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Trabalho de Campo
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1.1. Objectivos
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2. Os subsistemas de educação em Moçambique
O conceito de subsistema remete-nos a noção de que dentro de um dado sistema existem
vários outros sistemas subalternos que no seu todo corporizam o sistema-mãe. Na educação
tal realidade é notória que, embora o fim último seja a formação integral, diferem os
objectivos e finalidades de cada subsistema do sistema escolar-macro. Assim de acordo com a
Lei n°6/92 de 6 de Maio, os principais subsistemas da educação em Moçambique são:
educação infantil (pré-escolar), Ensino geral, técnico profissional, superior, e educação de
adultos.
2.2.Ensino geral
O ensino geral é o eixo central do Sistema Nacional de Educação e confere a formação
integral e politécnica. Os níveis e conteúdos deste ensino constituem ponto de referência para
todo o Sistema Nacional de Educação. O ensino Geral compreende dois níveis: Primário e
Secundário.
O ensino de adultos é aquele que é organizado para indivíduos que já não se encontram na
idade normal de frequências dos ensinos geral e técnico profissional.
Esta modalidade de ensino é também destinada aos indivíduos que não tiveram oportunidade
de se enquadrar no sistema de ensino escolar na idade normal de formação ou que não
concluíram.
Idade 6 7 8 9 10 11 12
Classes 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª
Ciclos 1º 2º 3º
Grau 1º 2º
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O 2º ciclo, centrando-se na introdução de aprendizagens novas relativas às Ciências Sociais e
naturais, consolida os conteúdos do 1º ciclo e, o 3º ciclo é uma espécie de consolidação dos
dois primeiros ciclos, compreendendo a preparação do aluno para a continuação dos estudos
noutras classes e/ou enfrentar a vida.
Esta estrutura curricular compreende também dois graus: o primeiro que parte da 1ª à 5ª
classes e o segundo de 6ª à 7ª classe. Esta estruturação inscreve-se numa visão integral dos
conteúdos orientados ao desenvolvimento articulado e integrado de conhecimentos, valores e
habilidades e complementadas pelas actividades extracurriculares. (PCEB, 2008, p27)
De um modo geral, a estrutura curricular deste subsistema de ensino pretende garantir um
desenvolvimento integrado mediante as áreas curriculares distribuídas de seguinte modo:
Comunicação e Ciências Sociais: Língua Portuguesa, Línguas moçambicanas, Língua
Inglesa, Educação Musical, Ciências Sociais, Educação Moral e Cívica.
Matemática e Ciências Naturais: Matemática, Ciências Naturais
Actividades Práticas e Tecnológicas: Ofícios, Educação Visual, Educação Física
A crescente e dinâmica transformação das sociedades inquieta a escola. Hoje a escola deve
tentar sobreviver ante as transformações sociais procurando encarar o conhecimento como
dinâmico e mutável, construindo-o colaborativamente e relegando a concepção tradicionalista
de educação dentro da qual “ o formando aprende imitando o mestre as técnicas empregues
pelo professor mais velho, mais experiente e perito na sua profissão, seguindo as suas
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instruções e conselhos. A mestria no ofício é passada de geração em geração” (Alarcão, 1996,
p.96), como se fosse válido para todos os contextos do ensino e/ou da fornação.
É nesta dinâmica social em que o currículo se inscreve, para dentro do conjunto de disciplinas
“cada uma dela organizada numa sequência lógica em termos de conteúdo” ( Martins, op.cit),
dar respostas concretas às circunstâcias contextuais onde o ensino ou a educação tem lugar.
Percebido desta forma, o currículo desempenha um papel político na educação pelo facto de
na sua concepção e realização comportar implicações sociais significativas ao tocar as
necessidades emergentes da sociedade.
Entretanto, a planificação do currículo com base nos aspectos locais pode suscitar problemas
de compreensão, na medida em que o local pode ser percebido pura e simplesmente como um
espaço geográfico. O manual de apoio ao professor que contém “Sugestões para abordagem
do currículo local” vinca claramente a conceptualização do que, na verdade, pode ser
considerado “LOCAL” no currículo escolar:
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Na elaboração do currículo escolar a direcção da escola e os professores são os principais
dinamizadores, na medida em que são eles que planificam todas as actividades a serem
realizadas. Assim segundo Piletti (2004), na sua planificação, o currículo deve ter em conta as
seguintes etapas:
Para conceituá-la e delimitar seu campo de acção, usaremos o conceito aprovado pelo 1º
Simpósio de A.E., realizado em São Paulo, na Faculdade (Fa) de Filosofia (Fi) da
Universidade de São Paulo (U.S.P.), em Fevereiro de 1961:
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grupos que operam em divisão de trabalho; visa a unidade e a economia de acção, bem como
o progresso do empreendimento. O complexo de processos engloba as actividades específicas
– planeamento, organização, assistência à execução (gerência), avaliação dos resultados
(medidas), prestação de contas (relatório), e se aplica a todos os sectores da empresa: pessoal,
material, serviços, financiamento.
1º Planeamento – é o estudo que se faz sobre o problema a resolver. Primeiro deve-se ter em
vista o objectivo; conhecer o meio onde se vai trabalhar; fazer levantamento dos dados
elucidativos, estudá-los, separá-los, compará-los, examiná-los enfim, de todos os modos, para
que fique bem conhecido e possa ser indicada uma solução.
2º Organização – é a parte de estruturação, como em qualquer empresa. Estruturação de
órgãos administrativos necessários ao serviço, localizando-os de acordo com o sector;
provimento dos cargos com pessoal competente; compra de material didáctico, material de
consumo, mobiliário etc. regulamentação das atribuições da cada um, obedecendo ao
princípio de ordem (cada um em sua função) e estabelecendo as inter-relações, bem como
definição de responsabilidades; elaboração de um regimento interno.
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3º Assistência à execução – é o comando. Foi adoptada essa denominação porque o Director
não deve ser apenas um indivíduo que dá ordens. Ele deve dar toda a assistência a seus
auxiliares, para que possam executar bem suas tarefas.
4º Avaliação de resultados – A A.E. precisa conhecer se o plano está ou não dando resultado
e essa avaliação não se mede em dinheiro, como nas empresas comerciais, mas por medidas
quantitativas e qualitativas.
5º Relatório – Será feito no fim de cada ano, com a apresentação de resultados, ao mesmo
tempo que fará uma análise crítica dos factos, indicando onde e por que falharam as previsões,
terminando com sugestões que possam ser as mais indicadas no saneamento das falhas
porventura existentes.
8. A supervisão pedagógica
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8.4. Funções da supervisão pedagógica
Segundo Nérici (1976), a supervisão pedagógica desempenha as seguintes funções:
a) Promover debates sobre a elaboração e execução do Projecto Político Pedagógico,
baseado na realidade escolar;
b) Assistir ao corpo docente, incentivando-o na elaboração dos planos de aula, na escolha
dos livros didácticos e nos projectos educacionais;
c) Promover o aperfeiçoamento do corpo docente e dos profissionais envolvidos no
processo ensino-aprendizagem;
d) Participar da execução das actividades inerentes aos planos de trabalho da escola;
e) Divulgar métodos e técnicas de trabalho;
f) Verificar o aproveitamento escolar dos educandos e incentivar possíveis planos de
recuperação;
g) Avaliar constantemente todo o processo educacional, verificando os erros e buscando
soluções com a equipe envolvida no processo;
h) Promover o inter-relacionamento de todos os profissionais da escola;
Portanto, são muitas as funções desempenhadas pelo supervisor pedagógico, mas se não
houver cooperação da Direcção da Escola para gerir os meios, as dificuldades e necessidades
do grupo, será difícil alcançar a eficácia no processo ensino aprendizagem.
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9. Modelos de formação de professores em Moçambique.
Em Moçambique tiveram espaço vários modelos de formação de professores, de acordo com
a vontade política do momento e o tipo de cooperação adoptado pelo país para a formação do
corpo docente. Diversas experiências foram aplicadas entretanto, pode-se distinguir duas
grandes fases da formação dos professores: antes da independência e pós-independência.
a) Em 1982 e 1983, foram introduzidos modelos de tipo 6ª+1 e 6ª+3 anos de formação,
com os seguintes objectivos: adquirir conhecimentos que permitissem melhorar o
ensino no país; formar o professor com capacidades reflexivas e muni-lo de
conhecimentos relacionados com a área de pedagogia e didáctica, sendo esta a base
para a prática docente (Funes, 2012).
b) Em 1991 introduziu-se o modelo de 7ª+3 anos de formação. Esta mudança de 6ª +1
para 7ª +3 anos de formação, como afirmam Golias e Tomo, citados por Funes (2012)
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deveuse à constatação segundo a qual “os cursos de duração igual ou inferior a um ano
não asseguravam aos futuros professores o desenvolvimento de um conjunto de
habilidades e capacidades para exercer o seu ofício com competências mais adequadas
ao ritmo do desenvolvimento do país”.
Os princípios gerais que acompanhavam esse processo de formação eram segundo MINED
(1995) apud Funes (2012), a articulação da teoria com a prática, isto é uma interligação entre
o que se aprendia na sala com o que acontecia realmente nas escolas (o estágio ajudava a
viver essa interligação); a transferência de conhecimentos, atitudes e competências
profissionais para a profissão e o princípio da inovação e investigação, o que significa que
sempre foi preocupação das instâncias formadoras de professores, inculcar desde a formação a
cultura da pesquisa porque acreditava-se no conhecimento e na ciência sempre dinâmicos e
em construção. Neste novo modelo, a formação ajustou-se à nova realidade de Moçambique,
caracterizada pelo multipartidarismo.
c) De acordo com Duarte (2009) apud Funes (2012), em 1996 entrou em vigor o curso de
10ª+2 anos de formação docente nos Institutos de Magistérios Primários (IMAP`s).
Introduziu-se este modelo para formar professores habilitados em matérias
pedagógicas tendo em vista a inovação. Neste currículo “privilegiou-se uma
perspectiva integrada teórico-prática, facilidade na transmissão dos conhecimentos,
atitudes e competências para a prática profissional futura, a inovação e a investigação.
d) Segundo DNFPTE (2004), em 2008 entram em vigor os modelos de formação de
professores de tipo 10ª +1 e 12ª+1, com o objectivo principal de formar um
professor/educador com apetrechos profissionais, capaz de conciliar a teoria com a
prática e, acima de tudo, um professor pesquisador. A adopção destes últimos modelos
de formação de professores em Moçambique prendem-se aos factores de ordem
geopolítica, económica, sociocultural, o que coloca o Governo de Moçambique no
desafio de ampliar as possibilidades de acesso, para os cidadãos, ao ensino primário e
assegurar que mais moçambicanos frequentem a escola, prevendo-se que, até 2015, a
taxa de escolarização seja de 97%.
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10. Conclusão
A Educação em Moçambique é constituída por vários subsistemas, cada uma das quais
correspondendo a uma organização estratégica específica para a consecução das finalidades e
objectivos também específicos.
Os ciclos de formação correspondem a unidades de aprendizagem no Sistema Nacional de
Educação. A sua finalidade última insere-se no âmbito de flexibilização do processo de
ensino/aprendizagem, de tal forma que os conteúdos, competências e habilidades sejam
concebidas e abordadas de uma forma integral e preparando os alunos para a vida.
O funcionamento das escolas depende da instauração de um currículo que abrange as
aspirações educativas dos alunos em particular e da comunidade em geral.
A Administração Escolar como o estudo da organização e do funcionamento de uma escola
ou de um sistema escolar, tem como objectivo educar as crianças, os jovens e até mesmo os
adultos. É tarefa diferente de qualquer outra, muito mais complexa, pois envolve elementos
humanos e materiais, sem comparação possível com os da indústria.
Os elementos que constituem uma nova orientação na Administração escolar, segundo o
Simpósio de A.E., que devem ser adoptados são: 1º Planeamento; 2º Organização; 3º
Assistência à execução; 4º A avaliação dos resultados; 5º Relatório.
Os principais órgãos de gestão escolar são: a Direcção da escolar, Conselho Pedagógico-
Administrativo, Director Pedagógico e Sector Administrativo.
A supervisão pedagógica é o processo que tem por objectivo prestar ajuda técnica no
planeamento, desenvolvimento e avaliação das actividades educacionais em nível de sistema
ou de unidades educacionais, tendo em vista a unidade das acções pedagógicas, o melhor
desempenho e o aprimoramento do pessoal envolvido na situação ensino-aprendizagem.
O Governo moçambicano reconhece que a formação de um ano para o futuro professor não é
suficientemente eficaz para responder às exigências sempre mutáveis da educação. Esta
formação inicial não satisfatória o tipo de professores que deseja-se (actualizado, reciclado e
pronto para acompanhar as dinâmicas do desenvolvimento). Deste modo, os professores, para
além da sua formação básica, necessitam de uma continuada actualização, através de
reciclagens e capacitações. Trata-se de uma formação contínua em áreas-chave como:
docência de didácticas específicas, prática pedagogia, profissionalismo, deontologia (ética),
humanismo (cultural e social).
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Referências bibliográficas
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