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A Canção Celestial:

The Celestial Song:


O Baghavad Gita
The Bhagavad Gita
Traduzido (para o inglês) por Edwin Arnold (em 1885)
. Translated by Edwin Arnold (1885)
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Tradução para o português: Silvia Maria Guerra Molina


Revisão da tradução para o português: Marcos José Guerra Molina
01 01

01 . Da Angústia de Arjuna 01 . Of The Distress of Arjuna

Dhristirashtra: Alinhados para batalha na planície sagrada – em


Kurukshetra – diz, Sanjaya! Diz
O que realizou meu povo, e os Pandavas?
Sanjaya: Quando viu o exército dos Pandavas,
o Raja Duryodhana chamou a Drona,
e proferiu essas palavras: “Ah, Guru! Vê essa linha,
Quão vasta é a linha dos guerreiros Pandu,
Dispostos ao combate pelo filho de Drupada,
Teu discípulo na guerra! Aí estão perfilados
Chefes como Arjuna, chefes como Bhima,
Arqueiros; Virata, Yuyudhan,
Drupada, eminente em sua quadriga,
Dhrishtaket, Chekitan, o imponente senhor de Kasi,
02 02

Purujit, Kuntibhoj e Saivya,


Com Yudhamanyu e Uttamauj
Filho de Subhadra; e os Drupadi; - todos renomados!
Todos em suas reluzentes quadrigas!
Do nosso lado, também, - tu, o melhor dos Brahmans!, vê
Excelentes chefes, comandantes de minhas linhas,
Cujos nomes eu regozijo-me em listar: a ti mesmo, o primeiro,
Então Bhrishma, Karna, Kripa feroz na luta,
Vikarna, Aswatthaman; próximo a esses
O forte Saumadatti, com todos os muito mais
Valentes e experientes, prontos para morrer nesse dia
Por mim seu rei, cada qual com sua arma em punho,
Cada qual preparado para a guerra. Mais fraco –parece-me –
Nosso exército, onde Bhishma mantém comando,
E Bhima, de frente para ele, parece-me muito forte!
Acautelem-se nossos capitães esta noite contra as fileiras de Bhima
03 03

Preparem suas defesas! Agora, sopro meu búzio!”

Então, ao sinal do idoso rei,


Com estrondo para despertar o sangue, cercando
Como o rugido de um leão, o trombeteiro
Soprou a grande Concha, e, ao som desta,
Trombetas e tambores, címbalos e gongos e chifres
Irromperam em súbito clamor; como as rajadas
De indômita tempestade, tal o tumulto parecia!
Então pode ser visto, sobre sua quadriga de ouro
Atrelada a corcéis brancos, assoprando seus búzios de batalha,
Krishna o Deus, Arjuna a seu lado:
Krishna, com armadura, soprou seu grande búzio
Cravejado de “ossos de Gigante”; Arjuna soprou
O ruidoso presente de Indra; Bhima o terrível –
Bhima inflado como lobo – soprou um grande búzio alongado;
04 04

E Yudhisthira, irrepreensível filho de Kunti


Soprou uma poderosa concha, “Voz da Vitória”;
E Nakula soprou estridentemente seu búzio
Chamado “Doce Ressonância”, Sahadev soprou a sua
chamada “Cravejada de Pedras Preciosas”, e o Príncipe Kasi a sua.
Sikhandi em sua quadriga, Dhrishtadyumn,
Virata, Satyaki o Não-subjugado,
Drupada, com seus filhos, (Oh, Senhor da Terra!)
Os filhos de Subhadra de braços fortes, todos sopraram forte,
De tal modo que o clangor fez estremecer os corações de seus inimigos,
Com a terra tremendo e os céus trovejando.
Então ocorreu –
Contemplando o exército de Dhritirashtra,
Armas sendo desembainhadas, arcos sendo posicionados, no instante
Da guerra começar – Arjuna, cuja insígnia
Era Hanuman, o macaco, falou essas coisas
05 05

Para Krishna o Divino, seu quadrigário:


“Dirija, Destemido! Para terreno aberto
Entre os exércitos; eu gostaria de ver mais próximos
Esses que lutarão conosco, aqueles a quem nós devemos matar
Neste dia, no arbitramento da guerra; para, certamente,
Em banho de sangue todos que lotam esta planície serem vergados,
Obedecendo o pecaminoso filho de Dhritirashtra.”

Assim, mediante a prece de Arjuna, (Oh, Bharata!)


Entre os exércitos aquele celestial Quadrigário
Dirigiu a reluzente quadriga, conduzindo seus corcéis brancos como leite
Para onde lideravam Bhisma e Drona e seus Nobres.
“Vê!” falou Ele a Arjuna, “onde eles estão, os
Teus parente Kurus:” e o Príncipe
Identificou em cada lado os parentes de sua casa,
Avôs e pais, tios e irmãos e filhos,
06 06

Primos e genros e sobrinhos, misturados


Com amigos e honrados anciãos; alguns deste lado,
Alguns agrupados daquele lado: e, vendo aqueles que se opõem,
Tais amigos transformados em inimigos – o coração de Arjuna
Derreteu-se de compaixão enquanto ele proferiu isto:
Arjuna:. Khrishna! Eis que viemos aqui para fazer jorrar
O sangue deles, o mesmo que o nosso, lá estão nossos parentes,
Meus membros fraquejam, minha língua seca em minha boca,
Um tremor domina meu corpo e meu cabelo
Arrepia-se com horror; de minhas mãos enfraquecidas desliza
Gandiv, o formoso arco; uma febre queima
Minha pele ressecando-a; mal consigo manter-me em pé;
A vida dentro de mim parece esvair-se e fraquejar;
Nada antevejo se não mágoa e lamento!
Isso não é bom, Oh Keshav! nada de bom
Pode resultar de chacina mútua! Veja, eu odeio
07 07

Triunfo e dominação, riqueza e facilidade,


Auferidos de tão triste modo! Oh! Que vitória
Pode trazer prazer, Govinda!, que ricos espólios
Podem trazer prosperidade; que recompensa; que prolongamento
Da vida em si mesma parece doce, trazida por tal sangue?
Vendo esses que estão aqui, prontos para morrer,
Para o quais a vida foi justa, e prazeres foram desfrutados;
E o poder vicejou precioso: - avôs, pais e filhos,
Irmãos e sogros e genros,
Anciãos e amigos! Devo promover a morte desses
Mesmo se eles intentam nos matar? Nem um golpe,
Oh, Madhusudan!, eu desferirei para ganhar
A regra de todos os Três Mundos; então, quanto menos
Para aproveitar um reino terreno! Matar a esses
Nada deve produzir se não angústia, Krishna! Se eles são
Culpados, nós incorreremos em culpa por suas mortes;
08 08

Os frutos negativos de seus atos recairão sobre nós, se nós matarmos


Aqueles filhos de Dhritirashtra e nossos parentes;
Que paz poderá advir daquilo, Oh Madhava?
Pois, se de fato, cegos pela luxúria e pela ira,
Esses não podem ver, ou não poderão ver, o mal
Das linhagens reais abatidas e parentes mortos,
Como não deveríamos nós, os que veem evitar tal crime –
Nós que percebemos o equívoco e sentimos a vergonha –
Oh, Tu, Prazer dos Homens, Janardana?
Pela derrota das casas perece
A doce continuidade de suas devoções familiares,
E – ritos negligenciados, devoção extinta –
Entra a impiedade naquela casa;
Suas mulheres crescem desencaminhadas, dado lá vicejarem
Paixões loucas e a mistura de castas,
Encaminhando aquela família a uma via para as regiões do Inferno,
09 09

E aqueles que forjaram sua condenação pela ira impiedosa.


Não, e as almas dos honoráveis ancestrais
Decaem de seu lugar de paz, sendo desprovidas
De oferendas de alimento e água.
Assim ensinam nossos hinos sagrados. Deste modo, se nós matamos
As pessoas de nossa família e os amigos por amor ao poder terreno,
Ahovat! que erro é cometido!
Eu considero que será melhor a atacar meus parentes,
Enfrentá-los desarmado e sem proteção para meu peito
Contra a haste e a lança, que responder golpe com golpe.

Assim falando, em face daqueles dois exércitos,


Arjuna afundou sobre o assento de sua quadriga,
E deixou cair arco e flechas, com pesar no coração.

AQUI TERMINA O CAPÍTULO I DO


10 10

BHAGAVAD-GITA,
Intitulado “Arjuna-Vishad”,
Ou, “O livro da Angústia de Arjuna.”
01 01

02. Das Doutrinas 02 . Of Doctrines

Sanjaia: A ele, tão cheio de tristeza e de pesar,


Com os olhos esmaecidos de lágrimas, abatido, em palavras duras
O Quadrigário, Madhususdan, dessa forma dirigiu-se:
Krishna: Como esta fraqueza dominou a ti?
De onde emergem
Os tormentos inglórios, vergonhosos para o bravo,
Barrando o caminho da virtude? Não, Arjuna!
Proibe a ti mesmo de fraquejar! Isso denigre
Tua reputação de guerreiro! iguala-te a um covarde!
Acorda! Sê o que tu és! Levanta-te, flagelo de teus Inimigos!
Arjuna: Como eu posso, na batalha, alvejar
A Bhishma ou a Drona – Oh, tu Chefe! –
Ambos veneráveis, ambos homens honoráveis?
02 02

Melhor viver de pão de mendigo


Com aqueles que amamos vivos,
Que experimentar seu sangue em ricas festas espalhado,
E sobreviver com culpa!
Ah! Se fosse pior – quem sabe? – ser
Vitorioso ou ser vencido aqui,
Quando aqueles nos confrontarem com ira
Cuja morte deixa viver em tristeza?
Perdidos em compaixão, acossados por dúvidas,
Meus pensamentos – distraídos – voltam-se
Para Ti, o Guia que eu mais reverencio,
De quem eu posso aprender o conselho:
Eu não sei o que curaria o luto
Que queima na alma e nos sentidos,
Se eu fosse chefe inconteste da Terra –
Um deus – e esses dela desaparecessem!
03 03

Sanjaya: Assim falou Arjuna para o Senhor dos Corações,


E suspirando, “Eu não lutarei!” mantendo silêncio então.
Para quem, com sorriso terno, (Oh, Bharata!)
Enquanto o Príncipe chorava desesperado entre aqueles exércitos,
Krishna respondeu com o mais divino verso:
Krishna: Tu mais lamentas onde nenhum lamento deve haver! Tu proferes
Palavras a que faltam sabedoria! Aquele de coração sábio
Não lamentes por aqueles que vivem, nem por aqueles que morrem.
Nem eu, nem tu, nem qualquer um desses,
Nunca fomos, nem nunca seremos,
Para sempre e para todo o sempre.
Todos, aqueles que vivem, vivem sempre! Para a estrutura do homem
Como advêm a infância e a juventude e a velhice,
Assim advêm nascimentos e mortes
De outra e outra morada da vida,
O que o sábio conhece e por isso não teme. Isso que incomoda -
04 04

Teu sentido de vida, emocionante para os elementos -


Trazendo-te calor e frio, tristezas e alegrias,
Isso é breve e mutável! Enfrenta isso, Príncipe!
Como o sábio enfrenta. A alma que não é movida,
A alma que com uma forte e constante calma
Indiferentemente se entristece e se alegra,
Vive na vida imortal! Aquilo que é
Nunca pode cessar de ser; aquilo que não é
Não existirá. Para ver essa verdade de ambos
É deles que parte a essência do acaso,
Substância da sombra. Indestrutível,
Aprende Tu! a Vida é, espalhando vida através de tudo;
Ela não pode em nenhum lugar, por quaisquer meios,
De maneira alguma, ser diminuída, paralisada ou mudada.
Mas para essas estruturas fugazes as quais ela moda
Com espírito imortal, interminável, infinito,
05 05

Eles perecem. Deixe-os perecer, Príncipe! E Lute!


Quem dirá, “Veja! Eu matei um homem!”
Quem pensará, “Veja! Eu estou morto!” ambos aqueles
Não sabem nada! A Vida não pode morrer. A Vida não é mortal!
Nunca um espírito nasceu; o espírito nunca cessará de ser;
Nunca houve tempo em que ele não era; Fim e Começo são sonhos!
Sem nascimento e imortal e imutável permanece o espírito para
sempre;
A morte absolutamente não o tem tocado, a morte que a casa dele
parece!
Quem o conhece é inesgotável, autossustentado,
Imortal, indestrutível, - deve tal
Dizer, “Eu matei um homem, ou causei sua morte?

Não,é como quando alguém desfaz-se


De sua veste desgastada,
06 06

E, tomando novas vestes, diz,


“Essas eu usarei por esse dia!”
Assim é estabelecida pelo espírito
Sua breve vestimenta de carne,
E passas a herdar
Uma residência renovada.

Eu digo a ti que armas não alcançam a Vida;


Chama não a queima, água não a subjuga
Nem ventos secos a ressecam. Impenetrável,
Inexpugnável, inatingível, ilesa, intocada,
Imortal, tudo recebendo, estável, segura,
Invisível, inefável, pela palavra
Em pensamento não abarcada, sempre tudo em si mesma,
Assim é a Alma declarada! Como irás tu, então, -
Conhecendo que assim é, - entristeceres quando não deverias te lamentar?
07 07

Como, se tu ouves que o homem recém-morto


É, semelhante ao recém-nascido, um homem ainda vivo –
Um mesmo, Espírito existente – queres tu chorar?
O fim do nascimento é morte; o fim da morte
É nascimento: isto é ordenado! E tu lamentares,
Chefe do braço forte! pelo que acontece
O qual não poderia acontecer de outro modo? O nascimento
Das coisas vivas vem despercebido; a morte
Vem despercebida; entre eles, seres percebem:
O que há de triste nisso, querido Príncipe?

Maravilhoso, melancólico/saudoso, para contemplar!


Difícil, duvidoso, para falar a respeito!
Estranho e grande para a língua relatar,
Audição mística para cada um!
Nem conhece isso o homem, que maravilha é,
08 08

Quando vendo, e dizendo e ouvindo são feitos!

Essa Vida dentro de todas as coisas vivas, meu Príncipe!


Esconde-se além do dano; desconsidero teu sofrimento, então,
Por aquilo que não pode sofrer. Faça a tua parte!
Seja consciente de teu nome, e não te estremeças!
Nada melhor pode acontecer a uma alma marcial
Do que a guerra legítima; feliz o guerreiro
A quem advém regozijo da batalha – vem, como agora,
Gloriosos e justo, não procurado; abrindo para ele
Um portal até o Céu. Mas, se tu brilhas
Neste honorável campo – um Kshattriya –
Se, conhecendo teu dever e tua tarefa, tu repudias
Dever e tarefa – em que demérito incorrerás!
E aqueles que virão falarão de tua infâmia
De geração em geração; mas a infâmia é pior
09 09

Para o homem de sangue nobre suportar do que a morte!


Os chefes sobre suas quadrigas
Julgarão que foi o medo que te apartou da guerra.
Daqueles que mantiveram tua alma poderosa o escárnio
Tu deves receber, enquanto todos teus inimigos
Propagarão falas amargas a teu respeito, para zombar
Do valor que tinhas; que destino poderia se suceder
Mais gravemente que isso? Ou – sendo morto –
Tu queres ganhar a segurança de Swarga, ou – vivo
E vitorioso – tu queres reinar um reinado terreno.
Portanto, levanta-te, tu, Filho de Kunti! Prepara
Teu braço para o conflito, encoraja teu coração para encontrar –
Como coisas semelhantes a ti – prazer ou dor,
Prosperidade ou ruína, vitória ou derrota:
Assim preparado, cinge-te para a luta, para que assim
Tu não geres frutos negativos com tua ação!
10 10

Até agora eu falo para ti


A partir de “Sankhya” – não-espiritualmente –
Ouve agora o mais profundo ensinamento de Yoga,
O qual realizando-o, compreendendo-o, tu haverás de explodir
Teu Karmabandh, a escravidão dos atos condicionados.
Aqui deverá ser eternamente prejudicado, nenhuma esperança prevista,
Nenhuma perda será temida: fé – sim, uma pequena fé –
Salvará a ti da angústia de teus pavores.
Aqui, Glória dos Kurus! Brilha uma regra –
Uma única regra imutável – enquanto almas inconstantes têm leis
Muitas e difíceis. Ilusório, embora injusto julgamento
A fala daqueles de pensamento doentio aqueles que exaltam
O texto de seus Vedas, dizendo, “Isso
É tudo que nós temos, ou necessitamos”, sendo fracos no coração
Com desejos, buscadores do Céu: o qual vem – eles dizem –
Como “fruto das boas obras realizadas”, homens promissores
11 11

Muito auspício em novos nascimentos para trabalhos de fé;


Em vários e abundantes ritos; seguindo aos quais
Grande mérito será auferido em termos de riqueza e poder;
Não obstante, quem rico e poderoso desejar mais
Menos firmeza de alma tem tal (pessoa), menos se mantém
Em meditação celestial. Muito desses ensinamentos,
Dos Vedas, referem-se às “três qualidades”,
Mas tu estejas livre das “três qualidades”,
Livre dos “pares de opostos” e livre
Daquilo que a justiça triste calcula;
Auto-orientado, Arjuna! Simples, satisfeito.
Veja! Como quando um tanque verte água adiante
Para atender a todas as necessidades, assim fazem esses Brahmans compondo
Textos para todos os desejos do tanque das Sagradas Escrituras.
Mas tu, não desejes! Não perguntes! Encontres plena recompensa
Em agir corretamente e corretamente! Deixes as ações corretas serem
12 12

Tua motivação, não o fruto que delas advém.


E vivas em ação! Trabalho! Realizes teus atos
Tua devoção, relegando todo teu eu para o lado,
Desprezando ganho e mérito; uniforme
Em relação ao bom e ao mal: equanimidade
É Yoga, é devoção sincera!
Ainda, o reto agir
É menos, muito menos, que o reto pensar da mente.
Busques refúgio em tua alma; tenhas lá teu céu!
Despreze aqueles que seguem a virtude por suas recompensas!
A mente da devoção pura – mesmo aqui –
Lança igualmente de lado as boas e as más ações,
Passando acima delas. À pura devoção
Dedica-te: com perfeita meditação
Advêm atos perfeitos, e o reto coração advém –
Mais certamente porque eles não buscarão nenhum ganho -
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Além dos limites do corpo, passo a passo,


Para maiores lugares de felicidade. Quando tua alma firme
Lança fora aqueles oráculos confusos
Os quais guiam ignorantemente, então passarás
A negligenciar o que é dito ou negado,
Esse caminho ou aquele caminho, nas escrituras da doutrina.
Não mais perturbado pela erudição dos sacerdotes,
Seguro deve-se viver, e confiante; firmemente recurvado
Em meditação. Isso é Yoga – e Paz!
Arjuna: Qual é a marca de quem tem o coração firme,
Confirmado na meditação santa? Como
Nós reconhecemos seu discurso, Kesava? Ele se sente, ele se move
Como outros homens?
Krishna: Quanto alguém, Oh Filho de Pritha! –
Abandonando desejos que agitam a mente –
Encontra em sua própria alma conforto para sua alma,
14 14

Ele terá alcançado o Yoga – assim será este homem!


Em meio à tristeza, não deprimido e na alegria
Não excessivamente alegre; mantendo-se alheio às pressões
Da paixão, medo e raiva; estável na calma
Da sublime contemplação; - tal pessoa
É Muni, é Sábio, o verdadeiro Recluso!
Ele quem a ninguém e a nenhum lugar é excessivamente apegado
Pelos laços da carne, considera as más e boas coisas
Nem desanimando nem se exultando, tal pessoa
Carrega a marca da mais simples sabedoria Ele quem manterá
Como a tartaruga sábia mantém suas quatro patas segura
Sob seu casco, seus cinco frágeis sentidos à parte
Do mundo sob o escudo do espírito
Mundo que os assalta, tal é esta pessoa, meu Príncipe!
Tem a marca da sabedoria! Coisas que solicitam os sentidos
São mantidas distantes do auto-governado; ou melhor, trata
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Seus apetites como quem vive além


À parte, - mais desperto. Ainda pode haver oportunidade
Oh, Filho de Kunti, em que uma mente controlada
Possa algum tempo sentir-se varrida pela tempestade dos sentidos, e recorra
A forte auto-controle pelas raízes. Deixe-o recuperar
Seu reino! Deixe-o conquistá-lo, e estabeler
Em Mim sua intenção. Aquele home solitário é sábio
Quem mantém o domínio de si mesmo? Se alguém
Detém sua mente sobre os objetos dos sentidos, gera
Atração; da atração desenvolve-se o desejo,
O desejo inflama a paixão feroz, paixão gera
Imprudência; então a memória – totalmente traída –
Deixa os nobres propósitos se irem, e mina a mente,
Até que objetivos, mente e homem são todos desfeitos
Mas, se alguém lida com os objetos dos sentidos
Nem os amando nem os odiando, fazendo-os
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Servir à sua alma livre, a qual repousa serenamente senhora,


Veja! Tal homem vem para a tranquilidade;
E dessa tranquilidade irá se originar
O fim e a cura de suas dores terrenas,
Uma vez que a vontade controlada estabelece a alma na paz.
A alma daquele que não controla não é dele,
Nem tem ele conhecimento sobre si mesmo; o qual faltando,
Como viceja a serenidade? E, desejando-a,
De onde deve ele esperar por felicidade?
A mente
Que se permite seguir o que lhe mostra os sentidos
Vê seu leme de sabedoria apartado de si,
E, semelhante a um navio nas ondas de um furacão, dirige-se
Para o naufrágio e a morte. Somente aquele, grande Príncipe!
Cujos sentidos não são seduzidos pelos objetos dos sentidos –
Somente aquele que tem o seu domínio,
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Mostra sabedoria perfeita. O que é escuridão da meia-noite


Para as almas não-iluminadas resplandece como vigília diurna
Para seu límpido olhar; o que parece como vigília diurna
É conhecido como noite, espessa noite da ignorância,
Para seus olhos que veem a verdade. Tal é o Santo!
E semelhante ao oceano, dia a dia recebendo
As cheias de todas as terras, o qual nunca transborda;
Não ultrapassando suas fronteiras, e não partindo,
Alimentado pelos rios, mas não aumentado por aqueles; -
Assim é aquele perfeito! Para o oceano de sua alma
O mundo dos sentidos verte rios de feitiçaria.
Eles deixam-no como eles o encontram, sem comoção,
Recebendo seus tributos, mas permanecendo oceano.
Sim! Quem quer que, lançando fora o jugo da carne
Vive senhor, não servo de seus desejos; mantém-se livre
Do orgulho, da paixão, do equívoco do “Eu”,
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Toca a tranquilidade! Oh, Filho de Pritha!


A qual é o estado de Brahmam! Repousa sem medo
Quando aquele último passo é alcançado! Viva onde ele viver,
Morra ele quando possa, tal pessoa ultrapassa todo lamento,
Para o abençoado Nirvana, com os Deuses, alcançar.

AQUI TERMINA O CAPÍTULO II DO


BHAGAVAD-GITA,
Intitulado “Sankhya-Yoga”,
Ou “O Livro das Doutrinas”.

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