Você está na página 1de 13

Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Contribuições de Alexander Von Humboldt, Karl Ritter, Friedrich Ratzel e Alfred


Hettner para a sistematização da Geografia

Curso: Licenciatura em Ensino de Geografia


Disciplina: Evolução ao Pensamento Geográfico
Ano de frequência: 1° Ano
Turma:

Docente:

Beira, Julho, 2022


Critérios de avaliação (disciplinas teóricas)

Classificação
Categorias Indicadores Padrões Nota
Pontuação Subtota
do
máxima l
tutor
 Índice 0.5
 Introdução 0.5
Aspectos
Estrutura  Discussão 0.5
organizacionais
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização
(Indicação clara do 2.0
problema)
Introdução  Descrição dos
1.0
objectivos
 Metodologia adequada
2.0
ao objecto do trabalho
 Articulação e domínio
do discurso académico
Conteúdo (expressão escrita 3.0
cuidada, coerência /
Análise e coesão textual)
discussão  Revisão bibliográfica
nacional e internacional
2.0
relevante na área de
estudo
 Exploração dos dados 2.5
 Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
 Paginação, tipo e
Aspectos tamanho de letra,
Formatação 1.0
gerais paragrafo, espaçamento
entre linhas
Normas APA
Referências  Rigor e coerência das
6ª edição em
Bibliográfica citações/referências 2.0
citações e
s bibliográficas
bibliografia
Folha de Feedback dos tutores:

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
ÍNDICE

1. Introdução...............................................................................................................................3

2. O Surgimento da Geografia Moderna.....................................................................................4

2.1. A contribuição de Alexander von Humboldt.......................................................................4

2.2 Karl Ritter.............................................................................................................................6

2.3. Friedrich Ratzel....................................................................................................................7

2.4. Alfred Hettner......................................................................................................................8

Conclusão..................................................................................................................................10

Referências bibliográficas.........................................................................................................11
1. Introdução
O presente trabalho surge no âmbito do comprimento exigido pela Universidade Católica de
Moçambique para aquisição de alguns créditos académicos de modo a fazer a cadeira de
Evolução ao Pensamento Geográfico. Assim sendo, o presente trabalho consiste em explicar
como se dá o processo de sistematização da Geografia a partir das contribuições de Humbuldt,
Ritter, Ratzel e Hettner.

Portanto, a geografia do século XIX vai desenvolver-se, inicialmente, com as grandes


contribuições de dois cientistas alemães – Alexander Von Humboldt, Karl Ritter, Friedrich
Ratzel e Alfred Hettner, serão considerados fundadores da Geografia, decorrente do carácter
sistemático e metodológico, que vão dar à geografia, possibilitando a mesma, ser considerada
uma ciência moderna.

Metodologicamente, este trabalho adoptou o tipo de pesquisa bibliográfica, feita através de


leituras específicas sobre as contribuições de Alexander Von Humboldt, Karl Ritter, Friedrich
Ratzel e Alfred Hettner para a sistematização da Geografia. A pesquisa foi fundamentada com
bases em autores que discutem os temas abordados.

3
2. O Surgimento da Geografia Moderna
O conjunto de novos factores que surgiram, entre os séculos XV e XVIII, contribui para o
processo de sistematização do conhecimento geográfico. Este se tornará ciência somente no
séc. XIX.

Segundo Moraes (1987), a Geografia como conhecimento autónomo, particular, demandava


certo número de condições históricas. Estas condições, ou melhor, pressupostos históricos da
sistematização geográfica objectivam-se no processo do avanço e domínio das relações
capitalistas de produção. Portanto, na própria formação do modo de produção capitalista (p.
34).

O autor apresenta, ainda, quatro conjuntos importantes de pressupostos que contribuíram para
o processo de sistematização da Geografia: o conhecimento efectivo da extensão real do
planeta; a existência de um repositório de informações; o aprimoramento das técnicas
cartográficas e as mudanças filosóficas e científicas (Moraes, 1987, p. 32-42).

A partir deste contexto, pode-se dizer que a Geografia irá surgir como ciência no século XIX,
na Alemanha. Os autores considerados como os “pais” da Geografia são os alemães
Alexander von Humboldt e Karl Ritter. É, também, da Alemanha que aparecem as primeiras
cátedras dedicadas a esta disciplina; é de lá que vêm as primeiras propostas metodológicas e a
formação das primeiras correntes de pensamento na Geografia (Moraes, 1987, p. 42).

2.1. A contribuição de Alexander von Humboldt


Realizou inúmeras viagens, percorreu a Europa, a Rússia asiática, o México, a América
Central, a Colômbia e a Venezuela, observando os grandes fenómenos físicos e biológicos;
seus trabalhos são todos de natureza científica, sem qualquer finalidade pedagógica. Em suas
viagens, acumulou uma grande quantidade de conhecimentos que lhe possibilitou elaborar e
publicar suas duas grandes obras: Quadros da Natureza (1808) e Cosmos (1845). Após
percorrer o mundo, voltou à Europa e radicou-se em Paris, onde estimulou a organização de

Sociedades e de reuniões científicas, contribuindo para a expansão do conhecimento dos


vários quadrantes da Terra. Na velhice, voltou a Berlim, dedicou-se ao magistério e tornou-se
conselheiro do rei da Prússia, já então preocupado com a unificação da nação alemã
(Andrade, 1987, p. 52).

4
Humboldt defendia o conceito de unidade da natureza e achava que o objecto da pesquisa
científica deveria ser a descoberta da conexão causal dos fenómenos (Sodré, 1989, p. 33).

O seu principal objectivo era a procura de uma ciência integradora, através da qual se pudesse
demonstrar a harmonia da natureza, pois considerava a Terra um todo orgânico, em que os
diversos fenómenos são interdependentes. Interessou-se pela diferenciação espacial e
considerou a paisagem resultado da interacção de vários fenómenos. Das suas investigações
dos fenómenos feitas à escala regional, continental ou mundial, resultou numa sistematização
de conhecimentos geográficos. A Geografia passou a ser, com Humboldt, uma ciência
sistemática. Ou seja, Humboldt, comparava sistematicamente as paisagens da área que
estudava com outras partes da Terra. O seu método era empírico e indutivo (raciocinado –
utiliza o empírico e, também, a razão para explicação dos fenómenos), pois parte de casos
particulares para os gerais, objectivando obter uma lei geral, válida também para os casos não
observados. Não procurava a descrição do individual, do único, mas do geral (Ferreira;
Simões, 1994, p. 61-62).

Assim, a geografia seria uma disciplina sintética, preocupada com a conexão entre os
elementos e buscando, através destas conexões, a causalidade existente na natureza.
Humboldt concebia a Geografia como a parte terrestre da ciência do cosmos, isto é, como
uma espécie de síntese de todos os conhecimentos relativos à Terra (Moraes, 1987, p. 47-48).

Humboldt não buscava analisar apenas um factor isolado, e sim estabelecer relações de causa
e consequência entre eles – surgindo daí o princípio de causalidade.

Além do princípio de causalidade, Humboldt também aplicou o chamado princípio de


geografia geral, ou seja, nenhum lugar da Terra pode ser estudado sem o conhecimento do seu
conjunto, sendo que um fenómeno verificado em determinada região pode ser generalizado
para todas as outras áreas do globo com características semelhantes.

Humboldt lança diversas bases para a geografia física, como em climatologia (termo
provavelmente de sua autoria), botânica, orografia, oceanografia, geologia etc.; além disso,
traz para a geografia factores pouco explorados que agem sobre as populações, como a
estatística, a economia política, a pesquisa da origem da línguas e das migrações humanas
(Aragão, 1960, p.465).

5
Em Humboldt já há uma perspectiva a formulação de leis terrestres e da interligação entre os
diversos fenómenos (La Blache, 2001, p.6). O método comparativo que permite
generalizações universais e a perspectiva histórica de evolução, em detrimento de uma
natureza imutável, são as maiores contribuições de Humboldt para a ciência na visão de Capel
(2007, p.17).

Dentre inúmeras contribuições, como a melhor sistematização dos dados em cartas e mapas
ou a idealização de perfis, está a genial ideia de isolinhas, amplamente difundidas em estudos
climáticos e de geomorfologia, em que variáveis de mesma intensidade ou valor são
conectadas por linhas, como no exemplo das curvas de nível.

O grande marco de Humboldt é justamente criar uma teoria para o fato das formações
atmosféricas não atingirem o continente e gerarem os desertos na parte oeste do continente
sul-americano.

2.2 Karl Ritter


Segundo Moraes (1987) a principal obra de Ritter, Geografia Comparada, é explicitamente
metodológica com um intuito de propor uma Ciência Geográfica, assim de carácter
normativo. Ritter define o conceito de “sistema natural”, ou seja, uma área delimitada dotada
de uma individualidade. A Geografia deveria estudar estes arranjos individuais, e compará-
los. Cada arranjo abarcaria um conjunto de elementos, representando uma totalidade, onde o
homem seria o principal elemento. Portanto, a Geografia de Ritter é, principalmente, um
estudo dos lugares, uma busca da individualidade destes. A proposta de Ritter é,
antropocêntrica (o homem é o sujeito da natureza), regional (aponta para o estudo de
individualidade), valorizando a relação homem-natureza. Em termos de método, Ritter vai
reforçar a análise empírica, da observação a observação para explicar os fenómenos (p. 48-
49).

Na sua obra, descreve diversas áreas do mundo, buscando integrar o quadro físico com a
ocupação humana. As suas descrições são de áreas que ele considerava únicas, devido à inter-
relação dos fenómenos nelas existentes.

A partir de Humboldt e Ritter ficou estabelecida a metodologia da geografia descritiva,


empírica, observação, indutiva e de síntese. A influência de ambos foi, portanto, decisiva para
6
conferir à Geografia o seu verdadeiro carácter científico. Segundo Moraes (1987, p. 48-49) a
obra destes dois autores compõe a base da Geografia Moderna Tradicional. Todos os
trabalhos posteriores vão se remeter às formulações de Humboldt e Ritter. A Geografia de
Ritter é regional e antropocêntrica, a de Humboldt busca abarcar todo o Globo, uma geografia
geral, sem privilegiar o homem. Estes autores criam uma linha de continuidade no
pensamento geográfico, até então inexistente. Além disso, há de se ressaltar o papel
institucional, desempenhado por eles, na formação das cátedras dessa disciplina, dando assim
à Geografia uma cidadania académica.

2.3. Friedrich Ratzel


Segundo Moraes (1994) afirma que Ratzel teve como principal obra o livro Antropogeografia
– fundamentos da aplicação da Geografia à História (1882) onde muitos acreditam que
fundou a Geografia humana. Ratzel definiu o objecto geográfico como o estudo da influência
que as condições naturais exercem sobre a humanidade, ou seja, tais condições naturais
“moldaria” o carácter humano, onde este reflectiria na sociedade tanto em suas posses como
na sua cultura; neste caso a situação natureza - homem (natureza delimita o homem).

Para ele o homem precisaria utilizar os recursos da natureza, para conquistar sua liberdade
pois a medida que a sociedade se expande ela necessitaria de mais recursos, se eles eram
escassos a sociedade não se desenvolvia (aí que surge o termo “espaço vital”), se a sociedade
dependia da natureza teria de a proteger por isso segundo ele “Quando a sociedade se
organiza para defender o território, transforma-se em Estado”. A geografia “Ratzeliana”
privilegiou o elemento humano e abriu várias frentes de estudo, com um foco mais para as
questões históricas/espaciais, como: a formação dos territórios, a distribuição da humanidade
na Terra  (migrações, colonizações, etc), o de povos isolamento e o que causaria aos mesmos,
além de estudos monográficos das áreas habitadas; mas sempre considerando as imposições
naturais e não sociais sobre o homem como já citado anteriormente (Moraes, 1994).

Para Moraes (1994) refere que em termos de metodologia a Geografia “Ratzeliana” não expos
grandes novidades manteve ela como uma ciência sintética de base empírica e naturalista,
mesmo apesar de propor que ela deveria ser observada como um todo não somente de uma
forma regional como ele mesmo propõe “ver o lugar como objecto em si, e como elemento de
uma cadeia”.

7
Os discípulos de Ratzel colocaram suas formulações de um modo muito radical
simplificando-as, tomando por base nos seus estudos a máxima “o homem é um produto do
meio” (onde Ratzel colocava apenas a influência do meio no homem) e formaram o que hoje
se chama de “escola determinista” ou “determinismo geográfico”.

Outra área que recebeu contribuição das ideias de Ratzel foi a Geopolítica que teve seu
gêneses a partir de algumas ideias de Ratzel tais como a dominação de um “espaço vital” para
o bom desenvolvimento de um estado.

A “escola ambientalista” também surgiu a partir de colocações de Ratzel e apoiado aos ideais
da Ecologia, esta corrente propõe o estudo do homem em relação aos elementos do meio em
que ele se insere, só que aqui a natureza não determina o homem mais vai-lhe dar o suporte
para seu desenvolvimento e existência (Moraes, 1994).

A importância de Ratzel na Geografia foi grande pois, ele trouxe temas que até então não
eram abordados por ela (económicos e políticos) e por fim colocou o homem com um ser
central nas suas análises mesmo que este fosse visto por ele apenas como um animal, ao não
diferenciar as suas qualidades específicas.

2.4. Alfred Hettner


Sua maior contribuição realizou-se através do oferecimento de uma definição de alcance e
métodos da geografia. Hettner buscou justificar as conclusões extraídas do desenvolvimento
histórico da geografia em termos da metodologia e da filosofia da ciência (Simões, 2003)

Ainda segundo Simões (2003) afirma ao examinar o desenvolvimento histórico da geografia,


Hettner observou graves erros de interpretação devido a não definição correta do objecto de
estudo. A geografia, para Hettner, não seria a ciência da totalidade da Terra, mas sim, o
estudo da superfície terrestre.

A geografia não poderia ser dualista, pois em cada área habitada, os traços físicos e humanos
estariam tão entrelaçados, que formariam um só objecto de estudo. Desse modo, Hettner
entendia que a geografia não deve ser dividida entre as ciências naturais e as sociais, nem ser
definida como o estudo das relações entre os traços naturais e os humanos da superfície

8
terrestre. A geografia seria uma disciplina unitária, e a realidade que estuda estaria composta
por elementos heterogéneos, porém, mutuamente relacionados. Idem

Para Simões (2003) salienta que dois enfoques teoricamente distintos se combinariam
eficazmente no estudo de áreas, segundo Hettner: o método da geografia regional, que
analisaria todo o complexo de características das áreas singulares, e o método da geografia
geral, que compararia as áreas em função de determinados tipos de especificidades.

9
Conclusão

Concluímos que com todos os estudos realizados e publicados por Alexander von Humboldt,
dentre as várias áreas do conhecimento que foram beneficiadas, a Geografia foi um dos
campos que obteve grande avanço na constituição/construção da Geografia científica. Graças
ao seu olhar curioso e atento sobre a natureza, a descrição de vários lugares, a delimitação e
até mesmo correcção de pontos que estavam errados nos mapas, como no caso de Acapulco.
Humboldt por meio de suas expedições científicas dá grande importância ao conhecimento
empírico, aquele que é detectado durante as viagens feitas a campo em busca de novas
informações ou então de apenas comprovar aquilo que já se sabe/conhece.

Além disso, o destaque dado por ele no papel desempenhado pelo observador para a descrição
da natureza, na análise da paisagem, as influências que podem dar maior ou menor significado
na sua descrição. Enfim, como a sensibilidade humana, o estado emocional influenciam tanto
num simples relato/descrição, como na construção de novos conhecimentos. Por outro lado,
Ritter exerceu influência nos geógrafos da Alemanha e também nos da França.

Contudo, os estudos de Humboldt e Ritter foram, decisivos para conferir à Geografia o seu
verdadeiro carácter científico. Com a institucionalização da Geografia, surgem as escolas
nacionais, ou seja, as “escolas geográficas”.

10
Referências bibliográficas
Andrade, M. C. (1987). Geografia, Ciência da Sociedade: uma introdução à análise do
pensamento geográfico. São Paulo: Atlas.

Aragão, J. A. S. do. (1960). A vida e a obra de Humboldt. Revista Brasileira de Geografia,


ano XXII, n.3, p.465-77.

Capel, H. (2007). Filosofia e ciência na geografia contemporânea: uma introdução à


geografia. Maringá: Massoni. v.1.

Ferreira, C. C.; Simões, N. N. (1994). A evolução do pensamento geográfico. São Paulo:


Gradiva.

La Blache, P. V. de. (2001). O princípio da geografia geral. GEOgraphia, ano III, n.6.

Moraes, A. C. R. (1987). Geografia: pequena história crítica. São Paulo: Hucitec.

Moraes, A. C. R. (1994). Geografia Pequena História Crítica. 20° ed, São Paulo: Hucitec,

Simões, L.M. (2003). Origens e sistematização da Geografia. Recuperado a 27 de junho de


2022 em:
https://www.researchgate.net/publication/276226121_Origens_e_sistematizacao_da_geografi
a

Sodré, Nelson Werneck. (1989). Introdução à Geografia: geografia e ideologia. Rio de


Janeiro: Vozes.

11

Você também pode gostar