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O simbolismo é um movimento artístico que surgiu no século XIX e teve como principais características o subjetivismo, o
espiritualismo, a religiosidade e o misticismo.
Na época em que se desenvolveu, o capitalismo e a industrialização estavam se consolidando na cena mundial, e diversas
descobertas científicas transmitiam a ideia de evolução da civilização.
No entanto, isso acabou gerando muitos problemas sociais, como o aumento das desigualdades, o que levou os artistas a
negarem a ideia de progresso.
Essa corrente artística, que se manifestou na literatura e na pintura, se aproximou dos ideais românticos de subjetivismo,
idealismo e individualismo. Assim, a objetividade foi posta de lado para dar lugar a uma nova abordagem mais subjetiva,
individual, pessimista e ilógica.
Se por um lado ele apresentou uma ligação com o romantismo, por outro, o simbolismo rejeitou as ideias dos
movimentos anteriores do realismo, do parnasianismo e do naturalismo.
Ele se afastou do rigor estético e do equilíbrio formal do movimento parnasiano, buscando se distanciar do materialismo
extremo e da razão. Dessa forma, explorou temas mais espirituais representando a realidade de uma forma diferente e
mais idealizada.
Houve grande interesse pelas zonas mais profundas da mente humana, como o universo inconsciente e subconsciente,
mostrando uma arte mais pessoal, emocional e misteriosa.
O movimento simbolista surge nas últimas décadas do século XIX na França, num momento em que o continente Europeu
assistia à ascensão da burguesia industrial. O capitalismo se fortalecia com a II Revolução Industrial, permitindo a
industrialização de diversos países.
Esse processo industrial foi alavancado pela unificação da Alemanha, em 1870, e da Itália, no ano seguinte. Por outro
lado, esse progresso capitalista gerou uma grande desigualdade social, levando a insatisfação dos trabalhadores mais
pobres.
Nessa fase, muitas inovações no campo científico levaram a ideia de progresso, como, por exemplo, o uso da energia
elétrica, de produtos químicos e do petróleo para a produção de combustível.
Há, assim, a disputa das grandes potências (como Inglaterra, Alemanha e Rússia) pela diversificação de mercados, de
consumidores e matéria-prima.
É também o momento do neocolonialismo que fragmenta a África e a Ásia, devido ao imperialismo de alguns países
europeus industrializados, considerados as grandes potências mundiais.
Por fim, todos esses fatores irão desencadear a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) no início do século XX:
o progresso do capitalismo;
Diante desse panorama, o movimento simbolista surge para desafiar esse cenário opondo-se às correntes materialistas,
cientificistas e racionalistas que vigoravam, negando a realidade objetiva.
Além disso, ele vem apoiar a camada da sociedade que está à margem do processo de avanço tecnológico e científico,
promovido pelo capitalismo.
As características do simbolismo
Os temas abordados pelos artistas simbolistas como a morte, a dor de existir, a loucura e o pessimismo são subjetivos, se
afastando da realidade objetiva e de assuntos relacionados com a esfera social.
A projeção é de frustração, medo e desilusão, e o simbolismo surge como uma forma de negar a realidade objetiva.
Renascem, assim, os ideais espiritualistas.
A arte simbolista busca transcender a realidade por meio do misticismo e da espiritualidade, ao mesmo tempo que tenta
encontrar nas zonas mais profundas da alma respostas para as angústias e dores.
Esses fatores se relacionam diretamente com o contexto histórico em que está inserida essa corrente artística, pois esse
momento é marcado por uma crise espiritual. Isso leva os artistas a sentirem e analisarem o mundo, as coisas e os seres
de maneira diferente.
3. Presença de religiosidade
Embora diversos temas da arte simbolista estejam relacionados com um universo mais sombrio e misterioso, é possível
identificar em algumas obras uma visão cristã aliada ao desejo da fuga da realidade.
Marcado pela busca do homem pelo sacro e de um sentimento de totalidade, a literatura simbolista faz da poesia uma
espécie de religião. Dessa forma, muitos escritores simbolistas utilizam palavras do vocabulário litúrgico que reforçam
essa característica, tais como: altar, arcanjo, catedral, incenso, salmo, cântico.
Contrário ao objetivismo, no movimento simbolista o “eu” é valorizado e a verdade é encontrada através da consciência
humana.
Dessa maneira, há um grande interesse pelas zonas mais profundas da mente, como o inconsciente e o subconsciente.
O simbolismo apresenta uma linguagem muito particular, envolta em mistério e com grande expressividade e
musicalidade. Esses atributos proporcionam às obras os ideais imateriais e psíquicos característicos do movimento.
Assim, a linguagem simbolista é sugestiva, pois sugere algo em vez de nomear, ou explicar objetivamente.
Nas obras simbolistas, há forte presença das figuras de linguagem, pois mais importante do que o significado real das
palavras, estão os sentidos poéticos, as sonoridades e as sensações.
As figuras mais utilizadas são: as metáforas e as comparações (que focam no sentido poético); as aliterações, as
assonâncias e as onomatopeias (que promovem a sonoridade); e as sinestesias (que sugerem a mistura de campos
sensoriais distintos).
Embora tenha se manifestado na prosa, foi na poesia que o simbolismo atingiu grande reconhecimento.
De caráter subjetivo e lírico, os escritores simbolistas preferiram expressar seus dramas existenciais através de sonetos,
forma fixa poética composta por dois quartetos e dois tercetos.
O simbolismo retoma alguns elementos românticos almejando ir além do aspecto palpável das coisas. Podemos citar o
subjetivismo, a irracionalidade, o gosto pelo mistério e por ambientes noturnos.
Dessa forma, os temas explorados por ambos os movimentos se aproximam como a dor de viver, a angústia do ser
humano, os dramas existenciais, a tristeza profunda e a insatisfação.
A arte simbolista opõe-se ao cientificismo, levantando a questão sobre a validade da ciência para explicar os fenômenos
da natureza.
Os artistas simbolistas acreditam que a ciência é limitante, colocando em dúvida sua capacidade absoluta. Dessa maneira,
as ideias são apresentadas de maneira simbólica, na qual se acredita estar o verdadeiro sentido de tudo.
O movimento simbolista passa a ser a rejeição ao mecanicismo, por meio do sonho, da tendência cósmica e do absoluto.
Aliado à sondagem interior da mente, os artistas humanistas buscavam explicações através de sonhos, onde o universo
onírico (relativo aos sonhos) fazia parte da realidade subjetiva e dos estados contemplativos.
O simbolismo no Brasil
O simbolismo no Brasil começou em 1893 com a publicação das obras de Cruz e Sousa: Missal (prosa) e Broquéis (poesia).
Esse movimento permanece até o ano de 1910, quando se inicia o Pré-Modernismo.
O momento é de agitação política, pois, com a Proclamação da República em 1889, o país estava passando por um
momento de transição. Há, assim, uma transformação na cena política, com a passagem do regime monárquico para o
regime republicano.
Com a instauração da República da Espada em 1889, alguns conflitos despontaram por conta da crise política e de disputa
de poder.
Houve, assim, a Revolução Federalista (1893-1895), que aconteceu nos estados do sul do país, e a Revolta da Armada
(1891-1894), ocorrida no Rio de Janeiro.
Além do precursor do movimento, Cruz e Sousa, Alphonsus de Guimaraens e Pedro Kilkerry merecem destaque na poesia
simbolista brasileira.
João da Cruz e Sousa (1861-1898), nascido em Florianópolis, Santa Catarina, foi o mais importante poeta simbolista. Filho
de escravos, teve uma vida confortável entre uma família aristocrata que o ajudou nos estudos.
Apesar de ter escrito diversos textos poéticos, publicou somente duas obras em vida: Broquéis (1893)
e Missal (1893). Missal é uma obra em que constam poemas escritos em prosa, enquanto Broquéis apresenta 54 poemas,
dentre os quais 47 são sonetos.
Postumamente foram publicados outros de seus escritos: Evocações (1898), Faróis (1900) e Últimos Sonetos (1905).
Vítima de preconceito racial, o escritor lutou a favor da causa negra. Sua obra é bem diversa e reúne temas como:
obsessão pela cor branca, a dor, a morte e o pessimismo.
Veja abaixo um de seus poemas, publicado em sua obra poética Broquéis (1893).
Acrobata da Dor
Alphonsus de Guimaraens (1870-1921), nascido em Ouro Preto, Minas Gerais, foi um dos grandes poetas do movimento
simbolista, apresentando uma obra religiosa, de caráter místico, espiritual e sentimental.
Os temas mais presentes em sua obra poética são: a dor do amor, a saudade da amada e a morte. Isso porque o grande
amor de sua vida, sua prima Constança, morreu muito jovem.
De sua obra, destacam-se: Septenário das Dores de Nossa Senhora (1899), Dona Mística (1899), Kyriale (1902), Pauvre
Lyre (1921) e Pastoral aos Crentes do Amor e da Morte (1923).
Confira abaixo um de seus poemas mais emblemáticos, publicado no livro Pastoral aos Crentes do Amor e da Morte, em
1923.
Ismália
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar…
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
Durante sua vida, Kilkerry não publicou nenhuma obra, no entanto, seus escritos foram reunidos postumamente. Com
uma poesia diversa, ele explora diversos temas relacionados com a religiosidade, o misticismo, os sonhos e o amor.
Confira abaixo um de seus poemas, escrito em 1907 e publicado na obra Revisão de Kilkerry, de Augusto de Campos.
Sob os ramos
Pré-Modernismo no Brasil
O Pré-Modernismo foi um período de intensa movimentação literária que marcou a transição entre o simbolismo e o
modernismo.
Caracteriza-se pelas produções desde início do século até a Semana de Arte Moderna, em 1922.
Para muitos estudiosos, esse período não deve ser considerado uma escola literária, uma vez que apresenta inúmeras
produções artísticas e literárias distintas.
Em outras palavras, ele reúne um sincretismo estético, com presença de características neorrealistas, neoparnasianas e
neosimbolistas.
Características do pré-modernismo
Regionalismo e nacionalismo;
No início do século XX, o Brasil e o mundo estavam passando por uma fase de muitas mudanças. Podemos destacar a
transição da República da Espada para a República Velha, cuja política do café com leite concentrou o poder nas mãos das
oligarquias paulistas e mineiras.
Foi nesse panorama que o regionalismo brasileiro começa a se expandir na virada do século, sendo enfatizado por
diversos conflitos que surgiram entre a classe dominante e a classe dominada.
Assim, além da política do café com leite, inúmeras revoltas iam surgindo, tais como: revolta da vacina, revolta da
chibata, revolta da armada, revolta de Canudos, etc.
Diante disso, os artistas do momento, gradualmente foram se voltando para a realidade brasileira, e assim, buscando uma
linguagem mais simples e coloquial, o que resultou na produção de diversas obras de caráter social.
Por fim, nesse momento, diversos conflitos foram se espalhando pelo mundo, os quais culminariam na Primeira Guerra
Mundial, em 1914.
Os escritores pré-modernos assumem uma posição mais crítica em relação à sociedade e aos modelos literários
anteriores.
Muitos deles rompem com a linguagem formal do arcadismo e, além disso, exploram temas históricos, políticos e
econômicos.
Os pré-modernistas que se destacaram na prosa foram: Euclides da Cunha, Graça Aranha, Monteiro Lobato e Lima
Barreto. Já na poesia, merece destaque o poeta paraibano Augusto dos Anjos.
Euclides Rodrigues da Cunha foi um escritor, poeta, ensaísta, jornalista, historiador, sociólogo, geógrafo, poeta e
engenheiro brasileiro. Ocupou a cadeira 7 na Academia Brasileira de Letras de 1903 a 1906.
Publicou Os Sertões: Campanha de Canudos, em 1902, a qual é dividida em três partes: A Terra, o Homem, A Luta. Essa
obra regionalista retrata a vida do sertanejo. Publicou também a Guerra de Canudos (1896-1897) no interior da Bahia.
José Pereira da Graça Aranha foi um escritor, diplomata maranhense e um dos fundadores da Academia Brasileira de
Letras e organizador da Semana de Arte Moderna de 1922.
Sua obra que merece destaque é Canaã, publicada em 1902. Ela aborda sobre a migração alemã no estado do Espírito
Santo. Outras obras que merecem destaque são: Malazarte (1914), A Estética da Vida (1921) e Espírito Moderno (1925).
José Bento Renato Monteiro Lobato foi um escritor, editor, ensaísta e tradutor brasileiro.
Um dos mais influentes escritores do século XX, Monteiro Lobato ficou muito conhecido por suas obras infantis de
caráter educativo, como, por exemplo, a série de livros do Sítio do Pica-Pau Amarelo.
Em 1918 publica Urupês, uma coletânea regionalista de contos e crônicas. Já em 1919 publica Cidades Mortas, livro de
contos que retrata a queda do Ciclo do Café.
Afonso Henriques de Lima Barreto, conhecido como Lima Barreto, foi um escritor e jornalista brasileiro.
Autor de uma obra crítica veiculada aos temas sociais, o escritor rompe com o nacionalista ufanista e faz críticas ao
positivismo.
Sua obra que merece destaque é o Triste Fim de Policarpo Quaresma escrito numa linguagem coloquial. Nela, o autor faz
crítica à sociedade urbana da época.
Apesar de ser considerado simbolista, o poeta Augusto dos Anjos teve grande destaque no período pré-moderno.
Conhecido como o "poeta da morte" pelos temas inquietantes e sombrios explorados, ele ocupou a cadeira n° 1 da
Academia Paraibana de Letras.
Sua única obra publicada em vida, Eu (1912), reúne diversos poemas que chocam pelos temas, pela agressividade, pelo
uso de uma linguagem coloquial e cotidiana, bem como o de palavras consideradas antipoéticas.
V. Uma categoria geográfica que Hegel não citou. Como se faz um deserto. Como se
extingue o deserto. O martírio secular da terra.
O Homem
Descrição do homem, da vida e dos costumes do sertão, ou seja, do sertanejo. Trata-se de um estudo
antropológico e sociológico, donde o homem é determinado pela tríade - meio, raça e história - segundo a
teoria determinista do historiador francês Hippolyte Taine (1828-1893). Essa parte da obra é dividida em 5
capítulos:
II. Gênese dos jagunços. Função histórica do rio S. Francisco. Os jagunços: colaterais
prováveis dos paulistas. O vaqueiro. Fundações jesuíticas na Bahia. Causas favoráveis à
formação mestiça dos sertões, distinguindo-a dos cruzamentos no litoral. Um parêntesis
irritante. Uma raça forte.
I. Preliminares. Antecedentes.
IV. Nos Tabuleirinhos. Segundo combate. A Legio Fulminata de João Abade. Novo milagre
de Conselheiro.
V. Retirada.
I. Moreira César e o meio que o celebrizou. Floriano Peixoto. Moreira César. Primeira
expedição regular. Crítica. Cresce a População de Canudos. Como aguardam os jagunços a
nova expedição. Trincheiras. Armas. Pólvora. Balas. Lutadores. João Abade. Procissões.
Rezas.
II. Partida de Monte Santo. Primeiros erros. Nova estrada. Em marcha para Angico.
Psicologia do soldado brasileiro.
III. Pitombas. O primeiro encontro. “Esta gente está desarmada...”. O pânico e a bravura.
“Em acelerado! ”. Dois cartões de visita ao Conselheiro. Um olhar sobre Canudos. Chegada
da Força. Rebate.
VI. Debandada. Fuga. Salomão da Rocha. Um arsenal ao ar livre. Uma diversão cruel.
A quarta expedição é dividida em 8 capítulos:
III. Coluna Savaget. Carlos Teles. Cocorobó. Retrospecção geológica. Diante das trincheiras.
Carga de baionetas excepcional. A travessia. Macambira. Nova carga de baionetas.Fuzilaria.
Bombardeio. Trabubu. Emissário inesperado. Destrói-se um plano de campanha.
IV. Vitória singular. O medo. Baixas. Começo de uma batalha crônica. Canhoneio. Réplica
dos jagunços. Regímen de privações. Aventuras do cerco. Caçadas perigosas. Desânimos.
Assalto ao acampamento. A “matadeira”. Atitude do comando-em-chefe. Outro olhar
sobre Canudos. Desânimo. Deserções heroicas. Um choque galvânico na expedição
combalida.
V. O assalto: preparativos. Plano do assalto. O recontro. Linha de combate. Crítica.
Confusão. Tocaias dos jagunços. Nova vitória desastrosa. Baixas. Nos flancos de Canudos.
Posição crítica. Notas de um diário. Triunfos pelo telégrafo.
VI. Pelas estradas. Os feridos. Depredações. Incêndios. Primeiras notícias certas. Baixas.
Versões e lendas. “Viva o Bom Jesus !”. Um lance épico.
VII. Outros reforços. A brigada Girard. Heroísmo estranho. Em viagem para Canudos.
II. Marcha da divisão auxiliar. Medo glorioso. Caxomongó. Rebate falso. Em busca de uma
meia ração de glória. Aspecto do acampamento. Canudos. O charlatanismo da coragem.
III. Titãs contra moribundos. Constringe-se o assédio. Cavando o próprio túmulo. Trincheira
de cadáveres. Em torno das cacimbas. Sobre os muradais da igreja nova.
V. O assalto. O canhoneio. Réplica dos jagunços. Baixas. Tupi Caldas. A dinamite. Continua
a réplica. Baixas. No hospital de sangue. Notas de um Diário. Antônio, o Beatinho. Morte
de Conselheiro. Prisioneiros.