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Instalações e Equipamentos - Profª Chenia Figueiredo -1-

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO


Departamento de Tecnologia

INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

NOTAS DE AULA

Profª Chenia Figueiredo

Cód. da Disciplina: ARQ 154091


Créditos: 4
Revisão edição 2016
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1. EQUIPAMENTOS

Equipamentos e acessórios elétricos

Os equipamentos e acessórios elétricos compreendem desde os conhecidos interruptores e tomadas, aos sensores de presença
para acionamento das lâmpadas, até os mais elaborados e complexos, como os que controlam a intensidade de iluminação de
acordo com a luz do ambiente. Os mais complexos fazem parte dos sistemas de automação, que facilitam o uso, melhoram o
conforto e visam economia de energia.

Interruptores e tomadas

Os interruptores são os dispositivos de comando das lâmpadas. Eles são utilizados para interromper o condutor fase
(eletricidade), o que irá possibilitar reparar e substituir lâmpadas sem risco de choque basta que, para isso, o interruptor seja
desligado.

Os interruptores mais utilizados são dos tipos simples e paralelos. Os simples comandam as lâmpadas de um só lugar. Quando
for necessário comandar diversas lâmpadas do mesmo ponto de luz, deve-se utilizar interruptor de várias seções. Neste caso
temos um interruptor paralelo, o qual comanda mais de uma lâmpada.

Existe ainda o sistema “three-way” que corresponde a um mesmo ponto de luz acionado por dois interruptores diferentes e
distantes um do outro. Esse sistema é muito útil em escadas ou dependências onde se deseja apagar ou acender a luz de pontos
diferentes, em função da distância ou por comodidade. Assim, tanto quem esta descendo a escada como quem está subindo
pode acender uma luz localizada na mesma. Nas universidades o uso deste sistema pode ser útil para acionar a luz tanto de
dentro da sala de aula como do corredor, permitindo que uma única pessoa possa, no final do dia, por exemplo, apagar as luzes
de todas as salas de um único local, evitando desperdício de energia. Hoje qualquer projeto utiliza esta praticidade, seja em
quartos, salas e cozinhas.

As tomadas são utilizadas para ligarmos os equipamentos elétricos. As tomadas existentes possuem dois ou três pinos (com fio
terra). Contudo, a norma brasileira de instalações elétricas, a NBR 5410, por medida de segurança, tornou obrigatório o uso do
pino do fio terra em tomadas desde sua revisão.

Curiosidade: O que é um aterramento?

A palavra aterramento refere-se à terra propriamente dita. O aterramento é o fio ou a barra de cobre enterrado, onde passa a
corrente elétrica para o solo. Quando se diz que algum aparelho está aterrado (ou eletricamente aterrado) significa que um
dos fios de seu cabo de ligação está propositalmente ligado à terra. Ao fio que faz essa ligação denominamos "fio terra".

É obrigatório que todas as tomadas tenha o seu fio terra. Normalmente já vêm com o fio terra instalado, seja no próprio cabo
de ligação do aparelho à tomada, seja separado dele. No primeiro caso, é preciso utilizar uma tomada com três pólos onde
será ligado o cabo do aparelho.

Isto é possível pois a superfície da terra é o caminho natural de escoamento de cargas elétricas indesejáveis, como, por
exemplo, dos relâmpagos nas tempestades. Então, a terra pode servir como condutor de corrente elétrica. Assim, quase todos
os sistemas de distribuição de energia elétrica possuem um fio neutro em ligação com a terra, para proteção individual. Desta
forma, o excesso de tensão, caso ocorra, é encaminhado para a terra. Nas edificações, no ponto de alimentação de energia,
que são as tomadas, é obrigatório executar um contato entre a terra e o equipamento elétrico, criando um condutor de
proteção, denominado de aterramento. Assim os equipamentos elétricos estarão ligados a terra.

O objetivo dos aterramentos é assegurar, sem perigo, o escoamento das correntes de falta e de fuga para a terra, satisfazendo
as necessidades de segurança das pessoas e funcionais das instalações.

Dimmers e sensores de presença


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O dimmer é um interruptor do tipo variador de luminosidade. Através dele é possível aumentar ou diminuir a iluminância de
um ambiente, dentro dos limites da lâmpada. Nas universidades podem ser utilizados nos auditórios, permitindo criar
diferentes cenários. Em casa nos quartos.

Os sensores de presença são elementos utilizados com a finalidade de manter desligadas as luzes onde não haja constante
permanência de pessoas. Quando o sensor de presença detecta movimento, imediatamente comanda o acendimento das luzes,
que permanecem acesas por um tempo predeterminado. Muito útil nos corredores de edifícios.

dimmer sensor de presença

Fios

Os fios ou condutores elétricos são constituídos por material condutor (cobre ou alumínio) destinado a transportar energia. Os
fios são protegidos por uma camada de material isolante, geralmente por um material termo-plástico, como o PVC (cloreto de
polivinila e polietileno) ou ainda por material termo-fixos, como o EPR ou o XLPE (polietileno reticulado ou borracha de
etileno e propileno).

Cabo é um conjunto de fios encordoados isolados, cuja isolação é protegida externamente por uma capa ou cobertura. Os cabos
podem ser unipolares – constituído por um único condutor isolado, provido de cobertura sobre a isolação; ou multipolar –
constituído por vários condutores isolados, provido de cobertura sobre o conjunto de condutores isolados.

Os fios elétricos devem ser dimensionados de acordo com as normas brasileiras e por profissionais habilitados. No Brasil,
temos a Norma NBR 5410 – Instalações Elétricas de Baixa Tensão, cuja segunda edição ocorreu em 2004 e a revisão da
correção em 2008. Trata-se de uma Norma bastante atual, que reflete o consenso hoje existente entre os principais países do
mundo, no tocante ao uso seguro e racional da energia elétrica.

Entre os diversos critérios de dimensionamento de circuitos é necessário uma atenção especial sobre as cargas que serão
utilizadas, o tipo de instalação (aparente ou embutida), o ambiente (sujeito às intempéries, interno, em altas temperaturas) e as
distâncias entre a fonte de alimentação e o uso de cargas.

Eletroduto

O eletroduto é utilizado para que os fios ou condutores sejam levados do ponto de utilização (tomadas ou interruptores) até o
quadro de energia. Podem ser flexíveis ou rígidos, em PVC ou metálicos. Os flexíveis são maleáveis e fáceis de serem
utilizados embutidos em alvenarias. Os rígidos são os mais utilizados dentro das lajes das edificações. Os de PVC são mais
práticos e econômicos e os metálicos são muito empregados em instalações aparentes.
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Eletroduto PVC flexível corrugado Eletroduto PVC rígido

Disjuntor

O disjuntor é um dispositivo de proteção e interrupção eventual dos circuitos. Para aumentar a segurança do usuário, a norma
brasileira de instalações elétricas, desde 1997, passou a exigir o uso do dispositivo DR (disjuntor diferencial residual) em áreas
molháveis. O dispositivo DR detecta a fuga de correntes, cortando imediatamente a corrente elétrica principal, evitando
choques elétricos.

disjuntor padrão disjuntor DR

Podem ser utilizados também os fusíveis. A vantagem do disjuntor em relação ao fusível é que o disjuntor simplesmente
"desarma", interrompendo a corrente quando ela se torna perigosa, enquanto que o fusível queima. Uma vez que a causa do
excesso de corrente tenha sido eliminada, o fusível precisa ser trocado por outro novo, enquanto o disjuntor é simplesmente
rearmado.

Quadro de energia
O sistema elétrico de uma residência é dividido em circuitos e os circuitos são ligados aos disjuntores instalados dentro de um
quadro de energia. O quadro de energia deve ser instalado em um lugar de fácil acesso, protegido e conter indicações claras de
risco. Dos quadros de distribuição saem os fios correspondentes aos circuitos que alimentam as lâmpadas, tomadas e
equipamentos. Atualmente tem sido muito utilizado os quadros de distribuição de energia em PVC, considerados mais leves
que os metálicos.

1.1 Cargas específicas dos aparelhos de utilização

Para estimar o gasto de energia elétrica de uma edificação é necessário saber qual a potência elétrica dos equipamentos
utilizados. Você sabe qual o consumo de energia elétrica de um ventilador, por exemplo?
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Aqui iremos apresentar a potência média de consumo dos principais aparelhos elétricos utilizados nas residências.No projeto
elétrico, a potência das tomadas de uso específico, ou seja, as tomadas designadas para um determinado aparelho elétrico,
possuem o valor nominal da potência do equipamento. A tabela a seguir apresentada a potência específica (média) de consumo
de alguns aparelhos de utilização residenciais. Os valores aqui empregados estão de acordo com a tabela NTD-6.01 da
Companhia Energética de Brasília (1997) e o livro Instalações Elétricas, do autor Hélio Creder (1998).
CARGAS ESPECÍFICAS DOS APARELHOS DE UTILIZAÇÃO
(Tabela 09 - Anexo 1 - CEB NTD-6.01/1997 e Manual Pirelli)
APARELHOS Potência Nominal
Aquecedor de água central (Boiler) - 50 a 400 litros 1000 a 2500 W
Aquecedor de água de passagem 4000 a 8000 W
Aquecedor de ambiente (portátil) 500 a 1500 W
Aspirador de pó (tipo residencial) 500 a 1000 W
Barbeador 8 a 12 W
Batedeira 100 a 300 W
Cafeteira 1000 W
Caixa registradora 100 W
Centrífuga 150 a 300 W
Churrasqueira 3000 W
Chuveiro 4400 a 6500 W
Congelador (freezer) (tipo residencial) 200 a 500 VA
Copiadora tipo xerox 1500 a 3500 VA
Cortador de grama 800 a 1500 W
Distribuidor de ar (fan coil) 250 W
Ebulidor 2000 W
Esterilizador 200 W
Exaustor de ar para cozinha (tipo residencial) 300 a 500 VA
Fax 75 a 90 W
Ferro de passar roupa 800 a 1500 W
Forno elétrico 1500 W
Forno de microondas (tipo residencial) 1200 VA
Geladeira (tipo residencial) 150 a 500 VA
Grelha 1200 W
Impressora 70 a 150 W
Lavadora de pratos (tipo residencial) 1200 a 2800 VA
Lavadora de roupas (tipo residencial) 770 VA
Liquidificador 270 W
Máquina de costura (doméstica) 60 a 150 W
Máquina de escrever 150 W
Projetor de slides 250 W
Retroprojetor 1200 W
Secadora de cabelos (doméstica) 500 a 1200 W
Secadora de roupas (tipo residencial) 2500 a 6000 W
Televisor 75 a 300 W
Torneira 2800 a 4500 W
Torradeira (tipo residencial) 500 a 1200 W
Triturador de lixo (tipo pia) 300 W
Ventilador 60 a 300 W
Videocassete 10 a 100 W
Ar condicionado 1400 W
Campainha 100 W
Computador 120 W
Motor hidromassagem 322 W
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2. AS INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

2.1 A chegada da energia elétrica

A energia elétrica fornecida pela empresa de eletricidade à sua residência chega por meio de três fios. Estes três fios
distribuem as tensões típicas de 110 V e/ou de 220 V da sua cidade (220 V em Brasília) entre os aparelhos elétricos para que
eles funcionem. Portanto, podemos dizer que a eletricidade chega até a sua casa através de fios elétricos e que esta energia
elétrica é transportada por ondulações da corrente elétrica que vai e vem pelos condutores, impulsionada pela tensão elétrica.
A tensão varia continuamente, mudando de polaridade, as vezes “empurrando” a corrente e outras “puxando” a corrente,
alternadamente.

Para que uma corrente elétrica possa circular por um aparelho que seja ligado a esses condutores de energia, ela precisa de um
percurso completo (circuito fechado), ou seja, de ida e volta, o que significa que um só fio não pode alimentar nenhum
aparelho. Precisamos usar dois fios, entre os quais a tensão elétrica muda alternadamente de polaridade.

Um dos fios que chegam até a sua casa trazendo energia elétrica da empresa geradora e distribuidora, por motivo de segurança,
a própria companhia elétrica coloca em contato com o solo (terra) - é aterrado (na saída do gerador, no transformador da rua e
em centenas de outros pontos ao longo de seu percurso). Este fio não apresenta nenhuma diferença de potencial com o solo
(porque está intimamente ligado com ele), sendo denominado subjetivamente de retorno, neutro ou terra. Os outros dois fios
são isolados da terra. São os denominados fios fase ou vivos.

Para um aparelho elétrico esses nomes são desnecessários, uma vez que os dois fios trabalham exatamente do mesmo modo,
alternadamente. Contudo, para o instalador (eletricista) e para o usuário da edificação é importante saber que fio está ligando
aonde por motivos de segurança, mas não por motivos de funcionamento do aparelho. Quando ligamos a televisão na tomada,
de qualquer lado que coloquemos o plugue, ela funcionará. Isto comprova que não importa, para o funcionamento do aparelho,
saber em qual fio está a fase ou o neutro. Contudo, se utilizarmos uma chave teste (chave que acende uma luz quando colocada
na tomada no fio da fase) podemos verificar que um lado da tomada esta energizado (fase) e o outro não (neutro).

Assim, se colocarmos o dedo dentro da tomada no local onde esta o fio neutro não tomaremos choque, pois não há diferença de
potencial. Tanto o corpo humano quanto o fio neutro estão ligados na terra. Mas se colocarmos o dedo na fase, fechamos o
circuito (pois o corpo é um condutor) e tomamos choque.

Na figura a seguir mostramos um circuito elétrico simples e a nomenclatura associada.

Estes fios condutores de energia elétrica passam por um transformador abaixador de tensão (instalado geralmente em algum
poste próximo da edificação) e são levados até o medidor de energia elétrica ou de consumo de energia, denominado "relógio
da luz". Este relógio, como é popularmente conhecido, mede os quilowatts-horas consumidos, que correspondem à quantidade
de energia fornecida.

O medidor só funciona quando a corrente circula, ou seja, quando algum aparelho é ligado (luz ou tomada) e exige, com isso, a
circulação de uma corrente que lhe forneça energia.

Curiosidade: Caso exista alguma deficiência na instalação de energia que provoque um "escape" de corrente, por exemplo, um
fio desencapado encostado em um ferro da estrutura da casa, conforme exemplo da figura a seguir, a corrente circulante
acionará o medidor que registrará um consumo indevido.
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Após o relógio, encontramos um conjunto de dispositivos de proteção denominados de chaves ou disjuntores. Os disjuntores
desarmam quando a corrente ultrapassa um valor considerado perigoso para a instalação.

A intensidade máxima da corrente que pode passar por um fio é determinada basicamente pelo material de que ele é feito e por
sua espessura. Portanto, tanto os fios como os disjuntores devem ser corretamente dimensionados para atender aos
equipamentos elétricos e pontos de iluminação necessários na edificação.

Reflexão: Temos que P = U x i, onde P é a potência do aparelho, U é a tensão da cidade e i a corrente suportada pelo fio. Para
ligarmos uma geladeira cuja potência seja de 500 W em uma cidade cuja tensão seja 220 V, precisamos de uma corrente
mínima igual a: i = P/U, ou seja, i = 500/220 = 2,3 A. Isso significa que, para o correto funcionamento da geladeira, neste
exemplo, o fio tem que ter uma bitola que suporte no mínimo 2,3 A de corrente. Se a espessura do fio for inferior, a quantidade
de calor produzida pela geladeira irá esquentar o fio e dependendo do tempo que o fio se manter aquecido, poderá afetar a
integridade da capa plástica do fio. Se essa capa derreter, com a perda do isolamento, há risco de ocorrer um curto-circuito.
Neste caso, a função do disjuntor é desarmar, interrompendo assim a circulação da corrente. Caso isto não ocorra há risco de
pifar todos os equipamentos que estejam ligados e até de provocar um incêndio.

2.2 Os fios elétricos

A rede elétrica é formada por fios chamados de neutro e de fase. O fio neutro possui potencial zero e o fio fase é o fio por onde
a tensão elétrica é transmitida. Como haverá diferença de potencial entre a fase e o neutro, haverá tensão elétrica. Na rede
elétrica a tensão é alternada, já que potencial elétrico do fio fase é uma forma de onda senoidal, isto é, varia ao longo do tempo.

Nas instalações elétricas de uma edificação podem entrar de dois a quatro fios. Destes fios que vem do poste para a caixa de
luz e passam pelo relógio medidor, um é chamado neutro e os demais são chamados fase. Podemos ter até três fases.

O número de fases é definido pelo projetista em função da potência instalada na edificação. A edificação é denominada
monofásica quando existe apenas 1 fase e 1 neutro, bifásica se forem 2 fases e 1 neutro e trifásica para 3 fases e 1 neutro. Em
seguida, esses fios passam pela chave geral que serve como interruptor de toda a instalação. Da chave geral, saem os fios para
cada circuito, levando energia para os aparelhos e para a iluminação da edificação.

Normalmente os fios são representados graficamente nos projetos elétricos conforme apresentado a seguir:
fase retorno neutro terra

Vamos agora explicar a diferença na denominação de cada fio.

O fio neutro é um dos condutores de energia da empresa distribuidora, sendo ligado à terra. No local onde a energia elétrica é
gerada, ao longo das torres de distribuição, nas subestações e nos transformadores de rua há uma ligação desse condutor até o
solo.

O condutor isolado da terra e que apresenta potencial elétrico em relação a ela é denominado de fio fase. Evidentemente, se
com os pés no chão, tocarmos nesse condutor, tomaremos choque.

O retorno é o fio que conecta o interruptor e a lâmpada. Quando acionamos a chave do interruptor ele leva a corrente elétrica
presente na fase (instalada no interruptor) até a lâmpada, acendendo a mesma. Este fio funciona enquanto o interruptor está
desligado como o fio neutro, e quando ligamos o interruptor ele passa a ser uma fase, pois leva a fase para a lâmpada,
acendendo-a.

E o fio terra? O fio terra tem a função de capturar a corrente elétrica que algumas vezes quer "fugir" do interior dos aparelhos
defeituosos e conduzi-la para a terra, desviando-a do corpo das pessoas. Ele é fundamental para a proteção das pessoas contra
os choques elétricos, absorvendo e encaminhando para a terra as correntes que "fugiram" dos aparelhos, e para a proteção dos
parelhos elétricos contra picos de energia. Ele descarregará para a terra as correntes "fugitivas" e estabilizará as tensões quando
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ocorrer defeitos nas instalações. Podemos compará-lo ao cinto de segurança de um automóvel. Como o automóvel funciona e
transporta pessoas que não estão utilizando o cinto de segurança, os aparelhos também funcionam sem possuir o fio terra. Por
isso, muitas vezes as pessoas não se lembram de colocar o fio terra, fazendo com que os riscos à segurança delas e dos
aparelhos aumentem bastante, da mesma forma que o automóvel que se envolve em um acidente e seus ocupantes não estão
usando o cinto de segurança.

2.3 Funcionamento das tomadas e das lâmpadas

O projeto de uma edificação é dividido em vários circuitos. Como exemplo, dos fios que chegam na universidade, uma das
fases pode ser utilizada para alimentar as tomadas de energia distribuídas pelas salas de aula, corredores e demais ambientes.
Outra fase para alimentar as lâmpadas.

Estas separações de circuitos são feitas pelos projetistas e são interessantes não só em termos de distribuição das correntes
como também para a manutenção. Ao separarmos o circuito de iluminação das tomadas, por exemplo, podemos desligar a
chave que alimenta as tomadas para trabalhar numa delas, sem precisar desligar a luz, que vai iluminar o local que esta sendo
trabalhado.

A distribuição em vários circuitos é utilizada também para evitar os perigos que possam resultar da falha de um único circuito
e para limitar as consequências de uma falta de energia elétrica. Cada circuito possui fios independentes que saem do quadro
de distribuição de energia.

- Tomadas

As tomadas são alimentadas pelos fios denominados de fase, neutro e terra. A figura a seguir mostra uma tomada padrão, com
os pinos da fase e neutro, onde a energia passa e o pino terra (aterramento), que permite o escape da energia excedente,
evitando choques e a queima dos aparelhos.

É obrigatório que todas as tomadas tenham o seu fio terra. Normalmente os aparelhos elétricos já vêm com o fio terra
instalado, seja no próprio cabo de ligação do aparelho à tomada (três pinos), seja separado dele (fio elétrico ao lado do plug,
geralmente verde). No primeiro caso, é preciso utilizar uma tomada com três pólos onde será ligado o cabo do aparelho. No
segundo, uma tomada com dois pólos é suficiente. O fio terra do aparelho (que fica normalmente no fundo do equipamento)
deve ser ligado diretamente ao fio terra da rede. Este fio substitui o pino do terra.

Alguns aparelhos elétricos não precisam de fio terra. Eles são construídos de tal forma que a corrente "fugitiva" não cause risco
às pessoas. Para a sua ligação é usada uma tomada com apenas dois pólos, um para o fio fase e outro para o fio neutro.

A figura esquemática a seguir representa o quadro de energia, onde localizam os disjuntores e a haste para aterramento do fio
terra. Cada disjuntor liga um circuito. Cada circuito possui fio fase e neutro independente. As tomadas, como já foi dito,
possuem 3 pinos: uma para o fio fase, outro para o fio neutro e outro para o terra.
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- Iluminação

Os circuitos que alimentam pontos de iluminação utilizam apenas a fase e o neutro. Existe um terceiro fio chamado retorno. A
fase chega no interruptor e é transmitida para a lâmpada pelo retorno. Se o interruptor estiver desligado não passa corrente pelo
retorno. Ao liga-lo a corrente passa pelo retorno e acende a luz. Na lâmpada chega o neutro e o retorno.

Os interruptores são ligados em série com as lâmpadas, ou seja, a corrente que passa pelo interruptor é a mesma que passa pela
lâmpada, conforme mostrado no esquema a seguir:

interruptor

fase retorno

neutro

Observe que basta interromper a corrente em apenas um fio, pois isso interrompe seu percurso, impedindo sua circulação: a
lâmpada não acende. Em princípio, podemos interromper a corrente no fio fase ou no fio neutro, mas é uma boa prática do
instalador identificar o pólo fase e nele colocar o interruptor (geralmente no ponto médio da chave de tecla).

Esse procedimento é interessante porque, se tentarmos trocar uma lâmpada tendo apenas o interruptor desligado e esse se achar
no neutro (todo o restante do circuito ligado na fase), um toque em qualquer parte metálica do soquete ou do circuito não
impede que levemos um choque, pois passamos a formar um circuito fechado.

Se o fio interrompido for a fase (caso 1), nas partes metálicas do soquete da lâmpada teremos apenas neutro, ou seja, elementos
com o mesmo potencial de nosso corpo e que portanto, não podem dar choque mesmo que toquemos neles. No caso 2, mesmo
que o interruptor esteja desligado, a fase esta chegando na lâmpada criando um circuito fechado com o corpo no momento da
troca da lâmpada causando o choque.

Interruptor desligado

desliga a fase retorno

não há choque!

neutro

Caso 1 - Ligação correta

Interruptor desligado
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desliga o neutro retorno

fase

Caso 2 - Ligação incorreta

Fique atento para a passagem dos fios elétricos nos circuitos. Este conhecimento é fundamental para a segurança dos usuários
da edificação.

Curiosidade: os interruptores possuem três pinos de contato na chave de tecla (por trás da peça). Quando instalamos circuitos
simples devemos conectar o fio fase no ponto médio (pino do meio) e o fio do retorno em uma das extremidades. Interruptores
instalados em three-way utilizam os três pinos, devendo o fio fase e o retorno da lâmpada ser instalado no centro de cada um
deles (neste caso são dois interruptores) e os demais ao retorno.

2.4 Projeto elétrico de uma escola - exemplo

Vamos apresentar, como exemplo, o projeto elétrico de uma escola. A planta baixa da escola é apresentada a seguir. Temos no
projeto salas de aula, direção, banheiros, lavatório, corredor e pátio.

A planilha de circuitos da escola é apresentada a seguir. Nela constam a previsão de carga dos aparelhos elétricos e dos pontos
de iluminação, por circuito.
Circuito Pontos de consumo Potência lâmpadas + Potência total
tomadas (W)
1 Tomadas salas e pátio 7 x 300 W 2100
2 Iluminação salas 5 x 400 W 2000
3 Iluminação corredor 1 x 200 W 1700
Iluminação pátio 3 x 500 W
4 Iluminação direção, corredor e banheiro + 5 x 200 W 2000
tomada lavatório 1 x 1000 W
5 Tomadas direção 3 x 1000 W 3000
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O projeto elétrico é apresentada a seguir. No projeto constam a representação gráfica dos pontos de luz, tomadas, interruptores,
fios, eletrodutos e quadro de energia.

Atenção: O projeto acima possui alguns erros nos fios (trechos incompletos).

O projeto é acompanhado por uma legenda que é a identificação do que foi usado no projeto. Veja a legenda do projeto acima:

No projeto vemos que chegam nos interruptores os fios fase e retorno, que é ligado na lâmpada. Na lâmpada chega o fio neutro
e o retorno que vem do interruptor. E nas tomadas chegam a fase, o neutro e o retorno.
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Os fios vêm da rede elétrica que chegam até o relógio, localizado na entrada da edificação. Partem, geralmente pelo piso, para
o quadro de energia.
Neste exemplo, temos uma edificação bifásica, onde chegam da rede dois fios de fase e o neutro. O quadro deve ser aterrado,
de onde temos então o fio terra.
Do quadro de energia localizado dentro da edificação saem os fios que alimentam os pontos de consumo. Cada circuito, neste
caso são cinco, possuem seus respectivos fios. No quadro, para cada circuito, é instalado um disjuntor.

2.5 Instalação de um fio terra

A conexão dos equipamentos elétricos ao sistema de aterramento deve permitir que, caso ocorra uma falha no isolamento dos
equipamentos, a corrente de falta (corrente "fugitiva") passe através do fio de aterramento ao invés de percorrer o corpo de
uma pessoa que eventualmente esteja tocando o equipamento (o que provocaria choque, lesões e até mesmo morte -
dependendo de cada situação e da intensidade da corrente de fuga).

Dentro de uma instalação elétrica existem diversos tipos de proteção: contra choques elétricos, contra descargas atmosféricas,
contra sobretensões, etc. Para uma melhor compreensão e busca da solução mais conveniente, deve-se estudar separadamente
cada uma delas. Porém, ao executar a instalação deve ser feito um único aterramento. As normas técnicas não permitem
aterramentos isolados ou indepedentes, para que não apareça diferença de tensão, que é a principal causa de "queima" dos
equipamentos e colocam em riscos os usuários das instalações elétricas. Um único ponto de aterramento é que irá garantir a
proteção adequada.

O procedimento muito comum de utilizar aterramentos isolados, exclusivos ou independentes, constitui um grande equívoco.
Esse procedimento não está de acordo com as Normas Técnicas Brasileiras, de uso obrigatório, e coloca em risco as pessoas e
aparelhos elétricos.

Todo o quadro de distribuição deve ter um terminal de aterramento, para onde irão convergir os fios terra da instalação. Isto
significa que todos os fios terra, de cada aparelho, devem ser ligados ao mesmo ponto de aterramento.

O terminal, por sua vez, deve ser ligado ao eletrodo de aterramento, de uso obrigatório em todo padrão de entrada de energia.
Essas ligações devem ser feitas da forma mais direta e curta possível.

De uma forma simples dizemos que um aterramento é conseguido enterrando uma haste metálica a cerca de dois metros de
profundidade no solo (na terra) conectando o fio terra nele ou ligando o fio às partes metálicas da edificação.

2.6 Observações gerais

Aqui estão apresentados alguns cuidados gerais na execução de um projeto elétrico e no contato com a rede.

- Nunca aumente o valor do disjuntor ou do fusível sem trocar a fiação;

- Devem ser previstos circuitos separados para as tomadas da cozinha e área de serviço e a iluminação;

- Todas as tomadas devem ter um fio para o aterramento;

- O disjuntor não deve ser utilizado como interruptor;

- Não utilize o fio neutro como fio terra;

- Apenas o aterramento não é suficiente para a proteção das pessoas contra choques elétricos. As Normas Técnicas Brasileiras
exigem o uso de disjuntores DR (Diferencial-Residual), que podem ser adquiridos em casas de material elétrico;

- Evite a utilização do chamado "T" ou benjamins. O seu uso indevido causa sobrecarga nas instalações. Instale mais tomadas,
respeitando o limite de condução de energia elétrica dos fios;

- Os chuveiros elétricos devem possuir circuitos exclusivos;

- No caso da instalação de um novo equipamento elétrico como, por exemplo, um ar condicionado, calcule se a fiação, o
eletroduto e o disjuntor existentes suportam o aparelho;

- Sempre que for fazer manutenção na rede elétrica desligue o disjuntor.


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3. O PROJETO ELÉTRICO

As instalações elétricas são representadas graficamente através do projeto elétrico. Um sistema elétrico compreende desde a
entrada de energia da rua e sua medição através do relógio, aos quadros de distribuição de energia que são constituídos por
disjuntores ou fusíveis para distribuição dos circuitos da edificação, através dos fios que passam dentro dos eletrodutos e estão
ligados aos pontos de utilização, como os interruptores, as tomadas e os pontos de iluminação.

Os pontos de iluminação são utilizados para ligação das lâmpadas e luminárias. As tomadas podem ser de energia ou especiais,
a primeira para ligação de eletrodomésticos e equipamentos de uso corrente e a segunda para equipamentos específicos como
máquina de lavar, forno de microondas, chuveiro elétrico, etc. Os interruptores são utilizados para o acionamento dos pontos
de iluminação.

O sistema elétrico é dividido em circuitos. Circuito é o conjunto de pontos de consumo (iluminação ou tomadas), alimentados
pelos mesmos condutores (fios) e ligados ao mesmo dispositivo de proteção (chave ou disjuntor). Em outras palavras circuito é
um conjunto de tomadas, pontos de energia, pontos de iluminação e interruptores cuja fiação encontra-se interligada. Cada
circuito é ligado a uma chave dentro do quadro de energia. O quadro elétrico serve para controlar a sobrecarga dos circuitos,
pois os disjuntores irão desarmar neste caso.

Dos quadros de distribuição saem os fios correspondentes aos circuitos que alimentam as lâmpadas, tomadas e equipamentos.
O quadro de distribuição deve ser disposto em local de fácil acesso. Ele é composto por disjuntor geral com chave
seccionadora ou dispositivo diferencial residual que desliga todos os circuitos a ele ligados e por diversos disjuntores
secundários que desligam os seus respectivos circuitos.

O projeto consiste na previsão escrita da instalação, com todos os seus detalhes, localização dos pontos de utilização de energia
elétrica (pontos de luz e tomadas), comandos (interruptores), trajeto dos condutores, divisão em circuitos, seção dos
condutores, dispositivos de manobra (disjuntor), carga de cada circuito, carga total, etc.

A figura a seguir apresenta o desenho esquemático de um projeto elétrico. Nele estão representados graficamente os pontos de
luz, as tomadas, os interruptores, os eletrodutos, os fios e o quadro de energia. O projeto deve ser acompanhado por uma
legenda que é a identificação do que foi usado no projeto.

De uma maneira geral, o projeto compreende quatro partes:


• Memória, em que o projetista justifica a sua solução;
• Conjunto de plantas, esquemas e detalhes, que deverão conter todos os elementos necessários à perfeita execução do
projeto;
• Especificações, onde se descreve o material a ser usado e as normas para a sua aplicação;
• Orçamento, onde são levantados a quantidade de material e da mão-de-obra.

a) Qualidade do projeto

Os requisitos de desempenho e parâmetros básicos para a elaboração de um projeto de instalação são:


• Integração de projetos (execução e manutenção);
Instalações e Equipamentos - Profª Chenia Figueiredo - 14 -

• aspectos legais (estado e município);


• normas da ABNT;
• regulamentos das companhias concessionárias, bem como as características elétricas da rede e sua localização mais
próxima;
• recomendações e prescrições dos fabricantes.

O controle de qualidade na execução das instalações prediais depende de:


• Profissionais habilitados;
• Ferramentas adequadas;
• Materiais de boa qualidade;
• Evitar elementos estruturais.

A elaboração de um projeto de instalações prediais dentro dos padrões de qualidade seguem as seguintes regras e etapas:
Diretrizes para elaboração do projeto
• Qualidade na solução do projeto: qualidade no produto final, facilidade de construir e baixo custo
• Qualidade na descrição do projeto: projeto executivo, memoriais e especificações técnicas
• Qualidade no processo de elaboração do projeto: integração entre projetos, análise crítica do projeto e controle de
recebimento

Coordenação e integração entre projetos


• Integração do projeto com a obra: decisões sobre forma, dimensões e repetição, buscando oferecer facilidade de
construir, continuidade do processo, produtividade e baixo custo
• Garantir a comunicação e integração entre os projetistas em suas várias fases
• Apresentar soluções rápidas para as interferências nos projetos distintos
• Avaliar a coerência entre o projeto, o processo de execução da empresa e o cliente

Controle da qualidade no recebimento de projetos


• Parâmetros de projeto: verificar a interface e definições dos projetos
• Check-list de definições de projeto: listagem de itens a serem definidos pelo projetista
• Cronograma de projeto: prazos de elaboração
• Mapa de acompanhamento e procedimentos de apresentação de projetos: apresentar a situação dos projetos (realizado/
em andamento)
• Check-list de recebimento de projeto: relação de todos os itens que constam dos parâmetros de projeto a serem
verificados
• Controle de arquivo: procedimentos para a organização dos arquivos de projetos
• Controle de atualização de projeto: controle de revisão do projeto (caso necessário)
• Controle de remessa de cópias para as obras: eliminar a possibilidade de uso de cópias desatualizadas

Projeto as built
• Levantamento de dados: caracterizar o produto, condições preexistentes e restrições para elaboração do projeto,
objetivos do cliente.
• Programa de necessidades: necessidade do usuário
• Estudo de viabilidade: ponto de vista técnico, legal e econômico.
• Estudo preliminar: representação da configuração inicial da edificação
• Anteprojeto: detalhamento e inter-relacionamento com as demais atividades, permitir elaboração de uma estimativa de
custos e de um cronograma.
• Projeto básico: projeto de pré-execução compatibilizado com todas as interferências permitindo a licitação e
contratação do serviço de execução e melhor elaboração dos custos e prazos.
• Projeto executivo: desenho técnico e detalhes em escala
• Detalhes construtivos: desenhos complementares
• Caderno de especificações: técnicas e detalhes dos materiais
• Coordenação e gerenciamento dos projetos: programação (prioridades), cronogramas e compatibilização dos projetos.
• Assistência à execução: visitas periódicas à obra para orientação geral, esclarecimento de dúvidas, necessidade de
alterações ou complementação do projeto.
• Projeto as built: conjunto de desenhos do projeto executivo revisados e elaborados conforme o que foi executado em
obra, para atualização e recomendações de manutenção.

O projetista deve manter frequentes visitas ao canteiro de obras, participar de reuniões técnicas para esclarecimento de
dúvidas, fazer as alterações, substituições ou complementação dos desenhos necessários.

b) Técnicas de execução

Os elementos do sistema elétrico são o medidor, o centro de distribuição e os circuitos.


Durante as fases de execução o sistema elétrico entra em diversas etapas da obra, que são:
• Concretagem: instalação das caixas e tubulação seca
Instalações e Equipamentos - Profª Chenia Figueiredo - 15 -

• Alvenaria: marcação, rasgo e colocação eletrodutos (sondagem) e caixas


• Revestimento concluído: enfiação
• Após pintura: colocação das tomadas, interruptores e espelhos

3.1 Elaboração do projeto de instalações elétricas

O projeto de instalações elétricas consiste na previsão escrita da instalação, contendo:


 Indicação dos pontos de luz
 Indicação dos pontos de consumo (tomadas)
 Comandos (interruptores)
 Proteção (centro de distribuição)
 Trajeto dos eletrodutos e condutores
 Dimensões dos eletrodutos e condutores
 Divisão em circuitos
 Carga de cada circuito
 Carga total

PROJETO deve apresentar PROJETISTA necessita


- Memória - Plantas e cortes de arquitetura
- Conjunto de plantas - Recursos disponíveis
- Especificações dos materiais - Localização da rede mais próxima
- Orçamento - Características elétricas da rede

As etapas do projeto elétrico são:


 Previsão de Carga
 Distribuição dos Circuitos
 Lançamento dos Pontos
 Dimensionamento
 Diagrama Unifilar
 Quadro de Cargas
 Legenda
 Carimbo
 Detalhes

3.1.1 PREVISÃO DE CARGA

O projeto elétrico é elaborado utilizando uma planilha de previsão de carga. A previsão de carga consiste em estimar todos os
equipamentos elétricos e pontos de iluminação que serão utilizados na edificação. Esta previsão de carga é obtida através do
somatório da potência de todos os pontos de luz e das tomadas da edificação, empregando critérios sugeridos pela norma
brasileira. A potência utilizada é a potência média dos aparelhos de consumo mais a potência de iluminação.

A primeira etapa é ter em mãos o projeto de arquitetura, onde é definido o que é cada ambiente da edificação. Nas
universidades, por exemplo, na planta de arquitetura está definido os locais das salas de aula, da diretoria, os banheiros, os
auditórios, etc. Deve-se, também, obter o layout de cada ambiente. O projeto de layout é aquele que representa os desenhos de
móveis e equipamentos. Nas salas de aula é importante saber onde ficarão as mesas, se haverá tomadas para computadores ou
apenas televisor. Nas cozinhas e refeitórios é preciso definir o local da bancada para que as tomadas estejam próximas,
facilitando o uso. É com o projeto ou o esboço do layout que o projetista elétrico lança os pontos de consumo (iluminação e
tomadas).

Laboratórios ou salas especiais, no caso de universidades, devem ser previstos inicialmente para que o projetista obtenha a
potências das tomadas específicas para os equipamentos elétricos. Tudo isso é pensado para que o projeto esteja de acordo com
o uso da edificação, garantindo a eficiência e o conforto do usuário.

Dentro dos critérios gerais, todos os ambientes devem ter pelo menos um ponto de luz e um ponto para tomada. As tomadas de
uso geral nas salas de aula podem ser utilizadas para televisor, computador, retroprojetor ou datashow. Havendo aparelho de ar
condicionado, deve-se deixar uma tomada para uso específico do mesmo.

Para iluminação das salas de aula, pode ser previsto apenas um ponto de luz no teto, no centro da sala. Existem ainda salas com
vários pontos de luz, onde são utilizadas as lâmpadas fluorescentes, mais econômicas e funcionais em locais onde a luz irá
ficar acesa por um longo período. Ambientes com pé direito alto podem contar com as arandelas, que são pontos de luz na
parede.
Instalações e Equipamentos - Profª Chenia Figueiredo - 16 -

As cozinhas e áreas de serviço geralmente possuem maior número de pontos de tomadas, para uso dos diversos equipamentos
existentes como: forno, geladeira, liquidificador, ferro, secadora, maquinas de lavar roupas e louças, etc. Cada projeto é feito
em função do tipo de uso da edificação, procurando atender as necessidades específicas.

A previsão de carga segue as regras de exigência mínima segundo a norma brasileira NBR 5410.

Em unidades residências podem ser adotados os seguintes critérios:

a) Previsão de carga mínima de iluminação de 100 VA para os primeiros 6 m2 e 60 VA para cada aumento de 4 m2 (inteiros).
 Em cada cômodo ou dependência de unidades residenciais deve ser previsto pelo menos um ponto de luz no teto com
potência mínima de 100 VA comandada por interruptor de parede.

Exemplo:
A= 14 m2 = 6+4+4
P= 100 + 60 + 60 = 220 W

A= 15 m2 = 6+4+4+(1)
P= 100 + 60 + 60 + 60 = 220 W
(Este 1 não é inteiro, portanto será desprezado, arredondado para baixo)

b) Áreas externas (garagem, por exemplo) pelo menos um ponto de luz de 100 VA

Empregar, quando conveniente, para o dimensionamento da Iluminação, o cálculo luminotécnico.

c) Tomadas de uso geral (TUG)


 Área  6m2 - Uma tomada de 100 VA
 Área  6m2 - Uma tomada para cada 5 m de perímetro ou fração
 Em banheiros: pelo menos uma tomada perto da pia
 Cozinha, copa, copa-cozinha: no mínimo uma tomada a cada 3,5 m de perímetro (ou fração), sendo que, acima de cada
bancada com largura igual ou superior a 30 cm, deve ser prevista pelo menos uma tomada

Exemplo:
Perímetro cozinha= 14 m = 4 x 3,5 m
Número de tomadas = 4 (sendo 1 tomada instalada acima da bancada com largura  30 cm)

Perímetro cozinha= 15 m = 4 x 3,5 m + 1m


Número de tomadas = 5 (sendo 1 m superior a 25% de 3,5 m, deve ser considerado mais 1 tomada)

d) Tomadas de uso específico (TUE)


 Devem ser instaladas no máximo a 1,5 m do local de uso

e) Todas as tomadas TUE e TUG devem ser aterradas

f) Potência das tomadas


 Tomada de uso específico: devem ter o valor nominal do equipamento

g) Para as cozinhas, copas e áreas de serviço: no mínimo 600 VA por tomada até 3 tomadas; e 100 VA por tomada para as
excedentes

h) Para as TUG o mínimo de 100 VA por tomada e para garagem pelo menos uma TUG.
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QUADRO RESUMO - QUANTIDADE MÍNIMA E POTÊNCIAS MÍNIMAS DE TOMADAS DE USO GERAL

Área
Local Quantidade mínima Potência mínima (VA) Observações
(m2)
UNIDADES RESIDENCIAIS
Acima de cada bancada
600 por tomada até 3
COZINHA, 1 para cada 3,5 m ou com largura mínima de
Qualquer tomadas e 100 por tomada
COPA-COZINHA fração de perímetro 30cm, pelo menos 1
para as demais
tomada
Até 6 1 600 -
ÁREA DE
600 por tomada até 3
SERVIÇO, Maior que 1 para cada 5m ou fração
tomadas e 100 por tomada Distribuição uniforme
LAVANDERIA 6 de perímetro
para as demais
BANHEIRO Qualquer 1 junto à pia 600 -
SUBSOLO,
GARAGEM, Qualquer 1 100 -
VARANDA
SALAS, Até 6 1 100 -
QUARTOS e
Maior que 1 para cada 5m ou fração
DEMAIS 100 por tomada Distribuição uniforme
6 de perímetro
DEPENDÊNCIAS
LOCAIS COMERCIAIS E ANÁLOGOS
1 para cada 3m ou fração
de perímetro
Até 40 ou 1 para cada 4m2 ou 200 por tomada Distribuição uniforme
fração da área (adotar o
SALAS
maior)
10 para os primeiros 40m2
Maior que
mais 1 para cada 10m2 ou 200 por tomada Distribuição uniforme
40
fração excedente
Até 20 1 200 Não computadas as
destinadas a vitrines,
LOJAS Maior que 1 para cada 20m2 ou lâmpadas e
200
20 fração demonstrações de
aparelhos

PLANILHA DE POTÊNCIA OU PREVISÃO DE CARGAS (Exemplo)

DIMENSÕES ILUMINAÇÃO TUG TUE


Depêndencia Pot. Pot. Pot. Pot.
Área Perim No. de No. de Potência
Unit. Total Unit. Total Aparelho
(m2) (m) pontos pontos (W)
(W) (W) (W) (W)
SALA 24 20 2 200 400 4 100 400
QUARTO 13,57 15 1 200 200 3 100 300
BANHEIRO 2,82 7 1 100 100 1 600 600 chuveiro 6500
HALL 0,85 3,7 1 100 100 1 100 100
lavadora de
2800
pratos
COZINHA 5,89 10 1 100 100 3 600 1800
microondas 1200
ferro passar 1500
TOTAL - - - - 900 - - 3200 - 12000
POTENCIA (TOTAL) 16100
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Exemplo: Calcular, segundo a norma de instalações elétricas, a quantidade mínima de pontos de tomada e a potência de
iluminação, para uma cozinha com área de 15 m2 e perímetro de 20 m.

Potência de iluminação: 15 = 6 + 4 + 4 + (1) = 220 W


(utilizar, por exemplo, 3 lâmpadas de 60W + 1 lâmpada de 40W; ou adotar 3 lâmpadas de 100 W cada). É importante lembrar
que isso não implica em adotar 3 pontos de luz na cozinha, pode-se empregar 1 ponto com 3 lâmpadas.

Pontos de tomada: TUE geladeira: 500 VA


freezer: 500 VA
Microondas: 1200 VA
TUG: 20 m = 5 x 3,5 + 2,5 = 6 (3 x 600 VA + 3 x 100 VA)
Foram adotados 6 pontos de tomada de uso geral e mais 3 pontos de tomada de uso específico. Segundo a norma, poderia ser
considerado apenas os 6 pontos, deixando 3 deles para uso específico.

Exercício: Faça a planilha de potência do seu projeto de instalações (que será utilizado na disciplina).

3.1.2 DISTRIBUIÇÃO DOS CIRCUITOS


Circuito é o conjunto de pontos de consumo, alimentados pelos mesmos condutores e ligados ao mesmo dispositivo de
proteção (chave ou disjuntor). Toda instalação deve ser dividida em vários circuitos, com a finalidade de limitar as
consequências de uma falta; facilitar as verificações, os ensaios e a manutenção; evitar os perigos que possam resultar da falha
de um único circuito, por exemplo, a iluminação.
 Prever circuitos independentes para aparelhos com corrente nominal superior a 10 A. Em Brasília U=220V. Sendo P=Ui,
temos P = 220 x 10 = 2200 VA. Portanto, para chuveiro e para churrasqueira elétrica, por exemplo, devem ser previstos
circuitos independentes.
 É conveniente que os circuitos tenham potência máxima de 3000 W.
 Os circuitos de iluminação devem ser separados dos circuitos de tomadas, ou seja, devem ter circuitos independentes. Em
unidades residenciais, hotéis e similares são permitidos pontos de iluminação e tomadas em um mesmo circuito, exceto na
cozinha, copas e áreas de serviço, que devem constituir um ou mais circuitos independentes
 Cada circuito deve ter seu condutor neutro e fase independente.
 Em instalações residenciais ou comerciais só serão utilizados condutores de cobre
 A cozinha deve ter circuito independente
 Nas instalações alimentadas por 2 ou 3 fases (polifásicos), as cargas devem ser distribuídas de modo a garantir o maior
equilíbrio possível
 Devem ser previstos no mínimo 1 circuito para cada 60 m2 em residências e no mínimo 1 circuito para cada 50 m2 em
lojas e escritórios
 Após somar a potência total da residência ou do estabelecimento comercial, considerar a Tabela a seguir, específica para
Brasília (CEB-NTD-6.01) para dimensionar se o sistema será monofásico, bifásico ou trifásico:

TIPOS DE UNIDADE CONSUMIDORA DE TENSÃO SECUNDÁRIA

CATEGORIAS TIPO CARGA INSTALADA/ DEMANDA


M1 C.I.  7 kW
MONOFÁSICAS
M2 7 kW  C.I.  11 kW
B1 11 kW  C.I.  13 kW
BIFÁSICAS
B2 13 kW  C.I.  22 kW
T1 D  20 kVA
T2 20 kVA  D  33 kVA
TRIFÁSICAS
T3 33 kVA  D  45 kVA
T4 45 kVA  D  65 kVA
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PLANILHA DE CIRCUITO (Exemplo)

LÂMPADAS TOMADAS POTÊNCIA


No. CÔMODO ENVOLVIDO Potência Ptos Pot. TUG Pot. TUE TOTAL
(W) (W) (W) (W)
1 Iluminação 1600 - - - 1600
2 Quarto, quarto casal, banho
- 6 800 1000 1800
casal
3 Computador, tomadas uso
- 5 500 1600 2100
geral sala
4 Chuveiro casal - 1 - 6500 6500
5 Ar condicionado (quarto 1 e
- 2 - 3000 3000
2)
6 Aquecedor de água
- 1 - 5000 5000
(banheira)
7 Sala TV, hall íntimo, banho
- 8 1300 1000 2300
social
8 Chuveiro banho social - 1 - 6500 6500
9 Lavanderia, despensa,
varanda, jardim, portão - 6 1500 700 2200
entrada
10 Lavadora e secadora de
- 1 - 3000 3000
roupa
11 Geladeira, freezer,
microondas, tomadas uso - 6 600 2200 2800
geral cozinha
12 Máquina lavar pratos,
- 2 - 2400 2400
exaustor
Total 1600 4700 32900 39200

3.1.3 LANÇAMENTO DOS PONTOS


Com as planilhas de potência e de circuito pode-se lançar os pontos de consumo no projeto elétrico. Para isto, devemos utilizar
o projeto de arquitetura. O lançamento deve ser feito utilizando esta seqüência:

 Lançar as tomadas, pontos de luz, interruptores


 Lançamento do quadro terminal (Q.T.)
 Lançamento da tubulação por cômodo
 Lançamento da tubulação de conexão entre os cômodos
 Lançamento da fiação por cômodo

Observações importantes:
- Deve-se levar um eletroduto separado e exclusivo para cada tomada do chuveiro
- Deve-se cotar todos os fios e eletrodutos no projeto (fios e eletrodutos não cotados devem aparecer na legenda definindo a
seção)
- Cada circuito possui seus fios de fase e neutro independentes

a) Simbologia

O projeto elétrico é representado pelos símbolos gráficos. Eles são utilizados para facilitar a execução do projeto e a
identificação dos pontos de consumo. Aqui será apresentada a simbologia usual, consagrada nos projetos elétricos. Contudo
esta simbologia pode variar de um profissional para outro. Consulte sempre a legenda para identificar o que foi usado no
projeto.

As tomadas podem ser baixa = 0,30 m; média = 1,30 m; alta = 2,00 m

Os interruptores podem ser de uma ou mais seções. Temos ainda o interruptor three-way.
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b) O neutro

Para circuitos monofásicos a seção do condutor neutro é a mesma seção da fase.

Para circuitos polifásicos onde a bitola da fase for menor ou igual a 25 mm2 a seção do condutor neutro será igual à seção do
condutor fase; senão, adotar as seções mínimas da Tabela 44 (NBR 5410)

c) Cores dos condutores


Condutor Segundo a norma Adotadas na prática
Fase Verde, amarelo, marrom violeta Azul, branco, vermelho e preto
Neutro Cinza
Terra preto
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3.1.4 DIMENSIONAMENTO DOS FIOS E CABOS

Os fios são dimensionados por circuitos segundo os critérios propostos na norma brasileira.

Para o dimensionamento dos fios utilizam-se diversos critérios, como a carga a ser utilizada no circuito, o tipo de instalação
(aparente ou embutida), o ambiente (sujeito às intempéries, interno, em altas temperaturas) e as distâncias entre a fonte de
alimentação e o local de uso da carga.

a) Escolha o cabo
b) Dimensionar pela maneira de instalar
c) Dimensionar pela queda de tensão
d) Dimensionar pela seção mínima
e) Coordene a proteção contra sobrecarga

a) Escolha o cabo

O condutor (fio) mais utilizado em residências é o Pirastic Antiflam.

b) Dimensionamento pela maneira de instalar ou ampacidade

Esta fase envolve as influências externas no sistema de distribuição. Estas provocam o aumento da temperatura do cabo, direta
ou indiretamente, através do aumento da corrente.
Este dimensionamento é feito para que a temperatura do cabo não ultrapasse a de serviço contínuo.

 Unidades consumidoras em temperatura ambiente até 30ºC, cobertura de PVC e condutores de cobre isolados

Dimensionar a corrente para a potência total do circuito e determinar a seção mínima segundo a Tabela 15 (CEB – Anexo 1).
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Exemplo:. Determinar por ampacidade, para um circuito com potência total de 2470 W, em eletroduto embutido na
alvenaria, a seção mínima do condutor.
P 2470
i    11,23 A  corrente máxima admissível Pela Tabela 15 CEB – seção mínima do condutor:  1,5 mm2
V 220

 Para os demais casos: Consultar bibliografia.

 Para cabos com cobertura EPR ou XLPE consultar Tabelas 31 a 33 da NBR 5410.
 Para agrupamento diferentes dos indicados na Tabela 15 utilizar fator de correção recomendados pelas Tabelas 34 a 39 da
NBR 5410.

Exercício: Determinar a seção mínima do condutor de alimentação de uma residência por “ampacidade”, com potência
total de 23000 W.
Obs.1: A potência para o circuito de alimentação é dividida pelo número de fases da residência.
Obs.2: Na Tabela 15 da CEB, utilizar para o circuito de alimentação “no solo” “em banco de dutos”, pois é a alimentação
da casa.
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c) Dimensionamento por Queda de Tensão

Em uma rede de distribuição secundária considera-se uma perda de tensão média de 2% até o centro de distribuição e de 2%
até os circuitos terminais.

 As distâncias devem ser medidas em linhas retas, passando pelos pontos de luz e somando as respectivas alturas do quadro
terminal (QT) e ponto de força.
 As distâncias das tomadas devem ser medidas até a respectiva tomada e da luz até o primeiro interruptor.
 Considerar uma queda de tensão de 2%

 Para o dimensionamento por queda de tensão pode-se empregar a Tabela a seguir (para tensão de 220V). Basta somar a
multiplicação da potência (de cada ponto de consumo) pela distância até o quadro.

Fio condutor P x d = W. m
(mm2) (e = 2%)
1,5 42 108
2,5 70 180
4 112 288
6 168 432
10 280 720
16 449 152

Exemplo: Determinar, por queda de tensão, a seção mínima de um condutor para um circuito de 4000 W, cuja distância
da tomada até o quadro de distribuição seja de 14 metros.
temos P x d = 4000 x 14 = 56000 W.m
Pela Tabela 3.12 obtemos para 2% um condutor com seção de 2,5 mm 2

Exercício: Determinar a seção mínima do circuito 7 de uma residência por “queda de tensão”, com potência total de 1850
W, na qual alimenta uma lâmpada de 200 W (distância de 7 m), uma tomada de 500 W (distância de 14 m), uma tomada de
1000 W (distância de 13 m) e uma arandela de 150 W (distância de 21 m).

Exercício: Determinar a seção mínima do condutor de alimentação de uma residência por “queda de tensão”, com potência
total de 23000 W (distância de 30 m).
Obs.: A potência para o circuito de alimentação é dividida pelo número de fases da residência.
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d) Dimensionamento por Seção Mínima

- O dimensionamento por seção mínima dos circuitos deve atender aos valores mínimos apresentados a seguir (NBR 5410):

Elemento Seção mínima (mm2)


Iluminação 1,5
Tomadas uso geral em quarto, sala e similares 1,5
Tomadas em cozinha, áreas de serviço, garagens e similares 2,5
Aquecedores de água em geral 2,5
Condicionador de ar 2,5

- O dimensionamento da alimentação (circuito de entrada da edificação) por seção mínima segue a seguinte regra:
 Determinar a categoria da unidade (M1, M2, B1, B2, T1, T2, T3, T4)
 Com a categoria e a carga de alimentação, determina-se a seção mínima do condutor de entrada utilizando as Tabela 12
(Monofásica ou Bifásica) ou 13 (Trifásica) da CEB.
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Exercício 1 – Calcular, por seção mínima, a seção do condutor de um circuito exclusivo para o chuveiro de uma
residência.

Exercício 2 - Calcular o condutor e o disjuntor mínimo de entrada em uma residência com potência instalada de 28 kVA e
demanda de 18 kVA.

e) Dimensionamento por Sobrecarga

Leia sobre os disjuntores no capítulo de acessórios e equipamentos elétricos. Eles são dispositivos de proteção e interrupção
eventual dos circuitos. Todos os circuitos são protegidos.

Dimensionamento de disjuntores contra sobrecarga (no dimensionamento por sobrecarga, se calcula a bitola do fio e o
disjuntor para cada circuito, inclusive a alimentação geral):
a) iB  in  in  iB
b1) in  iZ
in: corrente nominal (tabela disjuntores Siemens)
iB: corrente de projeto (Ib=P/U)
iZ: capacidade de condução de corrente dos condutores (Tabela 15 CEB)

 A corrente nominal dos disjuntores são obtidas pelos fabricantes (Siemens, por exemplo). Os disjuntores podem ser
monopolar, bipolar ou tripolar (foto). Os disjuntores Siemens são encontrados nas seguintes bitolas:

In (A)

 Os valores de iB e iZ são obtidos na planilha de dimensionamento por ampacidade

Exemplo: Considerando os valores de iB e iZ dados na planilha, dimensionar o circuito por sobrecarga para disjuntor
Siemens
Potência IB (A) IZ (A)
Nr. Seção (mm2)
(W) Corrente (P/U) Obtida na Tabela 15 da CEB
1 2470 11,23 15,5 1,5
a) in  iB  in  11,23 A
Utilizando a Tabela de disjuntores (in) temos que a corrente nominal maior ou igual a 11,23 A é a de 13 A.
Considerando a segunda condição, temos:
b1) in  iZ  in  15,5 A
Como 13 A é menor que 15,5A o circuito está OK, ou seja, está protegido contra sobrecarga.
Portanto, a seção do circuito deve ser no mínimo de  1,5 mm2.
Instalações e Equipamentos - Profª Chenia Figueiredo - 28 -

Exercício: Dado um circuito de 5940 W, dimensionar o condutor para este circuito por sobrecarga.

_______________________________________________________________________________________________

Após o dimensionamento do condutor por todos os métodos (ampacidade, queda de tensão, seção mínima e sobrecarga), deve-
se criar um quadro com os valores obtidos pelos quatro métodos (conforme exemplo abaixo) e adotar, para cada circuito, a
seção de maior diâmetro.

Dimensionamento do fio (adotar o maior)

Ampacidade Queda tensão Seção mínima Sobrecarga Seção adotada


Nr. circuito
(mm2) (mm2) (mm2) (mm2) (mm2)
1 4,0 2,5 2,5 6,0 6,0
2 2,5 1,5 1,5 2,5 2,5
3 1,5 2,5 2,5 2,5 2,5
Alimentação 16,0 10,0 16,0 16,0 16,0

________________________________________________________________________________________________

Exercício: Dimensionar o circuito de alimentação (entrada) de uma residência cuja potência total instalada é de 35000 W e
a demanda é de 22 KW. A distância do padrão da CEB até o quadro de distribuição é de 22 m. Considerar uma demanda de
22 KW.
Obs.: A potência a ser adotada para dimensionamento da alimentação é a média (Potência total/n, onde n é o número de
fases).
Obs.: Dimensionar um circuito significa adotar a maior seção do condutor obtida dentre os 4 métodos (ampacidade, queda de tensão,
seção mínima e sobrecarga) de dimensionamento existentes.
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3.1.5 DIMENSIONAMENTO DOS ELETRODUTOS

Dimensionado os fios, por circuito, pode-se calcular a bitola dos eletrodutos. Para dimensionamento do eletroduto considera-se
a área de ocupação dos fios que percorrem o mesmo e divide pela taxa de ocupação máxima.

Os eletrodutos são dimensionados de forma a atenderem uma taxa de ocupação máxima, ou seja, parte do eletroduto não deve
ser ocupada pelos fios. Isto é necessário porque os fios esquentam com o uso dos equipamentos e dilatam. Havendo espaço
livre dentro do eletroduto, o fio dilata e não há problemas.

Para a definição da bitola dos fios e dos eletrodutos é necessário utilizar tabelas com as bitolas comerciais. São encontrados no
mercado eletrodutos com diferentes diâmetros e o tamanho nominal a eles designados no mercado podem ser de 16, 20, 25, 32,
etc. Tradicionalmente no Brasil os eletrodutos são designados por um tamanho nominal, um simples número, sem dimensão,
embora muito próximo ao valor do diâmetro externo, dado em mm ou polegadas.
 Taxa de ocupação (tx):
 53% para 1 condutor (para o condutor considerar apenas a quantidade de fases no eletroduto)
 31% para 2 condutores
 40% para 3 ou mais condutores

a) Cálculo da seção dos fios


s = ( R2) = ( D2)/4
D: diâmetro externo dos condutores (obtido nas tabelas dos fabricantes – a seguir)
sT = s

Diâmetro externo dos condutores (fios pirastic antiflam):


Seção nominal (mm2) Diâmetro externo nominal (mm)
0,5 2,1
0,75 2,2
1 2,4
1,5 2,8
2,5 3,4
4 3,9
6 4,4
10 5,6
16 6,5

b) Cálculo da seção do eletroduto


se = sT / tx

c) Cálculo do diâmetro do eletroduto


se = ( Dint 2)/4
se .4
Dint = = D – 2e

Dimensões de eletrodutos (Pirelli):

Eletroduto rígido de PVC – tipo roscável


Tamanho nominal Diâmetro externo (mm) Espessura de parede (mm) – classe A
16 16,7  0,3 2,0
20 21,1  0,3 2,5
25 26,2  0,3 2,6
32 33,2  0,3 3,2
40 42,2  0,3 3,6
50 47,8  0,4 4,0
60 59,4  0,4 4,6
75 75,1  0,4 5,5
85 88,0  0,4 6,2
Instalações e Equipamentos - Profª Chenia Figueiredo - 30 -

Exemplo: Dimensionar o eletroduto de uma residência onde passam os circuitos 1 -7 – 8. No trecho avaliado, o circuito 1
tem fase e dois retornos, o circuito 7 fase neutro e retorno, e o circuito 8 fase neutro e terra. A seção do condutor 1é de 1,5
mm2, o 7 de 2,5 mm2 e o 8 de 4,0 mm2.

s =  (2,8)2/4 x 3 +  (3,4)2/4 x 3 +  (3,9)2/4 x 3 = 81,55 mm2


 O diâmetro externo dos condutores foram obtidos segundo tabelas dos fabricantes
se = 81,55 / 0,40 = 203,88 mm2
 Considerou-se a taxa de ocupação de 40% (3 fios de fase)
203,88.4
Dint = = 16,11 mm

Utilizamos a tabela de dimensões de eletrodutos para obter o tamanho nominal (bitola comercial) do eletroduto a ser
utilizado.
O diâmetro interno calculado é de 16,11 mm. Portanto, é necessário utilizar um eletroduto com diâmetro superior a esse
valor. Verificando se o eletroduto de 20 mm atende:

Pela tabela,o eletroduto de tamanho nominal 20, possui diâmetro externo de 21,1 e espessura de parede de 2,5. Temos que o
Dext = Dint + 2e, ou seja, 16,11 + 2 x 2,5 = 21,11 mm (21,11 > 21,1 – ok)
(O valor obtido atende aos 21,1 mm do diâmetro externo do eletroduto disponível no mercado - 20).

Caso não tivesse passado, basta tentar outro eletroduto disponível no mercado (acima) .
Exemplo:
Para um eletroduto de 25 mm temos um diâmetro externo de 26,2 e uma espessura de parede de 2,6 mm.
Dext = Dint + 2e = 16,11 + 2 x 2,6 = 21,31 mm – Nesse caso o eletroduto seria de 25 mm.

Exercício: Dada a quitinete onde: O circuito 1 alimenta a luz do quarto, cozinha e do banheiro e duas tomadas (uma no
quarto e a outra na pia do banheiro). O circuito 2 alimenta três tomadas da cozinha. O circuito 3 alimenta o chuveiro. A
bitola dos fios do circuito 1 e 2 é de 1,5 mm 2 e do circuito 3 é de 4,0 mm2. Desenhe o quadro de distribuição e os pontos de
consumo e dimensione os eletrodutos.
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3.2 CÁLCULO DA DEMANDA

Em qualquer instalação elétrica, raramente se utilizam todos os pontos de luz ou tomadas ao mesmo tempo. Em pequenas
residências, é mais provável que isto aconteça do que nas grandes moradias. Cada concessionária (neste caso estaremos
apresentando o da CEB - Brasília) tem a sua norma própria para o cálculo da demanda, sendo aconselhável consultá-la (quando
for o caso).

KW Pinstalada

Demanda

6 12 18 24

H (horas)
Demanda é a potência nominal utilizada em relação à potência instalada. É definido como o fator que caracteriza a
simultaneidade de funcionamento dos equipamentos de utilização, de um conjunto de equipamentos de utilização de mesmo
tipo ligados a um quadro de distribuição, ou de todos os equipamentos de utilização ligados a um quadro de distribuição, no
instante de maior solicitação (maior demanda) da instalação.

 Só se demanda sistemas trifásicos


 O cálculo da demanda é de inteira responsabilidade do projetista e devem ser adotados com cautela
 Recomenda-se a adoção de alguns cuidados quanto aos limites mínimos de demanda a serem considerados para edifícios
de menor porte (Vide capítulo 4 da NTD-6.01 da CEB)

 Determinação da demanda para edificações individuais e coletivas não residenciais (CEB NTD-6.01):

A demanda das edificações individuais e coletivas não residenciais para efeito de dimensionamento do padrão de entrada, bem
como dos diversos trechos comuns das instalações, deverá ser determinada pela expressão:
D = a + b + c + d (kVA)

a: demanda das potências para iluminação e tomadas - Tabela 1 e 2 (CEB)


b: demanda de todos os aparelhos de aquecimento e condicionamento de ar (chuveiros, aquecedores, fornos fogões, ar
condicionado...) – Tabela 3 e 4 (CEB)
c: demanda dos motores e máquinas de solda tipo motor-gerador – Tabela 5, 6, 7 e 8 (CEB)
d: demanda das máquinas de solda a transformador e aparelhos de Raios X

- 100% da potência da maior máquina de solda somada à 100% do maior aparelho de Raio X
- mais 70% da potência da segunda maior máquina de solda somada à 70% do segundo maior aparelho de Raio X
- mais 50% da potência da terceira maior máquina de solda somada à 50% do terceiro maior aparelho de Raio X
- mais 30% da potência das demais máquinas e aparelhos de Raio X
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 Determinação da demanda em edificações de uso coletivo residencial (CEB NTD-6.01):

D = D1 + D2 (kVA)

 D1 = (1,2 f. a) – demanda dos apartamentos residenciais

a: demanda por apartamento em função de sua área útil – Tabela 10 (CEB)


*Para cálculo da área útil não considerar garagens nem áreas comuns dos edifícios. Havendo apartamentos com áreas
diferentes, por exemplo 20 apartamentos com 90 m2 , 20 apartamentos com 100 m2 e 30 apartamentos com 110 m2,
deve ser considerado a média ponderada, totalizando 70 apartamentos com 101 m 2.
f: fator de diversificação de carga em função do número de apartamentos – Tabela 11 (CEB)

 D2 – demanda do condomínio

- Para cargas de iluminação: 100% para os primeiros 10 kVA e 25% para os demais
- Para as cargas de tomadas: 20% da carga total
- Para os motores: Tabelas 5, 6 e 7 (CEB) para cada tipo de motor existente na instalação

 Determinação da demanda em edificações de uso misto – ex.: edifício e salas comerciais (CEB NTD-6.01):

Consultar capítulo 4 da norma NTD-6.01 CEB, páginas 6 a 8.

Exemplo: Calcular a demanda de uma residência com potência instalada de 23340 VA, sendo 6340 W a potência dos pontos
de luz e 17000 a potência dos pontos de força (12000 é a potência existente em 3 chuveiros e 5000 para 2 aparelhos de ar
condicionado).

A demanda é calculada pela equação: D = a + b + c + d


Assim, D = (6340 x 0,4 – Tabela 2 CEB) + (12000 x 0,55 + 5000 x 0,92 – Tabela 3 CEB) = 13536 VA

3.3 DIAGRAMA UNIFILAR

O diagrama unifilar é uma representação gráfica resumida do projeto elétrico, onde constam a rede de distribuição, os quadros
de distribuição, os disjuntores e os fios.
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3.4 QUADRO DE CARGAS

No projeto elétrico também deve constar o quadro de cargas, que consiste em um quadro com o resumo geral de todo o
dimensionamento, de todos os circuitos, inclusive da alimentação da edificação.

QUADRO DE CARGAS (Exemplo)

ILUMINAÇÃO TOMADAS POTÊNCIA FIOS DISJUNTOR


CIRCUITO No. de Pot. Total No. de Pot.
Aparelho (W) (mm2) (A)
pontos (W) pontos (W)
1 15 2800 - - - 2800 2,5 16
2 - - 8 2400 - 2400 1,5 16
3 - - 1 6500 chuveiro 6500 6,0 20
lavadora de
4 - - 1 2800 2800 2,5 16
pratos
1200 microondas
5 - - 2 2700 4,0 20
1500 ferro passar

ALIMENTAÇÃO 17200 6,0 50

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5410 - Instalações Elétricas de Baixa Tensão. Rio de
Janeiro, 2008.

Creder, H. Instalações Elétricas. Rio de Janeiro, Livros Técnicos e Científicos Editora Ltda., 1991.

Edifícios inadequados. Revista Téchne, mar/abr, nº 33,1998.

Força domada: quilowatts de economia. Revista Téchne, agosto, 2001, nº 53.

Manual do proprietário. Termo de Garantia – aquisição, uso e manutenção do imóvel, operação do imóvel. Associação de
dirigentes de empresas do mercado imobiliário do Distrito Federal - ADEMI, 2004.

Manual Pirelli de Instalações Elétrica. Pirelli, São Paulo, Editora Pini, 2001.

NTD – 6.01 Norma Técnica de Distribuição. CEB, Brasília, 1ª Edição, 1997.

Souza, A. P. A. Uso da energia em edifícios: estudo de caso de escolas municipais e estaduais de Itabira, Minas Gerais.
Dissertação de Mestrado, Centro Federal de Educação Tecnológica, Minas Gerais, 2005.

Yazigi, W. A Técnica de Edificar. São Paulo, Editora PINI, 1999.


www.aneel.gov.br/biblioteca/atlasdeenergiaelétrica
www.philips.com.br
www.aureside.org.br
www2.eletronica.org
Instalações e Equipamentos - Profª Chenia Figueiredo - 37 -

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O QUE DEVE CONSTAR NO PROJETO ELÉTRICO:

MEMÓRIA DE CÁLCULO: PLANILHA DE POTÊNCIA (DISTRIBUIÇÃO DAS TOMADAS E


ILUMINAÇÃO), PLANILHA DE CIRCUITO (COM DESVIO E DEMANDA),
DIMENSIONAMENTO DOS FIOS (POR AMPACIDADE, QUEDA DE TENSÃO, SEÇÃO
MÍNIMA E SOBRECARGA), DIMENSIONAMENTO DOS DISJUNTORES,
DIMENSIONAMENTO DOS ELETRODUTOS E DIMENSIONAMENTO DA ALIMENTAÇÃO.

PROJETO GRÁFICO: PLANTA BAIXA, QUADRO DE CARGAS, DIAGRAMA UNIFILAR E


LEGENDA.

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