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PALÁCIO CONVENTO DE MAFRA

Às 9h30 de sábado 22 de Outubro


de 1689 nasceu no Paço da Ribeira
o futuro Rei D. João V. Estavam
presentes El-Rei D. Pedro II, o
Duque de Cadaval, a Marquesa de
Alegrete, camareira-mor da
Rainha, a Condessa de Vila Flor,
bem como os médicos assistentes
Manuel Álvares Sereno, António
Ferreira, António Álvares Ribeiro e
Lucas, este último médico pessoal
da Rainha D. Maria Sofia Isabel de
Neuburgo.
O recém-nascido foi, de imediato,
entregue ao Duque “que lhe deu, a
conselho médico, mel, por ser um
“medicamento que costuma livrar
as crianças de alguns efeitos
contrários à sua saúde” .
D. João V e Maria Ana de Áustria (7 de Setembro de 1683 – 14 de Agosto de
1754; casados por procuração a 27 de Junho de 1708)
Mandado construir no século XVIII pelo Rei D. João V em cumprimento de um
voto para obter sucessão do seu casamento com D. Maria Ana de Áustria, o
Palácio Nacional de Mafra é o mais importante monumento do barroco em
Portugal.
Maria Madalena Bárbara Xavier
Leonor Teresa Antónia Josefa
(Lisboa, 4 de Dezembro de
1711) foi a primogénita de D.
João V, e para comemorar este
nascimento, el-rei mandou
construir o Palácio-convento de
Mafra.

A Troca das Princesas realizou-


se a 19 de Janeiro de 1729. O
Príncipe do Brasil, D. José, com
Mariana Vitória e o Príncipe das
Astúrias, (futuro Fernando IV)
com Maria Bárbara.
Os trabalhos da sua construção iniciaram-se em 1717 por iniciativa do rei D.
João V, em virtude de uma promessa que fizera em nome da descendência
que viesse a obter da rainha D. Maria Ana de Áustria. Nesta data os reis já
tinham 5 filhos.
Este Palácio/Convento é talvez o maior e mais sumptuoso
monumento português, imortalizado no “Memorial do
Convento”, o primeiro grande romance do Nobel da Literatura
José Saramago.
Não sendo a residência habitual da Família Real portuguesa, o Paço de Mafra foi
sempre muito visitado pelos reis, para assistirem a festas religiosas ou caçar na
Tapada. Construído em pedra lioz da região, o edifício ocupa uma área de c. de
quatro hectares (37.790 m2), compreendendo c. de 1200 divisões, mais de 4700
portas e janelas, 156 escadarias e 29 pátios e saguões. Tal magnificência só foi
possível devido ao ouro do Brasil, que permitiu ao monarca por em prática uma
política mecenática e de reforço da autoridade régia.
Para a Real Obra, o Rei
encomendou
esculturas e pinturas a
mestres italianos e
portugueses e, na
Flandres, dois
carrilhões com 92 sinos
– os maiores do tempo.
Integra ainda um
conjunto de seis órgãos
históricos na Basílica,
uma extraordinária
biblioteca do séc. XVIII,
com 38.000 volumes e
um Núcleo Conventual,
com um hospital da
época.
O Monumento de Mafra integra
um paço real, uma basílica, um
convento, um hospital monástico,
um jardim e uma tapada e
contém uma das mais notáveis
bibliotecas do século XVIII, a 1ª
cúpula do país, a mais importante
colecção de Escultura Barroca em
Portugal e os dois carrilhões
maiores do mundo, constituídos
por 98 sinos afinados
musicalmente entre si; e o único
conjunto conhecido de seis
órgãos de tubos concebidos para
utilização simultânea além de um
adro iniciático.
O monumento com o seu adro
Adro
Lugar a partir do qual se avista o céu aberto, e o pórtico do templo, por onde se
acede ao corpus mysticum. A proximidade dele originou que o adro se tivesse
transformado em cemitério.
O Carrocel, desenhado no empedrado do patim
do Adro que antecede o templo, expõe o seu
enigma aos passantes de cujo discernimento e
argúcia, não houvessem sido progressivamente
deseducados, se esperaria a decifração.

De autêntico cosmograma se trata, expressando a


iniludível vontade de geometrizar tão
característica da época barroca. Dois corpos
tangentes, um quadrangular, outro semicircular,
na razão, respectivamente, do mundo físico
(espaço com seus quatro horizontes) e do mundo
espiritual (tempo, ritmado pelo movimento
circular dos astros), fundem-se para se
homogeneizar. No centro, o Astro Rei (clone e
duplicado do Rei Astro, Dom João V) expede os
seus raios em todas as direcções, evocando a
imagem de uma roda e desenhando imensa
máquina de que o monarca é,
concomitantemente, o motor e o eixo, centro
imóvel e módulo regulador.
O Sol que ocupa o
centro virtual do
Carrocel configurou, em
1730, o modelo
heliocêntrico condenado
pela Igreja Romana, a
qual só noventa anos
mais tarde (1820)
acabaria por adoptá-lo
justamente em
substituição do sistema
geocêntrico. As quatro
faces do quadrângulo
"olham em linha recta
para os quatro ventos
principais e os quatro
ângulos dele olham para
os quatro intermédios"
(Frei João de Santana).
O grupo de sete degraus implica a semana.
A rampa semicircular contém as esferas ou
órbitas (coroas circulares brancas) dos seis
restantes astros então considerados (sete,
contando com o Sol), separadas por coroas
circulares pretas, indicadoras do vazio
existente entre aquelas. Na coroa circular
branca periférica erguem-se vinte e quatro
penitentes. Simetricamente divididos por
um caminho sem sombra, a estrada
meridiana do Sol (físico e da monarquia),
em dois grupos de doze, na razão das vinte
e quatro horas do dia. O quadrado, cujo
lado corresponde à distância entre o ponto
central do Astro Rei e a linha externa da
coroa circular periférica, é o módulo
regulador de todo o Monumento de Mafra.
A Basílica ocupa a parte central do edifício, ladeada pelas torres sineiras.
Foi feita segundo o desenho de João Frederico Ludovici ourives de origem
alemã que, após a sua longa permanência em Itália, a concebeu ao estilo
barroco italiano.
A fachada do templo dispõe-se em
dois majestosos andares, coroados
por poderoso frontão triangular. O
andar térreo afirma uma galilé de
três portais, enquanto o piso
superior é marcado por diversas
janelas de frontão curvo e
triangular.
É visível a inspiração de Ludovice
na basílica de S. Pedro do Vaticano,
pelo neoclassicismo assumido:
no pórtico, as colunas jónicas
marcam o ritmo dos arcos e portas
que acedem ao átrio ou galilé,
enquanto o frontão apresenta, no
tímpano, imagens da Virgem com
o Menino e Santo António (a quem
o convento é dedicado), do mestre
escultor italiano Giuseppe Lironi.
Nártex ou Galilé da entrada
Para a Real
Basílica de
Mafra D. João V
vai encomendar
aquela que será
a mais
significativa
colecção de
escultura
barroca
existente fora
de Itália, num
total de 58
estátuas em
mármore de
Carrara.
William Beckford afirma
que a galilé mafrense lhe
lembrara a de São Pedro de
Roma. Baretti considerá-la-ia
demasiado pequena
relativamente à área total
do edifício, defeito
justificado por Alberto Teles
em virtude das alterações
do plano primitivo da
Basílica.
É pavimentada com pedraria
branca e preta, cores
eminentemente
penitenciais, que são
retomadas na abóbada
cilíndrica.
A Galilé mede 28 x 7 m. Serve de átrio (intróito), isto é,
antecâmara por onde se acede ao corpus mysticum. Tal como a
Galileia precede a Terra Santa palestina, do mesmo modo a
Galilé antecede o templo, Porta do Céu, em Mafra.

Três portas dão acesso à Basílica. A central é ladeada por 2


colunas caneladas de mármore branco, com capitéis coríntios,
encimados por frontão triangular onde se observa um meio-
relevo de Carlo Monaldi, representando Santo António em
adoração à Virgem e ao Menino. As laterais são guarnecidas de
festões, ramos de açucenas e serafins.
A Galilé e os Vãos das Torres abrigam os doze fundamentos da
Cidade Santa, isto é, os Doze Apóstolos do Cordeiro (Apocalipse,
XXI, 14) ou fundadores de todas as grandes religiões dentro do
catolicismo romano, autênticas colunas em que se firma a Igreja
Militante. Além dessas imagens de vulto, existem duas mais, de
dimensão superior às restantes, iconografando os mártires São
Sebastião e São Vicente, que ladeiam o pórtico.
Esta encomenda significa por parte do Rei, não apenas um desejo de
magnificência e um efeito prestigiante a nível internacional, mas também uma
tentativa de renovação de uma forma de arte de que não havia grande tradição
em Portugal e que que, mais tarde, servirá de modelo para a formação de
artistas nacionais.
Na coleção visitável, na porta à esquerda da Basílica, podemos ver exemplares dos
modelos em terracota das estátuas, enviados de Roma para aprovação real antes da
execução final e definitiva das mesmas. Juro que dava um dedo para ter uma minha, na
cristaleira.
A segunda parte da história é a criação, já sob o reinado de D. José I, de uma escola
assumida como tal. Até à data Mafra era fonte de inspiração natural e para se bem fazer
barroco era preciso ir ver Mafra, com olhos de ver. Com D. José, em 1753 é criado o
segundo núcleo da estatuária de Mafra, com produção da já nacional Escola de
Escultura de Mafra.
Porta de entrada lateral
da Basílica.
A acomodação das estátuas e a
viagem até Mafra foram também
objecto de grandes cuidados
recomendando-se, por exemplo, “
que venham bem encaixadas,
para que não padeça alguma
por mal atarracada…” e “se
necessário for para lhe fazer seus
colchões de lã, que sustentam
mais que o feno.”
Curiosamente, recomendava-se
ainda que “as mãos e dedos das
estátuas venham com as suas
linhas na mesma pedra, que cá se
cortarão e aperfeiçoarão.”
Do trabalho resultado
desta escola nasceram
as esculturas, de
alunos dirigidos pelo
‘importado’
Alessandro Giusti, que
ocupam as telas do
altares e as lunetas da
Basílica, de arrojo
artístico que não se
intimida com as
importadas de Itália, e
do seu continuador e
principal discípulo,
Machado de Castro.
Interior da Basílica
Relicários do século
XVIII para o Dia de
Todos os Santos na
Basílica
O interior tem a forma de cruz latina com o comprimento total 58,5 m e 43 m de
largura máxima no cruzeiro, sendo toda em pedra da região de Sintra, Pêro
Pinheiro e Mafra.
A basílica foi consagrada no
41º aniversário do rei, em 22
de Outubro de 1730, calhado
a um domingo, com
festividades de oito dias. Em
1730 João Frederico Ludovice,
após a sagração da Basílica,
retira-se da obra deixando na
direcção das obras, o seu filho
Dr. João Pedro Ludovice,
formado em cânones em
Coimbra e também arquitecto
formado na escola do Risco
das Obras de Mafra, que as
acompanha até ao ano de
1744.
O zimbório, com 65 m de altura e 13 m de diâmetro, foi a
primeira cúpula construída em Portugal.
A nave tem a forma de
cruz latina com o
comprimento total 58,5 m
e 43 m de largura máxima
no cruzeiro, sendo toda
em pedra da região de
Sintra, Pêro Pinheiro e
Mafra.
No reinado de D. José I foi criada aqui uma importante Escola de Escultura,
sob a direcção do mestre italiano Alessandro Giusti, de que são exemplo os
retábulos de mármore da Basílica.
Para a Real Basílica
encomendou também o
rei, aos mais prestigiados
pintores italianos e
portugueses do tempo,
as telas e lunetas de
todas as capelas. Estas
pinturas foram
substituídas, no reinado
de D. José, por retábulos
e lunetas em mármore
executadas na Escola
de Escultura de Mafra,
aqui fundada sob a
direcção do mestre
italiano Alessandro
Giusti.
Foi também o Paço preferido de D. João VI que encomendou, no final do séc.
XVIII, pinturas murais para diversas salas bem como um novo conjunto de 6
órgãos para a Basílica.
SACRISTIA
Os retábulos em mármore, foram trabalhados pela Escola de Escultura de
Mafra, que esteve sob a orientação do Mestre italiano Alessandro Giusti,
cabendo, posteriormente, a direcção ao seu discípulo - Machado de
Castro. Inclui um esplêndido conjunto de imaginária, trabalhado em
mármores italianos por grandes artistas da época. A Sacristia alberga
ricos arcazes de madeira do Brasil e um pequeno altar com uma tela
alusiva a S. Francisco, da autoria de Inácio Bernardes; junto fica a casa do
Lavabo com quatro monumentais lavatórios.
Capela de S. Francisco

Ao fundo da sala está


uma capela dedicada a
S. Francisco que tem,
sobre o altar, uma tela
do pintor Inácio de
Oliveira Bernardes,
bolseiro de D. João V
em Roma,
representando As
Chagas de S. Francisco.
Sala dos Lavabos
Para “vestir” a Real Basílica de Mafra D. João V recorreu à encomenda de ornamentos e
paramentos em França e em Itália (Génova e Milão).
A colecção é composta por paramentos nas cinco cores litúrgicas, ou seja o carmesim, o
branco, o preto, o roxo, e o verde.

Segundo especificação do próprio Rei, os paramentos deveriam ser de “...seda, não


adamascada nem lavrada, mas sim forte, e de muita dura [... ] bordados a seda cor de
ouro a mais parecida que puder ser com o mesmo ouro."

O uso de materiais menos nobres, como a seda amarela, o chamado “ouro dos pobres”,
prende-se com o facto de estes ornamentos serem destinados a um convento
franciscano obrigado a um voto de pobreza.

A importância desta colecção deve-se também ao elevado número de peças que a


compõem. A título de exemplo, o paramento de gorgorão todo bordado que serve do
confesso, usado na procissão do Corpo de Deus, tem 25 casulas, oito dalmáticas, doze
capas bordadas, setenta pluviais, para além de panos de estante, capas de missal, pano
de púlpito, umbelas, etc. Para a maior parte dos conjuntos existiam ainda dosséis,
estandartes, pavilhões de sacrário, etc.

Foi ainda encomendada toda a “roupa branca” de sacristia, como albas, roquetes, cotas,
toalhas, corporais, sanguíneos, etc.
Quadrato, Génova, c. 1730 Casula e estola, França, c. 1730
Luvas, c. 1730 Sapatos, c. 1730
Dálmatica, Milão, c. 1730 Capa de asperges, Génova, c. 1730
Interior da basílica: intradorso sobre a nave
Vista lateral da Basílica.
O Real Convento de Mafra possui um conjunto de dois carrilhões ou
seja uma série de sinos afinados musicalmente entre si. No caso de
Mafra são noventa e oito sinos, o que os torna uns dos maiores
carrilhões históricos do mundo. Cada torre sineira tinha cinquenta e
oito sinos, pertencendo a cada carrilhão quarenta e nove, com o peso
total de 217 toneladas.
Ambos os carrilhões são compostos simultaneamente por dois
sistemas:
- O sistema mecânico funciona como um órgão de Barbieri, com dois
enormes cilindros de bronze onde se colocam cavilhas representando
notas musicais. Quando accionado pelo mecanismo dos relógios, o
movimento dos cilindros faz as cavilhas baterem em teclas metálicas ou
papagaios, movendo os martelos dos sinos de acordo com a melodia
programada. O carrilhão mecânico tocava a todas os quartos, meias e
horas certas horas, do nascer ao pôr- do-sol.
coberturas
Convento
Em 1717, D. João V mandou
construir o Real Convento de
Mafra em cumprimento de uma
promessa: Se a rainha Dona Maria
Ana de Áustria, lhe desse um filho
varão mandava construir um
convento dedicado a Santo
António. E assim foi. O projecto
que pretendia abrigar apenas 109
frades franciscanos tornou-se
rapidamente - devido ao ouro que
vinha do Brasil e que começou a
entrar nos cofres portugueses -
num projecto muito ambicioso
que empregou 52 mil
trabalhadores e passou a abrigar
330 frades.
Além de palácio real, o edifício também foi um importante Convento,
que foi abandonado em 1834, após a dissolução das ordens religiosas.
Durante os últimos reinados da Dinastia de Bragança, o Palácio foi
utilizado como residência de caça e dele saiu também em 5 de Outubro
de 1910 o último rei D. Manuel II para a praia da Ericeira, onde no iate
real partiu para o exílio, nunca mais voltando a Portugal.
Seguidamente visita-se a zona conventual. O Convento propriamente dito,
está disposto em redor de um grande pátio de planta quadrangular, onde se
inclui o Jardim do Buxo de estilo clássico.
No convento ainda se
pode ver o dormitório
dos monges e as celas .
A zona conventual
reflecte bem o estilo de
vida dos monges
franciscanos que ali
viveram, uma vida muito
humilde, apenas com o
essencial.

Refeitório dos frades.


Foi preocupação de D. João V garantir o sustento do Convento, pagando as despesas do
seu “bolsinho”. Assim, eram dadas propinas a cada frade duas vezes por ano, no Natal e
no São João. Constavam de tabaco, papel, pano de linho e ainda burel para os hábitos,
tendo cada irmão direito a dois, um para usar e outro para lavar. Tinham ainda de
remendar cada um a sua própria roupa.

No convento gastavam-se e anualmente, por exemplo, 120 pipas de vinho, 70 pipas de


azeite, 13 moios de arroz (cada moio equivale a 828 litros) ou 600 cabeças de vaca,
além de milhares de pães.
A Sala Elíptica ou do Capítulo é uma das mais importantes salas do convento. De
forma elíptica, como o nome indica, é iluminada por 28 janelas ovais dispostas
de forma a fazer a luz “cair” para dentro da sala.
Aqui se realizavam as reuniões do Capítulo dos religiosos, onde se fazia a gestão
de toda a vida quotidiana do Convento: as a novas admissões e as entregas dos
hábitos aos noviços, os castigos, a recepção a visitantes importantes como o
Ministro provincial da Ordem,etc.
Sobre a porta principal existe uma tribuna com acesso a parir do Palácio que
servia para o Rei aí assistir a algumas cerimónias.
Interessante é a Botica ou Farmácia, com muitos e belos potes para
medicamentos e alguns instrumentos cirúrgicos
Quanto ao mobiliário conventual,
consiste essencialmente em
camas, bancos, mesas e estantes
pertencentes às celas fradescas, e
que foram posteriormente
utilizados pela Corte após a
extinção das Ordens Religiosas.
Destacam-se três estantes do
mestre entalhador da Casa das
Obras e Paços Reais António
Ângelo, encomenda de D. João VI
para o coro do convento da
basílica e um mostrador da antiga
botica, um dos poucos exemplares
do século XVIII existentes em
Portugal.[13]
A enfermaria, com pequenos quartos alinhadas de um e outro lado de um
corredor central. São ao todo dezasseis celas privadas, com abertura com
cortinas, onde se podem ver as camas em madeira e ferro.
Por cima de cada cama está um painel de azulejo representando Cristo e aos pés
outro com a Virgem Maria. Sobre a cama existia um prego onde o médico
pendurava a receita, para que o enfermeiro seguisse correctamente as
instruções.
Capela da Enfermaria
A Enfermaria era ocupada pelos doentes graves, que aqui eram assistidos por
frades enfermeiros, recebendo a visita diária do médico e do sangrador. Aos
domingos, todos os leitos eram puxados para o centro da sala para que os doentes
assistissem à missa, na capela adjacente, sem saírem das suas camas.
Por cima de cada cama está um painel de azulejo representando Cristo e aos pés
outro com a Virgem Maria. Sobre a cama existia um prego onde o médico
pendurava a receita, para que o enfermeiro seguisse correctamente as instruções.
Cozinha da Enfermaria. Nesta pequena cozinha preparavam-se as refeições
para os doentes graves e para os enfermeiros. No Real edifício existiam
diversas cozinhas: do Rei, da Rainha, do Convento, etc. A colecção de
utensílios de cozinha em cobre e latão pertencentes às diversas cozinhas, são
do séc. XVIII.
Junto ao Convento ficava o Jardim da Cerca, com a horta, pomar, vários
tanques de água e para se distraírem, sete campos de jogos, quatro da bola,
um do aro e dois de laranjinha.

Ocupado pelas tropas francesas e depois inglesas na época das Guerras


Peninsulares, o Convento foi incorporado na Fazenda Nacional quando da
extinção das ordens religiosas em Portugal, a 30 de Maio de 1834 e, desde
1841 até aos nossos dias, foi sucessivamente habitado por diversos regimentos
militares, sendo desde 1890 sede da Escola Prática de Infantaria e, hoje, sede
da Escola das Armas.
Núcleo de Arte Sacra, um espaço museológico que ocupa duas
salas que eram destinadas à habitação dos Camaristas do Palácio.
O Palácio Real
Sobe-se ao andar de cima e lá encontramos as sumptuosas salas do palácio,
que se estendem a todo o comprimento da fachada ocidental, com os
aposentos do rei numa extremidade e os da rainha na outra, separados entre si
por um comprido corredor com 232 m.
Neste Torreão Norte, encontram-
se os aposentos privados do Rei,
usados até à morte de D.
Fernando de Saxe-Coburgo,
marido da rainha D. Maria II,
ficando depois reservados aos
hóspedes importantes.
Na época em que éramos
governados por reis, cada
torreão funcionava como um
apartamento independente, com
as cozinhas na cave, as
despensas e ucharias no piso
térreo, os quartos dos
Camaristas no 1º piso, e os
aposentos do Rei no 2º piso.
Torreão Norte – Aposentos privados do Rei, usados até à morte de D. Fernando
de Saxe-Coburgo, marido da rainha D. Maria II, ficando depois reservados a
hóspedes importantes. Cada torreão funcionava como um apartamento
independente com as cozinhas na cave, as despensas e ucharias no piso térreo,
os quartos dos Camaristas no 1º piso e os aposentos do Rei neste piso.
Sala dos Archeiros ou da Guarda – por aqui se fazia a entrada
para o Palácio, aqui permanecendo a Guarda Real quando Suas
Majestades estavam em Mafra.
Sala D. João V, a sala de estar do rei.
Sala do Trono,
destinada às
audiências
oficiais do Rei,
que apresenta o
tecto
artisticamente
pintado por
Domingos
Sequeira, sendo
uma elegante
divisão
complementada
com outros
motivos de valor:
- mobiliário,
tapeçarias e
lustres.
A pintura do tecto representa uma alegoria à "Lusitânia" e faz parte da
campanha decorativa que Cirilo Volkmar Machado executou no Palácio a
partir de 1796 por encomenda do Príncipe Regente, futuro rei D. João VI.
Paredes decoradas com pinturas a fresco representando as oito Virtudes
Reais, da autoria de Domingos Sequeira (1768-1837).
Nestes aposentos do rei, destaca-se a Sala de Diana, assim
chamada por ter representado no tecto Diana, a Deusa da caça,
acompanhada de ninfas e sátiros.
É um fresco da autoria
de Cirilo Wolkmar
Machado (finais do séc.
XVIII), fazendo parte de
uma campanha
decorativa a mando do
Príncipe Regente D.
João, futuro D. João VI.
O pintor tomou como
fonte de inspiração um
quadro de
Domenichino, intitulado
“Caçada de Diana”,
existente na Galeria
Borghese em Roma.
Sala dos Destinos
No tecto, da autoria de Cirilo Volkmar Machado, está representado o
"Templo do Destino", destacando-se a figura da Providência que
entrega a D. Afonso Henriques o Livro dos Destinos da Pátria. Em redor
estão representados, para além de Hugo Capeto rei de França e do
conde D. Henrique de Borgonha, pai de D. Afonso Henriques, todos os
monarcas portugueses até D. João IV.
Sala dos Destinos
O Oratório Norte era uma capela privada para uso pessoal do rei. Em
seguida observa-se a Antecâmara do rei, a sala de espera para a entrada
nos aposentos do rei. Depois abre-se o Quarto de sua Majestade, um
sumptuoso aposento, onde à esquerda se observa um óleo sobre tela
com “D. João VI”, de José Inácio de Sam Payo (1824).
Quarto de dormir de D. João IV
Torreão Norte – quarto do rei com umóleo sobre tela, com a
“Sagrada Família”, da Escola Italiana (séc. XVIII).
Ligando os dois torreões um enorme corredor com 232 m, que
ocupa no 2º andar a fachada frontal do palácio. Este enorme
corredor chamado de “Passeio da Corte”, dava acesso à maioria
das salas utilizadas pela comitiva real. No centro deste, destaca-
se a Sala da Benção
Sala da Benção , toda
forrada a mármore, onde a
Família Real podia a assistir
às cerimónias religiosas na
Basílica, sem saírem do
Paço. Esta sala está ligada a
uma varanda virada ao
interior da Basílica. Da
varanda feita de um só
bloco de pedra com 7 x
2,42m, D. João V dava a
bênção ao povo, que
assistia ao decorrer da
Santa Missa.
Da Sala da Bênção são dados
os passos que nos separam do
Torreão Sul, onde se situam os
aposentos privados da Rainha.
Durante a estadia de D. João
VI em Mafra (1806), alguns
dos espaços deste torreão
foram divididos por tabiques
de madeira “ricamente
pintados”. Com o fim da
monarquia e transformação
deste real edifício em museu,
os tabiques e a respectiva
decoração mural foram
destruídos. Ficaram, no
entanto, em arquivo registos
fotográficos desses espaços.
Antecâmara – Sala de entrada para os aposentos da Rainha.
Reconstituição da decoração mural existente no século XIX,
segundo fotografias em arquivo.
Sala de Nápoles – A Ala Sul
deste Paço foi a mais
utilizada durante o séc. XIX,
talvez por ser uma zona
confortável e ensolarada,
correspondendo não só a
uma procura de mais
conforto, como a uma
alteração de mentalidades
no que respeita à vida
familiar e social das Família
Real, que se torna mais
intimista e “privada”. A Ala
Norte passou apenas a ser
usada por hóspedes
importantes de visita a
Mafra.
Sala do toucador
Torreão Sul – Aposentos privados da Rainha. Durante a estadia de D. João VI
em Mafra (1806), alguns dos espaços deste torreão foram divididos por
tabiques de madeira “ricamente pintada”. Com o fim da monarquia e
transformação deste real edifício em museu, os tabiques e a respectiva
decoração mural foram destruídos. Ficaram, no entanto, em arquivo registos
fotográficos desses espaços.
Sala de Sua Majestade a Rainha.
Toilette de Sua Majestade a Rainha – reconstituição da
decoração mural existente no século XIX, segundo fotografias em
arquivo..
Ao lado do Quarto das Rainhas situa-se a Toilette de Sua Majestade a
Rainha com uma reconstituição da decoração mural existente no século
XIX, segundo fotografias em arquivo.
Objectos da higiene real
Ao lado do Quarto das Rainhas situa-se a Toilette de Sua
Majestade a Rainha com uma reconstituição da decoração mural
existente no século XIX, segundo fotografias em arquivo.
Entra-se no Quarto das Rainhas, ou de D. Maria II, onde se encontra uma
cama estilo império e um berço dos príncipes. Foi no Quarto das Rainhas,
que o rei D. Manuel II passou a última noite em Portugal, antes da sua
partida para o exílio, quando da implantação da República a 5 de Outubro
de 1910.
Oratório Sul
Oratório sul ou da
Rainha, uma capela
privada para uso
pessoal da rainha.
Em seguida passa-
se à Antecâmara da
Rainha, a sala de
espera para a
entrada nos
aposentos da
rainha.
Imaculada Conceição, Sebastiano Conca c. 1730,

Sagrada Família, Agostino Masucci c. 1729

Retrato de D. Manuel II José Malhoa 1908


Assunção de Nossa
Senhora é um óleo
sobre tela da autoria do
pintor português André
Gonçalves. Pintado em
1730.
A pintura do tecto da Sala das Descobertas, datada do séc. XVIII, representa os
feitos dos portugueses, Vasco da Gama vencendo o Adamastor, Cristóvão
Colombo, Pedro Álvares Cabral e um retracto do Infante D. Henrique. É da
autoria de Cirilo Wolkmar Machado.
Passamos à Sala D. Pedro V
ou Sala de Espera. Nesta
ala ficavam, em finais do
séc. XVIII, os aposentos da
“Senhora Princesa”
D. Maria Francisca
Benedita, viúva do seu
sobrinho D. José, filho
primogénito de D. Maria I,
estando as salas divididas
de outra forma. A presente
divisão e decoração
reflectem a vivência
romântica do séc. XIX.
Sala D. Pedro V ou Sala de espera – Nesta ala ficavam, em finais do
séc. XVIII, os aposentos da “Senhora Princeza” D. Maria Francisca
Benedita, viúva do seu sobrinho D. José, filho primogénito de D. Maria
I, estando as salas divididas de outra forma. A presente divisão e
decoração reflecte a vivência romântica do séc. XIX.
Sala de dona Maria Benedita
Depois a Sala de Música ou Sala Amarela, uma grande sala de estar,
onde aos convidados era oferecido convívio e saraus musicais. Ali
podemos ver um bonito piano de cauda inglês com respectivo
banco, obra de Joseph Kirkman (Londres, séc. XIX), e um piano de
mesa, de fabrico francês (Collard & Collard - séc. XVIII).
A Sala de Música mostra ainda vários instrumentos pertencentes a
D. Carlos, que lhe foram oferecidos quando realizou uma viagem
aos Açores em 1901; de salientar também um quadro alusivo a
Santa Genoveva, da autoria de António Ramalho. iano de cauda
inglês com respectivo banco. Joseph Kirkman, Londres, séc. XIX.
Piano de mesa. Fabrico francês Collard & Collard. séc. XVIII.
Sala de Jogos
Sala da caça, que é a Sala de Jantar, que possui mobília decorada com cabeças e
hastes de veado e gamo, tendo no teto, suspenso ao centro, um grande lustre
com análoga decoração.
O Palácio de Mafra nunca foi residência habitual da Família Real,
sendo no entanto frequentemente visitado ao longo do ano por
períodos de tempo dedicados à caça de veados, gamos e outras
espécies existentes na Tapada e daí a decoração desta sala.
A caça era uma das actividades eleitas pela família real, de tal modo que tinham
uma sala do Palácio decorada só com elementos relacionados com caça. Os
terrenos que circundavam o Convento permitiam estas grandes caçadas por serem
ricos em fauna e flora.
No final dos aposentos da rainha e já bem perto da famosa
biblioteca do palácio, encontramos o Salão Grande dos Frades,
uma reconstituição da área conventual, que foi cedida ao Exército
desde finais do século XIX.
Mobiliário
Do mobiliário da época Joanina
pouco resta pois a maior parte do
mobiliário, tapeçarias e obras de
arte foram transportadas
aquando da ida da Corte para o
Brasil na época das invasões
francesas, nunca tendo
regressado da colónia, tendo sido
leiloado em 1890 e com destino
incerto, após a instauração da
república no Brasil em 1889.[12]
Assim, os ambientes atuais do
palácio são fundamentalmente
do século XIX, bastante
diversificados, predominando o
estilo Império e o mobiliário
romântico.
No palácio real, do mobiliário antigo destacam-se uma cama de
aparato Império, em mogno e com bronzes, as respectivas mesas
de cabeceira de meados do séc. XIX, adquirida pela rainha D.
Maria II, três cadeiras profusamente entalhadas em pau-santo e
ainda uma credência entalhada e dourada assinada por José
Aniceto Raposo (1756-1824), notável entalhador e inventor.
Real Biblioteca de Mafra
O Palácio Nacional de Mafra possui uma das mais importantes bibliotecas
portuguesas, com um valioso acervo de cerca de 38.000 volumes, verdadeiro
repositório do Saber. Situada no 4º piso da ala nascente do monumento, a Casa
da Livraria ocupa a mais nobre e vasta de todas as salas do edifício, em forma de
cruz com ca. de 85 m de comprimento e 9,5 m de largura. Pavimentada em
pedra liós de várias cores, tem no centro uma abóbada apoiada sobre quatro
arcos, fechada sobre uma pedra-mármore onde se vê esculpido um rosto
humano representando o sol.
O maior tesouro de Mafra é a sua biblioteca, com chão em mármore,
estantes em estilo rococó e uma colecção de mais de 36.000 livros com
encadernações em couro gravadas a ouro, graças à acção da Ordem
Franciscana, incluindo uma segunda edição de Os Lusíadas de Luís de
Camões.
O magnífico pavimento é revestido de mármore rosa, cinzento e branco.
As estantes de madeira estilo rococó, situadas em duas filas laterais,
separadas por um varandim contêm milhares de volumes encadernados
em couro, testemunhando a extensão do conhecimento ocidental dos
séculos XIV ao XIX. Entre eles muitas jóias bibliográficas, como
incunábulos. Estes volumes magníficos foram encadernados na oficina
local, também por Manuel Caetano de Sousa.
A atestar a importância
desta coleção, uma Bula
concedida pelo Papa Bento
XIV em 1754, para além de
proibir sob pena de
excomunhão, o desvio ou
empréstimo de obras
impressas ou manuscritas
sem licença do Rei de
Portugal, concede-lhe
autorização para incluir no
seu acervo os livros
proibidos pelo Index.
Para a constituição do seu acervo o Rei Magnânimo enviou ao
estrangeiro emissários especiais encarregues de adquirir tudo o que de
melhor e de mais novo aí se imprimisse.
A Biblioteca possui uma colecção cujo arco temporal vai do século XV
ao XIX, abrangendo temas tão diferentes como a Teologia, a
Sermonária, o Direito Canónico e Civil, a História, a Geografia e
Viagens, a Matemática, a Arte e a Música, a Medicina, entre outros.
Os morcegos da biblioteca
já viraram atracção na
região, pois trabalham
como guardiões nocturnos
dos livros da bibliotecal.
Os bichinhos da espécie
morcego-anão e morcego-
orelhudo-castanho fazem
uma verdadeira "faxina
nocturna" e garantem o
alimento. Eles alimentam-
se de insectos,
principalmente daquelas
traças que adoram devorar
as páginas de livros.
O sonar dos morcegos é que
ajuda na tarefa de localizar as
traças e garante o banquete.
Os morcegos acabaram por
se tornar uma forma
ecológica de lidar com esse
problema muito comum em
bibliotecas. E os pequenos
voadores ganharam tanta
fama que já fazem parte do
tour do local.
A Real Tapada de Mafra foi criada em 1747 com o objectivo de
proporcionar um adequado envolvimento ao Monumento, de
constituir um espaço de recreio venatório do Rei e da sua corte e
ainda de fornecer lenha e outros produtos ao Convento.
A Tapada Real
Este terreno foi adquirido por
D. João V nos anos 40 do
século XVIII. Com uma área
de 1200 hectares, a Real
Tapada de Mafra era rodeada
por um muro de alvenaria de
pedra e cal, com uma
extensão de 21 Km.
Era utilizado como reserva de
caça (de javalis, gamos, aves),
como local de passeio pelos
seus pinhais e matos e como
fonte de abastecimento de
água
Desde o século XVIII até à Implantação da República, a Real Tapada de
Mafra foi local privilegiado de lazer e de caça dos monarcas portugueses,
sendo contudo, nos reinados de D. Luís (1861-1899) e de D. Carlos
(1899-1908) que a Tapada conheceu o seu período áureo como parque
de caça.
No meio desta reserva natural podemos, ainda, encontrar o Chalê d’El-
Rei de D. Carlos e D. Amélia.
Depois da sagração, as obras continuaram sob a direcção de Custódio
Vieira, tendo terminado, oficialmente, em 1750, data da morte de D.
João V. Apesar dos acrescentos em reinados posteriores, a obra de
Mafra caracteriza-se pela unidade estilística. Resistiu ao terramoto de
1755 e às invasões francesas.

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