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Introdução
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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XXXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – São Paulo - SP – 05 a 09/09/2016
Documentário e cinema
Algumas breves leituras sobre o cinema (BAZIN, 2014; MASCARELLO, 2006;
PESSOA, 2011) - uma vez que atentamos o foco inicialmente em seu surgimento – e, já é
possível observar a aproximação entre o campo cinematográfico e a produção
documentária. As origens do cinema corroboram para visualizar o início de uma produção,
que visa retratar, registrar, documentar uma época, o cotidiano e uma determinada
sociedade. Pois, aqui, ainda se trata do cinema não enquanto uma nova linguagem, mas
como uma descoberta, ciência da produção da imagem em movimento, como reflexo do
processo de transformação e avançar tecnológicos.
Entrelaçados, o cinema e o documentário caminharam rumo a uma construção das
primeiras visualidades no século XIX, bem como da sua identidade. Mas, foi em meados
dos anos 1920 e 1930, que o uso do termo documentário adquiriu força e, passou a ser
utilizado para designar um domínio específico no campo das ciências humanas
(MASCARELLO, 2006). E, que se torna alvo de constantes conflitos e debates para a sua
conceituação – o que não é nosso objetivo neste trabalho.
Considerado por alguns pesquisadores e estudiosos – apesar das discussões e,
determinar um tempo preciso - como o primeiro documentário, o projeto fílmico que
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Neste sentido, Nieborg e Van Dijk (2009) explicam que a Web 2.0 é a representação
de uma reorganização das relações entre produtores e seus públicos em um mercado de
internet em fase de maturação. Ela surge em um contexto de globalização e
refuncionalização dos demais setores culturais, econômicos, sociais, históricos e
tecnológicos. É um tipo de cultura que, aparentemente, coloca os usuários em um novo
patamar no sistema comunicacional. E por que aparentemente? Porque ainda quem está no
controle das operações e limitações são as organizações e conglomerados de comunicação.
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E esse controle pode ser verificado até mesmo ao tratar da interatividade existente no
webdocumentário, que veremos mais adiante.
A figura do computador, e mais precisamente a chegada da internet – como uma
nova mídia -, assume na cultura digital, um papel central para a produção e circulação de
novos produtos nesse ambiente midiático digital, e nos processos interativos da Web 1.0
para a Web 2.0. Nessa transição, são identificados alguns fatores que são próprios dessa
nova fase em que:
suas principais ferramentas (da Web 2.0) nos introduziram na era da
comunicação colaborativa, que estimula o trabalho participativo, a interação
em tempo real e em que a informação disponível não é mais fornecida “de
cima para baixo”, mas produzida em uma estrutura horizontal
(SANTAELLA, 2010, p. 278)
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O webjornalismo
Está à vista de todos que as transformações estão ocorrendo bem rente aos nossos
olhos, ao tratar do campo comunicacional no século XXI. As mudanças estão ocasionando
na sociedade processos de configuração e readaptação. E as mais diversas áreas estão em
processo de migração para um ambiente ainda muito desconhecido e, que a cada dia se
apresenta com novas possibilidades. Não sendo diferente a realidade do cenário profissional
do jornalismo perpassa essa fronteira frente à digitalização que “é o fundamento técnico da
virtualidade” (LÉVY, 1999, p. 46) e processo na produção da informação digital.
Possibilitando uma série de caminhos ainda não explorados.
Este novo cenário comunicacional, o da internet, tem alterado o relacionamento das
organizações, dos profissionais e do público, e tudo isso, diante uma forma complexa e
entrelaçada entre esses atores tecnológicos. O que corrobora para uma movimentação
multidirecional, descentralizada e onde as interações ocorrem numa troca constante. Pois, o
próprio meio representa as ferramentas e um código para tal propósito.
O fazer jornalístico vem se transformando e se adaptando com o tempo e com a
sociedade. Desde o surgimento do impresso, do rádio e da televisão, o campo do jornalismo
estabelece uma ligação com o presente. Ele se utiliza das novas tecnologias, amparadas nas
anteriores, para que se possa compreender não apenas as novas potencialidades, mas
reajustar, reorganizar e criar novos processos de produção de informação. É uma relação
entre passado e presente, que se une na orientação e busca de novos significados. Além, de
fazer com que o jornalismo possa se reinventar e continuar seu trabalho na
contemporaneidade do mundo tecnologicamente ilimitado.
O webjornalismo é a definição para o fazer jornalístico na era da internet. Sendo um
pouco mais exato, ele surge com a plataforma da web (a WWW). Estando presente nesse
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novo campo midiático, o webjornalismo é redimensionado devido ao uso de uma das suas
principais e potenciais características como, por exemplo, o hipertexto. Deste modo, “como
forma de jornalismo mais recente, o Webjornalismo é a modalidade na qual as novas
tecnologias jaó não são consideradas como ferramentas, mas, sim, como constitutivas dessa
prática jornalística” (BARBOSA, 2005, p. 2).
Assim como o uso do termo webjornalismo, outras denominações são encontradas
nos estudos que envolvem o jornalismo e a internet: Jornalismo na Internet, Jornalismo
Eletrônico, Jornalismo Online, Jornalismo Digital, Ciberjornalismo e, por fim, o
Webjornalismo. São nomenclaturas que abarcam um construto de identidade e, que
possibilita identificar certas características e aspectos tecnológicos específicos. Porém,
como não se torna alvo deste trabalho – a explanação sobre suas proximidades e diferenças
- não adentraremos diante tais especificações. Assim, centrando nossa discussão sobre o
webjornalismo, para que mais a frente a compreensão sobre a produção audiovisual possa
ser estabelecida no seu diálogo com esse formato jornalístico.
O uso das novas tecnologias se torna a base para o webjornalismo. E essa base é
estendida tanto para os produtores (emissor), quanto para os usuários (receptor), porém,
pensando na lógica da cultura digital – introduzida na contemporaneidade da produção
informativa e nos demais seguimentos da sociedade - que vem se estabelecendo na atual
sociedade, verificamos que essa relação emissor/receptor está sendo reconstruída sob uma
direção de cima para baixo e vice-versa (JENKINS, 2009).
A questão da interatividade
Uma das principais características que se atribui aos diversos conteúdos
disponibilizados e produzidos na rede é que ele se demonstra ser interativo. Dentre o
webjornalismo é um dos itens que mais podemos considerar intrigante e, permeado de
discussões sobre a sua existência e funcionalidade prática para os usuários-espectadores.
Mas, antes de apresentar as opiniões que se dividem e se enfrentam, se torna necessário a
sua definição.
Ao se referir ao uso das tecnologias no papel de informar, Wolton (2011) acredita
que o frequenta uso e aumento de suas potencialidades leva a sociedade a uma „solidão
interativa‟. Uma solidão que nos leva ao movimento de menos liberdade do que
dependência. Assim, podemos introduzir o que o autor entende por interatividade como “a
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A referência que o autor faz a uma capacidade gradual está relacionada com a ideia
de que ainda existe um controle por parte dos meios de comunicação (os produtores) e no
acesso a essa interatividade. Porém, a busca por uma maior interação e participação do
receptor está crescendo, para que ele possa escolher, participar e selecionar o conteúdo.
Talvez, esse seja o principal fator que vem alterando a mente dos usuários: a possibilidade
de contribuir diretamente na construção do conteúdo.
Mas, como fica a interatividade com o usuário-espectador? Em determinados
contextos o que se pode analisar é uma parcela de conteúdos que no máximo exploram
certas percepções de exploração como, um clique, uma navegação não-linear, uma narrativa
podendo ser construída a partir da descontinuação. Porém, já previamente estabelecidas
pelos produtores de conteúdo, fazendo com que o “poder” dos usuários-espectadores se
mantenha em um segundo plano.
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latim “media”, e significa meios, formas, maneiras, o que nos leva a várias formas, diversos
meios ou ainda múltiplos meios. São esses múltiplos meios possibilidades e tramas que
podemos caracterizar como um sistema multimídia, e que visualizamos no conteúdo
audiovisual jornalístico contemporâneo.
Marcos José Pereira (2011) entende o conceito de multimídia pela possibilidade de
manipulação dessas mídias no ambiente digital, propiciado pelo computador. Para o autor
não só a justaposição de vídeos, sons e fotos representam o sistema multimídia, mas o seu
uso “nos meios de comunicação corresponde a algo com o uso de múltiplos meios de
expressão, desde obras de teatro, vídeo, música, dança, e, etc., que se mesclam a fim de
criar um espetáculo ou apenas para comunicar algo” (PEREIRA, 2011, p 59).
Os questionamentos sobre a forma como esses três elementos (hipertextualidade,
interatividade e multimídia) são visualizados e elaborados na construção da narrativa.
Representam um avanço para a interação entre obra e espectador a partir da análise das
webséries documentais que este trabalho visa analisar e que são elaborados para a
plataforma digital e para diferentes suportes.
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desconhecida pela maior parte da população. Assim, propondo a discussão sobre outros
olhares ante o desconhecido.
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Considerações finais
Não apenas pelas tecnologias estarem em expansão e, por variados modelos de
produtividade estarem em processos de convergência, reconfiguração e adaptação, tornou-
se necessidade explorar as novas esferas comunicacionais na internet. Mas, sobretudo, de
compreender, num primeiro momento e, posteriormente, explicar as razões de tal interesse
e, de certo modo, uma nova teorização. Pois, explicar o que se estuda nem sempre é uma
tarefa fácil, ainda mais quando se dialoga com novas questões, objetos e metodologias
pouco exploradas.
A visualização de novos produtos e conteúdos jornalísticos na internet demonstra
que esse campo de atuação está em ascendência. E, que ainda possui terrenos a explorar e
permear suas características. A difusão da internet, enquanto uma nova mídia é um motor
propulsor de grande importância na contemporaneidade do audiovisual. Ela constrói o seu
campo próprio, sob o uso da referência nas outras mídias e, coloca o usuário-espectador,
visto como passivo pela comunicação massiva, como um ator indispensável nesse processo
de comunicação.
O webjornalismo, neste sentido, cria condições e possibilidade de desenvolvimento
mais complexo e dinâmico ao audiovisual. Suas características se transformam em pontos
estratégicos na composição audiovisual da narrativa documentária na internet. Além, de
provocar discussões sobre a sua funcionalidade e utilização na relação interativa,
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possivelmente um tópico difícil de obter uma conclusão, ainda que parcialmente. Pois,
todas as conclusões são temporárias e de acordo com os acontecimentos de uma
determinada época, olhar e vivência.
Assim, a produção documentária contemporânea na internet nos permite
compreender, parcialmente, as movimentações e torno do trabalho jornalístico atual. Para
relacionar, a partir das velhas práticas e das demais mídias, como o campo audiovisual se
revela e se demonstra sob o uso das tecnologias e dos novos horizontes.
Referências
BARBOSA, Suzana. Bases de dados e Webjornalismo: em busca de novos conceitos. In:
Mesa Novas Tecnologias/Novas Linguagens do 4o Congresso da Sopcom. Universidade de
Aveiro, Santiago – PT. 20 e 21 de Outubro de 2005.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 5 ed. São Paulo: Editora
Atlas, 2009.
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NIEBORG, David; VAN DIJK, Jose. Wikinomincs and its discontents: a critical analysis
of web 2.0 business manifestoes. New Media & Society, v. 11, n. 4, p. 855-887, 2009.
PEREIRA, Marcos José. Sistemas multimídia. In DURÃO, Paulo Carlos Pires da Costa;
MANDARINO, Denis Garcia. (Org.) Novas interfaces em comunicação e audiovisual:
mudanças no pensamento cotidiano. São Pauo: Lexia, 2011.
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