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ESCOLA DE MINAS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL
!
AGRADECIMENTOS
v
ABSTRACT
In the process of phosphate rock concentration three main types of tailings are
generated: the flotation tailings, the magnetic tailings and the slimes. In general, the
flotation tailings are cycloned and used as construction material for the dams, while the
slimes are deposited in the reservoirs. During the tailings separation, the coarse-grained
portion, called "underflow", is deposited in the downstream and in the raisin so as to
constitute the embankment of the dam while the fine-grained portion, called "overflow"
is spreaded upstream, conforming the tailings beach. Such conception of tailings dam
were originally analyzed and designed as typically homogeneous structures,
disrespecting the different composition and geotechnical behavior of this material. In
many cases, such conception resulted in over conservative projects. In other cases,
however, this analyses may underestimated important issues, as the permeability and
strength of these materials.
In this way, this work presents recent experimental methods, including field and
laboratory tests, in order to determine accurate geotechnical characteristics of the
phosphate tailings of a specific mining company. It will be analyzed the variables that
exert influence on the hydraulic deposition process of tailings, and also their drainage
and shear strength properties along the tailings dam beach. Additionally, through the
drainage parameters obtained of the tailings characterization, a flow model will be
calibrated for the dam, which, in turn, will be checked through the instrumentation data.
Having the appropriate flow model and strength parameters from the technological
characterization, stability analyses will be performed for critical sections on the
downstream slope of the dam, simulating normal and specific operation conditions
(changing the characteristics of the tailings deposited at the beach).
Therefore, a more detailed study of the technological characteristics of the tailings
allows a more accurate evaluation of the flow conditions and stability for dams built
using tailings. This fact contributes to find better engineering solutions for all the
projects of tailings disposal systems. Besides, the analyses of the specific conditions of
the studied dam will allow a better risk assessment and consequently the contingency
plans to be adopted will be more and more effective.
vi
Índice
RESUMO...............................................................................................................................v
ABSTRACT..........................................................................................................................vi
LISTA DE FIGURAS..........................................................................................................xii
LISTA DE TABELAS.....................................................................................................xixix
CAPÍTULO 1 ....................................................................................................................... 1
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................1
CAPÍTULO 2 ....................................................................................................................... 8
vii
2.4.2 DENSIDADE...................................................................................................22
2.4.5 DRENABILIDADE.........................................................................................26
CAPÍTULO 3 ..................................................................................................................... 46
3.3.6 Instrumentação................................................................................................69
CAPÍTULO 4 ..................................................................................................................... 73
viii
4.1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................73
CAPÍTULO 5 ..................................................................................................................... 98
ix
6.2 FUNDAMENTOS E PARÂMETROS DAS ANÁLISES.....................................139
CONCLUSÕES .................................................................................................................191
x
8.2.2 Em relação à estabilidade global da barragem...............................................195
xi
LISTA DE FIGURAS
xii
Figura 2.19 – Condições físicas do meio. Exemplo da Barragem B6. (Modificado -
Dupas, 1993)
Figura 3.1 – Arranjo geral das barragens da Bunge Fertilizantes S/A (Nieble et al, 1980)
Figura 3.2 – Barragem de rejeitos B5, vista de montante. (Bunge Fertilizantes S/A)
Figura 3.3 – Layout ilustrativo do sistema de disposição de rejeitos da Bunge
Fertilizantes S/A.
Figura 3.4 – Razões médias entre o produto final e rejeito gerado (Abrão, 1987 apud.
Pereira, 2005)
Figura 3.5 – Processo de separação magnética (a) e disposição final de magnetita (b).
(Schnellrath et al, 2002)
Figura 3.6 – Reservatório de lamas (a) e hidrociclone em usina, com detalhe para a
granulometria fina do rejeito (b).
Figura 3.7 – Etapa de flotação (a) e rejeito de flotação como material de construção da
barragem (b); no detalhe, lançamento do underflow e formação do aterro. (Schnellrath
et al, 2002)
Figura 3.8 – Seção geológico-geotécnica referente ao eixo da barragem de rejeitos B5.
Figura 3.9 – Seção transversal típica do dique de partida. Figura sem escala.
Figura 3.10 – Seção transversal típica das barragens B1 e B4 (Busch & Castro, 1986).
(com detalhe do talude já revegetado).
Figura 3.11 – Seqüência Construtiva e volumes necessários. (Paulo Abib Engenharia
S.A, 1980)
Figura 3.12 – Material acumulado para execução de novo alteamento e detalhe do
sistema de drenagem das ombreiras.
Figura 3.13 – Seção transversal ilustrando o sistema de drenagem interna da barragem
B5. (Paulo Abib Engenharia S.A, 1980)
Figura 3.14 – Seção transversal passando pelo tapete drenante. (Paulo Abib Engenharia
S.A, 1980)
Figura 3.15 – Locação dos tapetes laterais. Seção típica para as ombreiras entre as cotas
905 e 915 (a) e idem acima da cota 920 (b). (Paulo Abib Engenharia S.A, 1980)
Figura 3.16 – Seção transversal do dreno de pé. (Paulo Abib Engenharia S.A, 1980)
Figura 3.17 – Sistema extravasor da barragem B5.
Figura 3.18 – Esquema de funcionamento do sistema extravasor da B5
Figura 3.19 – Layout interno da barragem B5. Detalhe do sistema de drenagem.
(Modificado, Paulo Abib Engenharia S.A, 1980)
Figura 3.20 – Layout da disposição da instrumentação na barragem B5.
Figura 3.21 – Conjunto de instrumentos dispostos ao longo da praia/aterro da barragem
(a) e detalhe típico de um dos instrumentos instalados (b).
xiii
Figura 4.1 – Planta parcial e identificação das seções geotécnicas escolhidas da
barragem B5.
Figura 4.2 – Perfil típico para a Seção S1 (a) . Detalhe da localização dos pontos de
amostragem (b).
Figura 4.3 – Execução de sondagem SPT ao longo de berma da barragem de rejeitos
Figura 4.4 – Gráfico indicativo da variação da Densidade Relativa e do Ângulo de
Atrito Efetivo com a profundidade para o instrumento INA 303.
Figura 4.5 – Perfis de Compacidade Relativa para o aterro (Seções 1 e 2).
Figura 4.6 – Fases do processo de compactação da barragem B5
Figura 4.7 – Esquema do permeâmetro de Guelph (Modificado – Soto, 1999).
Figura 4.8 – Ábaco do fator de forma C (Soilmoisture Equipment Corp., 1986).
Figura 4.9 – Ensaios de campo com o permeâmetro de Guelph
Figura 4.10 – Variações do coeficiente de permeabilidade com a distância do ponto de
lançamento.
Figura 4.11 – Determinação de densidades in situ com o cilindro biselado.
Figura 5.1 – Granulômetro a Laser e acessórios.
Figura 5.2 – Curvas granulométricas para os rejeitos depositados na praia para a seção
S1.
Figura 5.3 – Curvas granulométricas para os rejeitos depositados na praia para a seção
S2.
Figura 5.4 – Curvas granulométricas para os rejeitos depositados no aterro.
Figura 5.5 – Permeâmetro a carga constante utilizado nos ensaios
Figura 5.6 – Curva velocidade de percolação versus gradiente hidráulico para a amostra
S1-F4 (densidade relativa de 20%).
Figura 5.7 – Relação Peso específico seco x Coeficiente de Permeabilidade (Amostra
S2-A1).
Figura 5.8 – Relação Peso específico seco x Coeficiente de Permeabilidade (Amostra
S2-A2).
Figura 5.9 – Relação Peso específico seco x Coeficiente de Permeabilidade (Amostra
S1-U-A1).
Figura 5.10 – Relação Peso específico seco x Coeficiente de Permeabilidade (Amostra
S2-U-A2).
Figura 5.11 – Moldagem das amostras em estado fofo para o ensaio de cisalhamento
direto.
Figura 5.12 – Moldagem e acessórios utilizados na preparação de amostras compactas.
Figura 5.13 – Curva tensão cisalhante x deslocamento horizontal (Amostra S1-F6 ; Dr =
15%)
xiv
Figura 5.14 – Curva deslocamento vertical x deslocamento horizontal (Amostra S1-F6 ;
Dr = 15%)
Figura 5.15– Envoltórias de ruptura dos ensaios de cisalhamento direto (Amostra S1-
F6; Dr = 15%)
Figura 5.16 – Preparação e moldagem dos corpos de provas. (Pereira, 2005)
Figura 5.17 – Equipamento triaxial do Laboratório de Geotecnia/UFOP.
Figura 5.18 – Curvas tensão desviadora versus deformação e poropressão versus
deformação (Amostra S1-U-A1 ; Dr = 15%)
Figura 5.19 – Envoltórias em termos de tensões totais e efetivas (Amostra S1-U-A1; Dr
= 15%)
Figura 5.20 – Trajetórias de tensões efetivas dos ensaios para a amostra S1-U-A1 (Dr =
15%)
Figura 5.21 – Separação granulométrica da amostra S1-U-A1 (frações retidas na # 60 e
na # 325)
Figura 5.22 – Equipamento MEV (Laboratório de Microscopia e Micro-Análise da
UFOP)
Figura 5.23 – Imagens do MEV (Amostra S1-A1)
(angulosidade dos grãos e a presença de minerais micáceos).
Figura 5.24 – Imagem do MEV (Amostra S2-F1), com a indicação dos pontos
analisados.
Figura 5.25 – Imagens do MEV (Amostras S2-F5 e S1-F1), com a indicação dos pontos
analisados.
Figura 5.26 – Imagem MEV de minerais de apatita presentes nas amostras S2-A1 e S1-
F3.
Figura 5.27 – Imagem MEV de mineral micáceo presente na amostra S1-F3.
Figura 5.28 – Imagem MEV de mineral ferroso presente na amostra S1-F3.
Figura 5.29 – Imagem MEV de mineral presente na amostra S1-A1.
Figura 5.30 – Espectro do quartzo (Figura 5.29) da amostra S1-A1 dos rejeitos.
Figura 6.1 – Seções geotécnicas de referência para a Barragem B5
Figura 6.2 – Layout do sistema de drenagem interna da barragem B5 com as seções de
estudo.
Figura 6.3 – Seção geotécnica D.
Figura 6.4 – Seção geotécnica B.
Figura 6.5 – Seção geotécnica central.
Figura 6.6 – Função de condutividade hidráulica em m/s adotada para os rejeitos.
xv
Figura 6.7 – Discretização da Seção Central da Barragem B5 e Análise do Fluxo para a
condição operacional da barragem, após Calibração do Modelo (permeabilidades da
seção 2 e razão de anisotropia igual a 8).
Figura 6.8 – Análise do Fluxo para a condição operacional da barragem sem efeitos de
segregação hidráulica (permeabilidades da seção 1 e razão de anisotropia igual a 8).
Figura 6.9 – Colmatação parcial do tapete drenante da seção central. Permeabilidade do
tapete reduzida em 10 vezes.
Figura 6.10 – Colmatação parcial do tapete drenante da seção central. Permeabilidade
do tapete reduzida em 100 vezes.
Figura 6.11 – Colmatação do tapete drenante da seção central (100 vezes menor)
associado com a colmatação do dreno de pé (10.000 vezes menor).
Figura 6.12 – Modelos de fluxo resultantes da variação da cota N.A. do reservatório ao
longo da praia de rejeitos da barragem B5.
Figura 6.13 – Barragem B5 com alteamentos até a cota final de projeto (cota 950).
Figura 6.14 – Barragem B5 com alteamentos até a cota final 965.
Figura 6.15 – Análise de percolação para a Barragem B5 na cota 950 (Final de projeto;
N.A. operacional na cota 948).
Figura 6.16 – Análise de percolação para a Barragem B5 na cota 950 (Final de projeto;
N.A. crítico na cota 949,62).
Figura 6.17 – Análise de percolação para a Barragem B5 na cota 965 (Hipótese de
alteamento final; N.A. operacional na cota 963).
Figura 6.18 – Análise de percolação para a Barragem B5 na cota 965 (Hipótese de
alteamento final; N.A. crítico na cota 964,24).
Figura 6.19 – Modelos de fluxo na Barragem B5 com e sem processo de ciclonagem.
Figura 6.20 – Modelos de fluxo na Barragem B5 sem processo de ciclonagem da
geometria atual até a cota final de projeto (950).
Figura 6.21 – Colmatação do tapete drenante e elevação do N.A. do reservatório para a
cota 942,92.
Figura 6.22 – Colmatação total do sistema de drenagem interna associada à elevação do
N.A. do reservatório para a cota 942,92.
Figura 6.23 – Colmatação do tapete drenante associada à elevação da barragem para a
cota 965 e N.A. operacional
Figura 6.24 – Análises de percolação para a seção B (considerando um fluxo prescrito
no dreno igual a 2,0 x 10-5 m3/s)
Figura 6.25 – Análises de percolação para a seção B (sem atuação do septo drenante).
Figura 6.26 – Análises de percolação para a seção D (considerando um fluxo prescrito
no dreno igual a 1,65 x 10-5 m3/s).
xvi
Figura 7.1 – Análise de estabilidade para a seção central. (Fator de segurança
operacional igual a 1,80 para ruptura global).
Figura 7.2 – Análise de estabilidade para a seção central. (Fator de segurança
operacional igual a 1,80 para ruptura localizada).
Figura 7.3 – Análise de estabilidade para a seção central (não segregação de
permeabilidades).
Figura 7.4 – Análise de estabilidade para a seção B. (Fator de segurança operacional
igual a 2,12 para ruptura global).
Figura 7.5 – Análise de estabilidade para a seção D. (Fator de segurança operacional
igual a 1,61 para ruptura global).
Figura 7.6 – Análise de estabilidade para a seção central. (Colmatação parcial do tapete
drenante, com permeabilidade reduzida em 10 vezes).
Figura 7.7 – Análise de estabilidade para a seção central. (Colmatação parcial do tapete
drenante, com permeabilidade reduzida em 100 vezes).
Figura 7.8 – Análise de estabilidade para a seção central. (Colmatação total do tapete
drenante, incluindo tapete drenante e dreno-de-pé).
Figura 7.9 – Análise de estabilidade para a seção central. (N.A do reservatório referente
a uma extensão de 100m de praia).
Figura 7.10 – Análise de estabilidade para a seção central. (N.A do reservatório próximo
à crista da barragem).
Figura 7.11 – Análise de estabilidade da seção central (hipótese de não ciclonagem dos
rejeitos).
Figura 7.12 – Análise de estabilidade da seção central (rejeitos com Dr = 50%; condição
operacional da barragem)
Figura 7.13 – Análise de estabilidade da seção central. (rejeitos com Dr = 20%;
condição mais fofa que a operacional da barragem
Figura 7.14 – Análise de estabilidade da seção central. (rejeitos com Dr = 80%;
condição mais compacta que a operacional da barragem
Figura 7.15 – Análise de estabilidade da seção central. (colmatação do tapete drenante +
elevação do N.A. do reservatório próximo à crista da barragem)
Figura 7.16 – Análise de estabilidade da seção central. (colmatação total do sistema de
drenagem interna + elevação do N.A. do reservatório próximo à crista da barragem)
Figura 7.17 – Análise de estabilidade da seção central (colmatação total do sistema de
drenagem interna + elevação do N.A. do reservatório + rejeitos fofos no aterro)
Figura 7.18 – Análise de estabilidade da seção central (Barragem na cota 950 e N.A. do
reservatório na cota operacional - 948)
Figura 7.19 – Análise de estabilidade da seção central (Barragem alteada até a cota 965
e N.A. do reservatório na cota operacional - 963)
xvii
Figura 7.20 – Análise de estabilidade da seção central (Barragem alteada até a cota 950
e N.A. do reservatório em cota crítica - 949,42)
Figura 7.21 – Análise de estabilidade da seção central (Barragem alteada até a cota 965
e N.A. do reservatório em cota crítica - 964,42)
Figura 8.1– Coeficientes de permeabilidade determinados em campo e laboratório
Figura 8.2 – Detalhe da presença de estratos de diferentes granulometrias. (amostra de
rejeito extraída da praia da barragem B5).
xviii
LISTA DE TABELAS
xix
Tabela 5.8 - Valores dos coeficientes de permeabilidade para diferentes condições de
moldagem (rejeitos do aterro)
Tabela 5.9 – Parâmetros de resistência pelos ensaios de cisalhamento direto (praia de
rejeitos).
Tabela 5.10 – Parâmetros de resistência por ensaios de cisalhamento direto (aterro de
rejeitos).
Tabela 5.11 – Parâmetros de resistência obtidos nos ensaios triaxiais realizados.
Tabela 5.12 – Composição química e teores médios de sólidos dos rejeitos lançados na
barragem B5
Tabela 5.13 – Composição química para algumas amostras coletadas na barragem B5
Tabela 5.14 – Análises granuloquímicas para as amostras integrais e frações
granulométricas.
Tabela 5.15 – Composições químicas para a amostra S2-F1.
Tabela 5.16 – Composições químicas (%) para grãos minerais da amostra S1-F3.
Tabela 5.17 – Composições químicas (%) para grãos minerais da amostra S1-F3.
Tabela 5.18– Composições químicas (%) para grão mineral da amostra S1-F3.
Tabela 6.1 – Valores de coeficientes de permeabilidade adotados para os materiais da
barragem
Tabela 6.2 – Valores dos coeficientes de permeabilidade adotados para os rejeitos da
barragem.
Tabela 6.3 – Dados do N.A. do reservatório e leituras dos medidores PZ 315 e MV-1.
Tabela 6.4 – Ajuste da calibração do modelo numérico (seção central da barragem B5).
Tabela 6.5 – Resultados das análises de variação do N.A. do reservatório da barragem
B5; regime permanente de fluxo.
Tabela 6.6 – Dados de monitoramento da seção B (maio a dezembro/2005).
Tabela 6.7 – Dados de monitoramento da seção D (maio a dezembro/2005).
Tabela 7.1 – Parâmetros efetivos de resistência utilizados nas análises de estabilidade.
Tabela 7.2 – Valores dos pesos específicos dos materiais.
Tabela 7.3 – Probabilidades de ruptura considerando análises de sensibilidade dos
parâmetros de resistência do solo de fundação da Barragem B5
Tabela 7.4 – Probabilidade de ruptura segundo variação do ângulo de atrito para o
underflow da barragem de rejeitos.
Tabela 7.5 – Parâmetros de resistência efetivos para análises de estabilidade simulando
variações da compacidade relativa dos rejeitos.
Tabela 8.1 – Coeficientes de permeabilidade determinados em campo e laboratório
Tabela 8.2 – Síntese dos principais resultados das análises (operacionais e críticas) de
estabilidade realizadas para o talude de jusante da barragem de rejeitos B5.
xx
LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIAÇÕES
A Parâmetro de poropressão
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
B Parâmetro de Skempton
Dr Densidade relativa
e Índice de vazios
emax Índice de vazios máximo
emin Índice de vazios mínimo
ESDH Equipamento de simulação de deposição hidráulica
eV Eletro Volt
Gs Densidade dos grãos
k Coeficiente de permeabilidade
K Condutividade hidráulica
M Massa
Md Massa seca
MEV Microscópio eletrônico de varredura
min Minuto
mm milímetro
Mw Massa com teor de umidade w
n Porosidade
NBR Norma Brasileira Registrada
NGA Núcleo de Geotecnia Aplicada
q Semi-diferença das tensões principais
q Vazão
S Grau de saturação
s Segundo
SPT Sondagem à percussão
u Poropressão
UFOP Universidade Federal de Ouro Preto
up Contra-pressão
φ Ângulo de atrito total
φ’ Ângulo de atrito efetivo
φ'pico Ângulo de atrito efetivo de pico
γw Peso específico da água
ρ Massa específica aparente
ρd Massa específica aparente seca
ρdmax Massa específica aparente seca máxima
ρdmin Massa específica aparente seca mínima
ρs Massa específica dos grãos
σ Tensão
σ’ Tensão efetiva
xxi
CAPÍTULO 1
1 INTRODUÇÃO
1
solos clássica. As características de permeabilidade e drenabilidade, a susceptibilidade à
liquefação, a erosão interna, além das dificuldades envolvidas no processo de
compactação, constituem importantes condicionantes para o desenvolvimento de novos
equipamentos e metodologias de ensaio específicas, tanto em laboratório, quanto em
campo.
Dessa forma, será parte do escopo desta dissertação de mestrado não só a caracterização
tecnológica de rejeitos por meio de ensaios de campo e de laboratório, mas também a
utilização do método dos elementos finitos em barragens de rejeito como uma
ferramenta já comprovadamente segura na avaliação da segurança em projetos (desde
que adequadamente usado). Para tanto, serão discutidas não apenas os aspectos
geotécnicos dos rejeitos, mas também a as análises de percolação e estabilidade das suas
estruturas finais de disposição.
2
1.1 JUSTIFICATIVA DO TRABALHO
Por outro lado, as exigências de proteção ambiental das áreas ocupadas pelas atividades
de produção têm sido continuamente aperfeiçoadas pelos órgãos ambientais, incluindo o
estudo detalhado dos processos poluentes, seu tratamento e monitoramento, o que
implica na necessidade de um conhecimento muito mais aprofundado de todos os
aspectos envolvidos, particularmente uma completa e consistente caracterização
tecnológica dos rejeitos envolvidos.
É nesse contexto que se insere a barragem de rejeitos de fosfato B5, atualmente sob
propriedade da Bunge Fertilizantes S/A e objeto de estudo desta dissertação. Juntamente
com as barragens da Goiasfértil (atualmente pertencente a Fosfértil) e com as barragens
da Fosfértil, se enquadram em um dos projetos pioneiros no Brasil no que concerne a
3
processos de barragens alteadas com rejeitos de mineração (Busch, 1987).
4
Ressalta-se aqui que este trabalho vem também se somar ao intenso projeto de
investigação geotécnica do comportamento dos rejeitos de mineração desenvolvido pela
Universidade Federal de Ouro Preto, mais especificamente pelo chamado Núcleo de
Geotecnia Aplicada da UFOP – NGA. Outros estudos têm sido implementados,
objetivando prever o comportamento dos rejeitos depositados hidraulicamente. Dentre
os vários estudos realizados pela equipe, destacam trabalhos de investigação geotécnica
através de ensaios conepenetrométricos (Albuquerque Filho, 2004), influência do teor
de ferro na condutividade hidráulica (Santos, 2004) e nos parâmetros de resistência
(Presotti, 2002) além do estudo acerca do potencial de liquefação dos rejeitos de
minério de ferro sob carregamento estático (Pereira, 2005), aprimorando quantitativa e
qualitativamente o projeto de caracterização tecnológica de rejeitos de mineração
(Gomes et al., 2002).
Dentro desse contexto, destaca-se ainda que, várias das metodologias que serão
implementadas neste trabalho de mestrado já foram testadas com grande sucesso em
outros trabalhos de pesquisa envolvendo rejeitos de minério de ferro; sendo que um dos
objetivos desta dissertação será, também, expandir e avaliar a aplicabilidade destas
técnicas em rejeitos oriundos do beneficiamento da rocha fosfática podendo, em pouco
tempo, modificar substancialmente procedimentos que eram até então empíricos em
possíveis novas técnicas de análise.
Como etapa preliminar dos estudos, fez-se uma ampla revisão bibliográfica dos
documentos técnicos associados ao projeto e construção da barragem de rejeitos B5.
Aliada a pesquisa bibliográfica, também foram realizadas inspeções de campo para a
avaliação das condições de funcionamento da instrumentação instalada na barragem.
Ainda nesta primeira etapa, foram coletadas algumas amostras de rejeito para a
realização de ensaios de caracterização geotécnica, cujo intuito foi o de nortear o projeto
e alguns ensaios especiais, onde destaca-se a realização de ensaios de difratometria de
raios-x, análise química e microscopia eletrônica de varredura (MEV).
5
Com base no diagnóstico geral apresentado nesta primeira etapa foi, então, definido o
programa experimental, mais especificamente denominado neste trabalho de
caracterização tecnológica dos rejeitos, cujas metodologias utilizadas serão apresentadas
e discutidas nos capítulos 4 e 5
6
etapa será utilizado o programa computacional SLOPE/W (GeoSlope International,
Canadá), incorporando-se os dados de piezometria obtidos diretamente do programa
SEEP/W. Nesta fase será determinado o fator de segurança operacional para a barragem
para as diferentes situações operacionais previstas.
7
CAPÍTULO 2
2.1 INTRODUÇÃO
Por outro lado, verifica-se que os rejeitos, principais materiais disponíveis, não são
ideais para a construção de barragens, principalmente no que concerne à
susceptibilidade à liquefação destes materiais, sua excessiva erodibilidade superficial e
dificuldades na compactação.
8
Ainda, a utilização de barragens de rejeito projetadas com a técnica do aterro hidráulico
apresenta alguns condicionantes relacionados principalmente aos aspectos construtivos
e de segurança, provocados pela insuficiência de especificações que normalizem este
tipo de estrutura. O procedimento de lançamento do material é feito geralmente de
forma quase aleatória, não sendo estabelecido nenhum controle das variáveis que
influenciam o processo de deposição (Ribeiro, 2000).
Chammas (1989), destaca que a utilização de rejeitos como material de construção pode
ser alcançada quando introduzidas algumas providências:
Separação dos rejeitos em fração grossa e lamas utilizando apenas a fração areia
na construção das barragens;
Com isso, fica possível a partir da análise das características dos rejeitos, como
granulometria, permeabilidade, compressibilidade e resistência, verificar sua aptidão e
desempenho para a construção de maciços compactados. Finalmente, ainda como
premissa para a utilização de rejeitos como material de construção é necessário avaliar-
se a susceptibilidade a liquefação destes materiais com o intuito de se definirem
critérios de compactação a serem empregados em projeto (Pereira, 2005)
9
2.2 MÉTODOS CONSTRUTIVOS DAS BARRAGENS DE REJEITO
Método de Montante
Método de Jusante
Figura 2.1 – Tabela comparativa de custos entre diversos métodos de alteamento (Modificado
Steffen & Kirsten, 1985)
10
2.2.1 Barragens Alteadas para Montante
Linha de Descarga
Lagoa de Decantação Praia de Rejeitos
Alteamentos
Rejeitos grossos
Rejeito Granular Dique de Partida
Figura 2.2 – Seção típica de uma barragem alteada para montante (Albuquerque Filho, 2004).
Além disso, a adoção dos ciclones no processo de disposição possibilitou uma melhoria
das características geotécnicas do material construtivo (rejeito) na região da praia e
conseqüentemente otimizou de forma significativa à velocidade de execução dos
alteamentos.
Apesar de ser bastante popular e utilizada pela maioria das mineradoras, a construção
pelo método de montante está limitada a condições específicas e tem algumas
desvantagens, entre elas: a dificuldade do controle da superfície freática, o baixo
controle construtivo, a baixa capacidade de estocagem de água e a alta susceptibilidade
11
a liquefação, uma vez que os alteamentos são executados sobre rejeitos previamente
depositados e não consolidados (Figura 2.2). Neste caso, sob condição saturada e estado
de compacidade fofo, estes rejeitos tendem a apresentar baixa resistência ao
cisalhamento e se liquefazerem sob carregamentos dinâmicos ou estáticos. Ressalta-se
que esta condição tem ocasionado seu desuso e até mesmo a proibição em alguns países.
Alteamentos
Rejeito Granular
Dique de Partida Rejeitos grossos
Fundação
Figura 2.3 – Seção típica de uma barragem alteada para jusante (Albuquerque Filho, 2004).
12
o processo de lançamento e compactação da barragem pode ser controlado pelas
técnicas convencionais de construção;
o sistema de drenagem interna pode ser executado durante a construção da
barragem, permitindo o controle sobre a linha de saturação e aumentando a
estabilidade da estrutura;
a barragem de rejeitos construída pelo método de jusante resiste
satisfatoriamente a efeitos dinâmicos, como forças sísmicas;
a construção pode ser escalonada sem comprometimento da segurança da
estrutura;
as atividades de construção da barragem não provocam interferência na operação
dos rejeitos;
não existe limitação técnica quanto à altura máxima da barragem.
13
2.2.3 Barragens Alteadas pela Linha de Centro.
Dreno
Rejeito Granular Alteamentos Interno
Rejeitos grossos
Dique de Partida
Fundação
Figura 2.4 – Seção típica de uma barragem alteada pela linha de centro (Albuquerque Filho, 2004).
Adicionalmente, destaca-se que o método da linha de centro, por assentar apenas uma
pequena porção do aterro sobre material não consolidado, reduz de sobremaneira a
susceptibilidade a liquefação destes materiais quando comparados com o método de
montante; apropriando sua utilização mesmo em áreas de alta sismicidade.
14
2.3 CICLONAGEM DE REJEITOS
15
overflow alem de alocá-los em pontos diferenciados da estrutura de disposição.
A ciclonagem pode ser realizada em ponto único, onde geralmente é feita na ombreira
da barragem com posterior transporte e espalhamento dos rejeitos, ou disposta ao longo
da crista da barragem, por meio de ciclones individuais ou mesmo baterias de ciclones,
estes por sua vez móveis ao longo da crista.
(a) (b)
Figura 2.6 – Esquema de operação de um hidrociclone (a) (Trawinski, 1976 apud Busch, 1987) e
Hidrociclone em operação (b).
O material que deixa o ciclone pela parte superior (overflow) fica com água incorporada
e apresenta granulometria fina compondo a lama, e o material que deixa o ciclone pela
parte inferior (underflow) compõe os rejeitos arenosos, sendo um material mais grosso e
apresentando melhores características de resistência e permeabilidade se comparado ao
overflow. Deste modo, cada porção separada pelo hidrociclone tem sua característica
16
própria e utilização específica no processo de conformação da estrutura de disposição.
O underflow é utilizado como material de construção do aterro da barragem, enquanto a
lama é lançada diretamente no reservatório, onde, em geral é o principal constituinte da
chamada praia de rejeitos. A utilização do rejeito grosso como material de construção e
o rejeito fino como constituinte da praia proporciona um aumento na estabilidade da
estrutura, uma vez que o grosso, mais permeável, garante uma maior resistência ao
cisalhamento enquanto que o rejeito fino, menos permeável, afasta o nível d’água do
reservatório do talude de jusante da barragem.
17
Figura 2.7 – Efeito da ciclonagem sobre a granulometria dos rejeitos de fosfato da Arafértil
(Busch, 1987).
18
O comportamento geotécnico do rejeito em uma barragem é condicionado por suas
características mineralógicas e também pela forma de deposição. Este comportamento
tende a condicionar a estabilidade do maciço que utiliza o rejeito como material de
construção. Assim, a forma como o material é lançado, em função das variáveis de
deposição hidráulica (concentração da polpa, altura e velocidade de lançamento), tende
a alterar significativamente o comportamento dos aterros hidráulicos. Neste sentido, a
formação da praia de rejeito e o conseqüente processo de segregação que nela ocorre
condicionam as propriedades geotécnicas do rejeito e o comportamento global da
barragem (Presotti, 2002).
19
Esta tendência de sedimentar apresentada pela fração sólida gera uma seleção
granulométrica em função do tamanho, da forma, da textura superficial e da densidade
das partículas. Assim, o fluxo de lama dos rejeitos provoca a seleção de partículas
depositadas gerando regiões ao longo da trajetória de fluxo (praia) com enorme
variabilidade granulométrica e mineralógica, alterando significativamente os parâmetros
de resistência, deformabilidade e permeabilidade da praia. Com o intuito de ilustrar os
efeitos da segregação hidráulica, são apresentadas na Figura 2.8, curvas granulométricas
para diversos pontos localizados ao longo de uma seção realizada na praia da Barragem
de Rejeitos de Malko Tirnovo, em abril de 1979. Pode-se observar que à medida que se
aumenta à distância em relação à crista (x) o rejeito tende a apresentar-se com uma
granulometria cada vez mais fina.
20
que nada impede que regiões próximas ao ponto de lançamento possam conter material
mais fino e regiões mais afastadas possam apresentar material mais grosseiro. Este fato,
segundo Negro Jr. et al (1979), ocorre devido ao processo de segregação verificado nas
tubulações que é provocado pelas diferenças no valor da densidade das partículas que
compõem o rejeito.
Particularmente para este rejeito, estas simulações revelaram uma forte influência das
características das partículas no processo de segregação. Foi observado que o efeito da
densidade das partículas de ferro, tende a gerar um processo de seleção condicionado ao
peso das partículas de ferro presentes no rejeito.
O autor verificou também, que uma grande variabilidade granulométrica pode ser
gerada em função das características do processo de deposição e do próprio rejeito,
gerando depósitos com diferentes propriedades geotécnicas associadas principalmente
às diferenças no valor da densidade, teor de ferro e da granulometria do depósito.
21
2.4.2 DENSIDADE
A possível utilização dos rejeitos como material de construção dos alteamentos de uma
barragem, bem como, sua execução sobre rejeitos inconsolidados da praia de deposição
(principalmente no método construtivo de montante), fazem da densidade dos rejeitos
um dos principais condicionantes a ser avaliado em projetos envolvendo aterros
hidráulicos.
Para Moretti & Cruz (1996), a massa específica aparente seca (ρd) é o principal controle
de qualidade de um aterro hidráulico, e que para areias, o valor desta massa específica
aparente seca (ρd) aumenta rapidamente após o lançamento na praia. Contudo, em longo
prazo (alguns anos), as areias tendem a mostrar um ligeiro aumento desta massa
específica e conseqüentemente ganho de resistência para a estrutura.
(emax − e)
Dr = (2.1)
(emax − emin )
22
Outro ponto que atesta a maior utilização prática da densidade relativa (Dr) em
detrimento a massa específica aparente seca (ρd) é o fato de que a primeira pode ser
obtida por meio de correlações empíricas e semi-empíricas através de ensaios
conepenetrométricos ou mesmo ensaios SPT, este último correntemente utilizado,
fornecendo de maneira rápida e simples uma estimativa a respeito do estado de
compacidade de determinado depósito.
23
2.4.3 PARÂMETROS DE RESISTÊNCIA
Já outros autores, como Lopes (2000), Hernandez (2002) e Presotti (2002), em estudos
com rejeitos de minério de ferro, procuraram estabelecer relações entre o teor de ferro,
porosidade e parâmetros de resistência. Ambos os autores chegaram a conclusões que o
ângulo de atrito apresenta uma forte dependência do teor de ferro. Hernandez (2002) e
Presotti (2002) observaram que amostras com maiores teores de ferro apresentaram
maiores valores de ângulos de atrito. Além disso, Presotti (2002) também observou uma
maior dependência do ângulo de atrito com as características mineralógicas dos rejeitos
independente das suas condições granulométricas e compacidade inicial.
Destaca-se aqui que os rejeitos de mineração, por serem materiais tipicamente arenosos,
cuja fração argila (fina) não é advinda de processos pedogenéticos e sim por processos
de cominuição, não apresentam plasticidade e, portanto, coesão. Segundo Taylor (1948)
a resistência ao cisalhamento é governada, entre outros componentes, pelo atrito devido
ao deslizamento e o atrito devido ao rolamento. Isso comprova que quando se trata de
solos granulares, a resistência ao cisalhamento está intimamente e quase que
restritamente ligada ao atrito entre as partículas.
24
Finalmente, observa-se para os rejeitos uma maior magnitude dos valores de ângulo de
atrito quando comparados com areias naturais. Tal fato é explicado pelo formato mais
angular dos grãos do rejeito, resultado das operações de processo a que são submetidos
(Busch, 1987).
25
Diante desse contexto, ao longo dos anos vêm sendo desenvolvidas várias técnicas para
a avaliação do fenômeno da liquefação, dentre estas, destaca-se a utilização de ensaios
triaxiais não drenados, não só pelos custos envolvidos mas também pela acessibilidade e
simplicidade das análises. Alguns estudos vinculados à avaliação do fenômeno em
rejeitos de mineração no Brasil têm sido implementados, contribuindo qualitativamente
para a evolução científica do caso no Quadrilátero Ferrífero (Parra & Lasmar, 1987;
Parra e Ramos, 1987; Tibana et al, 1997; Pereira & Gomes, 2001; Gomes et al., 2002 e
Pereira, 2005).
2.4.5 DRENABILIDADE
26
utilização correta do termo condutividade hidráulica restringe-se apenas aqueles casos
onde o fluido percolado é necessariamente a água em “condições normais”.
Estendendo este conceito para os rejeitos de mineração, como o fluido que percola nas
barragens ou pilhas não necessariamente é a água em sua condição natural, mas sim
uma água residual, onde, em geral, encontra-se com suas propriedades deturpadas
devido ao processo industrial a que se submete; aplicando o conceito acima exposto,
genericamente, adota-se para estruturas de rejeitos o termo coeficiente de
permeabilidade (k).
27
Vick (1983) destaca que o processo de segregação hidráulica dominado pelo tamanho
das partículas dos rejeitos tende a gerar três zonas com diferentes valores de
permeabilidade na região da praia de deposição. Dessa forma, nas proximidades dos
pontos de descarga dos rejeitos seria formada uma zona caracterizada pela presença de
partículas granulares e conseqüentemente de elevada condutividade hidráulica. Nas
regiões mais afastadas da crista da barragem ocorreria uma redução contínua da
granulometria do depósito, gerando áreas de condutividade hidráulica intermediária e
baixa. A largura relativa de cada faixa estaria associada à composição granulométrica
dos rejeitos e à localização da lagoa de decantação. A Figura 2.9 apresenta o modelo de
formação de um depósito de rejeitos devido aos efeitos da segregação hidráulica
dominado pelo tamanho das partículas.
Figura 2.9 – Variação da condutividade hidráulica ao longo de um depósito de rejeitos (Kealy &
Busch, 1971 apud. Santos, 2004)
Diante deste contexto, Santos (2004) procurou avaliar a influência do teor de ferro no
comportamento da permeabilidade saturada em um depósito de rejeitos arenosos.
Dentro do programa experimental do autor, foram utilizados ensaios de laboratório
28
(permeâmetro de carga constante e bomba de fluxo) e ensaios de campo (permeâmetro
de Guelph e ensaios de infiltração em furos de sondagens).
29
2.5.1 DETERMINAÇÃO E CONTROLE DA SUPERFÍCIE FREÁTICA
Por outro lado, outras variáveis também influenciam a locação da freática, entretanto
com contribuições reduzidas quando comparadas com as três principais descritas acima.
Entre estas podemos citar o efeito da redução da permeabilidade dos rejeitos com a
profundidade, causado pela consolidação que induz a um decréscimo de índice de
vazios. Este decréscimo normalmente leva a permeabilidade a decrescer de 5 a 10
vezes, ou mais como mostram De Mello et al (1987), Gobara (1991) e Amorim (1993),
dependendo da altura da barragem e das características de floculação, de sedimentação e
de consolidação dos rejeitos. Outro fator que afeta a freática é a infiltração da lama no
rejeito provocado pelo espigotamento. Os resultados de um estudo feito por Nelson
(1977) sugerem que este fator causa elevação da freática de 2 a 4 % no local do
espigotamento, resultado que ratifica as observações de Abadjiev (1985).
Com relação aos três principais condicionantes da superfície freática, através da Figura
2.10(a) percebe-se que a proximidade entre o N.A. do lago de decantação e a crista da
barragem, produz uma elevação da linha freática, que por sua vez resulta em um
aumento do nível de poropressões no talude de jusante contribuindo para a redução dos
fatores de segurança até mesmo remetendo a uma possível ruptura da barragem.
30
Outro condicionante na determinação da posição da linha freática é o gradiente de
permeabilidade no maciço. Esta variação é resultado da segregação granulométrica
gerada pelo lançamento e deposição dos rejeitos na praia que por sua vez é função da
distribuição granulométrica dos rejeitos, do teor de sólidos e das condições de
lançamento. Na Figura 2.10(b), a proximidade da linha freática do talude jusante é
função direta da segregação ocorrida no maciço. Assim, uma melhor separação no
processo de segregação granulométrica ao longo da praia representa um aumento nas
condições de drenabilidade da pilha.
Figura 2.10 – Fatores que influenciam a posição da linha freática em barragens alteadas pelo
Método de Montante (Modificado – Vick, 1983 apud. Santos, 2004).
31
segurança do talude, uma vez que, segundo Dupas (1993) o dique de partida, ao
funcionar como um anteparo faz com que a freática tenda a “galgar” o obstáculo.
Ainda com relação à segregação granulométrica, Bligth (1994), relata que o processo
ocorrido na praia promove um arraste das partículas finas para locais mais distantes do
ponto de lançamento dos rejeitos. Tal fenômeno pode ser explicado pela relação
empírica entre a permeabilidade e a distribuição granulométrica das partículas presentes
no rejeito. Assim, baseado na relação entre a distribuição granulométrica do rejeito em
função da segregação hidráulica, Bligth (1994) sugere que a permeabilidade se distribui
de acordo com a relação:
K = a . exp ( -b . x ) (2.2)
sendo:
Ilustrando a formulação apresentada por Bligth (1994), observa-se na Figura 2.11, para
um rejeito de diamante, a variação da permeabilidade (obtida em laboratório através de
ensaios de carga constante) em função da distância na praia. Pela Figura, pode-se
visualizar uma pequena redução no valor da permeabilidade em função da distância do
ponto de lançamento.
32
Ainda neste contexto, a Figura 2.12 apresenta um modelo típico de linha freática
determinada em função da segregação hidráulica gerada pela distribuição
granulométrica do rejeito na praia. Bligth (1994) relata que para o caso em que valor da
permeabilidade é constante ao longo do maciço a linha freática também é constante ao
longo da praia e torna-se função direta de outras variáveis. Portanto, conforme já
mencionado anteriormente, no caso em que a permeabilidade varia em função da
distribuição granulométrica do aterro a posição da linha freática torna-se função direta
da segregação granulométrica do rejeito na praia.
Figura 2.12 – Efeito da variação da permeabilidade sobre a posição da linha freática em aterros
hidráulicos (Modificado – Bligth, 1994 apud Santos, 2004).
33
impedir a percolação de água pelo interior de um maciço, devem-se incorporar, nesta
região, estruturas que permitam o fluxo, de forma controlada, para a região externa da
estrutura.
Figura 2.13 – Seção transversal típica de um sistema de drenagem interna. Detalhe dos Drenos.
34
Já os filtros, em geral, quando construídos no interior do maciço tem a função de não
permitir que a superfície freática atinja a região à jusante do mesmo. No interior do
aterro podem ser construídos de várias maneiras, inclinados, verticais e horizontais,
sendo estas duas últimas as mais utilizadas.
Figura 2.14 – Esquema de filtros vertical e horizontal no interior de um dique (a) e detalhe de um
filtro do tipo “finger drains” (b)
Os filtros, em grande parte das vezes, são construídos com a utilização de um processo
de graduação entre a areia até a brita fina, contemplando sempre, no sentido do fluxo, a
menor para a maior permeabilidade.
Com o intuito de reduzir custos, muitas vezes são utilizados materiais que estão
disponíveis na própria mineração, como, por exemplo, rejeitos do tipo magnetita, ou
mesmo resíduos do processo de britagem. Na Figura 2.15 é apresentado um esquema de
filtro utilizando rejeitos de magnetita oriundos do processo de beneficiamento da rocha
fosfática associados a geotexteis e brita. É interessante que se destaque a importância de
35
se estabelecer à graduação correta entre os materiais constituintes do filtro, sempre do
menos permeável para o mais permeável, uma vez que, pode ocorrer migração de
material mais fino e conseqüentemente colmatar o sistema de drenagem interna.
Nesse contexto, Vick (1983) destaca que o uso de geossintéticos substitui a graduação
do material pelo processo convencional de filtros de areia. A sua utilização é
considerada válida para barragens de rejeito de vida curta. Haas (1982), Bentel et al
(1982) e Schurnberg (1982) citam exemplos de bom funcionamento de geossintéticos
em barragens de rejeito mas advertem que o tecido sintético pode colmatar por
sedimentos para alguns tipos de efluentes (Dupas, 1993).
Em geral, o sistema de drenagem externa pode ser composto por vertedouros, canais,
extravasores de cheias, galerias de fundo, canaletas e escadas para descida d’água entre
outros. O extravasor de cheias, como a própria designação indica, serve para captar
vazões em períodos chuvosos, tendo eixo aproximadamente paralelo ao eixo da
barragem; localiza-se imediatamente a montante da “praia”, e tem emboques em cotas
variáveis, os quais são tamponadas as medidas em que a barragem é alteada.
Antigamente estes extravasores eram utilizados associados a galerias de fundo, mas
atualmente este artifício está em desuso, visto as dificuldades de se avaliar a qualidade
36
destas estruturas, em geral de concreto, uma vez que se encontram submersas às
barragens (medidas de segurança).
Figura 2.16 – Sistema extravasor de cheias. Detalhe dos emboques em cotas variáveis. (Barragem
B5 - Bunge Fertilizantes S/A)
Figura 2.17 – Esquema de drenagem superficial. Plantio de grama em placas, escadas de descida
d’água e canaletas, respectivamente. (Bittar, 2004)
37
2.6 ANÁLISE DE PERCOLAÇÃO PELO MÉTODO DOS ELEMENTOS
FINITOS
Um modelo pode ser encarado como uma abstração de algum problema do mundo real
através da teorização e da adoção de hipóteses e simplificações que visam permitir a sua
representação de maneira "tratável", mas ainda assim, sendo o mais fiel possível à
realidade. Nesse sentido, a partir deste ponto, a palavra modelo será utilizada para
designar um modelo numérico, a menos que seja indicado de outra maneira.
Nesse contexto, para este trabalho, pode-se entender que o modelo será constituído por:
Uma análise de percolação através do MEF é feita em três passos. O primeiro é modelar
o problema. Isto envolve desenhar a malha de elementos finitos, determinar as
propriedades dos materiais envolvidos e especificar as condições de contorno. O
segundo passo é processar o modelo através da formulação e solução do sistema de
equações de elementos finitos. O terceiro passo é a interpretação dos resultados (cargas
hidráulicas, pressões neutras, gradientes e vazões). Adicionalmente, neste trabalho ainda
teremos um quarto passo que será a calibração do modelo de fluxo proposto, conforme
já anteriormente mencionado.
38
Em geral, as informações básicas necessárias para o processamento são as condições de
contorno e as propriedades de permeabilidade dos materiais envolvidos (além, é claro,
de informações geométricas e geotécnicas).
Uma das regras mais importantes a seguir durante a modelagem da malha é iniciá-la a
partir de um modelo simples e evoluir para um modelo mais complexo. Esta seqüência
facilita a detecção de pontos que possam estar causando a dificuldade de convergência
do modelo. Determinar quais as causas para um resultado irreal pode ser muito difícil se
todas as complexidades do problema estão inclusas no modelo inicial. Além disso, no
MEF, é importante que os resultados obtidos sejam de alguma forma coerentes com os
resultados obtidos por métodos gráficos.
Para este trabalho, escolheu-se utilizar o software SEEP/W, da empresa canadense Geo-
Slope International, que utiliza o MEF (com geometria da malha fixa) para a realização
de análises de percolação na Barragem de rejeitos B5. Tal escolha deve-se ainda mais
ao fato de tal programa ser de fácil acesso, uma vez que, além de ser comercialmente
vendido, também se encontra disponível em grande parte de empresas, escritórios e
principalmente universidades.
39
neutra de forma de forma não linear, ou seja, é possível fornecer ao programa a função
permeabilidade para cada tipo de material do modelo; o que implica em uma maior
fidelidade para as análises, principalmente para as regiões não saturadas. A Figura 2.18
dá uma idéia da relação entre a permeabilidade e a pressão neutra, ou sucção.
Figura 2.18 – Curva idealizada de relação entre a permeabilidade e a pressão neutra (Gioda &
Desideri, 1988)
É interessante que se destaque que a grande importância desta variação não linear da
permeabilidade reside no fato de que, em certas regiões de um modelo, que podem ou
não estar saturadas, a utilização de permeabilidades menores pode representar uma
maior realidade para o fluxo neste modelo. Portanto, para análises mais fidedignas,
como aquelas utilizadas para calibração de modelos, sua utilização torna-se
imprescindível. Ressalta-se aqui que, por diversas vezes, observa-se a não utilização
deste recurso ou mesmo a utilização indiscriminada desta ferramenta, o que tem levado
diversas análises a resultados ilógicos, muitas das vezes ignorados, deturpando
resultados finais.
40
2.6.1 APLICAÇÃO DO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS EM
BARRAGENS DE REJEITOS
Com o intuito de ilustrar o que foi dito anteriormente, podemos citar o caso da
anisotropia de permeabilidade dos rejeitos depositados. Até mesmo pelas dificuldades
de serem obtidas amostras indeformadas de rejeitos (até o presente momento não se tem
relatos de tal tipo de amostragem) é praticamente impossível estabelecer previamente,
para um determinado modelo, a magnitude do fluxo vertical bem como do horizontal. O
que se tem utilizado na pratica é definir a permeabilidade em um dos sentidos, e, via
MEF, comparando com dados de instrumentação de campo, procurar estabelecer qual é
essa relação de anisotropia.
Ainda neste contexto, cita-se a própria condição geométrica da barragem, onde, muitas
das vezes, os alteamentos são condicionados pela produção de rejeitos da empresa. Tal
41
fato faz com que análises de percolação ou mesmo as análises de estabilidade estejam
submetidas, de forma bastante diferente, para uma condição de alteamento e para uma
de pós-alteamento.
Ainda neste âmbito, quando se deseja calibrar um modelo de fluxo, em virtude dessa
geometria condicionada ao nível dos alteamentos, deve-se estabelecer, de maneira
coerente, uma faixa de leituras de instrumentação que corresponda a uma determinada
etapa geométrica da barragem, muito diferentemente de barragens de terra, onde um
conjunto de leituras históricas de instrumentação geralmente está associado a um
mesmo quadro final de geometria da barragem.
Nesse sentido, alguns trabalhos vêm sendo desenvolvidos ao longo dos últimos anos
com o intuito de se caracterizar melhor o fluxo no interior de um maciço de rejeitos e
minimizar a influência destas peculiaridades nas análises. Dentre estes, podemos
destacar os de Amorim (1993) e Amorim et al (1995) o de Dupas (1993) e mais
recentemente o de Gouvêa (2004), além de outros trabalhos referente a consultores e
pesquisadores da área. Adicionalmente, as análises e conclusões obtidas pelos autores
são de grande valia para o enriquecimento de trabalhos subseqüentes, incluindo este,
uma vez que se tratam das poucas referências específicas acerca do assunto.
42
ii) Para barragens de rejeito, mediante a geral complexidade de seu sistema de
drenagem interna, é interessante que se adote pelo menos duas seções de
análise (não só a seção crítica, como normalmente feito em barragens de
terra convencionais), com o intuito de se obter uma média de resultados
entre elas e assim gerar maior controle, maior representatividade e
conseqüentemente consistência aos resultados.
43
que, a mesma terá que ser embasada em parâmetros de projeto ou então
parâmetros que posteriormente serão obtidos em intensas campanhas de
investigação de campo visando recompor o “as built” da barragem.
vi) Uma importante conclusão verificada por Dupas (1993), em sua dissertação
de mestrado, foi a inexistência de interferência da baixa permeabilidade da
lama ou da interface lama/areia. O fluxo efluente de percolação no sentido
montante/jusante só existe, de fato, pelo contato direto entre a areia do
rejeito e a fundação em solo ou rocha permeáveis. Assim, ao contrário do
que se imaginava, a vazão efluente recebe interferência desprezível
provocada pela lama e pela interface lama areia, ficando o fluxo delimitando
entre a praia (ponto de entrada de água) e o aterro da barragem, como pode
ser observado na Figura 2.19. Este fato, por sua vez, permitirá a otimização
dos modelos numéricos propostos para este trabalho.
Fluxo delimitado
Figura 2.19 – Condições físicas do meio – Exemplo da Barragem B6. (Modificado - Dupas, 1993)
vii) Dupas (1993) observou também o forte efeito do dreno sobre a superfície
freática e sobre a vazão, que deve ser controlado através de artifícios
oferecidos pela combinação das variáveis do meio. Estas variáveis são N.A.
de operação, características geotécnicas do rejeito, da fundação, dos solos de
empréstimo, e ainda, hidrologia, topografia e produção.
44
viii) Dupas (1993) e Gouvêa (2004) afirmam que, sempre que possível, é de
grande importância incluir nas análises realizadas pelo MEF a
permeabilidade dos drenos. A permeabilidade dos drenos faz com que a
superfície freática seja inteiramente definida. A não colocação deste
parâmetro nas análises pode ser adotada apenas em condições especiais onde
existe grande diferença de permeabilidade entre os materiais que constituem
o maciço e o dreno.
45
CAPÍTULO 3
3 BARRAGEM DE REJEITOS B5
46
se em sua cota final de projeto. Os rejeitos acumulados na mesma, em virtude de conter
alto teor de P2O5, vêm sendo dragados, transportados para a usina e reindustrializados.
47
Figura 3.1 – Arranjo geral das barragens da Bunge Fertilizantes S/A (Nieble et al, 1980)
48
A Figura 3.2 apresenta uma vista geral e recente da barragem. A água do reservatório é
normalmente reutilizada no processo industrial por meio de bombeamento.
Figura 3.2 – Barragem de rejeitos B5, vista de montante (Bunge Fertilizantes S/A).
49
Figura 3.3 – Layout ilustrativo do sistema de disposição de rejeitos e captação de água
da Bunge Fertilizantes S.A. (sem escala)
50
Produto Final
Rejeito 25,00%
33,33%
Produto Final
66,67% Rejeito
Ferro 75,00%
Carvão
Figura 3.4 – Razões médias entre o produto final e rejeito gerado (Abrão, 1987 apud. Pereira, 2005)
51
(a) (b)
Figura 3.5 – Processo de separação magnética (a) e disposição final de magnetita (b).
(Schnellrath et al, 2002)
As lamas, pelo seu elevado teor de finos (100 % abaixo da peneira #200) e baixo teor de
sólidos (normalmente abaixo de 10 %), não são interessantes como materiais de
construção, sendo, portanto, depositadas no reservatório da barragem. Submetidas ao
processo de adensamento a grandes deformações após decantação, possibilitam a
recuperação e a reutilização da água superficial.
52
(a) (b)
Figura 3.6 – Reservatório de lamas (a) e hidrociclone em usina, com detalhe para a granulometria
fina do rejeito (b).
Finalmente, os rejeitos de flotação são aqueles gerados nas etapas de flotação. No caso
do processo de beneficiamento da rocha fosfática da Bunge Fertilizantes S/A, os rejeitos
de flotação são também denominados de rejeitos remoídos, uma vez que são gerados na
etapa conhecida como flotação do remoído.
Esta etapa do processo de beneficiamento, por sinal uma das mais importantes,
caracteriza-se basicamente pela adição substancial de produtos químicos (Figura 3.7a).
Em geral, são adicionadas nesta etapa reagentes como depressores, coletores,
moduladores de pH e espumantes, além de aditivos de diversas naturezas. Tais
compostos têm o intuito de separar as substâncias consideradas contaminantes e
individualizar aquelas de interesse econômico.
(a) (b)
Figura 3.7 – Etapa de flotação (a) e rejeito de flotação como material de construção da barragem
(b); no detalhe, lançamento do underflow e formação do aterro. (Schnellrath et al, 2002)
53
Do ponto de vista geotécnico, os rejeitos de flotação do remoído constituem materiais
de granulometria na faixa areia fina/silte e não plásticos, tornando-os interessantes como
materiais de construção das barragens. Entretanto, com o intuído de agregar
características de engenharia a estes rejeitos, torna-se necessário que os mesmos sejam
ciclonados. Assim, depois de gerados na usina, estes rejeitos são conduzidos por meio
de tubulações até o corpo da barragem de disposição final, sendo, então, ciclonados e
subdivididos em dois materiais distintos: uma parcela mais grossa e mais permeável
denominada de underflow, utilizada como material de construção do próprio aterro da
barragem (Figura 3.7b) e uma parcela de granulometria mais fina e, conseqüentemente,
menos permeável, denominada de overflow, que é lançada a montante e passa a
constituir a chamada ‘praia de rejeitos’.
54
preliminares, de levantamentos topográficos recentes e de outras publicações acerca das
barragens mais antigas da Arafértil. Esta última referência se deve, em grande parte, à
grande similaridade entre os aspectos construtivos relacionadas à Barragem B5 com
aqueles adotados para as barragens B1 e B4 antecedentes. Salvo algumas peculiaridades
fisiográficas e/ou mesmo alguma otimização dos projetos, os mesmos tenderam a seguir
sempre o mesmo padrão geral.
A área está inscrita na faixa de rochas metamórficas da Série Araxá, datadas do pré-
Cambriano. A litologia predominante é quase que exclusivamente o quartzo-mica-xisto,
com intercalações quartzíticas. Localmente foram identificados diques lamprófiros de
pequena expressão. O manto de intemperismo é relativamente espesso em toda a área,
superior a 10m, apresentando-se recoberto por uma camada de solo transportado,
colúvio-eluvionar, de idade quaternária.
55
níveis de pedregulhos arredondados quartzosos, de dimensões centimétricas na
base; geralmente saturado.
Coluvião – camada acumulada nas encostas, com maior espessura nos gradientes
mais suaves, composta por argila siltosa, porosa, vermelha e de consistência
mole, com pedregulhos, geralmente esparsos e concentrados na base da camada,
de granulação centimétrica, quartzosos e angulosos. Solo saprolítico – silte
argiloso micáceo variegado (predominantemente amarelo avermelhado), com
estruturas preservadas, fofo a medianamente compacto, com veios centimétricos
a decimétricos de quartzo.
56
Figura 3.8 – Seção geológico-geotécnica (P1-P2) referente ao eixo da barragem de rejeitos B5.
57
3.3.2 Preparação da fundação
Para a barragem de rejeitos B5, este dique estende-se por todo o eixo da barragem até a
cota 915. Na sua seção de altura máxima, localizada nas proximidades da várzea do
córrego Canjica, este dique possui aproximadamente 20m de altura e base alocada na
superfície da escavação realizada para o preparo da fundação.
Tendo em vista fatores que poderiam vir a causar recalques diferenciais, como a
declividade acentuada da ombreira direita, as próprias escavações ou mesmo a
compressibilidade do material da ombreira esquerda, foi prescrita a execução de um
filtro vertical para interceptar eventuais percolações pelo trincamento do maciço, além
de possíveis heterogeneidades de execução.
58
Pela ampla disponibilidade de solo coluvionar argiloso em áreas de empréstimo
próximas e pelo sucesso prévio de sua aplicação em obras similares na região, face à sua
boa trabalhabilidade e propriedades mecânicas, o mesmo foi adotado como material de
construção para o dique de partida. Os ensaios triaxiais (CU) e o de permeabilidade à
carga constante permitiram estabelecer os seguintes valores para os parâmetros de
resistência e drenabilidade deste solo: coesão de 6 kPa e ângulo de atrito de 27° e
coeficiente de permeabilidade na faixa de 1,0 x 10-7 a 1,0 x 10-8 cm/s.
Entretanto, é interessante destacar que não foi utilizado somente o solo coluvionar
argiloso para a confecção do dique de partida. Na região à jusante do filtro vertical de
magnetita, foi disposto um tipo de solo aluvionar com abundância de pedregulhos,
também característico da região. Na região logo abaixo do filtro de magnetita, alocou-se
o tapete drenante, estendendo-se por toda a região à jusante do dique, que constitui parte
integrante do sistema de drenagem interna da barragem, que será objeto de discussões
posteriores. Este tapete foi apoiado sobre o underflow da Barragem B4 (Figura 3.9). Em
relação à geometria do dique, adotou-se uma crista com de 10m de largura e espaldares
com inclinação de 35°(2H:1V) e alturas variáveis, dependendo da posição do dique com
relação ao eixo da barragem.
Figura 3.9 – Seção transversal típica do dique de partida (Figura sem escala).
A barragem B5 vem sendo alteada pelo método de linha de centro com ciclonagem de
rejeitos na crista da barragem, visto o amplo sucesso obtido com tal método,
anteriormente testado nas barragens B4 e B1.
59
Entretanto, no caso dos projetos iniciais (barragens B1 e B4), a ciclonagem dos rejeitos
era realizada apenas nas zonas das ombreiras das barragens, uma vez que os rejeitos
apresentavam características relativamente desfavoráveis à execução de barragens,
particularmente em termos de permeabilidade (Busch, 1987). Posteriormente, com a
caracterização do underflow como um material mais permeável e de boa drenabilidade
(valores entre 1,0 e 4,0 x 10-3 cm/s), mesmo em períodos chuvosos, adotou-se a
ciclonagem ao longo de toda a crista da barragem, diminuindo sobremaneira os custos
envolvidos no transporte do rejeito por caminhões. Em termos de resistência, os rejeitos
indicavam ângulos de atrito na faixa de 33 a 35°, sob baixos graus de compactação e
entre 37 a 40°, para compactações mais severas, com 90 a 95 % de grau de
compactação.
Um outro aspecto relevante dos projetos das barragens B1 e B4 está relacionado ao tipo
e geometria dos taludes dos alteamentos. Na fase de projeto, em virtude da natureza fina
dos rejeitos, foi prevista a execução de um talude único e muito abatido, com inclinação
4:1. Entretanto, constatou-se que a ciclonagem ininterrupta estava gerando um excesso
de underflow com boas propriedades geotécnicas, possibilitando que os taludes fossem
alteados em camadas horizontais e mais íngremes (inclinação média de 1V: 2,8H),
permitindo, adicionalmente, a execução da proteção superficial do talude de jusante
concomitantemente aos alteamentos (Figura 3.10).
60
Figura 3.10 – Seção transversal típica das barragens B1 e B4 (Busch & Castro, 1986).
(com detalhe do talude já revegetado).
61
Figura 3.11 – Seqüência construtiva e volumes necessários. (Paulo Abib Engenharia S.A, 1980)
Tal fato vem sendo contornado com descargas periódicas de rejeitos sem ciclonagem,
em certos períodos do dia, aproximadamente das 17 às 20 horas. O sistema de
bombeamento é desligado e o rejeito passa a ser conduzido até a ombreira esquerda, de
onde é lançado em ponto único ou eventualmente espigotado, apenas por gravidade.
Merece ser destacado que este fato, apesar de eficiente e capaz de reduzir os custos com
bombeamento, pode estar criando zonas de estratos mais permeáveis intercalados com
outros de menor permeabilidade e, conseqüentemente, zonas preferenciais de fluxo.
Com relação aos alteamentos, os mesmos são realizados em camadas horizontais de
acordo com o acúmulo de underflow a jusante da barragem. Um trator de esteiras é
normalmente utilizado para o espalhamento do material (Figura 3.12), sendo que a
compactação dos rejeitos é feita apenas pelo tráfego do mesmo. Atualmente, a B5 já
incorporou três dos cinco alteamentos previstos (cotas 910, 920, 930, 940, 950). O
alteamento mais recente aconteceu na cota 930, estando a crista atual da barragem em
meados da cota 945.
62
Figura 3.12 – Material acumulado para execução de novo alteamento e detalhe do sistema de
drenagem das ombreiras.
Por outro lado, apesar dos dados disponíveis, não é possível afirmar que os rejeitos já
depositados ou atualmente lançados na barragem possuem as mesmas propriedades
geotécnicas prescritas em projeto. Em termos práticos, estas características dos rejeitos
podem variar muito e estão associadas a diversos fatores que, muitas vezes, são
desconsiderados, como variações e influências específicas das frentes de lavra,
63
mineralogia da mina, processo de beneficiamento, número e arranjo dos equipamentos
de ciclonagem, sistema de bombeamento, eficiência e posição dos ciclones, etc.
Figura 3.13 – Seção transversal ilustrando o sistema de drenagem interna da barragem B5.
(Paulo Abib Engenharia S.A, 1980)
64
por uma camada de magnetita, pedrisco e mais internamente brita fina (Figura 3.14).
Adicionalmente, na região das ombreiras da barragem, foram alocados tapetes drenantes
secundários de menor largura e conectados ao tapete principal, com seção transversal
similar, à exceção da camada de base de underflow.
Figura 3.14 – Seção transversal passando pelo tapete drenante. (Paulo Abib Engenharia S.A, 1980)
Os tapetes laterais possuem ainda conformações diferentes com relação à sua posição
nas ombreiras (Figura 3.15), em função da presença ou não do dique de partida (até a
cota 915 e acima da cota 920, respectivamente).
65
Figura 3.15 – Locação dos tapetes laterais. Seção típica para as ombreiras entre as cotas 905 e 915
(a) e idem acima da cota 920 (b). (Paulo Abib Engenharia S.A, 1980)
Conforme pode ser observado na figura anterior, verifica-se a presença de uma estrutura
denominada filtro de pé. Esta estrutura, também parte integrante do sistema de
drenagem interna da barragem, responde pela drenagem do excesso de água associada
ao underflow lançado da crista. Além disso, estas estruturas também funcionam como
dispositivos coletores das águas pluviais que possam escoar superficialmente pelo corpo
do aterro, evitando o carreamento de partículas e conseqüentes erosões superficiais.
66
Figura 3.16 – Seção transversal do dreno de pé. (Paulo Abib Engenharia S.A, 1980)
Emboques superiores
Canal lateral
Galeria de fundo
67
A água do reservatório, ao entrar em contato com a galeria na encosta, pode ser
direcionada para o canal lateral ou para a galeria de fundo por meio da abertura das
respectivas comportas (Figura 3.18).
Em geral, a comporta do canal lateral é mantida aberta, uma vez que é interessante, do
ponto de vista ambiental e econômico, que a água, já clarificada, retorne sempre ao
processo de beneficiamento. Por outro lado, a comporta da galeria de fundo é aberta
apenas para controle do nível d’água no reservatório em períodos chuvosos ou de
eventual paralisação da usina.
68
responsável pela barragem definir o nível de fluxo desejado. A Figura 3.19 apresenta o
layout geral da estrutura interna da barragem B5, incluindo-se o dique de partida e os
sistemas de drenagem.
3.3.6 Instrumentação
69
Os instrumentos atuais são compostos por piezômetros Casagrande (PZ), indicadores de
nível d’água (INA), medidores de vazão (MV) e réguas de medida da posição do N.A.
do reservatório. Os primeiros têm por finalidade monitorar as poropressões geradas pela
percolação de água a partir do reservatório, contemplando principalmente as pressões
neutras na fundação da barragem, enquanto os indicadores de nível d’água visam avaliar
o N.A. no interior do maciço, indicando principalmente a eficiência do sistema de
drenagem interna. Os medidores de vazão têm o objetivo de avaliar a eficiência dos
drenos além de dar uma magnitude do fluxo que percola pela barragem enquanto que
as réguas permitem monitorar as cotas do reservatório.
70
Figura 3.20 – Layout da disposição da instrumentação na barragem B5.
SEÇÃO 1
INA 301 943,42 11,58 934,08
INA 302 946,76 13,87 SECO
SEÇÃO 2
INA 303 945,58 28,69 923,59
INA 304 935,00 23,11 SECO
PZ 305 922,13 19,80 904,29
INA 306 922,20 18,02 SECO
SEÇÃO 3
INA 307 946,12 31,63 920,91
INA 308 933,91 26,64 SECO
PZ 309 920,66 16,30 SECO
INA 310 920,69 13,33 SECO
SEÇÃO 4
INA 311 945,10 20,57 930,61
INA 312 943,96 20,20 928,20
INA 313 943,96 23,36 927,98
71
A Figura 3.21 apresenta a localização de alguns piezômetros e indicadores de nível
instalados atualmente na praia da barragem e, em detalhe, um dos instrumentos
instalados no aterro. É interessante destacar que uma correta e sistemática avaliação dos
registros da instrumentação, fundamentada em leituras por pessoal especializado e
segundo uma dada sistemática, torna-se fundamental para as análises de percolação em
barragens. Este fato é ainda mais evidente, no escopo deste trabalho, no qual se propõe
uma calibração de um modelo numérico de fluxo via dados da instrumentação da
barragem.
(a) (b)
Figura 3.21 – Conjunto de instrumentos dispostos ao longo da praia/aterro da barragem (a)
e detalhe típico de um dos instrumentos instalados (b).
72
CAPÍTULO 4
4.1 INTRODUÇÃO
73
a parte de montante e reservatório da barragem, e os rejeitos de flotação (underflow e
overflow), que são ciclonados na crista da barragem e formam o aterro e praia,
respectivamente.
É importante destacar que especialmente para este trabalho, face o desejo de se avaliar a
segurança da barragem B5, a caracterização tecnológica contemplara apenas os rejeitos
de flotação, visto sua função estrutural para a barragem. Adicionalmente, as
características geotécnicas apresentadas neste capitulo servirão como banco de dados de
entrada para os modelos numéricos abordados nos Capítulos 6 e 7.
A amostragem é sem dúvida uma das etapas mais importantes no que concerne uma
intervenção investigativa em uma barragem de rejeitos. Uma consistente distribuição
geométrica dos pontos de coleta, bem como a correta determinação das posições
relativas aos ensaios de campo, torna-se fundamental para a representatividade dos
resultados.
74
4.2.1 Determinação dos pontos de amostragem
A Figura 4.1 apresenta uma planta da barragem B5 com a identificação das duas seções
escolhidas para o estudo das características dos rejeitos.
Escala 1: 2500
Figura 4.1 – Planta parcial e identificação das seções geotécnicas escolhidas da barragem B5.
Pela Figura 4.2, observa-se que a praia, em virtude de suas características peculiares
como a segregação granulométrica que condiciona uma maior heterogeneidade, foi
contemplada com um total de seis pontos de amostragem. Estes pontos foram definidos
no campo a partir da crista da barragem, distribuídos uniformemente pela praia até a
região com capacidade de suporte próxima ao lago. No aterro, foram tomados três
pontos de amostragem, nas cotas 920 e 930 e na crista da barragem.
75
(a)
(b)
Figura 4.2 – Perfil típico para a Seção S1 (a) . Detalhe da localização dos pontos de amostragem (b).
76
Para a identificação das amostras, adotou-se um código baseado na designação do nome
da seção e da distância de coleta em relação ao ponto de lançamento. A letra F indica
que a amostra pertence à praia (Furo), enquanto que a letra A refere-se ao aterro. A letra
U, inserida entre o código do aterro, indica que a amostra caracteriza o rejeito grosso
(Underflow) disposto na região considerada.
• Pré-análises:
• Ensaios de Campo:
77
o Em cada um dos pontos foram coletadas, em sacos plásticos, amostras
deformadas do rejeito, identificadas e posteriormente encaminhadas ao
Laboratório de Geotecnia da UFOP para ensaios específicos.
• Ensaios de Laboratório:
o Para todas as amostras foi avaliada a densidade real dos grãos – Gs;
78
4.3 PERFIS DE COMPACIDADE RELATIVA
Índice de resistência à
Solo Designação
penetração
<4 Fofa
5–8 Pouco Compacta
Areia e Silte arenoso 9 – 18 Medianamente Compacta
19 – 40 Compacta
> 40 Muito Compacta
<2 Muito Mole
3–5 Mole
Argila e Silte Argiloso 6 – 10 Média
11 – 19 Rija
> 19 Dura
Uma importante aplicação do número NSPT obtido pela execução dos ensaios SPT é a
estimativa de parâmetros geotécnicos. Em solos granulares, é prática comum estabelecer
correlações entre NSPT e a densidade relativa ou o ângulo de atrito efetivo do solo φ’.
79
Gibbs & Holtz (1957) e Skempton (1986) apresentam correlações (Equações 4.1 e 4.2)
que podem ser utilizadas na estimativa de Dr:
1
Dr =
(N ) 2
Gibbs & Holtz (1957) (4.1)
0,23σ vo + 16
Dr =
(N ) 2
Skempton (1986) (4.2)
0,28σ vo + 27
De Mello (1971) e Bolton (1986) apresentam correlações (Equações 4.3 e 4.4) que
permitem estimar o ângulo de atrito efetivo φ’ a partir de Dr:
Nestas equações σ’vo e p’ são expressos em kN/m2, Dr em decimais e NSPT = N60, isto é,
recomenda-se corrigir a medida de resistência em função da energia de cravação.
sendo:
80
propostas, foram executadas sondagens SPT imediatamente antes da instalação do novo
sistema de instrumentação da barragem (indicadores de nível d’água e piezômetros , em
meados de 2004), sendo determinados os valores da resistência NSPT ao longo da
profundidade (Figura 4.3).
Com base nas relações 4.1 e 4.2 e nos valores de resistência a penetração, para cada um
dos instrumentos da seção, foram calculados os valores de densidade relativa e ângulo
de atrito efetivo, para cada metro, desde a cota de topo do furo até seu fundo. Destaca-se
que os valores de NSPT foram corrigidos em função da energia de cravação e o valor de
peso específico adotado para fins de determinação da tensão vertical foi de 17 kN/m3.
As planilhas individuais obtidas para cada um dos instrumentos analisados constam do
Apêndice A deste trabalho.
A partir dos valores de densidade relativa e ângulo de atrito efetivo calculados, tornou-
se possível elaborar gráficos que ilustram a variação destes parâmetros com a
profundidade, para cada uma dos instrumentos analisados. A Figura 4.4 apresenta a
variação da densidade relativa e do ângulo de atrito efetivo dos rejeitos acumulados na
Barragem B5 com a profundidade, para o caso do furo INA 303. Os gráficos similares,
referentes aos demais instrumentos analisados, constam do Apêndice B deste trabalho.
81
Seção S1 - INA 303
Topo = 939.567 (08/2004)
940 940
935 935
930 930
Cota (m)
925 925
915 915
20 30 40 50 60 70 28 32 36 40 44
Densidade Relativa (%) Ângulo de Atrito Efetivo (Graus)
Figura 4.4 – Gráfico indicativo da variação da Densidade Relativa e do Ângulo de Atrito Efetivo
com a profundidade para o instrumento INA 303.
Pela análise dos perfis estimados, é possível observar que o aterro da barragem
apresenta estratos de compacidades relativas diversificadas, que vão desde a condição
fofa até a compacta. Por se tratar de um aterro compactado artificialmente e com baixo
controle tecnológico não se verifica uma homogeneidade de valores de densidade ou
mesmo um aumento de densidade com o aumento do nível de tensão (aumento da
profundidade). De maneira geral, a condição mais densa é verificada superficialmente e
em pequena proporção, enquanto que a condição pouco compacta e medianamente
compacta, preferencialmente distribuída em profundidade, caracteriza a maior parte do
aterro da barragem.
82
Figura 4.5 – Perfis de Compacidade Relativa para o aterro (Seções 1 e 2).
83
Com o intuito de sintetizar quantitativamente os resultados expostos, é apresentado na
Tabela 4.2 um resumo das densidades relativas médias para cada um dos instrumentos,
referente às duas seções analisadas.
Tabela 4.2 – Densidade relativa e ângulo de atrito efetivo médio para os instrumentes analisados.
Analisando a tabela acima, percebe-se que a densidade relativa média observada para o
aterro da barragem, envolvendo a região analisada, é de cerca de 38,7 %, enquanto que
o ângulo de atrito médio é da ordem de 33°. Com relação ao ângulo de atrito, trata-se de
um valor muito pertinente ao material analisado, ao passo que o valor de densidade
relativa encontra-se um pouco abaixo daquele prescrito para empreendimentos desta
natureza.
84
A partir da densidade relativa de campo, determinada através da correlação de Gibbs &
Holtz (1957), tornou-se possível avaliar o índice de vazios “in situ” (e) por meio da
relação 4.6:
emáx − e
Dr =
γ − γ mín γ
× máx
Dr =
emáx − emín
ou
γ máx − γ mín γ (4.6)
sendo: Dr - Densidade Relativa; emax - Índice de vazios máximo; γmáx - Peso específico
seco máximo; e - Índice de vazios “in situ”; γ - Peso específico de campo; emin - Índice
Nesse sentido, para cada cota de furo de sondagem foi possível associar um valor de
índice de vazios ao valor de densidade relativa obtida pela correlação (ver planilhas no
apêndice A deste trabalho). Os valores utilizados para a compacidade máxima e para a
compacidade mínima foram determinados por ensaios realizados em diversas amostras
de rejeito, sendo que os índices utilizados para a avaliação foram àqueles mais
representativos do aterro da barragem como um todo.
Com base nos valores dos índices de vazios in situ, foram estimadas as porosidades (n)
e os pesos específicos secos ( γd ) correspondentes (Tabelas 4.3 a 4.5) para o underflow
na cota atual de coleta, rejeitos na cota 930 e underflow na cota 920,respectivamente.
Tabela 4.3 – Índice de vazios, porosidade e densidade e peso específico seco para cada um dos
instrumentos analisados. (emáx=1,58; emín=0,96; Gs=3,36)
85
Tabela 4.4 – Índice de vazios, porosidade e peso específico seco médios para cada um dos
instrumentos analisados. (emáx=1,63; emín=0,93; Gs=3,47)
Tabela 4.5 – Índice de vazios, porosidade e peso específico seco médios para cada um dos
instrumentos analisados. (emáx=1,61; emín=0,89; Gs=3,42)
Os resultados mostram que os índices de vazios in situ variaram entre 1,33 e 1,36, com
porosidades entre 0,58 e 0,57 e pesos específicos secos entre 1,44 e 1,47 g/cm3.
86
Em estruturas desta natureza, portanto, torna-se imprescindível o controle da
compactação, com a avaliação do grau de compactação (GC) e densidade relativa
aplicados ao rejeito durante o processo de alteamento da barragem. Como parâmetro de
controle exige-se, em geral, um grau de compactação superior a 90 % (Proctor normal)
para a liberação da camada. A Figura 4.6 ilustra o processo do controle de compactação
aplicado durante a execução do alteamento da barragem B5 na cota 930.
Tabela 4.6 – Controle de compactação; camadas finais. (Modificado - Arc Engenharia, 2004)
Dr (%) 66,9 68,6 74,5 72,8 73,7 77,0 77,4 75,3 73,2 72,2
GC (%) 92,9 93,3 93,2 93,3 95,4 94,9 95,1 95,5 95,2 95,7
Tabela 4.7 – Controle de compactação; camadas iniciais. (Modificado - Arc Engenharia, 2004)
87
Para fins de determinação da densidade relativa, utilizou-se para porosidade máxima os
valores de peso específico seco variando entre 1,53 e 1,61 g/cm3 e para porosidade
mínima, valores entre 1,17 e 1,30 g/cm3.
Com relação aos resultados, percebe-se que o aterro da barragem, para a berma 930,
atende aos critérios pré-estabelecidos de controle tecnológico. Por outro lado, quando se
compara o resultado obtido com aqueles calculados analiticamente pelas correlações
anteriores, observa-se uma forte discrepância com relação aos valores de densidade
relativa. Com efeito, enquanto as correlações fornecem um valor de densidade relativa
média de 38 %, as medidas de campo remetem a valores superiores a 65 %. Entretanto,
com relação aos valores de peso específico seco e porosidade, empiricamente
calculados, observa-se que os valores médios obtidos, em torno de 1,45 g/cm3, estão
pertinentes com aqueles verificados em campo.
Com relação à densidade relativa, tal fato pode ser justificado por esta ser uma grandeza
relativa, e, portanto, ser função de outros parâmetros, como porosidade seca máxima e
porosidade seca mínima. Maiores detalhes sobre a validade das correlações utilizadas
serão abordados posteriormente e também em capítulo específico relativo à síntese
global dos resultados.
88
O permeâmetro de Guelph é instalado a uma determinada profundidade do terreno
(Figura 4.7), sendo a carga constante no furo estabelecida e mantida pela regulagem do
nível do fundo de um tubo de ar, localizado no centro do permeâmetro..
89
O modelo teórico de cálculo da condutividade hidráulica está baseado no modelo de
Richards (1931), para fluxo permanente num furo cilíndrico e definido por uma equação
onde a vazão é composta de duas parcelas, sendo a primeira correspondente ao fluxo
saturado e a segunda ao fluxo não saturado, tal que:
Q = A.K fs + BΦ Gm (4.7)
A=
(2.π.H ) + π.a
2
2
(4.8a)
C
B=
(2.π.H )
2
(4.8b)
C
sendo:
Q – vazão a carga constante;
H – altura de água constante;
Kfs – condutividade hidráulica saturada de campo;
ΦGm – potencial matricial de fluxo;
C – fator de forma que depende da razão H/a, sendo a o raio do furo.
Para obtenção dos parâmetros (kfs, φGm e α), podem ser adotados diferentes
procedimentos de ensaios e métodos de cálculo, descritos na literatura técnica. Nos
estudos realizados na Barragem B5, utilizou-se a chamada técnica de uma altura de
carga descrita a seguir (Soto, 1999; Santos, 2004). Os resultados obtidos foram
essencialmente similares aos obtidos por meio de outras metodologias.
C.Q
K fs = (4.9a)
2.π.H
2.π.H + π.a .C +
2 2
C.Q
Φ Gm = (4.9b)
((2.π.H + π.a 2 .C).α + 2.π.H )
2
90
sendo: Kfs – condutividade hidráulica saturada de campo; Q – vazão a carga constante;
C – fator de forma que depende da razão H/a; a - raio do furo; H- altura de água
constante no furo; α – constante que depende das propriedades do solo, principalmente
macroporosidade e textura.
Por outro lado, o fator de forma C pode ser obtido por meio do ábaco dado na Figura
4.8. Este fator corresponde à expressão numérica da forma do bulbo de solo saturado,
que se forma quando é aplicada uma carga constante no furo executado no terreno. Este
bulbo, por sua vez, é muito estável e sua forma depende do tipo de solo, do raio e da
carga de água no furo.
Qi = AxR i (4.10)
91
Figura 4.8 – Ábaco do fator de forma C (Soilmoisture Equipment Corp., 1986).
Assim, neste procedimento de uma altura de carga, após a determinação dos valores de
C, α , Q e das condições geométricas do furo, aplica-se a relação (4.9a) para a
estimativa da permeabilidade saturada de campo, em cm/s.
92
Figura 4.9 – Ensaios de campo com o permeâmetro de Guelph
• O ensaio foi finalizado após atingir fluxo em regime permanente. Para esse objetivo,
o fluxo de saída d’água para o solo é controlado pelos registros de queda no nível do
reservatório em intervalos de tempo regulares. Desta forma, quando a vazão é observada
constante por 3 leituras consecutivas, admite-se a validade do fluxo em regime
permanente.
93
Tabela 4.9 – Valores de coeficiente de permeabilidade determinados pelo ensaio com o
permeâmetro de Guelph ao longo da praia de rejeitos.
SEÇÃO 1 SEÇÃO 2
distância da distância da
amostra Kfs (cm/s) amostra Kfs (cm/s)
crista crista
F1 5m 2,73 x 10-3 F1 5m 6,3 x 10-3
F2 17m 4,30 x 10-3 F2 17m 3,88 x 10-3
F3 30m 3,15 x 10-3 F3 30m 3,15 x 10-3
F4 42m 3,90 x 10-3 F4 42m 2,31 x 10-3
F5 55m 3,39 x 10-3 F5 55m 1,47 x 10-3
F6 72m 2,4 x 10-3 F6 72m 1,23 x 10-3
Os resultados indicam uma permeabilidade na praia da ordem de 10-3 cm/s, valor típico
de materiais arenosos a areno-siltosos e, portanto, pertinentes ao material em estudo. A
Figura 4.10 ilustra a variação dos coeficientes de permeabilidade obtidos ao longo da
praia, em função da distância à crista.
0,007
COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE (CM/S)
0,006 SEÇÃO 2
SEÇÃO 1
0,005 Expon. (SEÇÃO 2)
0,004
0,003
0,002
y = 0.0065e-0.0245x
0,001 R2 = 0.9749
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80
DISTÂNCIA DO PONTO DE LANÇAMENTO (METROS)
94
Pela análise do gráfico, é possível perceber que o rejeito depositado ao longo da seção 2
obedece a uma tendência de diminuição de permeabilidades ao longo do comprimento
da praia, enquanto que, na seção 1, tal tendência não é verificada. Tal fato pode estar
associado às condições operacionais da barragem de rejeitos B5, uma vez que são
observadas, com freqüência, operações como o lançamento ou espigotamento de rejeitos
totais (sem ciclonagem) na praia da barragem e os resultados obtidos traduzem esta
variabilidade dos materiais acumulados.
SEÇÃO 1 SEÇÃO 2
amostra cota Kfs (cm/s) amostra cota Kfs (cm/s)
S1-A1 930 5,88 x 10-3 S2-A1 930 4,30 x 10-3
S1-A2 920 1,26 x 10-3 S2-A2 920 2,41 x 10-3
95
4.6 DENSIDADES “IN SITU” USANDO O CILINDRO BISELADO
Tabela 4.11 – Valores de peso específico seco e teor de umidade determinados em campo.
SEÇÃO 1 SEÇÃO 2
amostra umidade γd (g/cm3) amostra umidade γd (g/cm3)
S1-F1 16,8% 1,43 S2-F1 16,10% 1,45
S1-F2 12,84% 1,52 S2-F2 21,23% 1,5
S1-F3 22,5% 1,51 S2-F3 18,79% 1,49
S1-F4 21,6 % 1,44 S2-F4 37,83% 1,36
S1-F5 27,20% 1,46 S2-F5 32,67% 1,44
S1-F6 33,15% 1,43 S2-F6 32,99% 1,40
S1-A1 10,55% 1,50 S2-A1 10,29% 1,53
S1-A2 6,16% 1,44 S2-A2 8,32% 1,47
96
Para rejeitos de mineração, em geral, tais análises não são tão simples, uma vez que
análises desta natureza não podem ser feitas, uma vez que outros fatores, como as
características químicas, mineralógicas, ou deposicionais, exercem forte influência na
tipologia dos rejeitos depositados na barragem. Assim, provavelmente, os rejeitos
depositados na praia possuem um maior teor de ferro (magnetita/hematita) quando
comparados com aqueles lançados à jusante; além disso, as próprias características de
lançamento destes rejeitos na praia podem conferir uma maior densificação aos
mesmos. Estes aspectos serão rediscutidos na etapa final deste trabalho, quando da
abordagem integrada de todas as análises realizadas.
97
CAPÍTULO 5
Como os rejeitos de mineração não são materiais de origem natural, sendo sua origem
associada a processos físicos de britagem e ciclonagem ou a processos’ químicos (de
flotação), as análises convencionais, baseadas na lei de Stokes, podem induzir erros
cumulativos em função do formato não esférico dos grãos ou de uma composição
química com elevados teores de ferro e, portanto, elevada densidade dos grãos.
98
Figura 5.1 – Granulômetro a Laser e acessórios.
A preparação das amostras consistiu na passagem do rejeito pela peneira # 40, seguida
de homogeneização e inserção de cerca de 10g no compartimento específico do
granulômetro a laser. Foram efetuadas duas análises por amostra, com grande
repetibilidade dos ensaios. As Figuras 5.2 e 5.3 apresentam as curvas granulométricas
obtidas para os rejeitos coletados na praia para as seções 1 e 2, respectivamente.
Analisando a curva granulométrica dos rejeitos depositados na seção S1, observa-se que
os rejeitos acumulados nesta região da barragem não apresentam os efeitos típicos da
segregação hidráulica ao longo de uma praia de rejeitos, que foi afetada potencialmente
por outras variáveis como, por exemplo, a intercalação de lançamento de rejeitos
grossos e/ou totais em detrimento ao processo convencional de ciclonagem. Por outro
lado, na seção S2, este fenômeno é claramente evidenciado, em face da presença de
rejeitos cada vez mais finos à medida que se aproxima do lago da barragem.
99
SEÇÃO S1 - GRANULOMETRIA À LASER
100
90
80
F1
70
F2
% que passa
60
50 F3
40
F4
30
F5
20
10 F6
0
0,00001 0,0001 0,001 0,01 0,1 1 10 100
Figura 5.2 – Curvas granulométricas para os rejeitos depositados na praia para a seção S1.
90
80
F1
70
60
F2
% que Passa
50 F3
40
F4
30
F5
20
10 F6
0
0,00001 0,0001 0,001 0,01 0,1 1 10 100
Figura 5.3 – Curvas granulométricas para os rejeitos depositados na praia para a seção S2.
100
Tabela 5.1 – Frações granulométricas de todas as amostras da praia - NBR 6502 (ABNT, 1993)
90
S1-A1 (930)
80
70 S1-A2 (920)
% que passa
60
S1-U-A1
50
40 S2-A1 (930)
30
S2-A2 (920)
20
10 S2-U-A2
0
0,00001 0,0001 0,001 0,01 0,1 1 10 100
Diâmetro das Partículas (mm)
101
Tabela 5.2 – Frações granulométricas para as amostras do aterro - NBR 6502 (ABNT, 1993)
Com relação ao aterro, observa-se que os rejeitos dispostos na cota 930 são
granulometricamente semelhantes entre si para as duas seções estudadas, da mesma
forma que aqueles na cota 920. Por outro lado, os rejeitos atualmente dispostos (cota
940) são sensivelmente mais grossos que os rejeitos mais antigos, amostrados nas
bermas 920 e 930.
102
5.2 DENSIDADE DOS GRÃOS - GS
A densidade dos grãos que compõe um determinado tipo de solo está diretamente
relacionada com sua natureza, origem e composição química. Os rejeitos de minério de
ferro, por exemplo, por serem compostos basicamente de partículas de quartzo e de
hematita, podem apresentar valores de Gs superiores a 4. Espósito (2000) e Presotti
(2002) obtiveram, para ajustes sensivelmente lineares, relações entre massas específicas
e teores de Fe no caso dos rejeitos de minério de ferro, constatando-se uma forte
tendência de acréscimo do valor da massa específica dos grãos com o aumento do teor
de ferro presente.
Para os rejeitos em estudo, apesar de não serem constituídos essencialmente por ferro e
quartzo, sabe-se que boa parte de sua composição químico-mineralógica envolve estes
dois elementos. Os ensaios para a determinação da massa específica dos grãos (ρs)
foram executados de acordo com os procedimentos prescritos pela norma NBR 6508
(ABNT, 1984a), sendo os resultados apresentados nas Tabelas 5.3 e 5.4 para os rejeitos
da praia e do aterro, respectivamente.
Amostra ρs (g/cm³)
S1-F1 3,48
S1-F2 3,62
S1-F3 3,51
S1-F4 3,5
S1-F5 3,47
S1-F6 3,62
S2-F1 3,44
S2-F2 3,57
S2-F3 3,41
S2-F4 3,52
S2-F5 3,44
S2-F6 3,44
103
Tabela 5.4 – Massa específica das amostras de rejeitos do aterro.
Amostra ρs (g/cm³)
S1-A1 3,45
S1-A2 3,38
S1-U-A1 3,21
S2-A1 3,45
S2-A2 3,47
S2-U-A2 3,36
Por outro lado, pode-se observar que os rejeitos lançados atualmente no aterro
(identificados com a letra U) apresentam-se com a menor densidade dos grãos entre
todos os analisados. Tal fato, associado à análise granulométrica anterior, pode levar a
uma conclusão preliminar tal que, quanto mais grosso o rejeito, menor a densidade de
suas partículas constituintes.
Por outro lado, a determinação dos índices de vazios máximo e mínimo dos rejeitos se
justifica também em termos da preparação de amostras reconstituídas para a realização
de ensaios de resistência ao cisalhamento e permeabilidade. Conhecidos os limites de
compacidade, a moldagem das amostras de rejeito pode ser realizada em um
determinado índice de vazios, a fim de se obter o grau de compacidade desejado.
Tais normas, entretanto, são restritas a materiais não-coesivos que apresentam teor de
104
finos inferior a 12%. De acordo com Presotti (2002) e Santos (2004), entretanto, esta
restrição só se aplica quando as partículas finas acarretam um efeito tipicamente coesivo
aos materiais (caso dos solos naturais). No caso dos rejeitos de flotação, cuja fração
fina apresenta-se isenta de características coesivas, propõe-se a plena adoção dos
procedimentos normativos sugeridos acima, mesmo sendo o percentual de finos dos
rejeitos estudados superior a 12%.
A técnica adotada para a obtenção dos índices de vazios máximos foi a de pluviação
com material seco, adotando-se os procedimentos preconizados na norma MB-3324/91
(ABNT, 1991). É pertinente destacar-se que tanto para a determinação da porosidade
mínima, quanto para a porosidade máxima foram realizadas três determinações, sendo o
resultado representado pela média dos três ensaios. As Tabelas 5.5 e 5.6 apresentam os
valores dos índices de vazios máximos e mínimos obtidos para parte das amostras de
rejeitos coletadas ao longo da praia e no aterro da Barragem B5, respectivamente.
105
Tabela 5.5 –Valores dos índices de vazios mínimo e máximo dos rejeitos coletados na praia.
3 3
Amostra ρs (g/cm³) emín máx (g/cm ) emáx mín (g/cm )
S1-F2 3,62 0,80 2,01 1,46 1,47
S1-F4 3,5 0,82 1,92 1,46 1,42
S1-F6 3,62 0,90 1,91 1,57 1,41
S2-F1 3,44 0,80 1,91 1,44 1,41
S2-F3 3,41 0,71 1,99 1,37 1,44
S2-F5 3,44 0,84 1,87 1,51 1,37
Tabela 5.6 –Valores dos índices de vazios mínimo e máximo dos rejeitos coletados no aterro.
3
Amostra ρs (g/cm³) emín máx (g/cm ) emáx mín (g/cm3)
S1-A1 3,45 1,00 1,71 1,67 1,28
S1-A2 3,38 0,89 1,81 1,61 1,31
S1-U-A1 3,21 0,92 1,67 1,59 1,24
S2-A1 3,45 0,93 1,8 1,63 1,32
S2-A2 3,47 0,88 1,84 1,56 1,35
S2-U-A2 3,36 0,96 1,71 1,58 1,3
M d = Vρ s (1 − n) (5.1)
106
As técnicas de moldagem dos corpos de prova variaram em função da densidade
requerida para a amostra. Para os corpos de prova mais densos, foi utilizada a técnica de
compactação dinâmica em material seco e em 4 camadas. Para os corpos de prova fofos,
adotou-se a técnica de pluviação a seco através de um tubo com 1,5 cm de diâmetro e,
acrescentando-se a esta técnica um certo número de golpes nas paredes laterais do
molde, foram preparados os corpos de prova com porosidades intermediárias.
O ensaio foi realizado de acordo com as prescrições da Norma NBR 13292 (ABNT,
1995), sendo implementadas algumas alterações adicionais. Embora a norma
especifique a utilização de uma bomba de vácuo no processo de saturação da amostra,
optou-se pela utilização de um processo de saturação por meio de percolação por fluxo
ascendente, monitorado continuamente durante toda esta etapa do ensaio. Os resultados
dos ensaios de carga constante, realizados com os rejeitos da praia da Barragem B5,
foram representados por meio de curvas correlacionando as velocidades de percolação
(cm/s) a 20ºC e os gradientes hidráulicos correspondentes (Figura 5.6).
107
Praia - Amostra S1-F4 (20%)
3,00E-03
y = 3,07E-03x
2,50E-03
R2 = 9,95E-01
2,00E-03
Velocidade
1,50E-03
1,00E-03
5,00E-04
0,00E+00
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00
Gradiente
Figura 5.6 – Curva velocidade de percolação versus gradiente hidráulico para a amostra S1-F4
(densidade relativa de 20%).
Veifica-se ainda que as densidades relativas utilizadas nos ensaios foram diferentes dos
valores medidos em campo. Tal fato se deve à dificuldade de se reconstituir as amostras
próximas ao seu valor de porosidade máxima. Nesse sentido, após várias tentativas, a
densidade relativa mínima alcançada para o ensaio foi de 20%, sendo assim aplicada a
todas as amostras da praia, com o intuito de, assim, caracterizar a condição in situ destes
rejeitos. É importante ressaltar que densidades relativas dessa ordem já eram esperadas
para a praia, em função tanto da granulometria mais fina destes rejeitos como,
principalmente, pela ausência de compactação mecânica nesta região.
108
Tabela 5.7 - Valores dos coeficientes de permeabilidade para diferentes condições de moldagem
(rejeitos da praia)
Amostra S1-F2
Campo
γd (g/cm3) γd máx (g/cm3) γd mín (g/cm3) Dr (%)
1,52 2,01 1,47 12,24
Ensaio Dr (%) γd (g/cm3) Ksat. 20OC (cm/s)
20 1,55 2,49 x 10-3
Amostra S1-F4
Campo
γd (g/cm3) γd máx (g/cm3) γd mín (g/cm3) Dr (%)
1,44 1,92 1,42 5,34
Dr (%) γd (g/cm3) Ksat. 20OC (cm/s)
Ensaio 20 1,498 3,07 x 10-3
60 1,682 9,01 x 10-4
Amostra S1-F6
Campo
γd (g/cm3) γd máx (g/cm3) γd mín (g/cm3) Dr (%)
1,43 1,91 1,41 5,33
Dr (%) γd (g/cm3) Ksat. 20OC (cm/s)
Ensaio 20 1,48 2,01 x 10-3
60 1,67 8,67 x 10-4
Amostra S2-F1
Campo
γd (g/cm3) γd máx (g/cm3) γd mín (g/cm3) Dr (%)
1,45 1,91 1,41 10,54
Dr (%) γd (g/cm3) Ksat. 20OC (cm/s)
Ensaio 20 1,488 3,89 x 10-3
60 1,67 9,33 x 10-4
Amostra S2-F3
Campo
γd (g/cm3) γd máx (g/cm3) γd mín (g/cm3) Dr (%)
1,49 1,99 1,44 12,14
109
observada na seção 2 é mais satisfatória que aquela verificada na seção 1, uma vez que
menores valores de permeabilidade dos rejeitos acumulados na praia contribuem para
uma maior depleção da linha freática e, portanto, para a estabilidade global da estrutura.
Verifica-se que os valores médios de peso específico seco, medidos durante o controle
de compactação da berma 930 (1,456 g/cm3), são praticamente iguais àqueles obtidos
indiretamente pela correlação (entre 1,44 e 1,46 g/cm3). Porém, quando se observa à
densidade relativa, os valores médios determinados para o controle de compactação (em
torno de 70%) são muito superiores aos determinados pela correlação de Gibbs & Holtz
(1957), que foram da ordem de 38 %. Tal discrepância resulta de um provável erro da
estimativa dos estados limites de compacidade dos rejeitos acumulados, quando da fase
de controle da compactação da berma 930.
Tal conclusão se justifica pelo fato de que, quando se aplica os valores de emáx e emín
determinados nesta dissertação aos valores de peso específico seco medidos, tanto em
termos dos valores in situ obtidos durante o controle de compactação quanto obtidos
pela correlação, observa-se uma clara equivalência aos valores obtidos pela equação
empírica e não naqueles determinados pelo controle de compactação. Adicionalmente,
durante o processo de moldagem das amostras, constatou-se que as amostras, moldadas
num estado próximo ao valor do peso específico seco avaliado para o aterro (1,48
g/cm3), encontravam-se mais afetas a uma condição fofa / intermediária (Dr em torno de
38%) do que compacta (Dr acima de 65%), face ao preenchimento do permeâmetro
apenas por pluviação. Tal fato ratifica a pertinência dos parâmetros medidos neste
trabalho em detrimento daqueles obtidos no controle de compactação da berma 930.
110
De maneira análoga àquela realizada para os rejeitos da praia, onde os ensaios foram
executados para diferentes densidades, os rejeitos do aterro também foram submetidos a
variações de densidades nas moldagens dos ensaios. Por se tratar de uma região cuja
compacidade esta condicionada à compactação mecânica, optou-se por ensaiar todas as
amostras em uma ampla faixa de densidades relativas, desde a condição fofa até uma
condição muito compacta, sendo ensaiadas apenas uma amostra referente a cada cota,
visto sua semelhança granulométrica (Tabela 5.8).
Tabela 5.8 - Valores dos coeficientes de permeabilidade para diferentes condições de moldagem
(rejeitos do aterro)
Amostra S2-A1
Campo γd (g/cm3) γd máx (g/cm3) γd mín (g/cm3) Dr (%)
C.Compactação 1,456 1,57 1,235 71,14
Correlação 1,47 1,8 1,32 38,27
Dr (%) γd (g/cm3) K sat 20OC (cm/s)
30 1,435 1,67 x 10-3
Ensaio 50 1,523 1,12 x 10-3
60 1,571 9,37 x 10-4
75 1,623 7,98 x 10-4
Amostra S2-A2
Campo γd (g/cm3) γd máx (g/cm3) γd mín (g/cm3) Dr (%)
C.Compactação 1,456 1,57 1,235 71,14
Correlação 1,47 1,81 1,31 39,4
Dr (%) γd (g/cm3) K sat 20OC (cm/s)
Ensaio 30 1,429 1,36 x 10-3
53 1,535 9,59 x 10-4
75 1,652 7,35 x 10-4
Amostra S1-U-A1
Campo γd (g/cm3) γd máx (g/cm3) γd mín (g/cm3) Dr (%)
C.Compactação 1,456 1,57 1,235 71,14
Correlação 1,44 1,67 1,24 53,94
Dr (%) γd (g/cm3) K sat 20OC (cm/s)
Ensaio 30 1,344 7,88 x 10-3
50 1,425 3,88 x 10-3
75 1,537 1,76 x 10-3
Amostra S2-U-A2
Campo γd (g/cm3) γd máx (g/cm3) γd mín (g/cm3) Dr (%)
C.Compactação 1,456 1,57 1,235 71,14
Correlação 1,44 1,71 1,3 40,55
Dr (%) γd (g/cm3) K sat 20OC (cm/s)
Ensaio 30 1,4 4,37 x 10-3
60 1,519 2,19 x 10-3
75 1,585 1,39 x 10-3
111
Os resultados indicam permeabilidades na mesma ordem de grandeza daqueles medidos
para a praia (10-3 cm/s). Entretanto, por estarem submetidos à compactação mecânica,
os rejeitos apresentam maiores densidades relativas, menores índices de vazios e,
portanto, menores permeabilidades. As Figuras 5.7 a 5.10 apresentam a correlação
gráfica entre os coeficientes de permeabilidade dos rejeitos do aterro com as densidades
secas dos materiais.
1,6
Coef. de Permeabilidade (x10-3 cm/s)
1,4
1,2 y = 481,12e-3,9612x
R2 = 0,9921
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
1,4 1,45 1,5 1,55 1,6 1,65
Figura 5.7 – Relação Peso específico seco x Coeficiente de Permeabilidade (Amostra S2-A1).
1,6
1,4
Coef. de Permeabilidade (x10-3 cm/s)
1,2
y = 67,494e-2,7497x
1
R2 = 0,9913
0,8
0,6
0,4
0,2
0
1,4 1,45 1,5 1,55 1,6 1,65 1,7
Figura 5.8 – Relação Peso específico seco x Coeficiente de Permeabilidade (Amostra S2-A2).
112
Densidade Seca x Coeficiente de Permeabilidade
Amostra S1-U-A1
6
y = 246208e-7,7232x
5
R2 = 0,9963
4
0
1,3 1,35 1,4 1,45 1,5 1,55
Figura 5.9 – Relação Peso específico seco x Coeficiente de Permeabilidade (Amostra S1-U-A1).
4,5
Coef. de Permeabilidade (x 10-3 cm/s)
3,5
3 y = 24079e-6,1455x
2,5
R2 = 0,9979
1,5
0,5
0
1,35 1,4 1,45 1,5 1,55 1,6
Figura 5.10 – Relação Peso específico seco x Coeficiente de Permeabilidade (Amostra S2-U-A2).
Estas relações indicam bons ajustes exponenciais entre os valores dos coeficientes de
permeabilidade e os pesos específicos secos para ambas as amostras do aterro ensaiadas,
com uma condição francamente mais permeável para os rejeitos acumulados atualmente
no aterro da Barragem B5. Nesse contexto, a partir dos gráficos obtidos, fica possível
estimar a permeabilidade dos rejeitos do aterro para qualquer condição de densidade
desejada na faixa entre 30 e 75% de densidade relativa. Em análises subseqüentes, com
base nestes dados, tornou-se possível efetuar avaliações da influência das condições de
densidade/permeabilidade dos rejeitos na estabilidade global da barragem.
113
5.5 PARÂMETROS DE RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO.
Para a determinação dos parâmetros de resistência dos rejeitos da Barragem B5, foram
utilizadas amostras similares àquelas utilizadas nos ensaios de permeabilidade, ou seja,
3 amostras da praia para cada seção (sendo uma de cada região representativa da praia)
e amostras diversificadas do aterro. Em analogia aos ensaios prévios de permeabilidade,
foram adotados os mesmos procedimentos para a moldagem e ensaiadas amostras com
diferentes estados de compacidade.
114
Figura 5.11 – Moldagem das amostras em estado fofo para o ensaio de cisalhamento direto.
115
Os resultados de ensaios de cisalhamento com os rejeitos da barragem B5 são ilustrados
nas Figuras 5.13 e 5.14 para o caso da amostra S1-F6, moldada com 15% de densidade
relativa, a menor compacidade obtida nos ensaios. Os resultados obtidos para as demais
amostras estão apresentados no apêndice D deste trabalho.
280
260
240
TENSÃO CISALHANTE (kPa)
220
200
180
160
140 50
120 100
100 200
80 400
60
40
20
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22
DESLOCAMENTO (mm)
Figura 5.13 – Curva tensão cisalhante x deslocamento horizontal (Amostra S1-F6 ; Dr = 15%)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
0,3
0,2
DESLOCAMENTO VERTICAL(mm))
0,1
0,0
-0,1
50 kPa
-0,2 100 kPa
-0,3
200 kPa
400 kPa
-0,4
-0,5
-0,6
-0,7
Figura 5.14 – Curva deslocamento vertical x deslocamento horizontal (Amostra S1-F6 ; Dr = 15%)
116
A Figura 5.15 apresenta o diagrama tensões normais x tensões cisalhantes máximas para
as 4 amostras, ensaiadas sob tensões normais de 50, 100, 200 e 400 kPa. Verifica-se que
o simples ajuste linear aos pares de pontos críticos induziria uma envoltória de ruptura
(linha preta) com interceptos de coesão negativos (fato observado em todos os ensaios
realizados à baixas compacidades). Sendo assim, a atribuição de uma envoltória linear
única para toda a faixa de tensões estudadas seria pouco recomendada, de forma que a
mesma tende a apresentar uma curvatura ligeiramente côncava sob baixas tensões
confinantes (linha vermelha).
280,0
260,0
y = 0,6318x - 17,377
TENSÃO CISALHANTE (kPa)
240,0
2
220,0 R = 0,9996
200,0
180,0
160,0
140,0
120,0
100,0
80,0
60,0
40,0
20,0
0,0
0,0 50,0 100,0 150,0 200,0 250,0 300,0 350,0 400,0
Figura 5.15– Envoltórias de ruptura dos ensaios de cisalhamento direto (Amostra S1-F6; Dr = 15%)
117
As Tabelas 5.9 e 5.10 apresentam os valores dos parâmetros de resistência obtidos a
partir da análise dos resultados dos ensaios de cisalhamento direto, para as amostras
ensaiadas da praia e do aterro de rejeitos da Barragem B5, respectivamente, tomando-se
interceptos de coesão nulos e ângulos de atrito definidos pelo trecho linear ajustado das
envoltórias de ruptura.
(praia de rejeitos).
Amostra S1-F2
118
Tabela 5.10 – Parâmetros de resistência por ensaios de cisalhamento direto
(aterro de rejeitos).
Amostra S2-U-A1
Campo γd (g/cm3) γd máx (g/cm3) γd mín (g/cm3) Dr (%)
C.Compactação 1,456 1,57 1,235 71,14
Correlação 1,44 1,67 1,24 53,94
Dr (%) γd (g/cm3)φ´ (graus) Inter. de coesão
Ensaio 25 1,326 32,9 0
55 1,425 38,1 0
80 1,562 41,1 0
Amostra S1-U-A2
Campo γd (g/cm3) γd máx (g/cm3) γd mín (g/cm3) Dr (%)
C.Compactação 1,456 1,57 1,235 71,14
Correlação 1,44 1,71 1,3 40,55
Dr (%) γd (g/cm3) φ´ (graus) Inter. de coesão
Ensaio 25 1,384 32,3 0
55 1,497 37,3 0
80 1,609 40,5 0
Observa-se que ângulos de atrito dos rejeitos são da ordem de 32° a 37°, valores
elevados mesmo para baixos estados de compacidade, resultado da característica
tipicamente angulosa dos grãos e dos efeitos de embricamento entre os mesmos. Para as
amostras com rejeitos de underflow atuais e compacidade elevada (Dr = 80%), não se
observou o efeito de curvatura da envoltória sob baixas tensões, indicando interceptos
nulos de coesão e ângulos de atrito acima de 40° (em compacidade elevada ocorre um
maior embricamento mesmo em baixas tensões de confinamento diminuindo a
influência da parcela de materiais micáceos).
Neste trabalho, foram realizados séries de ensaios triaxiais tipo CIU, limitados a uma
amostra representativa da praia e duas típicas do aterro. Para a praia, foi ensaiada a
amostra S2-F5, moldada na condição fofa; enquanto que para o aterro, foram ensaiadas
as amostras S1-U-A1, nas condições, fofa, intermediária e compacta e amostra S2-A1,
numa condição de compacidade intermediária. As amostras foram reconstituídas nos
estados de compacidade desejados, por meio do preenchimento, por compactação
mecânica, de um molde bipartido com dimensões internas de 35,5 mm de diâmetro e 80
mm de altura.
119
Analogamente aos processos de moldagem adotados previamente, a reconstituição das
amostras ensaiadas baseou-se na determinação da massa de material seca utilizada para
o preenchimento do volume do molde na densidade desejada. Adicionalmente, com o
intuito de garantir a integridade da amostra após a desmoldagem, foi necessária a adição
de um certo teor de umidade (utilizou-se um teor de umidade de moldagem de 10%).
(a) (b)
O corpo de prova, juntamente com a parte superior do molde bipartido, foi pesado (para
a determinação da massa específica aparente) e apoiado sobre a base da célula triaxial,
usando-se pedras porosas e papéis-filtro. Em seguida, o molde bipartido foi retirado e a
amostra foi cuidadosamente envolvida por um papel filtro. Uma membrana de látex foi
colocada no entorno do CP com o auxílio de um tubo PVC com dispositivo para sucção,
para ancoragem da membrana látex. Após a retirada do tubo PVC, a membrana látex foi
afixada por anéis de borracha aos cap’s superior e inferior do CP, de forma a garantir
sua impermeabilização para posterior aplicação de carregamentos radial e axial. Após a
colocação da membrana, a célula triaxial foi fechada, colocada na prensa e preenchida
com água destilada, dando-se início ao processo de saturação do corpo de prova. (ver
maiores detalhes destes procedimentos de ensaio em Pereira, 2005).
120
O processo de saturação foi constituído de duas etapas. Em uma primeira fase, foi
utilizada a percolação por fluxo ascendente, onde se aplicava um leve confinamento na
amostra (20kPa) associada à imposição de uma carga hidráulica equivalente a 15 kPa na
base da amostra, com a válvula do topo aberta para a coleta da água percolada. O fluxo
era interrompido quando se atingia um volume percolado igual ao dobro do volume da
amostra medido em uma proveta.
Numa segunda fase, aplicava-se contrapressão em estágios de 50 kPa, com controle com
base no parâmetro B de Skempton (1954). A amostra era considerada saturada para um
valor do parâmetro B igual ou superior a 0,97, alcançado, em geral, no terceiro estágio,
(150 kPa). Após a saturação, procedia-se ao adensamento da amostra, utilizando-se uma
contra-pressão de 200 kPa (Head, 1986). As variações de volume estabilizaram em
poucos minutos, graças a relativa permeabilidade das amostras ensaiadas, sendo adotada
como padrão um tempo mínimo de 30 minutos. Na fase final do ensaio, as amostras
foram cisalhadas em condições não drenadas, em uma prensa de deformação controlada,
com velocidade definida a partir dos tempos de adensamento, tendo sido adotada uma
velocidade de 0,09 mm/min para todos os ensaios. A Figura 5.17 apresenta uma vista
geral do equipamento triaxial do Laboratório de Geotecnia da UFOP.
121
Resultados típicos dos ensaios realizados com os rejeitos da Barragem B5 são dados nas
Figuras 5.18 e 5.19, para a amostra S1-U-A1 (Dr = 15%), confinada sob tensões de 50,
100, 200 e 400 kPa (neste caso, adotando-se uma faixa de tensões diferente em relação à
adotada nos demais ensaios – que foram de 75, 150 e 300 kPa, para analisar,
especificamente, a susceptibilidade à liquefação dos rejeitos sob baixas compacidades).
Os resultados obtidos para as demais amostras ensaiadas estão apresentados no
Apêndice E deste trabalho.
550
50 kPa 100 kPa 200 kPa 400 kPa
500
450
400
Tensão Desviadora (kPa)
350
300
250
200
150
100
50
0
0,0% 2,5% 5,0% 7,5% 10,0% 12,5% 15,0% 17,5% 20,0% 22,5%
Deformação axial
250
50 kPa 100 kPa 200 kPa 400 kPa
225
Acréscimo de Poropressão (kPa)
200
175
150
125
100
75
50
25
0
0,0% 2,5% 5,0% 7,5% 10,0% 12,5% 15,0% 17,5% 20,0% 22,5%
Deformação axial
Figura 5.18 – Curvas tensão desviadora versus deformação e poropressão versus deformação
(Amostra S1-U-A1 ; Dr = 15%)
122
300
270 y = 0,5703x
240 2
R = 0,9977
210
180
q (kPa)
150
y = 0,3804x + 3,2302
120 2
R = 0,9978
90
60
30
0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 390 420 450 480 510 540 570 600 630 660
p , p' (kPa)
Figura 5.19 – Envoltórias em termos de tensões totais e efetivas (Amostra S1-U-A1; Dr = 15%)
Com base nos resultados dos ensaios triaxiais, foram estimados os valores dos
parâmetros de resistência dos rejeitos, em termos de tensões totais e efetiva, indicados
na tabela 5.11.
123
Em todos os ensaios, foram também registradas as respectivas trajetórias de tensões
efetivas (TTE’s), elementos de grande relevância para analisar a susceptibilidade à
liquefação dos rejeitos, sob condições estáticas de carregamento. A Figura 5.20 ilustra
as TTE’s correspondentes à amostra S1-U-A1. As trajetórias de tensões efetivas,
correspondentes aos demais ensaios realizados, estão apresentadas no Apêndice E deste
trabalho.
390
360
330
300
270
240
q (kPa)
210
180
150
120
90
60
30
0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 390 420 450 480 510
p' (kPa)
Figura 5.20 – Trajetórias de tensões efetivas dos ensaios para a amostra S1-U-A1 (Dr = 15%)
124
Nesse sentido, embasado nas características gerais do produto inicial (minério) e numa
ampla campanha investigativa, buscou-se estabelecer correlações entre as propriedades
físicas, químicas e mineralógicas dos rejeitos produzidos pela usina com as variáveis
geotécnicas dos materiais em sua condição final de disposição no reservatório da
Barragem B5.
Tabela 5.12 – Composição química e teores médios de sólidos dos rejeitos lançados na barragem B5
Alimentação
Variáveis Underflow Overflow
Total
% Sólidos 30,99 65,29 16,94
P2O5 8,6 9,53 7,44
CaO 8,8 10,24 5,89
Fe2O3 32,11 29,83 36,11
BaSO4 2,44 2,06 2,46
SiO2 18,99 21,48 21,23
MgO 2,12 2,12 2,25
Os dados indicam que a água presente nos rejeitos totais quase que é exclusivamente
eliminada na fração overflow do rejeito. Esta fração também contempla um maior teor
de ferro, bem como menores teores de CaO e P2O5.
125
Para efeitos de correlação, a Tabela 5.13 apresenta as composições químicas para alguns
dos rejeitos analisados. Foram escolhidas, em função das semelhanças granulométricas
dos rejeitos, duas amostras típicas da praia e duas típicas do aterro, representativas das
duas regiões da barragem. Para as determinações dos teores foi utilizada a fluorescência
de raios-X, disponibilizada pela própria empresa.
126
Tabela 5.14 – Análises granuloquímicas para as amostras integrais e frações granulométricas.
Dos resultados da tabela, verifica-se uma maior concentração de ferro para a fração fina
das amostras (amostra mais escura da Figura 5.21, em contraste com a amostra mais
clara da fração mais grossa dos rejeitos, rica em quartzo e micas), relativamente aos
teores presentes na amostra integral, bem como uma redução nos teores de sílica e P2O5.
Por outro lado, estes acréscimos dos teores de ferro são sensivelmente menores para os
rejeitos do aterro relativamente aos rejeitos acumulados na praia da barragem. Durante o
processo de ciclonagem, a maior parte dos elementos ferrosos é encaminhada para a
região à montante da crista e conforma a praia, enquanto que a parcela com maiores
teores de sílica, menos pesada, conforma o aterro.
Adicionalmente, percebe-se que abordagens desta natureza permitem que seja feito até
mesmo um controle visual nas características dos rejeitos depositados na barragem, pelo
controle da coloração e densidade dos rejeitos. Finalmente, é importante destacar que
esta associação entre densidades e teores de ferro pode influenciar sobremaneira o
comportamento geotécnico dos rejeitos, principalmente aqueles lançados e acumulados
ao longo da praia.
127
5.6.2 Caracterização Mineralógica – Microscopia Eletrônica de Varredura
128
Na seqüência, a partir de imagens do MEV dos rejeitos analisados, são apresentadas as
micro-análises químicas para pontos específicos das amostras ensaiadas. Estas análises
são complexas e muito afetadas pela variabilidade mineralógica dos materiais, com a
presença de incrustações no grão de outros minerais secundários. Assim, procurou-se,
nesta fase, isolar e caracterizar quimicamente a composição dos minerais primários
constituintes dos grãos e/ou lamelas dos rejeitos. A Figura 5.24 ilustra a aplicação
destes procedimentos para a amostra S2-F1, determinando-se a composição química de
diferentes 7 pontos da amostra (Tabela 5.15).
Figura 5.24 – Imagem do MEV (Amostra S2-F1), com a indicação dos pontos analisados.
Tttttttt MgO Al2O3 SiO2 P2O5 K2O CaO TiO2 V2O5 MnO Fe2O3 Nb2O5 BaO
S2F1_pt1 0.28 84.33 0.70 14.70
S2F1_pt2 0.50 0.39 72.43 0.70 0.91 25.07
S2F1_pt3 0.17 32.11 66.08 1.65
S2F1_pt4 2.20 2.82 0.16 83.99 5.84 5.00
S2F1_pt5 0.69 0.61 0.99 0.47 97.23
S2F1_pt6 1.10 2.36 0.98 4.19 4.59 57.06 29.72
S2F1_pt7 98.65 1.35
Os grãos maiores e mais escuros são compostos basicamente por SiO2, conforme pode
ser verificado nas composições químicas obtidas para os pontos 1, 2 e 7, o que, aliado à
morfologia dos grãos (presença de fraturas conchoidais) indica tratar-se de grãos de
quartzo. Os grãos mais claros (pontos 5 e 6) apresentam maiores teores de outros óxidos
129
(magnetita ou mesmo hematita no caso do ponto 5 e bário-pirocloro, um típico mineral
do minério do nióbio, no caso do ponto 6). Grãos intermediários, indicados pelos pontos
3 e 4, caracterizam os minerais apatita (composição básica por óxidos de fósforo e
cálcio) titano-magnetita, respectivamente.
Outros exemplos são dados pela Figura 5.25. No caso da amostra S2-F5, constata-se a
presença de micas (ponto 1), apatita (ponto 2) quartzo (ponto 4) e uma fase mais clara,
indicando a presença de óxi-hidróxidos de ferro, como a magnetita e hematita ou
mesmo goetita (ponto 3). Para a amostra S1-F1, a partícula maior (ponto 8) representa
um grão de quartzo e a fase clara (ponto 1) indica os óxi-hidróxidos de ferro. Os pontos
4 e 7 indicam presença de apatita, enquanto que o ponto 6 está associado a uma titano-
magnetita e o ponto 5 a uma barita. Os pontos 2 e 3, por sua vez, indicam também a
presença de grãos de quartzo.
Figura 5.25 – Imagens do MEV (Amostras S2-F5 e S1-F1), com a indicação dos pontos analisados.
Para uma melhor caracterização da morfologia dos grãos, foram feitas ampliações das
imagens de MEV. Assim, a Figura 5.26 apresenta detalhes do formato típico de grãos
apatíticos. São grãos compostos basicamente por CaO e P2O5 (Tabela 5.16), de formato
mais arredondado e de superfície fortemente rugosa. Estes minerais, juntamente com o
quartzo, as micas e os oxi-hidróxidos de ferro são os principais componentes do rejeito.
130
.
Figura 5.26 – Imagem MEV de minerais de apatita presentes nas amostras S2-A1 e S1-F3.
Tabela 5.16 – Composições químicas (%) para grãos minerais da amostra S1-F3.
A Figura 5.27 apresenta a imagem típica de uma lamela de mica que compõe os rejeitos
em estudo (composição química dada na tabela 5.17). Estes minerais, juntamente com o
quartzo, são os que se apresentam com maiores dimensões, representando a fração
grossa dos rejeitos lançados na Barragem B5. No detalhe, observam-se as foliações da
mica, bem como incrustações por pequenos grãos de minerais ferrosos.
131
Tabela 5.17 – Composições químicas (%) para grãos minerais da amostra S1-F3.
Tabela 5.18– Composições químicas (%) para grão mineral da amostra S1-F3.
132
Figura 5.29 – Imagem MEV de mineral presente na amostra S1-A1.
Figura 5.30 – Espectro do quartzo (Figura 5.29) da amostra S1-A1 dos rejeitos.
133
(magnetita, hematita, goetita), barita, pirocloro e suas interações e apatitas, além
dos diversos tipos de argilo-minerais, como a montmorilonita e a vermiculita;
• a densidade dos grãos obtida para os rejeitos analisados (média de 3,3) pode ser
justificada pela presença destes minerais: a baixa densidade dos grãos no caso
das micas e quartzo em geral (aproximadamente 2,65) é compensada pela alta
densidade dos grãos dos oxi-hidróxidos de ferro (aproximadamente 5,3). Por sua
vez, as apatitas, outro dos importantes constituintes das amostras analisadas,
apresentam uma densidade dos grãos aproximada de 3,3;
• as imagens MEV mostram que, de maneira geral, os grãos dos rejeitos são
sensivelmente mais angulares que aqueles de solos granulares convencionais
(areias) e uma significativa presença de micas e grãos de quartzo que, por sua
vez, constituem os grãos com maiores dimensões;
134
CAPÍTULO 6
135
barragem, não apenas em relação à topografia, mas também para a identificação segura
da posição e locação dos instrumentos instalados na barragem de rejeitos. A partir deste
levantamento prévio, foram estabelecidas cinco seções geotécnicas de referência para a
barragem (Figura 6.1).
136
Para isso, fez-se um trabalho de integração do mapa topográfico atualizado da barragem
com os projetos originais (década de 80) e do próprio “as built”, confeccionado,
mediante a sobreposição da topografia atual (executado em meados de dezembro de
2005) sobre o layout do sistema de drenagem interna da barragem (Figura 6.2),
aplicando-se a ambos o mesmo sistema de coordenadas (UTM). Além disso, como
forma de controle, também foram utilizados os dados dos perfis de sondagem referentes
aos instrumentos instalados, permitindo que fossem conferidos as cotas (posições) e a
natureza dos materiais de construção do aterro de rejeitos da barragem.
Figura 6.2 – Layout do sistema de drenagem interna da barragem B5 com as seções de estudo.
As Figuras 6.3, 6.4 e 6.5 apresentam as seções geotécnicas finais obtidas a partir da
aplicação dos procedimentos descritos. Ressalte-se que a seção geotécnica central
(seção C) constitui a seção principal do sistema de drenagem interna da barragem. Com
efeito, toda a água coletada pelo sistema de drenagem lateral da barragem, constituída
por septos drenantes ao longo das ombreiras, é direcionado para esta seção, de onde é
conduzida para fora da barragem por um tapete drenante longitudinal de grandes
proporções (construído na área de várzea da barragem). Assim, grande parte da água de
percolação da barragem de rejeitos, bem como da fundação que são interceptadas pelo
tapete, passam necessariamente por esta seção, desaguando no dreno-de-pé e lançadas
novamente no leito do Córrego Canjica.
137
Figura 6.3 – Seção geotécnica D.
138
Nesse sentido, em face da relevância maior desta seção, uma maior ênfase será dada a
este perfil da barragem. Assim, as análises de percolação e de estabilidade realizadas
contemplarão, além das simulações operacionais da seção, simulações de condições
específicas e críticas. Para as demais seções, a abordagem será limitada apenas às
condições operacionais do empreendimento.
139
Tabela 6.1 – Valores de coeficientes de permeabilidade adotados para os materiais da barragem
permeabilidade (m/s)
Materiais (padrão p/ todas as seções) kv/kh
vertical horizontal
-6
1 Fundação – Silte arenoso (solo residual) 1 x 10 5 x 10-6 0,20
2 Tapete drenante (underflow antigo) 4 x 10-5 1,6 x 10-4 0,25
3 Filtro (Magnetita) 9 x 10-5 9 x 10-5 1
-4
4 Tapete drenante (Pedrisco) 8 x 10 8 x 10-4 1
5 Tapete drenante (Brita Fina) 9 x 10-3 9 x 10-3 1
-3
6 Dreno de pé (Quartzito) 8 x 10 8 x 10-3 1
7 Dreno de pé (Enrocamento) 0,1 0,1 1
-8
8 Dique de Partida – Silte argiloso 8 x 10 2,0 x 10-7 0,40
Os dados da Tabela 6.1 mostram que a barragem está assente sobre uma fundação
relativamente permeável, o que, do ponto de vista de segurança da barragem, é muito
interessante, uma vez que tal condição contribui sobremaneira para a depleção da linha
freática no interior do maciço. Por outro lado, as maiores variações das permeabilidades
ocorreram para os materiais do tapete drenante e do dique de partida da barragem (solo
silto-argiloso).
Tabela 6.2 – Valores dos coeficientes de permeabilidade adotados para os rejeitos da barragem.
Permeabilidade (m/s)
Rejeitos da barragem B5
Campo Laboratório
SEÇÃO D
9 Overflow 1 - Praia 3,51 x 10-5 2,49 x 10-5
10 Overflow 2 - Praia 3,52 x 10-5 3,07 x 10-5
11 Overflow 3 - Praia 2,89 x 10-5 2,01 x 10-5
12 Underflow – Aterro. 4,30 x 10-5 2,98 x 10-5
SEÇÃO B
9 Overflow 1 - Praia 5,09 x 10-5 3,89 x 10-5
10 Overflow 2 - Praia 2,73 x 10-5 1,46 x 10-5
11 Overflow 3 - Praia 1,35 x 10-5 5,23 x 10-6
12 Underflow – Aterro. 5,88 x 10-5 3,88 x 10-5
140
Tal subdivisão está relacionada à tentativa, de se incorporar às análises, os efeitos da
segregação de permeabilidades preconizada por Vick (1983). Neste contexto, a praia de
rejeitos foi subdividida em três sub-regiões específicas, delimitadas por uma zona de
alta permeabilidade (material mais grosseiro e mais próximo ao ponto de descarga ou
overflow 1), uma zona de baixa permeabilidade (material mais fino e situada distante do
ponto de lançamento ou overflow 3) e uma zona intermediária entre as anteriores
(material de granulometria média ou overflow 2).
Os valores de laboratório tabelados referem-se aos valores obtidos para as amostras pré-
selecionadas e representativas de cada uma das sub-regiões da praia. Por outro lado,
para os rejeitos do aterro, apesar da diversidade de resultados disponíveis, optou-se por
utilizar os dados referentes aos rejeitos depositados atualmente na barragem B5, isto é,
os dados correspondentes às amostras S1-U-A1 e S2-U-A2. Além disso, é importante
destacar que se optou pela utilização dos resultados dos ensaios de laboratório
determinados para a condição de amostras moldadas com densidades relativas
representativas da situação in situ do aterro, ou seja, para uma condição de densidade
intermediária.
141
Adicionalmente, uma importante característica do programa utilizado é a de permitir a
adoção de diferentes funções de condutividade hidráulica, de modo a simular de forma
mais representativa as condições de fluxo d’água em meios não saturados. Estas funções
estão disponibilizadas pelo programa em função dos tipos de materiais e podem ser
editadas e ajustadas pelo usuário. Assim, uma análise preliminar foi estabelecida no
sentido de se estabelecer a natureza e a geometria destas funções para os vários tipos de
materiais (Figura 6.6), de forma a simular a redução das permeabilidades ao longo de
zonas com poropressões negativas (sucções), bem como o ajuste com as leituras
piezométricas recuperadas de campo.
142
6.3 ANÁLISES DE PERCOLAÇÃO PARA A SEÇÃO CENTRAL
143
6.3.1 Simulações Operacionais
A Tabela 6.3 apresenta uma síntese das medidas nos medidores PZ 315 e MV-1 e do
nível d´água do reservatório durante o ano de 2005, correspondente ao período do
levantamento topográfico mais recente (Dezembro/2005).
Tabela 6.3 – Dados do N.A. do reservatório e leituras dos medidores PZ 315 e MV-1.
Mês Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.
Dia 07 05 09 07 11 08 06 03 15
N.A. 939,86 939,84 941,0 940,66 940,61 941,30 941,70 942,03 941,53
PZ315 920,65 920,44 920,24 920,26 920,19 920,30 920,33 920,25 920,36
MV-1* 15,52 13,95 13,95 13,95 13,95 13,95 13,95 13,95 13,95
* vazões em m3/h.
144
Na modelagem numérica da seção central, foram consideradas ainda as seguintes
condições de contorno:
Tabela 6.4 – Ajuste da calibração do modelo numérico (seção central da barragem B5).
145
PZ 315
950 N.A. - 941,53
Topo 945,152
945 15/12/2005
940
935
930
925
920
915
910
COTA
905
900
895
890 7.8361e-005
885
880
875
Figura 6.7 – Discretização da Seção Central da Barragem B5 e Análise do Fluxo para a condição operacional da barragem, após Calibração do Modelo.
(permeabilidades da seção 2 e razão de anisotropia igual a 8).
PZ 315
950
N.A. - 941,53
Topo 945,152
945 15/12/2005
940
935
930
925
920
915
910
COTA
905
900
895
1.3164e-004
890
885
880
875
Figura 6.8 – Análise do Fluxo para a condição operacional da barragem sem efeitos de segregação hidráulica (permeabilidades da seção 1 e razão de
anisotropia igual a 8).
146
Uma variante da modelação consistiu em se analisar o comportamento da percolação da
barragem em condições operacionais, admitindo-se a hipótese de não ocorrência dos
efeitos de segregação hidráulica ao longo da praia de rejeitos. Assim, as análises
anteriores foram reaplicadas, tomando-se como parâmetros dos rejeitos os valores
obtidos para seção 1 da barragem (mantendo-se inalterada a razão de anisotropias igual
a 8). Esta reanálise está apresentada na Figura 6.8.
147
6.3.2 Simulações de Casos Específicos de Estudo
148
PZ 315
950
N.A. - 941,53
Topo 945,152
945 15/12/2005
940
935
930
925
920
915
910
COTA
905
900
895
890
7.7925e-005
885
880
875
Figura 6.9 – Colmatação parcial do tapete drenante da seção central. Permeabilidade do tapete reduzida em 10 vezes.
PZ 315
950
N.A. - 941,53
Topo 945,152
945 15/12/2005
940
935
930
925
920
915
910
COTA
905
900
895
890
7.3696e-005
885
880
875
Figura 6.10 – Colmatação parcial do tapete drenante da seção central. Permeabilidade do tapete reduzida em 100 vezes.
149
As simulações mostram uma significativa ascensão do nível d´água no talude de jusante
da barragem e acima do tapete drenante. Com relação à posição do NA no piezômetro
PZ 315, verifica-se uma elevação de 28 cm no mesmo para uma redução na
permeabilidade do tapete da ordem de 10 vezes, sendo esta elevação igual a 1,51m no
caso de uma redução da permeabilidade da ordem de 100 vezes.
PZ 315
950
N.A. - 941,53
Topo 945,152
945 15/12/2005
940
935
930
925
920
COTA
915
910
905
4.6715e-005
900
895
890
885
880
875
Figura 6.11 – Colmatação do tapete drenante da seção central (100 vezes menor) associado com a
colmatação do dreno de pé (10.000 vezes menor).
150
6.3.3.2 Variações do N.A. do Reservatório
Conforme pode ser observado, à medida em que o nível d’água se aproxima da crista,
ocorre uma sensível elevação no nível freático interno da barragem. Mais uma vez, as
análises evidenciam que a posição da linha freática é fortemente condicionada pela
presença do tapete drenante; mesmo para uma posição crítica do reservatório (próximo à
crista da barragem), o talude de jusante apresenta-se seco.
Neste sentido, para uma maior representatividade das análises relativas a uma elevação
temporária no nível do reservatório, seria necessária a adoção de análises em regime
transiente. Porém estas análises, além de demandarem informações da variação do N.A.
com o tempo, necessitariam uma avaliação mais detalhada das condições de fluxo nas
regiões não saturadas da praia de rejeitos incluindo-se, por exemplo, a determinação da
curva de retenção destes materiais, bem como a determinação dos parâmetros de sucção
dos rejeitos depositados na praia. Entretanto, destaca-se que, como se está analisando a
estabilidade global da barragem, a hipótese de regime permanente corresponde a uma
condição mais crítica de abordagem, quando comparada com a hipótese de regime
transiente e, portanto, as análises sistematizadas na Figura 6.12 propiciam avaliações
mais conservativas da segurança da barragem de rejeitos B5.
151
PZ 315
950 N.A. - 941,53
Topo 945,152
945 15/12/2005
940
935
930
925
920
915
910
COTA
905
900
895
890
885
880
875
Figura 6.12 – Modelos de fluxo resultantes da variação da cota N.A. do reservatório ao longo da praia de rejeitos da barragem B5.
Tabela 6.5 – Resultados das análises de variação do N.A. do reservatório da barragem B5; regime permanente de fluxo.
6 942,91 0 941,40
152
6.3.3.3 Condições de Pós-Alteamento
Além disso, por serem construídas com o próprio rejeito e, na maioria das vezes, com
baixo controle tecnológico, os materiais nem sempre mantêm os parâmetros de projeto.
Muitas vezes, face a necessidade de disposição de elevados volumes, as barragens são
alteadas além da cota de projeto ou mesmo têm seus métodos de alteamento ou ângulos
de talude modificados, de acordo com a necessidade de armazenamento.
Figura 6.13 – Barragem B5 com alteamentos até a cota final de projeto (cota 950).
153
As análises de percolação foram realizadas a partir do modelo de calibração inicial, com
os coeficientes de permeabilidade estimados pelos ensaios de laboratório para amostras
de rejeitos da seção 2 (Figura 6.7). Com a discretização da nova região dos alteamentos
até a cota 950, seguindo o mesmo padrão de elementos finitos utilizado para a seção de
referência, procedeu-se à análise com o N.A. do reservatório conforme projeto, que é
mostrada na Figura 6.15. Verifica-se que a superfície freática comporta-se de maneira
análoga à da seção de referência, porém, levemente elevada em virtude do aumento na
altura da barragem. Este aumento corresponde a uma elevação de 0,76m na leitura atual
do piezômetro PZ 315 (920,36). Numa condição crítica, com o NA do reservatório
muito próximo à crista da barragem, a análise de fluxo é mostrada na Figura 6.16.
Analogamente ao caso anterior, este efeito induziu uma brusca elevação da superfície
freática no interior do maciço de rejeitos.
Uma situação possível consiste na hipótese de alteamento da barragem B5 até cota 965,
superando em 15m a cota original de projeto. Assim, de maneira análoga às análises na
cota 950, implementou-se um modelo numérico de fluxo para a barragem alteada até a
cota 965 (Figura 6.14), admitindo-se também uma inclinação da praia de 4% e um N.A.
operacional 2m abaixo da cota de crista. Destaca-se que, para evitar que os novos
alteamentos fossem executados sobre o material da praia, os ângulos dos taludes dos
novos alteamentos foram ligeiramente aumentados, passando dos atuais 36° para 45°.
Os resultados da análise operacional da barragem nestas condições, com o N.A. do
reservatório na cota 963 e próximo à crista da barragem, são apresentados nas Figuras
6.17 e 6.18, respectivamente.
154
PZ 315
N.A 498
8.4726e-005
Figura 6.15 – Análise de percolação para a Barragem B5 na cota 950 (Final de projeto; N.A. operacional na cota 948).
PZ 315
2.6365e-004
Figura 6.16 – Análise de percolação para a Barragem B5 na cota 950 (Final de projeto; N.A. crítico na cota 949,62).
155
965
960
955
950
945
940
935
930
925
920
Cota
915
910
905
900
895
890
1.3906e-004
885
880
875
Figura 6.17 – Análise de percolação para a Barragem B5 na cota 965 (Hipótese de alteamento final; N.A. operacional na cota 963).
965
960
955
950
945
940
935
930
925
920
Cota
915
910
905
900
895
890
4.7099e-004
885
880
875
Figura 6.18 – Análise de percolação para a Barragem B5 na cota 965 (Hipótese de alteamento final; N.A. crítico na cota 964,24).
156
Observa-se que, mesmo para a barragem alteada até a cota 965, a presença de
permeabilidades menores e diferenciadas ao longo da praia promove uma forte depleção
da freática, condicionada ainda pelo tapete drenante. Com relação à instrumentação,
nota-se, mais uma vez, um ligeiro aumento na leitura do piezômetro PZ 315 (4,42
metros), em relação à leitura atual.
PZ 315
950 N.A. - 941,53
Topo 945,152
945 15/12/2005
940
935
Sem
930 ciclonagem
925 Com
920 ciclonagem
COTA
915
910
905
900
895
890
885
880
875
157
Conforme pode ser observado na figura anterior, a ausência do processo de ciclonagem
de rejeitos implicou um nível freático interno substancialmente elevado. A ausência da
faixa de permeabilidades diferenciadas e sensivelmente menores na zona de montante
da barragem (condição operacional) restringiu os efeitos de depleção da linha freática a
montante. Para a hipótese anterior em caráter parcial, ou seja, considerando a ocorrência
de não ciclonagem dos rejeitos somente a partir da situação atual da barragem até a sua
cota final de projeto (950), foi obtido o modelo apresentado na Figura 6.20.
Cota 950
Região não ciclonada
Com
ciclonagem
Essa estratificação, por sua vez, tende a estabelecer caminhos preferenciais do fluxo e,
com isso, a um comportamento indesejado semelhante aquele apresentado na figura
6.20. Portanto, destaca-se a necessidade e importância de se evitar o lançamento de
rejeitos não ciclonados ao longo da praia, mesmo que esporadicamente ou em zonas
limitadas do maciço.
158
6.3.3.5 Combinação de Condições Específicas
Uma barragem de rejeitos pode ser submetida a condições críticas pela associação
inadequada de eventos distintos como, por exemplo, a colmatação do sistema de
drenagem interna e chuvas intensas ou uma elevação rápida no reservatório da barragem
e uma pequena extensão da praia de rejeitos. Nesse contexto, foram executadas análises
de percolação através da Barragem B5, a partir do modelo prévio de calibração, para
associações das condições específicas: colmatação do sistema de drenagem interna,
elevação do N.A. do reservatório e nível do reservatório na cota 965.
PZ 315
950 Topo 945,152
945
940
935
930
925
920
COTA
915
910
905
900
895
890
885
880
875
Figura 6.21 – Colmatação do tapete drenante e elevação do N.A. do reservatório para a cota 942,92.
Conforme pode ser observado na figura, a associação das duas condições críticas faz
com que ocorra uma elevação bastante severa do nível freático interno, com saturação
de extensa região do talude de jusante e potencial impacto sobre a segurança e a
estabilidade global da barragem. Nota-se que, ainda nesta condição, o fluxo é
condicionado pela presença do dreno-de-pé, sem chegar a aflorar no talude de jusante.
Assim, numa hipótese mais crítica possível, refez-se a análise acoplada à condição de
colmatação do dreno-de-pé, resultando em uma condição totalmente inconsistente para
a barragem (Figura 6.21).
159
PZ 315
950 Topo 945,152
945
940
935
930
925
920
COTA
915
910
905
900
895
890
885
880
875
Figura 6.22 – Colmatação total do sistema de drenagem interna associada à elevação do N.A. do
reservatório para a cota 942,92.
Para uma acumulação dos rejeitos até a cota 965, além daquela prescrita em projeto
(cota 950), a colmatação do tapete drenante da Barragem B5, por meio de uma redução
de permeabilidade do mesmo da ordem de 100 vezes, resultou na simulação indicada na
Figura 6.23.
965
960
955
950
945
940
935
930
925
Cota
920
915
910
905
900
895
890
885
880
875
Figura 6.23 – Colmatação do tapete drenante associada à elevação da barragem para a cota 965 e
N.A. operacional
160
Em relação à instrumentação, estas duas seções contemplam o maior número de
medidores instalados, cada uma com três medidores de nível d’água e um piezômetro,
conforme indicado nas Figuras 6.3 e 6.4. Entretanto, apesar deste maior número de
instrumentos, estas duas seções apresentam-se mais complexas do ponto de vista de
modelagem numérica, em função da posição relativa (transversal) dos septos drenantes.
Dessa maneira, a ferramenta mais apropriada para uma análise de percolação realística
desta região da barragem seria um software 3-D, numa abordagem tridimensional do
problema. No modelo bidimensional adotado neste trabalho, a presença dos septos
drenantes transversais foram considerados mediante a adoção de uma condição de
contorno conhecida por “fluxo prescrito”, ou seja, prescreveu-se para o septo uma
determinada vazão, teoricamente correspondente a sua transmissividade funcional.
6.4.1 Seção B
161
Tabela 6.6 – Dados de monitoramento da seção B (maio a dezembro/2005).
Para a determinação da vazão a ser prescrita no septo, face ao seu bom funcionamento
verificado (de acordo com a instrumentação), utilizou-se do seguinte artifício numérico:
inicialmente executou-se a análise de percolação prescrevendo pressão nula no septo
drenante, de forma a condicionar a direção da superfície freática em direção ao septo e,
em seguida, colocou-se uma linha para medida de fluxo (outro recurso do software)
imediatamente antes do septo drenante. A vazão de afluente foi, então, medida e
posteriormente associada ao septo por meio da condição de fluxo prescrito.
O resultado desta análise, considerando um fluxo prescrito no septo drenante igual a 2,0
x 10-5 m3/s e os coeficientes de permeabilidade determinados em laboratório para esta
seção (seção 2), é mostrado na figura 6.24.
Figura 6.24 – Análises de percolação para a seção B (considerando um fluxo prescrito no dreno
igual a 2,0 x 10-5 m3/s)
162
Conforme se pode observar na figura, o septo drenante funciona como uma “bomba” de
rebaixamento da superfície freática no interior do maciço. Com relação à
instrumentação, observa-se que a superfície freática determinada numericamente é
coerente com aquela monitorada in situ, uma vez que os instrumentos a jusante do septo
drenante encontram-se secos. Além disso, para a anisotropia e para os coeficientes de
permeabilidade utilizados, o valor numericamente obtido para o medidor INA 307
(920,14) aproxima-se bem daquele medido em campo, que é apenas 77cm superior.
Figura 6.25 – Análises de percolação para a seção B (sem atuação do septo drenante).
Conforme pode ser observado na figura 6.25, a ausência do septo drenante faz com a
superfície freática passe a surgir no pé do talude de jusante da barragem, com os riscos
inerentes a tal condição de inconsistência para o fluxo através do maciço da barragem
(susceptibilidade a erosões hidráulicas ou piping). Por outro lado, os instrumentos
localizados a jusante do septo drenante, que tenderiam a indicar leituras nulas (talude
seco) em situação normal de operação da barragem, passariam a indicar leituras e
pressões piezométricas elevadas e proibitivas, a partir da hipótese de colmatação total
do dreno. A instrumentação local, assim, desempenha papel fundamental no controle e
monitoramento da segurança da barragem.
163
6.4.2 Seção D
A seção D é aquela que se apresenta com o menor número de estruturas internas. Como
está localizada mais lateralmente (região de ombreira), esta seção já não está mais sob a
influência do dique de partida. Nesse sentido, é composta essencialmente pelo septo
lateral distribuído ao longo da ombreira da barragem, com mais ou menos 5m de
largura, diretamente apoiado sobre a fundação da barragem. Devido às similaridades,
foram utilizados os mesmos padrões e procedimentos anteriormente descritos para a
seção B.
164
N.A. 941,72
DEZ. 2005 INA 303
INA 304
PZ 305
INA 306
Figura 6.26 – Análises de percolação para a seção D (considerando um fluxo prescrito no dreno
igual a 1,65 x 10-5 m3/s).
O modelo numérico apresenta, mais uma vez, um ajuste muito bom com os registros da
instrumentação de campo. A linha freática é forçada em direção à interface fundação /
aterro, em função da maior permeabilidade do rejeito em comparação com o material de
fundação. Com relação à medida do instrumento INA 303, localizado a montante do
septo drenante, o modelo numérico forneceu um valor apenas 29 cm superior à leitura
de campo (923,59), enquanto que, para o piezômetro (PZ 305), o modelo indicou uma
leitura apenas 50cm superior à leitura de campo (904,29).
Estas análises podem ser estendidas para a Barragem B5 como um todo, uma vez que as
seções analisadas (central, B e D) contemplam as três diferentes concepções adotadas
para o sistema de drenagem interna. A seção central tipifica a região do tapete drenante
associado ao dreno-de-pé, a seção B contempla a drenagem interna até a cota 915 da
barragem, com os septos drenantes associados ao dique de partida e a seção D, por sua
vez, é representativa do sistema de drenagem interna da barragem a partir da cota 915,
constituída essencialmente pelo tapete drenante ao longo das ombreiras.
165
CAPÍTULO 7
166
da praia. A condição drenada geralmente se aplica para a maioria das análises, pela
natureza tipicamente drenante dos rejeitos de maneira geral, permitindo, assim, uma
rápida dissipação dos excessos de poropressão gerados. Um exemplo prático desta
condição compreende a execução dos alteamentos da barragem de forma lenta, sob
taxas menores que a capacidade do rejeito de dissipar as poropressões geradas. Para este
tipo de análise utilizam-se os parâmetros efetivos.
167
Tabela 7.1 – Parâmetros efetivos de resistência utilizados nas análises de estabilidade.
atrito coesão
material amostra Dr (%) fonte
(o) (kPa)
15 34,8 0
50 40,3 0
underflow S1-U-A1 triaxial
70 40,8 0
Aterro
20 32,3 0
50 37, 3 0 cisalhamento
underflow S2-U-A2
Direto
80 40,5 0
cisalhamento
overflow S2-F5 20 32, 9 0
direto
dique de relatório de
solo argiloso compactado 27,0 6
Outros materiais
partida projeto
relatório de
fundação xisto alterado - 27,0 17, 2
projeto
tapete brita/magnetita/
- 30,0 0 estimado
drenante pedrisco
Observa-se na tabela 7.1, que se adotou um valor único para os parâmetros de rejeitos
da praia, uma vez que os valores obtidos foram essencialmente similares para as três
sub-regiões previamente estabelecidas, tornando tal subdivisão injustificada para as
análises de estabilidade. Para fins das análises, tomou-se como referência os parâmetros
obtidos para a amostra S2-F5, de granulometria mais fina e parâmetros mais baixos.
Para os rejeitos do aterro, foram estimados parâmetros sob diferentes compacidades, de
modo a se avaliar a influência da compacidade relativa dos mesmos na estabilidade da
barragem.
A Tabela 7.2 apresenta os valores dos pesos específicos adotados, tomados a partir dos
relatórios técnicos do projeto original da barragem.
168
Tabela 7.2 – Valores dos pesos específicos dos materiais.
dreno de pé - 19,6 -
tapete - 19,0 -
Seção Central
A análise indica um fator de segurança operacional da barragem, para esta seção e para
os parâmetros e condições impostos, igual a 1,80, com a região potencialmente
mobilizada bastante profunda, passando pelos alteamentos já executados até a cota 930
e interceptando grande trecho da fundação da barragem.
169
1.800
950
945
940
935
930
925
920
Cota
915
910
905
900
895
890
885
880
875
170
1.799
Ainda em relação às condições operacionais, refez-se a análise para uma situação mais
crítica (Figura 7.3), admitindo-se a hipótese de não segregação de permeabilidades ao
longo da praia (permeabilidades relativas à seção 1, parâmetros de resistência a partir da
amostra S1-U-A1 com Dr = 50% e resultados da análise de percolação dada na Figura
6.8). Conclui-se que, embora os efeitos da ciclonagem sejam muito relevantes em
termos de fluxo, esta influência é irrelevante em termos da estabilidade da barragem (FS
obtido igual a 1,79), pela simples comparação da locação das superfícies críticas de
ruptura indicadas nas Figuras 7.1 e 7.3.
1.794
950
945
940
935
930
925
920
Cota
915
910
905
900
895
890
885
880
875
Figura 7.3 – Análise de estabilidade para a seção central (não segregação de permeabilidades).
171
Os resultados mostram que, particularmente no caso da Barragem de rejeitos B5, desde
que mantida a capacidade de drenagem interna, as condições operacionais não
desempenham uma influência crítica em termos de sua estabilidade global, para a seção
analisada. Os condicionantes relativos ao sistema de drenagem interna, anisotropia da
permeabilidade dos rejeitos, permeabilidade da fundação e extensão da praia são
determinantes para a garantia de uma situação bastante favorável da estabilidade da
Barragem B5 em condições operacionais.
Aproveitando esta flexibilidade apresentada pelo programa, também foi feita uma
análise probabilística da estabilidade global/operacional da barragem B5 por meio da
172
variação no ângulo de atrito efetivos dos rejeitos do aterro (underflow). Conforme já
discutido no Capítulo 4, o underflow, por ser submetido ao processo de compactação
mecânica no campo, têm sua compacidade relativa e conseqüentemente os parâmetros
de resistência (atrito apenas) influenciados pela eficiência despendida na compactação.
Assim, como geralmente utiliza-se de baixo controle tecnológico durante a compactação
dos alteamentos, a densidade relativa do aterro e conseqüentemente seu ângulo de atrito
têm grande chance de apresentarem uma dispersão de valores, ou seja, regiões da
barragem mais compactadas e outras menos compactadas. Destaca-se que essa
dispersão de valores de densidade relativa do aterro também foi observada em
avaliações recentes de sua medida no campo (Capítulos 4 e 5 – Caracterização
tecnológica dos rejeitos).
As análises foram feitas a partir da variação do ângulo de atrito de 40.28 (Dr = 50%),
utilizado nas análises operacionais (FS da análise determinística igual 1,8), dentro de
faixas de variação preestabelecidas de acordo com os ensaios já realizados para as
amostras do underflow em outras compacidades. Como o menor valor de ângulo de
atrito obtido para os ensaios realizados nos rejeitos do aterro da barragem forneceu 32
graus (ver resultados no Capítulo 5), estabeleceu-se às faixas de variação deste
parâmetro, para as análises probabilísticas, até, no máximo, 8 graus.
Tabela 7.4 – Probabilidade de ruptura segundo variação do ângulo de atrito para o underflow da
barragem de rejeitos.
Variação do Probabilidade de
FS mín FS máx
ângulo de atrito (o) ruptura
173
Conforme pode ser observado na tabela, mesmo para uma variação no ângulo de atrito
de 8 graus, referente a um rejeito em baixas compacidades relativas no aterro da B5, a
probabilidade de ruptura da barragem é nula. Também pode ser observado, que mesmo
para esta variação máxima, o fator de segurança mínimo para a barragem ainda
encontra-se acima daquele prescrito para obras desta natureza. Além disso, nesta análise
do aterro, evidencia-se ainda mais a importância da fundação na estabilidade global da
barragem, já que esta passa a ser condicionante da estabilidade global.
Apesar de já ter sido mostrado que a probabilidade de ruptura da barragem é nula para
variações no ângulo de atrito de até 8 graus, foi feita a analise de estabilidade
operacional da barragem com estes valores de ângulo de atrito do ensaio de
cisalhamento direto apenas como maneira de complementar as análises. Nesse sentido o
valor obtido para o fator de segurança global operacional da barragem dispondo-se de
ensaios de cisalhamento direto foi de 1,75, ou seja, apenas 0,05 menor que aquele
determinado pelos resultados do ensaio triaxial.
174
Seções B e D
2.120
175
1.607
No caso da seção D, foi obtido um valor de FS igual a 1,61, inferior aos das demais
seções, mas ainda superior ao valor de referência prescrito (FS = 1,5). Do ponto de vista
funcional, o sistema de drenagem de ombreira, representado pelo tapete lateral, também
promove um excelente rebaixamento da linha freática na região de jusante da barragem.
Quanto à posição da superfície crítica de ruptura, a mesma está localizada na parte
inferior do talude de jusante, com mais de 70% de sua extensão ao longo da fundação da
Barragem B5.
176
Neste caso, as hipóteses adotadas para a simulação dos modelos de percolação foram
associadas à possibilidade de uma redução dos parâmetros de compacidade do material,
indicada por uma redução nos parâmetros de resistência.
1.731
177
1.588
1.437
178
7.3.2 Variação do N.A. do Reservatório
1.813
1.787
179
7.3.3 Ausência do Processo de Ciclonagem
1.781
180
Neste contexto, com o intuito de se avaliar a influência da compacidade relativa na
estabilidade da barragem, foram feitas duas reavaliações da sua estabilidade global. No
primeiro caso, relativo a uma eventual perda da eficiência do processo de compactação,
utilizou-se um valor de ângulo de atrito indicativo de condição fofa, isto é, para uma
compacidade relativa inferior a utilizada nas análises operacionais. No segundo caso,
procedeu-se ao contrário, analisando uma condição de maior eficiência e controle
tecnológico do processo de compactação, adotando-se um valor de ângulo de atrito
indicativo de uma condição mais compacta que aquela utilizada na análise operacional.
(Tabela 7.5). Os resultados das análises, para diferentes compacidades relativas (50%,
80% e 20%) são apresentados nas Figuras 7.12 a 7.14.
Tabela 7.5 – Parâmetros de resistência efetivos para análises de estabilidade simulando variações
da compacidade relativa dos rejeitos.
20 32,3 fofa
ensaios de
underflow 50 37,3 in situ
S2-U-A2 cisalhamento
(aterro)
Direto
80 40,5 compacta
cisalhamento
overflow S2-F5 20 32,9 In situ
direto
1.750
950
945
940
935
930
925
920
Cota
915
910
905
900
895
890
885
880
875
181
1.674
950
945
940
935
930
925
920
Cota
915
910
905
900
895
890
885
880
875
1.804
950
945
940
935
930
925
920
Cota
915
910
905
900
895
890
885
880
875
182
condições de percolação operacionais, atendem plenamente aos critérios de segurança
estabelecidos para projetos desta natureza.
Neste item, serão retomados os casos relativos à combinação de eventos críticos, tal
como considerado previamente nos estudos de percolação, procedendo-se às análises de
estabilidade correspondentes.
Esta análise foi implementada associando-se uma elevação do N.A. do reservatório até
próximo à crista com a colmatação do tapete drenante principal da barragem (redução
de 100 vezes na sua permeabilidade) e, posteriormente, vinculando-se a estas duas
condições, também a colmatação do dreno-de-pé da barragem (condição de colmatação
total do sistema de drenagem interna da barragem). Os resultados destas duas análises
de estabilidade estão indicados nas Figuras 7.15 e 7.16, em função dos modelos de
percolação estabelecidos previamente.
183
1.397
1.168
Dessa maneira, é possível concluir-se que, apesar da reduzida influência verificada para
as análises operacionais, a elevação do N.A. no reservatório ou mesmo outras condições
atípicas que remetam a elevações na superfície freática no interior do maciço, quando
associados a um processo de colmatação do sistema de drenagem interna, pode levar a
barragem a níveis muito baixos de segurança, conforme apresentados nas análises de
estabilidade. Tal fato ratifica a importância, mesmo para hipóteses bastante críticas e
atípicas como as aqui consideradas, da manutenção rigorosa do controle tecnológico nas
184
operações de disposição de rejeitos e de manutenção da barragem. Desta forma, mesmo
não influenciando diretamente na estabilidade operacional da barragem, condições
como a ciclonagem dos rejeitos, afastamento do N.A. do reservatório ou segregação de
permeabilidades são de grande relevância para a estabilidade global da barragem.
A hipótese proposta neste item é uma sugestão típica para um potencial mecanismo de
rupturas associadas ao fenômeno da liquefação dos rejeitos. Nesse sentido, as análises
devem incorporar parâmetros de resistência em termos de tensões totais, simulando
carregamentos não drenados de rejeitos finos, fofos e saturados.
1.228
Figura 7.17 – Análise de estabilidade da seção central (colmatação total do sistema de drenagem
interna + elevação do N.A. do reservatório + rejeitos fofos no aterro)
185
Verifica-se que, mesmo com valores inaceitáveis para as condições de segurança
prescritas para a barragem, a hipótese por liquefação dos rejeitos do aterro não induziria
por si só um processo de ruptura global na Barragem B5. Entretanto, estando o material
nas condições críticas mencionadas e no caso da barragem ser submetida a esforços
cisalhantes ou quaisquer carregamentos externos com potencial comprometimento do
equilíbrio da estrutura, a liquefação poderia induzir conseqüências catastróficas. Nesse
sentido, enfatiza-se a necessidade de se manter o processo de compactação e aumento
da compacidade relativa, que têm sido aplicados correntemente no sistema atual de
disposição de rejeitos na região a jusante da Barragem B5.
Adicionalmente, pode ser verificado que a adoção de parâmetros totais condiciona uma
mudança na localização da região potencialmente mobilizada, que se mostra, então,
mais superficial, porém, englobando todo o talude de jusante e não mais a apenas a sua
porção inferior.
186
45°. Tal adoção se justifica pelo propósito de não se promover alteamentos a montante,
isto é, ao longo da na praia de overflow.
1.791
187
1.691
Finalmente, ainda nesta condição final da barragem de rejeitos B5, foram refeitas as
análises, admitindo-se a posição do N.A. do reservatório próximo à crista da barragem.
Estas novas análises de estabilidade estão apresentadas nas Figuras 7.20 e 7.21.
188
1.770
1.587
Conforme pode ser observado nas figuras, mesmo que durante o final da vida útil da
barragem ocorram elevações indesejadas no N.A. do reservatório, condicionados por
uma chuva crítica ou mesmo por problemas no vertedouro de superfície, as condições
189
de estabilidade da barragem ainda se mantêm a níveis muito aceitáveis. Estas análises,
bem como as precedentes, ratificam a condição conservativa do projeto da Barragem B5
em termos de modelos de percolação e à estabilidade quanto a eventuais mecanismos de
rupturas global ou localizadas.
190
CAPÍTULO 8
CONCLUSÕES
191
8.2 CONCLUSÕES GERAIS
De uma maneira geral, enfatiza-se que a integração dos dados e metodologias adotadas
na caracterização tecnológica dos rejeitos de fosfato, por meio de ensaios de laboratório
e campo, mostraram-se bastante eficazes e representativas das condições reais de sua
deposição na Barragem B5.
192
Constatou-se também uma clara tendência de correlação entre os resultados dos
ensaios realizados com o permeâmetro de Guelph e os ensaios em laboratório,
com os valores de permeabilidades do Guelph sistematicamente maiores que os
valores estimados em laboratório (Tabela 8.1 e Figura 8.1).
Campo Laboratório
Ponto Dr (%) k (cm/s) Dr (%) k (cm/s)
S1.F2 12,24 4,30x10-3 20 2,49x10-3
S1.F4 5,33 3,90x10-3 20 3,07x10-3
S1.F6 5,34 2,40x10-3 20 2,01x10-3
S2.F1 7,96 6,30x10-3 20 3,89x10-3
S2.F3 9,78 3,15x10-3 20 1,46x10-3
S2.F5 8,01 1,45x10-3 20 5,23x10-4
Campo x Laboratório
4,5
Carga constante de Laboratório (x10-3 cm/s)
4 y = 0,6292x
R2 = 0,8439
3,5
2,5
1,5
0,5
0
0 1 2 3 4 5 6 7
Permeâmetro de Guelph (x10-3 cm/s)
193
Figura 8.2 – Detalhe da presença de estratos de diferentes granulometrias
(amostra de rejeito extraída da praia da barragem B5).
194
Verificou-se ainda que as micas e os grãos de quartzo constituem as
partículas minerais de maiores dimensões, sendo que os minerais micáceos
exercem uma influência marcante na resistência ao cisalhamento do rejeitos,
principalmente sob compacidade relativas e tensões confinantes mais baixas.
A seção central foi tomada como referência para a implementação das análises
de estabilidade, por se tratar da seção de máxima altura e envolver os maiores
volumes de material em uma eventual ruptura. A seção contempla ainda o tapete
drenante principal ao longo de toda a região de jusante da barragem, que atua
como a principal estrutura de captação e adução das águas de percolação. Desta
forma, nesta região da barragem, foram implementadas análises de diversas
naturezas e situações, envolvendo condições operacionais e específicas impostas
à Barragem B5;
195
Maior porção Mínimo fator
Densidade Mínimo fator
Seção da Situação de Cota do da superfície de segurança
Cota de crista Relativa do de segurança
barragem análise reservatório potencial de obtido na
underflow (%) aceitável
Ruptura análise
1,43
196
Entretanto, é importante destacar que esta condição favorável não significa
desconsiderar as premissas que devem reger o controle e o acompanhamento de
uma obra deste porte; com efeito, as análises de estabilidade demonstraram que,
para condições operacionais indesejadas (como a elevação do N.A.) associadas a
determinadas condições críticas da barragem, como por exemplo, a colmatação
do sistema de drenagem interna, a barragem pode ser seriamente comprometida
em sua segurança global;
197
Apesar dos bons resultados obtidos nas análises de percolação implementadas
para a barragem, um tratamento utilizando um software 3D, como o SEEP 3D,
por exemplo, permitiria uma maior representatividade do estudo das condições
de fluxo interno na Barragem B5, principalmente ao longo das seções laterais,
constituídas por septos drenantes.
Nos últimos anos, após inúmeros acidentes causados por rupturas de barragens e pilhas
de rejeitos, desde instabilizações localizadas até a ruptura global de estruturas de grande
porte (casos recentes das minerações Rio Verde e Cataguases, por exemplo), o processo
de disposição de resíduos de mineração tem sido objeto de novas legislações e intensas
fiscalizações dos órgãos ambientais, exigindo das empresas mineradoras a adoção de
políticas concretas de controle dos impactos da atividade mineradora sobre o meio
ambiente (Pereira, 2005).
Nesse contexto, o trabalho desenvolvido nesta pesquisa, na medida em que sugere uma
rotina de avaliação de segurança mais elaborada (e menos empírica) para barragens
construídas com rejeitos, embasada na caracterização tecnológica dos resíduos e na
previsão de riscos por meio de simulações numéricas, vem contribuir para a prática da
geotecnia aplicada à mineração na adoção de projetos cada vez mais eficazes e
confiáveis, envolvendo rejeitos de mineração.
198
fundamentais quando se deseja avaliar as condições de fluxo e,
conseqüentemente, as condições de estabilidade da barragem;
199
o Avaliar as condições de fluxo interno em função das diferentes extensões
da praia de rejeitos e a influência deste aspecto na segurança global do
empreendimento, permitindo a avaliação adicional da segurança da
barragem em eventos atípicos, de maneira expedita e rápida,
independente de análises mais complexas e demoradas;
Embasados nos objetivos gerais propostos e nos resultados obtidos nesta dissertação de
mestrado, reitera-se a necessidade que os projetos envolvendo barragens de rejeitos de
mineração sejam cada vez mais norteados pela sistemática proposta neste trabalho e que
pode ser resumida da seguinte forma: “Conhecer para poder analisar, Analisar para
poder prever, Prever para poder evitar e Evitar para poder Preservar”.
200
o Ampliar a utilização das técnicas descritas neste trabalho, em especial as
correlações de Gibbs & Holtz e o permeâmetro de Guelph, em outros
tipos de barragens de rejeitos, de maneira a tornar esses procedimentos
uma rotina na investigação geotécnica de estruturas de rejeitos de
mineração
201
Com relação à avaliação de segurança realizada nesta dissertação, sugere-se como
pesquisa futura a adoção da metodologia aqui proposta para outras barragens de rejeitos,
de maneira a se criar e padronizar uma rotina de análises destas estruturas baseada na
previsão de riscos. Adicionalmente, sugere-se que as novas pesquisas incorporem ainda
simulações numéricas para eventos específicos/críticos não avaliados no presente caso,
como a ocorrência de chuvas muito intensas ou de eventos sísmicos, por exemplo.
202
0REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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VICK, S.G. (1983). Planning, Design and Analysis of Tailings Dams. John Wiley &
Sons, Inc., 369 p.
210
ANEXO 1
252
PZ 315
950
N.A. - 941,53
Topo 945,152
945 15/12/2005
940
935
930
925
920
915
910
COTA
905
900
895
890 1.4557e-004
885
880
875
Figura 1.1 – Seção central calibrada (anisotropia de 8) com os coef. de permeabilidade de campo da seção 2. Condição operacional da barragem.
PZ 315
950
N.A. - 941,53
Topo 945,152
945 15/12/2005
940
935
930
925
920
915
910
COTA
905
900
895
890
1.6910e-004
885
880
875
Figura 1.2 –Seção central (anisotropia de 8) com os dados de coef. de permeabilidade de campo da seção 1. Condição crítica, sem segregação hidráulica.
253
PZ 315
950 N.A. - 941,53
Topo 945,152
945 15/12/2005
940
935
930
925
920
915
910
COTA
905
900
895
890
1.1060e-004
885
880
875
Figura 1.3 – Seção central calibrada (anisotropia de 11) com os coef. de permeabilidade de campo da seção 2. Condição operacional da barragem.
PZ 315
950 N.A. - 941,53
Topo 945,152
945 15/12/2005
940
935
930
925
920
915
910
COTA
905
900
895
890
885
880
875
Figura 1.4 –Seção central (anisotropia de 11) com os dados de coef. de permeabilidade de campo da seção 1. Condição crítica, sem segregação hidráulica.
254
PZ 315
950 N.A. - 941,53
Topo 945,152
945 15/12/2005
940
935
930
925
920
915
910
COTA
905
900
895
890
885
880
875
Figura 1.5 –Superfície freática para a seção central com o reservatório na cota 940,51 e praia com 93 metros; regime permanente.
PZ 315
950 N.A. - 941,53
Topo 945,152
945 15/12/2005
940
935
930
925
920
915
910
COTA
905
900
895
890
885
880
875
Figura 1.6 –Superfície freática para a seção central com o reservatório na cota 940,88 e praia com 66 metros; regime permanente.
255
PZ 315
950 N.A. - 941,53
Topo 945,152
945 15/12/2005
940
935
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COTA
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900
895
890
885
880
875
Figura 1.7 –Superfície freática para a seção central com o reservatório na cota 941,27 e praia com 49 metros; regime permanente.
PZ 315
950 N.A. - 941,53
Topo 945,152
945 15/12/2005
940
935
930
925
920
915
910
COTA
905
900
895
890
885
880
875
Figura 1.8 –Superfície freática para a seção central com o reservatório na cota 941,57 e praia com 32 metros; regime permanente.
256
PZ 315
950 N.A. - 941,53
Topo 945,152
945 15/12/2005
940
935
930
925
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915
910
COTA
905
900
895
890
885
880
875
Figura 1.9 –Superfície freática para a seção central com o reservatório na cota 942,02 e praia com 17 metros; regime permanente.
PZ 315
950 N.A. - 941,53
Topo 945,152
945 15/12/2005
940
935
930
925
920
915
910
COTA
905
900
895
890
885
880
875
Figura 1.10 –Superfície freática para a seção central com o reservatório na cota 942,91 e praia com 0 metros; regime permanente.
257
APÊNDICE A
211
Planilha para determinação de propriedades geotécnicas "in Situ" via Correlações de Gibbs & Holtz e De Mello
FURO: INA 303 Topo 939,567 ÍNDICES FÍSICOS DE LABORATÓRIO
SEÇÃO: S- 01 Densidade dos Graõs Parâmetros de compacidade Máximo e Mínimo
N.A. 921,56 - 18 m Data: 20/08/04 Gs = 3,42 emáx = 1,61 emín = 0,89
Cota Profundidade (m) Nspt N60 σ´z Dr (%) φ´ e infer. γd inferido Classificação - NBR – 7.520/82
Tabela A.1 – Planilha para determinação de propriedades geotécnicas “in situ” (Dr, φ, e, d) para o instrumento INA 303.
212
Planilha para determinação de propriedades geotécnicas "in Situ" via Correlações de Gibbs & Holtz e De Mello
FURO: INA 304 Topo 931,91 ÍNDICES FÍSICOS DE LABORATÓRIO
SEÇÃO: S- 01 Densidade dos Graõs Parâmetros de compacidade Máximo e Mínimo
N.A. Seco Data: 26/08/04 Gs = 3,42 emáx = 1,61 emín = 0,89
Cota Profundidade (m) Nspt N60 σ´z Dr (%) φ´ e infer. γd inferido Classificação - NBR – 7.520/82
Tabela A.2 – Planilha para determinação de propriedades geotécnicas “in situ” (Dr, φ, e, d) para o instrumento INA 304.
213
Planilha para determinação de propriedades geotécnicas "in Situ" via Correlações de Gibbs & Holtz e De Mello
FURO: PZ 305 Topo 921,325 ÍNDICES FÍSICOS DE LABORATÓRIO
SEÇÃO: S- 01 Densidade dos Graõs Parâmetros de compacidade Máximo e Mínimo
N.A. Seco Data: 26/08/04 Gs = 3,42 emáx = 1,61 emín = 0,89
Cota Profundidade (m) Nspt N60 σ´z Dr (%) φ´ e infer. γd inferido Classificação - NBR – 7.520/82
Tabela A.3 – Planilha para determinação de propriedades geotécnicas “in situ” (Dr, φ, e, d) para o instrumento PZ 305.
214
Planilha para determinação de propriedades geotécnicas "in Situ" via Correlações de Gibbs & Holtz e De Mello
FURO: INA 306 Topo 921,39 ÍNDICES FÍSICOS DE LABORATÓRIO
SEÇÃO: S- 01 Densidade dos Graõs Parâmetros de compacidade Máximo e Mínimo
N.A. Seco Data: 26/08/04 Gs = 3,42 emáx = 1,61 emín = 0,89
Cota Profundidade (m) Nspt N60 σ´z Dr (%) φ´ e infer. γd inferido Classificação - NBR – 7.520/82
Tabela A.4 – Planilha para determinação de propriedades geotécnicas “in situ” (Dr, φ, e, d) para o instrumento INA 306.
215
Planilha para determinação de propriedades geotécnicas "in Situ" via Correlações de Gibbs & Holtz e De Mello
FURO: INA 307 Topo 941,17 ÍNDICES FÍSICOS DE LABORATÓRIO
SEÇÃO: S- 01 Densidade dos Graõs Parâmetros de compacidade Máximo e Mínimo
N.A. 931,87 Data: 19/08/04 Gs = 3,42 emáx = 1,61 emín = 0,89
Cota Profundidade (m) Nspt N60 σ´z Dr (%) φ´ e infer. γd inferido Classificação - NBR – 7.520/82
Tabela A.5 – Planilha para determinação de propriedades geotécnicas “in situ” (Dr, φ, e, d) para o instrumento INA 307.
216
Planilha para determinação de propriedades geotécnicas "in Situ" via Correlações de Gibbs & Holtz e De Mello
FURO: INA 308 Topo 930,956 ÍNDICES FÍSICOS DE LABORATÓRIO
SEÇÃO: S- 01 Densidade dos Graõs Parâmetros de compacidade Máximo e Mínimo
N.A. seco Data: 30/08/04 Gs = 3,42 emáx = 1,61 emín = 0,89
Cota Profundidade (m) Nspt N60 σ´z Dr (%) φ´ e infer. γd inferido Classificação - NBR – 7.520/82
Tabela A.6 – Planilha para determinação de propriedades geotécnicas “in situ” (Dr, φ, e, d) para o instrumento INA 308.
217
Planilha para determinação de propriedades geotécnicas "in Situ" via Correlações de Gibbs & Holtz e De Mello
FURO: PZ 309 Topo 919,856 ÍNDICES FÍSICOS DE LABORATÓRIO
SEÇÃO: S- 01 Densidade dos Graõs Parâmetros de compacidade Máximo e Mínimo
N.A. seco Data: 23/08/04 Gs = 3,42 emáx = 1,61 emín = 0,89
Cota Profundidade (m) Nspt N60 σ´z Dr (%) φ´ e infer. γd inferido Classificação - NBR – 7.520/82
Tabela A.7 – Planilha para determinação de propriedades geotécnicas “in situ” (Dr, φ, e, d) para o instrumento PZ 309.
218
Planilha para determinação de propriedades geotécnicas "in Situ" via Correlações de Gibbs & Holtz e De Mello
FURO: INA 310 Topo 919,849 ÍNDICES FÍSICOS DE LABORATÓRIO
SEÇÃO: S- 01 Densidade dos Graõs Parâmetros de compacidade Máximo e Mínimo
N.A. seco Data: 23/08/04 Gs = 3,42 emáx = 1,61 emín = 0,89
Cota Profundidade (m) Nspt N60 σ´z Dr (%) φ´ e infer. γd inferido Classificação - NBR – 7.520/82
Tabela A.8 – Planilha para determinação de propriedades geotécnicas “in situ” (Dr, φ, e, d) para o instrumento INA 310.
219
APÊNDICE B
220
Seção S1 - INA 304
Topo = 931.91 (08/2004)
932 932
928 928
924 924
Cota (m)
920 920
916 916
912 912
908 908
28 32 36 40 44 30 31 32 33 34
Densidade Relativa (%) Ângulo de Atrito Efetivo (graus)
Seção S1 - PZ 305
Topo = 921.325 (08/2004)
924 924
920 920
916 916
Cota (m)
912 912
908 908
904 904
900 900
20 30 40 50 60 70 28 32 36 40
Densidade Relativa (%) Ângulo de atrito efetivo (Graus)
221
Seção S1 - INA 306
Topo = 921.39 (08/2004)
924 924
920 920
916 916
Cota (m)
912 912
908 908
904 904
900 900
20 30 40 50 60 70 28 32 36 40 44
Densidade Relativa (%) Ângulo de Atrito Efetivo (graus)
940 940
Cota (m)
930 930
N.A.
920 920
910 910
20 30 40 50 60 28 30 32 34 36 38
Densidade Relativa (%) Ângulo de Atrito Efetivo (graus)
222
Seção S2 - INA 308
Topo = 930.956 (08/2004)
930 930
925 925
920 920
Cota (m)
915 915
910 910
905 905
30 40 50 60 70 30 32 34 36 38 40
Densidade Relativa (%) Ângulo de Atrito Efetivo (graus)
Seção S2 - PZ 309
Topo = 919.856 (08/2004)
920 920
916 916
Cota (m)
912 912
908 908
904 904
20 40 60 80 100 28 32 36 40 44 48
Densidade Relativa (%) Ângulo de Atrito Efetivo (graus)
223
Seção S2 - INA 310
Topo = 919.849 (08/2004)
920 920
916 916
Cota (m)
912 912
908 908
904 904
20 30 40 50 60 70 28 32 36 40
Densidade Relativa (%) Ângulo de Atrito Efetivo (graus)
935 935
930 930
Cota (m)
925 925
915 915
20 30 40 50 60 70 28 32 36 40 44
Densidade Relativa (%) Ângulo de Atrito Efetivo (Graus)
224
APÊNDICE C
225
Praia - Amostra S1-F2 (20%)
2,50E-03
y = 2,49E-03x
2
2,00E-03 R = 9,95E-01
Veloocidade (cm/s)
1,50E-03
1,00E-03
5,00E-04
0,00E+00
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90
Gradiente
Figura C.1 – Curva velocidade de percolação versus gradiente hidráulico para a amostra S1-F2
moldada com 20% de densidade relativa.
1,40E-03
1,20E-03
1,00E-03
8,00E-04
6,00E-04
4,00E-04
2,00E-04
0,00E+00
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00
Gradiente
Figura C.2 – Curva velocidade de percolação versus gradiente hidráulico para a amostra S1-F6
moldada com 20% de densidade relativa.
226
Praia - Amostra S1-F6 (60%)
9,00E-04
8,00E-04 y = 8,67E-04x
2
R = 9,95E-01
7,00E-04
Velocidade (cm/s)
6,00E-04
5,00E-04
4,00E-04
3,00E-04
2,00E-04
1,00E-04
0,00E+00
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00
Gradiente
Figura C.3 – Curva velocidade de percolação versus gradiente hidráulico para a amostra S1-F6
moldada com 60% de densidade relativa.
2,00E-03
1,50E-03
1,00E-03
5,00E-04
0,00E+00
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80
Gradiente
Figura C.4 – Curva velocidade de percolação versus gradiente hidráulico para a amostra S2-F1
moldada com 20% de densidade relativa.
227
Praia - Amostra S2-F3 (20%)
1,20E-03
y = 1,46E-03x
2
1,00E-03 R = 9,97E-01
Velocidade (cm/s)
8,00E-04
6,00E-04
4,00E-04
2,00E-04
0,00E+00
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90
Gradiente
Figura C.5 – Curva velocidade de percolação versus gradiente hidráulico para a amostra S2-F3
moldada com 20% de densidade relativa.
3,50E-04
3,00E-04
2,50E-04
2,00E-04
1,50E-04
1,00E-04
5,00E-05
0,00E+00
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00
Gradiente
Figura C.6 – Curva velocidade de percolação versus gradiente hidráulico para a amostra S2-F5
moldada com 20% de densidade relativa.
228
Aterro - Amostra S2-A1 (30%)
1,60E-03
y = 1,67E-03x
1,40E-03 2
R = 9,96E-01
1,20E-03
Velocidade (cm/s)
1,00E-03
8,00E-04
6,00E-04
4,00E-04
2,00E-04
0,00E+00
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00
Gradiente
Figura C.7 – Curva velocidade de percolação versus gradiente hidráulico para a amostra S2-A1
moldada com 30% de densidade relativa.
6,00E-04
5,00E-04
4,00E-04
3,00E-04
2,00E-04
1,00E-04
0,00E+00
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90
Gradiente
Figura C.8 – Curva velocidade de percolação versus gradiente hidráulico para a amostra S2-A1
moldada com 60% de densidade relativa.
229
Aterro - Amostra S2-A2 (53%)
1,20E-03
1,00E-03
y = 9,59E-04x
Velocidade (cm/s)
2
R = 9,95E-01
8,00E-04
6,00E-04
4,00E-04
2,00E-04
0,00E+00
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20
Gradiente
Figura C.9 – Curva velocidade de percolação versus gradiente hidráulico para a amostra S2-A1
moldada com 53% de densidade relativa.
6,00E-04 y = 7,35E-04x
2
R = 9,96E-01
Velocidade (cm/s)
5,00E-04
4,00E-04
3,00E-04
2,00E-04
1,00E-04
0,00E+00
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90
Gradiente
Figura C.10 – Curva velocidade de percolação versus gradiente hidráulico para a amostra S2-A2
moldada com75% de densidade relativa.
230
Aterro - Amostra S1-U-A1 (30%)
8,00E-03
y = 7,88E-03x
7,00E-03 2
R = 9,96E-01
6,00E-03
Velocidade (cm/s)
5,00E-03
4,00E-03
3,00E-03
2,00E-03
1,00E-03
0,00E+00
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00
Gradiente
Figura C.11 – Curva velocidade de percolação versus gradiente hidráulico para a amostra S1-U-A1
moldada com 30% de densidade relativa.
1,40E-03 y = 1,76E-03x
2
R = 9,97E-01
1,20E-03
Velocidade (cm/s)
1,00E-03
8,00E-04
6,00E-04
4,00E-04
2,00E-04
0,00E+00
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90
Gradiente
Figura C.12 – Curva velocidade de percolação versus gradiente hidráulico para a amostra S1-U-A1
moldada com 75% de densidade relativa.
231
Aterro - Amostra S2-U-A2 (30%)
4,00E-03
3,50E-03 y = 4,37E-03x
2
3,00E-03
R = 9,97E-01
Velocidade (cm/s)
2,50E-03
2,00E-03
1,50E-03
1,00E-03
5,00E-04
0,00E+00
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90
Gradiente
Figura C.13 – Curva velocidade de percolação versus gradiente hidráulico para a amostra S2-U-A2
moldada com 30% de densidade relativa.
1,20E-03 y = 1,39E-03x
2
R = 9,95E-01
Velocidade (cm/s)
1,00E-03
8,00E-04
6,00E-04
4,00E-04
2,00E-04
0,00E+00
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00
Gradiente
Figura C.14 – Curva velocidade de percolação versus gradiente hidráulico para a amostra S2-U-A2
moldada com 75% de densidade relativa.
232
APÊNDICE D
233
280
260
240
220
TENSÃO CISALHANTE (kPa)
200
180
160
50
140 100
200
120 400
100
80
60
40
20
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22
DESLOCAMENTO (mm)
Figura D.1 – Curva tensão cisalhante (kPa) versus deslocamento horizontal para a amostra S1-U--
A1 moldada com 25% de densidade relativa.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
1,2
1,1
DESLOCAMENTO VERTICAL(mm))
1,0
0,9
0,8
0,7
0,6
0,5
0,4 50 kPa
0,3 100 kPa
0,2
200 kPa
0,1
0,0
400 kPa
-0,1
-0,2
-0,3
-0,4
-0,5
-0,6
-0,7
Figura D.2 – Curva deslocamento vertical versus deslocamento horizontal para a amostra S1-U-A1
moldada com 25% de densidade relativa.
234
320
300
280
260
240
TENSÃO CISALHANTE (kPa)
220
200
180 50
160 100
200
140
400
120
100
80
60
40
20
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22
DESLOCAMENTO (mm)
Figura D.3 – Curva tensão cisalhante (kPa) versus deslocamento horizontal para a amostra S1-U-
A1 moldada com 55% de densidade relativa.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
1,2
1,1
DESLOCAMENTO VERTICAL(mm))
1,0
0,9
0,8
0,7
0,6
0,5
0,4 50 kPa
0,3 100 kPa
0,2
200 kPa
0,1
0,0
400 kPa
-0,1
-0,2
-0,3
-0,4
-0,5
-0,6
-0,7
Figura D.4 – Curva deslocamento vertical versus deslocamento horizontal para a amostra S1-U-A1
moldada com 55% de densidade relativa.
235
360
340
320
300
280
260
TENSÃO CISALHANTE (kPa)
240
220
200 50
180 100
200
160
400
140
120
100
80
60
40
20
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22
DESLOCAMENTO (mm)
Figura D.5 – Curva tensão cisalhante (kPa) versus deslocamento horizontal para a amostra S1-U-
A1 moldada com 80% de densidade relativa.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
1,2
1,1
DESLOCAMENTO VERTICAL(mm))
1,0
0,9
0,8
0,7
0,6
0,5
0,4 50 kPa
0,3 100 kPa
0,2
200 kPa
0,1
0,0
400 kPa
-0,1
-0,2
-0,3
-0,4
-0,5
-0,6
-0,7
Figura D.6 – Curva deslocamento vertical versus deslocamento horizontal para a amostra S1-U-A1
moldada com 80% de densidade relativa.
236
360,0
340,0
320,0
y = 0,8733x - 2,8977
300,0
2
280,0 R = 0,9997
TENSÃO CISALHANTE (kPa)
Figura D.7 – Envoltórias de ruptura para a amostra S1-U-A1 para densidades relativas de 25, 55 e
80% (Envoltória semlehante foi obtida para a amostra S1-U-A2).
300,0
280,0
260,0
240,0
TENSÃO CISALHANTE (kPa)
220,0
200,0
180,0
160,0
y = 0,7028x - 11,233
2
140,0 R = 0,9996
120,0
100,0
80,0
60,0
40,0
20,0
0,0
0,0 50,0 100,0 150,0 200,0 250,0 300,0 350,0 400,0
Figura D.8 – Envoltória de ruptura para a amostra S1-F2, moldada com 30% de densidade
relativa.
237
300,0
280,0
260,0
240,0
TENSÃO CISALHANTE (kPa)
220,0
200,0
180,0
160,0
140,0 y = 0,6361x - 13,952
2
120,0 R = 0,9997
100,0
80,0
60,0
40,0
20,0
0,0
0,0 50,0 100,0 150,0 200,0 250,0 300,0 350,0 400,0 450,0
Figura D.9 – Envoltória de ruptura para a amostra S1-F4, moldada com 30% de densidade
relativa.
300,0
280,0
260,0
240,0
TENSÃO CISALHANTE (kPa)
220,0
200,0
180,0
160,0
y = 0,6461x - 13,674
2
140,0 R = 0,9995
120,0
100,0
80,0
60,0
40,0
20,0
0,0
0,0 50,0 100,0 150,0 200,0 250,0 300,0 350,0 400,0 450,0
Figura D.10 – Envoltória de ruptura para a amostra S2-F1, moldada com 30% de densidade
relativa.
238
300,0
280,0
260,0
240,0
TENSÃO CISALHANTE (kPa)
220,0
200,0
180,0
160,0 y = 0,7566x - 14,647
2
140,0 R = 0,9987
120,0
100,0
80,0
60,0
40,0
20,0
0,0
0,0 50,0 100,0 150,0 200,0 250,0 300,0 350,0 400,0 450,0
Figura D.13 – Envoltória de ruptura para a amostra S2-F3, moldada com 20% de densidade
relativa.
300,0
280,0
260,0
240,0
TENSÃO CISALHANTE (kPa)
220,0
200,0
180,0
160,0
y = 0,7399x - 17,32
2
140,0 R = 0,9924
120,0
100,0
80,0
60,0
40,0
20,0
0,0
0,0 50,0 100,0 150,0 200,0 250,0 300,0 350,0 400,0 450,0
Figura D.14 – Envoltória de ruptura para a amostra S2-F5, moldada com 15% de densidade
relativa.
239
APÊNDICE E
ENSAIOS TRIAXIAIS
240
75 kPa 150 kPa 300 kPa
700
650
600
550
Tensão Desviadora (kPa)
500
450
400
350
300
250
200
150
100
50
0
0,0% 2,5% 5,0% 7,5% 10,0% 12,5% 15,0% 17,5% 20,0% 22,5%
Deformação axial
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
-10
-20
-30
0,0% 2,5% 5,0% 7,5% 10,0% 12,5% 15,0% 17,5% 20,0% 22,5%
Deformação axial
Figura E.1 – Curvas de tensão desviadora versus deformação e poropressão versus deformação
para a amostra S1-U-A1 (Dr = 50%)
241
360
330
300
270
240
210
q (kPa)
180
150
120
90
60
30
0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 390 420 450 480 510 540 570
p' (kPa)
Figura E.2 – Trajetórias de tensões efetivas dos ensaios do rejeito S1-U-A1 (Dr = 50%)
360
330 y = 0,6465x + 0,4748
300 R2 = 0,9943
270
240
210
q (kPa)
180
150
120
90
60
30
0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 390 420 450 480 510 540
p' (kPa)
Figura E.3 – Envoltórias lineares em termos de tensões efetivas para a amostra S1-U-A1
(Dr = 50 %)
242
1.100
1.050
1.000
950
900
850
Tensão Desviadora (kPa)
800
750
700
650
600
550
500
450
400
350
300
250
200
150
100
50
0
0,0% 2,5% 5,0% 7,5% 10,0% 12,5% 15,0% 17,5% 20,0% 22,5%
Deformação axial
75
50
Acréscimo de Poropressão (kPa)
25
0
0,0% 2,5% 5,0% 7,5% 10,0% 12,5% 15,0% 17,5% 20,0% 22,5%
-25
-50
-75
-100
-125
Deformação axial
Figura E.4 – Curvas de tensão desviadora versus deformação e poropressão versus deformação
para a amostra S1-U-A1 (Dr = 70%)
243
510
480
450
420
390
360
330
300
q (kPa)
270
240
210
180
150
120
90
60
30
0
60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 390 420 450 480 510 540 570 600 630 660 690 720 750 780
p' (kPa)
Figura E.5 – Trajetórias de tensões efetivas dos ensaios do rejeito S1-U-A1 (Dr = 70%)
510
480 y = 0,6532x - 2,3489
450 2
420 R = 0,9975
390
360
330
300
q (kPa)
270
240
210
180
150
120
90
60
30
0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 390 420 450 480 510 540 570 600 630 660 690 720 750 780
p' (kPa)
Figura E.6 – Envoltórias lineares em termos de tensões efetivas para a amostra S1-U-A1
(Dr = 70 %)
244
800
750
700
650
Tensão Desviadora (kPa)
600
550
500
450
400
350
300
250
200
150
100
50
0
0,0% 2,5% 5,0% 7,5% 10,0% 12,5% 15,0% 17,5% 20,0% 22,5% 25,0%
Deformação axial
175
150
Acréscimo de Poropressão (kPa)
125
100
75
50
25
0
-25
-50
-75
-100
0,0% 2,5% 5,0% 7,5% 10,0% 12,5% 15,0% 17,5% 20,0% 22,5% 25,0%
Deformação axial
Figura E.7 – Curvas de tensão desviadora versus deformação e poropressão versus deformação
para a amostra S2-A1 (Dr = 50%)
245
400
350
300
250
q (kPa)
200
150
100
50
0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700
p' (kPa)
Figura E.8 – Trajetórias de tensões efetivas dos ensaios do rejeito S2-A1 (Dr = 50%)
400
y = 0,6217x + 5,1519
350
R2 = 0,9998
300
250
q (kPa)
200
150
100
50
0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650
p' (kPa)
Figura E.9 – Envoltórias lineares em termos de tensões efetivas para a amostra S2-A1
(Dr = 50 %)
246
450
400
350
Tensão Desviadora (kPa)
300
250
200
150
100
50
0
0,0% 2,5% 5,0% 7,5% 10,0% 12,5% 15,0% 17,5% 20,0% 22,5% 25,0% 27,5% 30,0%
Deformação axial
225
Acréscimo de Poropressão (kPa)
200
175
150
125
100
75
50
25
0
0,0% 2,5% 5,0% 7,5% 10,0% 12,5% 15,0% 17,5% 20,0% 22,5% 25,0% 27,5% 30,0%
Deformação axial
Figura E.10 – Curvas de tensão desviadora versus deformação e poropressão versus deformação
para a amostra S2-F5 (Dr = 22%)
247
240
210
180
150
q (kPa)
120
90
60
30
0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 390
p' (kPa)
Figura E.11 – Trajetórias de tensões efetivas dos ensaios do rejeito S2-F5 (Dr = 22%)
180
150
q (kPa)
120
90
60
30
0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 390 420 450
p' (kPa)
Figura E.12 – Envoltórias lineares em termos de tensões efetivas para a amostra S2-F5
(Dr = 22 %)
248
APÊNDICE F
IMAGENS MEV
249
Figura 1 – Imagem amostra S1-A1
Amostra do aterro.
Underflow do Hidrociclone.
Observa-se a forte presença de micas e
a considerável angulosidade geral das
partículas.
Maior visualização da fase escura,
indicando uma maior presença de
quartzo e micas (sílica) em detrimento
a materiais ferrosos (fase clara).
Material com maior presença de grãos
de maior diâmetro. Aspecto de um
rejeito mais grosso.
250
Figura 4 – Imagem amostra S2-A1
Amostra do aterro.
Underflow do Hidrociclone.
Presença marcante da fase escura.
Rejeito tipicamente grosso, com presença
marcante de mica e quartzo.
Presença de partículas com maiores diâmetros.
251