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Campus de Araraquara – SP
Araraquara
2022
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...............................................................................................................3
BIOGRAFIA DA AUTORA............................................................................................3
ANÁLISE DO POEMA...................................................................................................4
ESCANSÃO DO POEMA..............................................................................................8
CONCLUSÃO..................................................................................................................9
REFERÊNCIAS.............................................................................................................10
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1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho apresenta uma análise do poema Antes que chova, de Lívia
Maria Natália de Souza Santos, mais conhecida como Lívia Natália, tendo como principal
foco de análise as características acerca de sua obra no que tange a poesia amorosa.
2 BIOGRAFIA DA AUTORA
Lívia Natália discorre, em alguns de seus livros, sobre as águas, sendo elas seu
grande tema. A autora criou-se nas dunas do Abaeté e tem raízes no Candomblé de
fundamento Ketu, suas vivências na religião também são temas fortes e frequentes em
sua escrita.
O poema Antes que chova foi retirado do livro Dia bonito pra chover, da poeta
Lívia Natália, o livro foi premiado com um dos mais importantes prêmios literários do
Brasil: Prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte.
Dia bonito pra chover é um livro que aborda diferentes vivências amorosas,
ademais, possui forte cunho militante, uma vez que o mesmo trata da afetividade negra
de uma maneira lírica e profunda, colocando a mulher negra como um ser pleno, perfeito
e completo em suas vivências, trazendo à tona o grande peso que os escritores negros têm
na contemporaneidade.
O livro apresenta também um erotismo requintado, que perpassa com afinco por
todos os poemas publicados em Dia bonito pra chover, trazendo à atualidade toda
tradição presente na poesia amorosa de maneira renovada, fazendo uso da
representatividade a fim de colocar-se no mundo como mulher e escritora negra.
4 ANÁLISE DE POEMA
(Último poema)
eu já amanheço iluminada
perfumo e me preparo
a mim se somam.
Antes que chova, apresenta, em sua estrutura, quatro estrofes e vinte e sete versos
dispostos em estrofes curtas e longas, contribuindo com o estrato visual e sonoro do texto.
Além disso, no que tange o estrato ótico do poema, verifica-se um aproveitamento de
espaço em sua estrutura, conceito muito caro à poesia contemporânea.
O poema não apresenta refrão, ou seja, não há uma repetição regular de versos, os
mesmos são dispostos de maneira grave/feminina, pois, na maioria dos versos, a tônica
recai sobre a penúltima sílaba do verso, desprezando, consequentemente, a última sílaba.
“ç”, colaborando com o aspecto sonoro da poesia, além das aliterações, a cesura presente
no texto fortalece a pausa natural na pronúncia, especialmente nos versos com mais de
dez sílabas poéticas, servindo como apoio rítmico do verso.
No poema, cada verso tem um tamanho diferente e as sílabas acentuadas não são
fixas, podendo variar conforme a leitura, isso reflete diretamente no ritmo do poema, que
é solto e irregular, e, além disso, de acordo com as definições propostas por Guelfi (1995,
p. 9), pode-se depreender que o ritmo do poema também é decrescente, pois é
caracterizado pelo lirismo, mansidão e paz, trazendo uma imagem leve, feliz e romântica.
Bosi (2000, p. 39) designa por imagem “não só os nomes concretos que figurem
no texto (casa, mar, sol, pinheiro...), mas todos os procedimentos que contribuam para
evocar aspectos sensíveis do referente, e que vão da onomatopeia à comparação”. Assim
sendo, depreende-se que a imagem poética não se baseia em concepções evidentes, mas
sim nas semelhanças que recordam conteúdos anteriormente vividos, como no caso do
poema selecionado.
Em suma, a imagem, quando regulada pela estética, leva o leitor a enxergar o que
não era possível antes, aproximando realidades opostas e relacionando-se com processos
da memória e criação, algo muito trabalhado no poema Antes que chova, onde, durante a
leitura, o leitor evoca em sua mente conceitos eróticos e amorosos para compor a imagem
do poema, onde, segundo Paz (2015), produz a pluralidade da realidade.
Conforme Natália (2019), “a literatura precisa falar sobre as demandas que nos
tocam”, em Antes que chova, depreende-se que a autora trabalha o conceito de afetividade
negra de maneira marcante, uma vez que a autora diz que ao pensar em seus textos,
procura elencar o trabalho estético da palavra junto de uma discussão ética, a fim de
colocar-se no mundo enquanto cidadã.
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O poema eleito trata-se de uma poesia que percorre uma trilha bastante diversa e
entrelaça uma profunda reelaboração, fazendo a construção de um discurso poético que
revisita aspectos líricos em torno do temário amoroso, remontando a tradição da poesia
amorosa de maneira original.
Antes que chova nos brinda com uma impressão de continuidade, onde é possível
acompanhar o percurso feito pelo eu lírico enquanto se prepara para receber o seu amado
até o momento da chegada do mesmo, a autora faz uso do erotismo presente na poesia
parnasiana para, de certa maneira, priorizar o afeto que o eu lírico e o amado sentem entre
si.
O texto transmite o lado positivo do amor tal qual a poesia amorosa, elaborada
com delicadeza, demonstrando ansiedade em relação aos assuntos afetivos através de uma
linguagem intimista feminina. A autora trabalha com as concepções da completude do
feminino e também se utiliza de uma figura de linguagem como recurso estilístico para
expressar uma ideia contrastante à da completude feminina.
A totalidade feminina gera uma ideia de que o eu lírico é completo sem o amado,
que o mesmo apenas se acrescenta em sua vida, não há uma relação de dependência apesar
de haver afeto entre ambos, diferente desse ser querido, que precisa se acrescentar ao eu
lírico para tornar-se completo.
5 ESCANSÃO DO POEMA
(Último poema)
6 CONCLUSÃO
Frente ao que foi exposto, conclui-se que a autora baiana retrata a afetividade
negra de maneira lírica a fim de colocar a mulher como protagonista de suas próprias
experiências, fazendo uso de características neoclássicas e reafirmando a grande
importância que os escritores negros têm na contemporaneidade.
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REFERÊNCIAS
BOSI, Alfredo. O ser e o tempo da poesia. 6. Ed. São Paulo: Companhia da Letras,
2000.
FERNANDES, Mônica Luiza Socio. QUINTANA, ENTRE POEMAS E
IMAGENS. XI Congresso Internacional da ABRALIC Tessituras, Interações,
Convergências, [s. l.], 2008.
GOLDSTEIN, Norma. Versos, sons, ritmos. São Paulo: Ática, 2006. 112 p.
GUELFI, Maria Lúcia Fernandes. Introdução à análise de poemas. Viçosa - Minas
Gerais: Imprensa Universitária, 1995.
NATÁLIA, Lívia. Dia bonito pra chover. Rio de Janeiro: Editora Malê, 2017.
NATÁLIA, Lívia. Lívia Natália – Série Escritoras – Fligê 2018. Youtube, 17 de jul. de
2019. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=uFxjh4XGU0g>. Acesso
em: 24 de maio de 2022.
NATÁLIA, Lívia. Outras Águas. In: Quem sou eu. [S. l.], 2011. Disponível em:
http://outrasaguas.blogspot.com/p/quem-sou-eu.html. Acesso em: 3 de maio de 2022.
NUNES, Davi; FREITAS, Ricardo Oliveira de; PRADO, Thiago Martins. Dia bonito
pra chover: Escrita negra e poética da interpretação em Lívia Natália. Revista Crioula,
[s. l.], p. 324-346, 2018.
PAZ, Octavio. A imagem. In: SIGNOS em rotação. 3. ed. [S. l.]: Perspectiva, 2009.
ISBN 9788527300742.