respostas. E, à
medida que ela seguia em frente com as coisas que
sabia, enquanto estudava e orava para receber suas
respostas, ela conseguia obter maior entendimento.
“Ainda tenho algumas perguntas na prateleira, mas
passei a entender tantas outras coisas na vida que
estou disposta a esperar mais um pouco para receber
o restante das respostas.”7
Volte ao básico
Houve situações em que não entendi determinados
mandamentos. Momentos em que tive dúvidas sobre
poligamia, atração pelo mesmo sexo ou outras coisas.
Mas aprendi uma poderosa lição com a maneira
como Deus ensinou Adão e Eva.
Aprendemos que, “depois de ter-­lhes revelado o
plano de redenção, Deus lhes deu mandamentos”
(Alma 12:32, grifo do autor).
Não me surpreenderia se Adão e Eva tivessem
diversas dúvidas sobre os mandamentos que foram
ordenados a seguir. Mas, antes de entender os man-
damentos, primeiro eles precisaram conhecer o plano
de salvação.
Até que ponto você entende o plano de salvação?
Quando tem dúvidas, você retorna aos princípios
básicos do plano de Deus? Enquanto eu buscava
respostas para minhas perguntas, estudar o plano de
salvação me ajudou a receber vislumbres das respos-
tas de Deus.
 Quando me concentro nas verdades básicas que conheço,
consigo me firmar sobre um alicerce sólido. Não permito
que coisas triviais abalem minha fé. Não sei tudo, mas sei o
suficiente.8

Sempre podemos escolher a fé

Terminei nossa lição com aquela jovem na missão tes-
Fé não é apenas
tificando enfaticamente a respeito do Livro de Mórmon.
Eu disse que a única maneira de ela realmente encontrar
crença — é um
respostas para todas as suas dúvidas era perguntar ao Pai princípio de ação.
Celestial se o Livro de Mórmon era verdadeiro. Ela poderia
colocar as outras perguntas na prateleira e revisitá-­las mais E, embora o
tarde, com maior entendimento e mais fé, depois que enten-
desse os princípios básicos do evangelho de Jesus Cristo. mundo diga que
Mas, sinceramente, isso não se aplica a todos nós? Podemos,
de fato, aumentar nossa fé agindo com fé.
ter fé é seguir
Fui abençoada todas as vezes que escolhi a fé diante do
desconhecido. E creio que o Pai Celestial revelará as res-
cegamente,
postas em Seu próprio tempo; sei que sentirei felicidade e compreendi que
ter fé é confiar
alegria ao viver o evangelho mesmo sem conhecer todas as
respostas. ◼

NOTAS
1. D. Todd Christofferson, “A bênção das escrituras”, A Liahona, maio
que Deus me dará
de 2010, p. 34.
2. Pregar Meu Evangelho: Guia para o Serviço Missionário, 2018, p. 63. confirmações da
verdade quando
3. Sempre Fiéis: Tópicos do Evangelho, 2004, p. 86.
4. David A. Bednar, “Para que ‘não (…) [recuemos]’
(D&C 19:18)”, Devocional do SEI para jovens
adultos, 3 de março de 2013, ChurchofJesusChrist.
org/broadcasts/article/ces-­devotionals/2013/01/
eu agir.
that-­we-­might-­not-­shrink-­d-­c-­19-­18?lang=por.
5. Neal A. Maxwell, “Envoltos ‘nos braços de [Seu] amor’”, A
Liahona, novembro de 2002, p. 18.
6. Ver Lawrence E. Corbridge, “Alicerçados sobre a rocha da
revelação”, Liahona, outubro de 2020, p. 24.
7. Camilla Kimball, em Lavina Fielding, “Camilla Kimball: Lady of
constant learning”, Ensign, outubro de 1975, p. 62.
8. Ver Rihna Mak, “I don’t know all the answers, but I know enough”,
artigo apenas em formato digital, Ensign, setembro de 2018.

Abril de 2022 29
JOV E N S A DULTOS

Dar à fé o
benefício da
dúvida

H
Claire Kennedy

á alguns anos, ajoelhei-­me em oração pela

primeira vez na vida. Mais cedo naquele dia, eu
tivera minha primeira reunião com os missioná-
rios, na qual eles compartilharam a mensagem Quando temos
da Restauração do evangelho de Jesus Cristo e
me presentearam com um Livro de Mórmon.
perguntas não
Diante de minha primeira oportunidade de fazer a pergunta respondidas,
que quisesse a meu Pai Celestial, não questionei a veracidade
do que havia escutado ou lido. Também não perguntei a Ele podemos
sobre os rumores confusos e preocupantes da cultura popular
a respeito da Igreja.
escolher a fé.
Em vez disso, clamei ao Pai Celestial que me abençoasse
com o desejo de saber se o que os missionários estavam me
dizendo era verdade.
E, por meio dessa oração, fui conduzida à verdade de que
o evangelho e a Igreja de Jesus Cristo realmente haviam sido
restaurados na Terra.

Aprofundando a fé
O presidente Russell M. Nelson descreveu a fé como “o
maior poder que temos à nossa disposição nesta vida”.1 Inde-
pendentemente do momento em que nos unimos à Igreja de
Jesus Cristo, é provável que tenhamos perguntas ou indícios
de dúvidas que interferiram em nossa capacidade de acessar
o poder da fé, descrito pelo presidente Nelson.
No entanto, as perguntas não precisam limitar nossa
fé. Dúvidas podem se transformar em maravilhosos
tijolos espirituais que edificam nosso testemunho se as
abraçarmos como oportunidades de aprofundar e exercer
nossa fé.

30 L i a h o n a
 Estes foram os cinco passos que me ajudaram a dar à fé o
benefício da dúvida quando estive diante de perguntas:
1. Começar pelo desejo
A oração que ofereci após minha reunião com os missio-
nários foi a primeira, mas definitivamente não foi a última.
A pergunta que escolhi fez toda a diferença em minha busca
pela fé, que começou com meu simples desejo de acreditar.
Orar pelo desejo de acreditar aumenta nossa fé na crença
de que nossas perguntas podem e serão respondidas (ver
Alma 32:27).
2. Compreender sua identidade
A verdade mais importante que devemos conhecer
quando estamos em busca de respostas e de mais fé é que
somos filhos profundamente amados de pais celestiais.
Deus quer o melhor para nós do fundo do coração. Ele quer
nos guiar. Compreender nosso relacionamento com o Pai
Celestial e Jesus Cristo nos ajuda a ter o desejo de unir nossa
vontade à vontade Deles e a saber que perguntas fazer.
3. Ser paciente
Fiz tantas perguntas em minhas orações e recebi respos-
tas para cada uma delas — ainda que as respostas fossem
apenas mensagens simples e consoladoras do Espírito me
dizendo para ter paciência. Podemos não receber respostas
diretas imediatamente, ou talvez nem mesmo tenhamos
essas respostas nesta vida. Às vezes, antes de estarmos
prontos para ouvir as respostas, precisamos de tempo para
crescer. Mas, “para recebermos um testemunho e nos tor-
narmos testemunhas da verdade, não precisamos encontrar
respostas para todas as perguntas que tivermos”.2 O Pai
Celestial dará as respostas no tempo perfeito Dele.
4. Dar poder à fé, não à dúvida
Nos meses após minha primeira reunião com os missio-
nários, enfrentei oposição e questionamentos que ameaça-
FOTOGRAFIA: JUDITH ANN BECK
ram meu inexperiente testemunho. Orei pelo desejo de não
só acreditar em Deus, mas também acreditar no que Ele nos
diz. Em vez de nos concentrarmos em nossas perguntas ou
dúvidas, o Pai Celestial pode nos conceder oportunidades de
“[exercer] uma partícula de fé” (Alma 32:27). Só receberemos
essas oportunidades se tivermos fé e o desejo de confiar
Nele, em vez de procurar motivos para duvidar Dele. Como
ensinou o élder Dieter F. Uchtdorf, do Quórum dos Doze
Apóstolos: “Duvidem de suas dúvidas antes de duvidarem de
sua fé”.3
5. Escolher acreditar
Se você tem perguntas que o incomodam, não deixe essas
preocupações em uma gaveta para que lá apodreçam. Aja
com fé. Busque respostas ativamente. O presidente Nelson
aconselhou: “Se tiverem dúvidas (…), escolham acreditar e
permaneçam fiéis. Apresentem suas dúvidas ao Senhor e a
outras fontes fiéis. Estudem com o desejo de acreditar (…).
Parem de ampliar suas dúvidas debatendo-­as com outros
que duvidam. Permitam que o Senhor os oriente em sua
jornada de descoberta espiritual”.4
Esteja disposto a deixar que Ele o ajude. Talvez você tenha
de aguardar as respostas, ou aceitar respostas do Pai Celes-
tial que são diferentes do que você esperava. No entanto,
independentemente do momento em que você estiver em
sua jornada de fé, o Pai Celestial o guiará e lhe concederá
alegria enquanto você continuar optando por acreditar. ◼
A autora mora em Quebec, Canadá.
MAIS PARA VOCÊ!
Encontre mais artigos para jovens adultos na Publicação sema-
nal para jovens adultos, localizada na Biblioteca do Evangelho,
na seção Revistas ou em Adultos > Jovens adultos.
NOTAS
1. Russell M. Nelson, “Cristo ressuscitou; a fé que temos Nele
moverá montanhas”, Liahona, maio de 2021, p. 104.
2. Alicerces da Restauração — Material para Preparação da Aula, 2020,
p. 11.
3. Dieter F. Uchtdorf, “Venham, juntem-­se a nós”, A Liahona,
novembro de 2013, p. 23.
4. Russell M. Nelson, “Cristo ressuscitou”, p. 103.
Abril de 2022 31
PR INCÍPIOS PAR A MINIS TR AR COMO O S ALVADOR
Servir de testemunhas
de Sua libertação
O Salvador mostra Seu desejo de libertar Seu povo de maneiras
grandiosas e simples.
Q uando Lourdes Cutti de Alvarez,
do Uruguai, descobriu que tinha
dois tumores cerebrais, ela contou
à amiga Marcela Suarez Albano que
seria hospitalizada para se subme-
ter a uma cirurgia e que precisaria
de um demorado tratamento pós-­
cirúrgico. Ela estava preocupada,
pensando como sua família de qua-
tro filhos enfrentaria aquela tensa
situação.
Marcela se sentou com Rocío, sua
filha de 16 anos, para refletir sobre
como poderiam ministrar para Lour-
des. A própria Marcela havia estado
internada recentemente. Ela se
lembrou da sensação de solidão e da
diferença que fez receber a visita de
Lourdes e das irmãs da ala. Então,
Marcela e Rocío ajudaram a orga-
nizar um grupo de mensagens de
texto com as irmãs da ala. Com isso,
elas conseguiram organizar facil-
mente as refeições para a família. Ter
alguém cuidando do jantar de sua
família aliviou o fardo de Lourdes.
As irmãs também enviavam diaria-
mente uma escritura ou mensagem
32 L i a h o n a
para fortalecer o espírito de Lourdes
e demonstrar seu amor por ela.
A filha de Lourdes, Ana Clara,
contou: “Foi difícil não ter a mamãe
em casa. Mas o Pai Celestial enviou
ajuda para mim e minha família. Foi
uma grande manifestação do amor
Dele. O que Marcela fez para unir
os membros da ala e nos ajudar foi
incrível. Toda vez que víamos mais
uma família chegando à nossa casa,
sentíamos por meio deles o puro
amor de Cristo. Eles compartilha-
vam palavras de encorajamento,
riam conosco e ajudavam a nos
fortalecer. Nosso Pai Celestial inega-
velmente estava conosco em cada
momento. Podíamos sentir isso nos
sorrisos que víamos no rosto daque-
les que vinham nos ajudar”.
Um ano depois, Marcela precisou
ser hospitalizada devido a um pro-
blema cardíaco. Lourdes e Ana Clara
se lembraram de como o Senhor as
havia consolado e fortalecido graças
a Marcela e Rocío, e estavam ansio-
sas para demonstrar seu amor e sua
gratidão por elas.
Deus nos convida a libertar
outras pessoas
O Senhor deseja visitar
Seu povo em suas aflições
(ver Mosias 24:14). Ele nos dá
oportunidades de participar da
libertação de Seus filhos neces-
sitados. Ele mostra isso repeti-
das vezes no livro de Êxodo. O
Senhor contou com Moisés para
ajudar a libertar os israelitas do
cativeiro no Egito e ajudá-­los
a sobreviver no deserto (ver
Êxodo 12–16). Moisés precisou
ter fé para estender a mão,
mas foi o Senhor quem “fez
retirar-­se o mar” (Êxodo 14:21).
 O que podemos fazer?
O Salvador tem mostrado, muitas e muitas vezes e de
maneiras impressionantes e singelas, Seu desejo de salvar Seu
povo do convênio do sofrimento físico e espiritual. Ele faz
isso para que possamos servir de testemunhas para outras
pessoas. Como você pode compartilhar o que Ele tem feito
por você? ◼

Princípios a serem considerados

Ao pensar sobre suas oportunidades e designações para ministrar SAIBA MAIS
como o Salvador a outras pessoas, considere esses princípios encon- Encontre exemplos de como nosso
trados nessas histórias: Salvador nunca falha em nos libertar:
• Leia ou veja a mensagem “O que
• Se agirmos com fé para ajudar outras pessoas, como fizeram
nosso Salvador fez por nós?”, do
Marcela e Moisés, o Senhor pode demonstrar Seu poder na vida
presidente Dallin H. Oaks (Liahona,
dessas pessoas.
maio de 2021, p. 75).
• Estender a mão para um amigo necessitado não precisa ser um
gesto grandioso (ver Alma 37:6). Uma refeição quentinha ou até • Leia ou veja a mensagem “Ele vai
mesmo uma simples mensagem de texto podem ajudar a pessoa a colocar você sobre os ombros e
se sentir amada e cuidada. carregá-­lo para casa”, do élder Die-
ter F. Uchtdorf (A Liahona, maio de
• Ministradores e ministradoras podem ajudar a libertar as pessoas 2016, p. 101).
ao seu redor de suas preocupações e aflições. Não se esqueça de
recorrer a eles ao refletir sobre maneiras de ajudar. • Leia a mensagem “Buscar resgate”,
de Connie Goulding (A Liahona,
• Quando contamos como o Senhor nos libertou em nossa própria
junho de 2015, p. 20).
vida, servimos como testemunhas de Seu amor e desejo de salvar
Seu povo (ver Mosias 24:13–14). Busque maneiras naturais de com- • Leia sobre Phebe e Wilford Woo-
partilhar esses relatos em conversas, nas redes sociais ou em men- druff em Santos: A História da Igreja
sagens de texto. de Jesus Cristo nos Últimos Dias, vol.
2, Nenhuma Mão Ímpia, 1846–1893,
• Não precisamos esperar até que o Senhor nos conduza. Se deseja-
2020, p. 42.
mos ajudar, podemos ser o instrumento para fazer um grande bem
(ver Doutrina e Convênios 11:8; 58:27–28).

Abril de 2022 33
 COMO CONSEGUI
SEGUIR EM FRENTE
DEPOIS DE MEU
SEGUNDO DIVÓRCIO
Um simples conselho me ajudou
a seguir em frente quando eu não
sabia o que fazer.

34 L i a h o n a
 E
Logan Steele
u estava na completa escuridão no
quarto vago da casa de meus pais, soter-
rado sob uma pilha de roupas de cama.
Não sabia mais se era meio-­dia ou meia-­
noite; havia perdido totalmente a noção
do tempo. Tudo o que eu tinha havia sido
colocado em caixas de mudança que, agora,
estavam empilhadas, formando uma torre
instável ao lado da minha cama. Eu estava
me divorciando pela segunda vez em quatro
anos, e era muita coisa para administrar.
Preso na desesperança
O final de meu segundo casamento foi
um período terrível cheio de ansiedade,
incertezas e noites dormidas em diferentes
hotéis. Eu não sabia o que fazer. Não me
sentia capaz de fazer muita coisa além de
me deitar debaixo das cobertas e tentar não
IMAGENS: GETTY IMAGES
sentir mais nada.
Eu já havia enfrentado momentos difí-
ceis antes, mas nesse dia foi diferente. Eu
não queria ir à igreja nem ler as escrituras,
não queria nem mesmo me levantar da
cama. Até mesmo orar exigia de mim mais do que eu sentia que tinha
a oferecer. Deitado na cama, eu orava pedindo para sentir vontade de
orar, só isso. Eu estava certamente preso na desesperança.
Minha família e outras pessoas que se preocupavam comigo que-
riam ajudar, mas não sabiam como. Elas tentavam me incentivar,
traziam-­me coisas para comer ou me garantiam que as coisas ficariam
bem. E eu não estava pronto para ouvir isso. Era quase impossível
alguém conseguir me ajudar, porque eu nem sabia de que tipo de
ajuda precisava. Uma coisa é se sentir sobrecarregado quando você
sabe tudo o que precisa fazer para superar as adversidades do cami-
nho. Para mim era muito diferente, já que eu nem sabia por onde
começar para entender o que fazer em seguida.
Meu primeiro divórcio foi um golpe devastador, e levei um ano
inteiro fazendo um esforço exaustivo para me recuperar. Naquela
época, de alguma maneira, consegui me erguer e voltar a funcionar.
Mas dessa vez não foi assim. Não havia mais energia dentro de mim
para “recomeçar”. Naquele momento, eu estava totalmente esgotado
mental, emocional e fisicamente.
De repente, fui surpreendido por uma lembrança de alguns anos antes.
“Uma coisa de cada vez”
Deixei de frequentar a igreja quando era adolescente, porque
não acreditava que fosse verdadeira. Parei até mesmo de acreditar
em Deus. Depois, por volta dos 20 anos, passei pela experiência da
Abril de 2022 35
 “Uma coisa
de cada vez”,
aconselhou
meu avô.
“Escolha uma
coisa, trabalhe
nela e, quando
estiver pronto,
escolha outra.
É só isso o que
você precisa
fazer.”
conversão e tive certeza da veracidade da
Igreja. Lembro-­me do entusiasmo que senti
quando descobri a verdade do evangelho.
Aquele entusiasmo logo cessou. Senti meu
estômago revirar quando percebi que minha
conversão exigiria a transformação de minha
vida como um todo. Como mudar pratica-
mente tudo em sua vida e se tornar a pessoa
que você sabe que deve ser?
Naquele dia, nos meus 20 e poucos anos,
liguei para meu avô. Eu sabia que podia
confiar na orientação que ele daria para
esse meu problema. Expliquei que estava
preocupado porque teria de mudar minha
vida inteira e não sabia como fazer isso. Em
seguida, ele disse: “Uma coisa de cada vez.
Escolha uma coisa, trabalhe nela e, quando
estiver pronto, escolha outra. É só isso o que
você precisa fazer”.
Não sei o que eu esperava ouvir, mas não
era isso. Eu precisava ser muito melhor do
que era e pensava que mudar uma coisa de
cada vez não seria suficiente. Mas, de alguma
maneira, em um momento passageiro de
maturidade espiritual, decidi seguir o conse-
lho dele. Com aquela espantosa quantidade
de mudanças que eu estava enfrentando no
momento de voltar à igreja, o que eu deveria
escolher primeiro? O peso dessa lista que
todos nós conhecemos (ir à igreja, ler as
36 L i a h o n a
escrituras, orar, pagar o dízimo, atender a um chamado, etc.) já era
esmagador por si só.
Havia tantas coisas que eu sabia que teria dificuldade de mudar,
e ainda não me sentia forte o suficiente para enfrentá-­las. Por isso,
decidi escolher algo que eu seria capaz de fazer — uma coisa impor-
tante, mas pequena. Isso me colocaria no caminho que eu desejava
seguir, e eu usaria esse êxito como base de minha evolução.
Linha sobre linha
Anos mais tarde, quando me faltaram forças para oferecer uma
simples oração após meu segundo divórcio, o Espírito Santo me
trouxe essa lembrança.
Eu continuava deitado e imóvel dentro de meu casulo de cobertas,
mas, quando me lembrei daquele conselho, percebi que o Espírito
estava me dando uma orientação que eu poderia aplicar às circuns-
tâncias atuais. Talvez houvesse uma coisa que eu pudesse fazer.
Não precisava ser algo grande, só precisava ser alguma coisa. A pri-
meira coisa que eu precisava fazer era sair da cama. Então, foi o que
fiz — depois de alguns minutos, tirei as cobertas e me levantei. Em
seguida, voltei para debaixo das cobertas. Mas tudo bem, consegui
fazer uma coisa que havia escolhido. Mantive isso como minha meta
por mais alguns dias antes de escolher a próxima coisa e continuei
trabalhando nisso.
Agora, entendo que a orientação do vovô era mais do que simples-
mente um bom conselho. As escrituras ensinam: “Pois eis que assim
diz o Senhor Deus: Darei aos filhos dos homens linha sobre linha,
preceito sobre preceito, um pouco aqui e um pouco ali; e abençoados
os que dão ouvidos aos meus preceitos e escutam os meus conselhos,
porque obterão sabedoria; pois a quem recebe darei mais” (2 Néfi
28:30). Fiz essa tentativa porque confiava em meu avô. Isso funciona
porque se trata de um princípio do evange-
lho. É aprendendo a ser uma pessoa melhor,
mudando uma coisa de cada vez, que apren-
demos e crescemos.
Normalmente, seria neste ponto da histó-
ria que eu contaria o quão incrível é minha
vida hoje. A verdade é que as coisas estão
melhores, mas essa não é a única questão. A
questão é: O que o Senhor esperava de mim
era simplesmente que eu fizesse o melhor
que pudesse em cada momento, com a ajuda
Dele. Ele entendia que, em alguns dias, meu
melhor era literalmente juntar forças para
sair da cama. Como ensinou o élder Dieter F.
Uchtdorf, do Quórum dos Doze Apóstolos:
“Deus os tomará no estágio em que estão
neste exato momento e começará a trabalhar
com vocês. Tudo o que precisam é de um
coração disposto, um desejo de acreditar e
confiança no Senhor”.1
Senti o amor e a aceitação de nosso Pai
Celestial. Ele aceita a oferta que faço de me
aprimorar continuamente, linha sobre linha.
Esse esforço, não importa o quão imperfeito
seja, permanece sendo aceitável, desde que
seja meu melhor esforço. O presidente Gor-
don B. Hinckley (1910–2008) ensinou: “Faça
o melhor que puder. Isso é tudo o que lhe
pedimos. (…) O Senhor não espera que você
faça mais do que isso. Basta fazer o melhor
que puder”.2 Eu não precisava apertar um botão e me transformar
completamente do dia para a noite. Nosso desenvolvimento acontece
linha sobre linha.
Independentemente de qual seja meu esforço, seja aprimorar
minha ministração para aqueles ao meu redor ou simplesmente
me esforçar para me levantar, o que importa é que estou me
empenhando.
O Senhor estará lá
Com meu empenho para me recuperar de dois divórcios — e de
todos os outros desafios que a vida me trouxe —, aprendi duas lições
importantes. A primeira é que o Senhor ama o esforço sincero de
qualquer natureza.3 E a segunda é que o Senhor encontrará você
onde estiver. Independentemente de onde estiver no caminho que
leva à recuperação e à cura, se você estiver nesse caminho, Ele estará
com você.
Porque o Salvador tomou sobre Si todas as dores e tristezas, Ele
sabe do que precisamos, não importa o que seja. Ainda que nós mes-
mos não saibamos, Ele sabe. E Ele nos ajudará a seguir em frente.
Com frequência ouço pessoas expressando gratidão pelos desa-
fios que enfrentam na vida. Quero sentir gratidão pela adversidade.
Ainda não consigo ser essa pessoa, mas, neste momento, foi o que
escolhi. Estou trabalhando nisso e, quando estiver pronto, escolherei
outra coisa. ◼
O autor mora em Utah, EUA.
NOTAS
1. Dieter F. Uchtdorf, “É maravilhoso!”, A Liahona, novembro de 2015, p. 23.
2. Gordon B. Hinckley, em “Messages of Inspiration from President Hinckley”,
Church News, 3 de julho de 2003, thechurchnews.com.
3. Ver Russell M. Nelson, em Joy D. Jones, “Um chamado particularmente nobre”,
Liahona, maio de 2020, p. 15.
Abril de 2022 37
PA R A O S PA I S
Jesus Cristo é
nosso Salvador
Prezados pais,
A edição deste mês pode ajudá-­los
a ensinar aos seus filhos que Jesus
Cristo é o Salvador pessoal deles
e o significado de Sua Expiação
conforme ensinado pelos profetas
do Velho Testamento. Essas ideias
também podem ajudar a iniciar con-
versas sobre os Dez Mandamentos
e a importância de seguir os servos
escolhidos pelo Senhor.
38 L i a h o n a
DEBATES SOBRE O EVANGELHO
Ensinamentos do Velho Testamento sobre a Expiação de Cristo
Leiam na página 40 sobre como o Velho Testamento conduz à Expiação de
Jesus Cristo. Façam uma lista de exemplos da Expiação do Salvador encon-
trados no Velho Testamento.
Profetas, incluindo aqueles do Velho Testamento, testificaram de Jesus
Cristo e Sua Expiação. Conversem com sua família a respeito de como o
papel dos profetas permanece o mesmo nos dias de hoje. Como o profeta
recentemente deu um testemunho de Cristo?
Obediência aos líderes da Igreja
Leiam o artigo do élder Duncan na página 44 sobre a necessidade de ouvir
os líderes da Igreja e obedecer a eles. Conversem com sua família sobre a
importância de seguirmos o conselho dado por nossos líderes. Vocês podem
brincar de “O mestre mandou” para ilustrar esse princípio.
Apoio ao Vem, e Segue-­Me
Consultem na página 48 uma comparação entre os símbolos da primeira
Páscoa e a Expiação de Jesus Cristo, e usem-na como apoio ao estudo sema-
nal familiar do Vem, e Segue-­Me.

MOMENTO DIVERTIDO
— ESTUDO FAMILIAR
DO VEM, E SEGUE-­ME
Esteja quieto e tenha fé
Êxodo 14–17
Com o auxílio do Senhor, Moisés
tirou os filhos de Israel do Egito.
Eles tinham medo porque estavam
presos no Mar Vermelho, e o exér-
cito do Faraó estava à procura deles.
“Moisés, porém, disse ao povo: Não
temais; estai quietos, e vede o livra-
mento do Senhor” (Êxodo 14:13).
1. Mostrem uma gravura da divisão
do Mar Vermelho. Leiam juntos
Êxodo 14:21–29. Observem as
ações descritas nesses versículos.
2. Usem essas ações para encenar a
divisão do Mar Vermelho. Brin-
quem até que todos tenham tido
a oportunidade de encenar os
trechos desejados.
Debate: Como os filhos de Israel
exerceram fé fazendo o que o
Senhor lhes ordenou? Como pode-
mos exercer fé quando enfrentamos
DETALHE DE CHRIST CALLING PETER AND ANDREW, DE JAMES TAYLOR HARWOOD
desafios em nossa vida?
Enviado por Lisa Thomas
DA REVISTA FORÇA DOS JOVENS 
“Jesus Cristo é seu Salvador”
Leiam uma mensagem do presidente
Russell M. Nelson sobre a infinita Expia-
ção do Salvador e como ela se aplica
individualmente a cada um de nós.
Deus nos liberta
Com base no exemplo dos antigos
israelitas, identifiquem sete maneiras
pelas quais o Senhor pode nos livrar de
nossos desafios.
Aprender e crescer juntos
Leiam as experiências de alguns jovens
que têm irmãos portadores de neces-
sidades especiais e vejam como eles
ajudaram uns aos outros a aprender
juntos importantes lições da vida.
DA REVISTA MEU AMIGO
Contagem regressiva para a Páscoa
A cada dia da semana que antecede a
Páscoa, leiam uma escritura e pintem
a área correspondente. Encontrem na
revista outras histórias e atividades
relacionadas à Páscoa!
Alguém ainda o ama
Leiam o que a irmã Susan H. Porter,
primeira conselheira na presidência
geral da Primária, diz às crianças.
Estudo das escrituras
Leiam uma história ilustrada sobre Moi-
sés e os filhos de Israel, e o maná que
Deus enviou para que comessem.
Saudações do Canadá!
Conheçam um amigo do Canadá que
ajuda outras pessoas, assim como
Jesus fazia. Depois, viajem com Margo
e Paolo para aprender mais sobre o
Canadá.
A participação de Capri no
programa
Mesmo que Capri não possa falar, ela
vai desempenhar um importante papel
na apresentação da reunião sacramen-
tal da Primária.
Abril de 2022 39
A EXPIAÇÃO DE
JESUS CRISTO
NO VELHO TESTAMENTO

O Velho Testamento é um conjunto de escrituras que revela o Senhor

como o Salvador, o Redentor e o grande Expiador.

Donald W. Parry
Professor da Bíblia hebraica e dos manuscritos do

O
Mar Morto, Universidade Brigham Young
Velho Testamento era a Bíblia do Salvador, aquela que Ele
leu e citou durante a mortalidade. O Velho Testamento era (e
ainda é) uma coletânea magnífica e excepcional de textos das
escrituras. É uma obra singular e incomparável. Por quê? Porque o
Velho Testamento é:
• “O primeiro testamento de Cristo”.1
• Um significativo relato da Expiação do Salvador.
• O documento fundamental que prepararia o mundo para a
vinda do Salvador na carne, quando Ele morreria por nós.
• Um registro que contém centenas de símbolos que revelam
Jesus Cristo e Sua Expiação.
• Um registro que apresenta diversas profecias sobre Jesus Cristo
e Sua missão divina.
Em resumo, o Velho Testamento é um conjunto de escrituras
que revela o Senhor como o Salvador, o Redentor e o grande
Expiador. Quando Jesus Cristo ordenou: “Examinais as escritu-
ras, (…) são elas que de mim testificam” ( João 5:39), Ele estava Se
referindo ao Velho Testamento. Este artigo demonstra algumas
maneiras pelas quais o Velho Testamento testifica do Salvador e de
Sua Expiação.
Cores, nuvens e mar: O poder Dele de perdoar
O Velho Testamento apresenta centenas de símbolos que revelam
Jesus Cristo e Sua Expiação. Aqui estão alguns breves exemplos:
Oriente e ocidente. “Assim como está longe
o oriente do ocidente, assim [o Senhor]
afasta de nós as nossas transgressões” (Sal-
mos 103:12). A distância entre o oriente e
o ocidente é infinita e imensurável, assim
como o poder de Deus de remover nossas
transgressões.
A névoa. “[Eu, o Senhor,] desfaço as tuas
transgressões como a névoa, e os teus peca-
dos como a nuvem; torna-­te para mim, por-
que eu te remi” (Isaías 44:22). Assim como
a névoa continuamente se forma, muda de
formato, desaparece e reaparece no céu,
evocando a ideia de eternidade, da mesma
maneira Deus perdoa aqueles que se arre-
pendem e retornam a Ele.
Remissão dos pecados. Deus “perdoa a
iniquidade, e (…) [lançará] todos os seus
pecados nas profundezas do mar” (Miqueias
7:18–19). Deus lança os pecados nas profun-
dezas do mar, onde eles desaparecem para
sempre. Após se recuperar de uma enfermi-
dade, Ezequias escreveu: “Porque [Deus lan-
çou] para trás das [suas] costas todos os meus
pecados” (Isaías 38:17). Quando Deus lança

40 L i a h o n a

A CRUCIFICAÇÃO, DE HARRY ANDERSON
S
almos 22 transmite as palavras exatas que Jesus
falaria na cruz: “Deus meu, Deus meu, por que me
desamparaste?”
nossos pecados para trás das Suas costas, Ele
não os vê mais.
Carmesim e branco. Disse o Senhor: “Ainda
que os vossos pecados sejam como a escar-
lata, eles se tornarão brancos como a neve;
ainda que sejam vermelhos como o carme-
sim, se tornarão como a branca lã” (Isaías
1:18). As três cores praticamente idênticas
— escarlata, vermelho e carmesim — repre-
sentam o sangue humano e a iniquidade
(ver Isaías 59:3; Miqueias 3:10; Habacuque
2:12). O sangue de Cristo santifica (ver Moi-
sés 6:59–60), concede a vida eterna (ver João
6:53–54) e transforma a iniquidade do sangue
vermelho dos homens em branco, represen-
tando a pureza.
Profecias sobre Cristo
O Velho Testamento apresenta centenas
de profecias sobre Jesus Cristo, muitas das
quais estão diretamente relacionadas à Sua
Expiação. Por exemplo, Isaías profetizou:
• “Ele tomou sobre si as nossas enfermi-
dades, e as nossas dores levou sobre si”
(Isaías 53:4).
• “Ele foi ferido pelas nossas transgres-
sões, e moído pelas nossas iniquidades”
(Isaías 53:5).
• “Pela transgressão do meu povo ele foi
ferido” (Isaías 53:8).
• “As iniquidades deles levará sobre si”
(Isaías 53:11).
• “[Ele] levou sobre si o pecado de mui-
tos” (Isaías 53:12).
Salmos 22 é uma marcante profecia das
últimas horas do Salvador na Terra, quando
Ele sofreria intensa violência e seria, em
seguida, crucificado. As pessoas zombariam
Dele e O maltratariam (ver versículos 4–8;
ver também Mateus 27:30–31, 39–43; Lucas
Abril de 2022 41
23:35). O salmo transmite as palavras exatas
que Jesus falaria na cruz: “Deus meu, Deus
meu, por que me desamparaste?” (Versículo
1; ver também Mateus 27:46.) Salmos 22
também contém uma referência explícita à
Crucificação: “Transpassaram-­me as mãos
e os pés” (versículo 16; ver também Mateus
27:35). “Repartem entre si as minhas vestes,
e lançam sortes sobre a minha túnica.” Essas
palavras do versículo 18 foram cumpridas
com precisão por aqueles que crucificaram
Jesus (ver Mateus 27:35).

Indivíduos como símbolos de Cristo

Vários indivíduos dignos do Velho Tes-
tamento serviram como símbolos vivos de
Jesus Cristo. As semelhanças entre esses
indivíduos e Jesus Cristo são tão evidentes
que o élder Jeffrey R. Holland, do Quórum
dos Doze Apóstolos, escreveu:
“Jeová usou uma abundância de arquéti-
pos e símbolos. De fato, essa sempre foi uma
característica evidente dos ensinamentos do
Senhor aos Seus filhos. Exemplos dessas figu-
ras, especialmente prefigurações de Cristo,
estão presentes ao longo de todo o registro
pré-­messiânico. (…)

J
Moisés (bem como Isaque, José e muitos ó sofreu imensamente na carne, antevendo o servo afligido
outros indivíduos do Velho Testamento) era e homem de dores, Jesus Cristo.
um símbolo profético do Cristo que viria”.2
Eis alguns exemplos desses símbolos
vivos:
• Jó perdeu seus filhos e sua proprie-
dade, e sofreu imensamente na carne
(ver Jonas 1:17) aos Seus próprios “três dias e três noites no seio
(ver Jó 1–2), antecipando o servo afli-
da terra” (Mateus 12:40).
gido e homem de dores, Jesus Cristo
• Abraão estava disposto a oferecer seu amado filho Isaque em
(ver Isaías 53).
sacrifício, assim como Deus ofereceu Seu Amado Filho, Jesus. A
• Jonas foi um símbolo de Jesus, que com-
obediência de Abraão em “oferecer seu filho Isaque, o que é à
parou os três dias e as três noites em
semelhança de Deus e seu Filho Unigênito” ( Jacó 4:5; ver tam-
que Jonas esteve nas entranhas do peixe
bém Hebreus 11:17–19).

42 L i a h o n a
 Nosso Salvador, Redentor e Expiador
O Velho Testamento apresenta cerca de
cem nomes e títulos de Jeová, muitos deles
essenciais para entendermos Sua Expiação.
Por exemplo, Jeová é designado como o
Salvador: “Porque eu sou o Senhor teu Deus,
o Santo de Israel, o teu Salvador” (Isaías 43:3;
ver também 43:11; 45:15, 21; 49:26; 2 Samuel
22:3; Salmos 106:21; Oseias 13:4).
Jeová também é chamado de Redentor:
“Assim diz o Senhor, o Redentor de Israel”
(Isaías 49:7; ver também 44:6; 47:4; 54:5; Jere-
mias 50:34).
O Velho Testamento revela claramente
que Jeová é o grande Expiador: “Ajuda-­nos,
ó Deus da nossa salvação, pela glória do teu
nome, e livra-­nos, e expia3 os nossos pecados
por causa do teu nome” (Salmos 79:9).
Jeová repetidamente ordenou que Seus
profetas e sacerdotes fizessem uma expia-
ção para o povo. De fato, o termo atone-
ment do inglês (expiação, em português) é
encontrado 69 vezes no Velho Testamento
JOB, DE GARY L. KAPP
na versão do rei Jaime. Cada um desses
exemplos expande nosso entendimento do
significado e da importância do sacrifício
expiatório de Jesus.
Festas sagradas — Prenúncio da
Expiação de Jesus Cristo
Festividades excepcionalmente santifi-
cadas prenunciaram a Expiação de Jesus
Cristo. O Dia da Expiação, por exemplo,
enfoca diversos rituais que previram a
Expiação de Jesus (ver Levítico 16; Hebreus
7–9). Outra festividade, a Páscoa, também
previu o sacrifício de Jesus Cristo (ver Êxodo
12). O cordeiro da Páscoa é uma prefigura-
ção de Jesus Cristo, o Cordeiro sacrificado
pela remissão dos pecados do mundo (ver
Êxodo 12:3–6, 46). O cordeiro devia ser sem
mácula (ver Êxodo 12:5), assim como Jesus Cristo seria imaculado
(ver 1 Pedro 1:18–19).
A marca nas casas com o sangue do cordeiro salvou a antiga Israel
da morte (ver Êxodo 12:13), assim como o sangue expiatório de
Cristo nos salva do túmulo e da morte espiritual (ver Helamã 5:9). As
similaridades entre a Páscoa e a morte de Jesus Cristo eram tão notá-
veis que Paulo chamou Jesus de “nossa páscoa” (1 Coríntios 5:7).
O portal para Cristo
O próprio Jeová criou e revelou a lei de Moisés para ensinar a res-
peito de Sua vinda como Jesus Cristo, o Messias prometido, e de Seu
sacrifício expiatório (ver Gálatas 3:24; 2 Néfi 11:4; Jarom 1:11; Mosias
13:30–33; Alma 25:15).
O élder Holland resume com as seguintes palavras o propósito da
lei de Moisés: “Aquele convênio histórico, dado pela mão do próprio
Deus e somente superado pela plenitude do evangelho como cami-
nho para a retidão, deve ser visto como a inigualável coleção que é
de símbolos, protótipos, analogias e prefigurações de Cristo. Por esse
motivo, ela foi (e ainda é, em sua essência e pureza) um guia para a
espiritualidade, um portal para Cristo”.4
Como testificou Amuleque: “E eis que este é o significado total
da lei [de Moisés], cada ponto indicando aquele grande e último
sacrifício; e aquele grande e último sacrifício será o Filho de Deus”
(Alma 34:14).
Presto testemunho de que a Bíblia — tanto o Velho quanto o Novo
Testamento — declara Jesus Cristo com grande clareza, poder e
autoridade. Espero que tanto a geração presente quanto as gerações
futuras venham a amar e compreender a Bíblia e sua mensagem
essencial a respeito de Jesus Cristo. ◼
NOTAS
1. M. Russell Ballard, “O milagre da Bíblia Sagrada”, A Liahona, maio de 2007, p. 82.
2. Jeffrey R. Holland, Christ and the New Covenant: The Messianic Message of the Book of
Mormon, 1997, p. 137.
3. Aqui, a tradução literal do hebraico é “expiar” (ver David J. A. Clines, ed. por The
Dictionary of Classical Hebrew, 1998, vol. 4, p. 553).
4. Jeffrey R. Holland, Christ and the New Covenant, p. 137.
Abril de 2022 43
 Números 11–14

44 L i a h o n a
 NÃO SEJAIS
REBELDES, Élder Kevin R.
Duncan

E NÃO TEMAIS Dos setenta

Josué e Calebe compreendiam os desafios que se apresentavam

diante deles, mas sabiam que podiam confiar no Senhor.

A
o longo da vida, tenho percebido que, muitas vezes, as pessoas têm duas manei-
ras de reagir à inspiração que os líderes da Igreja recebem:
1. Elas entendem a visão do que o líder sente que o Senhor deseja que seja feito,
falam positivamente a respeito e incentivam outras pessoas a alcançar a mesma
compreensão. Às vezes, isso requer que elas sigam em frente com fé até que obte-
BRIDGEMAN IMAGES

nham o total entendimento.

2. Elas se rebelam contra a visão, criticam-­na e encontram motivos para justificar por
que temem não ser possível alcançá-­la. Ou elas ignoram completamente a inspira-
ção e não fazem nada a respeito. Por fim, as pessoas nessa categoria acreditam que
a obra do Senhor terá êxito mesmo que elas escolham não a apoiar.

A promessa do Senhor a Moisés

Sabemos que os israelitas reagiram de modo semelhante à inspiração de seus líderes
quando se aproximaram da região conhecida como a terra de Canaã. O Senhor havia
CALEB, AUTORIA DESCONHECIDA, LEBRECHT HISTORY /

libertado os israelitas do Egito. Ele disse a Moisés que, se o povo guardasse Seus man-
damentos, Ele os conduziria à terra prometida, uma terra que havia sido prometida
aos descendentes de Abraão, “uma terra que mana leite e mel” (Êxodo 3:17). Enquanto
atravessavam o deserto rumo a esse lugar, os israelitas foram submetidos a muitas pro-
vações que testaram sua fé. Muitas vezes, eles se rebelaram e se desviaram dos manda-
mentos do Senhor (ver Êxodo 32:1–9; Números 11:1–34).
Quando os israelitas finalmente se aproximaram da terra prometida, o Senhor orde-
nou que Moisés enviasse 12 espias — um de cada uma das 12 tribos de Israel — para
“[espiar] a terra de Canaã” (Números 13:2). Foi-­lhes ordenado que descobrissem se o
povo que ali habitava era “forte ou fraco, se pouco ou muito” e se a terra era próspera.
Dois desses espias eram Josué e Calebe (ver Números 13:4–20).
THE RETURN OF JOSHUA AND

Esses espias passaram 40 dias buscando a terra de Canaã antes de retornar a Moisés e
aos filhos de Israel no deserto. Os espias trouxeram consigo o fruto da terra de Canaã. Eles

Abril de 2022 45
contaram que a terra “mana leite e mel (…).
O povo, porém, que habita nessa terra é
poderoso, e as cidades fortificadas e muito
grandes” (ver Números 13:25–29, 33).

Duas maneiras de ver as coisas

Todos os 12 espias haviam teste-
munhado os mesmos benefícios e
os mesmos obstáculos para
cumprir a ordem do Senhor de
habitar Canaã. No entanto, as
respostas deles demonstram
que dez membros do grupo enxerga-
ram apenas os problemas, enquanto
outros dois depositaram sua confiança
em Deus.
Dez dos espias viam apenas as difi-
culdades diante deles. Uma vez que não
confiavam no Senhor, eles temiam seguir Sua
ordem de ir à terra de Canaã. Por outro lado,
Calebe e Josué sabiam que, se os israelitas
tivessem fé, o Senhor entregaria a terra de
Canaã a eles. Calebe aconselhou: “Subamos
animosamente, e possuamo-­la [a terra] em
herança; porque certamente prevaleceremos
contra ela” (Números 13:30).
Os outros dez espias contrariaram o conse-
lho de Calebe. “Não poderemos subir contra
aquele povo, porque é mais forte do que nós.
(…) E todo o povo que vimos nela são homens
de grande estatura. (…) E éramos aos nossos
olhos como gafanhotos, e assim também éra-
mos aos seus olhos” (Números 13:31–33).
Escolhas baseadas no temor
Infelizmente, os israelitas se concentra-
ram no relato temeroso. Por parecer que o
caminho era difícil, e os israelitas temerem o
povo que habitava a terra, eles se recusaram
a entrar na terra prometida. Eles começaram
a murmurar contra Moisés e contra Deus.
John, fazendeiro de uma cidade pequena, deve ter sentido um
choque cultural quando chegou para servir missão na cidade de Nova York.
Eles se encontravam tão sem fé que chegaram a desejar que Deus
os deixasse morrer no Egito ou no deserto. “Não nos seria melhor
voltarmos ao Egito?”, perguntaram eles, e prosseguiram dizendo:
“Constituamos um capitão, e voltemos ao Egito” (Números 14:3–4).
Josué e Calebe, no entanto, ainda procuraram ajudar as pessoas
a confiar no Senhor. “Se o Senhor se agradar de nós, então nos porá
nessa terra, e no-­la dará; terra que mana leite e mel.
Tão somente não sejais rebeldes contra o Senhor, e não temais o
povo dessa terra, (…) o Senhor é conosco; não os temais” (Números
14:8–9).
Os filhos de Israel se recusaram a ouvir Josué e Calebe, e tentaram
matá-­los (ver Números 14:10). Por causa dessa rebelião, o Senhor
declarou que eles peregrinariam pelo deserto por 40 anos. Somente
quando todos os que murmuravam contra o Senhor falecessem, Ele
os traria de volta à terra prometida. Dos 12 espias, somente Josué e
Calebe entraram na terra prometida (ver Números 14:22–38).
Os Calebes e os Josués dos dias de hoje
Existem muitos Calebes e Josués nos dias de hoje. Um desses
homens foi o avô de minha esposa, John Hulme. Em um dia de 1926,
o bispo teve uma conversa com John. O bispo trouxe o assunto de
uma missão. Aquilo pegou John desprevenido.

46 L i a h o n a
 John sempre desejou servir missão, mas sua vida era com- Deus, podemos vencê-­los. Aqui estão alguns
plicada. Por quê? Porque John tinha 42 anos de idade. Era um exemplos:
homem casado e tinha quatro filhos, de 15, 12, 4 e 2 anos de idade.
• Quando os sumos sacerdotes e élderes
Ele era um fazendeiro autônomo. Tinha terras e rebanhos que
foram combinados em um único quórum,
precisariam de supervisão enquanto ele estivesse fora. John pre-
alguns se perguntaram como essa mudança
cisaria encontrar uma maneira de garantir que sua família e pro-
poderia funcionar. Outros abraçaram a
priedade recebessem cuidados durante sua ausência.
mudança e buscaram construir novos
O bispo disse a John que não se tratava de um chamado oficial,
relacionamentos.
apenas de uma sugestão. John afirmou que pensaria a respeito e
• Quando a ministração substituiu o pro-
responderia no dia seguinte.
grama de mestres familiares e professoras
John procurou o bispo logo cedo no dia seguinte e disse
visitantes, alguns enxergaram apenas os
que aceitaria o chamado para servir. Naquela manhã, depois
desafios. Outros começaram a ministrar de
ILUSTRAÇÃO: BRIAN CALL

de provavelmente ter passado a noite em claro, John não sabia

maneira mais elevada e sagrada.
como se organizaria para servir missão. Ele sabia apenas que
• Quando o presidente Russell M. Nelson
iria servir. Assim como Calebe e Josué, ele sabia que Deus o
enfatizou a necessidade de usar o nome
ajudaria a encontrar um jeito. E Deus ajudou. John conseguiu
completo da Igreja, alguns hesitaram e
contratar um vizinho para cuidar de sua terra e de seu reba-
listaram razões pelas quais era mais fácil
nho, e a ala e a comunidade se uniram para dar suporte à sua
utilizar nomes mais curtos. Outros ime-
esposa e a seus filhos.
diatamente aderiram a essa orientação
John era de uma cidade pequena com uma população de 500
e encontraram maneiras de usar o nome
pessoas. Ele estava acostumado a andar a cavalo e trabalhar na
determinado na escritura.
terra. Quando foi chamado a servir na cidade de Nova York, John
• Quando a programação da reunião do Dia
deve ter sentido um grande choque cultural. Provavelmente, ele
do Senhor foi encurtada de três para duas
se sentiu um gafanhoto entre gigantes. Mas John serviu missão
horas, alguns acharam que o tempo de
com sucesso. O exemplo de John deu à sua posteridade o desejo
ensino seria insuficiente e que a programa-
de depositar confiança em Deus, independentemente de obs-
ção ficaria confusa. Outros rapidamente se
táculos e incertezas. “Porque para Deus nada será impossível”
adaptaram à mudança.
(Lucas 1:37).
É evidente que existem muitos outros exem-
Enfrentar os obstáculos com fé plos, mas a lição é clara. Cada desafio e cada
Assim como os filhos de Israel, enfrentamos imensos obstá- obstáculo que enfrentamos é uma oportuni-
culos. No entanto, esses obstáculos não podem nos separar das dade de escolher, assim como Josué e Calebe
bênçãos que o Senhor prometeu nos conceder se obedecermos escolheram confiar no Senhor. “Não sejais
a Seus mandamentos. Não é errado reconhecermos esses obstá- rebeldes (…), e não temais” (Números 14:9) foi
culos. Mas é importante enfrentá-­los com fé. um bom conselho para os filhos de Israel e con-
Josué e Calebe compreendiam os desafios que se apresentavam tinua sendo um bom conselho para cada um de
diante deles, mas sabiam que podiam confiar no Senhor. nós nos dias de hoje. ◼
Pela lente da Restauração contínua do evangelho, podemos
facilmente ver que, quando os profetas nos comunicam a von-
tade do Senhor, o melhor que temos a fazer é buscar manei-
ras de cumpri-­la. Certamente há obstáculos, mas, com fé em

Abril de 2022 47
 Como a Páscoa simboliza a
Êxodo 12
A
Festa da Páscoa
comemora a
libertação dos
israelitas do Egito (ver
Êxodo 12:27). Por meio
de símbolos, a Páscoa nos
ensina nos dias atuais
que, assim como o Senhor Unigênito, como um “cordeiro
libertou os israelitas da imaculado” (1 Pedro 1:19), para
trazer a salvação a Seus filhos.
escravidão no Egito, Ele
também pode nos libertar
do cativeiro do pecado.
48 L i a h o n a
Expiação de Cristo?
O cordeiro pascal
Um cordeiro
macho sem mácula
era sacrificado
e servido no
banquete de Páscoa.
Deus sacrificou Seu Filho
A Festa dos Pães Ázimos
O Senhor ordenou que
os israelitas comessem
pão ázimo para que se
recordassem da Páscoa
(ver Êxodo 12:15). Durante
a Última Ceia, Jesus comeu
pão ázimo e convidou
Seus apóstolos a comer
“em memória [Dele]”
(1 Coríntios 11:24). De que
maneira o sacramento
faz você se recordar do
Salvador?
Sangue nos
umbrais
Os israelitas que
marcaram os
umbrais de sua
casa com o san-
gue do cordeiro
foram poupados da
morte física durante
a última praga (ver Êxodo
12:13). Como o sangue
do cordeiro representa a
Expiação de Cristo? Como o
Salvador nos ajuda a vencer
tanto a morte física como a
espiritual? 
Ervas amargosas
Os israelitas comiam ervas
amargosas na Páscoa para se
lembrar da amargura de seu
cativeiro no Egito (ver Êxodo
12:8). Por meio de sua
Expiação, o Salvador
bebeu da “taça
amarga” (3 Néfi
11:11) para
nos ajudar
a vencer o
cativeiro do
pecado.
A PARTIR DO CANTO SUPERIOR ESQUERDO, NO SENTIDO HORÁRIO: THE GOOD
SHEPHERD, DE WILLIAM HENRY MARGETSON; THE PASSOVER, DE WILLIAM HENRY
MARGETSON; THE CRUCIFIXION OF CHRIST, ARTISTA DESCONHECIDO; CHRIST
IN GETHSEMANE, DE MICHAEL T. MALM; CHRIST INTRODUCES THE SACRAMENT
TO THE APOSTLES, DE DEL PARSON; THE PASSOVER SUPPER, DE BRIAN CALL;
FOTOGRAFIA DE UMA TÁBUA DE COMIDAS DA PÁSCOA, GETTY IMAGES
 ARTE SOBRE O VELHO TES TAMENTO

Os israelitas atravessam o Mar Vermelho

em solo seco
THE PASSAGE OF THE RED SEA, DE WILLIAM BRASSEY HOLE, LEBRECHT HISTORY / BRIDGEMAN IMAGES

“Então Moisés estendeu a sua mão sobre o mar, e o Senhor fez retirar-­se o mar
por um forte vento oriental toda aquela noite; e o mar tornou-­se em terra seca,
e as águas foram partidas. E os filhos de Israel entraram pelo meio do mar em
terra seca; e as águas foram-lhes como muro à sua direita e à sua esquerda.”
Êxodo 14:21–22
JOVENS ADULTOS

O que fazer quando

não sabemos todas
as respostas?

26

APÓS O DIVÓRCIO
DANDO UM PASSO
POR VEZ

34
VELHO TESTAMENTO
O PRIMEIRO
TESTAMENTO DE
CRISTO

40
VEM, E SEGUE-ME
DUAS MANEIRAS DE
REAGIR AOS
CONSELHOS DOS
LÍDERES DA IGRE JA

44