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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distancia

Trabalho de Campo

Mateus Castigo - 708213378

Curso: Licenciatura em Ensino de Língua Portuguesa


Turma: G
Disciplina: Práticas Pedagógicas I
Ano de frequência: 1º Ano
Segundo Trabalho
Docente: Dra. Egina Bande

Chimoio, Janeiro de 2022


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 Capa 0.5
 Índice 0.5
Estrutura 0.5
 Introdução
Aspectos
 Discussão 0.5
organizacionais
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização 1.0
(indicação clara do
problema)
 Descrição dos objectivos 1.0
Introdução
 Metodologia adequada ao 2.0
objecto de trabalho

 Articulação e domínio do 2.0


discurso académico
(expressão escrita cuidada,
Conteúdo coerência / coesão textual
 Revisão bibliográfica 2.0
Análise e
nacional e internacionais
discussão
relevantes na área de estudo
 Exploração dos dados. 2.0
Conclusão  Contributos teóricos 2.0
práticos
Formatação  Paginação, tipo e tamanho 1.0
de letra, paragrafo,
Aspectos espaçamento entre linhas.
gerais
Normas APA 6a  Rigor e coerência das 4.0
Referências edição em citações/referências
bibliográfica citações e bibliográficas
s bibliografia
Folha para recomendações de melhoria: a ser preenchida pelo tutor
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Índice
1. Introdução...............................................................................................................................1
1.1. Objectivos............................................................................................................................2
1.1.1. Objectivo geral..................................................................................................................2
1.1.2. Objectivos específicos......................................................................................................2
1.2. Metodologia do trabalho......................................................................................................2
2. Os subsistemas de educação em Moçambique.......................................................................3
3. Organização do ensino por ciclos de formação......................................................................5
4. Planos curriculares: estrutura e organização...........................................................................6
5. A planificação do currículo escolar........................................................................................7
6. A administração escolar ou educacional.................................................................................8
6.1. Conceito e delimitação.........................................................................................................8
6.2. Elementos da administração escolar:...................................................................................9
6.3. Administração escolar e Leis:............................................................................................10
6.4. Tipos de Administração Escolar........................................................................................10
6.5. Tarefa actual da Administração Escolar............................................................................10
7. Órgãos de gestão escolar.......................................................................................................10
8. A supervisão pedagógica......................................................................................................11
8.1. Conceito de supervisão Pedagógica...................................................................................11
8.2. O papel da supervisão pedagógica.....................................................................................11
8.3. Princípios da supervisão pedagógica.................................................................................11
8.4. Funções da supervisão pedagógica....................................................................................11
8.5. Objectivos da supervisão pedagógica................................................................................12
8.6. Etapas da função supervisora.............................................................................................12
9. Modelos de formação de professores em Moçambique........................................................12
10. Conclusão............................................................................................................................15
Referências bibliográficas.........................................................................................................16
1. Introdução

As Práticas Pedagógicas visam: (i) integrar, progressivamente, o estudante em contextos reais


de ensino e aprendizagem de uma certa disciplina; (ii) contribuir para a formação de um
professor que possua saberes teóricos e práticos, um professor que saiba fazer a gestão de um
currículo, que saiba diferenciar as aprendizagens e orientar a sua autoformação; e (iii)
contribuir com as suas variadas actividades para a formação de um professor que saiba ser
autónomo, que saiba diferenciar o ensino da aprendizagem, gerindo de forma adequada as
várias situações de ensino e aprendizagem.
É neste contexto que o presente trabalho da cadeira de Praticas Pedagógicas I vai abordar
acerca dos subsistemas de educação em Moçambique e a organização do ensino por ciclos de
formação; a planificação do currículo escolar versus o plano curricular (sua estrutura e
organização); a administração escolar e os respectivos órgãos de gestão escolar; a supervisão
pedagógica e os modelos de formação de professores em Moçambique.
Por outro lado, refira-se que este trabalho encontra-se estruturado em três capítulos
nomeadamente: introdução, análise e discussão e conclusões.

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1.1. Objectivos

1.1.1. Objectivo geral


 Adquirir conhecimentos sobre: os subsistemas de educação em Moçambique e a
organização do ensino por ciclos de formação; a planificação do currículo escolar
versus o plano curricular (sua estrutura e organização); a administração escolar e os
respectivos órgãos de gestão escolar; a supervisão pedagógica e os modelos de
formação de professores em Moçambique.

1.1.2. Objectivos específicos


 Descrever as especificidades de cada subsistema do Sistema Nacional de Educação;
 Explicar os fundamentos de cada ciclo de formação;
 Identificar as características, componentes e a organização de um dado currículo;
 Conhecer os procedimentos da concepção de um currículo;
 Identificar as características e os elementos do Currículo escolar;
 Discutir os elementos do currículo nacional incorporados e/ou adaptados para o
currículo escolar (local);
 Conceituar a administração escolar;
 Reconhecer a diferença entre a administração escolar e de outras instituições;
 Conhecer os principais órgãos de que as escolas se servem para o seu funcionamento;
 Descrever a supervisão pedagógica;
 Identificar os modelos de formação de professores em Moçambique.

1.2. Metodologia do trabalho


Para a realização do presente trabalho o proponente fez valer o uso do método da consulta
bibliográfica, baseado em leituras de obras científicas, manuais e outros documentos
relevantes já publicados

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2. Os subsistemas de educação em Moçambique
O conceito de subsistema remete-nos a noção de que dentro de um dado sistema existem
vários outros sistemas subalternos que no seu todo corporizam o sistema-mãe. Na educação
tal realidade é notória que, embora o fim último seja a formação integral, diferem os
objectivos e finalidades de cada subsistema do sistema escolar-macro. Assim de acordo com a
Lei n°6/92 de 6 de Maio, os principais subsistemas da educação em Moçambique são:
educação infantil (pré-escolar), Ensino geral, técnico profissional, superior, e educação de
adultos.

2.1. Ensino pré-escolar


O ensino pré-escolar é o que se realiza em creches e jardins-de-infância para crianças com
idade inferior a 6 anos como complemento ou supletivo da acção educativa da família, com
qual coopera estreitamente.
É objectivo do ensino pré-escolar estimular o desenvolvimento psíquico, físico e intelectual
das crianças e contribuir para a formação da sua personalidade, integrando as crianças num
processo harmonioso de socialização favorável ao pleno desabrochar das suas aptidões e
capacidades.

2.2.Ensino geral
O ensino geral é o eixo central do Sistema Nacional de Educação e confere a formação
integral e politécnica. Os níveis e conteúdos deste ensino constituem ponto de referência para
todo o Sistema Nacional de Educação. O ensino Geral compreende dois níveis: Primário e
Secundário.

2.2.1. Ensino Primário


O ensino primário prepara os alunos para o acesso ao ensino secundário e compreende as sete
principais classes, subdivididas em dois graus: 1° grau (de 1ª à 5ªclasses) e 2° grau (de 6ª e
7ªclasses).

São objectivos deste nível:

 Proporcionar uma formação básica nas áreas da comunicação, das ciências


matemáticas, das ciências naturais e sociais, e da educação física, estética e cultural;
 Transmitir conhecimentos de técnicas básicas e desenvolver aptidões de trabalho
manual, atitudes e convicções que proporcionem o ingresso na vida produtiva;
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 Proporcionar uma formação básica da personalidade.

2.2.2. O Ensino Secundário


O nível secundário do ensino geral compreende cinco classes e subdivide-se em dois ciclos:
1° ciclo (de 8ª à 10ªclasses) e 2° ciclo (de 11ª e 12ªclasses).
Os objectivos do ensino secundário são os de consolidar, ampliar e aprofundar os
conhecimentos dos alunos nas ciências matemáticas, naturais e sociais e nas áreas da cultura,
da estética e da educação física.

2.3. O Ensino Técnico-Profissional


O subsistema de ensino técnico-profissional basea-se na contribuição “para a criação de uma
força de trabalho qualificada, essencial para reforçar o crescimento económico e tirar os
cidadãos e as comunidades da situação de pobreza” (PECB, 2008, P.47).
De acordo com o mesmo documento, a leccionação no subsistema é realizada em três níveis:
Primeiro: o nível elementar é frequentado pelos candidatos que tenham a 5ª ou 7ª classe
variando o curso de 2 a 3 anos.
Segundo: o nível básico é frequentado pelos candidatos com a 7ª classe e o curso dura 3 anos.
Terceiro: o nível médio integra candidatos que pretendem tornar-se técnicos profissionais em
agro-pecuária, indústria ou comércio.

2.4. O Ensino Superior


Ao ensino superior compete assegurar a formação a nível mais alto de técnicos e especialistas
nos diversos domínios do conhecimento científico necessários ao desenvolvimento do país.
Este subsistema de ensino realiza-se em estreita ligação com a investigação científica e
destina-se aos graduados com 12ª classe do ensino geral ou equivalente.
São objectivos do ensino superior:
 Formar nas diferentes áreas do conhecimento, profissionais, técnicos e cientistas com
um alto grau de qualificação.
 Incentivar a investigação científica e tecnológica como meio de formação dos
estudantes, de solução, de solução dos problemas com relevância para a sociedade e de
apoio ao desenvolvimento do país.
 Difundir actividades de extensão, principalmente através da difusão e intercâmbio do
conhecimento técnico-científico.
 Formar docentes e cientistas necessários ao funcionamento e desenvolvimento do
ensino e da investigação.
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2.5. A educação de adultos

O ensino de adultos é aquele que é organizado para indivíduos que já não se encontram na
idade normal de frequências dos ensinos geral e técnico profissional.
Esta modalidade de ensino é também destinada aos indivíduos que não tiveram oportunidade
de se enquadrar no sistema de ensino escolar na idade normal de formação ou que não
concluíram.

3. Organização do ensino por ciclos de formação


Os ciclos de formação do Sistema Nacional de Educação em Moçambique justificam a
necessidade de uma maior flexibilidade curricular dos conteúdos programáticos para o
processo de ensino/aprendizagem.
O conceito de ciclo denota o conjunto de unidades programadas para a aprendizagem dos
alunos, envolvendo na base da sua concepção habilidades e competências específicas
previamente definidas.
Para uma maior compreensão dos objectivos que sustentam os ciclos de formação do sistema
de educação em Moçambique ilustra-se abaixo um quadro-resumo do estrutural curricular
Ensino Básico moçambicano:

Tabela1: Quadro da organização da estrutura curricular (PCEB, 2008, p.25)

Idade 6 7 8 9 10 11 12
Classes 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª
Ciclos 1º 2º 3º
Grau 1º 2º

O Ensino Básico moçambicano é constituído por 7 classes organizadas em ciclos e graus.


Sendo assim, o primeiro ciclo encerra duas classes nomeadamente, a 1ª e 2ª classes, o
segundo constituído por três classes, 3ª, 4ª e 5ª classes e o terceiro ciclo compreende duas
classes: a 6ª e a 7ª.
Compreendendo um conjunto de conteúdos orientados pra o desenvolvimento de
competências e habilidades específicas, o 1º ciclo centra-se na questão do desenvolvimento de
leitura e escrita, noções de números e a realização de certas operações matemáticas e também
a aprendizagem de questões de relacionamento interpessoal e higiene pessoal.

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O 2º ciclo, centrando-se na introdução de aprendizagens novas relativas às Ciências Sociais e
naturais, consolida os conteúdos do 1º ciclo e, o 3º ciclo é uma espécie de consolidação dos
dois primeiros ciclos, compreendendo a preparação do aluno para a continuação dos estudos
noutras classes e/ou enfrentar a vida.
Esta estrutura curricular compreende também dois graus: o primeiro que parte da 1ª à 5ª
classes e o segundo de 6ª à 7ª classe. Esta estruturação inscreve-se numa visão integral dos
conteúdos orientados ao desenvolvimento articulado e integrado de conhecimentos, valores e
habilidades e complementadas pelas actividades extracurriculares. (PCEB, 2008, p27)
De um modo geral, a estrutura curricular deste subsistema de ensino pretende garantir um
desenvolvimento integrado mediante as áreas curriculares distribuídas de seguinte modo:
Comunicação e Ciências Sociais: Língua Portuguesa, Línguas moçambicanas, Língua
Inglesa, Educação Musical, Ciências Sociais, Educação Moral e Cívica.
Matemática e Ciências Naturais: Matemática, Ciências Naturais
Actividades Práticas e Tecnológicas: Ofícios, Educação Visual, Educação Física

4. Planos curriculares: estrutura e organização


Na sua definição, Martins (1999, p.121) explica que “ o currículo consiste no conjunto de
experiências planeadas pela escola destinadas a levar o educando a uma plena realização e
integração social, além de atingir os objectivos traçados para seu nível de escolaridade.” Este
autor prossegue com a sua explanação mencionando as características fundametais do
currículo:

a) O currículo deve ser organizado para atender ao educando.levando em conta suas


características e aspirações;
b) O currículo deve levar em consideração as peculiaridaes do meio;
c) O currículo deve, na sua elaboração, obedecer à seguinte sequência: (i) O que deve
atingir? (ii) Como atingir (conteúdo e plano de acção); (iii) Que resultados foram
conseguidos; (iv) Realimentação, replanejamento.

A crescente e dinâmica transformação das sociedades inquieta a escola. Hoje a escola deve
tentar sobreviver ante as transformações sociais procurando encarar o conhecimento como
dinâmico e mutável, construindo-o colaborativamente e relegando a concepção tradicionalista
de educação dentro da qual “ o formando aprende imitando o mestre as técnicas empregues
pelo professor mais velho, mais experiente e perito na sua profissão, seguindo as suas

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instruções e conselhos. A mestria no ofício é passada de geração em geração” (Alarcão, 1996,
p.96), como se fosse válido para todos os contextos do ensino e/ou da fornação.

É nesta dinâmica social em que o currículo se inscreve, para dentro do conjunto de disciplinas
“cada uma dela organizada numa sequência lógica em termos de conteúdo” ( Martins, op.cit),
dar respostas concretas às circunstâcias contextuais onde o ensino ou a educação tem lugar.

Percebido desta forma, o currículo desempenha um papel político na educação pelo facto de
na sua concepção e realização comportar implicações sociais significativas ao tocar as
necessidades emergentes da sociedade.

No caso específico de Moçambique, o desenho curricular vigente tem como objectivo


fundamental “ formar cidadãos capazes de contribuir para a melhoria da sua vida, a vida da
sua família, da comunidade e do país [dando-se ênfase aos] saberes locais das comunidades
onde sa escola se situa” (PCEB, 2008, p.27), o que de certa forma dita uma estrutura
organizacional conducente à consecução desse macro objectivo.

5. A planificação do currículo escolar


As experiências tanto dos professores como as dos alunos têm sido muitas vezes locais. Nesta
perspectiva, faz sentido falar do currículo escolar como um currículo local o qual reporta
todas as experiências da comunidade escolar capitalizando-as para um ensino útil e
significativo para a vida dos alunos e também dos professores na comunidade onde vivem.

Entretanto, a planificação do currículo com base nos aspectos locais pode suscitar problemas
de compreensão, na medida em que o local pode ser percebido pura e simplesmente como um
espaço geográfico. O manual de apoio ao professor que contém “Sugestões para abordagem
do currículo local” vinca claramente a conceptualização do que, na verdade, pode ser
considerado “LOCAL” no currículo escolar:

(…) Compreende o espaço em que se situa a escola, comportando


consigo toda uma gama de vivências e anseios da comunidade em que
esta está inserida, cabendo à mesma comunidade definir o que gostaria
que os seus filhos aprendessem. A selecção de conteúdos pode, pois,
incluir matéria não meramente local do ponto de vista geográfico cuja
aprendizagem se afigura relevante no contexto da comunidade. (s/d,
p.10)

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Na elaboração do currículo escolar a direcção da escola e os professores são os principais
dinamizadores, na medida em que são eles que planificam todas as actividades a serem
realizadas. Assim segundo Piletti (2004), na sua planificação, o currículo deve ter em conta as
seguintes etapas:

1. Formulação dos objectivos;


2. Selecção de conteúdo;
3. Selecção de experiências ou actividades de aprendizagem;
4. Avaliação

Os objectivos da planificação curricular, para além de ser adequado à estrutura matérial e


física da escola, o funcionamento, os recursos humanos, o próprio currículo e as actividades
docentes, devem permitir:
1. Seleccionar experiências que atendam simultaneamente aos interesses, às necessidades
e às aspirações do educando e da sociedade;
2. Organizar as experiências numa sequência lógicae psicológica que favoreça o
desenvolvimento integral do educando;
3. Facilitar o estabelecimento de objectivos pelos docentes da escola;
4. Incentivar, mediante próprio criado entre os componentes da escola, o
desenvolvimento de actividades educativas.

6. A administração escolar ou educacional

6.1. Conceito e delimitação


Administração Escolar (A.E.) é o estudo da organização e do funcionamento de uma escola
ou de um sistema escolar, de acordo com uma finalidade, de modo a satisfazer as exigências
da Política de Educação e aos requisitos da moderna Pedagogia. É uma parte da administração
pública, especializada, referindo-se, também, a empreendimentos particulares, visto que
várias instituições mantêm estabelecimentos de diferentes graus de ensino e em cada um deles
são aplicados os mesmos princípios administrativos.

Para conceituá-la e delimitar seu campo de acção, usaremos o conceito aprovado pelo 1º
Simpósio de A.E., realizado em São Paulo, na Faculdade (Fa) de Filosofia (Fi) da
Universidade de São Paulo (U.S.P.), em Fevereiro de 1961:

“ A Administração Escolar supõe uma filosofia e uma política directoras preestabelecidas;


consiste no complexo de processos criadores de condições adequadas às actividades dos

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grupos que operam em divisão de trabalho; visa a unidade e a economia de acção, bem como
o progresso do empreendimento. O complexo de processos engloba as actividades específicas
– planeamento, organização, assistência à execução (gerência), avaliação dos resultados
(medidas), prestação de contas (relatório), e se aplica a todos os sectores da empresa: pessoal,
material, serviços, financiamento.

O professor José Querino Ribeiro, catedrático da Fa Fi da U.S.P., que chefiou o Grupo II do


Simpósio, definira A.E. como “o complexo de processos cientificamente determinados que,
atendendo a certa Filosofia e a certa Política da Educação, desenvolvem se antes, durante e
depois das actividades escolares, para garantir unidade e economia”.
O padre António da Silva Ferreira, professor da Fa Fi de Lorena (São Paulo), modificou um
pouco essa definição: “é o estudo científico dos processos que se desenvolvem antes, durante
e depois das actividades escolares e que sejam mais aptos para garantir a consecução dos
objectivos educacionais da Escola, com unidade e economia”.
Ayres Bello diz que “A.E. é um ramo da Ciência Administrativa, tendo como objecto próprio
o estudo dos métodos e processos mais eficientes e práticos de se organizar e administrar um
sistema escolar ou uma escola, em ordem aos ideais e objectivos visados pelo trabalho
educativo”.

6.2. Elementos da administração escolar:


No Simpósio de A.E., anteriormente citado, sugeriu-se uma nova orientação quanto aos
elementos da A.E., que deve ser adoptada entre nós: 1º Planeamento; 2º Organização; 3º
Assistência à execução; 4º A avaliação dos resultados; 5º Relatório.

1º Planeamento – é o estudo que se faz sobre o problema a resolver. Primeiro deve-se ter em
vista o objectivo; conhecer o meio onde se vai trabalhar; fazer levantamento dos dados
elucidativos, estudá-los, separá-los, compará-los, examiná-los enfim, de todos os modos, para
que fique bem conhecido e possa ser indicada uma solução.
2º Organização – é a parte de estruturação, como em qualquer empresa. Estruturação de
órgãos administrativos necessários ao serviço, localizando-os de acordo com o sector;
provimento dos cargos com pessoal competente; compra de material didáctico, material de
consumo, mobiliário etc. regulamentação das atribuições da cada um, obedecendo ao
princípio de ordem (cada um em sua função) e estabelecendo as inter-relações, bem como
definição de responsabilidades; elaboração de um regimento interno.

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3º Assistência à execução – é o comando. Foi adoptada essa denominação porque o Director
não deve ser apenas um indivíduo que dá ordens. Ele deve dar toda a assistência a seus
auxiliares, para que possam executar bem suas tarefas.

4º Avaliação de resultados – A A.E. precisa conhecer se o plano está ou não dando resultado
e essa avaliação não se mede em dinheiro, como nas empresas comerciais, mas por medidas
quantitativas e qualitativas.
5º Relatório – Será feito no fim de cada ano, com a apresentação de resultados, ao mesmo
tempo que fará uma análise crítica dos factos, indicando onde e por que falharam as previsões,
terminando com sugestões que possam ser as mais indicadas no saneamento das falhas
porventura existentes.

6.3. Administração escolar e Leis:


A administração escolar moçambicana é regida pela Lei do Sistema Nacional de Educação
(S.N.E), estando esta, coberta pela Constituição da República e deve ser observada por todos
os Municípios.

6.4. Tipos de Administração Escolar


A partir da concepção de educação, temos o tipo de administração escolar: (i) humanista
tradicional; (ii) humanista moderna ou (iii) humanista progressista.

6.5. Tarefa actual da Administração Escolar


A principal preocupação da A.E., hoje em dia, é educar para a vida. Dewey escreveu que “a
educação não é tanto a preparação para a vida senão a própria vida; na escola, a criança deve
viver e não estudar a vida”. Para isso, precisamos deixar de lado a instrução verbalista,
livresca, que exige decoração e conserva o aluno como uma estátua na carteira, sem liberdade
para falar ou perguntar o que interessa. Hoje, fala-se mais em educar em vez de instruir
somente.
Para João Formosinho: a tarefa actual da A.E. é, portanto, interpretar as finalidades e
objectivos educacionais e transformá-los em acção organizacional, através do planeamento,
organização, direcção e controle, interpretar e compreender os fenómenos e comportamentos
que ocorrem dentro das organizações educativas, nomeadamente o poder, a tecnologia, a
comunicação, a participação e a inovação.

7. Órgãos de gestão escolar


Normalmente as escolas são organizadas, do ponto de vista de gestão, da maneira como
abaixo se apresenta:
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 A Direcção da escola: (i) Director; (ii) Director – Adjunto; (iii) Sector Administrativo.
 Conselho Pedagógico-Administrativo;
 Director Pedagógico: (i) Coordenador de Turno (manhã, tarde e noite); (ii) Pedagógico
(manhã, tarde e noite); (iii) Serviços de apoio pedagógico (Biblioteca, Laboratório,
Informática, Desporto, actividades culturais etc.).
 Sector Administrativo (Secretaria, Rec.Humanos, Limpeza, Mecanografi, Segurança ).

8. A supervisão pedagógica

8.1. Conceito de supervisão Pedagógica


São vários os conceitos aplicados pelos autores à supervisão pedagógica. Entre esses
conceitos estão:
Nérici (1976, p.28) “a supervisão pedagógica visa à melhoria do processo ensino
aprendizagem, para o que tem de levar em conta toda a estrutura teórica, material e humana
da escola.”
Para Przybylski (1985, p.24) “supervisão pedagógica é o processo que tem por objectivo
prestar ajuda técnica no planeamento, desenvolvimento e avaliação das actividades
educacionais em nível de sistema ou de unidades educacionais, tendo em vista a unidade das
acções pedagógicas, o melhor desempenho e o aprimoramento do pessoal envolvido na
situação ensino-aprendizagem.”
Segundo Giancaterino (2010), a supervisão pedagógica é um meio de garantir a execução do
que foi planeado, exigindo cada vez mais, um profissional preparado para o exercício desta
função, desempenhando funções variadas que reflectem em sua própria diversidade de
flutuações conceituais e posições políticas.

8.2. O papel da supervisão pedagógica


A supervisão pedagógica é responsável pelo planeamento e execução do processo educativo.
Sem esse acompanhamento a instituição fica impossibilitada de atingir a melhoria do processo
ensino-aprendizagem.

8.3. Princípios da supervisão pedagógica


Para que a supervisão possa realizar um trabalho eficaz ela segue alguns princípios, que são
assim denominados: científico, democrático, cooperativo, construtivo, objectivo, permanente,
abrangente e planejado e avaliativo (Nérici, 1976).

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8.4. Funções da supervisão pedagógica
Segundo Nérici (1976), a supervisão pedagógica desempenha as seguintes funções:
a) Promover debates sobre a elaboração e execução do Projecto Político Pedagógico,
baseado na realidade escolar;
b) Assistir ao corpo docente, incentivando-o na elaboração dos planos de aula, na escolha
dos livros didácticos e nos projectos educacionais;
c) Promover o aperfeiçoamento do corpo docente e dos profissionais envolvidos no
processo ensino-aprendizagem;
d) Participar da execução das actividades inerentes aos planos de trabalho da escola;
e) Divulgar métodos e técnicas de trabalho;
f) Verificar o aproveitamento escolar dos educandos e incentivar possíveis planos de
recuperação;
g) Avaliar constantemente todo o processo educacional, verificando os erros e buscando
soluções com a equipe envolvida no processo;
h) Promover o inter-relacionamento de todos os profissionais da escola;

Portanto, são muitas as funções desempenhadas pelo supervisor pedagógico, mas se não
houver cooperação da Direcção da Escola para gerir os meios, as dificuldades e necessidades
do grupo, será difícil alcançar a eficácia no processo ensino aprendizagem.

8.5. Objectivos da supervisão pedagógica


Segundo Lemus apud Przybylski (1985, p.72), os objectivos gerais da supervisão pedagógica
são os seguintes:
a) Conseguir a superação do grau de madureza profissional do pessoal em serviço.
b) Conseguir um maior desenvolvimento do currículo de estudos, consistente em sua
interpretação, elaboração, aplicação e avaliação.
c) Conseguir um melhor relacionamento entre a escola e a comunidade, por meio de uma
extensão da escola e uma elaboração e desenvolvimento de programas em conjunto.
d) Dar condições para que os objectivos da educação sejam atingidos.

8.6. Etapas da função supervisora


De acordo com Ferreira (2010), as principais etapas da função supervisora são as seguintes: o
planeamento, o acompanhamento, o controle e o aperfeiçoamento do trabalho a ser
desenvolvido.

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9. Modelos de formação de professores em Moçambique.
Em Moçambique tiveram espaço vários modelos de formação de professores, de acordo com
a vontade política do momento e o tipo de cooperação adoptado pelo país para a formação do
corpo docente. Diversas experiências foram aplicadas entretanto, pode-se distinguir duas
grandes fases da formação dos professores: antes da independência e pós-independência.

9.1. Primeira fase: antes da independência


De acordo com Niquice (2006), nesta fase existiam dois tipos de escolas de formação de
professores a saber:
a) A primeira escola de habilitação de professores, foi criada em 1930 para a formação
de professores do ensino primário rudimentar. Os mesmos professores podiam ser
colocados nas escolas oficiais, particulares ou nas missões religiosas. Esta escola
destinava-se à formação dos indígenas.
b) Magistérios Primários (de 1962 a 1966), foram criados para formar professores do
ensino primário com habilitação legal para ensinar os filhos dos colonos. Nesta
primeira fase, os candidatos à formação de professores tinham que possuir a quarta
classe e, por sua vez, a formação tinha uma duração de três anos.
A questão central que levou Moçambique a alterar o Sistema Nacional de Educação, foi a
exclusão do povo moçambicano no sistema público de Educação pelo regime colonial
português, pois, foi um sistema menos abrangente, no qual grande parte da população não
teve oportunidade de ingresso, causando um elevado número de população analfabeta.

9.2. Segunda fase: pós-independência


Depois da independência Nacional, em Junho de 1975, a situação mudou. Com isso, houve
necessidade de formar um “homem novo” liberto dos pesadelos da colonização e capaz de
desenvolver o país, como afirmava Samora Machel: “o futuro de Moçambique necessitaria de
gente bem formada para desenvolver o país” Duarte (2009), citado em Funes (2012).

a) Em 1982 e 1983, foram introduzidos modelos de tipo 6ª+1 e 6ª+3 anos de formação,
com os seguintes objectivos: adquirir conhecimentos que permitissem melhorar o
ensino no país; formar o professor com capacidades reflexivas e muni-lo de
conhecimentos relacionados com a área de pedagogia e didáctica, sendo esta a base
para a prática docente (Funes, 2012).
b) Em 1991 introduziu-se o modelo de 7ª+3 anos de formação. Esta mudança de 6ª +1
para 7ª +3 anos de formação, como afirmam Golias e Tomo, citados por Funes (2012)
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deveuse à constatação segundo a qual “os cursos de duração igual ou inferior a um ano
não asseguravam aos futuros professores o desenvolvimento de um conjunto de
habilidades e capacidades para exercer o seu ofício com competências mais adequadas
ao ritmo do desenvolvimento do país”.
Os princípios gerais que acompanhavam esse processo de formação eram segundo MINED
(1995) apud Funes (2012), a articulação da teoria com a prática, isto é uma interligação entre
o que se aprendia na sala com o que acontecia realmente nas escolas (o estágio ajudava a
viver essa interligação); a transferência de conhecimentos, atitudes e competências
profissionais para a profissão e o princípio da inovação e investigação, o que significa que
sempre foi preocupação das instâncias formadoras de professores, inculcar desde a formação a
cultura da pesquisa porque acreditava-se no conhecimento e na ciência sempre dinâmicos e
em construção. Neste novo modelo, a formação ajustou-se à nova realidade de Moçambique,
caracterizada pelo multipartidarismo.

c) De acordo com Duarte (2009) apud Funes (2012), em 1996 entrou em vigor o curso de
10ª+2 anos de formação docente nos Institutos de Magistérios Primários (IMAP`s).
Introduziu-se este modelo para formar professores habilitados em matérias
pedagógicas tendo em vista a inovação. Neste currículo “privilegiou-se uma
perspectiva integrada teórico-prática, facilidade na transmissão dos conhecimentos,
atitudes e competências para a prática profissional futura, a inovação e a investigação.
d) Segundo DNFPTE (2004), em 2008 entram em vigor os modelos de formação de
professores de tipo 10ª +1 e 12ª+1, com o objectivo principal de formar um
professor/educador com apetrechos profissionais, capaz de conciliar a teoria com a
prática e, acima de tudo, um professor pesquisador. A adopção destes últimos modelos
de formação de professores em Moçambique prendem-se aos factores de ordem
geopolítica, económica, sociocultural, o que coloca o Governo de Moçambique no
desafio de ampliar as possibilidades de acesso, para os cidadãos, ao ensino primário e
assegurar que mais moçambicanos frequentem a escola, prevendo-se que, até 2015, a
taxa de escolarização seja de 97%.

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10. Conclusão

A Educação em Moçambique é constituída por vários subsistemas, cada uma das quais
correspondendo a uma organização estratégica específica para a consecução das finalidades e
objectivos também específicos.
Os ciclos de formação correspondem a unidades de aprendizagem no Sistema Nacional de
Educação. A sua finalidade última insere-se no âmbito de flexibilização do processo de
ensino/aprendizagem, de tal forma que os conteúdos, competências e habilidades sejam
concebidas e abordadas de uma forma integral e preparando os alunos para a vida.
O funcionamento das escolas depende da instauração de um currículo que abrange as
aspirações educativas dos alunos em particular e da comunidade em geral.
A Administração Escolar como o estudo da organização e do funcionamento de uma escola
ou de um sistema escolar, tem como objectivo educar as crianças, os jovens e até mesmo os
adultos. É tarefa diferente de qualquer outra, muito mais complexa, pois envolve elementos
humanos e materiais, sem comparação possível com os da indústria.
Os elementos que constituem uma nova orientação na Administração escolar, segundo o
Simpósio de A.E., que devem ser adoptados são: 1º Planeamento; 2º Organização; 3º
Assistência à execução; 4º A avaliação dos resultados; 5º Relatório.
Os principais órgãos de gestão escolar são: a Direcção da escolar, Conselho Pedagógico-
Administrativo, Director Pedagógico e Sector Administrativo.
A supervisão pedagógica é o processo que tem por objectivo prestar ajuda técnica no
planeamento, desenvolvimento e avaliação das actividades educacionais em nível de sistema
ou de unidades educacionais, tendo em vista a unidade das acções pedagógicas, o melhor
desempenho e o aprimoramento do pessoal envolvido na situação ensino-aprendizagem.
O Governo moçambicano reconhece que a formação de um ano para o futuro professor não é
suficientemente eficaz para responder às exigências sempre mutáveis da educação. Esta
formação inicial não satisfatória o tipo de professores que deseja-se (actualizado, reciclado e
pronto para acompanhar as dinâmicas do desenvolvimento). Deste modo, os professores, para
além da sua formação básica, necessitam de uma continuada actualização, através de
reciclagens e capacitações. Trata-se de uma formação contínua em áreas-chave como:
docência de didácticas específicas, prática pedagogia, profissionalismo, deontologia (ética),
humanismo (cultural e social).

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Referências bibliográficas

 DNFPTE. (2004). Estratégia para formação de professores 2004 – 2015 proposta de


políticas. Maputo.
 Ferreira, N. S. C. (2010). Supervisão Educacional Para Uma Escola de Qualidade.
SP: Cortez.
 Funes, C. (2012). Formação Contínua dos Docentes na Universidade Pedagógica –
Moçambique. Itália: Universidade de Bergamo.
 Giancaterino, R. (2010). Supervisão Escolar e Gestão Democrática. Rio de Janeiro:
Wak.
 INDE/MINED (2008). Plano Curricular do Ensino Básico (PCEB): Objectivos,
estrutura, Planos de Estudos e Estratégias de Implementação. Maputo
 Lei n°6/92 de 6 de Maio. Sistema Nacional de Educação. Maputo
 Nérici, I. G. (1976). Introdução à Supervisão Escolar. Atlas.
 Niquice, A. (2006). Formação de professores primários: construção do currículo.
Maputo: Texto Editora.
 Piletti, C. (2004). Didáctica Geral. 23ª edição. São Paulo: Ática editora.
 Przybylski, E. (1985). Supervisão Escolar Concepções Básicas. RS: Sagra.

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