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PENSAMENTO E PRÁTICAS
RESUMO
Apresentam-se neste artigo alguns aspectos de uma investigação sobre
pensamento ético e deontológico dos professores. Partindo do conceito de natureza ética
da educação, procura-se saber que princípios e valores presidem às práticas docentes,
como é que os professores concebem os seus deveres profissionais, que tipo de relação
estabelecem entre deveres e princípios e como encaram a possível criação de um código
deontológico da profissão. Discute-se ainda a possível influência da situação do
professor na carreira no modo de conceber estas questões.
RESUMÉ
Dans cet article on presente quelques aspects dune recherche sur la pensée
éthique et déontologique des enseignants. Le point de départ est le concept de nature
éthique de léducation et on cherche à savoir quels principes et valeurs président aux
pratiques enseignantes, comment les professeurs pensent-ils leurs devoires
professionnels, quels rapports voient- ils entre les devoirs et les principes et comment
envisagent-ils la possible création dun code de devoirs pour la profession. On discute
aussi la possible influence de la situation de lenseignant dans la carrière sur la
conception de ces questions.
ABSTRACT
This paper reports part of a research study on teachers ethical and deontological
thinking. Having as a standing-point the concept of educations ethical nature, we
search for what kinds of principles and values guide teaching activities, how teachers do
conceive of their professional duties, what kind of relationship they set up between
duties and principles and what they think of the possibility of having a written code of
duties. We also discuss if the teachers position on the career influences his or hers
thinking of this questions.
1
INTRODUÇÃO
É já lugar-comum, nos dias de hoje, proclamar a crise da educação como um
dos sintomas da generalizada crise dos valores nas sociedades contemporâneas. A crise
da educação não se reflecte apenas nas atitudes e comportamentos dos alunos perante o
ensino e a aprendizagem; reflecte-se ainda na imagem da escola e no estatuto social dos
professores, de que são indicadores, entre outros, os níveis salariais em vigor para a
carreira docente. Tem repercussões, também, nas representações que os professores
criam da sua própria profissão, no modo como concebem a natureza, os fundamentos e
os objectivos da educação.
Se é certo que se encontram, neste domínio, opiniões muito díspares entre os
professores, não deixa também de ser verdade que algumas linhas de pensamento, das
quais sublinharei duas, sobressaem como mais fortes: a primeira afirma que, na sua
essência, toda a educação, por ser teleológica, traz consigo um compromisso ético. A
segunda, ao considerar que os actos ensinam mais do que as palavras, atribui ao
professor a enorme responsabilidade de ser exemplar para os seus alunos.
Mas naturalmente que se levantam, a este propósito, algumas dificuldades:
dadas a diversidade de perspectivas coexistentes na sociedade contemporânea e a
tendência tão difundida para tomar como equivalentes e indiferentes todas as formas de
pensar, se não de agir, que valores vamos ensinar ou estimular? Que ideais de cidadão -
de pessoa - constituirão o nosso telos educativo? Que princípios presidirão aos actos do
professor?
Estas questões conduzem-nos pela mão ao centro do paradoxo que afecta
realmente a educação nos nossos dias e que é, provavelmente, uma das razões da sua
crise: se seguimos a tendência geral da sociedade, então são o relativismo e o
subjectivismo que prevalecem e não há, consequentemente, uma finalidade educativa
comum; educamos em nome da diversidade e para a diversidade, com todas as
consequências práticas daí decorrentes, nomeadamente a efectiva desigualdade na
concorrência ao mercado de trabalho. Pela mesma ordem de ideias, também não será
significativo falar de princípios normativos.
Se educarmos ao arrepio das tendências sociais, em nome de valores e
finalidades mais gerais e objectivos, conseguiremos salvaguardar as diferenças
individuais? E teremos forças e meios para concorrer com - ou usar em proveito da
2
normas sociais e culturais vigentes. Mas cabe ao educador (...) desenhar o tipo de
sujeito humano e de sociedade que se pretende conseguir através do trabalho educativo
para, em seguida, escolher os meios necessários à realização desse objectivo. (p.
471). Assim sendo, a responsabilidade que recai sobre o educador é incontestável,
acentuando mais uma vez a dimensão ética da sua acção; e para levar a cabo esta acção,
o professor precisa de estar imbuído de determinadas características que, permitindo-lhe
respeitar a personalidade dos outros, lhe garantam a possibilidade de efectivamente
ensinar e que são geralmente referidas como autoridade moral.
Billington (1988), igualmente, fala de autoridade do professor neste mesmo
contexto. Começa por analisar o campo semântico da palavra remetendo-a para o étimo
latino auctoritas e o seu correlato auctor que designa o que é pioneiro ou iniciador de
ideias, imagens ou caracterizações. Após referir que o professor é geralmente
considerado detentor de autoridade ou, pelo menos, como devendo possuí-la, interroga-
se sobre as bases em que tal autoridade assenta e o modo como se relaciona com a
educação no seu duplo sentido etimológico.
Quanto à autoridade moral, pensa que é pela atitude do professor face à tarefa
educativa que ela se revela e que apresenta duas características distintivas: a primeira
consiste no facto de o professor indicar, pelo modo como se relaciona com o seu
trabalho, que a tarefa educativa, comum a professores e alunos, possui valor intrínseco;
aprender é um valor em si, sem precisar de motivações extrínsecas. Este professor
compromete-se com o sentido educere da educação, seja qual for o objecto do seu
ensino. A segunda característica, intimamente ligada à anterior, é a da capacidade do
professor para motivar o estudo, sem recorrer ao fantasma dos exames finais, o que
requer entusiasmo e empatia com os alunos, sem perder de vista os direitos de ambos os
participantes no processo educativo.
Também na mesma linha se pode ler Gusdorf (1978), apesar das diferenças de
discurso, ao caracterizar a exemplaridade e a autoridade do mestre nos seguintes
termos: (...) é um exemplo em que nos podemos inspirar, (...) a sua influência reveste a
significação de um apelo de ser, que exorta à edificação da personalidade. (...) a
autoridade do mestre exerce uma acção que a um tempo constrange e suscita a
aspiração. ( p. 255).
8
professores deram corpo a qualquer código deontológico que fosse expressão de luta
pela autonomia ou de um ideal de profissionalismo.
Reflectindo sobre este tema, DOrey da Cunha (1996) começa por comparar o
estado da reflexão deontológica em vários grupos profissionais, colocando de um lado
médicos, juristas e jornalistas e, do outro, professores. Enquanto os primeiros terão
desenvolvido reflexões sistemáticas em torno da deontologia e, na sequência desse
processo, elaborado códigos deontológicos, os segundos, reconhecendo embora a
natureza ética da profissão docente, não consubstanciaram os princípios éticos numa
deontologia codificada.
O autor justifica esta diferença recorrendo aos paradigmas que, no seu entender,
suportam os respectivos procedimentos: o paradigma deontológico de médicos e
juristas, dada a natureza liberal de ambas as profissões que estabelecem com o cliente
uma relação directa, é um paradigma de responsabilidade; aqui, são as necessidades
do cliente que determinam os deveres tornando-se estes, por sua vez, critérios de
controlo da qualidade profissional. Os professores, em contrapartida, dada a sua
situação de empregados por conta de outrem, seja o empregador o estado ou uma
entidade privada, tomam como referência um paradigma deontológico de direitos e
os deveres, de origem administrativa, são-lhes impostos ou, em certos casos,
negociados, sistematizados sob a forma de estatutos ou de contratos; é o caso do
Estatuto da Carreira Docente que consigna os direitos e os deveres dos professores, na
sequência de um processo negocial.
DOrey da Cunha considera, todavia, que os referidos paradigmas não têm
necessariamente de ser vistos como contraditórios e que, no caso dos professores, por
serem simultaneamente profissionais e empregados, seria pertinente conciliar dois
paradigmas numa integração criativa (p. 114). Para esse fim apresenta três sugestões:
que, em todos os actos educativos, o professor coloque sempre o bem dos alunos à
frente do seu próprio interesse pessoal ou corporativo” (p.114); que, com vista ao bem
educativo do aluno, reivindique empenhadamente as condições óptimas para a
realização do seu trabalho e que, sempre dando a primazia ao bem educativo do aluno,
este possa ter precedência sobre normas emanadas dos empregadores.
Alargando o âmbito do seu estudo, Cunha (1996) dá conta de um projecto de
código deontológico, integrado num seminário da Universidade Católica sobre
10
Extensão 10 ou 12 normas
Várias dezenas de normas
A autora não deixa, contudo, de chamar a atenção para as fraquezas dos códigos
elaborados pelas associações de docentes, e que são sobretudo de três tipos: (1)
vinculam apenas os seus membros; (2) possibilitam a coexistência de códigos diferentes
numa mesma escola, o que pode ter efeitos contraproducentes na união da classe
justificando, assim, as intenções de muitos professores de se constituírem como ordem;
(3) não possuem força legal, mas apenas força moral, com todas as limitações daí
decorrentes. Em todo o caso, parece ser convicção de M. T. Estrela que as sanções
aplicáveis pelas associações aos seus membros, embora “de carácter moral e
psicológico (...) atingem o infractor no seu bom nome profissional (...) concorrendo
para que o exercício profissional se processe dentro dos limites circunscritos pelas
normas veiculadoras de um determinado conceito de profissionalismo. (1993, p. 190).
Outra grande vantagem dos códigos deontológicos, explicitamente reconhecida
por muitos investigadores da deontologia docente (Strike e Soltis, 1985; Soltis, 1986;
Blázquez, 1986; Watras, 1986; Nash, 1991; Estrela, 1991, 1993; Cunha, 1996) reside
no facto de proporcionarem um ponto de partida e um pretexto para a reflexão e o
debate em torno dos valores e dos deveres inerentes ao exercício da profissão docente.
Cunha (1996), por exemplo, pensa que o código pode constituir um instrumento de
formação, tanto de formação contínua de professores já formados, como de formação
inicial daqueles que se prepararam para serem professores. Blázquez (1986) acentua
outro aspecto, o da chamada constante a um sentido mais profundo de
responsabilidade por parte de todas as pessoas implicadas no trabalho educacional.
(p. 495)
deontologicamente discutíveis (...). Todos os dias, nas salas de aula, há professores que
revelam princípios morais diferentes conforme se trate de avaliar a sua conduta ou a
conduta dos alunos. - são afirmações de Estrela (1991: 585) que justificam plenamente
a necessidade de uma cuidada formação ética dos professores, se não de formação
moral, sobretudo se se atender à transformação dos valores sociais no sentido de uma
crescente indiferenciação.
Este ponto de vista está longe de ser pacífico e a autora recorda, a propósito, as
posições tradicionais da Psicologia, que parecem corroborar o senso comum, segundo
as quais as aprendizagens se fazem num tempo próprio, o sujeito estabiliza e torna-se
cada vez mais difícil mudar comportamentos e hábitos. Porém, as novas correntes
desenvolvimentistas da Psicologia desafiam este conceito de estabilidade e mostram que
o adulto também é um aprendente e também se desenvolve como pessoa, abrindo as
portas à possibilidade da formação contínua dos professores, nela incluindo a formação
ética.
Sejam quais forem as estratégias2 adoptadas com vista à formação moral e ética
dos professores, o respectivo valor só pode ser realmente apreciado quando essas
estratégias são integradas num programa global de formação e no modelo que o
enforma. Mas é de admitir que as estratégias mistas sejam as mais frutuosas, por
abarcarem as múltiplas dimensões do comportamento moral e permitirem articular a
ética da intenção e da acção. Ao mesmo tempo, qualquer programa de formação
moral ou ética deveria pressupor investigação acerca do pensamento moral dos
professores, de modo a compreender que princípios norteiam as suas condutas
profissionais, que regras se auto-impõem, como solucionam os conflitos de valores que
caracterizam qualquer situação profissional e, ainda, que valores pretendem transmitir
ou promover.
De tudo o que ficou dito, tanto pela natureza polémica do tema como pelo seu
manifesto interesse e pertinência, pretendeu-se conhecer, ainda que de forma
inevitavelmente parcial e contingente, o que pensam os professores sobre princípios
éticos e deontologia prática, sobre códigos deontológicos e formação profissional no
campo da ética. Ao mesmo tempo, procurou-se encontrar resposta para a seguinte
questão: estarão os professores conscientes da essência ética da sua profissão e das
implicações daí decorrentes?
13
INVESTIGAÇÃO
Foi a questão acima formulada que presidiu à realização deste estudo e para cuja
resposta se recolheram, analisaram e interpretaram opiniões de alguns professores;
resultou, então um trabalho de natureza empírica e exploratória que pretende fornecer
um contributo para a caracterização do pensamento dos mesmos no campo da Ética e
Deontologia da Profissão Docente.
PROBLEMA E OBJECTIVOS
Este estudo tem como objectivos compreender quais os fundamentos das regras
de conduta adoptadas no exercício da profissão, conhecer a opinião dos professores
sobre a eventual necessidade de um código deontológico e o possível conteúdo do
mesmo e saber o que pensam sobre a pertinência do treino de competências éticas no
âmbito da formação profissional.
A investigação teve como ponto de partida o seguinte problema: haverá
diferenças, quanto à concepção da prática docente e dos deveres profissionais, entre
professores em fases distintas da carreira (início e meio /fim)?
Pensou-se que, a haver tais diferenças, elas seriam reveladas, no discurso dos
docentes, pela discrepância da frequência dos indicadores, principalmente nas áreas da
concepção dos deveres e da dimensão axiológica da prática docente e foi esta a hipótese
orientadora do trabalho, objecto da verificação empírica para a qual foi criado um
instrumento de recolha de opiniões.
METODOLOGIA
Atendendo às características e aos objectivos do trabalho, a adopção de uma
metodologia qualitativa impôs-se como a mais acertada. Uma vez que aquilo que se
pretende é compreender e interpretar os diferentes pontos de vista dos sujeitos
inquiridos, reduzir estes dados a números não fará muito sentido, ainda que o recurso
aos números (como, por exemplo, na contagem de unidades de enumeração e
respectivas frequências) possa ser um auxiliar precioso para a interpretação. Mas o
procedimento consiste em analisar os dados em toda a sua riqueza, respeitando, tanto
quanto o possível, a forma em que estes foram registados ou transcritos (Bogdan e
Biklen, 1994, p.48).
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OS SUJEITOS
Os sujeitos cujas opiniões se recolheram são professores do ensino oficial, níveis
básico e secundário, de vários grupos disciplinares, com percursos académicos e
profissionais diferentes e pertencentes a duas escolas do concelho de Lisboa, a uma
escola do concelho de Loures e a outra do concelho da Amadora.
Dado que se pretende comparar opiniões de professores em duas fases distintas da
carreira, foi este o critério de selecção utilizado. Assim, no campo relativamente restrito
dos contactos pessoais e profissionais do investigador, entre os professores que
manifestaram a sua disponibilidade para colaborar nesta investigação foram escolhidos
4 em fase inicial - pré-carreira, em formação ou recém-formados - com um tempo de
serviço não superior a 5 anos e outros 4 com tempo de serviço igual ou superior a 15
anos.
RECOLHA DE DADOS
O instrumento utilizado na recolha de opiniões foi a entrevista. Optou-se, neste
caso, pela entrevista semidirectiva. As entrevistas foram realizadas de acordo com uma
grelha de temas e perguntas - guia, cuja ordem de apresentação e de resposta não foi
rígida, mas variável e ditada pela dinâmica discursiva do entrevistado.
Algumas das áreas temáticas propostas foram as seguintes: Valores norteadores
das práticas pedagógicas; Práticas pedagógicas e transmissão de valores; Código
deontológico. A própria formulação das questões, cujas clareza e pertinência foram
testadas previamente por meio de uma entrevista de controlo, não foi sempre igual e foi
pedido aos entrevistados que discorressem livremente, pela ordem que entendessem,
com as palavras que desejassem usar e aprofundando e estendendo a resposta tanto
quanto o tema ou a questão lhes sugerissem.
Todas as entrevistas foram feitas individualmente, em locais e ambientes
considerados adequados pelo entrevistador e pelos entrevistados e antecedidas das
respectivas motivação e legitimação. Foram gravadas e posteriormente transcritas.
1
Monografia realizada no âmbito de uma Especialização em Ciências da Educação na área de
Supervisão Pedagógica
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RESULTADOS
Os dados recolhidos foram analisados de acordo com um quadro de categorias e
subcategorias (Quadro 2). É a interpretação de alguns dados que seguidamente se
apresenta.
Quadro 2 - Dimensões da Análise de Conteúdo
Categoria Subcategorias
2
M. T. Estrela (1991) refere e analisa algumas dessas estratégias: tradicionais de base
intelectualista; de tipo pragmático; inspiradas directamente em correntes cognitivas de desenvolvimento
moral; ligadas ao movimento de clarificação de valores; inspiradas numa concepção mais ampla de
formação moral que ultrapassa o campo restrito do raciocínio e da deliberação moral e estratégias
mistas.
16
I. INTRODUÇÃO
A humanidade desde os seus primórdios sempre se manteve numa interacção entre as pessoas
que a configuram. Somente uma vivência e convivência sã pode assegurar uma compreensão, espírito
de ajuda e cooperação entre as pessoas. Isto significa que o homem pela sua natureza deve viver em
comunidade onde poderá fazer a troca de pontos de vista e manifestar a sua forma de viver.
O homem que por qualquer razão não cumpre com os princípios de boa conduta, estaria
naturalmente a violar os pressupostos sociais, sob pena de assumir comportamentos incorrectos que
possam merecer um sancionamento social e judicial.
De algum modo, com maior ou menor incidência, todos sentimos os efeitos maus ou bons do
exercício de qualquer profissão, no zelo e respeito durante tal exercício, e podemos avaliar bem ou mal
o profissional que nos atende na prestação de serviços, nas diferentes dimensões e categorias. E isto tem
a ver com a ética e a deontologia profissionais.
Abordar, por assim dizer, a questão de ética e deontologia profissionais no sector da Educação
em Moçambique e no contexto de formação de professores constitui-se um desafio. Um desafio maior
ainda se se considerar que se trata de um sector chave para a vida sã e regulada do servidor público e
dos cidadãos. Por ser também um sector atravessado por um conjunto de práticas de corrupção nas suas
variadas formas, as quais minam as possibiliades de alcance do sempre almejado ensino de qualidade.
Com salários baixos, sem incentivos nem motivação, vários profissionais da educação empurram-se
para a busca de ganhos ilícitos através do comércio de notas e de vagas, da extorsão sexual e do
absentismo, etc.
Ao nível do Governo foi elaborada uma Estratégia Global Anticorrupção para o período 2006-
2010, com o objectivo principal de melhorar a prestação de serviços públicos ao cidadão e desenvolver
um ambiente favorável ao crescimento do sector privado. Neste contexto, o sector da Educação
elaborou o seu plano de acção com enfoque nas áreas problemáticas, em termos de risco de corrupção,
como sendo a área de avaliação (exames, testes, e venda de notas pelos professores), certificação,
19
matrículas, a distribuição gratuita do livro escolar, a gestão financeira e aquisições. Ao mesmo tempo
será dada a tenção à melhoria da gestão de reclamações.
É nesta perspectiva que com o presente trabalho intitulado Concepções éticas e deontológicas
na Formação de Professores: Reflexões sobre Corrupção pretendemos trazer ilações em torno deste
assunto actual , cruzando várias ideias de autores interessados nesta matéria.
A questão que se coloca à volta deste fenómeno é : A manifesta corrupção praticada pelo
servidor público na educação, particularmente nas instituições de formação de professores, será
originada pela inexistência ou desconhecimento da ética e deontologia profissionais?
Como prévia resposta a questão acima, julgamos que, por um lado, há um défice senão mesmo
falta de integração objectiva de conteúdos disciplinares sobre ética e deontologia profissionais nos
currícula de formação, por outro, há um declarado mar de impunidade de comportamentos desviantes à
conduta correcta e cumplicidade na prática destes por parte dos oficiais destas instituições,
comprometendo assim o desempenho das instituições e a tão almejada qualidade.
A importância deste tema justifica-se na medida em que sendo este um problema actual e
preocupante no seio da sociedade que vê os professores como guardiões não só do saber mas também
dos valores sociais. Julgamos também que com estas reflexões se possa entender melhor este fenómeno
e contribuir para a redução e abandono do mesmo.
2.2. Ética
20
educação, no sentido mais amplo do termo, tem por fim promover a instauração da
humanidade no homem, então o acto pedagógico deve ser necessariamente sustentado
por valores, cuja dimensão ética é visível, uma vez que é a formação do ser humano que
está em jogo e que não é indiferente o sentido dessa formação. Nas palavras de um dos
inquiridos, Pedagogia e valores ... eu acho que se dizem um ao outro, que as duas
coisas são uma.” (e 6); outro afirma: (...) não há ninguém que possa ser pedagogo sem
ter valores, os seus valores em jogo. (e 2) Curiosamente, embora todos os inquiridos se
lhe refiram sem excepção, são os professores na fase inicial da carreira quem alude com
maior frequência ao carácter valorativo do acto pedagógico. Mas são os da fase
avançada que apresentam discursos mais consistentes e reveladores de um nível
profundo de reflexão sobre o tema.
Relativamente ao modo, ou modos, da formação axiológica, todos os
professores consideraram que o exemplo quotidiano é o instrumento privilegiado mas,
da frequência das ocorrências, infere-se que são os da fase avançada da carreira que lhe
atribuem maior importância.
Os professores admitiram também a possibilidade de abordar os valores a
propósito dos conteúdos programáticos e pela discussão dos fundamentos de atitudes e
acções concretas. Diz um dos inquiridos: É normal e quotidiano trazer casos para a
aula. Depois, também surgem entre nós situações concretas e eu gosto de os expor e de
os confrontar com elas. E, no meio disto, debatê-las e tentar averiguar como é que nos
devemos um pouco nortear; obrigá-los a meditar sobre isso. (e 4)
Os valores e atitudes que principalmente os professores na fase inicial da
carreira afirmaram pretender transmitir são liberdade e responsabilidade, persistência e
esforço de aperfeiçoamento e, genericamente, os implicados na Constituição e na
Declaração dos Direitos do Homem. Esta intencionalidade vem ao encontro do ponto de
vista de Cordero (1986), quando define o propósito do professor como O de conseguir
a formação de sujeitos responsáveis por si mesmos, sujeitos dotados de estrutura ética,
senhores de si e dos seus actos e capazes de assumir as suas responsabilidades (p.
473).
O CÓDIGO DEONTOLÓGICO
Caberá agora perguntar se, do reconhecimento da omnipresença de deveres nas
práticas docentes e da função orientadora que possuem, os professores inferem a
necessidade de proceder à organização formal dos mesmos num código que vincule as
acções às regras estabelecidas.
A grande maioria dos docentes inquiridos manifesta-se a favor da criação de um
código deontológico da profissão e a razão que todos consideram, mais ou menos
explicitamente, é a vantagem de ficar na posse de um critério uniforme que permita
aferir a correcção dos actos dos professores.
Procedeu-se à análise da categoria segundo quatro dimensões: (1)Conteúdo e
estrutura do código; (2) Autoria e proveniência do código; (3) Efeitos do código; (4)
Utilidade do código
forma podia conferir não só maior credibilidade, mas maior unidade aos seus
profissionais.
Alguns dos entrevistados, no entanto, manifestaram dúvidas quanto a uma real
utilidade do código. Em primeiro lugar porque, só por si, o código não tem qualquer
eficácia prática garantida: é sempre necessária a vontade dos sujeitos para dele fazerem
decorrer as acções. Logo, concluem, é toda a formação axiológica do professor, já
profundamente interiorizada, que determina os comportamentos docentes, de forma
bem mais directa do que qualquer código de deveres. Em segundo lugar porque, mesmo
possuindo uma deontologia informal, em todas as escolas há sempre alguém que não
cumpre coisíssima nenhuma (e 7).
SITUAÇÕES DE CONFLITO
Num meio dominado por complexas teias de relações interpessoais, como é o
das escolas, é natural que ocorram por vezes situações conflituosas entre os vários
interlocutores em presença. Procurou-se compreender que tipos de situações são
consideradas portadoras de conflitualidade e se existe alguma espécie de nexo entre
estas e o modo como os professores encaram as regras da sua profissão. Os
entrevistados distinguiram dois grupos de conflitos: com os alunos e com os colegas e a
instituição; e relataram casos em que eles próprios estiveram envolvidos ou casos de
que tiveram conhecimento, mas sem envolvimento pessoal.
dos dois últimos, que não parecem dependentes de idênticos factores, mas antes da
formação ética do professor enquanto pessoa.
CONCLUSÃO
Os dados recolhidos por meio de entrevistas semidirectivas revelaram-se
bastante ricos e permitiram, uma vez submetidos a análise, obter uma perspectiva
multifacetada das concepções dos professores inquiridos acerca do tema em
investigação. Assim, em cada categoria destacam-se as seguintes conclusões:
Fundamentação das práticas docentes
As referências aos valores e à consciência do dever são feitas pelos dois grupos de
professores, mas são mais numerosas entre os que estão em fase avançada da
carreira; os que estão em fase inicial parecem mais preocupados com os programas
das disciplinas e os conhecimentos teóricos de pedagogia e didáctica específica, o
que poderá justificar-se pela proximidade temporal da formação profissional e do
que nela habitualmente se valoriza.
As prioridades dos docentes parecem ter sofrido um deslocamento e ao longo da
carreira, acompanhado de uma crescente consciência da natureza ética da profissão,
consciência essa que não deixa nunca de estar presente, mesmo no início, quando
parece submetida ao peso da heteronomia.
Uma maior experiência profissional, provavelmente acompanhada de reflexão,
parece ter conduzido à convicção de que um bom exemplo vale mais do que muitas
palavras, como se pode depreender das afirmações de um dos entrevistados (e 6):
Ser educador é ser exemplar (...) não vale a pena eu dizer isto, dizer aquilo...não
tenho que dizer coisa nenhuma; eu tenho que fazer, tenho que ter atitudes. (...) eu
posso estar a defender teoricamente muitas coisas mas, de facto, os miúdos têm uma
grande percepção disto: «Ah, está bem, dizes isso mas não é o que tu fazes!».
Delineia-se um ideal de comportamento profissional pautado por valores
essencialmente éticos (honestidade, solidariedade, tolerância...), exigindo
profissionais dotados de competência e excelência e capazes de disponibilidade
total; no entanto, é notória a discrepância entre realidade e idealidade da profissão:
os princípios são elevados mas o mesmo não acontece, necessariamente, com os
actos.
Os professores na fase inicial da carreira mostram-se menos sensíveis ao tema das
ofensas aos princípios: embora se lhe refiram, fazem-no de modo mais abreviado e
menos veemente, excepto no que respeita à realização displicente das tarefas
28
entrevistados (e 6): (...) só os meus próprios pares é que me podem julgar; o que eu
sou como professora, só na minha escola os meus colegas, sobretudo os de grupo, é
que poderão dizer alguma coisa ... . Em segundo lugar, será uma avaliação em
sentido alargado, não apenas das competências científicas, mas também das
capacidades psicológicas do professor e que visa mais a formação e menos a
classificação.
Consequentemente, o dever de avaliação revelar-se-ia de duplo efeito: no interior do
corpo docente, ao permitir reforçar-lhe a saúde e a unidade; no exterior, no
contexto social, pela renovação da imagem profissional, tornada mais credível mercê
desse esforço interno de controlo e correcção.
Comparando a posição dos dois grupos de professores na área dos deveres e na área
dos princípios reguladores da relação professor/colegas e instituição, constata-se uma
curiosa inversão: o grupo que mais referências faz aos princípios é o que menos se
refere aos deveres (o dos professores da fase avançada da carreira); o que manifesta
menor interesse pelos princípios privilegia depois os deveres (professores na fase
inicial).
Há aqui como que uma alternância de interesses cuja regularidade levanta
dificuldades de interpretação. Se se considerassem os princípios não só como
declarações de intenções, mas também como realmente vinculativos, ou seja, como
fundamentos das regras práticas - os deveres - que deles decorreriam naturalmente,
então poderia compreender-se a escassez das referências a estes últimos. Seria como
se os deveres estivessem contidos nos princípios; e quem conhece os princípios sabe,
por inerência, quais são os deveres. (Se os realiza ou não, já é de outra ordem ...)
Pelo contrário, uma maior insistência nos deveres, isto é, nas regras práticas
significaria, possivelmente, um entendimento diferente dos princípios ou da relação
entre estes e aqueles, que já não seria, então, percebida como vinculativa. Além
disso, dada a natureza abstracta dos princípios, são os deveres que se intuem em
primeiro lugar, como aquilo que está mais próximo das práticas e com elas se liga.
O lugar que o tema dos deveres ocupa na organização dos vários discursos sugere a
posse de uma deontologia que, embora tácita, se apresenta como um corpo de regras
unificador das diversas praxis docentes.
O Código Deontológico
30
Situações de Conflito
Os professores que se encontram no início da carreira referem, muito mais do que os
outros, conflitos com alunos; a isto não será alheia, provavelmente, uma maior
centração sobre si próprios, nesta fase inicial a que Huberman (1992) chama entrada,
tacteamento e na qual o professor se esforça por marcar a sua autoridade, nem
sempre do modo mais eficaz. Alguns autores consideram mesmo que uma situação
escolar problemática, na qual se inclui a indisciplina na aula, é uma das causas do
Shock da realidade (Veenman, 1988), isto é, do processo durante o qual se
confrontam os ideais e a realidade.
Os professores mais experientes apontam, sobretudo, conflitos com colegas ou com a
instituição. Ultrapassadas as dificuldades iniciais relativas à gestão do binómio
autoridade / flexibilidade na relação pedagógica, é o tempo de o professor alargar e
consolidar as suas relações de trabalho e será este um campo potencialmente
conflituoso.
A maior parte dos professores avalia como não solucionados os conflitos que narra,
geralmente por não terem sido tomadas as medidas que, de acordo com os seus
critérios, seriam adequadas.
No que concerne ao problema que serviu de ponto de partida para a
investigação, a resposta sintética que emerge da análise feita é que os deveres
profissionais, o conceito de professor, os princípios orientadores das práticas docentes,
entre outros aspectos, são formulados em termos muito semelhantes e valorados de
forma idêntica pelos professores, quer estejam a iniciar quer estejam a meio ou perto do
fim da carreira; mesmo tendo em conta os diferentes pesos que alguns aspectos
específicos destes temas possam ter na economia dos respectivos discursos e de que as
diferenças de frequência das ocorrências são indiciadoras.
Neste medida, pensa-se que os objectivos do trabalho terão sido alcançados e
espera-se ter conseguido lançar alguma luz sobre o pensamento dos professores
relativamente aos aspectos éticos - ou a parte deles, pelo menos - que envolvem as
32
práticas profissionais docentes; isto sem perder de vista, no entanto, que toda a
investigação qualitativa, dado o seu pendor marcadamente interpretativo, se deverá
sempre considerar incompleta e em aberto.
Do mesmo modo, a complexidade do objecto de investigação e o número
restrito de sujeitos sobre o qual incidiu permitem antever as vantagens de um ou vários
estudos mais profundos que incidam sobre cada uma das áreas cujas pistas se abriram
aqui: o pensamento moral dos professores; as suas concepções de deontologia prática
em relação com um eventual código deontológico e a formação ética dos professores,
para a qual se poderia construir um projecto devidamente fundamentado ao nível dos
paradigmas éticos.
Em todo o caso, o que parece realmente importante e, consequentemente,
merecedor de investimento é todo o trabalho de tomada de consciência e de reflexão,
por parte dos professores, da natureza ética da profissão docente e os resultados que daí
possam advir em termos de enriquecimento pessoal e profissional e de melhoria da
qualidade das nossas escolas, tendo em vista a educação que nelas se realiza.
BIBLIOGRAFIA
Bogdan, R., & Biklen, S. (1994). Investigação qualitativa em educação. Porto: Porto
editora.
Howe, K. (1986). A conceptual basis for ethics in teacher education. Journal of Teacher
Education, XXXVII (3), 5-11.
Liston, D., & Zeichner, K. (1987). Reflective teacher education and moral deliberation.
Journal of Teacher Education, XXXVIII (6), 2-7.
Macintyre, A. (1984). After virtue. Notre Dame: University of Notre Dame Press
Miles, M., & Huberman, A. M. (1984). Drawing valid meaning from qualitative data:
toward a shared craft. Educational Researcher, 13 (5), 20-30.
Strike, K., & Soltis, J. (1985). The ethics of teaching. N. Y. e London: Teachers
College.
NOTAS
36
Ética, igualmente com raízes na civilização grega, é uma palavra proveniente de “ethos”, que
em grego significa - Modo de Ser.
DOMINGOS (2001:703) Entende Ética, conceito com profundo sentido filosófico, como sendo
“disciplina que pretende determinar a finalidade da vida humana e os meios de a alcançar,
preconizando juízo de valor que pretendem destinguir entre o bem e o mal; princípios morais por que
um indivíduo rege a sua conduta pessoal ou profissional”; “moral”; “ciência da moral.”
A ética não envolve apenas um juízo de valor sobre o comportamento humano, mas
determina em si, uma escolha, uma direcção, a obrigatoriedade de agir num determinado sentido em
sociedade.
Embora ainda exista a preocupação em saber melhor quem é o homem e como é que se
pode conhecer o que mais os angustia hoje e saber quais são os critérios da nossa acção, saber como
devemos agir, qual a melhor maneira de agir enquanto homem são questões de importância capital no
contexto deontológico e moral hoje entre os moçambicanos.
Neste prisma, propomos a seguinte reflexão: Será, então, que o défice moral e
deontológico vivido no seio dos professores em Moçambique é motivado pelo seu défice
epistemológico? Em outras palavras, poderíamos reflectir sobre até que ponto é que a ignorância do
homem em relação a sua própria identidade concorre para o elevado défice deontológico e moral.
O autor está aqui claramente a sugerir que não é o conhecimento dos valores morais que
está na base dos procedimentos deontológicos do indivíduo, mas sim a sensibilidade moral que um
elemento que distingue o bem do mal que está presente no homem como fruto de uma experiência
37
Entende-se aqui que os princípios morais não são explicitamente ensinados por um programa
de educação moral e cívica como muitas instituições de ensino procuram fazer, quer em Moçambique
quer noutros países, mas sim transmitidos por meio de experiências que o homem vai adquirindo no seu
meio social dai que as sociedades mais escolarizadas não são de maneira nenhuma consideradas
sociedades mais morais e deontológicas.
Nesta definição, a moral é tida como um conceito sociocultural e não universal baseado
nos princípios de diferentes sociedades. A título de exemplo, a prática do lobolo é moralmente aceite
numa sociedade mas não em outras. A prática de homicídio e pena capital é moralmente condenável em
algumas sociedades mas encorajadas em sociedades onde se pratica a lei de Sharia.
Severino (1992:196) define a Ética como sendo “ a área da filosofia que investiga os
problemas colocados pelo agir humano enquanto relacionado com valores morais. A ética busca assim
discutir e fundamentar os juízos de valor a que se referem as acções quando neles fundam-se os
objectivos, critérios e fins”.
A área da ética que lida com este problema da forma mais directa é a ética normativa. Esta
ocupa-se em grande medida de dois problemas mais específicos:
Ética consequencialista segundo a qual se pensa que para se determinar o que devemos
ou podemos precisa-se apenas de avaliar as consequências dos nossos actos: a melhor opção ética é
sempre aquela que dará origem aos melhores resultados. Na ética consequencialista um acto é
moralmente aceitável apenas se entre os actos alternativos nenhum tiver consequências mais valiosas.
Devemos então agir de forma que resulte nas melhores consequências. Uma boa regra moral é aquela
que se for aceite na sociedade por todos ou quase todos os seus membros resultará nas melhores
consequências.
Embora existam sociedades diferentes com naturalmente culturas distintas, é importante reter
que o mundo ou a humanidade definiu um conjunto de princípios e normas que são comuns para todos
os povos. Por exemplo o princípio de respeito pela vida humana é universal.
Ética deontológica em que se julga que a nossa prioridade enquanto agentes morais é evitar
realizar actos de certos tipos, ou respeitar certos direitos. A ética deontológica opõe-se a ética
consequencialista pois nela agir moralmente não é apenas uma questão de produzir bons resultados e
evitar maus resultados. Na ética deontológica temos deveres que nos obrigam a não realizar actos de
determinados tipos de tal maneira que não podemos realizá-los mesmo quando a sua realização
permitiria evitar um mal maior.
2.3. Deontologia
Para os gregos “déon” significa DEVER, enquanto “logos” se traduzia por Discurso ou Tratado
A par desta ideia de tratado, associado à regulamentação de uma profissão estava implícito
uma certa Ética, aquilo a que posteriormente viria a ser entendido como a ciência do comportamento
moral dos homens em sociedade
Como se pode verificar, a teorização deste conceito é antiga e actual. O mesmo chama a
atenção para o estrito cumprimento dos deveres pessoais e colectivos, fundamentalmente os
profissionais.
2.4. Corrupção
Um outro conceito que julgamos importante convocar paras este trabalho é Corrupção que, na
nossa opinião resulta do desvio da conduta normal do servidor público.
O conceito clássico de Colin Nye define a corrupção como “um comportamento desviante dos
deveres formais de um papel público (eleito ou nomeado) motivado por ganhos privados (pessoais,
familiares, etc.) de riqueza ou status” Nye (1967) apud Mosse e Cortez (2006:8). Uma versão mais
recente mas contendo os mesmos elementos foi proposta por Mushtaq Khan, que diz que a corrupção é
“um comportamento desviante das regras formais de conduta, de alguém com posição de autoridade
pública, por causa de motivos privados como riqueza, poder, status” (Khan, 1997).
Neste caso, tais combranças feitas pelos docentes a diferentes níveis de ensino e de formação,
todos os esquemas montados que violam o regulamentado com objectivos lucrativos fazem parte do
suborno. são questões deontológicas a serem revistas para a construção de uma sociedade educacional
mais ética e deontológica.
Numa outra perspectiva a corrupção é servir-se de cargo público para extrair vantagens ilícitas,
como por exemplo, a exigência do suborno aos cidadãos que demandam serviços das instituições, e não
actuar ao infractor da Lei mediante o pagamento indevido.
Em suma, é corrupção toda a nossa atitude ilegal condicionada pelo pagamento indevido, sobre
proposta de quem procura os serviços da repartição pública ou sob exigência do funcionário dessa
repartição.
40
Merton apud Mazula (2005) enquadra a corrupção na teoria de desvio. Nesta teoria, ele
identifica dois tipos de desvio: comportamento do agente e o comportamento de não conformidade.
Para este autor a pessoa “divergente” conhece e aceita as normas mas tenta violá-las para atingir os seus
objectivos. Esse comportamento é irresponsável em relação à sociedade. A pessoa não interioriza as
normas da sociedade embora as conheça.
No contexto de educação estas práticas têm implicações muito mais graves visto que os
agentes educacionais, referimo-nos aos professores, estes têm a responsabilidade não só de ensinar ou
transmitir estes conhecimentos éticos deontológicos mas também de os transmitir por experiências
próprias. O seu envolvimento nestas práticas destorça todo o objectivo de formação deontológica dos
estudantes que reparam os docentes como agentes de transmissão de valores éticos deontológicos.
De entre as várias formas de corrupção importa destacar neste trabalho os subornos aos
professores, venda de notas ou provas de exames nas escolas que caracterizam um grande número de
docentes em Moçambique e a prática parece estar a cristalizar-se e a espalhar-se para outras áreas
socias. Se seguirmos a lógica do discurso do então presidente da Republica de Moçambique Samora
Machel “Fazer da Escola uma base para o povo tomar o poder” com uma escola caraterizada por altos
níveis de corrupção, não é poder que o povo vai tomando mais o poder de suborno, e o poder de
corrupção que o povo vai tomando.
Já nos referimos anteriormente que Moçambique é dos países com índice de corrupção mais
elevado a nível da região.
Neste trabalho também nos propomos a reflectir sobre as suas possíveis causas no contexto da
educação mais particularmente a escola uma vez que a educação e a escola são a base de sustentação
normativa de uma sociedade quer a nível formal ou informal.
41
A profissão tem uma dimensão social de serviço à comunidade, tendo como finalidade o bem
comum e o interesse público, antecipando-se sempre ao benefício particular e individual que se retira
do exercício da mesma. Dai que, qualquer profissão tem uma ética implícita, dado que se relaciona
sempre com os seres humanos.
A responsabilidade da formação de quadros nos mais variados níveis de ensino, é sem dúvida
do professor. O futuro de um país depende primordialmente da quantidade e qualidade de quadros que
formar, numa estreita relação entre as necessidades do país e as do indivíduo enquanto sujeito das
transformações endógenas e exógenas. É nesta esfera que o Governo toma a dianteira na definição de
normas e metas para o seu cumprimento.
Regra geral, quem inicia o envolvimento dos alunos na malha é o professor, urdindo
várias formas de chantagem. Para além das formas já nomeadas, são também referidos casos de mau
ensino premeditado, de modo a que, no final do semestre/trimestre, os alunos se vejam na contigência
de “namorarem” os professores. Em muitos casos, quando se vêm aflitos (seja porque caíram na
chantagem do professor ou porque se sabe que não se é aplicado) os alunos abordam os professores mas
depois é o pai ou encarregado de educacão que vai ter com o docente para fechar o negócio. Estes são
aqueles casos em que o professor cobrou um valor considerado alto. (ibid, 2006:9).
O sentimento geral que captamos é o de que a sanção e punição dos quadros envolvidos nessas
práticas não é frequente, acontecendo apenas esporadicamente e, em alguns casos sob o olhar passivo
42
do superior hierárquico. A ausência de punição podia ser explicada se não houvesse denúncias, mas não
é o que a realidade espelha.
No nosso entender, muitos destes casos de más práticas nas instituições de ensino e de
formação de professores, ganham valor e alicerces na protecção do dirigente máximo desse organismo.
Esta protecção não acontece por acaso. O que se verifica é que na instituição existe uma cumplicidade
ilícita dos dirigentes e seus subordinados imediatos “bajuladores” que são os chefes e não chefes da sua
confiança. Por exemplo, se um director de escola estiver envolvido e ou o seu cúmplice e a queixa for
deixada nessa escola, então é pouco provável que o caso tenha o seu devido prosseguimento.
A não tomada de medidas de sanção a quem venda uma nota ou cobra favores sexuais a alunas
ou qualquer outra forma de desvio da conduta não pode ser atribuída a qualquer vazio legal.
A punição pelas mais variadas transgressões pode ser viabilizada pelos números 29 e 31 do
artigo 99 do Estatuto Geral do Funcionário do Estado, do artigo 11 da Resolução 4/90 (Estatuto do
Professor), do número 10 da Resolução nº 10/97 (Normas Éticas e Deontológicas para o Funcionário
Público) e do artigo 40 do novo Regulamento do Ensino Primário. Entre as sanções previstas incluem-
se a despromoção e a expulsão dos professores que violem as normas. A Lei Anti-Corrupção (6/2004),
aprovada em Junho de 2004 ja contém uma definição penal de corrupção que possibilita o
procedimento judicial contra os envolvidos. (ibid, 2006:26).
Há uma ausência total de regras de conduta e boa postura moral; os profissionais não se sentem
desconfortáveis quando tomam atitudes que, em princípio, afectariam a sua credibilidade e
personalidade. Isso revela um desmoronamento ético no sector. Os curricula de formação de professores
contemplam ou não matérias relacionadas com ética e deontologia mas, durante o exercício de funções,
os princípios podem não ser aplicados pois não existe uma entidade de supervisão. E, pior ainda, a ONP
não possui nenhum código de conduta que sirva de referência aos professores.
4.1. Sugestões
Bibliografia
MBAMBI, Carlos Maria Capita. As mutações Culturais numa Sociedade em Crise. Primeiras
Jornadas Filosóficas do Seminário Maior de Filosofia de Cabinda, Agosto, 2003.
http://www.up.ac.mz/boletimcepe9,
1--Mafuamau Álvaro
RESUMO
Esta pesquisa está caracterizada como descritiva, baseada numa observação ou seja
investigação empírica sobre a importância da observância da Ética e Deontologia Profissional. Nisto,
constatamos que muitas instituições não valorizam esta dualidade que permite interacção e criação de
condições para troca de experiência e agudiza as relações humanas, assim como o conhecimento do
individuo. A investigação presente tem o objectivo analítico de descrever a importância que a ética e a
deontologia têm na profissionalização do individuo, com uma metodologia quali – quantitativa que dum
lado visa compreender o fenómeno e do outro recolher dados para apresentar propostas da solução do
problema, onde foram utilizado métodos de observação, pesquisa de arquivos, bibliográfico, pesquisa
de campo, questionário, indução e dedução. Na investigação presente foi necessário a recolha de alguns
dados para aceitação ou não da hipótese sobre a importância da observância da ética e deontologia
profissional, onde inquerimos 30 professores e entre eles 64,25% mostraram uma satisfação sobre o
problema e 35,75% sentiram se insatisfeito com a situação. Solicitamos também 15 sujeitos
trabalhadores administrativos sobre a situação, dos quais 65% responderam sim é importante a ética e
deontologia profissional e 35% sentiram - se insatisfeitos com a proposta apresentada para a pesquisa.
Logo, percebemos que é importante a observância de alguns elementos como a língua, a cultura, o
regime político, a cidadania e a estratificação social, assim como os (6) seis princípios que permitem a
observância de Ética e Deontologia Profissional.
INTRODUÇÃO
A pesquisa realizada, tem o epicentro na importância da observância da ética e deontologia
profissional, onde concebemos a situação baseando nas observações empíricas da conduta ou atitude de
alguns funcionários de uma determinada empresa (escola), que não respeitam os direitos dos outros
sem ter em conta o cumprimento dos seus deveres na instituição. A investigação está limitada a um
grupo de sujeitos entre eles professores e funcionários administrativos de uma escola primária, Uige-
Angola. Pois que, á estes está dada a responsabilidade de cooperação ou seja inter ajuda para
observância da ética e deontologia profissional facto que contribui no desenvolvimento humano. O
estudo está estruturado em seis (06) secções, depois do resumo partimos com a primeira que é a
introdução; sequencialmente a revisão da literatura, a metodologia, os resultados, as considerações
finais e a bibliografia.
«A revisão da literatura envolve quatro partes: descrição : das teorias e trabalhos empíricos
relevantes ao tema; avaliação: destas teorias e trabalhos empíricos; comparação: das teorias e trabalhos
empíricos; dedução da Hipótese a partir da avaliação e da comparação» (HILL e HILL, 2016).
46
2.REVISÃO DA LITERATURA
«A Ética, é construída por uma sociedade com bases nos valores históricos e culturais»
(KUNDONGENDE, 2013).
A revisão da literatura reflecte, algumas ideias ou teorias apresentadas para uma análise e
comparação da ideia inicial ou da concepção do problema em estudo. Permite esclarecer a
confiabilidade dos conteúdos apresentados assim como a sua sustentabilidade.
«A Deontologia é como ramo da Ética, é uma disciplina normativa ou seja carrega princípios
da conduta humana directrizes no exercícios de uma profissão e estipula os deveres a seguir no
desempenho de uma actividade profissional. Persegue o dever, o correcto ou o exigível, esta presente
com a força da lei em grande parte de casos de todas as profissões…Ética deontológica cuja ênfase que
esta na busca, na fundamentação e instituição do que é concreto e adequado» (MONTEIRO e
FERREIRA, 2014).
«Se o professor resgatar o valor perdido e saber que ele faz parte de uma profissão onde não é
assistente em extinção mas sim de que é protagonista de uma acção educativa na qual a sua mediação é
fundamental ele(a) retorna a sua posição no estado actual da situação e possibilitará que o mesmo se
modifique» (BARBOSA, 2002).
A ética no processo educativo deve obedecer os quatro pilares do mesmo processo sendo:
Aprender a conhecer;
Aprender a fazer;
Aprender a ser;
Aprender a conviver
«aprender a ser, está ligada as competências pessoais, significa que a educação deve contribuir
para o desenvolvimento no contexto espiritual, e corporal, incluindo a inteligência a sensibilização,
sentido estético e responsabilidade social» (DELORS, 1996).
Estes processos, ajudam o sujeito a tomar consciência sobre a integração e o bem estar do
sujeito. Ter competências e habilidades, possuir conhecimento, adequar se ao comportamento de outros
e tornar se sociável, porém adequar – se aos objectivos do grupo.
A educação é um processo que tem a sua base nos grupos sociais entre eles a família, a escola,
a igreja, os grupos de pares, …Para que haja sucesso na formação desenvolvimento destes grupos, torna
essencial que se verifique ou sejam seguidos alguns princípios éticos e deontológicos que visam a
criação de relações saudáveis entre os membros pertencentes dos grupos.
A referência ética e deontológica, tem a sua base na interacção dos indivíduos no meio social.
Existem várias concepções sobre a problemática, mas entre todas ideias sejam modernas como
tradicionais, as suas literaturas demonstram que a ética apresenta variações em função do lugar, da
cultura e do individuo.
«Não existe uma teoria ética sobre a qual, todas as pessoas ou filósofos estejam de acordo,
prevalecendo porém duas abordagens principais. Uma delas teleológica, (ou consequencialista) que
48
toma como base as consequências de uma acção para que as pessoas possam observar o certo ou o
errado. O utilitarismo, é uma forma de ética teleológica, estando fortemente na sociedade actual. A
outra abordagem designada deontológica (não consequencialista), defende que o dever constitui a
categoria moral básica o qual é independente das consequências» (GEORGE, apud ANTÓNIO, 2012).
«A deontologia constitui conjunto de regras que regem uma profissão, a deontologia remete
simultaneamente para uma ética (concepção) do trabalho. A confidencialidade, o respeito do segredo
profissional a ausência de avaliação moral…São alguns dos grandes princípios que constituem o
código deontológico dos psicólogos» (CHARRON, 2013)
Na vida nada é fácil, e nada é singular que se desenvolve, na evolução do homem, existem
vários processos psíquicos, á estes completam se os fenómenos psíquicos se forem adicionados aos
estados e as propriedades psicológicas que interactuam – se para o bem estar do sujeito. A capacidade
de improvisar, lutar e vencer são traduzidos como faculdade de inteligência onde o foco principal
concebe a inteligência como a capacidade do organismo para dar respostas a uma situação
problemática do ambiente tendo em conta a sua originalidade ou a génese do mesmo.
A forma como as respostas são apresentadas aos problemas sociais, económicos, culturais,
etc… pode variar em três posições de forma concreta, de forma subjectiva, e de forma social.
Torna importante o referencial sobre o teste de Binet sobre a inteligência que tomou o nome de
quociente de inteligência segundo Stern,que vai corresponder a divisão da idade mental (I.M), pela
idade cronológica (I.C) multiplicando pela percentagem de cem (100), para obter a solução ou seja o
nível médio da inteligência do sujeito.
Entre os processos ou os factores aqui discernidos não existe aquele que supera os outros, mais
sim todos combinam para uma única causa que é a aquisição da capacidade de resolução de problemas.
A ética e a atitude são elementos ligados, em que o segundo écondicionado pelo primeiro, para
resultar uma atitude positiva ou negativa depende basicamente da ética aplicada para apresentação da
mesma atitude. Por este motivo dissemos que a afirmação vem de que são elementos recíprocos.
a um objecto qualquer: sendo que este objecto pode ser ideia, uma pessoa, um acontecimento, um
aspecto na sociedade, um comportamento do outro» (HARRON, 2013).
Quanto a esta problemática ligada a atitude do sujeito perante um objecto, sempre apresenta
três dimensões: cognitiva (representa o conhecimento pela causa, partindo das raízes até as deduções
finais); Afectiva (ligado ao amor, prazer e aproximação, emoções/sentimentos); comportamental (a
forma que o individuo vai reagir: agressivo, generoso, teimoso…) estas componentes estão sempre
ligados quer isto dizer que cada sujeito age perante uma situação na interacção destas três dimensões.
«A ética profissional: actuar de forma que as atitudes e acções sejam sempre consideradas
correctas, ser avaliados com independências, pela generalidade dos colegas da profissão» (TEIXEIRA,
2013).
O termo carácter é confundido com o comportamento, ou ainda com a atitude e talvez coma
personalidade, pois que, expressam aquilo que o sujeito é. O termo carácter vem do étimo grego
“Kaharakter”, o que significa modo de ser, forma de actuar de um sujeito. Mesmo ainda que a última
situação seja comparada com a atitude. A reacção do organismo perante uma situação específica que
caracteriza no referido instante, o carácter do sujeito.
A aprendizagem social, foi desenvolvida pelo psicólogo Albert Bandura, que estudou nos
Estados Unidos, se interessou sobre a aprendizagem durante os processos de interacção.
«A teoria de aprendizagem social, mantem alguns dos aspectos essenciais das teorias clássicas
d aprendizagem, como por exemplo: A ideia de que os comportamentos são aprendidos e não tanto
desenvolvidos espontaneamente; a ideia de que o comportamento é adquirido, mantido e modificado
por mecanismos básicos da aprendizagem, como reforço positivo ou negativo; a decomposição dos
comportamentos complexos em unidades de análise mais simples e o interesse pelo rigor metodológico
na definição dos conceitos e planos experimentais» (BANDURA, 1977).
Para que se percebaa forma como ocorre a aprendizagem social, a priori devemos compreender
os seus termos: aprendizagem: é caracterizado como uma situação ou o momento em que as
habilidades, capacidades, inteligência ou ainda os valores éticos, morais, culturais se manifestam de
forma adicional e social:o espaço ou o meio em que vários indivíduos interactuam – seem momentos
diferentes e em constante mudanças da situação e da posição perante o objecto. Tal como a
aprendizagem é a manifestação como modificação do organismo, então a aprendizagem social ocorre
em várias esferas sociais, por isto, é comparada ou ligada a aprendizagem por imitação ou por
modelagem na qual a criança tem o adulto como uma imagem perfeita. Logo, o funcionário de base tem
o seu líder como imagem perfeita a ser seguida, por esta situação, deve ser observada a ética e
deontologia profissional para que cada individuo adquira experiencia em função da interacção com os
outros.
«A Deontologia (…) conjunto de regras de que uma profissão, ou uma parte dela se dote de
uma organização profissional que se torna instancia de elaboração de uma prática de vigilância e de
aplicação destas regras» (ISAAC, 1996 apud MERCIER, 2003).
A ética e deontologia profissional constitui uma faceta que tem dependência de alguns
elementos que devem ser observados para este propósito. Entre eles referenciamos: a língua, a cultura,
o regime político, a cidadania e estratificação social.
«Diferencia – se a Ética da Moral, pois que, enquanto que esta fundamenta – se na obediência,
á normas, tabus, costumes, mandamentos culturais, hierárquicos ou religiosos recebida, a ética busca
fundamentar o bom modo de viver pelo pensamento humano (…) A ética é a ciência que estuda a
conduta humana e a moral a qualidade desta conduta» (KUNDONGENDE, 2013). Em seguida
apresentamos alguns elementos essenciais que podem contribuir na observância de ética e deontologia
profissional.
2.3.1- A Língua
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«A linguagem no uso científico, designa a capacidade de que é dotado todo ser humano,
normalmente constituído de aprender e de utilizar um ou vários sistema de signos verbais para
comunicar com os seus semelhantes e para se apresentar no mundo» (DORON e PAROT,2001).
O processo a ser utilizado para a comunicação ou para que uma situação seja percebida pelo
outro será a linguagem. Caracterizado como conjunto de signos (sinais ou códigos) organizados que são
emitidos (pelo emissor) para que sejam interpretados pelo receptor. Para que haja comunicação é
necessário que o receptor saiba interpretar ou compreender os códigos provenientes do emissor. Este
código pode ser (palavra: pela grafia ou som é verbal) e (se for sinais e outros signos diferentes da
grafia e som então ela será não verbal.) A cultura, a ética, os valores, a deontologia, as habilidades e
todos outros elementos do conhecimento humano e não só manifestam se através da linguagem.
«Qualquer comunicação constitui acima de tudo, uma influência sobre o interlocutor, esta
influência pode ser direita ou indirecta consoante o objectivo da transmissão. Tendo em conta o
comportamento e a actividade de cada individuo determina a expectativa direita de outra pessoas
podemos afirmar que a linguagem desempenha maior função que é a comunicação… a linguagem é um
sistema de signos ou sinais que se manifesta de diversas formas como: escrita e verbal; gestual e de
sons e externa e interna» (ALEXANDRE, 2000).
A linguagem pode ser de carácter endógeno como exógeno, pois que permite a manifestação
das competências sejam éticas, deontológicas e outros nas actividades e no desenvolvimento da
empresa (escola) seja ela de carácter público ou privado.
2.3.2-A cultura
«O termo cultura (colere, cultivar ou instruir, cultus, cultivo, instrução), não se restringe ao
campo da antropologia. Várias áreas do saber humano interessam se do assunto (…) muitas vezes, a
palavra cultura é empregado para indicar o desenvolvimento do individuo por meio da educação
institucional. Neste caso uma pessoa culta, seria aquele que adquiriu domínio no campo intelectual ou
artístico. Seria “inculta” a que não obteve instrução…A cultura é aquele todo complexo que inclui o
conhecimento, as crenças, as artes, a moral, a lei, os costumes e todos outros hábitos e aptidões
adquiridos pelo homem como membro da sociedade» (LAKATOS e MARCONI, 2013).
Partindo desta opinião vê – se que, cada grupo tem a sua cultura ou a chamada cultura
organizacional, o conjunto de pressupostos que servirão como documento ou condição necessário para
manter um clima cultural e funcional saudável.
«A política é praticamente o conceito tomado como actividade mais preferida, pela maioria
das pessoas nos países onde o jogo rotativo do poder, não permite ainda a união dos espíritos e o
funcionamento satisfatório de grande maioria dos cidadãos nas sociedades onde os sentimentos de
relegação dos que não são “nossos” imperam com intensidade notável» (ALEXANDRE, 2000).
2.3.4- A cidadania.
A palavra cidadania, caracteriza o individuo no gozo dos seus direitos e deveres civics. O
cidadão é aquele que tem o dever de respeitar os símbolos nacionais. Então para que a escola se
desenvolve é necessário que seja aplicada a força pelo cidadão no respeito aos valores éticos e
pressupostos científico – social da empresa. Este sujeito deve contribuir para o bem estar maioria e
consequentemente o seu bem estar pessoal.
Cidadão vem de cidade ou seja um individuo pertencente e responsável nos direitos e deveres
que visam o desenvolvimento de um determinado povo em que eles esta inserido.Existem alguns
princípios, algumas imagens e alguns símbolos que identificam um povo assim como: a bandeira, a
insígnia da república, o hino nacional… deve haver alguma ética e deontologia de tudo que são valores,
morais, culturais, sociais, intelectuais… para o bem estar de si próprio e da cidade sendo ele (cidadão)
sendo ele a representação da maioria.
A estratificação social refere – se ao nível social que cada individuo ostenta os estratos tem
haver com as funções que o sujeito possui na empresa, que devem ser colocados limites na execução
das tarefas para que, alguns sujeitos não se sintam desocupados, para que isto ocorra deve se observar
os princípios éticos e deontológicos do trabalho ou do profissionalismo.
«Os enfoque de status e papel diferem – se, o primeiro tende para análise da estrutura em
elevado nível de abstracção e o segundo para o comportamento do individuo, analisando situações
concretas. O status salienta a posição da pessoas no grupo (…) se o status salienta o facto de que nos
grupos sociais relevantes existem espectativas do tipo normativo o papel enfatiza o elemento que
compõe o comportamento esperado» (LAKATOS e MARCONI, 2013).
55
2.4- Os seis (06) princípios que orientam a observância da ética e deontologia profissional
Os princípios são normas ou regras necessárias para a realização de algumas actividades sejam
de carácter pessoal como colectivo. Um principio é obtido como uma condição indispensável para
realizar uma actividade com perfeição em relação ao grupo em que o sujeito está inserido. Neste artigo
apresentou – se os seis princípios como regras indispensáveis na observância de ética e deontologia
profissional.
Norma são regras, princípios, condições indispensáveis para cumprimento de uma actividade.
Cada grupo deve estabelecer regras, normas de convivência. Este principio chama atenção sobre o
documento metódico e orientador, estratégico (estatuto ou regulamento), que a empresa deve apresentar
a todos funcionários (colaboradores), para que estes cumpram e proporcione boa colaboração na
produtividade ou rendimento sócio histórico, educativo e científico – tecnológico da comunidade. Por
esta e outras razões deve se cumprir com a ética e deontologia profissional baseando se neste principio.
«A socialização designa o conjunto dos processos de aquisição pelos indivíduos, das normas,
valores e regras da vida em sociedade. A socialização é influenciada da forma diferente pelas
características macroculturais (normas societais), microculturais (cultura familiar). A socialização
permite a adaptação do individuo a vida em sociedade e levá - lo a ter um determinado papel nesta
sociedade» (CHARRON, 2013).
Sabendo que a socialização pode ser observado num carácter primário e secundário. Sabendo
que dum lado proporciona se a educação de valores, regras adquiridas na família como o núcleo
primário da formação educativa do individuo. E na escola ou na empresa (local da profissionalização),
segundo campo que proporciona uma educação secundaria do carácter científico e da aprendizagem
culturais.
O termo educação vem do étimo latino “educar” com um significado especifico que é incutir
valores ao sujeito… a educação é o processo na qual o individuo adquire conhecimento ou seja uma
formação multifacético. Pois que, adquire conhecimento em vários níveis como ético, moral,
deontológico, cultural, intelectual, social, etc…que ajudam no desenvolvimento humano.
O individuo deve apresentar uma educação de base, aquela adquirida na família, dito de outro
modo é responsabilidade dos pais passar informações de convivência aos filhos por isto os valores
educativos vão ser transmitidos de uma geração a outra. Então baseando nisto percebe se que os líderes
devem estabelecer regras que sirvam como educação para o funcionamento da empresa.
A educação é um termo que significa possibilitar com que os valores e conhecimentos sociais e
científicos de uma geração a outra, para que isto ocorra é necessário que haja abertura sobre o que é
positivo e o negativo para que o sujeito faça aos outros constatar o maior valor que ele possui e a
empresa tornar se uma instituição de sucesso no contexto cívico.
Quanto a este princípio, orienta toda e qualquer acção. Quer isto explicar que o sucesso de um
individuo depende também do respeito pelos outros. A educação parte na família que é o meio de
socialização restrita e alarga se para outros grupos sociais, como por exemplo na profissão é necessário
cumprir com o regulamento que é o instrumento que direcciona a nossa acção ou a cultura profissional.
O respeito aos outros é fundamental para que tenhamos a mesma retribuição.
«A humiliação social e sofrimento, ético – político, são dois conceitos analítico da situação
social de exclusão e de desigualdade e refere – se a dimensão subjectiva que acompanha as vivências
em nossa sociedade desigual» (BOCK, 2009).
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Este princípio está ligado aos limites que devem ser observado na aplicação de princípios
éticos e deontológico da função do sujeito, para que a nossa apresentação nos seja retribuído com a
mesma escala. “se respeitar será respeitado.”
Este princípio resulta da Filosofia, com a finalidade, de promover e determinar uma lógica no
pensamento individuo. Parte do pressuposto de que não deve haver uma terceira possibilidade ou
hipótese, pois que, toda preposição é verdadeira ou falsa e nunca um terceiro caso; neste principio, uma
teoria, uma ideia é ou não é mas não pode ter as duas possibilidades simultaneamente. Está
intimamente ligada com a coerência do assunto isto é elimina a contradição na lógica do pensamento,
permite o raciocínio tomar decisão certa, através das operações do pensamento: análise, síntese,
comparação, abstracção e generalização, para o cumprimento das normas de observância da ética e
deontologia profissional.
Uma profissão constitui a ocupação de um individuo sobre uma actividade em que este está
especializado para construção da resposta. Uma ocupação em que o sujeito tem vontade, habilidades,
imaginação e realismo.
Para fazer uma abordagem sobre o clima escolar, há que respeitar o conhecimento dos
intervenientes do processo de ensino e aprendizagem, pois que, a estes depende em grande parte dos
resultados da aprendizagem. Logo é necessário que haja grande cooperação sobre as relações humanas
e profissionais entre os colaboradores baseados nos princípios éticos e deontológicos.
Com base a ideia de que a organização escolar é um conjunto de esforços dos agentes de
interacção educativa. Para uma funcionalidade que gere resultados positivos para o grupo é necessário
que antes haja esforços individuais que passam pela via de observância de ética e deontologia
profissional de forma a respeitar as opiniões individuais e proporcionar uma cooperação saudável. Na
organização de um grupo, é fundamental observar a dualidade entre administração( velo pelo interesse
da política educativa) e liderança. (que se responsabiliza no bem estar de todos intervenientes sociais
do grupo). Existem várias tipologias de clima organizacional, mas porem, o conjunto de normas de
respeito a opinião de outrem remeta nos ao clima funcional em que cada individuo tem confiança em
sugerir num clima aberto com líder que recolhe as informações e que permita a integração de todos
membros do grupo para tomada de decisão. Logo o clima nestas condições deve ser: aberto, de respeito
e integrativo. O conjunto de valores cívicos, morais constituem algumas características desta liderança
e permite o desenvolvimento humano e da empresa (escola), em que a liberdade de expressão permite o
surgimento de novos projectos.
«Os directores que exercem uma liderança transformacional que se baseia na representação de
sentimentos e necessidades dos professores exercem uma influencia positiva no ambiente do trabalho
dos seus docentes e convertem – se em chaves fundamentais para melhoria da qualidade do clima
organizacional» (PACHECO e SANCHES, 1993).
No contexto organizacional a ética é fundamental, pois que ela abre o caminho para novas e
boas relações com os outros o espírito de inter ajuda, então para que o clima escolar seja saudável é
necessário que o aluno e o professor saibam dos seus direitos e deveres para que cada um saiba das suas
responsabilidade para o bem da escola e da sociedade no ponto de vista desenvolvimentista.
A ética sendo um sistema de valores, atitude e carácter do sujeito seja positivo como negativo
é de extrema importância na profissionalização, pois que, permite o sujeito determinar o tipo de relação
de trabalho entre os funcionários. O exercício da sua profissão exige grande responsabilidade seja no
contexto social como individual com envolvimento dos beneficiários.
59
Sendo a ética a secção dos valores morais éticos e deontológicos, este último sendo a área dos
deveres, tem grande importância na profissionalização, logo este será um colaborador assíduo e pontual
sobre tudo dinâmico de acordo as regras da empresa onde cada um apresenta as funções distintas para o
desenvolvimento do grupo. Esta área da educação, deve ser estudado em função das situações
concretas, tendo em conta osprincípios universais de respeito pelo ser humano e pela sua liberdade.
Então a ética e a deontologia tem impacto no sucesso de uma profissão. (uma profissão é uma ocupação
de um individuo, partindo da sua preparação geral para particular, ou trabalho realizado por um sujeito
com base as competências ou habilidades adquiridas durante a aprendizagem para dar resposta de um
determinado problema).
É necessário que, um colaborador saiba as limitações que são imposta no exercício da sua
função, saber que, diante de um dilema qualquer que seja a solução constituirá situação problemático.
Estamos a nos referir da ética e a inteligência que para o sucesso do individuo é necessário que a sua
capacidade seja acompanhada pela ética e deontologia profissional.
3- METODOLOGIA
A metodologia é o conjunto de elementos analíticos ou um sistema que serve como via para
chegar a um fim preconizado. Por isto, nesta pesquiza fizemos analise sobre a importância de
observância da ética e deontologia profissional, na qual foram aplicados métodos do nível qualitativo e
quantitativo que permitiram tirar algumas ilações sobre o estudo. Esta investigação baseou – se nas
constatações feitas que constituem a nossa observação empírica do problema. A metodologia constitui o
universo de métodos que se aplicam como procedimento ou caminho que permite alcançar os
resultados.
«Uma investigação empírica, é uma investigação em que se faz observações para compreender
melhor o fenómeno a estudar…As observações deste tipo de uma investigação podem ser utilizadas
para construir explicações ou teorias mais adequadas» (HILL e HILL, 2016).
RESULTADOS
No mundo contemporâneo, realizar um estudo no sector da profissionalização, seja no campo
da educação como outros sectores sociais, podemos sempre observar uma incongruência na aceitação
das habilidades pessoais de outros na produtividade, se em muitos casos nos não as possuímos, devido
ao facto de osindivíduos estarem preocupados com o seu própriobem estar e não da maioria. A
preocupação desta pesquisa enquadra se nas fracas relações humanas que se observam no local da
aplicação da profissionalização, assim como o não cumprimento dos direitos e deveres nisto
asseguramos conhecimentos sobre a importância da observância da ética e deontologia profissional.
Questão nº01
Questão nº 2
Questão nº3
Questão nº4
61
Sim
Não
Sim
Não
Sim
Não
Sim
Não
17
13
18
12
26
04
16
14
57%
43%
60%
40%
87%
13%
53%
62
47%
Questão nº01
Questão nº 2
Questão nº3
Questão nº4
Sim
Não
Sim
Não
Sim
Não
Sim
Não
10
05
12
63
03
09
06
08
07
67%
33%
80%
20%
60%
40%
53%
47%
Dos 15 trabalhadores administrativos de ambos sexos inqueridos, vimos que em geral 65%,
responderam com opiniões plausíveis e 35% contestaram a com a existência do problema. Então
constituiu uma preocupação inerente a importância que tem a ética e deontologia profissional.
5-CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Nesta secção do artigo refere-se as conclusões chegadas através do método dedutivo, partindo
com uma situação problemática de forma explicativa. Onde constatamos a fraca observância dos
valores éticos e deontológicos para uma profissionalização.
6-REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LAKATOS, E.M. e MARCONI, M.A. (2013), - Sociologia Geral. 7ª edição, S/Paulo, editora:
ATLAS, S. S.A.
REVEZ, M. H.A. (2004)- Gestão nas organizações escolares, liderança escolar, clima de
trabalho, um estudo de caso, edições Cosmos.