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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-

REI
Engenharia Química
Laboratório de Engenharia Química I

Experimento de Reynolds

Ana Luísa Neiva Vieira; Anna Beatriz Albuquerque Silva; Anna Luiza Soares Nunes; Bruno
Oromar Godinho Duarte; Evelyn Cristina Benevenuto de Souza; Raislayne Fausta Silva Sabara.

Resumo
O experimento em questão tem por finalidade analisar a trajetória de um corante injetável em um tubo com uma variação de
vazão de água, baseado no experimento de Osborne Reynolds, cujo objetivo é identificar em quantidade e qualidade o perfil
do regime de escoamento. Tal regime pode ser classificado de três maneiras, sendo laminar, de transição ou turbulento, e sua
classificação é feita a princípio com a observação visual, e posteriormente com os cálculos do número de Reyolds.
Na literatura é possível encontrar a partir das estimativas quantitativas as faixas de valores comparativas entre regime
turbulento e laminar.
Por fim, para análise do perfil de velocidade em relação ao raio da tubulação, das características intrínsecas e cinemáticas de
escoamento e dos componentes do sistema, foi realizada a dedução das equações de velocidade média de escoamento.

Palavras-chave: Regime de escoamento, Reynolds e Perfil de velocidade..

grupo de moléculas é denominado vórtice ou turbilhão, e


Introdução geralmente é visível a olho nu. Esse tipo de experimento
não pode ser descrito por uma única expressão
De acordo com a literatura (1), os diferentes
matemática, visto que o mecanismo de transporte é mais
comportamentos dos fluídos podem ser explicados por
complexo, dessa forma, segundo a literatura (3), é
suas propriedades intrínsecas. Um dos experimentos
necessário combinar teoria com evidência experimental
amplamente reconhecido por avaliar o perfil de
para concluir de forma adequada que o transporte seja
escoamento foi realizado primeiramente pelo cientista
turbulento.
Osborne Reynolds, onde ele adaptou uma sonda de
Já o regime transiente ocorre quando o
corante em um tubo transparente a fim de verificar se o
escoamento não tão uniforme quanto o laminar, nem tão
contraste do corante apresentava comportamentos
agitado para ser considerado turbulento, sendo esse
diferentes de acordo com o tubo, o fluido e o tipo de
considerado intermediário entre o laminar e o turbulento.
escoamento. A partir das análises feitas Reynolds propôs
No escoamento de um fluido através de um tubo
que a identificação do tipo de escoamento fosse feita
ou de um duto, o perfil de velocidade de escoamento na
através de um parâmetro adimensional denominado
entrada do sistema é normalmente uniforme. Entretanto, à
número de Reynolds. Tal parâmetro considera a razão
medida que o fluido avança na direção do escoamento,
entre forças inerciais e forças viscosas da vazão de um
percebe-se a aderência de uma camada de fluido sobre a
fluido incompressível (2), relacionando a massa
parede do tubo, isso ocorre por conta da viscosidade, o
específica com viscosidade, geometria tubular e
que faz também com que surjam tensões de cisalhamento
velocidade média de escoamento.
entre as camadas adjacentes. A camada do escoamento
O escoamento laminar é definido pelo
que é influenciada por esse efeito é chamada de camada
movimento regular do fluido, ou seja, aquele em que as
limite (3).
partículas movem-se em camadas, também identificável
como lâminas, por isso o nome. Normalmente neste tipo
Experimental
de escoamento, eventuais perturbações que podem vir a
acontecer são amortecidas e desaparecem (2). Materiais e métodos
O escoamento turbulento ocorre devido ao
movimento caótico de aglomerados de moléculas. Tal No experimento realizado utilizaram-se os seguintes
equipamentos e materiais:
 Tanque com tubo cilíndrico horizontal; kg
 Tanque com torneira para injeção de ρ ( 19,5° C )=998 , 3
m3
corante;
 Corante (azul de metileno);
3. Calcula-se a velocidade de escoamento do fluido
 Cronômetro;
em um tubo circular a partir da equação que
 Termômetro;
relaciona densidade e vazão mássica
 Válvulas;
 Balança de pratos; 4Q 4m
 Baldes; V= = (3)
 Béqueres. π D ρπ D2
2

O primeiro passo do experimento foi encher o tanque Sendo:


−2
com tubo cilíndrico de água, e abrir a válvula do D=1 , 57 x 10 m
equipamento lentamente para que o fluido escoasse em
três níveis, para que assim fosse possível coletar as 4. Calcula-se o número de Reynolds a partir dos
vazões dos regimes laminar, turbulento e de transição. Em resultados obtidos nos passos anteriores, a partir
seguida abriu-se a válvula para liberação do corante e da equação a seguir:
mantida assim durante todo o experimento. Para cada
vazão esperou-se dois minutos até que se pudesse atingir
o regime permanente(estabilização). A cada vez que em ρVD
que a válvula foi aberta, foi coletada a quantidade de água ℜ= (4)
em um balde, pesada, o tempo foi cronometrado, além da μ
temperatura ter sido medida, para que a partir dessa fosse
possível obter as propriedades da água. Tal procedimento Onde:
foi repetido cinco vezes para cada regime, e os resultados ρ = densidade do fluido [Kg. m-3];
foram anotados. O tipo de escoamento foi registrado V = velocidade média do escoamento [m.s-1];
durante o experimento, com os valores de massa e tempo,
D = diâmetro interno da tubulação [m];
tornou-se possível calcular as vazões mássicas para toda
abertura, assim como com a densidade da água e a µ = viscosidade dinâmica [Kg.m-1s-1]
temperatura calculou-se a vazão volumétrica da água. kg
μ ( 19,5° C )=0,001
m ∙s
Resultados e Discussão
Passo a passo para realização dos cálculos Q = vazão de escoamento [m3.s-1].
A partir dos dados coletados durante o experimento serão
realizados os cálculos de acordo com o passo a passo
listado a seguir, para cada um dos tipos de escoamento.
1. Descobrir a vazão mássica utilizando a equação Com base nesse parâmetro, escoamentos com
valores de Re altos, são ditos turbulentos quando
˙5 m comparados com baixos valores deste mesmo parâmetro,
∑ ti (1)
nos quais as forças de inércia são menores se comparadas
i=1 i
ṁ= as viscosas, considerados como escoamentos laminares.
5
Regime laminar
2. A partir da temperatura do sistema, obtêm-se as
propriedades da água, o que nos permite calcular
a vazão volumétrica. Após a abertura da válvula que dá início a vazão
de água, assim como do corante, foi observado a
formação de um filamento do fluido(corante) em formato
ṁ de linha única, sem dispersão pelo fluxo, representando o
Q= (2) escoamento laminar. Tal acontecimento é típico desse
ρ
tipo de escoamento, visto que, nele não tem mistura
macroscópica de camadas adjacentes do fluido (2). Nesse
Sendo: regime, a velocidade média é baixa e as partículas do

2
corante se movem de forma paralela entre si e as paredes valores calculados. Tais erros, ocorrem por conta dos
do tubo. erros de mensuração e analíticos do regime.
Na tabela (1) temos os dados coletados durante o
A partir dos dados coletados, e seguindo o passo a passo
experimento
descrito anteriormente, foram obtidos os seguintes
resultados.
Vazão mássica (ṁ ¿ = 1,88 x 10-2 kg/s
Para regimes laminares, considerou-se de acordo com a
literatura que Re<2000 Vazão volumétrica (Q) = 1,883 x 10-5 kg/s
Velocidade de escoamento (V) = 0,959 m/s
Tabela 1. Dados coletados para escoamento laminar.
Re = 5.093
Massa água Temperatura
Nº Tempo (s)
(Kg) (°C)
1 0,064 10,32 19,5
2 0,064 10,32 19,5
Regime turbulento
3 0,064 10,19 19,5 Em um escoamento turbulento, diferente dos
4 0,064 9,15 19,5 demais, um filamento de corante se dispersa rapidamente
5 0,064 10,31 19,5 pela região onde é transportado. Tal comportamento é
Média 0,064 10,06 19,5 motivado pelas flutuações de velocidade, a mistura
macroscópica de partículas das camadas adjacentes é
A partir dos dados coletados, e seguindo o passo a passo responsável por espalhar o corante (2).
Na figura (3) observa-se tal fenômeno.
descrito anteriormente, foram obtidos os seguintes
resultados. Segundo a literatura, o número de Reynolds para
regimes turbulentos deve ser maior que 2300, o que pode
Vazão mássica (ṁ ¿ = 6,37 x 10-3 kg/s ser observado nos resultados obtidos, apresentados em
valores na tabela (3), assim como a velocidade do fluido.
Vazão volumétrica (Q) = 6,38 x 10-6 kg/s
Velocidade de escoamento (V) = 0,325 m/s Velocidade média de escoamento
Re = 5.093
A partir dos resultados obtidos e demonstrados
nas tabelas 1,2 e 3, percebe-se que a velocidade média
para o escoamento laminar é a menor, enquanto a
Regime de transição
velocidade média do escoamento tubular é maior.
No regime laminar o fluido move-se com
É notório a predominância do regime laminar no
velocidade axial constante ao longo de uma linha de
início do escoamento, porém, o feixe de corante dissipa-
corrente, e o perfil da velocidade é constante ao longo do
se e algumas turbulências são observadas, caracterizando
escoamento. Devido a ausência de movimento na direção
o regime turbulento ao longo do tubo. na tabela (2) está
radial, o componente da velocidade normal ao
representado o número de Reynolds obtido.
escoamento pode ser considerado nulo. Portanto, o
Tabela 2. Dados coletados no escoamento de transição. escoamento é estacionário e completamente
desenvolvido, não existindo aceleração.
Massa água Temperatura
Nº Tempo (s)
(Kg) (°C)
1 0,198 10,11 19,5
2 0,198 10 19,5
3 0,194 10,45 19,5
4 0,190 10,38 19,5 Conclusões
5 0,184 10,15 19,5

A faixa em que se encontra o número de Referências


Reynolds para o regime de transição de acordo com a 1. J. Alveirinho Dias; A análise sedimentar e o
literatura, varia de 2000 a 2300, o que não condiz com os conhecimento dos sistemas marinhos, 2004.

3
2. Regina Coeli C. Carrisco e Júlio César G. Correira,
Classificação e Peneiramento, CETEM, Rio de
Janeiro, 2004.
3. M. A. Cremasco. Operações Unitárias em Sistemas
Particulados e Fluidomecânicos. 2ed; Blusher,São
Paulo, 2014; 127-157.

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