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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA GEOTÉCNICA

ANDREATTA GOMES COSTA


MARCELA CRISTINA MIRANDA DUTRA
MARINA ALVES ASSIS

PROFESSOR: CÍCERO ANTONIO ANTUNES CATAPRETA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DA DISCIPLINA GEOTECNIA APLICADA A


RESÍDUOS SÓLIDOS

Belo Horizonte
Junho - 2022

Trabalho de conclusão da disciplina Geotecnia Aplicada a Resíduos Sólidos


Graduação Engenharia Geotécnica
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1) OBJETIVO

Apresentar os dados de dimensionamento de aterro sanitário a ser construído pelo


método da área ou encosta (vale, depressão e Canion), operando em rampa,
e com vida útil estimada em 15 anos, para o município de Guanhães – MG.

2) CARACTERIZAÇÃO DO MUNICIPIO

A cidade de Guanhães é um município brasileiro no interior do estado de Minas


Gerais, Região Sudeste do país. Localiza-se no Vale do Rio Doce, no leste mineiro,
e sua população estimada em 2010 era de 34.573,00 habitantes (IBGE).

3) DEFINIÇÕES

3.1) Resíduos

Segundo o Manual de Gerenciamento Integrado do Instituto de Pesquisas


Tecnológicas - IPT (2000), uma forma importante de classificação dos resíduos é
quanto à origem, ou seja, domiciliar, comercial, público, serviço de saúde, portos,
aeroportos e terminais ferroviários e rodoviários, industriais, agrícolas e entulhos.
Assim temos:
 Domiciliar: aquele originado na vida diária das residências, constituído por
restos de alimentos (cascas de frutas, verduras, sobras, etc.), produtos
deteriorados, jornais, garrafas, embalagens em geral, papel higiênico, fraldas
descartáveis, entre outros;
 Comercial: aquele originado nos diversos estabelecimentos comerciais e de
serviços, tais como supermercados, lojas, bares etc.;
 Público: são aqueles resultantes de limpeza das vias públicas, praias, limpeza
de galerias, córregos e terrenos, restos de podas de árvores, corpos de
animais, entre outros.;
 Serviços de Saúde: estes são provenientes de hospitais, clínicas médicas e
veterinárias, laboratórios de análises clínicas, farmácias, postos de saúde,

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consultórios odontológicos, e outros estabelecimentos;


 Portos, aeroportos e terminais ferroviários e rodoviários: são aqueles que
contêm ou potencialmente podem conter germes patogênicos produzidos
nestes estabelecimentos. Basicamente constituem-se de materiais de higiene
e asseio pessoal e restos de alimentos, os quais podem veicular doenças
provenientes de outras cidades, estados ou países;
 Industrial: são aqueles gerados nos diversos ramos da indústria, estes são
bastante variados, podendo ser representado por cinzas, óleos, lodos,
resíduos alcalinos ou ácidos, plásticos, papéis, madeira, fibras e outros;
 Agrícola: correspondem aos resíduos das atividades da agricultura e da
pecuária, como embalagens de adubos, defensivos agrícolas, ração, restos
de colheita, esterco animal e outros;
 Entulho: são os resíduos da construção civil, compostos por materiais de
demolições, restos de obras, reformas, etc.

3.2) Classificação de resíduos

Considerando-se os resíduos quanto à sua natureza e estado físico, pode-se


classificá-lo da seguinte forma: sólido, líquido, gasoso e pastoso. Quanto ao critério
de natureza ou origem, pode-se classificá-lo como: residencial, comercial, industrial,
hospitalar, especial e outros, independentemente de pertencerem ao objeto deste
estudo.

Segundo a ABNT NBR 10004/2004 – Resíduos sólidos, avaliando o grau de


periculosidade dos resíduos sólidos, ou seja, os riscos potenciais ao meio ambiente
e à saúde pública, os mesmos podem ser classificados em:
a) resíduos classe I – perigosos;
b) resíduos classe II – não perigosos;
b.1) resíduos classe II A – não inertes;
b.2) resíduos classe II B – inertes

► Resíduos Classe I – Perigosos Aqueles que apresentam periculosidade

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(característica apresentada por um resíduo que, em função de suas propriedades


físicas, químicas ou infectocontagiosas, podem apresentar: (i) risco a saúde pública,
provocando mortalidade, incidência de doenças ou acentuando seus índices; e (ii)
riscos ao meio ambiente, quando o resíduo for gerenciado de forma inadequada. Ou
uma das características abaixo descritas: Inflamabilidade: um resíduo sólido é
caracterizado como inflamável (código de identificação D001), se uma amostra
representativa dele, obtida conforme a ABNT NBR 10007, apresentar qualquer uma
das seguintes propriedades:  ser líquida e ter como ponto de fulgor inferior a 60°C,
determinado conforme ABNT NBR 14598 ou equivalente, excetuando-se as
soluções aquosas com menos de 24% de álcool em volume;  não ser liquida e ser
capaz de, sob condições de temperatura e pressão de 25°C e 0,1 Mpa (1 atm),
produzir fogo por fricção, absorção de umidade ou por alterações químicas
espontâneas e, quando inflamada, queimar vigorosa e persistentemente, dificultando
a extinção do fogo;  ser um oxidante definido como substancia que pode liberar
oxigênio e, como resultado, estimular a combustão e aumentar a intensidade do fogo
em outro material; e  ser um gás comprimido inflamável, conforme Legislação
Federal sobre transporte de produtos perigosos (Portaria n°204/1997 do Ministério
dos Transportes).

Corrosividade: um resíduo é caracterizado como corrosivo (código de identificação


D002) se uma amostra representativa dele, obtida conforme a ABNT NBR 10007,
apresentar qualquer uma das seguintes propriedades:  ser aquosa e apresentar pH
inferior ou igual a 2, ou, superior ou igual a 12,5,ou sua mistura com água, na
proporção de 1:1 em peso, produzir uma solução que apresente pH inferior a 2 ou
superior ou igual a 12,5; e  ser liquida ou, quando misturada em peso equivalente
de água, produzir um liquido e corroer o aço (COPANT 1020) a uma razão maior
que 6,35 mm ao ano, a uma temperatura de 55°C, de acordo com USEPA SW 846
ou equivalente. Reatividade: um resíduo é caracterizado como reativo (código de
identificação D003) se uma amostra representativa dele, obtida conforme a ABNT
NBR 10007, apresentar qualquer uma das seguintes propriedades:  ser
normalmente instável e reagir de forma violenta e imediata, sem detonar;  reagir
violentamente com água;  formar misturas potencialmente explosivas com a água; 

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gerar gases, vapores e fumos tóxicos em quantidades suficientes para provocar


danos à saúde pública e ao meio ambiente, quando misturados com a água;
 possuir em sua constituição os íons CN- ou S2- em concentrações que
ultrapassem os limites de 250 mg de HCN liberável por quilograma de resíduo ou
500 mg de H2S liberável por quilograma de resíduo, de acordo com ensaio
estabelecido no USEPA – SW 846;
 ser capaz de produzir reação explosiva ou detonante sob a ação de forte estimulo,
ação catalítica ou temperatura em ambientes confinados;
 ser capaz de produzir, prontamente, reação ou decomposição detonante ou
explosiva a 25°C e 0,1 Mpa (1atm); e
 ser explosivo, definido como uma substancia fabricada para produzir um resultado
prático, através de explosão ou efeito pirotécnico, esteja ou não está substancia
contida em dispositivo preparado para este fim.

Toxicidade: um resíduo é caracterizado como tóxico se uma amostra representativa


dele, obtida conforme a ABNT NBR 10007, apresentar qualquer uma das seguintes
propriedades:
 quando o extrato obtido desta amostra, segundo a ABNT NBR 10005, contiver
qualquer um dos contaminantes em concentrações superiores aos valores da
normativa. Neste caso, o resíduo deve ser caracterizado como tóxico com base no
ensaio de lixiviação, com código de identificação;
 possuir uma ou mais substancias químicas e apresentar toxicidade. Para
avaliação dessa toxicidade, devem ser considerados os seguintes fatores:
- Natureza da toxicidade apresentada pelo resíduo;
- Concentração do constituinte no resíduo;
- Potencial que o constituinte, ou qualquer produto tóxico de sua degradação, tem
para migrar do resíduo para o ambiente, sob condições impróprias de manuseio;
- Persistência do constituinte ou qualquer produto tóxico de sua degradação;
- Potencial que o constituinte, ou qualquer produto tóxico de sua degradação, tem
para degradar-se em constituintes não perigosos, considerando a velocidade em
que ocorre a degradação;
 ser constituída por restos de embalagens contaminadas;

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 resultar de derramamentos ou de produtos fora de especificação ou do prazo de


validade que contenham quaisquer substancias químicas;
 ser comprovadamente letal ao homem; e
 possuir substância em concentração comprovadamente letal ao homem ou
estudos do resíduo que demonstrem uma DL50 oral para ratos menores que
50mg/kg ou CL50 inalação para ratos menor que 2mg/L ou uma DL 50 dérmica para
coelhos menores que 200mg/kg.

Patogenicidade: um resíduo é caracterizado como patogênico (código de


identificação D004) se uma amostra representativa dele, obtida conforme a ABNT
NBR 10007, contiver ou se houver suspeita de conter microrganismos patogênicos,
proteínas virais, ácido desoxibonucleico (ADN) ou ácido ribonucleico (ARN)
recombinantes, organismos geneticamente modificados, plasmódios, cloroplastos,
mitocôndrias ou toxinas capazes de produzir doenças em homens, animais ou
vegetais.

► Resíduos Classe II – Não Perigosos Os códigos para alguns resíduos desta


classe encontram-se na normativa supracitada.

► Resíduos classe II A – Não Inertes Aqueles que não se enquadram nas


classificações de resíduos classe I – Perigosos ou de resíduos classe II B – Inertes,
nos termos desta Norma. Os resíduos classe II A – não inertes podem ter
propriedades, tais como: biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em
água.

► Resíduos classe II B – Inertes Quaisquer resíduos que, quando amostrados de


uma forma representativa, segundo a ABNT NBR 10007, e submetidos a um contato
dinâmico e estático com água destilada ou deionizada a temperatura ambiente,
conforme ABNT NBR 10006, não tiverem nenhum de seus constituintes
solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água,
excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor. O resíduo também poderá ser
classificado, de acordo com a sua natureza ou origem, isto é: comercial, de varrição

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e feiras livres, serviços de saúde, portos, aeroportos e terminais ferro e rodoviários,


industriais, agrícolas, entulhos e os resíduos sólidos domiciliares urbanos.

►Resíduos comerciais: aqueles originados dos diversos estabelecimentos


comerciais, tais como, supermercados, estabelecimentos bancários, lojas, bares,
restaurantes, etc. O resíduo destes estabelecimentos e serviços tem um forte
componente de papel, plásticos, embalagens e resíduos de asseios dos
funcionários, tais como, papéis toalha, papel higiênico etc.

►Resíduos públicos: são aqueles originados dos serviços de limpeza pública


urbana, incluindo todos os resíduos de varrição das vias públicas, limpeza de praias,
de galerias, de esgotos, de córregos e de terrenos, restos de podas de árvores e de
feiras livres.

►Resíduos de serviços de saúde: constituem os resíduos sépticos, ou seja, que


contêm ou potencialmente podem conter organismos patogênicos. São produzidos
em serviços de saúde, tais como: hospitais, clínicas, laboratórios, farmácias, clínicas
veterinárias, postos de saúde etc.

►Resíduos de portos, aeroportos, terminais rodo e ferroviários: constituem os


resíduos oriundos dos portos, terminais e aeroportos. Basicamente, originam-se de
material de higiene, asseio e restos de alimentação que podem veicular doenças
provenientes de outras cidades, estados ou países.

►Resíduos industriais: aqueles originados nas atividades dos diversos ramos da


indústria, tais como, metalúrgica, química, petroquímica, papelaria, alimentícia etc. O
resíduo industrial é bastante variado, podendo ser representado por cinzas, lodos,
óleos, resíduos alcalinos ou ácidos, plásticos, papel, madeira, fibras, borracha,
metal, escórias, pilhas e baterias, etc.

►Resíduos agrícolas: são os resíduos sólidos das atividades agrícolas e da


pecuária, como embalagens de adubos, defensivos agrícolas, ração etc.

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►Resíduos de entulho: são os resíduos da construção civil, demolições e restos de


obras, solos de escavações etc.
►Resíduos domiciliares: aqueles originados da vida diária das residências,
constituído por restos de alimentos (tais como, cascas de frutas, verduras etc.),
produtos deteriorados, jornais e revistas, garrafas, embalagens em geral, papel
higiênico, fraldas descartáveis e uma grande diversidade de outros itens. Contêm,
ainda, alguns resíduos que podem ser potencialmente tóxicos.

3.3) Caracterização Física dos Resíduos

É a caracterização do resíduo em função das contribuições de seus diversos tipos e


componentes e de acordo com as diversas fontes de produção, bem como a
determinação da quantidade de resíduo gerada e da densidade do mesmo. Este
estudo é importante tanto para o dimensionamento dos sistemas de coleta e
transporte quanto para fornecer elementos indispensáveis à escolha e
dimensionamento do sistema de tratamento, separação e reciclagem do resíduo,
compostagem e destinação final.

4) CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS PRODUZIDOS EM GUANHÃES - MG

4.1) Caracterização do sistema de coleta e limpeza da Cidade de Guanhães -


MG

Os serviços de limpeza pública prestados são coleta de resíduos sólidos


domiciliares, comerciais, em áreas críticas e de serviços de saúde municipais;
coletas especiais; varrição de ruas; capinação e raspagem; instalação e manutenção
de lixeiras; limpeza dos locais de eventos; remoção de animais mortos e lixão. A
coleta de resíduos sólidos no município é executada pela Prefeitura Municipal, que
realiza a coleta convencional (comum), de todos os resíduos sólidos domiciliares e
comerciais. Todo o lixo coletado em Guanhães é encaminhado ao lixão municipal,
localizado a aproximadamente 6 km do centro municipal.

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Conforme dados apresentados, a coleta convencional e executada diretamente pela


Prefeitura Municipal em 99% do Município. Nas ruas gerais e de fácil acesso
(regulares) a coleta convencional atende 100% da população com coleta porta-a-
porta. Estima-se que apenas 1% não são atendidos por coleta porta-a-porta devido a
ruas e servidões irregulares (crescimento desordenado), onde o veículo de coleta
não consegue entrar. Ha dificuldade em precisar estes dados devido à dinâmica de
crescimento da cidade “informal”.

Em alguns locais também são utilizadas lixeiras comunitárias, onde a população de


um determinado local leva os resíduos até a lixeira, de forma que os funcionários da
coleta tenham acesso aos resíduos. As principais dificuldades existentes na
operação da coleta convencional são:
 Mistura de resíduos perigosos (lâmpadas fluorescentes, pilhas e outros)
juntamente com os resíduos domiciliares;
 Locais comerciais e institucionais que ainda não fazem uso das lixeiras indicadas
em lei;
 Carros estacionados em local indevido;
 Mal acondicionamento dos resíduos perfurocortantes (agulhas, vidros quebrados,
facas etc.), causando acidentes do trabalho constante; e
 Descumprimento aos dias e horários de coleta, ocasionando mau cheiro e
espalhamento dos resíduos devido à presença de animais (cachorros).

Por dia são recolhidas em média 25,93 toneladas de resíduos domiciliares,


comerciais, públicos e industriais, que são levados diretamente para o depósito a
céu aberto (lixão). A Prefeitura Municipal dispõe de uma frota de 04 (quatro)
caminhões coletores e uma equipe de 20 coletores e 04 motoristas para a coleta
convencional.

A coleta dos resíduos de serviços de saúde nos Hospitais e Postos de Saúde da


rede municipal é realizada por empresa terceirizada e conduzido a incineração. Por
mês, são recolhidos mais de 600 quilos em roteiros realizados duas vezes por

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semana. O recolhimento nos postos é feito por um veículo utilitário moderno, com
carroceria em fibra e adequadamente vedada, com gari que usa uniforme e
equipamento de segurança especial, inclusive máscara.

4.2) Caracterização Física dos Resíduos

A determinação da quantidade de resíduos foi feita através de pesquisa em campo


realizada no Município, com base na coleta por amostragem realizada na cidade,
temos que para um total de 34.573,00 habitantes, são produzidos cerca de 0,750 kg
de lixo por pessoa/dia. Para cálculo da geração de resíduos diária foi considerada a
estimativa fruto do processo de avaliação com base nas amostras residenciais
coletadas de geração de resíduos per capita de 0,851 kg por pessoa.

População/ Resíduos coletados


habitantes Ton/dia Ton/Mês Ton/Ano
34.573,00 25,93 777,90 9.334,80

Por mês são recolhidas em média 777,90 toneladas de resíduos domiciliares,


comerciais, públicos e industriais, que são levados diretamente para o depósito a
céu aberto (lixão).

4.3) Gravimetria

A caracterização foi conduzida por meio de 2 séries de amostragens distintas, sendo


que na primeira foram obtidas 36 amostras e na segunda 30 amostras. Cada
amostra se referia a um setor no município. Uma vez obtidas às amostras
necessárias, estas eram pesadas, para se determinar o peso específico das
mesmas. Após a pesagem, o material era despejado sobre uma lona, onde era
realizada a triagem e separação dos materiais, por categoria, para posterior
quantificação. De posse do peso dos diversos componentes, foi calculado o
percentual de cada material. Depois, foi determinada a média entres os valores
obtidos nas duas séries de amostragem, chegando-se à composição dos resíduos
por região. Por fim, devido ao fato de que cada região do município apresentava

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uma produção diferenciada, foi necessário calcular a média geral ponderada dos
diversos componentes, obtendo-se, finalmente, a composição gravimétrica dos
resíduos domiciliares de Guanhães - MG. A pesquisa restringiu à caracterização
qualitativa e quantitativa, por tipos, dos resíduos sólidos urbanos gerados na área
urbana da sede do município, não se estendendo, portanto, à caracterização
fisioquímica e/ou microbiológica dos mesmos (Tabelas 2 e 3).

Tabela 2 – Caracterização dos resíduos sólidos domiciliares


Componentes Média %
Matéria Orgânica 54,44%
Papel e Papelão 9,28%
Metais 3,22%
Trapo 0,96%
Plástico fino e grosso 11,90%
Vidro 1,12%
Resíduos de Banheiro 6,80%
Rejeito 12,28%
Total 100,00%
Fonte: Prefeitura Municipal – 2020

Como pode ser observado, os componentes que apresentaram uma maior variação
no percentual foram os grupos dos papéis e matéria orgânica.

Tabela 3 – Composição Gravimétrica dos resíduos sólidos domiciliares


Componentes Média
Matéria Orgânica 49,17
Papel 18,50
Plástico 10,64
Metal 4,11
Vidro 1,19
Outros 16,39
Total 100,00
Peso Específico (kg/m³) 195,84
Fonte: Prefeitura Municipal – 2020

Os resíduos são coletados através de coleta diferenciada de acordo com a seguinte


procedência e produção percentual, conforme informações da Prefeitura Municipal

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responsável pela limpeza urbana no município:


 Resíduos domiciliar = 86,01%;
 Resíduos comerciais = 8,56%;
 Resíduos públicos = 5,35%;
 Resíduos dos serviços de saúde = 0,08%;
 Coleta seletiva = 0,00%;

Os resíduos sólidos dos serviços de saúde representam menos de 1,0% do volume


total de resíduos gerados e que deverão continuar a serem através de empresa
terceirizada para serem incinerados.

Quanto aos resíduos inertes (resíduos de construção civil e terra), estes poderão ser
utilizados como material de cobertura diária dos resíduos a serem dispostos. No
entanto, sugere-se que a prefeitura procure estabelecer diretrizes que incentivem a
reciclagem dos resíduos de construção, conforme determina a Resolução CONAMA
307 de 2002, alterada pela Resolução CONAMA Nº 348 de 2004, seja por meio da
implantação de uma Unidade de Reciclagem e/ou outra forma de reaproveitamento,
de forma a dar destinação adequada a esses resíduos em sua totalidade.

Em atendimento à Resolução CONAMA nº 258 de 1999 e alterada pela Resolução


nº 301 de 2003, segundo os artigos 1º e 9º, os pneus não serão recebidos no aterro
sanitário, à exceção daqueles provenientes de campanhas de prevenção à saúde da
população. Atualmente todos os resíduos domiciliares gerados pelo Município, assim
como os resíduos de classe I gerados pelos prédios da administração municipal, são
encaminhados para o lixão localizado no próprio Município.

5) CRITÉRIOS PARA IMPLANTAÇÃO DO ATERRO SANITÁRIO

5.1) Da escolha do local da implantação

A seleção de uma área adequada para implantação de um aterro implica diminuição


de custos, por evitar gastos desnecessários. Os critérios de seleção irão variar de

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acordo com cada município, dependendo do meio físico, da infraestrutura urbana,


entre outros aspectos. Em princípio, adota-se uma metodologia para a pré-seleção
de áreas, cujos dados a serem analisados se originam da etapa de levantamento de
dados gerais (descrita anteriormente) e da coleta de informações já existentes sobre
o meio físico e o biótico.

Depois, realiza-se um estudo mais abrangente das áreas pré-selecionadas para


fazer a escolha. Muitas vezes, a prefeitura já dispõe de áreas que deseja avaliar ou
mesmo de algum terreno que vem sendo utilizado como lixão, podendo-se desta
forma reduzir custos com desapropriação e atrasos na implantação do aterro.

Em Guanhães, já há uma área licenciada ambientalmente destinada à construção do


aterro sanitário simplificado.

5.1) Das restrições de loca para implantação

Restrições locais se referem às características da região onde o aterro será alocado


e podem ser adotadas como critérios de exclusão. Elas se aplicarão às áreas que
tenham algum impedimento legal em âmbito federal, estadual ou municipal, como
pertencerem a zoneamentos ambientais ou urbanos, estarem sujeitas a inundações,
serem vizinhas de cursos d’água, estarem próximas de aeroportos; sofrerem grande
oposição popular; estarem localizadas em áreas de risco geológico; entre outros
aspectos (Tchobanoglous et al., 1977).

A obtenção de dados para a análise das restrições locais foi feita por meio de
consultas ao acervo da prefeitura referente ao processo de licenciamento ambiental
e moradores do local, juntamente com uma pesquisa de campo da área em questão.
Foi verificado que o terreno licenciado, que se encontra ao lado do atual lixão, não
pertence a nenhuma área de proteção ambiental ou de mananciais e não há na
cidade um plano diretor urbano que restrinja o uso e a ocupação atual ou futura da
área por um aterro. Não foram observadas tendências de ocupação das áreas
adjacentes, que têm atualmente apenas atividades agropecuárias muito esparsas e

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afastadas do local. O corpo d’água mais próximo se situa dentro da margem


estipulada pela legislação federal e não há utilização da água para consumo
humano.

Por fim, não foi encontrada nenhuma restrição local que pudesse impedir a
ocupação da área por um aterro sanitário simplificado.

5.2) Dados de infraestrutura e distância do centro gerador

Compreendem as informações sobre a localização e as condições de acesso das


áreas selecionadas em relação ao centro atendido. A distância do centro gerador é
uma variável muito importante que repercute no custo do transporte dos resíduos,
mas que também deve garantir um afastamento mínimo do núcleo urbano.

Segundo IPT (2000), uma distância adequada fica entre 3 a 20 km, contudo, este
valor também é dependente ao porte do município. A área do lixão de Guanhães
está a aproximadamente 6,0 km do centro gerador de resíduo. Esta distância
representa um afastamento satisfatório do núcleo urbano e não inviabiliza os custos
relativos ao transporte do resíduo. As vias de acesso se encontram em bom estado
de conservação, mesmo nos trechos não asfaltados, e apresentam perfeitas
condições para o tráfego do caminhão de coleta.

Quanto à infraestrutura, a área não dispõe de rede elétrica e de água, mas


apresenta possibilidade de ligação para ambas as redes. A área já é cercada e as
vias de acesso internas existentes podem ser utilizadas para o deslocamento do
caminhão até as frentes de trabalho.

5.3) Meio biótico

Foram avaliadas as principais formações vegetais existentes em seu estágio atual e


as espécies animais associadas. A caracterização do meio biótico se deu por meio
de observações de campo e foi feita para a área do aterro, observando-se a

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vegetação existente e a presença de espécies animais associadas.

A flora do local é constituída em sua maioria por vegetação rasteira e árvores de


pequeno porte que se encontram distribuídas de forma muito esparsa em áreas
limítrofes. Não foram observadas espécies animais associadas.
5.4) Relevo

O levantamento topográfico fornece informações importantes sobre a rede de


drenagem natural (cursos e corpos de água) e também para a identificação do
melhor método de operação, de acordo com a disposição e a declividade do terreno.
Para a descrição do relevo do local foi solicitado à prefeitura do município o
levantamento topográfico da área.

5.5) Dados geológico-geotécnicos

São informações sobre as características e a distribuição dos solos na região em


avaliação. Informações como a adequabilidade dos solos locais como material de
empréstimo a ser utilizado nas camadas de revestimento de base, cobertura diária,
cobertura final e execução de obras de drenagem, bem como suscetibilidade a
escorregamentos, devem ser investigadas.

Para a caracterização do solo, foram obtidos dados quanto a sua textura (curva
granulométrica), umidade, densidade aparente, permeabilidade (em laboratório e em
campo) e limites de consistência (liquidez e plasticidade). Os resultados obtidos na
caracterização do solo referentes à determinação do coeficiente de permeabilidade
(k) em ensaios de laboratório e campo e à caracterização natural estão
apresentados a seguir.
I - Determinação da permeabilidade em campo utilizando o permeâmetro de Guelph:
 Para a profundidade de 1,70 m, k = 1,16 x 10–3 cm/s. _
 Para a profundidade de 3,00 m, k = 4,03 x 10–4 cm/s.

II- Determinação da permeabilidade em laboratório:

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 Corpo-de-prova (1): 2,0 x 10–5 cm/s.*


 Corpo-de-prova (2): 4,75 x 10–5 cm/s.*

III- Caracterização do solo natural:


 Teor de umidade: 33,8%.
 Massa específica dos grãos (NBR 6508/84): 2,72 g/cm³.
 Limite de liquidez (NBR 6459/84): 69%.
 Limite de plasticidade (NBR 7180/84): 43%.
 Granulometria (NBR 7181/1984): silte argiloso.

5.6) Dados sobre as águas do subsolo

Referem-se à determinação dos parâmetros relacionados ao comportamento das


águas subterrâneas e são talvez os mais importantes na escolha da área, pois
permitem avaliar o potencial poluidor da área proposta e fazer considerações
preliminares sobre o que deve ser feito para evitar a contaminação pela percolação
dos lixiviados. Desse levantamento são obtidos dados referentes à profundidade do
lençol freático, qualidade das águas subterrâneas, riscos de contaminação, entre
outros.

Para a determinação da profundidade do lençol freático, realizou-se o estudo dos


boletins de sondagens já executados anteriormente, que se encontravam em
arquivos da prefeitura, avaliando-se o perfil do solo. Também foram executados
furos manuais com trado helicoidal de quatro polegadas.

De acordo com o relatório de sondagem disponível em anexo, no qual estão


descritos três furos de sondagem à percussão, até a profundidade máxima de 3,40
m não foi identificada a presença de
lençol freático.

5.7 Dados climatológicos

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Com base em dados dos postos pluviométricos, as precipitações regionais variam


em média anual de 1.500,00 mm, com estações bem definidas, chove muito mais no
verão que no inverno. O clima é quente e temperado, tem uma temperatura média
de 21.0 °C.

6) PROJETO DE ATERRO SANITÁRIO

6.1) Sistema de drenagem superficial

O sistema de drenagem superficial tem a função de evitar a entrada de água de


escoamento superficial. Como já relatado anteriormente, deve-se evitar a entrada
descontrolada de água no sistema de disposição de resíduos. Além de aumentar o
volume de lixiviados, o escoamento de águas superficiais gera erosão, o que pode
causar a destruição da camada de cobertura e taludes.

Para a definição do local e dimensionamento do sistema de drenagem superficial,


parte-se dos dados obtidos nos levantamentos topográfico e climatológico.

6.2) Sistema de drenagem de lixiviados

Os lixiviados gerados com a degradação dos resíduos nas trincheiras devem ser
canalizados para fora do sistema de disposição a fim de receberem o tratamento
adequado. A drenagem dos lixiviados pode ser projetada de forma a propiciar a
percolação do lixiviado através dos resíduos sólidos. Isto acelera o processo de
biodegradação dos resíduos, já que os microrganismos degradadores estão
presentes no lixiviado.

6.3) Sistema de tratamento de lixiviados

Várias alternativas de tratamento de lixiviados já foram testadas. A grande questão


dá conta da quantidade de lixiviado gerada em sistemas menores como os de
municípios de pequeno porte. Com uma geração bastante baixa (desde que não

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ocorra à entrada de muita água de chuva), cabe discutir a necessidade de executar


um sistema específico para o tratamento desses líquidos. O certo é que a qualidade
do lixiviado gerado corresponde a um efluente altamente poluidor e que não poderá
ser descartado no meio ambiente. A legislação ambiental inclui parâmetros máximos
para o lançamento de efluentes nos recursos hídricos naturais. O plano de
monitoramento será detalhado no decorrer do projeto.

6.4) Impermeabilização de fundo e de laterais

As trincheiras deverão conter os resíduos aterrados e os líquidos gerados, sem


permitir a poluição ambiental. Para tanto deverá ser projetado sistema de
impermeabilização de laterais e fundos. Em municípios de pequeno porte, graças ao
reduzido volume de resíduos, é possível adotar sistemas simplificados, com redução
do custo e adequada segurança. Redução significativa de custo pode ser alcançada
para os materiais utilizados na impermeabilização de fundo e das laterais se as
características do solo local forem favoráveis à confecção de revestimentos
minerais. Significa dizer que, após a caracterização do solo local, pode-se adotar
impermeabilização com o próprio solo compactado, desde que as características de
permeabilidade sejam adequadas. Não sendo possível a impermeabilização com
solo local, o projeto deverá prever a colocação de mantas plásticas.

6.5) Sistema de drenagem de gases

Com a degradação dos resíduos dentro das trincheiras pelos microrganismos


anaeróbios, formam-se gases, principalmente metano e dióxido de carbono. Para
evitar bolsões dentro das trincheiras, o que poderá gerar incêndios locais, além de
ocupar área dos resíduos, é necessário projetar um sistema de drenagem de gases.
Como os gases encontram-se misturados à massa de resíduos, a drenagem deve
ser tanto horizontal quanto vertical, contudo, dependendo do tamanho das
trincheiras a drenagem vertical é suficiente, correspondendo a uma simples
canalização central, ou até mesmo à ausência dela, já que os poucos gases gerados
são expelidos pelo próprio sistema de drenagem de lixiviados e pela cobertura final.

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6.6) Sistema de cobertura

O sistema de cobertura (diário, intermediário e final) tem a função de eliminar a


proliferação de vetores, diminuir a taxa de formação de lixiviados, reduzir a exalação
de odores e impedir a saída descontrolada do biogás. A cobertura diária é realizada
ao final de cada jornada de trabalho, já a cobertura intermediária é necessária
naqueles locais onde a superfície de disposição ficará inativa por mais tempo,
aguardando, por exemplo, a conclusão de um patamar para início do seguinte. A
cobertura final tem por objetivo evitar a infiltração de águas pluviais, que resulta em
aumento do volume de lixiviado, bem como no vazamento dos gases gerados na
degradação da matéria orgânica para a atmosfera.

A cobertura final também favorece a recuperação final da área e o crescimento de


vegetação. Como camada de cobertura dos resíduos, propõe-se que seja utilizado
um solo argilo-arenoso, pois este tipo de material apresenta menor retração por
secagem em relação a solos com teores de argila muito elevados.

6.7) Definição do método

Explicar método de rampa


6.8) Definição das dimensões das rampas

Como parâmetros de entrada para o dimensionamento das rampas são


apresentados abaixo
População Básica do Projeto 34573 hab.
Peso Específico do Lixo Urbano (Y) 0,19 ton./ m³
Coeficiente de Compactação (CC) 0,90 ton./ m³
Taxa per-capita de geração de resíduos: 0,750 kg/hab x d;
Altura de cada camada (plataforma): 5,0 m
espessura da camada de cobertura diária: 0,20 m
Espessura da camada de cobertura final: 0,60 m
Inclinação dos taludes de resíduos compactados: 1 (v):3 (H);
Bermas: largura de 5,0 m;
Geometria:

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Precipitação média anual: 1.500 mm


Horizonte de Planejamento 15 anos

O dimensionamento das rampas foi feito para uma duração de xxx meses,
buscando-se obter uma relação sustentável com os custos de implantação e a vida
útil da mesma.

Para tanto, calcula-se o volume diário de resíduos gerados, acrescido do volume


ocupado pelo material de cobertura e, a partir daí, é obtido o volume necessário para
a rampa comportar os resíduos gerados em três meses. O cálculo encontra-se
exemplificado a seguir.

Cálculo do Lixo Produzido (LP)


LP = n. habitantes x produção média diária
LP = 34.573,0 x 0,75
LP = 26.064,75 kg/dia
LP = 26,06 ton/dia

Cálculo do Volume de Lixo (VL)


VL = LP x Y
VL = 26.064,75 x 1,9
VL = 49.5323,03 m³/dia

Cálculo do Volume de Lixo Reduzido pela Compactação (VLR)

VLR = LP x CC
VLR = 26,06 x 0,9
VLR = 23,45 m³/dia

Cálculo do Volume de Lixo Reduzido Anual (VRA)

VLA = 365 dias x VLR


VLA = 365 x 23,45
VLA = 8.559,25 m³/ano

Volume Padrão das rampas (VR))

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Volume Útil de cada rampa = m³

Tempo Mínimo de Utilização do Aterro (Tu)


Tu= VT / VRA
Tu=
Tu=

6.9) Planejamento da ocupação da área

De posse do levantamento topográfico e das dimensões das rampas, foi definido o


plano de ocupação da área, envolvendo a locação das rampas, casa de apoio,
galpão de triagem e armazenamento de recicláveis, também foi planejada a
execução de um cinturão verde no entorno da área, com espécies vegetais exóticas
do tipo Eucalipto e Capim Sansão.

Encontra-se na planta de ocupação do aterro, em anexo, a disposição das rampas


no terreno, a qual se buscou fazer acompanhando as curvas de nível, de tal forma
que seja reduzida ao mínimo a necessidade de movimentação de terra, bem como
facilitar o acesso do caminhão de coleta.

6.10) Sistema de cobertura dos resíduos

O sistema de cobertura (diário, intermediário e final) tem a função de eliminar a


proliferação de vetores, diminuir a taxa de formação de lixiviados, reduzir a exalação
de odores e impedir a saída descontrolada do biogás.

A cobertura diária é realizada ao final de cada jornada de trabalho, já a cobertura


intermediária é necessária naqueles locais onde a superfície de disposição ficará
inativa por mais tempo, aguardando, por exemplo, a conclusão de um patamar para
início do seguinte. No caso da cobertura final é importante que haja uma camada
impermeável de solo (argila) compactada ou algum outro material, como uma
geomembrana, em conjunto com uma camada superficial na qual é utilizada
proteção vegetal.

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O solo local do aterro, proveniente das escavações, com permeabilidade variando


entre 10–3 e 10–5 cm/s e granulometria característica de um silte-argiloso, foi
utilizado para confecção tanto da camada de cobertura final, como da intermediária.
A camada de cobertura diária é feita ao final de cada operação e tem 10 cm de
espessura. A camada de cobertura final, para o fechamento das rampas, tem
espessura de 60 cm e sofre compactação com um rolo compactador manual e
também com a passagem do equipamento de escavação das trincheiras
(retroescavadeira).

Ao final da operação de cada rampa procede-se à revegetação com sementes de


capim local.

6.11) Impermeabilização da base e laterais do aterro

A impermeabilização da base e das laterais do aterro evita a contaminação do lençol


subterrâneo pelos líquidos lixiviados, bem como a migração de gases através de
eventuais falhas existentes no subsolo. O material utilizado como impermeabilizante
pode ser argila adequadamente compactada, geomembrana, betume etc. As
geomembranas de PEAD são aplicações mais específicas para aterros sanitários de
grande porte pela sobrecarga econômica que a mesma traz aos aterros para
comunidades de pequeno porte.

No projeto de estruturas de base e cobertura em aterros sanitários, o emprego de


geomembranas deve considerar:
1. a seleção do material da geomembrana;
2. A preparação do subleito;
3. o transporte, armazenamento e colocação da geomembrana;
4. a qualidade das emendas.

A geomembrana deve ser quimicamente compatível com o líquido a que é exposta.


Geomembranas do tipo PEAD (polietileno de alta densidade) apresentam excelente
resistência a ataques químicos a custos razoáveis. O monitoramento de aterros de

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resíduos sólidos urbanos tem demonstrado que o pH do lixiviado apresenta grande


variação, situando-se entre 5 e 9. Por esse motivo, as mantas de PEAD são mais
apropriadas a sistemas de cobertura, em que o lixiviado não tem contato direto com
a geomembrana e em que as deformações por recalques podem gerar variações de
tensão importantes. No entanto, mantas de PEAD sofrem a ação de fotodegradação
em sistemas de cobertura e devem ser protegidas com uma cobertura mineral.

A superfície sobre a qual a geomembrana vai ser disposta deve ser lisa e resistente
e deve estar livre de pedras, raízes e água em excesso. Na compactação de
revestimentos minerais deve-se empregar um rolo do tipo pé de carneiro, no
entanto, no acabamento superficial é ideal que a superfície consista em uma
camada de solo compactado com um rolo compactador liso. Quando existe no local
uma camada natural com baixa condutividade hidráulica, é importante limpar a
superfície de qualquer irregularidade que possa causar funcionamento à
geomembrana.

6.11.1) Cuidados/necessidades para o emprego da manta de PEAD

Se não houver energia elétrica no local do aterro sustentável, a manta deverá ser
adquirida nas dimensões da rampa, pois a execução in loco das emendas requer
calor para a colagem das partes.

O terreno (fundos e laterais da rampa) deverá ser limpo e razoavelmente


regularizado, retirando-se pedras, galhos e outros materiais que poderão perfurar a
manta.
Dimensionamento:
Dimensões da manta para uma rampa:
 Considerar 1,5 metro de ancoragem em cada lado.

6.12. Sistema de drenagem e escoamento de águas superficiais

Locadas as rampas e observando-se o relevo, deverá ser projetado o sistema de

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drenagem superficial da área. Para situações como as dos municípios de pequeno


porte, a proposta deve ser simples, com a execução de canaletas abertas
manualmente na direção preferencial do fluxo das águas de escoamento superficial.

O objetivo é impedir a entrada deste volume de água nas trincheiras, aproveitando


para retirada rápida da mesma da área de disposição de resíduos, a fim de não
permitir a geração de poças d’água e solo com muita umidade, o que dificultaria o
acesso. Esta parcela d’água, por ser apenas de água da chuva, não exige qualquer
tipo de tratamento, servindo apenas para recarga dos aquíferos locais. Segue-se a
base de cálculo para o dimensionamento do canal para coleta de águas pluviais.

6.13) Sistema de drenagem de lixiviados

Esse sistema de drenagem deve coletar e conduzir o líquido lixiviado, reduzindo as


pressões destes sobre a massa de resíduo e, também, minimizando o potencial de
migração para o subsolo e consequente contaminação. É usualmente composto de
uma rede de valas subsuperficiais, preenchidas com material drenante (brita), e
progressivamente implantadas, abrangendo toda a superfície de base das rampas
do aterro de forma a ser capaz de captar e escoar os líquidos que atravessam a
massa do aterro para uma caixa de acumulação localizada num ponto baixo.

O dimensionamento do sistema de drenagem deve estar baseado na vazão a ser


drenada e nas condicionantes geométricas da massa de resíduo. A estimativa da
vazão dos lixiviados é feita por meio da avaliação do balanço hídrico, conforme
citado no decorrer do projeto. Para o sistema de drenagem dos lixiviados do aterro
municipal, foi projetada uma canaleta central, com seção transversal em forma de
meia cana com diâmetro de 50 cm, preenchida com brita na base da rampa, com
declividade de 2%, para captação e escoamento dos mesmos, direcionando-os para
um tubo de armazenamento de PVC, com 150 mm de diâmetro.

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Figura 01 – Croqui de implantação


6.14) Sistema de tratamento dos efluentes líquidos

Os efluentes líquidos gerados em um aterro sanitário compõem-se,


fundamentalmente, da água aderida à fração orgânica do resíduo em suas fontes de
produção e das águas de chuva incidentes diretamente sobre a área do aterro e
líquidos lixiviados através de sua massa. Uma vez captado, o efluente deverá ser
submetido a processos de tratamento, tais como: sistemas de lagoas de
estabilização, filtros biológicos, pré-tratamento e recirculação, etc., para redução de
sua carga orgânica antes do lançamento na natureza.

Neste caso, o aterro de Guanhães, o sistema deverá ser finalizado dentro de um


poço de captação. Dentro do poço também será instalado um registro para controle
do fluxo com leito de secagem, bem como um sumidouro para percolação do
efluente tratado. O poço deverá ser, preferencialmente, localizado no ponto mais
baixo do terreno, de forma a possibilitar a drenagem dos lixiviados por gravidade,
sem a necessidade de bombeamento. Cabe ressaltar, contudo, que muitos dos
órgãos de controle ambiental no Brasil ainda têm dificuldade em avaliar as
peculiaridades de cada projeto e, como apontado pelos estudos científicos, licenciar
tais empreendimentos

6.15) Sistema de drenagem de gases

No caso desses sistemas pequenos de aterramento de resíduos sólidos, embora


seja pequena a geração de gases e a liberação dos mesmos tanto pelo sistema de

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cobertura como pelo sistema de drenagem de lixiviados, um sistema de drenagem


de gases deve ser dimensionado. Mesmo para sistemas maiores, tipo aterros
sanitários, para grandes disposições de resíduos, os modelos para predição da
geração de gases são poucos. Estudos nessa linha ainda são escassos. Nos
trabalhos de Tchobanoglous et al. (1977), Barlaz et al. (1987), Bookter & Ham
(1982), Stegmann (1989) e Ham & Barlaz (1989) encontram-se propostas baseadas
em métodos empíricos, fundamentados no grau de biodegradabilidade dos resíduos,
ou em métodos estequiométricos, fundamentados na composição elementar de
substratos e de resíduos.
6.16) Infraestrutura de controle e apoio operacional

a) Vias de acesso, externas e internas:


Devem permitir o trânsito livre e desembaraçado de veículos de carga pesada ao
longo de todo o ano (inclusive no período chuvoso), desde as áreas de coleta do
resíduo urbano até a frente de trabalho do aterro em cada momento.

b) Isolamento da área:
Envolvendo toda a área de operação do aterro e com características tais que impeça
a entrada indevida de pessoas estranhas e animais.

c) Cancela e guarita de controle:


Devem ser dispostas preferencialmente junto à entrada da área, sendo que a guarita
deverá ser dotada de instalação sanitária.

d) Controle de pesagem:
É importante para o controle da quantidade de resíduo, devendo estar próxima à
guarita de controle.

e) Dependências para o pessoal da operação:


Constituídas por instalação sanitária completa (inclusive chuveiro).

6.17) Valas para aterramento de animais mortos

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Sua localização deve ser definida visando prevenir a contaminação do lençol


freático. O recobrimento deve ser feito imediatamente após o lançamento desses
resíduos nas valas. Para o aterro de Guanhães foi prevista uma pequena vala para
animais mortos recolhidos pela prefeitura, localizada separadamente das demais. A
operação deve ser criteriosa, preferencialmente com maquinário, evitando contato
humano, e, antes do cobrimento com solo, deve-se lançar uma camada de cal.

7) IMPLANTAÇÃO DO ATERRO SANITÁRIO

7.1) Limpeza e Isolamento da Área

A área do antigo aterro controlado deverá ser limpa e procedimentos emergenciais


devem ser estabelecidos, como a suspensão do despejo e queima dos resíduos.
Será feito o cercamento da área e instalado um portão de entrada ligado à guarita.

7.2) Infraestrutura de Controle e Apoio Operacional

Deverá ser construída uma guarita para uso do pessoal responsável pela operação
do aterro, constando de banheiro e sala. As vias de acesso internas serão
melhoradas, de modo a possibilitar o trânsito de veículos sob quaisquer condições
climáticas.

8) OPERAÇÃO DO ATERRO SANITÁRIO

Uma vez concluídas as obras de implantação podem-se dar início efetivo ao


recebimento das cargas de resíduo no aterro, que deverá obedecer a um plano
operacional previamente elaborado.

8.1) Equipamentos Empregados na Operação

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A escolha e o dimensionamento dos equipamentos a serem utilizados no aterro


dependem de seu porte e de outras variáveis, tais como a quantidade e tipologia dos
resíduos, o volume e distância das jazidas de material de cobertura, o grau de
compactação indicado no projeto, etc.

Em aterros simplificados, utilizam-se normalmente a retroescavadeira e o caminhão


basculante para o transporte de material retirado das trincheiras. São utilizados
equipamentos manuais para a compactação e espalhamento do resíduo em razão
da pequena disponibilidade de recursos financeiros e de mão-de-obra especializada.

No aterro municipal deverão ser utilizados uma retroescavadeira e um caminhão


basculante para transporte do solo excedente. Esse material excedente será
utilizado pela prefeitura local na execução de obras no município. Será desenvolvido
um rolo compactador manual para a compactação dos resíduos, preenchido com
óleo queimado, que evita a corrosão do material e alcança um peso de 155 kg.

8.2) Procedimentos Operacionais

O uso de ferramentas manuais de fácil aquisição na operação do aterro pode ser


uma boa opção de redução dos custos para municípios de pequeno porte. Com o
auxílio de enxadas, pilões, ancinhos, gadanhos e/ou forcados, pode-se ir
espalhando o resíduo e nivelando as superfícies superior e lateral em taludes de 1:1.
O recobrimento do resíduo deve ser efetuado semanalmente, ao término da jornada
de trabalho.

A compactação do resíduo pode ser efetuada por apiloamento. Outra forma de


operação manual seria a utilização de uma trincheira, escavada previamente por
meio de equipamento mecânico (retroescavadeira, por exemplo), pertencente a
outro órgão da prefeitura. O material proveniente da escavação será depositado em
local próximo para depois servir como cobertura. O espalhamento e o nivelamento
dos resíduos deverão ser efetuados manualmente, conforme o caso anterior.

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A Tabela abaixo apresenta toda a rotina operacional definida para o aterro:

Etapas Forma de Execução

1 - Escavação
Descarrega-se o resíduo dos caminhões para
2 - Descarga de Resíduo
dentro da trincheira.
Utilizando-se ferramentas (pás, enxadas,
etc.), espalha-se o resíduo em camadas
3 - Espalhamento do Resíduo horizontais de 20 cm de espessura,
preenchendo por igual até se ter uma
superfície relativamente plana.
Utilizando-se um rolo compactador manual –
Peso total do rolo (óleo queimado + peso
4 - Compactação do Resíduo
rolo) = 155 kg, compacta-se o resíduo em 4
passadas (ida e volta).
Lança-se uma camada do material de
cobertura solo com 10 cm de espessura, e
compacta-se o solo com o rolo compactador
manual (155 kg) em passadas (ida e volta),
fechando-se a célula ao final de cada jornada
5 - Recobrimento - Com
de trabalho.
cobertura intermediaria
A camada de cobertura final deve ter
aproximadamente 60 cm, recoberta de terra
fértil, sobre a qual se pode semear gramíneas
dependendo da utilização futura prevista para
a área.

8.3) Treinamento e Capacitação Técnica

A equipe de trabalho do aterro deve receber treinamento adequado para garantir


uma operação adequada e também que sejam cumpridas as determinações de
projeto. Outro ponto importante a ser enfatizado é quanto aos equipamentos e
procedimentos para a segurança do trabalho. Todo pessoal deve portar
equipamentos de segurança individual adequados, incluindo macacão, máscara,
luva e botina, além de serem vacinados contra hepatite A, B e tétano.

9) TOPOGRAFIA

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REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. BR 10004: resíduos sólidos:


classificação. Rio de Janeiro, 1987.

___. NBR 0007: amostragem de resíduos: procedimento. Rio de Janeiro, 1986.

___. NBR 7181: análise granulométrica. Rio de Janeiro, 1984.

___. NBR 7180: solo: determinação do limite de plasticidade. Rio de Janeiro, 1984.

___. NBR 6459: solo: determinação do limite de liquidez. Rio de Janeiro, 1984.

___. NBR 6508: solo: grãos de solo que passam na peneira de 4,8 MM –
determinação da massa específica. Rio de Janeiro, 1982.

___. NBR 8849: apresentação de projetos de aterros controlados de resíduos


sólidos urbanos. Rio de Janeiro, 1983.

____. NBR 13896: aterros de resíduos não perigosos: critérios para projeto,

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implantação e operação. Rio de Janeiro, 1997.

_____. NBR 8419: apresentação de projetos de aterros sanitários de resíduos


sólidos urbanos. Rio de Janeiro, 1983.

______ NBR 6484 – Solo - Sondagens de simples reconhecimento com SPT -


Método de ensaio, Rio de Janeiro, 2001.

______ NBR 6502 – Rochas e solos – Terminologia. Rio de Janeiro 1995.


Lima, M.J.C.P.A. (1979), “Prospecção geotécnica do subsolo”, Livros Técnicos e
Científicos Editora S.A.

Schnaid, F. (2000), “Ensaios de Campo e suas aplicações à engenharia de


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AUGUSTI, R. Sondagem a percussão com medidas de SPT e torque, sua
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CALCAVANTE, E. do H. Investigação Teórico - Experimental Sobre o SPT. 2002.


Tese (Doutorado em Ciências) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, RJ, 2002.

CINTRA, J.C.A.; AOKI N.; TSUHA C. de H.C.; GIACHETI H.L. Fundações: ensaios
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CASTILHOS JUNIOR, A. B. et al. (Org.). Alternativas de disposição de resíduos


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