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BENGUELA
DEPARTAMENTO DO CURSO DE DIREITO
Criado ao Abrigo do Decreto Presidencial N.º 168/12 de 24 de
Junho, DR 1 Série – N.º 141
MONOGRAFIA
LICENCIATURA EM DIREITO
OPÇÃO: JURIDICO-ECONÓMICO
MONOGRAFIA
FACULDADE DE DIREITO
OPÇÃO: JURIDICO-ECONÓMICO
CONTACTO: 931076555
Não somos o que deveríamos ser, não somos o que iremos ser,
Sem esquecer de agradecer da forma mais sincera aos meus queridos colegas que
durante 5 anos foram como irmãos, por tudo que passamos juntos, mas principalmente
pelos momentos de discussão académica e pelos momentos de descontração.
E por último, agradecer a aquelas que são as pessoas mais importantes da minha
vida, aos meus pais Elias Teófilo e Maria Esperança Domingos Francisco, às minhas
segundas mães, Rita Francisco Kakuarta, Verónica Regina, Rosa Lopes Francisco, Rosa
Ambrósio (IN MEMORIAM), Eulália Tchopeca, ao meu tio/pai Augusto Pascoal
Tyikusu que abriu as portas da sua humilde residência para nos abrigar durante os anos
em que estávamos a nos formar, aos meus irmãos, Sandro Francisco Sawime, Eliane
Francisco Teófilo e principalmente ao Juasener Francisco Teófilo que muito me tem dado
apoio, a Mara Maria Claret Dutra, aos meus primos, Márcia Welver Francisco Kakuarta,
Ruben Ambrósio, Francisco Domingos da Conceição (Kurrumba), Sebastião Bento
Ambrósio, Amilton Costa Malanga, aos meus amigos/irmãos Ânderson Manuel M.
Dionísio, Euclides Paulo Cumpanhe a Eulália Isabel dos Santos (grande amiga) e a todos
aqueles que não foram cá mencionados que directa ou indirectamente estiveram presentes
na minha vida contribuindo com um suporte moral para que a formação chegasse ao fim
sem quaisquer sobressaltos.
SIGLÁRIO
art. - Artigo
CRA - Constituição da República de Angola;
CRP - Constituição da República Portuguesa;
FFM - Fundo de Financiamento dos Municípios;
ICE - Imposto sobre Consumos Especiais;
IUR - Imposto Único sobre os Rendimentos;
IVA - Imposto sobre o Valor Acrescentado;
LC - Lei Constitucional;
LFL - Lei das Finanças Locais;
OGE - Orçamento Geral do Estado;
TFUE - Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia;
RESUMO
Para que haja um desenvolvimento justo e democrático em Angola é necessário
haver descentralização. Portanto, é importante salientar que a descentralização só será
efectiva se as autarquias locais forem verdadeiramente mestres das suas finanças.
Buscamos por meio do presente trabalho estudar a autonomia financeira e o sistema
tributário como fontes de sustentabilidade das autarquias: caso do Município do Tômbwa.
Para alcançar os resultados propostos, quanto aos objectivos da pesquisa foi descritiva,
baseada no levantamento bibliográfico, de modo a proporcionar uma visão geral sobre o
tema em estudo, usamos também, o método dedutivo, pois as hipóteses levantadas acima
partimos da descrição dos conceitos gerais para os particulares. Os resultados confirmam
qua a situação económica do Município é muito baixa em todos os Sectores, atestando o
alto grau de dependência financeira averiguada. Esse cenário é associado ao facto da
superioridade da arrecadação dos impostos estarem concentrados para A Capital do País.
Assim, segunda Hipótese verifica-se, na medida que o sistema Tributário do Município
do Tômbwa, não possui força para suportar autarquias, porque as potencialidades que
tendem a contribuir para o desenvolvimento sócio – económico e infra-estruturais
contribuem de forma pouco significativa.
O sistema tributário das futuras autarquias locais será sustentada por receitas de
finanças locais, e falar de finanças locais, não só induz-nos a falar das autarquias locais
como também da descentralização, e estes recursos financeiros devem ser proporcionais
as atribuições previstas pela Constituição ou por lei, bem como os programas de
desenvolvimento aprovados2.
Há que referir que o orçamento autárquico deve ser elaborado com base em metas
e objectivos a prosseguir pelas autarquias em cada ano, ou ao longo de vários anos, e que
aparecem definidos no plano de actividades, que é o meio privilegiado e orientador de
toda a acção das autarquias. Tal como na administração central, e para efeitos de
desenvolvimento económico e social, o planeamento estratégico refere-se a horizontes de
longo prazo, assim o plano de actividades das autarquias poderá também vir a definir as
1
Cfr. Elisa Rangel NUNES, Finanças Locais em Angola –Conceitos Básicos e Elementos Essenciais para
o Sistema Financeiro das Futuras Autarquias Locais,Disponivel em: https://library.fes.de/pdf-
files/bueros/angola/hosting/nunes.pdf, , Acesso em 6 de Fevereiro de 2019 p.6
2
Cfr. Art 215º nº 1 da Constituição da República de Angola, (ANGOLA, 2010)
3
Cfr. Elisa Rangel NUNES, op, cit,. p.11
4
Ibidem.
8
linhas de desenvolvimento estratégico, que em cada ano aparecerão corporizadas no plano
anual de actividades e cuja execução se torna possível através do orçamento5.
Autarquias locais são pessoas colectivas territoriais que visam a prossecução dos
interesses próprios das populações, dispondo para o efeito de órgãos representativos
eleitos e de liberdades de administração das pessoas colectivas (Organização angolana
em prol da cidadania angolana, do Centro Nacional de Aconselhamento)6.
Como as autarquias locais são feitas nos municípios, existem alguns aspectos
importantes a ter-se em conta para definir o tipo de autarquia locais que se pretende
implementar. Para sua implementação com êxito em Angola, Cremildo Paca considera
importante analisar-se objectivamente o grau de urbanização, tipo de infra-estruturas
técnicas e administrativas existentes e a criar, a base económica de cada município,
densidade populacional, a disponibilidade estruturas jurídico - administrativas, vias de
acesso e de comunicação, para se poder dimensionar que tipo de autarquias locais
queremos para o nosso país e que sirva as populações, já que a vida deve fazer-se nos
respectivos municípios.9
5
Cfr. Elisa Rangel NUNES, op, cit,. p.11
6
CONSELHO NACIONAL DE ACONSELHAMENTO (CNC). Boletim Informativo, Descentralização
Administrativas e Autarquias Locais. Luanda: NCC, 2010.
7
José Graça Lopes SILVESTRE, Autarquias Regionais e Modelos de Financiamento em Angola: Um
Estudo de Caso na Província do Kuanza-Sul, Dissertação de Mestrado em Finanças. Universidade
Portucalense. Setembro, 2015
8
Amândio Vasco GUIMARÃES, Descentralização e Finanças Autárquicas: análise da Eficácia do
Sistema Tributário Autárquico Como Fonte de Financiamento do Orçamento Autárquico – O Caso do
Município de Maputo (2006 - 2008). Faculdade de Letras e Ciências Sociais Departamento de Ciência
Política e Administração Pública. Universidade Eduardo Mondlane. Maputo 2010
9
Cfr.Cremildo PACA. Discurso de Cremildo Paca na Abertura da Conferência Sobre a Experiência
Autárquica Espanhola. In: ANGOP, 24 de Junho de 2013. Disponível em:
9
E é praticamente sobre a base económica do município, onde vai incidir o nosso
trabalho, o facto do financiamento não ser o fim da acção autárquica mas sim um auxilio,
não se deve, porém, ignorar que os recursos financeiros são uma condicionante
importante de escolhas politicas. A autonomia financeira implica, principalmente a
existência de um orçamento elaborado e aprovado pelos órgãos competentes, mediante o
qual se afectam as receitas próprias a despesas livremente escolhidas e determinadas e
permite também a definição dos limites da acção económica das autarquias, cujo
objectivo consiste em aumentar o bem-estar colectivo, através da satisfação das
necessidades públicas (locais), sendo seu elemento fundamental a oferta de bens e
serviços locais de qualidade, com o menor dispêndio de recursos possível10.
<http://www.angop.ao/angola/pt_pt/noticias/politica/2013/5/26/MAT/visualizadesafiosobstaculosautarqui
as-locais,019d7d8a-a325-4a84-8e-71-027a971f1854.html>. Acesso em: 30 dez. 2016.
10
Cfr. Elisa Rangel NUNES, op, cit,. p. 6
10
PROBLEMÁTICA
HIPÓTESES
HP1 - Acreditamos que o Sistema Tributário do Município do Tômbwa, possui
sim força para suportar autarquias, porque possui um leque enorme de potencialidades,
estás que giram em volta, das actividades pesqueiras, agrícolas e turísticas.
OBJECTIVOS GERAIS
Estudar a autonomia financeira e o sistema tributário como fontes de
sustentabilidade das autarquias: caso do município do Tômbwa.
OBJECTIVOS ESPECÍFICOS
Identificar a importância das receitas tributárias no financiamento do
orçamento local e perceber o grau de dependência financeira dos Municípios
em relação as transferências orçamentais do Estado e dos parceiros de
cooperação;
11
Melhorar a qualidade e a consistência das informações prestadas a toda a
sociedade no processo de fiscalização e do funcionamento do sistema
tributário autárquico.
Mas em boa verdade foram três os fundamentos que nos levaram a optar pelo
tema: a necessidade de realizar a monografia para conclusão do ciclo de Licenciatura,
segundo porque este tema adopta uma particular importância na conjuntura social actual
angolana e por fim por necessidade pessoal.
12
METODOLOGIA
Para alcançar os resultados propostos, quanto aos objectivos da pesquisa foi
descritiva, por estar baseada no levantamento bibliográfico, livros, teses e sites, de modo
a proporcionar uma visão geral sobre o tema em estudo; usamos também o método
dedutivo, pois para criarmos as hipóteses levantadas acima, partimos da descrição dos
conceitos gerais para os particulares.
13
CAPITULO I - NOÇÃO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS
AUTARQUIAS LOCAIS.
1.1. Noção de Autarquias Locais.
As autarquias Locais, de acordo ao artigo 217º. da Constituição da República de
Angola, “são pessoas colectivas territoriais correspondentes ao conjunto de residentes em
certas circunscrições do território nacional e que asseguram a prossecução de interesses
específicos resultantes da vizinhança, mediante órgãos próprios representativos das
respectivas populações”.
Ora, o termo autarquia entrou no leque de termos jurídicos dos vários países do
mundo com sentidos diferentes.
11
Cfr. TEIXEIRA. Administração e governação local em Angola, p. 52.
12
Cfr. Constituição da República de Angola. (2010)
13
Para MEIRELLES, as autarquias são órgãos autônomos da Administração, criados por lei, com
personalidade jurídica de direito público, patrimônio próprio e atribuições estatais específicas. São
órgãos autónomos, mas não têm autonomia porque não legislam por si mas administra-se por si
próprias segundo as leis editadas pela entidade que as criou. Assim no Brasil existem autarquias
municipais, estaduais e federais. Cfr. Hely Lopes MEIRELLES, (2014) Autarquias e Entidades paraestatais,
p.19
14
As autarquias locais fazem parte da Administração autónoma.
Nas duas cartas constitucionais (LC artigo 146.º e CRA nº 1 do artigo 217.º),
contêm um conceito de Autarquia Local que permitem chegar a uma formulação perfeita
da ideia. Dizia a LC: «as Autarquias Locais são pessoas colectivas territoriais que visam
a prossecução de interesses próprios das populações, dispondo para o efeito de órgãos
representativos eleitos e da liberdade de administração das respectivas colectividades»;
a CRA dispõe no artigo 217.º, n.º1, que: «as Autarquias Locais são pessoas colectivas
territoriais correspondentes ao conjunto de residentes em certas circunscrições do
território nacional e que asseguram a prossecução de interesses específicos resultantes
da vizinhança, mediante órgãos representativos eleitos das respectivas populações»16.
14
Cfr: Artigo 235.º nº 2 da CRP.
15
Cfr. Lázaro Manuel JAIME, O Conceito de Autarquias Locais na Constituição da República de Angola
– O caso do Município; Disponível em:
https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/39042/1/Lázaro%20Manuel%20Jaime.pdf; Acesso
em 20 de Abril de 2020., p. 120
16
Ibidem
17
Ibidem
15
comuns resultantes da vizinhança mediante órgãos próprios, representativos dos
respectivos habitantes18.
18
Cfr. Lázaro Manuel JAIME, op. cit ,. p. 120
19
Ibidem, p. 121
20
Cfr. Diogo. Freitas do AMARAL,. (2012). Curso de Direito Administrativo Vol I. Coimbra : Edições
Almedina. pág. 482. Citado por : . Lázaro Manuel JAIME, op. cit ,. p. 121
16
determina o direito de voto na eleição dos órgãos dirigentes dessas
autarquias;
Interesses próprios: o interesse próprio das populações de residentes é
outro elemento essencial nessa definição, pois, são estes interesses que
servem de fundamento à existência de Autarquias Locais as quais se
formam para prosseguir interesses resultantes do facto de eles conviverem
numa área determinada, unidos pelos laços de vizinhança;
O carácter electivo dos órgãos e poderes locais: finalmente os caracteres
electivos dos seus órgãos, ou seja, as Autarquias Locais caracterizam-se
por terem órgãos próprios (Artigo 220.º da CRA) que são eleitos pela
respectiva população com eleições livres e periódicas. São órgãos
representativos da população. Em rigor não há autarquias locais quando
elas não são administradas por órgãos eleitos, são as chamadas eleições
locais ou eleições autárquicas.
É assim que CAETANO (2010), que entre nós foi um dos percursores do Estudo
da História do Direito Administrativo e da administração local autónoma em particular,
definiu Autarquia Local como «a pessoa colectiva de direito público correspondente ao
agregado formado pelos residentes em certa circunscrição do território nacional para que
os interesses comuns resultantes da vizinhança sejam prosseguidos por órgãos próprios
dotados de autonomias dentro dos limites da lei»21.
21
Cfr. Marcelo CAETANO, (2010), Manual de Direito Administrativo Vol I 10ª
Edição . Coimbra: Almedina. p. 193. Citado por: . Lázaro Manuel JAIME, op. cit ,. p. 122
22
Cfr. Lázaro Manuel JAIME, op. cit ,. p. 123
17
A Lei Constitucional de 1975, dividia o território de Angola, no artigo 53.º, em
Províncias, Conselhos, Comunas, Círculos, Bairros e Povoações. Entenda-se que o termo
«Conselho» foi uma herança tradicional da história municipal portuguesa, depois que
Portugal substituiu o termo «Conselho» na Constituição de 1976 por município, Angola
também o fez na revisão Constitucional publicada a 7 de Fevereiro de 1978 23. Esta
substituição não significou renegar o passado histórico-cultural, mas visou tão-somente
actualizar a linguagem jurídica pelos padrões europeus por parte de Portugal, e Angola
acompanhou também essa evolução. Por sua vez, o artigo 47.º determinava que a
administração local se baseiava nos princípios de unidade, da descentralização e de
iniciativa local24.
23
Cfr. Adérito CORREIA, e OUTRO, (1996) Angola, História Constitucional pág 169
24
Cfr. Lázaro Manuel JAIME, op. cit ,. p. 123
25
Ibidem
26
Cfr. Lazarino POULSON (2009), As Autarquias Locais e as Autoridades Tradicionais no Direito
Angolano. Iª Edição. Luanda: Casa das Ideias – Divisão Editorial, p. 76
27
“O direito português (e, consequentemente, a doutrina portuguesa) é muito próximo do direito angolano.
Aliás, o cordão umbilical ainda não foi inteiramente cortado, daí a constante e recorrente busca e
interação com a doutrina e com o ordenamento jurídico luso. Esperemos que num futuro próximo tal não
venha a ocorrer com a mesma frequência, não por desmérito das soluções encontradas naquele quadrante
jurídico, mas porque tal representará, sobretudo, uma importante conquista do povo angolano”. Citado
por: Cfr. Lazarino POULSON (2009), op, cit, p. 77
28
Cfr. Diogo Freitas do AMARAL., op. cit., pp. 432-433; João CAUPERS (2013), Introdução Ao Direito
Administrativo. Lisboa: Âncora Editora. pp. 114-116. Citado por: Cfr. Lazarino POULSON (2009), op, cit,
p. 77
18
ii) O município – sucedânea do concelho, o município “é a única autarquia local
portuguesa com uma existência histórica estável; é mesmo o único ponto de
referência organizatório da administração local…”29
iii) A região administrativa – é uma autarquia supra municipal (“não obstante terem
sido publicadas a respectiva lei quadro – Lei nº 56191, de 13 de Agosto – e a lei
da criação – Lei nº 19198, de 28 de Abril – não foram institucionalizadas, mercê
do resultado desfavorável do referendo realizado em 1998”)30.
29
Cfr. João CAUPERS, (2013).op., cit. p. 115
30
Idem. p. 114. vai mais longe quando afirma que “com o sucedâneo de recurso para o fracasso da
regionalização, foram publicadas, em 13 de Maio de 2003, duas leis, com as quais se pretendeu
concretizar a descentralização administrativa do pais numa base voluntária, isto é, em vez de organizar
territorialmente Portugal em obediência a um modelo adoptado pelos órgãos competentes do Estado,
devolveu-se a iniciativa aos municípios, que, por via dos instrumentos previstos por lei, se associaram,
dando origem a espaços mais amplos, dotados de maior massa critica, supostamente capazes de uma
outra dinâmica politica, social, e económica. Esses espaços, designados por grandes áreas
metropolitanas, comunidades urbanas, comunidades intermunicipais de fins gerais e associações de
municípios de fins específicos – que não são autarquias locais – têm vindo a ser constituídos. Se de tal
processo resultará um real reforço da descentralização territorial, somente o futuro o poderá dizer”.
31
Cfr. Lázaro Manuel JAIME, op. cit ,. p. 124
32
Cfr . José de Mello ALEXANDRINO (2013), O Novo Constitucionalismo Angolano, Lisboas: I C J da
Universidade de Lisboa pág 67
19
duas feições constitucionalmente admitidas. Isto significa que a única autarquia local
de existência obrigatória é o Município. As outras, de nível superior ou inferior ao
município, são de existência facultativa, consoante a apreciação que se faça dos
critérios enunciados na CRA33.
Existem diversos tipos de controle. Pode ser prevêntivo, quando a autarquia para
a realização de certo acto, necessita de prévia manifestação do controlado; ou pode
ser repressivo quando o controle não se faz necessário préviamente para a
manifestação do acto, diferindo assim, substancialmente do controle preventivo36.
Nota-se que o controle preventivo pode ser de legalidade (ou legitimidade) quando
a lei tiver habilitado o controlador a examinar o comportamento da autarquia em
acordo comos textos legais. Poderá este ser de mérito ,no caso do controlador analisar,
por força da lei, o comportamento autárquico sob o ponto de vista da conveniência e
oportunidade37.
33
Cfr. Lázaro Manuel JAIME, op. cit ,. p. 124
34
Cfr. José Graça Lopes SILVESTRE op, cit. p. 29
35
Ibidem
36
Ibidem p. 30
37
Ibidem
20
Igualmente, ressalta a existência de um controlo extraordinário, não
necessariamente previsto por lei, que cabe á Administração Central e visa coibir
desmandos das autarquias. Exemplificando-se este controle através dos actos de
intervenção e de destituição dos entes autárquicos38.
38 38
Cfr. José Graça LOPES SILVESTRE, op. cit,. p. 30
39
Ibidem
40
Ibidem
41
Ibidem
42
Ibidem, p. 8
21
Deve entender-se por necessidade local a que é satisfeita pelo consumo de bens e
serviços públicos fornecidos pelas autarquias locais (órgãos autárquicos), no exercício da
cooperação que mantém com os fins do Estado43.
O grau de satisfação das necessidades locais pelas autarquias depende do nível de
descentralização das funções que lhes estejam atribuídas e da autonomia financeira de
que gozem44.
É a autonomia financeira que vai permitir a definição dos limites da acção
económica das autarquias, cujo objectivo consiste em aumentar o bem-estar colectivo,
através da satisfação das necessidades públicas (locais), sendo seu elemento fundamental
a oferta de bens e serviços locais de qualidade, com o menor dispêndio de recursos
possível45.
Porque em abono da verdade se diga, o bem-estar de cada um é medido pelo grau
de satisfação que obtém na procura de bens e serviços públicos46.
A actividade económica das autarquias pode assim ser traduzida no conjunto de
acções que visam assegurar a satisfação das necessidades das colectividades locais
(residentes), através da transformação de bens económicos, que vão garantir a oferta de
bens e serviços colectivos locais47.
43
Cfr. José Graça LOPES SILVESTRE, op. cit,. p. 8
44
Ibidem
45
Ibidem
46
Ibidem
47
Ibidem
48
Ibidem
49
Cfr. Artigo 265º, ANGOLA, 2010, op, cit.,
22
têm como finalidade prosseguir e realizar a satisfação das necessidades colectivas das
referidas circunscrições, o órgão do Poder Legislativo, pelo poder que Lhe confere,
aprovou a Lei nº 13/20 de 14 de Maio - Lei do Regime Financeiro das Autarquias Locais.
Esta Lei estabelece os princípios fundamentais das finanças autárquicas,
determina quais são as receitas próprias das autarquias locais, prevê a possibilidade de as
autarquias locais criarem contribuições especiais e estabelece normas sobre o
endividamento, a elaboração, aprovação e execução do orçamento das autarquias locais,
bem como sobre a fiscalização e responsabilidade orçamental50.
50
Cfr, ANGOLA, Lei nº 13/20 de 14 de Maio, Lei do Regime Financeiro das Autarquias Locais, Angola:
Diário da República, Série I, Nº 64, de 14 de Maio, Disponível em:
<http://www.governo.gov.ao/VerLegislacao.aspx?id=528>. Acesso em: 09 de Fevereiro de 2021
51
Cfr, Elisa Rangel NUNES (2001), op,cit p. 8
52
Ibidem, p. 9
53
Ibidem
54
Cfr, Elisa Rangel NUNES (2001), op, cit, p. 9
23
tributárias que traduzam as diferenças nas preferências dos cidadãos, assim como na
oferta diferenciada de bens e serviços; b) na relação entre o benefício obtido pelos
contribuintes e as despesas públicas por eles financiadas, devendo ser nessa base
determinadas, quer a base de incidência, quer a taxa dos impostos; c) na correspondência
entre os custos de administração do imposto com a dimensão da autarquia onde seja
tributado, com o sentido de ser mais baixo o imposto, quanto menor for a autarquia55.
A forma mais comum de tributação local é a que recai sobre a propriedade
imobiliária56.
Trata-se de impostos que podem recair sobre a terra e/ou construções e que incide
sobre todo o tipo de propriedade de natureza comercial, industrial, habitacional e
institucional57.
Uma outra forma de tributação é a que incide sobre o rendimento. Embora por
norma os impostos desta natureza tenham por sujeito activo o Estado, em alguns países
as autarquias locais também são sujeitos activos deste tipo de impostos58.
Os impostos sobre a despesa ou consumo, que são impostos que atingem a riqueza
revelada pela aquisição onerosa de bens e serviços, também são utilizados como impostos
locais em alguns países59.
Entre estes três tipos de impostos, existe uma preferência para os impostos sobre
a propriedade imobiliária, em virtude da sua implantação, já que situa numa zona de fácil
percepção para os contribuintes, dá origem a custos administrativos não muito elevados,
apresenta uma carga fiscal repartida em função dos benefícios conseguidos e são impostos
pouco permissivos à evasão fiscal60.
Não obstante esta preferência, por impostos que assentam a obrigação de
pagamento no benefício retirado pelos contribuintes, na escolha de impostos locais haverá
que saber conjugar impostos que se baseiem no princípio do benefício com impostos que
se fundem na ideia de que os custos devem ser distribuídos por todos os cidadãos61.
Ao lado dos impostos locais, as autarquias poderão arrecadar recursos financeiros
que se situam dentro do seu poder de decisão, provenientes de outro tipo de receitas
tributárias, como sejam taxas, licenças e tarifas, e ainda de receitas resultantes da
55
Ibidem
56
Ibidem
57
Ibidem
58
Ibidem
59
Ibidem
60
Ibidem
61
Cfr, Elisa Rangel NUNES (2001), op, cit, p. 10
24
exploração e administração do seu património, e bem assim de multas, aplicadas pela
prática de infracções aos regulamentos autárquicos62.
Já no domínio das receitas não próprias, encontram-se as transferências e os
recursos ao crédito63.
As transferências financeiras do Estado ou intergovernamentais são o principal
meio de concretizar a perequação financeira que assenta no princípio da igualdade activa
e que se traduz na igualdade de oportunidades entre as autarquias, em matéria de recursos
financeiros, para a satisfação de necessidades públicas64.
As transferências do Estado podem ser afectas ou condicionadas à realização de
certos investimentos (comparticipação), ou não ser afectas a qualquer tipo de despesa –
transferências não afectas65. Este último tipo de transferências financeiras aparece por
vezes sob a forma de um fundo que permite a participação das autarquias nas receitas
estaduais (ou de vários impostos desta natureza ou apenas de um só) –« participação no
rendimento» –, que assenta em determinados critérios de distribuição, tais como:
densidade populacional, objectivos de compensação de certas carências e de certos
encargos, compensação, como resultado da adopção de certas políticas sociais,
necessidade de implementar um certo sentido de justiça redistributiva, tendo em conta a
capacidade das autarquias beneficiárias66.
Por fim, há que também falar do recurso ao crédito pelas autarquias, como uma
importante fonte de financiamento, principalmente no que se refere à implantação e
desenvolvimento de projectos de investimento. Por vezes também se permite que as
autarquias contraiam empréstimos de curto prazo que se destinam a ocorrer a dificuldades
de tesouraria67.
Haverá que cuidar de não estabelecer um quadro financeiro de receitas que assente
só em impostos ou só em transferências (caso em que a autonomia financeira aparece
mais comprometida), mas que apresente um leque de receitas o mais diversificado
possível, tendo em atenção os desequilíbrios existentes entre as várias regiões e entre
autarquias do mesmo grau ou de grau diferente68.
62
Ibdem
63
Ibdem
64
Ibdem
65
As transferências afectas porque se destinam a projectos específicos, obedecem a um controlo mais
rígido por parte do poder central, por essa razão se diz que constituem uma limitação mais acentuada à
autonomia financeira das autarquias locais, relativamente às transferências não afectas. (NUNES 2001)
66
Cfr, Elisa Rangel NUNES (2001), op, cit, p. 10
67
Ibidem
68
Cfr, Elisa Rangel NUNES (2001), op, cit, p. 10
25
Os recursos financeiros às disposições das autarquias estarão devidamente
definidas no pacote legislativo autárquico aprovados ou em aprovação pela Assembleia
Nacional. Contudo, acreditamos que uma parte será alocada do OGE e outra das receitas
locais69.
69
Informação Fornecida por: Joaquim Baza AUGUSTO, Administrador Municipal. Adjunto. p/ Área
Económica e Financeira do Tômbwa, Entrevista março, 2021, Entrevistador, Etelvino L. F. Teófilo,
Questionário Eletrónico (9 questões).
Entrevista concedida para a pesquisa sobre A autonomia financeira e o sistema tributário como fonte de
financiamento do orçamento autárquico.
70
Cfr. Joaquim Freitas da ROCHA, Finanças Locais, Disponível em:
https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/35552/1/17%20-
%20Finan%C3%A7as%20locais.pdf. Acesso em: 22 de Fevereiro de 2021, p. 6
71
Cfr, ANGOLA, Lei nº 13/20 de 14 de Maio, Lei do Regime Financeiro das Autarquias Locais, Angola:
Diário da República, Série I, Nº 64, de 14 de Maio, art 33º nº1, Disponível em:
<http://www.governo.gov.ao/VerLegislacao.aspx?id=528>. Acesso em: 09 de Fevereiro de 2021
72
Cfr, ANGOLA, Lei nº 13/20 de 14 de Maio, op, cit, art 33º nº 2
73
Ibidem, art 34º nº1
26
O orçamento engloba as receitas e despesas, o qual deve refletir, as politicas, os
objectivos, as metas e as actividades a serem desenvolvidas de acordo com o plano de
actividades74.
74
Ibidem, nº 2
75
Cfr, Joaquim dos Santos CARVALHO, O Processo Orçamental das Autarquias Locais, Almedina,
1996, p.164.
76
Cfr, Elisa Rangel NUNES (2001), op, cit, p. 12
77
Cfr, ANGOLA, Lei nº 13/20 de 14 de Maio, op, cit, art 40º nº 5.
78
I, art 42º nº 1.
79
Cfr, ANGOLA, Lei nº 13/20 de 14 de Maio, op, cit, art 42º nº 2
80
Ibidem, nº 3
81
Ibidem, nº 5
27
A fiscalização jurisdicional da execução orçamental compete ao Tribunal de
Contas e é efectuada nos termos da legislação aplicável82.
Segundo o Professor, AMARAL84, para que exista Poder Local é necessário que
exista, além da auto-administração, um amplo grau de autonomia administrativa e
financeira, isto é, quando forem suficientemente largas as suas atribuições e
competências, quando forem dotadas de meios humanos e técnicos necessários, bem
como dos recursos materiais suficientes, para prosseguir e exercer, e quando não forem
excessivamente controladas pela tutela administrativa e financeira do poder local.
Tem Razão FEIJÓ86, uma vez que, como ele próprio afirma, “a expressão
comporta dois vocábulos: poder e Local”. Na realidade, a palavra “poder” é igualmente
polissémica na ciência jurídica e politica. Todavia, para o presente trabalho, a expressão
“poder” deve significar “a faculdade atribuída pela constituição a determinadas entidades,
criadas ou reconhecidas por lei, de definir e impor aos outros o respeito da própria conduta
ou traçar a conduta alheia”. Já o vocábulo “local” vai aqui ser tomado no sentido da
82
Ibidem, nº 6
83
Rosa BRANCA, O Poder Local na Constituição da República de Angola. Lições do Curso de Pós
Graduação em Políticas Públicas e Administração Local, Disponível em:
<http://dx.doi.org/10.5335/rjd.v28i1.4837>, Acesso: 25 de Abril de 2020.
84
Diogo Freitas do AMARAL, Curso de Direito Administrativo, vol. I, Coimbra, Edições Almedina,
2005, p. 488.
85
Cfr. Lazarino POULSON, op., cit., p. 44.
86
Carlos FEIJÓ, Problemas Actuais de Direito Público Angolano – Contributo para a Sua Compreensão,
Cascais, Principia, 2001, p. 64.
28
delimitação territorial ou espacial, onde as entidades autónomas vão desenvolver as suas
actividades, de acordo a divisão administrativa em vigor no nosso país.
Para aquele académico, “no plano histórico, o poder local é explicado pela
necessidade que têm os habitantes de uma determinada parcela do território de se
organizarem em função das relações de vizinhança e dos interesses comuns e próprios.
No plano politico, o poder local quer significar a necessidade que têm as populações de
um determinado território de se auto-administrarem e de gerirem, autonomamente, os
seus interesses próprios e comuns (…). No plano jurídico, o poder local funda-se nos
princípios da autonomia local e da descentralização administrativa. Aqui, é necessário
não confundir as expressões que se equivalham ou sejam sinónimas”.
O poder local visa a satisfação dos interesses próprios das populações respectivas.
Portanto, ele não visa a prossecução do interesse geral ou nacional que ao Estado compete
prosseguir. Trata apenas de interesses ou assuntos próprios das populações respectivas, e
não dos interesses nacionais da comunidade nacional90.
87
Ibidem
88
Cfr, Carlos FEIJÓ, Cremildo PACA, Direito Administrativo, 4ª edição, Luanda, Mayamba Editora,
2015, p. 232.
89
Ibidem, p. 234.
90
Cfr, Carlos FEIJÓ, Cremildo PACA, Direito Administrativo, 4ª edição, Luanda, Mayamba Editora,
2015, p. 236.
29
Fica evidente que diante do exposto que o Poder Local visa a satisfação dos
interesses próprios das respectivas populações, não visando a prossecução do interesse
geral ou nacional que acaba sendo competência do Estado.
91
Ibidem. p.110
92
Cfr. Heladio José, LEME. 1992. O federalismo na Constituição de 1988: representação política e
distribuição de recursos tributários. Campinas, IFCH/Unicamp; Citado por: Lázaro Manuel JAIME, op,
cit,. p. 111
30
Self government em sentido próprio se refere aos órgãos locais situados no âmbito
da administração autónoma, caracterizados pela sua personalidade jurídica ou pelo
menos por uma autonomia de gestão, não ligados por relação de hierarquia ao aparelho
central e dirigidos por funcionários de origem eletiva designada diretamente pela
comunidade administrativa.
Desde logo, segundo Amartaya Sen (2010), essa norma apresenta-se como um
princípio jurídico ordenador e estruturante de uma forma específica e politicamente
qualificada de descentralização, que é simultaneamente territorial e democrática,
envolvendo por isso necessariamente a participação no exercício do poder político e
estando directamente articulada com as várias expressões do princípio democrático94.
93
Cfr. Lázaro Manuel JAIME, op, cit,. p. 112
94
Cfr. Amartaya SEN (2010) “A Ideia de Justiça. Coimbra: Editora Almedina pág. 215; citado por: Lázaro
Manuel JAIME, op, cit,. p. 112
95
Cfr. Diogo de Freitas do AMARAL (2005) – Curso de Direito Administrativo. Coimbra: Almedina,
pp. 491 – 492, citado por: Vasco VALDEZ (2014) – Autonomia Tributária dos Municípios. Porto: Vida
Económica – Editorial S.A, p. 51
31
d) O direito de, sempre que possível, regulamentarem a aplicação de normas
ou planos nacionais e adapta-los às realidades nacionais.
Nos municípios dependentes, estes são vistos “como uma agência ou sucursal do
Estado, por esta criada, ou pelo menos constitui um aproveitamento pelo poder central de
algo que ele enquadra, contorna e submete”, e corresponde, no essencial ao modelo
napoleônico francês97.
Todavia, o mesmo autor salienta que nenhum destes modelos existe hoje em dia em
estado puro. É evidente que os Estados democráticos se aproximam mais do primeiro dos
modelos, enquanto que os Estados autoritários se aproximam mais do segundo, como era
o caso de Portugal até ao 25 de abril ou dos países comunistas98.
96
Cfr. Diogo de Freitas do AMARAL (2005) – op. cit, pp. 457 – 461, citado por: Idem
97
Cfr. Diogo de Freitas do AMARAL (2005) – op. cit, p. 553, citado por: Idem . p. 52
98
Vasco VALDEZ (2014) – op. cit,.p. 52
32
2. Municípios com autonomia semiplena: os municípios dispõem de poderes de
decisão e de consideráveis recursos financeiros, se bem que menores do que
na autonomia plena, havendo uma tutela administrativa de legalidade e
algumas vezes de mérito, sendo o sistema em vigor em França, na Bélgica ou
na Itália;
3. Municípios com autonomia restrita: distingue-se sobretudo da anterior por as
atribuições e competências próprias dos municípios serem em número
insuficiente e os meios financeiros escassos, entendendo o autor que nesta
classificação estão os munícipes de Portugal, Espanha e Grécia.
99
Vasco VALDEZ (2014) – op. cit,.p. 53
100
Marcelo Rebelo de SOUSA (1999), Lições de Direito Administrativo, Lisboa: pp. 330 – 331, citado
por: Vasco VALDEZ (2014) – op. cit,.p. 53
101
Marcelo Rebelo de SOUSA (1999), Lições de Direito Administrativo, Lisboa: pp. 330 – 331, citado
por: Vasco VALDEZ (2014) – op. cit,.p. 53
33
Por outro lado Marcelo Rebelo de Sousa, realça a relativa escassez das
transferências por parte do Estado Central, seja porque mesmo assim este “é pródigo
em não cumprir a lei quanto aos montantes destinados ao Poder Local e em fugir a
regras gerais claras e transparentes na celebração de contratos-programa de apoio
financeiro às autarquias locais” , para “já não falar nessa outra dependência, que se
traduz em a participação das autarquias locais , impostos estar sujeita às vicissitudes
que rodeiam esses impostos, sobre os quais a vontade do Estado é , naturalmente
determinante”102.
De todo modo, o autor salienta que, “ em termos gerais, cumpre reconhecer que a
Constituição de 1976 acolhe o Poder Local com um espirito descentralizador sem
precedentes no constitucionalismo português”103.
Quanto a esta ultima não pode a autonomia local ser concebida como um direito
contra o Estado, mas surgindo dentro da Constituição e ligado naturalmente à
organização do próprio Estado. Na vertente positiva, a autonomia local deve ser
concebida para que as “entidades locais possam atender aos seus assuntos de acordo
com as suas próprias opções e critérios, os quais, sendo assumidos sob a sua própria
responsabilidade, estão livres de controlo alheio”105.
Por seu turno, a garantia institucional da autonomia local pode ser entendida num
tríplice sentido:
102
Marcelo Rebelo de SOUSA (1999), op. cit,. pp. 331 – 332, citado: por: Vasco VALDEZ (2014) – op.
cit,.p. 53
103
Ibidem
104
Cfr. António Francisco de SOUSA, Direito Administrativo das Autarquias Locais. 3ª ed, Lisboa: pp.
92 – 94, citado por: Vasco VALDEZ (2014) – op. cit,.p. 54
105
Cfr. Vasco VALDEZ (2014) – op. cit,.p. 54
34
Na verdade, na concepção do referido autor, “a autonomia local não é um direito
fundamental, mas sim uma garantia institucional. Através desta fórmula pretende-se
proteger as autarquias locais contra o legislador, o qual poderia chegar ao esvaziamento
do seu conteúdo nas múltiplas limitações que fixa a autonomia local”, sendo que, para
assegurar tal garantia institucional, são lhe asseguradas as garantias a que o autor acima
alude106.
106
Cfr. Vasco VALDEZ (2014) – op. cit,.p. 55
107
Cfr. António Francisco de SOUSA, Direito Administrativo das Autarquias Locais. 3ª ed, Lisboa: pp.
92– 94, citado por: Vasco VALDEZ (2014) – op. cit,.p. 55
108
Ibidem, p. 56
109
Ibidem
110
Ibidem, p.57
35
Acrescenta ainda, o autor que a tutela administrativa fica limitada de forma
rigorosa de tal sorte que só se limita “à verificação do cumprimento da lei por
parte do órgão autárquicos”111.
Este conjunto de preceitos da Constituição “dão uma ideia do que deve
entender-se por autonomia local” e que se traduz “numa situação especial das
autarquias locais particularmente em relação ao Estado entendido como titular da
Administração Central”, que se materializa numa “relação de não subordinação
das autarquias locais em relação ao Estado-Administração”, sendo que aquelas
não são prolongamentos desse último112.
111
Cfr. Vasco VALDEZ (2014) – op. cit,.p. 57
112
Ibidem
113
Cfr. João Baptista MACHADO – Participação e descentralização, democratização e neutralidade na
Constituição de 76. Coimbra: pp. 8 – 9; Citado por: Vasco VALDEZ (2014) – op. cit,.p. 58
114
Ibdem, p.8
36
Estado; e (ii) o facto de a tutela se destinar apenas a verificar se os respectivos
órgãos ultrapassaram os limites que lhes são fixados por lei115.
Antes, o que era de interesse nacional competia ao Estado e o que era de interesse
local competia às autarquias locais. Mas hoje, tudo o que é local tem que ser enquadrado
numa política pública definida a nível nacional e por outro lado, inversamente todas as
políticas nacionais têm uma dimensão regional e local diversificada exigindo adaptações,
especialidades, respeito pelas particularidades de cada área e localidade117. Dai, continua
o autor, que muitos autores pretendam agora prescindir da autonomia local e substituir o
conceito ou reconvertê-lo, de modo a assegurar sobretudo o direito de as autarquias locais
participarem na definição das grandes orientações nacionais (leis, políticas públicas
planeamento), assim como na respectiva execução.
115
Cfr. Vasco VALDEZ (2014) – op. cit,.p. 58
116
Cfr. Diogo Freitas do AMARAL, (2012); Curso de Direito Administrativo Vol. I, pág. 490; Citado por:
Lázaro Manuel JAIME, op, cit,. p. 112
117
Ibidem
118
Cfr. Paulo Jorge Lopes FERREIRA. (2012), O impacto dos impostos no orçamento das
Câmaras Municipais : o caso do Município do Tarrafal de Santiago – Universidade do Minho,
Disponível em : http://hdl.handle.net/1822/20630. Acesso em: 27 de Abril de 2020, p. 45
37
Estas últimas (as despesas públicas) são, na acepção de Aliomar Balleeiro,
conjunto de desembolsos do Estado ou de outra pessoa de direito público, para
funcionamento dos serviços públicos. Por outras palavras, constituem a aplicação de certa
quantia, em dinheiro, por parte da autoridade ou agente público competente dentro de
uma autorização legislativa para a execução de um fim a cargo do governo. O fim é
sempre o mesmo (ou deve ser): o interesse público ou interesse colectivo119.
Toda a despesa tem que ter respaldo constitucional, gerando benefícios para o
Poder Publico e para a sociedade. Num quadro legal, elegem-se prioridades da acção
governamental para depois se estudar os meios existentes de obtenção de recursos
financeiros necessários ao atendimento de metas politicamente estabelecidas120.
- Ordinárias – rotina dos serviços públicos e que são renovados anualmente a cada
orçamento.
119
Cfr. Paulo Jorge Lopes FERREIRA. (2012), op. cit.., p. 46
120
Ibidem
38
ou de seguros. (iii) Transferências de Capital: consistem na transferência de bens
numéricos á outras entidades que devem realizar investimentos ou inversões financeiras.
Essas transferências denominam-se auxílios ou contribuições e incluem-se entre as
despesas de capital e aquelas destinadas a amortização da divida publica121.
121
Cfr. Paulo Jorge Lopes FERREIRA. (2012), op. cit ,. p. 47
122
Ibidem
123
Ibidem
124
Ibidem
125
Cfr. Valdano Afonso Cabenda PEDRO (2013), O Imposto, Sua Importância Nas Finanças Públicas
Angolanas, p. 10
126
Cfr. José Casalta NABAIS (2004), O dever fundamental de pagar impostos, contributo para a
compreensão do Estado fiscal contemporâneo, Almedina Coimbra, pág. 682; Citado por: Valdano
Afonso Cabenda PEDRO (2013), Op Cit, p. 10
39
Sob este prisma, haverá receitas que o Estado arrecada, em virtude de obrigações resultantes
de negócios jurídicos, ou seja, de manifestações de vontade de as criar: receitas voluntárias,
e haverá receitas que o Estado arrecada, em virtude de obrigações impostas, pela lei aos
cidadãos, e que resultam da ocorrência de determinados factos (que revelam uma determinada
capacidade contributiva): receitas coactivas127.
Segundo o critério jurídico, a classificação das receitas ou meios de financiamento do
Estado pode apresentar-se do seguinte modo128:
1. Preços negocialmente estabelecidos que o Estado recebe pela venda dos produtos do seu
domínio privado, pela prestação de alguns serviços e pela venda de bens semi-públicos, estas
são receitas que se fundamentam em obrigações voluntárias assumidas pelos cidadãos.
2. Prestações que o Estado cobra sem dar especificamente nada em troca a quem as paga
(impostos) ou que implicam uma contrapartida a quem as paga, que pode retirar determinada
utilidade relacionada com o funcionamento de um serviço ou a utilização de um bem (taxa).
3. Somas pecuniárias que o Estado obtém através do recurso ao crédito (empréstimos).
127
Cfr. Elisa Rangel NUNES (2011), Lições de Finanças Públicas e de Direito Financeiro, 3.ª Edição
revista e actualizada, Luanda, p. 53 - 54
128
Cfr. Valdano Afonso Cabenda PEDRO (2013), Op Cit, p. 10
40
CAPITULO II - A AUTONOMIA FINANCEIRA COMO
GARANTE DO DESENVOLVIMENTO DAS AUTARQUÍAS
LOCAIS EM ALGUNS PAISES DA LUSOFONÍA.
2.1. Em Portugal
Nos termos do art.º 238.º n.º 1 da Constituição portuguesa (CRP), as autarquias
locais têm património e finanças próprias. Numa leitura juridicamente orientada, e tendo
em conta os dados fornecidos pelo legislador ordinário (especificamente a Lei 73/2013,
genericamente considerada e lei das finanças locais - LFL), ter “património e finanças
próprias” significa ser titular de um conjunto vasto de prerrogativas, as quais, na sua
globalidade, podem ser vistas como o núcleo essencial de uma garantia institucional, aí
se incluindo a suscetibilidade de ter património próprio (e as consequentes possibilidades
de administração e alienação, quando for caso disso); de ter orçamento próprio, distinto
do orçamento do Estado; de ter tributos próprios (receitas tributárias por si geridas ou cuja
arrecadação para si reverta); de ter possibilidades de recorrer ao crédito; e de praticar os
seus próprios actos de tesouraria, sem dependência de autorizações administrativas
externas129.
129
Cfr. Joaquim Freitas da ROCHA, Autonomia e sustentabilidade financeira das autarquias locais,. p. 2
130
Cfr. art.º 288.º, alínea n) da CRP, Citado por. Joaquim Freitas da ROCHA, op. cit. p. 2
41
de lei (e.g., os limites de conformação normativa referentes à disciplina jurídica dos
impostos), quer as imposições decorrentes do Direito da União europeia, e
particularmente do Tratado sobre o funcionamento da União europeia (TFUE).
Compreensivelmente, estas coordenadas de contraposição influem decisivamente quando
se perceciona a autonomia local de um modo abrangente e global, não admitindo que a
mesma se reconduza a um mero agregado de poderes, faculdades ou prerrogativas de
natureza política, de uso mais ou menos discricionário ou incontrolado131.
Por outro lado, uma análise racional impõe a constatação de que pode haver um mau
uso da autonomia financeira, não se tornando difícil descortinar situações de uso indevido
de dinheiros públicos por parte de entes locais. Aqui deve ser acentuada, não tanto a
componente da receita pública — embora esta também o possa ser, pois por vezes ela é
sustentada quase exclusivamente em crédito a médio e longo prazo impagável, ou em
alienações de património inalienável ou ainda em taxas aparentes (escondendo
verdadeiros impostos) —, mas principalmente a componente da despesa pública,
colocando em evidência que muito gasto é desnecessário, injustificado e / ou
desadequado, violando flagrantemente um princípio essencial que é o da seletividade do
gasto público. Em consequência, num avultado número de situações, a autonomia
financeira dos entes locais degenera em patologia financeira, quando não em autênticas
situações de ruptura ou verdadeiro estado insolvência (de facto, não de Direito)132.
131
Cfr. Joaquim Freitas da ROCHA, op. cit. p. 3
132
Ibidem
133
Cfr. Floresvindo BARBOSA, (2007), “Análise Financeira dos Municípios em Cabo Verde de 1996 a
2002”.
42
Neste sentido, “os municípios participam nas receitas provenientes dos impostos
directos e indirectos do Estado, nomeadamente, o Imposto Único sobre os Rendimentos
(IUR), o Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA), o Imposto sobre Consumos
Especiais (ICE), o Imposto de Selo e os Direitos Aduaneiros” 134.
Para esse efeito foi criado o Fundo de Financiamento dos Municípios (FFM), que é
anualmente dotado no Orçamento do Estado pela transferência não consignada de 10%
do valor dos impostos directos e indirectos efectivamente cobrados no penúltimo ano
anterior aquela a que o Orçamento se refere, excluindo os impostos eventualmente
cobrados pela administração fiscal do Estado135.
Salienta-se que a percentagem do FFM foi aumentada, pois anteriormente era apenas
de 7% e, segundo as informações do Sr. Ministro da descentralização, esse aumento foi
exactamente para “favorecer a descentralização, promover mais recursos”, uma vez que
o montante anteriormente transferido era insuficiente136.
(…) Temos recursos próprios provenientes da venda de lotes, que é a maior fatia dos
recursos, temos ainda o imposto sobre o património, temos também as taxas concessão
de licenças, os emolumentos municipais, receitas provenientes de emissão de certidões e
temos conseguido alguns financiamento externos directamente com a alemã, durante
134
Cfr. Floresvindo BARBOSA, op. cit.
135
Ibidem.
136
Cfr. Antonieta Lopes ORTET, Desconcentração, descentralização e desenvolvimento local em Cabo
Verde: os casos dos concelhos da Praia e do Tarrafal. Lisboa: ISCTE-IUL, 2008. Dissertação de
mestrado. Extraido em: 22/02/2021, Disponível em www:<http://hdl.handle.net/10071/9156>. p. 81
137
Ibidem
43
algum tempo, temos projectos que também foram financiados directamente do exterior
(Presidente da Câmara Municipal do Tarrafal).
Contudo, o presidente da Câmara Municipal do Tarrafal, por sua vez confirma que
de facto o aumento do FFM veio melhorar financeiramente a referida Câmara, mas,
acrescentou ainda que essa melhoria também se deve ao facto da alienação da parte de
acção que aquela Câmara possuía na companhia de tabacos de Cabo-Verde, o que fez
com que a questão financeira não se traduzisse por enquanto, num problema, com o qual
enfrenta a maioria, ou senão, todos os municípios do país139.
“Neste momento estamos a viver um momento financeiro que nos dá uma certa
tranquilidade (…) que até facilita a tomada decisão. (…) Já há mais de dois três anos
que temos estado a conseguir os recursos necessários para a concretização dos projectos
dos nossos planos de actividades (…) alienamos parte das acções que tínhamos na
sociedade cabo-verdiana de tabacos, (…) esses recursos estão depositados a prazo no
banco, até para dar mais … mais e… autonomia financeira (…) também graças ao
reforço da comparticipação dos municípios no orçamento geral do estado” (Presidente
da Câmara municipal do Tarrafal).
138
Cfr. Antonieta Lopes ORTET, op. cit,. p. 82
139
Ibidem
44
sendo a última com a maior concentração na capital. Neste sentido, a maioria dos
municípios deparam-se com problemas relativos à realização das suas tarefas140.
2.3. Em Moçambique
Em função da legislação autárquica moçambicana, o que foi concedido aos
municípios é mesmo autonomia, o que faculta-lhes elaborar, aprovar e executar os
respectivos planos de actividades e orçamentos dentro dos limites que a lei lhes atribui.
Porém, não são independentes aos órgãos centrais do Estado, visto que, ainda que
elaborado e aprovado localmente, os orçamentos, devem ser ractificados pelo ministério
de tutela, nos termos do artigo 11 da Lei nº 1/2008, de 16 de Janeiro. Os actos
administrativos das autarquias locais estão também sujeitos a verificação da legalidade
nos termos da lei, conforme estabelece o nº 2 do artigo 277 da Constituição da República
de Moçambique (CRM)142.
Não há que se falar em autonomia local plena sem recursos financeiros apropriados.
A autonomia financeira dos municípios é a que advém fundamentalmente de receitas
fiscais próprias que possibilitam uma menor dependência das verbas da Administração
Central. Entretanto, esta dependência não se mostra ser em menor escala, visto que, ela é
quase total na maioria dos municípios do país, exceptuando os de nível A e B, que
conseguem pagar salários de funcionários, remunerações dos Titulares e Membros dos
Órgãos das Autarquias Locais dentro dos limites fixados por lei e ainda financiar seus
140
Cfr. Antonieta Lopes ORTET, op. cit,. p.83
141
Cfr. Floresvindo BARBOSA, op. cit.
142
Cfr. Simão XAVIER, AUTONOMIA FINANCEIRA DAS AUTARQUIAS MOÇAMBICANAS: Uma
Utopia?. Disponivel em: https://www.webartigos.com/artigos/autonomia-financeira-das-autarquias-
mocambicanas-uma-utopia/165388, acesso em: 22/02/2021
45
programas. O termo autonomia fica sufocado quando o grau de dependência é
extremamente excessivo143.
As Autarquias sendo governos em miniatura, então a lei deveria abrir espaço para
que estes representantes legítimos de seus autarcas tivessem a iniciativa ou propusessem
áreas que alargassem a base tributária autárquica e não se limitar nos órgãos permitidos
pelo artigo 183 da CRM, nomeadamente: os deputados, as bancadas parlamentares, às
comissões da Assembleia da República, o Presidente da República e o Governo144.
As receitas não fiscais que são a base de manobra das autarquias locais mostram-se
insustentáveis em certos Municípios, como os de nível C e D. Estas constituem a fonte
principal de receitas para a autonomia financeira das autarquias, ainda que a lei imponha
que:
Na determinação do valor das tarifas e taxas a cobrar, […] devem actuar com
equidade, sendo interdita a fixação de valores que, pela sua dimensão, ultrapassem uma
relação equilibrada entre a contrapartida dos serviços prestados e o montante recebido
(nº 2 do artigo 7 da Lei nº 1/2008, de 16 de Janeiro)
Este facto vem confirmar que as autarquias não possuem uma autonomia plena, mas
sim relativa, na medida em que, os órgãos autárquicos não possuem tanta liberdade (como
da soberania do Estado) por isso devem obediência à Constituição, à Lei e demais
legislação, dentro dos poderes atribuídos e os fins conferidos no quadro legal145.
Assim, as taxas e tarifas a praticar devem ser moderado (socais), facto que, em certas
autarquias, poderá haver sustentabilidade (autonomia plena) e noutras dependências total
aos fundos advindos dos cofres do Estado. E, infelizmente as pequenas autarquias, as de
vila, poderão não ser uma alternativa contígua a sustentabilidade local, em algumas
circunscrições municipais, capaz de se desapegar num futuro próximo dos fundos do
Estado146.
Para que a autonomia financeira seja real, é necessário que na autarquia hajam
condições económicas, infra-estruturais e humanas suficientes para que ela tenha a devida
143
Cfr. João BILHIM, A Governação Nas Autarquias Locais. Principia, Publicações Universitárias e
Científicas. Porto: p.12
144
Cfr. Simão XAVIER, op cit.p. 8
145
Ibidem. p. 9
146
Ibidem
46
autonomia. Caso contrário, a autonomia atribuída não será efectiva, se a base legal que
prevê tal autonomia municipal ser incapaz de produzir efeitos que levem à concretização
do fim da própria norma (autonomia como independência nas esferas política,
administrativa e financeira)147.
147
Cfr. Mónica Ellen Pinto Bezerra ANTINARELLI (2012), Federalismo, Autonomia Municipal e a
Constitucionalização Simbólica: uma análise da dependência financeira dos pequenos municípios
mineiros. Belo Horizonte, citado por: Simão XAVIER, op cit.p. 10
148
Cfr. Simão XAVIER, op cit.p. 16
47
CAPITULO III - A AUTONOMIA DO SISTEMA
FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO DO MUNICIPIO DO
TÔMBWA (NAMIBE).
3.1. Tômbwa: Caracterização Fisico – Geográfica
O Tômbwa, é um dos 5 Municípios da Província do Namibe, situa-se entre o Mar
e o Deserto com uma superfície de 18.019 km², limita-se a Norte pelo Município de
Moçâmedes, a Sul pela República da Namíbia, a Nordeste pelo município do Virei, a
Sudeste pela Província do Cunene e a Oeste pelo Oceano Atlântico, as suas coordenadas
extremas são: 15ᵒ 37´- latitude Sul Norte, 17ᵒ 10´- latitude Sul, 12ᵒ 30´ - longitude Este e
11ᵒ 46´- longitude Oeste149.
149
Informação fornecida por Marcolino SATCHAWAYALA, Tômbwa, Entrevista outubro, 2020,
Entrevistador, Etelvino L. F. Teófilo, Questionário Eletrónico (4 perguntas).
Entrevista concedida para a pesquisa sobre A autonomia financeira e o sistema tributário como fonte de
financiamento do orçamento autárquico.
150
Informação fornecida por: Marcolino SATCHAWAYALA, Director Municipal do Gabinete de
Estudos, Planeamento e Estatísticas – GEPE - Tômbwa, Entrevista outubro, 2020 , Entrevistador,
Etelvino L. F. Teófilo, Questionário Eletrónico (4 perguntas).
Entrevista concedida para a pesquisa sobre A autonomia financeira e o sistema tributário como fonte de
financiamento do orçamento autárquico.
151
Ibidem
48
O rio Curoca é de curso intermitente, tem como principal afluente o Otchifengo,
que faz parte da vertente Atlântica. O rio Cunene de caudal permanente, ocupa toda a
extensão da fronteira sul do Município com uma capacidade hídrica considerável152.
1. Órgão de Direcção:
a) Administrador Municipal;
b) Administração Municipal
c) Administradores Municipais-Adjuntos.
2. Órgãos de Apoio Consultivo:
a) Conselho Municipal de Auscultação da Comunidade;
b) Conselho Municipal de Concertação Social;
c) Conselho Municipal de Vigilância comunitária;
3. Serviços de Apoio Técnico:
a) Secretaria Geral;
b) Gabinete de Estudos, Planeamento e Estatística;
c) Gabinete Jurídico, Intercâmbio e Apoio ás Comissões de Moradores;
d) Gabinete de Recursos Humanos;
e) Gabinete de Comunicação social.
152
Ibidem
153
Ibidem
154
Informação Fornecida por: Joaquim Baza AUGUSTO, Administrador Municipal. Adjunto. p/ Área
Económica e Financeira do Tômbwa, Entrevista março, 2021, Entrevistador, Etelvino L. F. Teófilo,
Questionário Eletrónico (9 questões).
Entrevista concedida para a pesquisa sobre A autonomia financeira e o sistema tributário como fonte de
financiamento do orçamento autárquico.
49
4. Serviços de Apoio Instrumental:
a) Gabinete do Administrador Municipal e dos Administradores Municipais-
Adjuntos;
b) Comissão Municipal de Protecção Civil;
5. Serviços Executivos Desconcentrados:
a) Direcção Municipal da Educação;
b) Direcção Municipal da Saúde;
c) Direcção Municipal de Promoção do Desenvolvimento Económico Integrado;
d) Direcção Municipal do Ambiente e Saneamento Básico;
e) Direcção Municipal de Acção Social, Antigos combatentes e Veteranos da Pátria;
f) Direcção Municipal dos transportes, Tráfego e Mobilidade;
g) Direcção Municipal do Turismo, Cultura, Tempos Livres, Juventude e Desportos;
h) Direcção Municipal de Energia e Águas;
i) Direcção Municipal de Infra-Estruturas, Ordenamento do Território e Habitação;
j) Direcção Municipal de Agricultura, Pecuária e Pescas;
k) Direcção Municipal dos Registos e Modernização Administrativa;
l) Direcção Municipal de Fiscalização.
Não se deve, porém, ignorar que os recursos financeiros são uma condicionante
importante de escolhas politicas. A atenção que os autarcas devem prestar ás finanças
locais é provavelmente maior hoje do que no passado. Com efeito, e do lado da despesa,
as autoridades municipais veem-se confrontando com responsabilidades crescentes, seja
por força do aproveitamento dos valiosos investimentos em infraestruturas efetuadas das
competências adicionais da administração central ou de maiores exigências de qualidade
por parte dos cidadãos locais156.
155
Cfr. José Graça Lopes SILVESTRE, op cit,. p. 44
156
Ibidem
50
Ao mesmo tempo, do lado da receita, há cada vez mais desafios. As regras de
equilíbrio orçamental existente, dependentes da classificação das rubricas em correntes e
de capital, e fixada há muitos anos atrás, estão a atrofiar a gestão corrente. A persistente
fraca diversidade de instrumentos financeiros próprios, vulnerabiliza os municípios, ao
expô-los em demasia a saúde económica de um numero reduzido de sectores de
actividade. A concentração da população e actividades económicas no litoral limita
consideravelmente o acesso a recursos próprios e a capacidade de actuação dos
municípios pequenos do interior. Há potencialidades nas tarifas e taxas que devem ser
exploradas157.
157
Ibidem. p. 45
158
Cfr. José Graça Lopes SILVESTRE, op cit,. p. 45
159
Ibidem
160
Ibidem
161
Ibidem
51
A produção de bens públicos justifica o financiamento através de uma subvenção
ou impostos, enquanto que a prestação de bens privados, equiparáveis, ou que entram em
concorrência com os fornecidos pelas empresas, deve ser financiado na base dos
preços162.
Numa sociedade caracterizada cada vez mais pela mobilidade individual dos seus
membros é difícil estabelecer os contornos acima descritos, mas não custará admitir que
do primeiro grupo fizessem parte, por exemplo, a iluminação publica e os espaços verdes,
do segundo grupo a rede viária, no que se refere á diversidade geográfica de utentes e o
ensino no que importa ás economias externas de fricção social164.
162
Ibidem
163
Ibidem, p. 46
164
Cfr. José Graça Lopes SILVESTRE, op cit,. p. 46
165
Ibidem
166
Ibidem
167
Ibidem
52
municípios situados em regiões onde é maior a prosperidade são fortemente beneficiados
relativamente aos de menores níveis de rendimento168.
Os impostos sobre a propriedade têm grande tradição, quer os que incidem sobre
prédios urbanos, quer os que incidem sobre terras agrícolas ou terrenos destinados á
construção. Porém a sua elasticidade é geralmente fraca porque as reavaliações de
propriedade não são automatizadas nem se fazem de modo periódico e , quando se fazem,
são raros, se tem de mitigar a sua aplicação, ou mesmo suspendê-la169.
168
Ibidem
169
Ibidem
170
Cfr. José Graça Lopes SILVESTRE, op cit,. p. 46
171
Ibidem, p. 47
172
Ibidem
173
Ibidem
53
que não prejudiquem a coesão nacional, a unidade do Estado e as regras da
concorrência174.
A equidade vertical que diz respeito á capacidade contributiva dos cidadãos, deve
complementar-se com qualidade horizontal, ou seja, a que se exerce sobre o território,
principio que deve colocar todo o contribuinte em igualdade de circunstâncias, qualquer
que seja o município. Porque deve haver um compromisso entre princípios antagónicos,
os poderes de autonomia autárquica, em matéria fiscal, devem ser mitigados e sempre
fundados no exercício da democracia local devendo caber diretamente aos cidadãos uma
grande responsabilidade nesta matéria175.
-Crescimento sustentado;
174
Ibidem
175
Ibidem
176
Cfr. José Graça Lopes SILVESTRE, op cit,. p. 47
54
salientar que os valores arrecadados ainda são exíguos face as necessidades dos órgãos
da Administração Local do Estado177.
A centralização substancial da execução do OGE contribui para que a execução
financeira de cada exercício económico não exceda a 60% do tecto orçamental; por outro
lado, a exiguidade de receitas locais arrecadadas no Portal do Munícipe é insuficientes
para satisfazer as necessidades e investimentos prioritários do Município178.
A fraca capacidade actual de arrecadação de receitas locais poderá condicionar o
crescimento da autarquia e torná-la dependente das verbas do OGE. As arrecadações
locais actualmente nem cobrem os custos com pessoal dos órgãos, portanto a solução de
alguns problemas só serão resolvidas ou minimizadas com os fundos do OGE179.
Presumindo que o Órgão Titular do Poder Executivo determine que as autarquias
locais sejam implementadas daqui há mais 1 ano, podemos afirmar que o Município do
Tômbwa ainda assim até lá não estará em condições de suportar as autarquias, pois,
existem algumas situações de carácter interno que tem de ser totalmente sanadas, como é
o caso da prestação de contas à a Administração por parte da AGT e as taxas e outras
arrecadações de competência das Administrações Municipais são ínfimas, por exemplo
no ano de 2020 a arrecadação anual fixou-se abaixo de 12.000.000,00 KZ (Doze Milhões
de Kwanzas), resultantes dos pagamentos de emolumentos, licenças e multas através dos
serviços da Secretaria da Administração municipal, Direcção da Saúde, Fiscalização, dos
Serviços Económicos, dos Tempos Livres, Serviços Técnicos, Transportes e da
Agricultura, este valor está muito distante de pelo menos fazer funcionar os órgãos da
Administração Local do Estado, não mencionamos os impostos porque a fonte da nossa
pesquisa centrou-se somente na Administração municipal porque a Repartição Fiscal do
Tômbwa negou-nos fornecer informações acerca do nosso tema, o mesmo acontece com
dados sobre as pescas, o imposto é pago além da AGT nos serviços da Capitania do
177
Informação fornecida por: Joaquim Baza AUGUSTO, Administrador Municipal. Adjunto. p/ Área
Económica e Financeira do Tômbwa, Entrevista março, 2021, Entrevistador, Etelvino L. F. Teófilo,
Questionário Eletrónico (9 questões).
Entrevista concedida para a pesquisa sobre A autonomia financeira e o sistema tributário como fonte de
financiamento do orçamento autárquico.
178
Ibidem
179
Informação fornecida por: Joaquim Baza AUGUSTO, Administrador Municipal. Adjunto. p/ Área
Económica e Financeira do Tômbwa, Entrevista março, 2021, Entrevistador, Etelvino L. F. Teófilo,
Questionário Eletrónico (9 questões).
Entrevista concedida para a pesquisa sobre A autonomia financeira e o sistema tributário como fonte de
financiamento do orçamento autárquico.
55
Município de Moçâmedes, ou seja, praticantes da pesca artesanal do município do
Tômbwa, pagam os seus impostos na Capitania do município de Moçâmedes180.
180
Ibidem
181
Cfr. A. B. H. FERREIRA. (1986), Novo dicionário da língua portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro.
Nova Fronteira. p. 1712.
182
Cfr. Jónatas E.M. MACHADO, (2017), Direito Fiscal Angolano, 2ª edição, Petrony, Fevereiro. p. 13.
56
receitas, transforma essas receitas em despesas e essa actividade dá origem a um
complexo de relações entre os particulares e os agentes do Estado (normas internas)183.
De acordo com CAUXEIRO, tributos são “prestações patrimoniais, pecuniárias
ou susceptiveis de avaliação pecuniária, sem caracter de sanção, impostas pelo Estado ou
outras entidades de direito público ou concessionárias de serviços públicos, com vista à
satisfação das necessidades colectivas e à prossecução do interesse público”184.
A Lei Quadro do Orçamento Geral do Estado no seu art. 8.º, n.º 2, emprega o
conceito tributo, com o sentido de tratar-se de uma receita derivada, que compreende no
seu seio, os imposto, as taxas e as contribuições185.
Na mesma senda, sustenta a autora supracitada que, são tributos todas as receitas
públicas que comportem as seguintes características: a) receitas coactivas ou obrigatórias,
ou seja, resultam de uma imposição obrigatória do Estado às entidades sujeitas à sua
autoridade, e não de um contrato ou outro comportamento livre destas entidades; b) têm
como finalidade o financiamento de encargos públicos, pela participação dos cidadãos e
outras entidades ou instituições sujeitas ao poder do Estado, na criação de receitas, e não
na punição da prática de actos considerados ilícitos.
Para J.L. Saldanha Sanches e João Taborda da Gama, tributos são, em termos
latos, as receitas cobradas pelo Estado ou por outros entes públicos para a satisfação de
necessidades públicas, sem função sancionatória186.
Para estes autores, é comum agruparem-se os tributos em três figuras distintas: os
impostos, as taxas e as contribuições especiais. Para os referidos autores, para além da
figura central do imposto, o legislador angolano utiliza o conceito “tributo” como
categoria mais geral para as receitas coactivas do Estado que não tenham fins
sancionatórios, referindo as taxas (art. 165.º 1, alínea o), e art. 88.º da CRA de 2010 e as
contribuições especiais (art. 165.º 1, alínea o). Esta tripartição pode ser considerada como
questão pacífica.
Porém, dito isto, é momento reservado para desenvolver cada um dos tipos de tributos
acima considerados, começando pelo conceito de imposto
Imposto
183
Cfr. , Elisa Nunes RANGEL. (2015), Lições de Finanças Públicas e de Direito Financeiro, 6 edição,
Luanda, Abril, p. 71
184
Cfr. Isménia Júnior CAUXEIRO, (2016), Imposto – Tudo o que precisa saber, Plural Editores,
Junho, Luanda, p. 15 e Ver também art. 2.º, n.º 1, al. x) do Código Geral Tributário.
185
Cfr. , Elisa Nunes RANGEL, (2015), op. cit., p. 258
186
Cfr. J.L. Saldanha SANCHES e João Taborda da GAMA, (2010) Manual de Direito Fiscal angolano,
Coimbra Editora, Julho. p. 15.
57
Segundo a formulação de PEREIRA, a noção moderna de imposto tem como
ponto de partida a conhecida definição de Jeze. “o imposto é uma prestação pecuniária,
exigida aos particulares por via de autoridade, a título definitivo e sem qualquer
contrapartida, com vista à cobertura dos encargos públicos. A ela foram introduzidos
posteriormente alguns ajustamentos, designadamente para sublinhar a diversificação das
finalidades do imposto: este deixou de ter como único objectivo a obtenção de receitas
para ser progressivamente visualizado como instrumento de política económica e
social187.
Para CAUXEIRO, “imposto deve entender-se como uma prestação definitiva e
unilateral, estabelecida por lei a favor de uma pessoa colectiva de direito público, para a
realização de fins públicos, e que não constitui sanção de um acto ilícito”188.
Taxas
As taxas são tributos que pressupõem uma contraprestação específica, pecuniária,
ou avaliável em dinheiro, que se pode traduzir (i) na prestação individualizada, concreta
e efectiva de um serviço público, (ii) na utilização de um bem de domínio público ou (iii)
na remoção de um limite ou obstáculo jurídico ao exercício de uma actividade. Assim,
enquanto os impostos são estruturalmente unilaterais, as taxas caracterizam-se pela
bilateralidade, revestindo uma natureza sinalagmática. A taxa, de acordo com a sua
definição, é uma relação obrigacional sinalagmática, pois a prestação do contribuinte é
contraprestação da entidade pública189.
Contribuições Especiais
A contribuição especial é um tributo que nem na doutrina nem na legislação
portuguesa tem sido muito trabalhado, pelo que a sua autonomização assenta
fundamentalmente em critérios financeiros190.
Os fundamentos da contribuição especial assentam nos seguintes pressupostos: a)
ou num benefício individualizado reflexamente resultante da actuação de um sujeito
público (contribuição de melhoria, através da qual se cobram mais-valias resultantes de
certa obra – os denominados encargos de mais valia), b) ou na necessidade de compensar
o sujeito público pelo uso anormal de bens ou serviços públicos por parte de certos
particulares, os quais oneram, pelas maiores despesas públicas, mais gravemente as
187
Cfr, Manuel Henrriques de Freitas PEREIRA, (2017), Fiscalidade, Almedina, SA, Março. p.15
188
Cfr. Isménia Junior CAUXEIRO, (2016), op. cit., p. 16
189
Cfr. Jónatas E.M. MACHADO, (2017), op. cit., pp. 21,22
190
Cfr. , Elisa Nunes RANGEL, (2015), op. cit., p. 279
58
finanças do Estado ou deterioram os bens públicos (a circulação de veículos pesados dá
origem – em algumas ordens jurídicas- ao pagamento do imposto de camionagem). A
satisfação individual é ocasional e indirecta, não resulta directamente dos fins da
actividade estadual que lhe dá origem, nem por outro lado, resulta dela, qualquer
contraprestação específica, dai que a contribuição especial não se confunda com a taxa191.
Esta nova Lei traz consigo a classificação dos tributos, diz que eles podem ser,
consoante a titularidade do respectivo direito de crédito, estaduais ou locais192.
191
Ibidem, p. 280
192
Cfr. ANGOLA, Lei n.º 21/14 de 22 de Outubro, Código Geral Tributário, Angola: Diário da
República, I SÉRIE – N.º 192 – DE 22 DE OUTUBRO DE 2014, Disponível em :
<http://www.governo.gov.ao/VerLegislacao.aspx?id=528>. Acesso em: 23 de Outubro de 2020.
193
Cfr. art 3º nºs 2 e 3, Código Geral Tributário (ANGOLA, 2014)
194
Ibidem, art 3º nº 4
59
São impostos os tributos com natureza unilateral, em virtude da sua obrigação não
constituir a contrapartida de qualquer prestação individualizada do Estado e demais ente
públicos195.
195
Ibidem, art 3º nº 5
196
Ibidem, art 3º nº 7
197
Ibidem, art 3º nº 6
198
Ibidem, art 4º nº1
199
Cfr. art 4º nº2, Código Geral Tributário (ANGOLA, 2014)
60
Para o principio da legalidade fiscal, a obrigação de imposto depende da
capacidade económica dos contribuintes, revelada pelo rendimento ou o património e sua
utilização200.
200
Ibidem, art 4º nº3
201
Ibidem, art 4º nº4
202
Ibidem, art 4º nº5
203
Ibidem, art 10º nº1
204
Ibidem art 10º nº2
61
No Sector de Comércio as redes comerciais cresceram de 340 em 2019 para 350
em 2020.
62
CONCLUSÃO
63
Quanto a questão da implementação das autarquias, pressupõe entre outros
aspectos a elaboração de uma lei de base do sistema de organização e funcionamento do
poder local e da participação dos cidadãos e das autoridades tradicionais no seu exercício
e lei eleitoral autárquica. A administração local pública centralizada que se assiste em
Angola tem apresentado problemas de várias ordens que se vão tornando cada vez mais
difíceis de se ultrapassar, oprimindo o país de um desenvolvimento sustentado.
64
RECOMENDAÇÕES
65
BIBLIOGRAFIA
FONTES LEGISLATIVAS
Constituição da República de Angola, 1ª Edição, Luanda, 2010.
FONTES BIBLIOGRÁFICAS
AMARAL, Diogo Freitas do – Curso de Direito Administrativo, Vol I, Coimbra, 1994.
66
CISTAC, Gilles, Moçambique: Institucionalização, organização e problemas do poder
local, 2012
Carvalho, J. Fernandes, M. & Teixeira, A. (2002). POCAL Comentado. Editora Rei dos
Livros. Lisboa.
NABAIS, José Casalta- A autonomia financeira das autarquias locais, Coimbra (2007).
NUNES, Elisa Rangel, Elementos de Direito Comparado Para o Estudo das Finanças
Municipais em Angola, Tese de Mestrado, Policopiada.
67
RUAS, Henrique Bassilaro (1984)- ”Poder Local ”In Reis, António (coord). Portugar-
20 anos de democracia, circulo de eleitores.
SOUSA, Marcelo Rebelo de, Lições de Direito Administrativo, Lisboa: Lex, 1999
FONTES DA INTERNET
Deutsche Welle (DW) : Primeiras Eleições Autarquicas Em Angola Possivelmente Em
2021. 16/11/2016. Dispponivel em : www.dw.com/pt-002. Acesso em 17 de Dezembro
de 2019
68
ANEXOS
ANEXO - I
AO
EXMO SENHOR
ADMINISTRADOR MUNICIPAL
ADJUNTO PARA ÁREA ECONÓMICA
E FINANCEIRA
– TÔMBWA –
Em todas as respostas que lhe solicitamos, deve ter sempre aquilo que tem sido o
percurso como Administrador, logo a sua opinião pessoal deve ser sincera, pois, é de
extrema importância, dado que neste tipo de questionário não existem respostas certas
nem erradas, e todas respostas são estritamente confidenciais.
69
1. Como é composto o Sistema de Financiamento do Município do Tômbwa?
2. Qual é o principal constrangimento desse Sistema de Financiamento?
3. Face ao actual Sistema de Financiamento do Município, como poderá ser
eventualmente esse Sistema nas Autarquias?
4. Uma vez implementada as Autarquias, estará o Município capacitado para
suportar estas mesmas Autarquias, somente com os Impostos ou Receitas
Próprias sem ser possível recorrer aos endividamentos? Se Sim. Nos
esclareça. Se Não. Ibdem.
5. Como é constituído, o Sistema Tributário do Município do Tômbwa
actualmente e como pensam constitui-lo, após a implementação das
Autarquias?
6. Fala-me da Situação Económica do Município, com dados actuais e
provisórios?
7. Como é constituído o Poder Local ou A Gestão Municipal?
8. Como avaliam a influência ou o contributo da Sociedade Civil no
crescimento do Município.
9. Quais são os Recursos que estarão á disposição das Autarquias?
Em caso de dúvidas ou alguma questão que tenha e que pretende ser esclarecida pode
sempre contactar-me pelas seguintes vias :
Telef: +244931076555
Email: etelvinosonoro13@gmail.com
Linkedin: Etelvino Teófilo
70
Anexo – II
AO
EXMO SENHOR
DIRECTOR MUNICIPAL DO
GABINETE DE ESTUDOS
PLANEAMENTO E ESTATÍSTICAS
– TÔMBWA –
ASSUNTO: Pedido de colaboração da tese de Licenciatura em Direito, sobre o tema “A
autonomia financeira e o sistema tributário como fonte de financiamento do orçamento
autárquico - Estudo de caso: Município do Tômbwa (Namibe)”.
71
72