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Ed Rocha

Igreja ou Senzala?
First published by Ed Rocha in 2017

Copyright © Ed Rocha, 2017

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Contents

ESCRAVOS OU FILHOS?
O MEDO
A LEI
A GRAÇA
A FAMÍLIA
O CONFRONTO
SUBMISSÃO
O DESAFIO
BIO
1

ESCRAVOS OU FILHOS?

E, porque vocês são filhos, Deus enviou o Espírito


de seu Filho ao coração de vocês, e ele clama:
“Aba, Pai”. Assim, você já não é mais escravo,
mas filho—Gálatas 4:4-7
Escravos

Você é livre? Tem certeza? Se você faz parte de


uma igreja onde a doutrina não permite que você
confronte seu líder em amor, nem permite que você
seja como você gostaria de ser, fale como gostaria
de falar, se expresse ou se vista como você gostaria,
então você não está em uma igreja, está em uma
senzala.

Quando eu fiz esse comentário no Facebook


minha postagem atingiu mais de 2 milhões de
pessoas de forma completamente orgânica. Foi aí
que eu percebi que havia acertado em algo
relevante. O número assustador de pessoas
alcançadas por aquela mensagem de maneira
orgânica me mostrou que esse tema era algo que a
Igreja do nosso Senhor Jesus precisava ouvir.

Há dois mil anos atrás, quando Jesus derramou


água e sangue do seu lado na cruz, Ele não
visionava uma Igreja escravizada por tradições e
doutrinas dos homens e sim uma igreja liberta e livre
para expressar a liberdade com a qual Cristo a
libertou.

Não podemos entrar calados na escuridão da


noite fria da escravidão da alma e da mente, não
podemos ignorar o quadro que temos visto ser
pintado debaixo do pincel da religiosidade, não
podemos virar um olho cego para o padrão
conflitante de igreja que temos visto subsistir hoje,
padrão esse que muitas vezes acaba fazendo mais
mal do que bem, padrão que se repete de geração a
geração gerando escravos ao invés de filhos. Chegou
a hora de mudar, de gritar basta, de quebrar os
grilhões da escravidão da religiosidade e de
recebermos a revelação do que realmente somos aos
olhos de Deus: filhos!

Mas o mais inquietante não é o fato de hoje, em


pleno século 21, ainda existirem igrejas que insistem
com padrões de comportamento do século passado,
e quem sabe, até do milênio passado, tornando seus
membros verdadeiros escravos. Eu creio que todos
tem o mesmo direito de expressarem sua fé como
acham devido porém, muitas igrejas ainda utilizam
fatores tais como o medo, a imposição e
manipulação. Eu chamo esses fatores de
Ferramentas de Controle. Vamos estudar essas
ferramentas mais à fundo em breve. Por enquanto
basta dizer que essas ferramentas não são, digamos,
exatamente as ferramentas que Jesus usaria para
liderar a sua Noiva. As Ferramentas do Controle são
utilizadas constantemente por líderes de várias seitas
religiosas há anos, isso não é novidade. Mas não é
desejável que tais ferramentas sejam usadas em
igrejas denominadas Cristãs. É chegada a hora e o
tempo dos líderes e pastores de igrejas
verdadeiramente Cristãs deixem de usar tais
ferramentas para "pastorear" suas ovelhas.
Filhos

Porque todos os que são guiados pelo Espírito


de Deus são filhos de Deus. - Romanos 8:14

O tema de libertar os cativos corre em toda a


extensão das escrituras. Deus deixa muito claro que
sua intenção é libertar, não escravizar. O próprio
Jesus, lendo a respeito de si mesmo em uma palavra
profética escrita por Isaias (Isaías 61:1), diz:
“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque
ele me ungiu para pregar boas novas aos pobres.
Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos
e recuperação da vista aos cegos, para libertar os
oprimidos e proclamar o ano da graça do
Senhor”. —Lucas 4:18-19
Alguém me disse que eu não deveria ter postado
no Facebook uma metáfora tão dura quanto a
senzala para falar da igreja. Ao que eu respondi que
pior do que postar no Facebook fez o apóstolo
Paulo que postou a mesma metáfora na Bíblia:
Foi para a liberdade que Cristo nos libertou.
Portanto, permaneçam firmes e não se deixem
submeter novamente a um jugo de escravidão. —
Gálatas 5:1

O que é uma senzala se não simplesmente o


lugar onde vivem os escravos? A senzala portanto
aponta para a escravidão. O Apóstolo Paulo usa a
metáfora da escravidão para exortar os Gálatas a não
se deixarem controlar e manipular pelos professores
judaizantes que tentavam persuadi-los a voltar a
seguir os preceitos da Lei de Moisés. O que nós
vemos acontecendo em muitas igrejas Cristãs hoje é
muito parecido com o que Paulo teve que líder com
os Gálatas. Essas igrejas usam as Ferramentas de
Controle para manter os crentes debaixo de
preceitos doutrinários que amarram o povo de Deus
debaixo de uma mentalidade de escravidão e não de
liberdade, para a qual Cristo nos libertou.
Repetir ou Reparar?

Os prisioneiros encolhidos logo serão postos


em liberdade; não morrerão em sua masmorra,
nem terão falta de pão.—Isaías 51:14

Não culpo os pastores e líderes das igrejas


Senzala por utilizarem as Ferramentas de Controle,
afinal, eu já fui um deles. Sou ordenado ao
ministério há 20 anos e sei bem o que é ser
controlado e controlar pelo medo. Mas há 12 anos
atrás enquanto eu trilhava o caminho da fé eu
encontrei um rio, um rio de amor. Eu mergulhei
nesse rio e tudo mudou. Mas antes de falar mais
sobre o Rio do Amor, voltemos aos líderes da igreja
Senzala. Eles não controlam suas congregações
através do medo de propósito ou por maldade, eles
o fazem simplesmente porque estão repetindo o que
eles mesmo um dia receberam. Eles também são,
por sua vez, vítimas das Ferramentas de Controle.
Eu chamo esses pastores e líderes de igrejas senzala
de Líderes Escravos, por quê? Porque eles não
somente lideram uma congregação com uma
mentalidade escrava mas eles mesmos ainda
possuem uma mentalidade escrava, eles mesmos são
ainda reféns e vítimas do controle e manipulação
que um dia sofreram.

Um do maiores problemas dos Líderes Escravos


é que eles são formados e consagrados à pastores
por outros Líderes Escravos. Eles só usam as
Ferramentas de Controle porque já foram vítimas
das mesmas, assim como eu um dia também fui.
Pessoas quebradas geram pessoas quebradas. É o
DNA do medo que é repassado de geração à
geração de líderes. A psicologia diz que na vida ou
nós repetimos ou reparamos, isto é, ou passamos à
frente o mesmo tratamento que recebemos ou
entendemos a necessidade de mudança e buscamos
formas de reparar os danos causados pelo
tratamento.
Içando as velas

Na maioria das vezes é mais fácil repetir do que


reparar. Repetir é fácil, repetir é simplesmente dar o
que você recebeu. Reparar já não é tão fácil, reparar
requer, em primeiro lugar, elucidação. Requer o
descontentamento com o status quo, o entendimento
de que algo está errado, de que algo precisa mudar.
Além disso, reparar requer revelação; uma vez que
você discerne que algo está errado e tem
descontentamento com o estado atual e o
entendimento de que você precisa mudar, então
você já içou as velas do seu barco e já está
preparado para a mudança. Resta então esperar
pelos ventos da revelação da direção a se tomar.
Mas como eu disse antes, é mais fácil repetir do que
reparar, e é isso que a maioria dos pastores faz, eles
repetem. Eles dão o mesmo tratamento que
receberam, eles lideram com as únicas ferramentas
que conheceram, as Ferramentas de Controle. No
próximo capítulo vamos estudar uma das maiores
ferramentas de controle utilizadas por líderes
legalistas para manter a congregação debaixo da
manipulação da Liderança Escrava: O Medo.
2

O MEDO

Há muitas Ferramentas de Controle usadas por


líderes de igrejas Cristãs por todo o mundo para
controlar suas congregações. São Ferramentas tais
como a manipulação, o legalismo, medo,
chantagem, pretextos, e muitos outros. Entre todas
elas, no entanto, talvez a pior e a mais utilizada seja
o medo.
“Ouvi teus passos no jardim e fiquei com medo,
porque estava nu; por isso me escondi”. - Gênesis
3:10
Perdido e Envergonhado

O medo encontrou abrigo pela primeira vez na


humanidade através da desobediência. Adão foi
primeiro ser humano a sentir medo. Quando eu leio
esse versículo eu tremo, mas o meu tremor é
diferente do tremor de Adão, eu tremo de emoção e
de paixão pela Presença do meu Papai. Hoje eu sei
que sou filho, sei o que Jesus fez por mim e sei que
posso correr para os braços de amor do Pai. Tenho
certeza que se Adão soubesse o que eu sei hoje ele
não teria fugido e se escondido, ao ouvir os passos
do Pai no jardim ele teria corrido para os seus
braços de amor. Mas Adão não sabia o que eu sei.
Adão só sabia que havia desobedecido a Deus e,
como uma criança que sabe que fez o que não
deveria, Adão sentiu medo e se escondeu.
Achado e Coberto

Ao contrário de muitos líderes e pastores, Deus


não te expõe, Ele te encobre. Ele não denuncia tua
nudez, teu pecado, tua vergonha, Ele te perdoa, te
protege e te acolhe. O Pai foi ao encontro de Adão e
Eva e os cobriu com pele de cordeiro. Ao imolar o
cordeiro de onde tirou as peles para os cobriu, Deus
provavelmente os ensinou sobre o poder do
sacrifício (Gênesis 3:21), do contrário como Abel
saberia qual oferta o Senhor aceitaria (Gen 4:3-5)?
A partir daí até Jesus a história da Bíblia se resume
em um Deus de amor buscando se reconciliar com
seus filhos. Ao contrário de Deus, infelizmente,
muitos pastores usam de sua autoridade para praticar
autoritarismo. Usam do púlpito como plataforma-
lança-alfinete e jogam lá de cima as pontadas em
todo mundo ouvir, quem merece e precisa, quem
não merece e não precisa e até quem não tem nada
com isso como um desavisado desafortunado
visitante. O líder deve ser um reflexo do pai e, ao
invés de acoar pelo medo e expor a vergonha do seu
povo, deveria acolher, perdoar, aconselhar, amar e
proteger. O problema é que fazer o certo dá
trabalho. Tem que ir um por um, cuidando de todo
mundo, visitando, aconselhando, passando azeite na
ferida, amando de verdade... isso dá muito trabalho.
Um pastor de verdade faz isso, paga o preço, mas o
mercenário está pouco se lixando, manda alfinetada
lá de cima e "se a carapuça serviu amigo, veste que é
sua!". Tenho pena desses líderes, a maioria não teve
um pai espiritual, uma figura de amor que pagasse o
preço e investisse em suas vidas. Estão só repetindo
o que receberam, derramando condenação em cima
do povo. Mas Jesus não veio condenar, veio salvar:
Pois Deus enviou o seu Filho ao mundo, não
para condenar o mundo, mas para que este fosse
salvo por meio dele. - João 3:17
Convencidos ou Convertidos?

A realidade é que nossos púlpitos estão cheios de


condenação, manipulação e medo. Essas palavras de
medo jogadas lá de cima não geram, muitas vezes,
verdadeiros convertidos e sim convencidos. São uma
geração de homens e mulheres convencidos da ira
vindoura e buscam abrigo através de práticas
religiosas. Mas não são convertidos pois a conversão
é uma metanóia, uma mudança de mente, da mente
carnal para a mente de Cristo. A mente de Cristo
não precisa ser controlada pelo medo pois é
controlada pelo Espírito Santo. Congregações
inteiras hoje ainda são motivadas a seguir a Deus
não por amor mas por medo de sofrerem punições e
castigos de um Deus irado que por fim pode acabar
os mandando para o inferno. Esses convencidos se
tornam religiosos legalistas que por sua vez geram
outros religiosos legalistas que baseiam seu
relacionamento com Deus em obras e não em amor.

"Ai de vocês, mestres da lei e fariseus,


hipócritas! Vocês fecham o Reino dos céus diante
dos homens! Vocês mesmos não entram, nem
deixam entrar aqueles que gostariam de fazê-lo. -
Mateus 23:13
Você Quer Matar Seu Pastor?

Congregações inteiras e até grandes


denominações cristãs internacionais, ainda hoje, são
doutrinadas debaixo de uma cultura do medo. Medo
de Deus pesar a mão, medo de maldições, medo de
punições, medo de exposições, medo de "tomarem
um banco", medo do medo. Seguem seus líderes
não porque são inspirados por eles mas sim porque
os temem. Temem sua autoridade, que na maioria
das vezes é inquestionável, pois afinal de contas, "ai
daquele que tocar no ungido do Senhor" (1 Samuel
26:11). O que as pessoas não entendem é que, a não
ser que você esteja armado e preparado com toda a
intenção e disposição de matar seu pastor, então esse
versículo não se aplica a você. Quando Davi disse
essas sábias palavras, Saul estava sozinho e
vulnerável. Então os valentes de Davi o instigaram a
tirar a vida de seu inimigo. Foi aí que Davi disse a
célebre frase que acabou sendo mal usada por
líderes maus e manipuladores como uma ferramenta
de medo contra qualquer desacordo por parte de
qualquer membro da congregação.

"Portanto, não tenham medo deles. Não há


nada escondido que não venha a ser revelado, nem
oculto que não venha a se tornar conhecido.-
Mateus 10:26

Jesus disse isso a seus discípulos pois os estava


enviando para evangelizar de dois em dois. Quando
ele diz "não tenham medo deles" está se referindo
aos fariseus que o haviam chamado de Belzebu, o
príncipe dos demônios (v.25). Os Fariseus eram
muito temidos pois eram eles que muitas vezes
denunciavam o pecado das pessoas e decidiam se
elas teriam que pagar algum preceito da lei, se
seriam punidas, se seriam expulsas da sinagoga ou
até mesmo se seriam apedrejadas e mortas diante de
todo o povo. As pessoas viviam debaixo de um
grande manto de medo que cobria toda a Judéia.
Medo dos Romanos que oprimiam o povo, medo
das guerras civis, rebeliões e motins que traziam
desequilíbrio para a vida cotidiana e o mercado,
medo dos autos impostos que levavam muitos à
ruína e à miséria, medo da tirania de seus
governantes, mas talvez o maior, mais presente e
mais constante medo era o medo dos líderes
religiosos.
Cadê o Controle?

Hoje, infelizmente, o quadro não mudou muito.


Continuamos sendo pastoreados através do medo ao
invés do amor. Se você tirar a ferramenta do medo
de alguns pastores eles não saberiam como governar
a igreja. Uma vez conversando com um pastor sobre
esse tema e sobre como deixar as Ferramentas de
Controle, ele me perguntou: "Mas Ed, se não
dermos mais "banco" nos que saem da linha, se não
disciplinarmos mais os membros, como poderemos
controlar a congregação?" Ao que eu respondi: "Aí
está a questão, querido pastor..." Eu dei um sorriso,
peguei nas mãos dele e continuei: "Como bons
pastores que somos, não fomos chamados para
controlar nossas ovelhas e sim, darmos nossas vidas
por elas."

Muitos pastores e líderes não conseguem nem


conceber um cenário onde suas ovelhas são livres
para discordar deles e confrontá-los em amor. Não
conseguem imaginar uma igreja sem as Ferramentas
do Controle, principalmente não conseguem
imaginar uma igreja que não seja governada por
princípios doutrinários com base na lei. Afinal, a lei
é boa ou ruim? Para que Deus criou a lei afinal de
Contas? E Jesus sanciona ou não a lei? Veremos as
respostas para essas e outras perguntas no próximo
capítulo: A Lei.
3

A LEI

Então foram abertos os olhos de ambos, e


conheceram que estavam nus; e coseram folhas de
figueira, e fizeram para si aventais. - Gênesis 3:7

A religião da folha da figueira fundada por Adão


foi reestabelecida por muitos homens até chegar aos
fariseus no tempo de Jesus. Desta vez as folhas de
figueira eram as obras da lei. A lei de Moisés era
usada pelos fariseus, e infelizmente ainda é usada até
hoje, como uma grande Ferramenta de Controle
para impor respeito e medo sobre o povo.
Excomungados

Muitos líderes dos judeus creram nele. Mas,


por causa dos fariseus, não confessavam a sua fé,
com medo de serem expulsos da sinagoga - João
12:42

Ser expulso da sinagoga naquela época


significava muito mais do que simplesmente "ir pro
banco" ou ser não poder mais tomar a santa ceia.
Ser expulso da sinagoga naquela época significava
excomungação, não só do acesso às atividades
religiosas na sinagoga, mas também da vida social e
social judaica em geral. Excomungação fazia parte
do contexto histórico existente do judaísmo Bíblico.
O fato é que os judeus do primeiro século
praticavam excomunhão constantemente, pela
menor falha possível.

Seus pais disseram isso porque tinham medo


dos judeus, pois estes já haviam decidido que, se
alguém confessasse que Jesus era o Cristo, seria
expulso da sinagoga. - João 9:22

Esta prática estava bem estabelecida e envolvia a


remoção de pessoas das festas regulares e encontros
do sistema da sinagoga ao redor do qual revolvia
todo o sistema de vida judaico. Uma pessoa expulsa
da sinagoga seria vista como um pária, um
amaldiçoado. Ninguém mais poderia fazer negócios
com ele e seu fim certamente seria sombrio e
incerto. Por isso os judeus temiam os fariseus, pois
eles eram os que decidiam quem se enquadrava no
rigoroso sistema de leis judaicas e quem deveria ser
expulso.

Vocês serão expulsos das sinagogas; de fato,


virá o tempo quando quem os matar pensará que
está prestando culto a Deus - João 16:2

Infelizmente essa Ferramenta de Controle


continua mantendo milhares de Cristãos presos à
medos, misticismos e ao controle de seus líderes
legalistas.

A verdadeira liderança não impõe, inspira

Ainda hoje, ao redor do mundo, Líderes


Escravos continuam que usando de legalismos, sob
o pretexto de doutrinas, para impor a sua autoridade
e liderança e exigir conformidade da sua
congregação. Mas foi para a liberdade que Cristo
nos libertou e não para ficarmos presos debaixo de
jugo de escravidão da lei (Gál 5:1). Jesus ao
entregar a vida por nós na Cruz do Calvário clamou
em Grego Teletestai que significa: Está pago por
completo. Ele se fez pecado por nós, ele se fez
sacrifício por nós, Ele pagou o preço pela nossa
redenção para que sejamos livres.

Mas ele foi ferido por causa das nossas


transgressões, e moído por causa das nossas
iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava
sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados -
Isa 53:5
Quem Liberta É Cristo

Ele levou sobre si as nossas dores, ele levou


sobre si nossos pecados. Ele pagou um alto preço
pela nossa liberdade. Jesus não morreu na cruz para
que nos colocássemos de novo debaixo do julgo da
lei. Os fariseus de hoje completamente ignoram a
complexidade do poder libertador da redenção e
continuam colocando fardos pesados nos nossos
ombros. Será que eles não sabem eles que essas
coisas não tem poder nenhum para nos libertar? Se
Cristo nos libertou verdadeiramente seremos livres
(João 8:36). Quem liberta é Cristo e não as obras. O
apóstolo Tiago deixou isso bem claro, não resta
dúvida, quem deixa de cumprir um preceito da lei é
culpado de descumprir toda a lei:
Porque qualquer que guardar toda a lei, e
tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de
todos. - Tiago 2:10

Assim que se você se acha mais justo do que seu


irmão porque você corta o cabelo como acha que a
Bíblia ensina que deve ser ou porque você não tem
tatuagem mas você não se circuncidou nem guarda o
sábado então você é culpado de transgredir toda a
lei.

O Apóstolo Paulo deixa bem claro que não é por


obedecer preceitos dos homens que vamos herdar a
nossa coroa. Preceitos e doutrinas de homens
ligados à usos e costumes não tem mais lugar
debaixo da nova aliança forjada pelo sangue de
Jesus na cruz do Calvário. O véu do Templo se
rasgou de alto abaixo e nos deu livre acesso a Deus,
não por obras de homens, mas pelo poder da cruz.
Não são preceitos humanos que vão nos aproximar
de Deus. O que nos aproxima de Deus é a fé.

Ora, se morremos com Cristo, cremos que


também com ele viveremos. -
Romanos 6:8
Mortos com Cristo

Os Líderes Escravos que governam suas igrejas


através das Ferramentas de Controle parecem que se
esqueceram que se nós já morremos com Cristo
para os princípios da carne então já não precisamos
mais de preceitos da lei de uma religiosidade morta,
pretensiosa e infantil. Muitas pastores e líderes
continuam tentando intimidar sua congregação
através de princípios da lei, continuam dizendo:
"Faça isso, não faça aquilo; pegue nisso, não
pegue naquilo; vista isso, não vista aquilo". São
Líderes Escravos que acham que essas coisas que
hoje estão aqui e amanhã desaparecem tem algum
poder de nos levar à eternidade com Deus.
Já que vocês morreram com Cristo para os
princípios elementares deste mundo, por que é
que vocês, então, como se ainda pertencessem a
ele, se submetem a regras: "Não manuseie! "
"Não prove! " "Não toque! "? Todas essas coisas
estão destinadas a perecer pelo uso, pois se
baseiam em mandamentos e ensinos humanos.
Essas regras têm, de fato, aparência de sabedoria,
com sua pretensa religiosidade, falsa humildade e
severidade com o corpo, mas não têm valor algum
para refrear os impulsos da carne. - Colossenses
2:20-23

Esses Líderes Escravos pregam e oram em voz


alta e conseguem impressionar a muitos. Falam com
o tom de voz trêmulo e enigmático, com uma certa
rouquidão, com uma respiração profunda no
microfone, chegam a parecer pessoas poderosas,
evocando humildade e sacrifício. Mas tudo isso não
passa de outra forma de auto-projeção, são
instrumentos de oratória e controle e manipulação
de massa que os fazem parecer importantes quando
na verdade, quando estão sozinhos, quando colocam
a cabeça no travesseiro à noite, se sentem tão sós,
frios e fracos quanto qualquer outro escravo na
senzala. Deus deu a lei ao homem através de Moisés
não para condenar o homem mas para salvá-lo
através de Cristo. A lei nunca salvou, a lei só
apontava para Cristo. A lei é uma placa na calçada
apontando para o caminho, Jesus é o próprio
caminho.

Respondeu Jesus: "Eu sou o caminho, a


verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser
por mim.-João 14:6
E, como disse Paulo a Timóteo, sabemos que a
lei em si é boa (1 Tim 1:8), mas alguns homens
sempre acham um jeito de perverter tudo e acabam
pervertendo e transformando a lei de Deus em
folhas de figueira para novamente tentar esconder a
sua vergonha. O problema com a folha de figueira,
que representa os esforços do homem de esconder
sua impureza de Deus, é que ela na verdade não
resolve o problema, só o encobre. Mas só o encobre
da vista de outro homem e não de quem
verdadeiramente importa que é Deus porque não é
uma folha de figueira que vai cobrir a visão de
Deus. Pense nisso, se super-homem tem visão de
raio-x imagina como é a visão de Deus? Ele vê a
alma e o coração.

“O Senhor não vê como o homem: o homem vê


a aparência, mas o Senhor vê o coração”. - 1 Sam
16:7
Libertos pela Graça

O que liberta o homem é a graça de Deus e não


as obras da carne. Nós podemos tentar fazer
cumprir toda a lei de Moisés mas no momento em
que tivermos um pensamento impuro colocamos
tudo a perder. O Apóstolo Tiago disse que podemos
ser fiéis a toda a lei mas se quebrarmos um
"mandamentozinho" se quer então somos culpados
de toda a lei (Tiago 2:10). O padrão debaixo do qual
estamos hoje não é o padrão de Moisés e sim o
padrão de Jesus. Estamos debaixo da Nova Aliança
em Cristo. Mas se você acha que o padrão de
santidade de Jesus é menor ou mais fraco que o de
Moisés, pense de novo, não... o padrão de Moisés é
"pinto" se comparado ao de Jesus. Porque na lei de
Moisés se você consumasse o ato do pecado então
você ficava impuro, agora, no padrão de Jesus
amigo, basta você pensar, isso mesmo, pensar no
pecado e você já se contamina.

"Vocês ouviram o que foi dito: ‘Não


adulterarás’. Mas eu lhes digo: qualquer que olhar
para uma mulher para desejá-la, já cometeu
adultério com ela no seu coração. - Mateus
5:27,28

Sendo assim, quem pode nos Salvar? Cristo!


Cristo pode nos salvar. Mas a salvação é pela graça e
não por obras. Vamos estudar mais sobre esse
contraste e sobre como não devemos mais nos
colocar debaixo de jugo de escravidão nem de uma
mentalidade de senzala no Capítulo 3: A Graça.
4

A GRAÇA

Jesus ia crescendo em sabedoria, estatura e graça


diante de Deus e dos homens. - Lucas 2:52

Me explica isso, como é que Jesus crescia em


graça diante de Deus se Ele é o próprio Deus?
Como é que ele pode crescer em graça se Ele
mesmo é o autor da graça? Tira um minuto e pensa
nisso. Não sério mesmo, antes de continuar lendo
tira um minuto pra refletir sobre essa pergunta.
Como pode aquele que é perfeito crescer em
qualquer área, muito mais em graça? Como é que o
Deus encarnado poderia crescer em graça diante de
Deus? Quando você terminar de refletir sobre isso
continue no próximo parágrafo.
E Deus Cresceu

Há muitos comentários e opiniões a respeito do


assunto, teólogos diferentes tem diferentes pontos de
vista sobre essa questão. Minha percepção é que
quando Lucas fala de Jesus crescer em graça não
está se referindo à sua natureza e essência divina
pois no que diz respeito as mesmas Jesus era
perfeito. Portanto Lucas se referia à natureza
humana de Jesus. Nós somos um espírito, temos
uma alma e habitamos em um corpo. A alma é,
digamos assim, o software do corpo, é o link de
ligação entre o que é do Céu (o espírito) e o que é
da Terra (o corpo).
O pó volte à terra, de onde veio, e o espírito
volte a Deus, que o deu.
Eclesiastes 12:7

A alma de Jesus, portanto, cresceu em graça e


em favor diante de Deus a cada escolha que fazia, a
cada pensamento, a cada experiência humana que
tinha. Jesus crescia em sabedoria e em graça diante
de Deus e dos homens.
O Carpinteiro e a Cruz

Fisicamente Jesus também cresceu, ele foi um


bebê, depois uma criança, um jovem e conforme ele
crescia a imagem de Deus certamente crescia em e
através dele. Conforme Jesus ajudava a seu pai
terreno, José, com a carpintaria, seu corpo também
crescia em força e em estatura. Fico imaginando
Jesus carregando, lixando e polindo aquelas largas
vigas de madeira. Fico imaginando Jesus martelando
pregos que perfuravam e penetravam na madeira e
me pergunto se Ele às vezes olhava para aquelas
vigas e pensava no dia em que suas mãos e pés
também seriam perfurados e pregados no madeiro.
Jesus certamente teve momentos de reflexão
humana tal como esse, e eram momentos desse tipo
que o faziam crescer em graça e favor diante do Pai.

"O Espírito do Senhor está sobre mim, porque


ele me ungiu para pregar boas novas aos pobres.
Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos
e recuperação da vista aos cegos, para libertar os
oprimidos e proclamar o ano da graça do
Senhor".- Lucas 4:18,19

Neste texto acima Jesus está de volta à Nazaré,


sua cidade Natal, só que desta vez Ele não é só o
menino filho de José, nem veio consertar mesas e
portas ou fazer qualquer outro trabalho de
carpintaria ou construção. Desta vez Jesus voltou
cheio do poder do Espírito Santo e percorria a
região ensinando nas sinagogas. No sábado, como
era de seu costume, Jesus foi à sinagoga no sábado e
com o livro do profeta Isaías nas mãos, Jesus leu
essa passagem.
O Fim da Lei

Porque o fim da lei é Cristo para justiça de


todo aquele que crê. - Romanos 10:4

Cristo pôs um fim na lei pois Ele a cumpriu. A


lei meramente apontava para Cristo. A lei era o
cartão de crédito de Deus. A Cruz foi o dia do
pagamento. Salvação é pela graça e graça é favor
imerecido. Não há nada que possamos fazer para
merecer a salvação. O véu se rasgou de alto abaixo e
não de baixo pra cima. Foi Deus quem desceu até
nós pois nós nunca poderíamos subir até Ele.

Somos salvos pela graça, não por uma mistura


da graça de Deus e nossas obras. De acordo com a
Escritura, não podemos fazer nada para ganhar a
salvação, nossos melhores esforços, nossos melhores
atos de justiça são imundos perante a Deus:
Todos nós nos tornamos como homens
impuros, nossas boas ações são como roupa
manchada; como folhas todos nós murchamos,
levados por nossos pecados como folhas pelo
vento. - Isaías 64:6

Por mais que nos esforçássemos para nos


achegar a Deus ainda assim estamos muito aquém
do padrão de justiça de Deus (Romanos 3:23), nós
todos nascemos em pecado e somos merecedores de
morte (Romanos 6:23). Deus não espera que nos
acheguemos a Ele através de nossos atos de justiça e
sim que simplesmente aceitemos o dom gratuito da
salvação pela fé.
Quem Tira O Pecado Do Mundo?

No dia seguinte, João viu Jesus que vinha a ele e


disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do
mundo. - João 1:29

Jesus é o cordeiro de Deus que tira o pecado do


mundo. O que tira o nosso pecado não são nossas
obras mas sim o sacrifício de Cristo. Nosso pecado é
imputado a Ele, e a Sua justiça é imputada a nós
quando confiamos nele (2 Coríntios 5:21). Quando
nos arrependemos de nossos pecados e aceitamos a
Jesus como Senhor e salvador, Ele faz uma aliança
conosco, Ele troca de vestes conosco. Ele nos dá
suas vestes brancas e toma sobre si nossos trapos.
Mas quando nossos trapos tocam nele são
transformados e purificados pela sua glória. Não são
nossas obras que nos justificam diante de Deus e
sim nossa fé.
Vale-Night

Assim também a fé, por si só, se não for


acompanhada de obras, é morta. - Tiago 2:17

Agora, claro, a graça não me dá um vale-night


pra eu sair e pecar. Se eu fizer isso só exponho meu
coração que é iníquo e perverso. Se sou
verdadeiramente um filho não vou usar a graça
como pretexto para pecar. Se realmente eu tenho o
Espírito Santo em mim, se sou realmente regenerado
pela vida de Deus então não vivo na prática do
pecado, pelo contrário, fujo dele. Quando eu sou
filho de Deus não obedeço a Deus por medo,
obedeço por amor. Sei que sou filho e sou amado
por quem sou portanto me comporto como meu Pai
não por medo de ser punido por Ele mas por um
profundo desejo de ser igual a Ele. Não busco
santidade como uma penitência, como algo difícil de
se conseguir através de jejuns e gotas de suor e
lágrimas; é Ele quem me justifica, é Ele quem me
santifica. Eu, por minha vez, me santifico também
através de minha consagração a Ele. Mas não me
consagro para me santificar, me consagro porque fui
santificado. Não procuro praticar para pertencer,
mas pratico porque já pertenço. Não me comporto
para pertencer, me comporto porque já pertenço.
Não me santifico para ser aceito, me santifico
porque já fui aceito. Sou filho, e quero me parecer
cada dia mais com meu Pai.
Seu Mestre Mandou

Não somos justificados por nossas obras


(Romanos 3:20), mas pela ressurreição de Jesus
(Romanos 4:25). Se a graça é baseada em obras em
qualquer grau, então não é graça (Romanos 11: 6).
Apesar de toda essa base bíblica ainda muitos líderes
insistem em colocar fardos pesados nas costas de
suas congregações: "Façam isso, não façam aquilo;
vistam isso, não vistam aquilo; ouçam esse tipo de
música, não ouçam aquela..." e debaixo do pretexto
de pastorear na verdade transformam a igreja em
uma fábrica com uma produção em série onde todos
são formatados iguaizinhos, um exército de
autômatos que todo domingo brincam de "Seu
mestre mandou..."
Bento que bento é o frade, na boca do forno,
tudo que seu mestre (pastor) mandar, faremos
todos, Se não fizermos levaremos bolo (banco) O
mestre falou pra...

1. Repete comigo...
2. Diga pra pessoa do seu lado...
3. Tira o pé do chão...
4. Dê um brado de vitória ao Senhor...
5. Bota o joelho no chão...
6. Sobe o monte, desce o monte...

E por aí vai. As igrejas estão se tornando


fábricas com linhas de produção de autômatos,
fabricação em série de pessoas que não pensam
mais, só repetem o que for mandado lá do altar. Mas
Jesus veio traçar um caminho mais excelente para
nós. Ele nos faz de novo, somos novas criaturas:
Os Fora de Série

Portanto, se alguém está em Cristo, é nova


criação. As coisas antigas já passaram; eis que
surgiram coisas novas. - 2 Coríntios 5:17

A palavra usada no original em Grego para Nova


Criatura ou Nova Criação e Neo e significa um novo
e único, sem igual, fora de série. Não somos um
item novo de uma linha de produção, somos filhos
feitos à mão pelo Pai para vivermos em um
relacionamento de amor com Ele. O Pai nos enviou
Jesus para pagar o preço por nós. É o Pai que nos
escolhe e nos alcança, nos salva e nos redime. A
única razão pela qual conseguimos ter fé é que Deus
é porque Ele já estava nos atraindo a Ele antes
mesmo de conhecê-lo (ver João 6:44). Mesmo antes
de acreditarmos em Deus, o próprio desejo de vir a
Deus nos é dado pela graça de Deus, é Ele
trabalhando para nos salvar. "A salvação pertence ao
SENHOR" (Salmo 3:8, Apocalipse 7:10).

Portanto, vocês já não são estrangeiros nem


forasteiros, mas concidadãos dos santos e
membros da família de Deus. - Efésios 2:19

Acima de tudo, a graça de Deus nos alcança


para nos transformar em família. o desejo do
coração do Pai é que a igreja seja uma grande
família movida pelo amor. Os laços que nos unem
tem que ser laços verdadeiros e puros e não laços de
hipocrisia e manipulação. Falaremos mais sobre o
propósito de Deus para a igreja como uma família
no capítulo 5: A Família.
5

A FAMÍLIA

Falamos sobre a igreja Senzala e as Ferramentas de


Controle usadas nelas. Sabemos que, infelizmente,
muitas igrejas hoje estão debaixo desse modelo.
Qual é o ideal de igreja? Qual foi o exemplo que
Jesus deixou pra nós? Qual era a sua intenção para a
igreja? O modelo ideal de igreja que Jesus deixou
para nós é a Igreja Família. E como seria uma igreja
no modelo família? Uma das primeiras coisas que
vem à minha mente quando me faço essa pergunta é
Cuidado, a segunda palavra que me vem à mente é
Honra e a terceira é Afeto. Uma família é marcada
por Cuidado, Honra e Afeto. Em uma família seus
membros cuidam uns dos outros, honram uns aos
outros e tem afeto uns pelos outros. Esses são os
laços que mantém uma família unida. Eu creio que
estes são os três pilares da Igreja Família deixados
por Jesus. Os apóstolos entenderam isso e regiam a
igreja primitiva como uma família, através desses
três pilares.
1º PILAR - CUIDADO
O ministério de Jesus foi marcado pelo cuidado com
o necessitado. Onde Jesus estava ninguém passava
necessidade. Se tinham fome ele os alimentava
(Marcos 6:38-42), se precisavam de dinheiro ele
providenciava (Mateus 17:24-27). O ministério de
Jesus sempre foi marcado por grande compaixão
(Mateus 9:36) e pelo cuidado com os pobres(Lucas
6:20). E esse cuidado para com os pobres e os
necessitados foi uma parca que Jesus deixou
também para seus discípulos. Esse cuidado com os
pobres e necessitados fazia parte do DNA da igreja
primitiva liderada pelos apóstolos.

Não havia, pois, entre eles necessitado algum;


porque todos os que possuíam herdades ou casas,
vendendo-as, traziam o preço do que fora vendido,
e o depositavam aos pés dos apóstolos. - Atos 4:34

Uma igreja Bíblica, uma igreja que realmente


quer ser uma família e ter o DNA da Igreja Primitiva
deve primar pelo cuidado para com os órfãos, as
viúvas, os pobres, os moradores de rua e os
necessitados. Principalmente com os necessitados da
comunidade ao redor daquela igreja. Quando
converso com pastores sobre o tema de Igreja
Senzala eu lhes pergunto, "Se sua igreja fechasse as
portas hoje, será que sua comunidade, seus vizinhos,
sentiriam falta dela?" Se a resposta for sim, então
você está no caminho certo. Se a resposta for não,
então sua igreja precisa reavaliar seus valores
olhando pela prisma do nosso chamado de sermos
relevantes para nossa comunidade.
2º PILAR - HONRA
A honra também sempre foi uma marca da vida e
ministério de Jesus. Ele honrou seus pais ao crescer
e era obediente a eles (Lucas 2:51). Ele em tudo
honrou ao Pai (João 5:19, Lucas 2:42). Jesus
ensinou os discípulos a serem humildes, a preferirem
o outro antes de si mesmos e a servirem ao outro,
isso também é honrar (Mateus 18:4, João 13:14).
Quando uma igreja tem a Honra como pilar, como
princípio e cria uma cultura de honra em meio a sua
congregação onde todos começam a primar um pelo
outro, todos respeitam e valorizam o outro acima de
si mesmos, então essa igreja é uma família, é uma
igreja com o coração da igreja primitiva.
É importante ressaltar que honra Bíblica não é
uma questão de hierarquia. Muitos pastores pregam
e ensinam a honra vertical ascendente, de baio pra
cima, ou seja, da congregação para os pastores.
Ensinam que a igreja deve honrar e ser submissa a
seus pastores. E isso é verdade, realmente a Bíblia
ensina isso. Mas eles negligenciam outro aspecto da
honra que é a honra horizontal permanente, ou seja,
devemos honrar a todos ao nosso redor, sempre.

Honrai a todos. Amai a fraternidade. Temei a


Deus. Honrai ao rei. - 1 Pedro 2:17

Repare que o Apóstolo Pedro diz que devemos


honrar a todos. Todos significa todos, os que
merecem e os que não merecem. Fica mais fácil
entender isso quando lembramos que a palavra
“honra” na Bíblia é “valorizar”. Kris Voloton certa
vez disse: “Se você procurar bem fundo vai achar
ouro até mesmo nos lugares mais obscuros". Não
devemos honrar somente nossos líderes nem mesmo
somente quem merece. Devemos honrar a todos.
Valorizar a todos entendendo que Deus dá valor a
todos tanto que morreu por todos. Seu inimigo hoje
pode ser seu irmão amanhã. A honra libera vida,
bênção, recompensa e paz. Quando experimentamos
um aumento cada vez maior no entendimento do
poder da Cultura de Honra então transformamos a
honra em um estilo de vida. Para que nossa igreja
experimente a Cultura da Horna e para que a mesma
passe a ser parte de seu DNA, a igreja deve praticar
diariamente a honra através de atos de bondade,
generosidade, amor e humildade. É importante
entendermos que a honra não é algo a ser praticado
somente dentro das quatro paredes da igreja e sim
em toda parte. Devido à lei da colheita, ao andarmos
em humildade e ao semearmos a honra onde quer
que formos, receberemos cada vez mais honra de
volta em todos os níveis de nossa vida e ministério.
3º PILAR 3 - AFETO

"Amai-vos cordialmente uns aos outros com


amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos
outros". — Romanos 12:10

Neste texto o termo grego utilizado para amor


fraternal é φιλοστοργος philostorgos, cuja raiz é
phileo, que é o radical de palavras tais como
filatelia, filantropia, filarmônico, etc. Philo é o
termo para afetividade, é o amor associado ao
amigo, por isso filarmônico, por exemplo, significa
"amigo da música". Philos é o termo utilizado para
denotar o amor entre familiares, especialmente entre
pais ou filhos; Philos basicamente é afeto.
Dizer "eu te amo" é fácil, mas sejamos francos,
nem sempre é fácil gostar de alguém. Pessoas
diferentes tem gostos, hábitos e preferências
diferentes e nem todos tem as mesmas preferências.
Nós podemos e devemos amar a todos com o amor
de Cristo porém, não é fácil gostar de todos. É aí
que entra o afeto. Quando as pessoas na igreja
encontram outras com os mesmos interesses e
preferências elas tendem a se juntar em pequenos
grupos. Esses pequenos grupos muitas vezes são
apelidados pejorativamente de panelinhas. Na
maioria das vezes a igreja é desencorajada a formar
as panelinhas porque o pensamento é que devemos
amar a todos e ninguém deve ficar de fora. Mas isso
é uma falta de entendimento de como a engenharia
social antropológica funciona. A pessoas devem ter a
liberdade de andar com quem gostam de andar, de
aceitar em um círculo outros com mesmas
preferências. Isso é completamente natural. Forçar
relacionamentos que não são baseados em
afetividade e forçar as pessoas a serem plásticas e
falsas. Mais cedo e mais tarde essa prática leva a
igreja a viver uma cultura de hipocrisia. É
importante portanto, para uma igreja Família, que as
pessoas não somente tenham liberdade para se
associarem com outros com quem elas tem afinidade
mas que isso também seja encorajado.

“Um novo mandamento lhes dou: Amem-se uns


aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se
uns aos outros." — João 13:34

No texto acima Jesus vai mais fundo e usa o


termo Grego αγαπαω, Agape.O amor Ágape é o
amor mais poderoso e mais nobre que existe, é o
amor sacrificial. O amor ágape é mais que um
sentimento — é um ato da vontade, de escolha, de
entrega e de sacrifício. Este é o amor que Deus tem
para o Seu povo e que provocou o sacrifício de Seu
único Filho, Jesus, pelos nossos pecados. Jesus foi a
personificação do amor ágape pois se sacrificou e se
entregou por nós. Os cristãos devem se amar uns
aos outros com o amor ágape, a exemplo de Jesus, e
como o Mestre ensina na parábola do Bom
Samaritano (Lucas 10: 25–37). Uma igreja primitiva
deve encorajar o amor Ágape, o amor sacrificial.
Quando o amor ágape passa a fazer parte da cultura
de uma igreja local onde uns se dão sacrificialmente
para servir a outros então essa igreja está no
caminho certo de ser uma igreja do Reino, uma
Igreja Família.
Em uma igreja família, os membros se amam e
se tratam verdadeiramente como irmãos e os líderes
assumem o papel de pais espirituais. Pais nem
sempre estão certos, e quando erram, devem ser
confrontados em amor. Vamos ver como confrontar
seu líder em amor no capítulo seguinte.
6

O CONFRONTO

Disse Marta a Jesus: “Senhor, se estivesses aqui


meu irmão não teria morrido. – João 11:21
Quando falamos em confronto, as pessoas logo
pensam em afronta. Muitos confundem confronto
com afronta ou acham que as duas palavras são
sinônimos. O confronto não é afronta, não é
desrespeito nem agressão. No confronto em amor
não há lugar para insubmissão ou insubordinação. O
confronto é algo Bíblico e se vamos nos libertar da
mentalidade de uma igreja Senzala e experimentar a
cultura transformadora da igreja Família precisamos
aprender como confrontar em amor.
Entendendo a diferença entre
Confronto e Afronta:

O prefixo A em Afrontar vem do Latin 'Anti' e


Significa contrário, logo afrontar é ir contra a frente
ou contra a face, afrontar é contradizer, é se opor.

A palavra Confrontar vem do Latin ‘Con’ que


significa junto e 'Front' que significa face, Portanto
Confronto significa 'frente à frente' ou ‘face à face’.

Uma outra definição de confrontar é Confrontar


a cópia com o original. Essa definição é perfeita
pois é isso que cremos que deve acontecer em uma
Igreja Família. É colocar a Igreja Primitiva de frente
com a Igreja Local e comparar uma com a outra
pois essa é uma cópia daquela. Da mesma forma
devemos colocar nossa própria vida frente à frente
com a vida dos apóstolos e até do próprio Jesus para
compararmos uma com a outra e, se encontrarmos
em nossa vida atitudes que Jesus e seus discípulos
não teriam então devemos reavaliar essas atitudes.

Confrontar, portanto, não é afrontar; confrontar


é ficar ‘frente à frente’, é sentar junto e discorrer
sobre um assunto do qual se discorda com a
finalidade de ajustar o relacionamento, de se chegar
a uma concordância. O confronto portanto visa
ajustar e aproximar enquanto a afronta visa ofender
e subjugar. O confronto prioriza o relacionamento
enquanto a afronta prioriza a opinião. O confronto é
diálogo, a afronta é monólogo. O confronto ajunta,
a afronta espalha.
Nossos líderes não podem nem devem estar
isentos desse tipo de confronto em amor. É essa
prestação de contas que mantém um líder focado em
ter uma vida reta diante de Deus e dos homens. Em
nossa Igreja Família, o Pier49, nós temos um lema:
Ser igual a Jesus e fazer as obras que Ele fez. Se
cada um de nós buscar viver isso vai sobrar pouco
espaço, ou sequer nenhum, espaço para uma
mentalidade de senzala.

Como é possível esperar que a humanidade


ouça conselhos, se nem sequer ouve as
advertências. - Jonathan Swift
Desentupindo o Ralo

Por não darem lugar ao confronto em sua


cultura, muitas igrejas sofrem rachas. Muitos líderes
influentes, ao sentirem que discordam de seu pastor
em algo, não encontram abertura para falar sobre o
assunto. Essa falta de abertura, essa falta da cultura
do confronto, vai criando um "entupimento"
emocional no coração desse líder e, cada assunto
mal resolvido vai se acumulando como água parada
em cima de um ralo entupido. Essa água parada vai
contaminando o relacionamento.

Cuidar do quintal lá de casa é tarefa minha.


Certa vez eu notei que um ralo do quintal estava
entupido. Haviam caído muitas folhas nele e a água
já não descia mais. Com a correria da vida fui
deixando o ralo pra consertar mais tarde e não
demorou muito para o mesmo estar com uma água
parada em cima. Água parada com folhas secas
dentro, mais cedo ou mais tarde começa a feder. O
mal cheiro começou a incomodar e eu tive que parar
tudo e priorizar desentupir esse ralo. O problema é
que muitos líderes nunca desentopem os ralos
emocionais de seus liderados. Nunca sentam para
tirar as folhas secas dos corações de seus discípulos.
Os desentendimentos vão se acumulando e
infelizmente chega ao ponto de começar a cheirar
mal e, quando o liderado ou discípulo não é
"dispensando
Febre Ministerial

Debaixo da errônea premissa do "Ai daquele


que se levantar contra o ungido do Senhor" muitos
pastores e líderes Escravos não dão abertura a seus
discípulos para os confrontar em amor. Mais cedo
ou mais tarde esses assuntos mal resolvidos nos
corações desses líderes acabam fazendo do
ministério um peso ao invés de uma alegria e, por
não terem uma válvula de escape, por não terem um
"ralo" funcional, por não poderem falar a verdade,
por não poderem dizer o que pensam e discordar,
esses líderes acabam ficando emocionalmente
doentes. É o que eu chamo de "febre ministerial"
onde a pessoa ama a Jesus, ama a igreja, ama o seu
chamado mas estão doentes, cansados, queimados, e
às vezes não sabem nem dizer porquê.
Racha na Cozinha

Vez após vez, frustração após frustração vão


sendo acumuladas em seu coração até que chegam a
um ponto em que explodem. Muitas vezes essa
explosão ocorre na cozinha, conversando com a
esposa, que infelizmente na maioria das vezes é a
única pessoa com quem esse líder pode realmente se
abrir, ele abre o coração e conta todas as suas
frustrações. Com a intenção de zelar pelo coração e
pela saúde espiritual, financeira e emocional de sua
família, essa esposa acaba encorajando seu marido a
deixar o ministério e a buscar outra profissão.
Quando o chamado é mais forte e deixar o
ministério não é uma opção, esse casal de lideres
com febre ministerial começa a orar para sair de
debaixo dessa "cobertura" e abrir sua própria igreja.
Assim surgem muitos rachas, divisões e mais uma
portinha se abre na esquina, muitas vezes de frente
para outra portinha. lideres escravos gerando filhos
órfãos que se tornam por sua vez outros lideres
escravos que geram filhos órfãos e assim a igreja do
nosso Senhor Jesus vem "crescendo", debaixo de
um espirito de orfandade e escravidão.
Quebrando a Corrente

E como podemos quebrar essa corrente de


escravidão e orfandade. A melhor maneira de
romper esse círculo vicioso de orfandade e
escravidão é o confronto. Quando o líder dá aos
seus discípulos a liberdade para confrontar-lo em
amor, ele dá o primeiro passo para transicionar de
uma mentalidade de senzala para uma cultura de
família.
Como Confrontar em Amor
Jesus, depois de sua morte e ressurreição, senta
com Pedro e o confronta em amor (Pedro, você me
ama? Apascenta minhas ovelhas – João 21:15-17).
Veja que Jesus nem tocou no assunto do acontecido.
Ele não perguntou a Pedro “Por que, Pedro?
Depois de tantos anos juntos, como você pôde fazer
isso comigo?”. Nem tão pouco Jesus joga na cara
de Pedro que havia lhe alertado: “Viu Pedro, como
são as coisas, né? Você todo orgulhosão, disse que
nunca me trairia, e na primeira chance que teve já
pisou na bola, que bonito, hein!?” Essas seriam
algumas das frases que Pedro certamente ouviria de
um líder Senzala. Mas Jesus veio para consolar os
que choram, para edificar e fortalecer, não para
apontar o dedo e acusar. Esse papel de acusador não
é dele, pertence a outro.
Não esmagará a cana quebrada, nem apagará
a torcida que fumega – Isaias 42:3
Neste texto profético de Isaías sobre Jesus, as
expressões usadas significam exatamente isso, que
ele não quebrará quem já está quebrantado, que ele
não apagará o espírito daquele que está fraco, já sem
fogo, só fumegando. Pedro estava assim,
quebrantado e já sem força. Imagina como Pedro
deveria estar no momento em que Jesus o chamou
para conversar. Imagina o que se passou no coração
de Pedro. Ele certamente deve ter ido para aquela
conversa ao pé da fogueira já esperando o "couro
cantar". Certamente ele foi preparado no mínimo
para tomar um baita "banco", afinal, Jesus tinha
todo o direito de dizer o que quisesse pois Pedro o
abandonou no momento de maior dor.
“não esmagar a cana quebrada” e “ deixa claro
que Jesus não veio para Portanto quando falamos de
confrontar o seu líder não estamos falando de
desrespeitá-lo, julgá-lo ou difamá-lo.
Estamos falando de abrir o coração assim como
Marta abriu o coração para Jesus com respeito à
morte de Lázaro e disse pra ele: “Se você estivesse
aqui ele não teria morrido”
Marta estava claramente confrontando Jesus ao
mostrar que, em sua opinião, Jesus deveria ter
estado lá com Lázaro e não em outro lugar. Ainda
assim ela o reconhecia como Senhor pois disse:
“Sim, Senhor, eu tenho crido que tu és o Cristo, o
Filho de Deus que devia vir ao mundo”. João
11:27
Marta, em um momento de profunda dor,
confronta Jesus em amor. Em momento nenhum ela
desrespeitou a Jesus, ela simplesmente colocou sua
opinião, abriu seu coração e disse a Jesus o que ela
pensava da situação;

Confrontar significa expor e não impor sua


opinião
Quem confronta deve faze-lo com o coração e
mente abertos e disposto a mudar de opinião ao
ouvir o outro, pois confronto é um diálogo.
Agora, se você chega a conclusão que seu
relacionamento não é baseado em amor e sim em
medo, em imposição, em um sistema que te
inferioriza e te incapacita ao invés de te empoderar,
um sistema que te dá um downgrade ao invés de um
upgrade, um sistema que fere nossa missão de
sermos família e nos transforma em escravos, então
reavalie esse relacionamento. Os laços que unem um
líder e sua igreja devem ser laços de amor e não de
medo. As ovelhas devem ser inspiradas e não
oprimidas.

A verdadeira autoridade não se impõe, não


se conquista
O objetivo do confronto deve ser a convergencia
e nao a divergencia, deve ser chegar a um ponto de
acordo para se continuar a caminhada juntos em
amor. Acima de tudo, quem confronta deve faze-lo
em amor, buscando o concílio, o acerto, o ajuste,
para que se possa ajustar a missão em submissão.
Para saber mais sobre Submissão não perca o
capítulo 7.
7

SUBMISSÃO

Submissão não tem a ver com autoridade e não é


obediência. Tem a ver com relacionamentos de
amor e respeito. - William Paul Young, A Cabana
Obediência & Submissão

Qual a diferença entre obediência e submissão?


Obedecer é entrar em conformidade com o pedido
de seu líder. Submeter é literalmente se meter
debaixo da autoridade de seu líder. Na submissão
você se "sub-mete”, se mete debaixo da autoridade
de seu líder. A chave na submissão é entender que
você não está operando debaixo de sua própria
autoridade e sim da autoridade que flui de seu líder.

“O discípulo não está acima do seu mestre,


nem o servo acima do seu senhor." — Mateus
10:24
O Que é Submissão

Submissão é encontrar sua missão debaixo da


missão do seu líder. O problema começa quando o
discípulo quer ser maior que o seu mestre e
discipulador. Quando começa a querer colocar sua
missão, sua crença, sua interpretação da vida e das
Escrituras acima da missão, visão, princípios,
fundamentos e valores do seu líder. Esse é o
princípio da rebeldia, o caminho sem volta de
satanás e são muitos os que trilham por ele. É por
isso que existem tantas igrejas bastardas, Igrejas
Ismael, filhos da escrava e não da livre. Igrejas filhas
de rachas e dissenções que saem debaixo de
maldição e não de bênção, lideradas por homens
rebeldes que não souberam se submeter à liderança
e a direção de seus líderes. Acima de tudo, não
souberam se submeter a liderança, a direção e ao
tempo de Deus.

Jesus deixa o modelo de submissão a ser seguido


por nós; mesmo Ele sendo Deus, ele se submeteu à
vontade do Pai até a morte, e morte de cruz:
Ele, por sua vez, se afastou, cerca de um tiro de
pedra, e, de joelhos, orava, dizendo: Pai, se
queres, passa de mim este cálice; contudo, não se
faça a minha vontade, e sim a tua. [Então, lhe
apareceu um anjo do céu que o confortava. —
Lucas 22:41–43, ARC

Jesus, mesmo sendo tanto Deus quanto o Pai, se


submete até a morte, e morte de Cruz.

E, achado na forma de homem, humilhou-se a


si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de
cruz. Filipenses 2:8

Jesus se submeteu plenamente ao Pai porque o


Pai o amava (e para sempre o ama) plenamente. E
ele também, da mesma forma, amava (e para
sempre amará) o Pai. É fácil ser submisso a quem
amamos. O problema é quando não encontramos
nossa missão debaixo da "cobertura" espiritual de
líderes que não nos fazem nos sentir amados. É
difícil amar alguém que não corresponde. É difícil
ser submisso à alguém que não se admira.
A Verdadeira Submissão

A verdadeira submissão é fruto de um coração


entregue que acredita, ama, respeita e admira o seu
líder. A verdadeira submissão vem de dentro pra
fora, é uma submissão expostas, expontânea, não é
forçada nem imposta. A verdadeira submissão não
pode ser comprada, manipulada ou exigida, ela flui
como uma fonte de água que brota da terra fértil de
um relacionamento de amor.

A verdadeira Submissão é Exposta e Não


Imposta
A verdadeira submissão é encontrar minha
missão debaixo da missão do meu líder. Quando eu
amo e sou amado por meu líder, quando me sinto
seguro em um relacionamento de afinidade onde
recebo proteção, provisão e plataforma, então sou
livre para crescer no cumprimento do meu chamado.
Mas se sou constantemente repreendido e
desencorajado não cresço e, se não cresço, não
cumpro meu chamado. Se não cumpro meu
chamado fico frustrado pois não satisfaço o clamor,
a fome, a vontade, o desejo, a paixão e o puxão que
sinto dentro de mim para ser tudo o que Deus me
chamou para ser.

A verdadeira submissão só acontece quando


amamos, gostamos intensamente e admiramos muito
nossos líderes. Como vimos no capítulo 5, A
Família, amar e gostar são duas coisas diferentes.
Devemos amar a todos, até a estranhos, mas só
conseguimos gostar de pessoas com as quais temos
afinidade. Além da afinidade, para que haja uma
verdadeira e profunda submissão é indispensável
que haja admiração. Você pode até, devido a seu
caráter, se submeter a líderes que você não admira e
com os quais você não tem afinidade, mas eu te
garanto que a falta desses valores enfraquecerá a
estrutura do relacionamento e, mais cedo ou mais
tarde, a submissão se torna um peso e não um
prazer. É difícil ser submisso à alguém que não se
admira e é impossível admirar alguém que não nos
faz nos sentirmos amados. Quando não há lugar
para o confronto no relacionamento então não há
lugar para a verdadeira submissão.
Destino

Para Quem Não Sabe Para Onde Vai


Qualquer Destino Serve

Como conseguir discípulos verdadeiramente


submissos? Em primeiro lugar, tendo uma visão
clara de para onde você vai. Ninguém quer seguir
alguém que não sabe para onde vai. Imagina que
você está no ponto de ônibus e você quer ir para o
centro da cidade. Chega um ônibus e para no ponto
e você pergunta ao motorista: "Querido, boa tarde,
esse ônibus vai para o centro?"
"Não sei te informar" Responde o motorista.
"Como assim não sabe me informar?" Você
pergunta, "Você está indo pra onde?"
"Não sei..." Diz ele, fazendo biquinho, "...Na
verdade estou perdido há horas rodando em
círculos!"

Será que você sinceramente se sentiria inclinado


a entrar nesse ônibus? Eu tenho certeza que não.
Mas tem muitos líderes que estão assim, sem saber
para onde estão indo ministerialmente. Se você
perguntar: "Onde e como você quer que seu
ministério esteja daqui há dez anos? E daqui há 5
anos? Qual é sua meta para daqui há 3 anos?" Ele
não vai saber te responder. Talvez ele tenha uma
vaga noção, mas nem faz idéia de como chegar lá.
Não há visão, não há estratégia, não há
planejamento, não há uma certeza de um destino. É
difícil seguir um líder que não sabe para onde vai.
Como alguém pode ter uma missão dele se nem ele
sabe qual é a sua? Uma declaração de visão e
Missão claras do chamado e destino da igreja local é
imprescindível para se conseguir pessoas com uma
missão debaixo da sua. Mais ainda, não basta ter
isso no papel. Não basta fazer o dever de casa,
escrever isso e colocar na parede da igreja. Se esse
destino, essa visão, não fizer parte do DNA do líder,
se ele não acorda, come, respira e transpira essa
visão, então essa declaração de destino são só
palavras para inglês ver. E a igreja sente isso. Mais
cedo ou mais tarde se cumpre a célebre frase de
Lincoln:
Pode-se enganar a todos por algum tempo;
pode-se enganar alguns por todo o tempo; mas não
se pode enganar a todos todo o tempo - Abraham
Lincoln
Amor

Em segundo lugar, para se conseguir pessoas e


líderes submissos, vem o amor. Uma liderança que
ama, que cuida, que se dá, se doa de verdade, que
ama sem hipocrisia, que paga o preço e que serve
certamente terá líderes submissos e fiéis. A liderança
que gera submissão é uma liderança baseada em
exemplo e não em palavras. Uma liderança que faz
mais e fala menos. Um líder com o coração humilde
que serve a seus liderados como Jesus serviu a seus
discípulos vai impulsionar sua igreja a ser um povo
submisso.
Confronto Gera Submissão

Um confronto feito em amor debaixo de uma


cultura de uma Igreja Família naturalmente gera
submissão. não somente isso, mais o mais puro e
alto nível de submissão que há: A Submissão
Espontânea.

Já estou no ministério há 20 anos e conheço


bem e intrinsicamente a vida e as dinâmicas do
cotidiano de uma igreja. Já vi muitas pessoas que se
diziam submissas mas que abandonaram o barco ao
menor sinal de tempestade. Porém, desde que recebi
a revelação do discipulado por afetividade, que é a
base estrutural do Pier49, tudo isso mudou. Hoje,
com a Cultura, Fundamentos, Princípios e Valores
que estabelecemos no Pier, sendo o Confronto um
dos principais, eu e os meus líderes, meus filhos e
filhas na fé, temos um relacionamento de amor filéo
puro e verdadeiro que os leva a demonstrar níveis
tão profundos de submissão os quais eu nunca
encontrei em nenhum outro lugar.

Essa submissão não é fruto de coação,


imposição ou manipulação; é fruto de um verdadeiro
amor filéo, provado e aprovado, que corre em
nossas veias e corações. Esse tipo de fidelidade e
submissão não se compra. Só pode existir quando
brota de dentro pra fora. Esse tipo de fidelidade e
submissão incondicionais é um fruto, é um
resultado, é uma colheita que só faz quem semeou.
Em um solo no qual se semeou contendas não se
pode colher paz, em um solo em que só se semeou
abuso, não se pode colher respeito, em um solo
onde só se semeou desrespeito, não se pode colher
fidelidade e em um solo onde só se semeou
insurgência não se pode colher submissão.
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O DESAFIO

Disse-lhe terceira vez: Simão, filho de Jonas,


amas-me? Simão entristeceu-se por lhe ter dito
terceira vez: Amas-me? E disse-lhe: Senhor, tu
sabes tudo; tu sabes que eu te amo. Jesus disse-lhe:
Apascenta as minhas ovelhas. - João 21:17
O grande desafio para o discípulo é ter coragem
de confrontar nosso líder em amor. O grande
desafio para o líder é entender que a ovelha não é
dele, é de Jesus. Nós somos apenas pastores
colocados à frente de Suas ovelhas
temporariamente, até que Ele volte, e nesse dia
prestaremos conta da vida dessas ovelhas (Hebreus
13:17).

Precisamos, tanto pastores quanto ovelhas,


entender que, acima de tudo, o que existe entre nós
é um relacionamento; e todo relacionamento, para
permanecer saudável, tem que ter DR, tem que ter
confronto. Um relacionamento sem DR, sem
confronto, ser ajustar as arestas, sem trazer à luz os
desafetos, mais cedo ou mais tarde acaba.

Nesse momento em que escrevo essas linhas,


estou fazendo parte da equipe de liderança de uma
conferência internacional envolvendo mais de 5 mil
pessoas. Uma de minhas colegas, uma americana
por quem tenho muito apreço, disse algo em uma
das nossas reuniões de liderança, na qual eu não
estava presente, que chegou aos meus ouvidos de
uma forma estranha. A pessoa que me contou o
acontecido é de minha mais alta confiança e me
passou que achou estranho a forma na qual ela se
referiu a mim, cogitando alguns de meus
posicionamentos dentro de nossa equipe. No dia
seguinte essa líder veio falar comigo como se nada
tivesse acontecido. Ela logo percebeu que eu estava
diferente com ela, não tão amigável como
geralmente sou. Minha linguagem corporal mostrava
isso. Fiquei distante e de braços cruzados. Dava
minhas costas para ela na roda da conversa de
equipe. Logo ela veio me perguntar: "Está tudo
bem? Algo está te incomodando?" Perguntou ela.
"Não, não está tudo bem, não." Disse eu, "Algo
está me incomodando sim." Completei.
"O que foi?" Ela me perguntou, aparentemente
surpresa.
"A Márcia me passou que você se referiu a mim
ontem na reunião de maneira a questionar minha
performance na equipe." Fui bem direto ao ponto,
"Da forma que ela me passou seus comentários me
pareceu que você queria colocar os outros contra
mim." Completei.
"Não, imagina..." Respondeu ela, "...Foi um mal
entendido." Sua linguagem corporal confirmava que
ela dizia a verdade. Márcia estava convenientemente
passando ali naquela mesma hora.
"Márcia, você tem um minuto?" Claro Ed.
Respondeu ela.
"Você poderia repetir pra Karen o que você me
disse ontem e como você achou que soou pra você."
Disse eu.
"Sim, claro." Respondeu ela. Os minutos que se
seguiram foram marcados por lágrimas e risos.
Esclarecemos o mal entendido, nos abraçamos e
resolvermos tudo.
Isso se chama transparência e amor. O
verdadeiro amor não encoberta, não esconde, não
deixa pra depois e não dá lugar à mentira nem à
hipocrisia. Eu poderia dar um sorriso plástico para a
Márcia e dizer que estava tudo bem, manter as
aparências e passar a cuidar mais do que falar
quando ela estivesse por perto. Mas esse não é o
caminho da cruz. O caminho da cruz é o caminho
de morte do ego, e com ele morre a hipocrisia, os
jogos de aparências, as fofocas, os "disse me disse".
Quando se vive a verdade não há lugar para nada
disso. Essa equipe com a qual trabalhamos é coesa
por isso, porque entre nós não há lugar para
mentiras e aparências. Somente quando vivermos a
verdade sem medo de dizer o que pensamos é que
vamos poder experimentar o verdadeiro avivamento.
Um que não somente se preocupa em ter
experiências sobrenaturais para o benefício próprio,
mas um avivamento que tem como alvo preparar
uma geração para a conquista de suas montanhas de
influência. Um avivamento que gera a reforma da
cultura, da sociedade e da nação.

Que Deus nos abençoe e nos ajude a


transicionar de uma Igreja Senzala para uma igreja
Família, onde somos liderados e lideramos pelo
amor. Onde o confronto não é temido e sim
encorajado. Onde a sumissão brota de dentro para
fora, é exposta e não imposta, e onde a autoridade
não é forçada e sim conquistada. Onde entendemos
que as ovelhas não são nossas, são de Jesus e a Ele
prestaremos conta de cada uma delas. Quando isso
for uma realidade, então a sociedade saberá que
existe um Deus de amor que, como um pai, espera
de braços abertos na beira da varanda.

Deus nos abençoe

Avivamento e Reforma
Ed Rocha
Pier49
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BIO

Ed Rocha é fundador e líder sênior do Pier49


Movement e um dos líderes da Global Awakening
com a qual já ministra há 12 anos. Ed Rocha é filho
espiritual de Randy Clark e tem uma grande paixão
por inspirar igrejas ao redor do mundo a
desenvolverem a cultura da honra e de avivamento.
Ed Rocha é formado em Teologia pelo Instituto
Bíblico Internacional de Londres e pela PUC-Rio e
é um ministro do evangelho ordenado há mais de 20
anos e já pregou em mais de 20 países.

Ed Rocha continua viajando o Brasil e o mundo


principalmente na América do Norte e Europa,
levando sua mensagem de poder, avivamento e
reforma. Ed Rocha tem dois livros publicados nos
EUA "Supernatural Power: Be Healed, Stay
Healed" e seu mais recente livro "Angels, God's
Supernatural Agents".

Suas ministrações são sempre marcadas por uma


palavra poderosa, cheia de revelação diretamente do
trono e uma forte presença de Deus. Ed flui em
palavras de conhecimento, curas e milagres, sendo já
centenas de pessoas curadas de várias enfermidades
em suas reuniões.

Ed, sua esposa Dani e sua filha Liz, vivem


atualmente no Rio de Janeiro. Para mais
informações sobre Ed Rocha e seus ministérios,
visite edrocha.org / FB-Pier49Movement ou envie
seu email para secretariapier49@gmail.com
Table of Contents
ESCRAVOS OU FILHOS?
O MEDO
A LEI
A GRAÇA
A FAMÍLIA
O CONFRONTO
SUBMISSÃO
O DESAFIO
BIO

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