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A Ditadura Brasileira: Governando

Para as Elites!

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Estudar o papel da “Grande Imprensa” para o fim da democracia do


período pré-ditatorial; a grande imprensa como mantenedora da ideologia
no período ditatorial; a política econômica que sustentou a ditadura, a
repressão e o aporte empresarial para sua instalação e manutenção.

Nesta Unidade, vamos aprender um pouco mais sobre um importante tema da História do
Brasil República: A Ditadura Brasileira: Governando Para as Elites!
Então, procure ler, com atenção, o conteúdo disponibilizado e o material complementar. Não
Esqueça! A leitura é um momento oportuno para registrar suas dúvidas; por isso, não deixe
de registrá-las e transmiti-las ao professor-tutor.
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na pasta de atividades, você também encontrará as atividades de Avaliação, uma Atividade
Reflexiva e a Videoaula. Cada material disponibilizado é mais um elemento para seu
aprendizado. Por favor, estude todos com atenção!

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Unidade: A Ditadura Brasileira: Governando Para as Elites!

Contextualização

As Elites no Brasil não estarão satisfeitas com qualquer tentativa de regular a mídia, “Grande
Imprensa”, dominada por políticos de inúmeros partidos, (isto é inconstitucional, mas as
manipulações não deixam que se regulamente a constituição porque fere interesses do grande
capital nacional e internacional), ou de situações que não as favoreçam plenamente no jogo
político-econômico como, por exemplo, com a criação das PNPS, que levou ao veto o Decreto
presidencial que instituía canais para a participação popular nas decisões políticas através do
Dec. 8.243/2014 Política Nacional de Participação Social (PNPS).
Assim como no Golpe de 1964, fica bastante fácil contextualizar a insatisfação do
“NeoNeoLiberal” e da tentativa de manipulação da vontade democrática da população. Como
historiadores, devemos estar atentos aos traquejos da política e do grande capital que manipula
a opinião pública por meio de embustes na Mídia.
Portanto, refletindo o passado através de ações do presente, eu, como pesquisador, costumo
dizer que “A política não é inocente” e desde o invento de Gutenberg a leitura se tornou um
hábito muito mais corriqueiro e não monopolizado pela elite; mas como “todos” nós sabemos,
a Mídia no Brasil é dominada por um grupo restrito de milionários, que também influenciam
na política; portanto vou fazer um acréscimo ao meu bordão, “A política não é inocente: e a
mídia nas mãos da elite manipula e aliena quem não procura meios alternativos à “Grande
Imprensa” para se informar”, como vimos nesta unidade: A Ditadura Brasileira: Governando
para as elites!A mídia teve uma grande influência na instalação da “Ditadura Empresarial
Civil Militar no Brasil”.
Sendo assim, para nossa contextualização, não basta dizer que a mídia que caracterizo de
forma geral como “Grande Imprensa”, continua tendo suas preferências partidárias, escondida
atrás de uma suposta imparcialidade da Imprensa. Vamos contextualizar estes argumentos com
osartigos publicados atualmente.
Primeiro, veremos um artigo da mídia “alternativa” – Carta Capital
Disponível em: http://www.cartacapital.com.br/revista/830/impeachment-e-insensatez-4371.html
por Pedro Estevam Serrano. Publicado em: 20/12/2014

Depois, veremos um artigo da “Grande Imprensa” – O Estadão


Disponível em: http://economia.estadao.com.br/blogs/fabio-alves/2015/02/09/risco-de-impeachment/
por Fábio Alves. Publicado em: 07/04/2015

Para Pensar

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Introdução: Andando Sobre a Corda Bamba

Em todo o curso da História do Brasil, a organização do poder apresentou uma


estrutura dualista, englobando, de um lado, os agentes estatais e, de outro, os
potentados privados, ou seja, os grandes proprietários e empresários. Enquanto
os primeiros se apresentaram oficialmente como titulares do poder político e
administrativo, os segundos, graças ao seu poderio econômico, não deixaram de
exercer sobre aqueles uma influência determinante. Essa organização do poder
político, a bem dizer, é própria da civilização capitalista. “O capitalismo”, como
bem advertiu Fernand Braudel, “só triunfa quando se identifica com o Estado,
quando é o Estado” (...) Entre os dois grupos dominantes acima nomeados (...)
estabeleceu-se aquela dialética da ambiguidade (...). Cada um desses grupos de
poder sempre busca, antes de tudo, realizar o seu próprio interesse, e não o bem
comum do povo. Mas, salvo conflitos episódicos, mantêm-se associados, em
situação de mútua dependência (...). Aliás, a generalizada prática da corrupção
dos agentes públicos, herdada de Portugal, marcou toda a nossa história,
havendo chamado a atenção de notáveis viajantes estrangeiros no século XIX.1

As Reformas de Base propostas pelo governo de João Goulart foi demais para o
equilíbrio“psicológico” eo status quo da elite brasileira, o homem realmente estava passando dos
limites toleráveis para manter-se no cargo de presidente, e não se manteve, onde já se viu propor
reforma agrária, econômica, política, universitária, entre outras. É quase uma regra política no
país não “desobedecer” os Capitalistas e os detentores do poder da “Grande Imprensa”.

No governo de Jango (1961-1964) sob a denominação de “reformas de base”


estavam reunidas iniciativas que visavam alterações bancárias, fiscais, urbanas,
administrativas, agrárias e universitárias. Para completar, almejava-se oferecer o
direito de voto para analfabetos e às patentes subalternas das forças armadas. As
medidas causariam uma participação maior do Estado em questões econômicas,
regulando o investimento estrangeiro no país. Entre as mudanças pretendidas pelo
projeto de reforma apresentado, estava em primeiro lugar, liderando os debates
sobre o processo, a reforma agrária. O objetivo era reduzir os combates por terras e
possibilitar que milhares de trabalhadores tivessem acesso às terras.
Fonte: http://www.infoescola.com/historia-do-brasil/reformas-de-base/

Naquele contexto ainda havia a Guerra Fria e como sempre os Estados Unidos estava “se
intrometendo” nos assuntos políticos e econômicos de outros países, desta feita com maior ênfase
na América Latina, não havia interesse da elite brasileira em apoiar um projeto que favoreceria
principalmente as classes média e média baixa da sociedade, desde quando no Brasil houve
apoio dos detentores do poder econômico para que pudesse ocorrer uma mobilidade social de
fato, aliás, parece que mobilidade social em toda a história do Brasil é/foi um palavrão na boca
dos governantes que não podem ferir os preceitos da cartilha neoliberal.

1 COMPARATO, Fabio Konder. Compreensão Histórica do Regime Empresarial-Militar Brasileiro, São Leopoldo (RS), Unisinos, Cadernos
IHU Ideias, ano 12, n. 205, v. 12, 2014, pp. 5-6.

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Unidade: A Ditadura Brasileira: Governando Para as Elites!

Você Sabia ?
A mobilidade social é um conceito estudado pela sociologia, que indica a possibilidade de
um indivíduo subir a nível de classe social. Alguns autores afirmam que uma sociedade estratificada
é aquela onde não se verifica a mobilidade social. Em uma sociedade estruturada dessa forma,
um determinado indivíduo mantém a sua classe social independentemente das circunstâncias.
Mobilidade social significa o fenômeno em que um indivíduo (ou um grupo) que pertence
a determinada posição social transita para outra, de acordo com o sistema de estratificação
social. Existem dois tipos de mobilidade social: horizontal e vertical.
Fonte: http://www.significados.com.br/mobilidade-social/

O desenho do delicado momento político não é tão simples de se fazer. Jango tentou não
desagradar os americanos com a política de compra de grandes empresas americanas que
estavam operando em nichos de interesse do Estado, havia, contudo, a obrigatoriedade dessas
empresas reinvestirem no país em empresas nacionais, ou seja, haveria uma nacionalização
de empresas como a “American andForeign Power Company”, com valor estimado em 100
milhões de dólares, isso favorecia os interesses americanos, haja vista que em alguns estados
brasileiros houve expropriação dos bens da AMFORP.
Os Estados Unidos pareciam satisfeitos, só pareciam, o anticomunismo visto como uma ameaça
iminente afastou qualquer acordo civilizado entre o governo de Jango e os lideres americanos. O
ministro da economia San Tiago pretendia acalmar os ânimos dos nacionalistas e trazer para seu
lado a “esquerda positiva”. Mas, com esse movimento político o ministro da economia municiou
extremistas da direita e da esquerda, insatisfeitos com a “ambiguidade” de Jango.
Brizola liderava o ataque por parte da extrema esquerda, acusando San
Tiago de se ter metido numa “liquidação”. Usando uma linguagem violente,
o cunhado do Presidente advertiu de que a consumação do acordo com a
AMFORP constituiria um rompimento irrevogável com a esquerda radical. Ai
mesmo tempo, Carlos Lacerda, já agora atento ao potencial politico existente no
sentimento fortemente nacionalista com relação ao problema, atacou partindo
da direita. Criticou o plano de compra da companhia telefônica de propriedade
estrangeira no Estado da Guanabara, alegando que seu equipamento
(classificado “ferro Velho”) estava obsoleto e enormemente superavaliado (...)
San Tiago estava agora sendo vitima da situação política ambígua, evidenciada
pelas eleições ao Congresso de outubro de 1962.2

Atenção
A Frente Progressista de Apoio às Reformas de Base, organizada por iniciativa do ex-ministro da Fazenda
San Tiago Dantas, a partir de outubro de 1963, era integrada por políticos moderados do PTB e de
outros partidos de centro-esquerda e do Partido Comunista Brasileiro, visando impedir o movimento
conspiratório dos grupos de direita contra o governo. O próprio San Tiago Dantas denominou o grupo
que dela participou de “esquerda positiva”. Alzira Alves de Abreu / FGV CPDOCv

Jango não resistiu a campanha de difamação da “Imprensa Hegemônica”.

2 SKIDMORE, Thomas E. Brasil: De Castelo a Castelo (1930-1964). Rio de Janeiro: SAGA, 1969, p. 299.

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A Ditadura “da” Imprensa
Para aplacar a ousadia de Jango e seu projeto “comunista” entrou em cena uma poderosa
campanha de desqualificação de seu governo, e como na atualidade, a imprensa passou a
atacar qualquer ato do presidente, distorcendo e amplificando os fatos, aliados à imprensa
hegemônica estavam capitalistas nacionais e estrangeiros, com o reforço da política americana
para a América Latina, ou seja, uma união de poderosas forças, parafraseando o ex-presidente
Jânio Quadros, as “forças ocultas”, que só eram ocultas da população que não tinha como nos
dias atuais outras fontes de informação. O presidente foi bombardeado pelos interesses da
elite que demonizavam uma administração, que por mais defeitos que tivesse, ainda assim de
certa forma pensou no bem estar do sempre esquecido homem do campo e nos excluídos do
poder. Mas como sempre a imprensa estava atrelada a um partido político que defendia seus
interesses, a UDN, e aos militares pró-EUA,
Em principio de 1962, estes lideres anti-Jango começaram a conspirar para
derrubar o presidente. Entre os militares eram representados, por exemplo, pelo
antigo Ministro da Guerra Denys e pelo antigo ministro da Marinha, Heck, assim
como generais tais como Cordeiro de Farias e Nelson Melo. Seu principal
chefe civil era Júlio de Mesquita Filho, proprietário do influente jornal
O Estado de São Paulo. Em 1961, estes conspiradores já trocavam ideias
quanto à natureza do regime “discricionário” que seria necessário implantar
após derrubar Jango. Os radicais anti-Jango tinham uma conhecida reserva de
doutrinas antidemocráticas às quais recorrer. Como haviam alegado em 1950 e
em 1955, pretendiam que não se podia confiar no eleitorado brasileiro. 3

As articulações anticomunistas e defensoras do capitalismo estavam com os dois pés atrás


desde a eleição de JK, um getulista que no final das contas conseguiu manter-se no cargo
afagando os interesses do capital interno e externo. As tentativas de Golpe não foi uma novidade
nos primeiros meses de 1964, mas a fúria da imprensa hegemônica contra o governo talvez
tenha sido uma das mais virulentas de nossa história. Uma pequena amostra desse apoio da
imprensa ao Golpe, veremos a seguir nas manchetes dos jornais da época, que desde março de
1964 a incentivavam o pavor ao comunismo,.

Após a instalação do Golpe outro mecanismo de alienação, foi utilizado


pela Ditadura para desqualificar os adversário do ideário liberal e promover
o governo Militar aliado ao capitalismo interno e externo, o aliado da vez
foi o Sistema Globo de Comunicações, [que fez] a propaganda ideológica
do regime autoritário, com a constante denúncia do perigo comunista e
a difusão sistemática, embora sempre encoberta, dos méritos do sistema
capitalista. Os chefes militares decidiram, para tanto, fixar sua escolha no
Sistema Globo de Comunicações. Em 1969, ele possuía três emissoras (...)
Quatro anos depois, em 1973, já contava com nada menos do que onze. A
dominação empresarial do sistema de comunicações de massa continuou
a subsistir, uma vez encerrado o regime autoritário, e persiste até hoje. A
Constituição Federal de 1988 dispõe, em seu art. 220, § 5º, que “os meios
de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto
de monopólio ou oligopólio” (...) mais de um quarto de século depois de
promulgada a Constituição em vigor – esse dispositivo constitucional (...)
permanece ineficaz por falta de regulamentação legal.4

3 SKIDMORE, Thomas. Brasil: de Getúlio a Castelo (1930-1964). Rio de Janeiro: Saga, 1969, p. 274.
4 COMPARATO, Fabio Konder. Compreensão Histórica do Regime Empresarial-Militar Brasileiro, São Leopoldo (RS), Unisinos,
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Unidade: A Ditadura Brasileira: Governando Para as Elites!

Mesmo após o início da redemocratização do paísna década de 1980, o Sistema Globo de


Comunicações continuou a alimentar o “bom mocismo” da Ditadura Civil-Empresarial-Militar
no Brasil.Durante a ditadura era fácil encontrar ataques aos adversários do regime como, por
exemplo, aos poucos bispos católicos que se opuseram aos militares, em seu artigo intitulado
“Canto do Galo” Roberto Marinho criticou um cartaz de Cristo identificado com os opositores
do regime,publicado na quaresma de 1972 no jornal “O São Paulo” órgão oficioso da
arquidiocese de São Paulo, sempre no intuito de “catequizar” a oposição, Marinho escreveu:
“no transcurso da semana da Paixão, que hoje se inicia, possa repetir-se com os autores do
cartaz de O São Paulo o que ocorreu com aquele apóstolo que também renegou o Mestre, até
o momento em que ouviu o sinal previsto”. 5
Foram constantes os ataques de Marinho
aos opositores do neoliberalismo, mesmo
após a abertura democrática, o todo poderoso
dono das Organizações Globo ainda desferia
golpes contra o “comunismo”, no ano de 1989,
D. Paulo escreveu uma carta a Fidel Castro
pelo aniversário dos 30 anos da Revolução
cubana, a missiva foi publicada em um jornal
cubano e Marinho ferrenho anticomunista
se pronunciou através do artigo “Adesão ao
Ateísmo” para atacar o Cardeal de São Paulo:
Fonte: O Globo
“D. Paulo Evaristo Arns, escreveu uma carta
a Fidel Castro, publicada pela imprensa oficial de Cuba, que representa eloquente demonstração
das contradições a que se expõe a chamada Igreja progressista”6. Em 1968, Marinho escreveu
sobre D. Helder, um dos bispos mais perseguidos pelo regime ditatorial das Organizações Globo,
o arcebispo de Olinda-Recife, ainda no inicio de sua luta contra a Ditadura e, portanto recebeu
“conselhos” de comportamento de seu “amigo” Marinho,
Embora não concordando com a fórmula por ele elaborada para a solução do
problema das favelas, fui eu que o levei ao presidente Café Filho, junto a quem
iria pleitear, com êxito, os meios para a realização do seu projeto (...)Várias vezes
divergimos, discutimos, sobre os seus pronunciamentos públicos. Chegávamos
invariavelmente a um acordo, que nascia da procura de uma formulação mais
apropriada, inspirados tanto ele quanto nós pelos mesmos propósitos de servir à
comunidade. (...) Nossa amizade cresceu a tal ponto que D. Hélder é o padrinho
do meu último filho (...) Mesmo após sua transferência para Recife e Olinda,
tanto confiava nessa amizade que me ofereci ao presidente Castello Branco
para visitar D. Hélder e tentar desfazer a atmosfera de incompreensão que se
desenvolvia entre o arcebispo e as autoridades militares regionais, missão que
o grande chefe do governo da revolução preferiu desempenhar pessoalmente
(...)Parece-me — e anseio que esta minha palavra ecoe como um apelo na
grande alma de padre Hélder — que lhe tem faltado, nestes dias, o senso de
medida, que só engrandeceria sua nobre missão, sem em nada diminuir-lhe a
atualidade. Roberto Marinho. O Globo, 27/04/1968.7

Cadernos IHU Ideias, ano 12, n. 205, v. 12, 2014, pp. 17-18.
5 http://www.robertomarinho.com.br/vida/opiniao/religiao/canto-do-galo.htm12Fev15 13H15
6 http://www.robertomarinho.com.br/vida/opiniao/religiao/adesao-ao-ateismo.htm12Fev15 13H24
7 http://www.robertomarinho.com.br/vida/opiniao/religiao/o-padre-helder.htm. 12 Fev15 13H46

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Como estamos vendo, durante e após a ditadura, as Organizações Globo não perdeu
oportunidade de desqualificar os opositores do neoliberalismo, uma mostra dessa afirmativa
pode ser dada através do editorial do Jornal O Globo, publicado em sete de outubro de 1984,
sob o titulo “Julgamento da Revolução”, onde Roberto Marinho expôs seu vínculo com o Golpe,
“Participamos da Revolução de 1964 identificados com os anseios nacionais de preservação
das instituições democráticas, ameaçadas pela radicalização ideológica, greves, desordem social
e corrupção generalizada”,8
Esta defesa da Ditadura em tempos de “democracia” contava com uma boa dose de interesse
de manter o status quo que as Organizações Globo e outros impérios midiáticos no Brasil
conseguiram amealhar nos anos de Ditadura, a Constituição de 1988 pretendia regulamentar
o acesso à concessão de radiodifusão no país, como bem salientou Comparato, até os dias de
hoje esta parte da constituição carece de regulamentação, o sociólogo Carlos Eduardo Martins,
atribui a este fato o controle hegemônico da elite conservadora no processo de democratização
do país, que formaram seus impérios midiáticos construídos nos anos de chumbo, “vinculou-
se à construção do império midiático e ao monopólio das telecomunicações representado pela
Rede Globo, criada oficialmente em 1965 e beneficiada pela associação “ilegal” com o capital
estrangeiro por meio do grupo Time-Life”.
Outro império midiático que se favoreceu dessa falta de regulamentação foi o
Grupo Silvio Santos, que passava em seus programas dominicais na década de
1980 a famosa “Semana do Presidente”, onde uma equipe fazia um resumo dos
atos dos ditadores, sempre enaltecendo os feitos semanais do presidente/ditador,
Martins continua com sua observação dizendo que, “Os laços da ditadura
se estenderam a outros grupos de comunicação como é o caso da família
Abravanel, produzindo uma concentração privada do espaço midiático nacional
muito superior à concentração fundiária”. Fonte: http://blogdaboitempo.com.
br/2014/04/01/o-golpe-militar-de-1964-e-o-brasil-passado-e-presente.

Evidente que desta “farra do boi” não poderia ficar de fora antigas famílias herdeiras das
velhas oligarquias do país, sendo assim vários políticos de diversos partidos se associaram aos
grupos que estavam “dando certo” e trataram de se associar a eles,
Diversos políticos conservadores e reacionários se tornaram proprietários de
retransmissoras locais de impérios midiáticos, sendo os casos mais notórios os
que envolveram dois ex-presidentes da República, das famílias Sarney e Arnon de
Mello, e o ministro das telecomunicações do governo Sarney, todos vinculados à
Rede Globo. Em 2008, 271 políticos eram sócios dos grandes grupos midiáticos
do país – que concentravam 61,3% dos veículos de comunicação – entre estes 20
senadores e 47 deputados federais. 58 pertenciam ao DEM, 48 ao PMDB, 43 ao
PSDB, 23 ao PP, 16 ao PTB e 14 ao PPS, representando 74,8% das concessões
a políticos. Tal situação contraria o inciso 5º do artigo 220 da constituição
brasileira de 1988 que determina que os meios de comunicação não podem ser
direta ou indiretamente objeto de monopólio. A ausência de regulamentação do
artigo e a promiscuidade de interesses entre os oligopólios midiáticos e certos
partidos políticos mantém esta situação de violação constitucional cuja estrutura
foi plantada na ditadura. Fonte: http://blogdaboitempo.com.br/2014/04/01/o-
golpe-militar-de-1964-e-o-brasil-passado-e-presente

8 http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/As-manchetes-do-golpe-militar-de-1964/4/15195. 12 Fev15

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Unidade: A Ditadura Brasileira: Governando Para as Elites!

Hoje sabemos que o golpe que a elite chamava/chama de Revolução, não contava com o
apoio popular que os golpistas se arrogavam ter, se não procurarmos informações em veículos
alternativos à mídia hegemônica corremos o sério risco de sermos manipulados na segunda
década do século XXI.Os meios de comunicação hegemônicos, apesar do mea-culpa que
fizeram nas “comemorações” do Golpe de 64 como, por exemplo, o jornal “Folha de São
Paulo” e as Organizações Globo, através de artigo publicado no jornal “O Globo”continuam
manipulando.9 Estamos longe de contar com a imparcialidade da “Grande Mídia” que insiste
em defender as causas neoliberais das elites brasileiras,pesquisas que só foram reveladas anos
após a instalação da Ditadura confirmam o apoio popular a Jango, mesmo assim como vimos
nas imagens dos jornais “Ultima Hora” e “Jornal do Brasil” – imperava/impera a manipulação,
vejamos as pesquisas de março de 1964,
Pesquisas do Ibope realizadas entre os dias 20 de março e 30 de março de 1964
mostraram o forte apoio popular a Jango. 49,8% da população pretendia votar
em Jango nas próximas eleições presidenciais, contra 41,2%. 15% consideravam
o seu governo ótimo, 30% bom e apenas 16% o consideravam mal ou péssimo.
O dado é ainda mais relevante porque a pesquisa foi realizada principalmente
no estado de São Paulo, onde Jango havia perdido a eleição de 1960 para
Milton Campos, a pedido da Federação do Comércio de São Paulo.10

A imagem que todos temos do período da Ditadura Civil-Empresarial-Militar no Brasil é a da


censura ferrenha aos meios de comunicação! Sim houve mesmo uma forte censura aos meios de
comunicação, mas não foi na mesma proporção e nem para todos os veículos de comunicação
no Brasil. Ao apoiar o Golpe, a imprensa hegemônica tinha em mente tirar o “comunista” Jango
e colocar um político Liberal no posto de presidente da República para servir os interesses dessa
elite, como na derrubada da Monarquia pelos militares, haveria um curto período de transição,
e logo após o governo do país seria entregue nas mãos das oligarquias, ou seja, reviver o bom
e velho status quo oligárquico, porém a elite calculou mal seu oportunismo.
Na gênese do golpe de Estado de 1964, encontramos a profunda cisão lavrada
entre os dois grupos que sempre compuseram a oligarquia brasileira: os agentes
políticos e a classe dos grandes proprietários e empresários (...)A principal razão
para tanto foi o agravamento do confronto político entre esquerda e direita no
mundo todo, no contexto da Guerra Fria e, em especial, na América Latina,
com a Revolução Cubana. Era natural, nessas circunstâncias, que os grandes
proprietários e empresários, nacionais e estrangeiros, temessem pelo seu
futuro em nosso país e se voltassem, agora decididamente, para o lado das
Forças Armadas, a fim de que estas depusessem os governantes em exercício,
substituindo-os por outros, associados aos potentados privados, segundo a
velha herança histórica. (...)O que o empresariado não levou em conta, todavia,
era o fato de que a corporação militar amargurava, desde a proclamação da
República, uma série de tentativas malsucedidas para livrar-se da subordinação
ao poder civil. Não seria justamente naquele momento, quando chamadas a
salvar o grande empresariado do perigo esquerdista, que as Forças Armadas
iriam depor os governantes em exercício e voltar em seguida à caserna.11

9 http://oglobo.globo.com/brasil/apoio-editorial-ao-golpe-de-64-foi-um-erro-9771604.
10 http://blogdaboitempo.com.br/2014/04/01/o-golpe-militar-de-1964-e-o-brasil-passado-e-presente.
11 COMPARATO, Fabio Konder. Compreensão Histórica do Regime Empresarial-Militar Brasileiro, São Leopoldo (RS), Unisinos,
Cadernos IHU Ideias, ano 12, n. 205, v. 12, 2014, pp. 16-17.

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A Folha de São Paulo que havia lançado ataques a Jango desde outubro de 1963 por causa
do episódio da tentativa do presidente decretar estado de sítio, acusando-o de Golpe, passou
a incentivar o Golpe contra Jango no inicio de 1964, como nos relata Dias, “Neste editorial
é possível verificar a mudança de posição do jornal. No episódio do pedido de
Estado de Sítio, em 1963, o jornal convocou os deputados para evitar um “golpe”
do presidente e agora convocava as Forças Armadas”, para dar o Golpe de Estado. O
editorial escolhido por Dias para ilustrar seu comentário é o seguinte.
O comício de ontem, se não foi um comício de pré-ditadura, terá sido um
comício de lançamento de um espúrio movimento de reeleição do próprio
Sr. João Goulart. Resta saber se as Forças Armadas, peça fundamental para
qualquer mudança deste tipo, preferirão ficar com o Sr. João Goulart, traindo
a Constituição, a pátria e as instituições. Por sua tradição, elas não haverão de
permitir essa burla. (Folha de S. Paulo, 14/03/1964)12

Mesmo contra a opinião publica as elites, a mídia e a direita impôs o Golpe,


Seria importante retomar e reforçar dois pontos. Em primeiro lugar cruzar a
discussão sobre a imprensa e as pesquisas de opinião. Ficou claro que existiu
uma contribuição da Folha de S. Paulo – e de grande parte da grande imprensa
- na desestabilização de Goulart, por meio das críticas ao governo, muitas vezes
infundadas. No entanto, parece que isso não foi suficiente para tornar a opinião
pública, em São Paulo, contrária ao governo Goulart e, sobretudo, às suas
propostas de Reformas de Base.13

Ao serem contrariados, alguns grupos midiáticos que apoiaram o Golpe passaram da defesa ao
ataque, com isso, os ditadores no poder foram impondo decretos de “cala-boca” aos opositores
de ultima hora como, por exemplo, parte da imprensa hegemônica, alémdos opositores habituais:
os sindicatos, as uniões estudantis, os partidos de esquerda, os trabalhadores rurais que tiveram
abortada a reforma agrária que estava nas Reformas de Base do governo Jango. Paraà mídia
hegemônica foi uma traição dos ditadores que haviam recebido todas as honras e glórias da
“Grande Imprensa” que os elevara aos altares por “nos” salvar do comunismo.

AI-5 o Golpedentro do Golpe...

As criticas ao regime começou cedo, mas alguns veículos de comunicação continuaram


firmes, sempre ao lado dos Ditadores, como foi o caso da Rede Globo. Finalizando este bloco
de ditadura e mídia, destaco o comentário de Montuori sobre um dos produtos Globais que
mais serviram a propaganda ideológica da ditadura, o Jornal Nacional.

12 DIAS, Luiz Antônio. Entre letras e números: uma análise do jornal folha de S. Pauloe de pesquisas de opinião do ibope (1963-1964).
in, Mídias e Governos Autoritários: 60 anos do suicídio de Getúlio Vargas e 50 anos do Golpe Civil-Militar no Brasil. FERNANDES, Carla
M.; CHAGAS, Genira. (Orgs.). João Pessoa: Ideia, 2014. pp. 97-125.
13 DIAS, Luiz Antônio. Entre letras e números: uma análise do jornal folha de S. Pauloe de pesquisas de opinião do ibope (1963-1964).
in, Mídias e Governos Autoritários: 60 anos do suicídio de Getúlio Vargas e 50 anos do Golpe Civil-Militar no Brasil. FERNANDES, Carla
M.; CHAGAS, Genira. (Orgs.). João Pessoa: Ideia, 2014. pp. 97-125.

13
Unidade: A Ditadura Brasileira: Governando Para as Elites!

Para Lins da Silva, uma análise com espírito crítico era capaz de perceber
algumas técnicas através das quais o Jornal Nacional passava à população (...)
uma imagem altamente positiva do regime e negativa das oposições. Conforme
lembra Simões (...), “no Jornal nacional, a estratégia era transparente e
implicava começar o bloco noticioso relatando algum sucesso isolado da
Arena”. Já em relação aos opositores, mesmo quando o regime começou a
enfraquecer e a Globo pode dar os passos para conquistar sua autonomia, a
visão ainda era áspera (...) greve dos metalúrgicos do ABC paulista, em 1978,
pelo noticiário simboliza claramente tal postura. Simões (...) destaca que a
cobertura foi fraca, desqualificando a importância do evento, e mostrando-se
favorável ao patronato. 14

A censura endureceu com o Ato Institucional n. 5, dele não escapou nenhum “inimig o”
do regime ditatorial, e nele estava incluso todo veículo de comunicação que ousasse noticiar
de maneira crítica os atos dos altos mandatários da nação, digo que a ditadura endureceu
porque desde o dia nove de abril de 1964 o Ato Institucional n. 1 cassou e calou opositores, a
constituição foi suspensa por seis meses e com ela todos os direitos dos cidadãos.

Texto da Profa. Dra. Carla Montuori sobre o JN da Rede Globo e sua conivência
com a Ditadura
• http://www.insite.pro.br/elivre/governos_autoritarios.pdf

O AI-5 foi o mais truculento ato do regime militar. Este ato reiterava
alguns artigos de atos institucionais anteriores, e em seus novos artigos
ampliava desmesuradamente o autoritarismo do supremo mandatário
da nação e dos seus principais assessores, que, com ele, compunham
o quadro de detentores do poder,era um poder absoluto que ficava
evidente na leitura dos artigos do ato. Se o regime apertou o “cinto”foi
porque a insatisfação com os ditadores era latente na sociedade, o ex-
chefe do SNI e futuro presidente João Batista Figueiredo, no dia 13 de
janeiro de 1969 escreveu uma carta a Heitor Ferreira, secretário do futuro
presidente Geisel, “Os erros da Revolução foram se acumulando e agora
só restou ao governo partir para a ignorância”.15

O ministro da Justiça, Gama e Silva (à esquerda), e o locutor


Alberto Curi anunciaram o AI-5 no salão principal do Palácio
Laranjeiras”
(Foto e Texto: Folha de São Paulo)19

14 FERNANDES, Carla Montuori. A Ditadura Militar e o Surgimento do Jornal Nacional: oficialismo e submissão na transmissão da
notícia, in, Mídias e Governos Autoritários: 60 anos do suicídio de Getúlio Vargas e 50 anos do Golpe Civil-Militar no Brasil. FERNANDES,
Carla M.; CHAGAS, Genira. (Orgs.). João Pessoa: Ideia, 2014, pp. 153-177.
15 http://www1.folha.uol.com.br/folha/treinamento/hotsites/ai5/ai5.

14
y16O AI-5 foi acompanhado de expurgos, tirou de cena varias personalidades da vida publica
como políticos de esquerda, professores universitários, sindicalistas e lideres estudantil, entre
os intelectuais cassados podemos citar Florestan Fernandes, Octávio Ianni, Caio Prado Junior,
entre tantos outros. A censura estendeu-se a parte da imprensa aliada que tentava espernear
com a sanções impostas à ela pelo regime, volto a frisar que a imprensa que se manteve acrítica
e submissa ao regime contou com o apoio dos militares, os aliados mediam milimétricamente
as palavras, criticavam a oposição e enaltecia qualquer feito dos ditadores e seus aliados. Sob
o controle dos militares, a mídia ficou proibida de fazer qualquer menção aos movimentos
operários e ou estudantil.

Atenção
··http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/AIT/ait-05-68.htm
Acessar AI-5 neste site é possível ouvir o áudio integral da reunião que instituiu o AI-5
··http://www1.folha.uol.com.br/folha/treinamento/hotsites/ai5/

O Estado e a lei são os militares, durante um longo período que se estendeu pelo menos de
1968 a 1977 a perseguição foi intensificada, a morte do jornalista Vladmir Herzog foi um marco
da perseguição do regime aos membros da mídia que combatia a Ditadura. Foi montada toda
uma farsa de suicídio para justificativa de sua morte, Vlado, como era conhecido se apresentou
voluntariamente ao DOI-CODI após ser convocado para dar explicações sobre sua ligação com
o PCB. Herzog era diretor de jornalismo da TV Cultura e ficou preso com os também jornalistas:
George Benigno Jatahy Duque Estrada e Rodolfo Oswaldo Konder, Herzog foi torturado até a
morte no DOI-CODI no II Exército em São Paulo. Vladimir Herzog foi entre muitos assassinados
pela Ditadura Civil-Empresarial-Militar no Brasil. Enforcamentos e atropelamentos foram alguns
dos disfarces para encobrir os assassinatos praticados pelo regime. Tortura e censura caminhava
de mãos dadas, eram ferramentas de poder dos ditadores,
Na ditadura militar brasileira, a tortura foi uma política de Estado. Por isso, havia
responsáveis maiores do que seus executores diretos. Ainda assim é inaceitável
considerar que estes últimos apenas cumpriam ordens. Que ninguém se iluda,
pela própria natureza da tortura, militares ou policiais que a praticassem a
contragosto não seriam obrigados a fazê-lo (...) foi cortado o contato dos presos
políticos com os soldados no serviço militar. Ficaram apenas os “profissionais”.
E surgiram as “casas da morte” – centros clandestinos de prisão, martírio e
assassinato de presos. Muitos dos que estavam marcados para morrer iam
diretamente para lá.17

O MDB, partido de “oposição” ao governo, tentou intimar o ministro Alfredo Buzaid para falar
sobre a censura, mas a ARENA, partido governista bloqueou a ação dos opositores, a censura não
era algo camuflado, O Diário Oficial publicou em 1973 a seguinte autorização de censura,

16 http://www1.folha.uol.com.br/folha/treinamento/hotsites/ai5/ai5.
17 BENJAMIN, Cid. Gracias a La Vida: memórias de um militante. Rio de Janeiro: José Olympio, 2013, pp. 74-75.

15
Unidade: A Ditadura Brasileira: Governando Para as Elites!

Ministério da Justiça – PR 5.005/73 – Exposição de motivos n. GM-229-B de 20 de


junho de 1973. Diante do exposto, neste processo, pelo senhor ministro da justiça:
I – Ratifico o despacho exarado em 30 de março de 1971, na exposição de
motivos n. 165-B, de 29 de março daquele ano, no qual adotei, em defesa da
Revolução, com fundamento no artigo 9° do Ato Institucional n. 5, as medidas
previstas no artigo 155, paragrafo 2°, letra E, da Emenda constitucional n. 1.
II – Tendo a decisão proferida no mandato de segurança impetrado pela editora
Enubia Limitadaafirmando não existir, nos autos, prova de imposição de
censura por ato do presidente da República, reitero a autorização ao Ministério
da Justiça para que, através do Departamento de Polícia Federal, estabeleça a
censura quanto ao periódico Opinião.Brasília, 20 de junho de 1973.18

Um dos “inimigos” prediletos do regime foi D. Paulo Evaristo Arns,cardeal de São Paulo,
enquanto seu par na hierarquia católica, D. Eugenio Sales, Cardeal do Rio de Janeiro, “acreditava
na preservação do relacionamento tradicional entre a Igreja e o estado como forma de resolver
os desacordos. Especialmente em uma ditadura, refletia, canais confidenciais funcionavam
melhor”19 , enquanto que D. Paulo e D. Helder, desde 1970 deixaram de lado os rodeios e
partiram para o ataque aos militares denunciando as torturas no Brasil e no Exterior, o jornalista
Roberto Marinho, como vimos acima não perdeu oportunidade para expô-los às criticas em
seu jornal. Segundo Serbin, D. Eugênio não deixou de defender os torturados, mas o fez de
forma a não desagradar publicamente os ditadores, com quem manteve uma relação cordial. 20

Estudantes em movimento: breve relato


Para a UNE o novo regime foi um problema desde a primeira hora da tomada do poder pelos
militares em 1964. Numa noite de infortúnio para os estudante engajados na luta comunista, em 30
de março de 1964, a sede da instituição na praia do Flamengo n. 132 foi invadida e metralhada, era
a célula mais combativa da esquerda estudantil que se concentrava no Rio de Janeiro.

Movimento estudantil no Brasil. Acesse o site da UNE:


• http://www.une.org.br/2011/09/historia-da-une/

Poucos anos depois, em 1967, o importante militante de esquerda, Cid Benjamin, na ocasião
um calouro universitário, nos conta que, seu envolvimento com a política foi se estreitando
ao ingressar no curso superior da Escola de Engenharia; apesar de pertencer a uma família
politizada de centro-esquerda, seu pai, Ney, coronel formado em engenharia química pelo IME,
admirador de Miguel Arraes e Jango, sua mãe uma mulher progressista, Iramaya era professora
e química. Neste ano Cid foi recrutado para a Dissidência Comunista da Guanabara.21

18 Diário Oficial da União de 20 de junho de 1973, Apud, GOMES, Edgar da Silva. Ditadura Militar (1964-1985) e censura à imprensa, pp. 526-
537, in, Souza, Ney (Org.). Catolicismo em São Paulo: 450 anos de presença da igreja Católica em São Paulo. São Paulo: Paulinas, 2004.
19 SERBIN, Kenneth P. Diálogos nas Sombras. São Paulo: Cia. das Letras, 2001, p. 181.
20 SERBIN, Kenneth P. Diálogos nas Sombras. São Paulo: Cia. das Letras, 2001, p. 181..
21 BENJAMIN, Cid. Gracias a La Vida: memórias de um militante. Rio de Janeiro: José Olympio, 2013, pp. 121-142.

16
No ano de 1968, Cid Benjamin, passou a integrar a diretoria da UME (União Metropolitana
de Estudantes), “como o Rio era o maior centro de agitação estudantil do período, ela chegava a
ter mais importância que a UNE”. Os principais líderes dos estudantes na época foram: Vladimir
Palmeira, que presidiu a UME, e Luís Travassos, a UNE,“a diretoria da UME era composta por
Vladimir e quatro vice-presidentes: Franklin Martins. Eu, Belvedere (os três da DI-GB) e Clênia
Teixeira (da Polop)”. 22

Explore
Vladimir Palmeira - Biografia
• http://www.vladimirpalmeira.com.br/biografia.html

Luís Travassos - Biografia


• http://memoriasdaditadura.org.br/biografias-da-resistencia/luis-travassos

As organizações estudantis organizavam passeatas e manifestações contra os ditadores. Em


1968 houve um congresso clandestino em Ibiúna com aproximadamente mil estudantes, era
muito estudante para uma cidadezinha do interior, impossível que não se levantasse suspeita
sobre o evento; dito e feito, os militares que não tiravam os olhos de cima da movimentação
estudantil pelo país apareceram e acabaram com o congresso levando-os todos presos, mas
aos poucos os estudantes foram sendo libertados, com exceção dos lideres do movimento
estudantil, entre eles estavam: Vladimir Travassos, Franklin Martins, José Dirceu entre outros.
Segundo Benjamin,
A tentativa de realização de um congresso clandestino reunindo mil delegados
conhecidos de antemão pela polícia, por terem sido eleitos em assembleias
nas universidades, foi uma loucura. Era impossível que a reunião não fosse
descoberta (...) É preciso lembrar que o AI-5 (...) que tornou a repressão
escancarada, só teria lugar dois meses depois. A responsabilidade pela decisão
de fazer um congresso clandestino com mil delegados costuma ser jogada nos
ombros da UEE de São Paulo, comandada por José Dirceu e encarregada da
organização do encontro. Mas é injustiça. Ela não teria sido posta em prática se
não tivesse sido respaldada pela diretoria da UNE.23

Com a entrada em vigor do AI-5 os estudantes de esquerda passaram à clandestinidade, mas


desde o incidente do dia 30 de março de 1964 na sede da UNE no Rio de Janeiro e depois com a
seguida edição de Atos Institucionais todo cuidado era pouco, o regime via inimigos em todos os
cantos, com isso, mesmo antes do AI-5, “pela conjuntura (...) devido às dificuldades crescentes
de um trabalho aberto (...) já estávamos tomados por uma espécie de apego à clandestinidade,
meio que picados pela mosca da luta armada e da guerrilha”. 24
Para Benjamin, as manifestações populares que se desenvolveram durante o primeiro
semestre de 1968 como, por exemplo, no dia 26 de junho houve a passeata dos “Cem Mil” entre
outras mobilizações que pressionaram os militares por uma abertura democrática, o “prêmio”
pela ousadia dos estudantes e da população foi a edição do AI-5. No segundo semestre as

22 BENJAMIN, Cid. Gracias a La Vida: memórias de um militante. Rio de Janeiro: José Olympio, 2013, p. 131.
23 BENJAMIN, Cid. Gracias a La Vida: memórias de um militante. Rio de Janeiro: José Olympio, 2013, p. 131.
24 BENJAMIN, Cid. Gracias a La Vida: memórias de um militante. Rio de Janeiro: José Olympio, 2013, pp. 131-132.

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Unidade: A Ditadura Brasileira: Governando Para as Elites!

manifestações foram mais brandas, até porque com as férias escolares de julho o ímpeto inicial
deu vez a certa desmobilização dos protestos contra o arrocho das liberdades civis que já eram
restritas antes do fatídico AI-5, que ao contrário dos outros atos, não teve previsão para acabar,
e duraram dez anos, até outubro de 1978. Com isso,
A combinação do esgotamento dos movimentos de rua, com o aumento da
repressão e a mudança do quadro político geral, com a decretação do AI-5,
pôs fim às passeatas e manifestações. E ajudou a radicalizar uma minoria de
militantes, que acabaram aderindo à guerrilha, que começou a ser vista, por
muitos, como a única forma de resistência possível à ditadura (...) Che Guevara
afirmou, certa vez que, enquanto houvesses expectativas da população na
disputa democrática numa sociedade, as condições para a guerrilha não
estariam dadas. 25

O movimento estudantil é um bom exemplo de como a repressão da ditadura levou os


movimentos de esquerda a radicalizarem suas ações contra os poderes constituídos, que aliava
os ditadores e a elite do mesmo lado da mesa, em defesa de interesses que não eram os mesmos
das classes média e média baixa do país.

E o que conta é o tamanho da conta...


Enquanto a censura perseguiu os inimigos do regime, muitas vezes amparado pela mídia
hegemônica, o governo militar começou uma arrancada em direçãoao progresso do país,
esse país do futuro retomou o desenvolvimento, que havia arrefecido no governo de João
Goulart, que foi empastelado pela oposição. Mesmo sob a mordaça, e com uma propaganda
que vendia mais do que entregava, os capitalistas nacionais e estrangeiros estavam eufóricos, a
repressão para manter a ordem, não os incomodava, poisraramente os filhos da alta burguesia
caiam nas garras dos ditadores, afinal é com uma mão que se lava a outra, e enquanto o
desenvolvimentismo militar deu certo tudo foi um grande mar de rosas, porém, veremos que
nem tudo foram flores, nem para a elite, e muito menos para a população apeada do poder.
Segundo Paul Singer o golpe militar ocorreu num contexto onde a intervenção do
Estado na economia não era uma heresia, economistas do CEPAL (Comissão Econômica
Para a América Latina e o Caribe)26 como Celso Furtado tiveram que deixar o país, “o
esperado confronto armado não aconteceu. Contrariando as expectativas de quem apoiava
a democracia, os militares comprometidos a defendê-la aderiram o golpe”. Mas, os militares
assumiram a teoria desenvolvimentista dos cepalinos, “o papel ativo do Estado na economia
para promover o desenvolvimento industrial ainda era aceito. Só muito mais tarde, nos
anos 1980, é que viria a ofensiva neoliberal”, o comando da economia brasileira em época
de ditadura foi assumido por Delfim Netto, “um notório desenvolvimentista, partidário do
planejamento e próximo do keynesianismo”. 27

25 BENJAMIN, Cid. Gracias a La Vida: memórias de um militante. Rio de Janeiro: José Olympio, 2013, pp. 134-135.
26 Para saber mais sobre o CEPAL: http://www.cepal.org/brasil; COLISTETE, Renato Perim. O Desenvolvimentismo Cepalino: problemas
teóricos e influência no Brasil. Estudos Avançados, 15 (41), 2001; SANTOS, Ulisses Pereira dos; OLIVEIRA, Francisco Horácio Pereira de.
Três Fases da Teoria Cepalina: uma análise de suas principais contribuições ao pensamento econômico latino-americano, Análise, Porto
Alegre, v. 19, n. 2, p. 4-17, jul/dez, 2008.
27 SINGER, Paul. O Processo econômico. in, SCHWARCZ, Lilia Moritz (Dir.). Modernização, Ditadura e Democracia (1964-2010). v. 5. Rio
de Janeiro: Objetiva, 2012, p. 186.

18
Segundo Fausto, “As Forças Armadas, nesse contexto, deviam ter um papel permanente e ativo,
tendo por objetivo derrotar o inimigo, garantindo a segurança e o desenvolvimento da nação”.28
No início da década de 1970 a luta armada praticamente desapareceu do cenário brasileiro,
no primeiro governo militar o foco foi combater a inflação e estabilizar a economia, esse foi o
foco no governo de Castelo Branco (1964-1967), uma das medidas para garantir a produção e
estabilizar os preços foi à intervenção do ditador nos sindicatos proibindo as greves, as tentativas
de paralisação foram reprimidas pela ditadura, naquele contexto o tabelamento de preços e a
fixação dos salários eram comuns. No final da década de 1960 o cenário inflacionário já estava
melhor que em seu início. Em 1965 a taxa de inflação esteve na casa de 71,42%, caindo para
54,78% em 1966 e para 34,14% no ano de 1967. A taxa de crescimento do país passou de
2,4% em 1965 subindo para 6,7% em 1966 e voltando a cair em 1967 para 4,2%.

Teoria Keynesiana: Conjunto de idéias que propunham a intervenção estatal na vida econômica
com o objetivo de conduzir a um regime de pleno emprego. As teorias de John Maynard Keynes
tiveram enorme influência na renovação das teorias clássicas e na reformulação da política de livre
mercado. Acreditava que a economia seguiria o caminho do pleno emprego, sendo o desemprego
uma situação temporária que desapareceria graças às forças do mercado. Na década de 1970 o
keynesianismo sofreu severas críticas por parte de uma nova doutrina econômica: o monetarismo.
Fonte: http://www.economiabr.net/teoria_escolas/teoria_keynesiana.html

Durante a ditadura houve uma política de favorecimento das grandes empresas nacionais,
estatais e estrangeiras, e fusão bancária foi bastante estimulada pelo regime. Empresas receberam
estímulos fiscais e abundancia de crédito para garantir a competitividade dos produtos produzidos
no Brasil em escala mundial. O objetivo foi estimular o crescimento das industriais de alumínio,
petroquímica e siderurgia, “o poder publico patrocinava a formação de conglomerados com
participação de capitais nacionais, estrangeiros e de sociedades de economia mista”.29
O problema desta politica de incentivos do governo federal foi que só as grandes empresas
se beneficiaram desta politica, “a promoção aberta da concentração do capital era justificada
pela necessidade de incorporar à economia brasileira avanços tecnológicos, o que só as grandes
empresas seriam capazes de realizar”30 . No inicio da década de 1970 começou o processo
de Globalização com a livre movimentação de mercadorias e o afrouxamento do controle da
circulação de capitais pelo Estado. Países ricos começaram a explorar a mão de obra barata em
países pobres, instalando filiais, onde o lucro seria maior e com a certeza do poderenviar os
lucros para a matriz no país de origem.
O regime militar procurou atrair para o Brasil grandes empresas americanas, europeias
e japonesas, garantindo assim a circulação no país de uma moeda forte, a transferência de
tecnologia e a possibilidade das empresas brasileiras distribuir seus produtos em mercados antes
fechados para os produtos nacionais, Estudos realizados por Fernando Fajnzylber, economista
chileno, para Ipea demonstraram que de 1960 a 1969, “o crescimento das exportações industriais

28 FAUSTO, Boris. História do Brasil. 10 ed. São Paulo: Edusp, 2002, p. 452.
29 SINGER, Paul. O Processo econômico. in, SCHWARCZ, Lilia Moritz (Dir.). Modernização, Ditadura e Democracia (1964-2010). v. 5.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2012, p. 188-189.
30 SINGER, Paul. O Processo econômico. in, SCHWARCZ, Lilia Moritz (Dir.). Modernização, Ditadura e Democracia (1964-2010). v. 5. Rio
de Janeiro: Objetiva, 2012, p. 189.

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Unidade: A Ditadura Brasileira: Governando Para as Elites!

brasileiras foi de 654% nos setores predominantemente nacionais e de 1.650% nos setores
predominantemente internacionais”, esta diferença se deveu devido as melhores condições de
penetração das industrias estrangeiras em outros mercados com produtos manufaturados.31
Entre os anos de 1969-1973 houve um elevado crescimento da economia brasileira com uma baixa
inflacionária, este período ficou conhecido como “Milagre Econômico Brasileiro”, ou simplesmente
como “Milagre Brasileiro”. A média anual do crescimento do PIB batia a casa dos 11% e seu pico foi
no anode de 1973 com aproximadamente 13%, enquanto que a inflação média anual se estabilizou
na casa dos 18%, alta para os dias de hoje, na segunda década do século XXI, mas razoável para os
que vivenciaram uma taxa inflacionaria anual que batia a casa dos 70%.
A frente do planejamento estava Delfim Neto com uma equipe que se beneficiou com a
abundância de recursos. Os empréstimos internacionais também foram vultosos, o objetivo
era manter a economia aquecida alavancada pelo crescimento e baixa inflação. No país se
instalaram diversas empresas estrangeiras atrás de se aproveitar o mercado em expansão,
a indústria automobilística injetou bastante capital para fabricação de carros médios para o
brasileiro, entre elas estavam: General Motors, Ford e Chrysler. As importações brasileiras de
bens de consumo cresceram, assim como as exportações de produtos industrializados no país.
Toda esta euforia foi estimulada pela abundância de credito e isenções de tributos por parte dos
ditadores. Na agricultora houve uma forte expansão da exportação de soja.
As exportações brasileiras se diversificaram tanto que o carro chefe de nossas exportações, o
café, que entre as décadas de 1940 e 1960 batia a casa dos 50% em volume exportado, passou
a representar na década de 1970 apenas 15%. O governo passou a arrecadar mais tributos
o que colaborou para diminuir o déficit público e puxar a inflação para baixo. Defim Netto
chamou sua política econômica de “Capitalista Associada”, o estado intervinha na economia
não deixando que “a mão do mercado” agisse livremente.
A politica econômica dos ditadores estava dando certo, mas era muito dependente do
mercado externo e de empréstimos realizados com instituições financeiras internacionais para
continuar injetando crédito e incentivos no mercado nacional. O país também era extremamente
dependente da importação de petróleo, qualquer variação para cima destes produtos colocava
em estado de alerta o governo, que mantinha a economia funcionando quase que de forma
artificial, pois o Estado era a fonte principal dos recursos para aquecer a economia, injetando
incentivos e crédito.
Outra fragilidade do plano econômico era que apesar do PIB estar acima dos dois dígitos à
renda não era distribuído de forma equitativa entre a população, os maiores beneficiados com
os recursos provindos dos cofres do governo continuavam sendo os membros da elite. Esta
politica privilegiou o fortalecimento dos grandes capitalistas e deixou a mingua a maior parte
da população brasileira, os salários estavam baixos demais na segunda metade da década de
1970. Apesar da expansão de empregos o salário baixo não dava condições de haver uma
mobilidade social maior no país. Não é necessário nem dizer que os programas sociais do
governo dos ditadores foram pífios: educação, saúde e moradia para pessoas de baixa renda
foram bastante negligenciadas neste período.

31 SINGER, Paul. O Processo econômico. in, SCHWARCZ, Lilia Moritz (Dir.). Modernização, Ditadura e Democracia (1964-2010). v. 5. Rio
de Janeiro: Objetiva, 2012, p. 192.

20
A “lua-de-mel” entre empresários e ditadores estava chegando ao fim, e não estava chegando
a um fim por causa do endurecimento do regime e das perseguições, a causa empresarial não
foi humanitário o fim deveu-se justamente quando o “milagre econômico” estava patinando,
e como ressaltou Comparato, no Brasil políticos e empresários se completam, mas em alguns
momentos da história, quando o empresariado deixa de ser privilegiado pelo sistema de governo
o “caldo entorna”.
A crise da dívida externa a partir do fim dos anos 1970 estrangulou este projeto
de modernização, deixando incompleto o setor industrial, particularmente
o segmento de produção de bens de capital, e iniciou o processo de
financeirização da economia brasileira com a formação de uma dívida interna
crescente, destinada primeiramente a transferir os dólares dos exportadores
para pagamentos dos juros e amortizações, mas que ganhou dinâmica própria,
baixando drasticamente as taxas de crescimento econômico e de investimento,
elevando ainda a pobreza em níveis absolutos e relativos nas décadas de 1980
e 1990. A economia brasileira apenas apresentaria taxas de crescimento mais
expressivas com o boom das commodities iniciado em 2003, em função da
projeção da China na economia mundial.32

A pressão do empresariado para a distensão do regime se deu no governo do ditador


Geisel, a economia cambaleante, a constante exposição das atrocidades do regime à opinião
publica, com o fim da censura aos órgãos de imprensa que passaram a denunciar os casos
de mortos e desaparecidos vitimados pela ditadura colocou os ditadores contra a parede. Os
militares queriam alguma garantia de que seus crimes não seriam julgados, que toda atrocidade
praticada pelos ditadores e seus colaboradores seriam “esquecidas”. O arranjo se deu com a
concessão da Lei de Anistia N° 6.683 de 28 de Agosto de 1979, nela foram incluídos aos atos de
terrorismo de Estado e contou com o apoio dos empresários que colaboraram com a Ditadura
Civil-Empresarial-Militar brasileira,

Essa solução contava com o apoio decidido do grande empresariado, quando


mais não fosse porque alguns de seus líderes, como assinalado anteriormente,
foram coautores dos crimes de terrorismo de Estado, havendo financiado a
operação do sistema repressivo. Por sugestão dos políticos colaboradores do
regime, os chefes militares decidiram afinal embarcar no movimento já iniciado
de anistia aos presos e exilados políticos, de modo a estendê-la aos autores de
crimes de terrorismo de Estado.33

A lei de Anistia foi apresentada e aprovadano governo do ditador, João Baptista de Oliveira
Figueiredo, o regime fez uma distensão lenta e “segura” para não comprometer mais do já
estavam comprometidos com as atrocidades do regime, membros do governo militar, seus
colaboradores e uma parcela do empresariado envolvido desde a consecução do Golpe na
década de 1960 até seus desdobramentos mais sórdidos no inicio da década de 1970, com
torturas e mortes. Empresários como Mesquita dono do jornal O Estado de São Paulo, e a
FIESP já estavam abandonando o barco há alguns anos. A FIESP já na metade da década de
1970 se incomodava com o “peso” do Estado na economia. Os ditadores foram perdendo o
apoio da elite que eles ajudaram capitalizar durante os anos de ditadura, em mais um atrito de
interesses a aliança entre políticos e empresários se diluiu no ar!

32 http://blogdaboitempo.com.br/2014/04/01/o-golpe-militar-de-1964-e-o-brasil-passado-e-presente.
33 COMPARATO, Fabio Konder. Compreensão Histórica do Regime Empresarial-Militar Brasileiro, São Leopoldo (RS), Unisinos,
Cadernos IHU Ideias, ano 12, n. 205, v. 12, 2014, pp. 21-22.

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Unidade: A Ditadura Brasileira: Governando Para as Elites!

Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6683.htm

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