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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

ESCOLA DE MINAS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

CARACTERIZAÇÃO TECNOLÓGICA DE REJEITOS DE


FOSFATO E ANÁLISES DE ESTABILIDADE DA
BARRAGEM DE REJEITOS B5 DA BUNGE
FERTILIZANTES S/A

AUTOR: RAFAEL JABUR BITTAR

ORIENTADOR: PROF. DR. ROMERO CÉSAR GOMES

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação do Departamento de Engenharia
Civil da Escola de Minas da Universidade
Federal de Ouro Preto, como parte integrante
dos requisitos para obtenção do título de Mestre
em Engenharia Civil, área de concentração:
Geotecnia.

Ouro Preto, Agosto de 2006.


"Há quatro espécie de homens:
O que não sabe e não sabe que não sabe: é TOLO - evite-
evite-o;
O que não sabe e sabe que não sabe: é SIMPLES - ensine-
ensine-o;
O que sabe e não sabe que sabe: está DORMINDO
DORMINDO - acorde- acorde-o;
O que sabe e sabe que sabe: é SÁBIO - siga
siga--o." (R. Burton)

!
AGRADECIMENTOS

A Deus, que sempre me iluminou nas decisões e dificuldades do trabalho e


principalmente da vida. Neste trabalho, seu conforto nos momentos de maior angústia e
desânimo foram fundamentais. Muito deste mérito dedico a ele.
Ao apoio incondicional de meus pais, Gilberto e Fátima; exemplos de humildade e
dedicação. A meus grandes irmãos, Thiago e Lú, as minhas avós Adélia e Yole, tios e
primos pelos momentos de carinho e incentivo.
A super Luciana, minha grande paixão e inspiração para este trabalho. À sua paciência,
incentivo, carinho, amor e compreensão. Sem você este trabalho não estaria completo. E
também a república Fogo de Palha e suas moradoras, pelo carinho e receptividade.
A Bunge Fertilizantes S/A pelo apoio financeiro e a seus engenheiros João Gregório e
Antonio Carlos Barbosa pelo incentivo e interesse durante todo o desenvolvimento do
projeto. A equipe de meio ambiente da Bunge, pelo apoio estrutural. Ao diretor de
mineração e projetos da Bunge Fertilizantes S/A, Eng. Vicente Lobo, pela oportunidade
e principalmente confiança em meu trabalho.
Aos laboratórios de geotecnia da UFOP, CEMIG e UNB e a seus técnicos e
administradores pela atenção e apoio durante os ensaios.
Aos amigos do mestrado e do laboratório de geotecnia (onde passei muitos momentos),
Deilton, Germano, Frank, Vasilina, Leonardo, Jeanne, Manjubinha, Priscila, Brasileu,
Rodrigo Rodrigues, Janjão, Manoel e Edimar. Em especial ao Gustavo, Bruno e
Atrazadu, pelo auxílio durante os ensaios.
Aos amigos e professores, Saulo, Adilson Leite, Waldyr Lopes, Frederico Sobreira e
Jaime Florêncio (e ao PET-Civil, pela oportunidade de desenvolvimento). Aos grandes
amigos de Ouro Preto, Luiz Heleno Albuquerque, Prof. Luís Fernando Martins,
Eleonardo e Pardal, pela amizade e oportunidade de conhecimento.
Ao grande amigo, professor e orientador Romero César Gomes, pelo apoio, paciência,
confiança e principalmente oportunidade de trabalhar com Geotecnia de Mineração.
A eterna república Barraca Armada e seus moradores e ex-moradores, pelos momentos
de descontração e apoio. Sem dúvida, o cafezinho do final da tarde e os golos do final
de semana foram de grande valia no dia-a-dia deste trabalho.
RESUMO

Na concentração da rocha fosfática são gerados basicamente três tipos principais de


rejeitos: os rejeitos de flotação, os rejeitos magnéticos e as lamas. Em geral, os rejeitos
de flotação são ciclonados e utilizados como material de construção das barragens,
enquanto que as lamas são dispostas nos reservatórios gerados por tais estruturas.
Durante a operação de separação dos rejeitos (ciclonagem), a parcela grosseira,
denominada de underflow é depositada a jusante e passa a constituir o aterro da
barragem enquanto que a parcela mais fina, denominada de overflow é lançada a
montante e constitui a denominada praia de rejeitos. A rigor, tais concepções de
barragens de rejeito sempre foram analisadas e projetadas como estruturas tipicamente
homogêneas, desconsiderando-se as naturezas distintas e os comportamentos
geotécnicos peculiares dos diversos tipos de rejeitos. Em muitos casos, tais concepções
resultaram em empreendimentos algo conservativos; em outros, porém, as análises
podem ter subestimado importantes aspectos do problema, como a permeabilidade e a
resistência destes materiais.
Diante disso, este trabalho irá apresentar metodologias experimentais disponíveis
atualmente, abrangendo ensaios de campo e de laboratório, de forma a se estabelecer
uma completa e criteriosa determinação das características tecnológicas dos rejeitos de
fosfato de um determinado empreendimento mineiro. Estas tecnologias abordadas
compreenderão estudos das variáveis que condicionam o processo de disposição dos
rejeitos e a determinação de suas propriedades de drenabilidade e resistência ao
cisalhamento ao longo da praia e do aterro da barragem. Adicionalmente, por meio dos
parâmetros de drenabilidade obtidos através da caracterização dos rejeitos, será
calibrado um modelo de fluxo para a barragem aferido com base nos dados de
instrumentação.
Com o modelo de fluxo definido e com os parâmetros de resistência advindos da
caracterização tecnológica, serão efetuadas análises de estabilidade para seções críticas
do talude de jusante, simulando condições operacionais e específicas de operação.
Portanto, o estudo mais detalhado das características tecnológicas dos rejeitos pode,
desta forma, permitir uma avaliação mais criteriosa das condições de fluxo e
estabilidade em barragens construídas com rejeitos contribuindo decisivamente para a
adoção de soluções de engenharia em projetos de sistemas de deposição destes
materiais. Além disso, as análises de condições específicas, ora críticas de operação da
barragem estudada permitirá que seja avaliado o risco associado ao empreendimento e
conseqüentemente que sejam adotados planos de contingência cada vez mais efetivos.

v
ABSTRACT

In the process of phosphate rock concentration three main types of tailings are
generated: the flotation tailings, the magnetic tailings and the slimes. In general, the
flotation tailings are cycloned and used as construction material for the dams, while the
slimes are deposited in the reservoirs. During the tailings separation, the coarse-grained
portion, called "underflow", is deposited in the downstream and in the raisin so as to
constitute the embankment of the dam while the fine-grained portion, called "overflow"
is spreaded upstream, conforming the tailings beach. Such conception of tailings dam
were originally analyzed and designed as typically homogeneous structures,
disrespecting the different composition and geotechnical behavior of this material. In
many cases, such conception resulted in over conservative projects. In other cases,
however, this analyses may underestimated important issues, as the permeability and
strength of these materials.
In this way, this work presents recent experimental methods, including field and
laboratory tests, in order to determine accurate geotechnical characteristics of the
phosphate tailings of a specific mining company. It will be analyzed the variables that
exert influence on the hydraulic deposition process of tailings, and also their drainage
and shear strength properties along the tailings dam beach. Additionally, through the
drainage parameters obtained of the tailings characterization, a flow model will be
calibrated for the dam, which, in turn, will be checked through the instrumentation data.
Having the appropriate flow model and strength parameters from the technological
characterization, stability analyses will be performed for critical sections on the
downstream slope of the dam, simulating normal and specific operation conditions
(changing the characteristics of the tailings deposited at the beach).
Therefore, a more detailed study of the technological characteristics of the tailings
allows a more accurate evaluation of the flow conditions and stability for dams built
using tailings. This fact contributes to find better engineering solutions for all the
projects of tailings disposal systems. Besides, the analyses of the specific conditions of
the studied dam will allow a better risk assessment and consequently the contingency
plans to be adopted will be more and more effective.

vi
Índice
RESUMO...............................................................................................................................v

ABSTRACT..........................................................................................................................vi

Índice ................................................................................................................................... vii

LISTA DE FIGURAS..........................................................................................................xii

LISTA DE TABELAS.....................................................................................................xixix

LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIAÇÕES .....................................................................xxi

CAPÍTULO 1 ....................................................................................................................... 1

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................1

1.1 JUSTIFICATIVA DO TRABALHO.........................................................................3

1.2 OBJETIVOS DO TRABALHO.................................................................................4

1.3 FASES DO ESTUDO................................................................................................5

CAPÍTULO 2 ....................................................................................................................... 8

2 CONCEPÇÕES E CRITÉRIOS DE PROJETO E DE CONSTRUÇÃO DE


BARRAGENS COM REJEITOS CICLONADOS ............................................................8

2.1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................8

2.2 MÉTODOS CONSTRUTIVOS DAS BARRAGENS DE REJEITO ....................10

2.2.1 Barragens Alteadas para Montante .....................................................................11

2.2.2 Barragens Alteadas para Jusante..........................................................................12

2.2.3 Barragens Alteadas pela Linha de Centro............................................................14

2.3 CICLONAGEM DE REJEITOS .............................................................................15

2.4 COMPORTAMENTO E PROPRIEDADES DE ENGENHARIA DOS


REJEITOS .....................................................................................................................18

2.4.1 SEGREGAÇÃO HIDRÁULICA.....................................................................19

vii
2.4.2 DENSIDADE...................................................................................................22

2.4.3 PARÂMETROS DE RESISTÊNCIA..............................................................24

2.4.4 LIQUEFAÇÃO DE REJEITOS GRANULARES...........................................25

2.4.5 DRENABILIDADE.........................................................................................26

2.5 ASPECTOS GERAIS DA PERCOLAÇÃO EM BARRAGENS DE REJEITO ....29

2.5.1 DETERMINAÇÃO E CONTROLE DA SUPERFÍCIE FREÁTICA.............30

2.5.2 SISTEMAS DE DRENAGEM EM BARRAGENS DE REJEITO.................33

2.6 ANÁLISE DE PERCOLAÇÃO PELO MÉTODO DOS ELEMENTOS


FINITOS ........................................................................................................................38

2.6.1 APLICAÇÃO DO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS EM


BARRAGENS DE REJEITOS......................................................................................41

CAPÍTULO 3 ..................................................................................................................... 46

3 BARRAGEM DE REJEITOS B5.....................................................................................46

3.1 SISTEMA DE DISPOSIÇÃO DE REJEITOS DA BUNGE FERTILIZANTES


S/A – ARAXÁ/MG .......................................................................................................46

3.2 GERAÇÃO DOS REJEITOS ..................................................................................50

3.3 ASPECTOS CONSTRUTIVOS DA BARRAGEM B5..........................................54

3.3.1 Geologia local ..................................................................................................55

3.3.2 Preparação da fundação ...................................................................................58

3.3.3 Maciço do dique de partida..............................................................................58

3.3.4 Alteamento e Operação....................................................................................59

3.3.5 Sistemas de Drenagem Interna e Superficial ...................................................64

3.3.6 Instrumentação................................................................................................69

CAPÍTULO 4 ..................................................................................................................... 73

4 CARACTERIZAÇÃO TECNOLÓGICA DOS REJEITOS POR MEIO DE


ENSAIOS DE CAMPO ....................................................................................................73

viii
4.1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................73

4.2 AMOSTRAGEM DOS REJEITOS NA BARRAGEM B5 .....................................74

4.2.1 Determinação dos pontos de amostragem .........................................................75


4.2.2 Rotina de análises ..............................................................................................77

4.3 PERFIS DE COMPACIDADE RELATIVA...........................................................79

4.4 CONTROLE DE COMPACTAÇÃO DA BERMA 930 – JUNHO DE 2004.........86

4.5 PERMEABILIDADE "IN SITU" USANDO O PERMEÂMETRO DE GUELPH 88

4.5.1 Princípios Gerais do Permeâmetro de Guelph...................................................88


4.5.2 Programa experimental ......................................................................................92

4.6 DENSIDADES "IN SITU" USANDO O CILINDRO BISELADO.......................96

CAPÍTULO 5 ..................................................................................................................... 98

5 CARACTERIZAÇÃO TECNOLÓGICA DOS REJEITOS POR MEIO DE


ENSAIOS DE LABORATÓRIO......................................................................................98

5.1 DISTRIBUIÇÃO GRANULOMÉTRICA DOS REJEITOS...................................98

5.2 DENSIDADE DOS GRÃOS - GS ........................................................................103

5.3 ÍNDICES DE VAZIOS MÁXIMOS E MÍNIMOS ...............................................104

5.4 ENSAIOS DE PERMEABILIDADE ....................................................................106

5.5 PARÂMETROS DE RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO. ...........................114

5.5.1 Ensaios de Cisalhamento Direto ......................................................................114


5.5.2 Ensaios Triaxiais..............................................................................................119

5.6 CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA E MINERALÓGICA DOS REJEITOS .........124

5.6.1 Análises químicas ............................................................................................125


5.6.2 Caracterização Mineralógica – Microscopia Eletrônica de Varredura............128

CAPÍTULO 6 ................................................................................................................... 135

ANÁLISES DE PERCOLAÇÃO DA BARRAGEM B5 ..................................................135

6.1 SEÇÕES GEOTÉCNICAS DE REFERÊNCIA....................................................135

ix
6.2 FUNDAMENTOS E PARÂMETROS DAS ANÁLISES.....................................139

6.3 ANÁLISES DE PERCOLAÇÃO PARA A SEÇÃO CENTRAL .........................143

6.3.1 Simulações Operacionais.................................................................................144


6.3.2 Simulações de Casos Específicos de Estudo ...................................................148
6.3.2.1 Colmatação do Sistema de Drenagem Interna............................................148
6.3.3.2 Variações do N.A. do Reservatório ............................................................151
6.3.3.3 Condições de Pós-Alteamento ....................................................................153
6.3.3.4 Ausência do Processo de Ciclonagem dos Rejeitos....................................157
6.3.3.5 Combinação de Condições Específicas ......................................................159

6.4 ANÁLISES DE PERCOLAÇÃO PARA AS SEÇÕES B e D ..............................160

6.4.1 Seção B ...........................................................................................................161


6.4.2 Seção D ...........................................................................................................164

CAPÍTULO 7 ................................................................................................................... 166

ANÁLISES DE ESTABILIDADE DA BARRAGEM B5................................................166

7.1 FUNDAMENTOS E PARÂMETROS DAS ANÁLISES.....................................166

7.2 ANÁLISES DE ESTABILIDADE PARA CONDIÇÕES OPERACIONAIS 169


7.3 ANÁLISES DE ESTABILIDADE PARA CONDIÇÕES ESPECÍFICAS.....176
7.3.1 Colmatação do Sistema de Drenagem Interna.................................................177
7.3.2 Variação do N.A. do Reservatório...................................................................179
7.3.3 Ausência do Processo de Ciclonagem .............................................................180
7.3.4 Variações da Compacidade Relativa dos Rejeitos...........................................180
7.3.5 Combinação de Condições Críticas .................................................................183
7.3.6 Condições Finais de Alteamento da Barragem................................................186

CAPÍTULO 8 ................................................................................................................... 191

CONCLUSÕES .................................................................................................................191

8.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................191

8.2 CONCLUSÕES GERAIS......................................................................................192

8.2.1 Em relação à caracterização tecnológica dos rejeitos ....................................192

x
8.2.2 Em relação à estabilidade global da barragem...............................................195

8.3 CONTRIBUIÇÕES PRÁTICAS DA PESQUISA ................................................191

8.1 SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS....................................................200

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 203

APÊNDICE A ................................................................................................................... 211

APÊNDICE B ................................................................................................................... 220

APÊNDICE C ................................................................................................................... 225

APÊNDICE D ................................................................................................................... 233

APÊNDICE E ................................................................................................................... 240

APÊNDICE F ................................................................................................................... 249

ANEXO 1 .......................................................................................................................... 252

xi
LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Tabela comparativa de custos entre diversos métodos de alteamento


(Modificado - Steffen, 1985).
Figura 2.2 – Seção típica de uma barragem alteada para montante (Albuquerque Filho,
2004).
Figura 2.3 – Seção típica de uma barragem alteada para jusante (Albuquerque Filho,
2004).
Figura 2.4 – Seção típica de uma barragem alteada pela linha de centro (Albuquerque
Filho, 2004).
Figura 2.5 – Descarga em ponto único, Ciclonagem e Espigotamento de rejeitos.
Figura 2.6 – Esquema de operação de um hidrociclone (a) (Trawinski, 1976 apud
Busch, 1987) e Hidrociclone em operação (b).
Figura 2.7 – Efeito da ciclonagem sobre a granulometria dos rejeitos de fosfato da
Arafértil (Busch, 1987).
Figura 2.8 – Curvas granulométricas de praia espigotada (Abadjiev, 1985)
Figura 2.9 – Variação da condutividade hidráulica ao longo de um depósito de rejeitos
(Santos, 2004)
Figura 2.10 – Fatores que influenciam a posição da linha freática em barragens alteadas
pelo Método de Montante (Modificado – Vick, 1983 apud. Santos, 2004).
Figura 2.11 – Variação da permeabilidade em função da distância do ponto de
lançamento na praia (Modificado – Bligth, 1994 apud. Santos, 2004).
Figura 2.12 – Efeito da variação da permeabilidade sobre a posição da linha freática em
aterros hidráulicos (Modificado – Bligth, 1994 apud. Santos, 2004).
Figura 2.13 – Seção transversal típica de um sistema de drenagem interna. Detalhe dos
Drenos.
Figura 2.14 – Esquema de filtros vertical e horizontal no interior de um dique (a) e
detalhe de um filtro do tipo “finger drains” (b)
Figura 2.15 – Esquema de execução de um filtro de ombreira utilizando rejeitos da
própria mineradora. (Barragem B5 - Bunge Fertilizantes S/A)
Figura 2.16 – Sistema extravasor de cheias. Detalhe dos emboques em cotas variáveis.
(Barragem B5 - Bunge Fertilizantes S/A)
Figura 2.17 – Esquema de drenagem superficial. Plantio de grama em placas, escadas de
descida d’água e canaletas, respectivamente. (Bittar, 2004)
Figura 2.18 – Curva idealizada de relação entre a permeabilidade e a pressão neutra.
(Gioda & Desideri, 1988)

xii
Figura 2.19 – Condições físicas do meio. Exemplo da Barragem B6. (Modificado -
Dupas, 1993)
Figura 3.1 – Arranjo geral das barragens da Bunge Fertilizantes S/A (Nieble et al, 1980)
Figura 3.2 – Barragem de rejeitos B5, vista de montante. (Bunge Fertilizantes S/A)
Figura 3.3 – Layout ilustrativo do sistema de disposição de rejeitos da Bunge
Fertilizantes S/A.
Figura 3.4 – Razões médias entre o produto final e rejeito gerado (Abrão, 1987 apud.
Pereira, 2005)
Figura 3.5 – Processo de separação magnética (a) e disposição final de magnetita (b).
(Schnellrath et al, 2002)
Figura 3.6 – Reservatório de lamas (a) e hidrociclone em usina, com detalhe para a
granulometria fina do rejeito (b).
Figura 3.7 – Etapa de flotação (a) e rejeito de flotação como material de construção da
barragem (b); no detalhe, lançamento do underflow e formação do aterro. (Schnellrath
et al, 2002)
Figura 3.8 – Seção geológico-geotécnica referente ao eixo da barragem de rejeitos B5.
Figura 3.9 – Seção transversal típica do dique de partida. Figura sem escala.
Figura 3.10 – Seção transversal típica das barragens B1 e B4 (Busch & Castro, 1986).
(com detalhe do talude já revegetado).
Figura 3.11 – Seqüência Construtiva e volumes necessários. (Paulo Abib Engenharia
S.A, 1980)
Figura 3.12 – Material acumulado para execução de novo alteamento e detalhe do
sistema de drenagem das ombreiras.
Figura 3.13 – Seção transversal ilustrando o sistema de drenagem interna da barragem
B5. (Paulo Abib Engenharia S.A, 1980)
Figura 3.14 – Seção transversal passando pelo tapete drenante. (Paulo Abib Engenharia
S.A, 1980)
Figura 3.15 – Locação dos tapetes laterais. Seção típica para as ombreiras entre as cotas
905 e 915 (a) e idem acima da cota 920 (b). (Paulo Abib Engenharia S.A, 1980)
Figura 3.16 – Seção transversal do dreno de pé. (Paulo Abib Engenharia S.A, 1980)
Figura 3.17 – Sistema extravasor da barragem B5.
Figura 3.18 – Esquema de funcionamento do sistema extravasor da B5
Figura 3.19 – Layout interno da barragem B5. Detalhe do sistema de drenagem.
(Modificado, Paulo Abib Engenharia S.A, 1980)
Figura 3.20 – Layout da disposição da instrumentação na barragem B5.
Figura 3.21 – Conjunto de instrumentos dispostos ao longo da praia/aterro da barragem
(a) e detalhe típico de um dos instrumentos instalados (b).

xiii
Figura 4.1 – Planta parcial e identificação das seções geotécnicas escolhidas da
barragem B5.
Figura 4.2 – Perfil típico para a Seção S1 (a) . Detalhe da localização dos pontos de
amostragem (b).
Figura 4.3 – Execução de sondagem SPT ao longo de berma da barragem de rejeitos
Figura 4.4 – Gráfico indicativo da variação da Densidade Relativa e do Ângulo de
Atrito Efetivo com a profundidade para o instrumento INA 303.
Figura 4.5 – Perfis de Compacidade Relativa para o aterro (Seções 1 e 2).
Figura 4.6 – Fases do processo de compactação da barragem B5
Figura 4.7 – Esquema do permeâmetro de Guelph (Modificado – Soto, 1999).
Figura 4.8 – Ábaco do fator de forma C (Soilmoisture Equipment Corp., 1986).
Figura 4.9 – Ensaios de campo com o permeâmetro de Guelph
Figura 4.10 – Variações do coeficiente de permeabilidade com a distância do ponto de
lançamento.
Figura 4.11 – Determinação de densidades in situ com o cilindro biselado.
Figura 5.1 – Granulômetro a Laser e acessórios.
Figura 5.2 – Curvas granulométricas para os rejeitos depositados na praia para a seção
S1.
Figura 5.3 – Curvas granulométricas para os rejeitos depositados na praia para a seção
S2.
Figura 5.4 – Curvas granulométricas para os rejeitos depositados no aterro.
Figura 5.5 – Permeâmetro a carga constante utilizado nos ensaios
Figura 5.6 – Curva velocidade de percolação versus gradiente hidráulico para a amostra
S1-F4 (densidade relativa de 20%).
Figura 5.7 – Relação Peso específico seco x Coeficiente de Permeabilidade (Amostra
S2-A1).
Figura 5.8 – Relação Peso específico seco x Coeficiente de Permeabilidade (Amostra
S2-A2).
Figura 5.9 – Relação Peso específico seco x Coeficiente de Permeabilidade (Amostra
S1-U-A1).
Figura 5.10 – Relação Peso específico seco x Coeficiente de Permeabilidade (Amostra
S2-U-A2).
Figura 5.11 – Moldagem das amostras em estado fofo para o ensaio de cisalhamento
direto.
Figura 5.12 – Moldagem e acessórios utilizados na preparação de amostras compactas.
Figura 5.13 – Curva tensão cisalhante x deslocamento horizontal (Amostra S1-F6 ; Dr =
15%)

xiv
Figura 5.14 – Curva deslocamento vertical x deslocamento horizontal (Amostra S1-F6 ;
Dr = 15%)
Figura 5.15– Envoltórias de ruptura dos ensaios de cisalhamento direto (Amostra S1-
F6; Dr = 15%)
Figura 5.16 – Preparação e moldagem dos corpos de provas. (Pereira, 2005)
Figura 5.17 – Equipamento triaxial do Laboratório de Geotecnia/UFOP.
Figura 5.18 – Curvas tensão desviadora versus deformação e poropressão versus
deformação (Amostra S1-U-A1 ; Dr = 15%)
Figura 5.19 – Envoltórias em termos de tensões totais e efetivas (Amostra S1-U-A1; Dr
= 15%)
Figura 5.20 – Trajetórias de tensões efetivas dos ensaios para a amostra S1-U-A1 (Dr =
15%)
Figura 5.21 – Separação granulométrica da amostra S1-U-A1 (frações retidas na # 60 e
na # 325)
Figura 5.22 – Equipamento MEV (Laboratório de Microscopia e Micro-Análise da
UFOP)
Figura 5.23 – Imagens do MEV (Amostra S1-A1)
(angulosidade dos grãos e a presença de minerais micáceos).
Figura 5.24 – Imagem do MEV (Amostra S2-F1), com a indicação dos pontos
analisados.
Figura 5.25 – Imagens do MEV (Amostras S2-F5 e S1-F1), com a indicação dos pontos
analisados.
Figura 5.26 – Imagem MEV de minerais de apatita presentes nas amostras S2-A1 e S1-
F3.
Figura 5.27 – Imagem MEV de mineral micáceo presente na amostra S1-F3.
Figura 5.28 – Imagem MEV de mineral ferroso presente na amostra S1-F3.
Figura 5.29 – Imagem MEV de mineral presente na amostra S1-A1.
Figura 5.30 – Espectro do quartzo (Figura 5.29) da amostra S1-A1 dos rejeitos.
Figura 6.1 – Seções geotécnicas de referência para a Barragem B5
Figura 6.2 – Layout do sistema de drenagem interna da barragem B5 com as seções de
estudo.
Figura 6.3 – Seção geotécnica D.
Figura 6.4 – Seção geotécnica B.
Figura 6.5 – Seção geotécnica central.
Figura 6.6 – Função de condutividade hidráulica em m/s adotada para os rejeitos.

xv
Figura 6.7 – Discretização da Seção Central da Barragem B5 e Análise do Fluxo para a
condição operacional da barragem, após Calibração do Modelo (permeabilidades da
seção 2 e razão de anisotropia igual a 8).
Figura 6.8 – Análise do Fluxo para a condição operacional da barragem sem efeitos de
segregação hidráulica (permeabilidades da seção 1 e razão de anisotropia igual a 8).
Figura 6.9 – Colmatação parcial do tapete drenante da seção central. Permeabilidade do
tapete reduzida em 10 vezes.
Figura 6.10 – Colmatação parcial do tapete drenante da seção central. Permeabilidade
do tapete reduzida em 100 vezes.
Figura 6.11 – Colmatação do tapete drenante da seção central (100 vezes menor)
associado com a colmatação do dreno de pé (10.000 vezes menor).
Figura 6.12 – Modelos de fluxo resultantes da variação da cota N.A. do reservatório ao
longo da praia de rejeitos da barragem B5.
Figura 6.13 – Barragem B5 com alteamentos até a cota final de projeto (cota 950).
Figura 6.14 – Barragem B5 com alteamentos até a cota final 965.
Figura 6.15 – Análise de percolação para a Barragem B5 na cota 950 (Final de projeto;
N.A. operacional na cota 948).
Figura 6.16 – Análise de percolação para a Barragem B5 na cota 950 (Final de projeto;
N.A. crítico na cota 949,62).
Figura 6.17 – Análise de percolação para a Barragem B5 na cota 965 (Hipótese de
alteamento final; N.A. operacional na cota 963).
Figura 6.18 – Análise de percolação para a Barragem B5 na cota 965 (Hipótese de
alteamento final; N.A. crítico na cota 964,24).
Figura 6.19 – Modelos de fluxo na Barragem B5 com e sem processo de ciclonagem.
Figura 6.20 – Modelos de fluxo na Barragem B5 sem processo de ciclonagem da
geometria atual até a cota final de projeto (950).
Figura 6.21 – Colmatação do tapete drenante e elevação do N.A. do reservatório para a
cota 942,92.
Figura 6.22 – Colmatação total do sistema de drenagem interna associada à elevação do
N.A. do reservatório para a cota 942,92.
Figura 6.23 – Colmatação do tapete drenante associada à elevação da barragem para a
cota 965 e N.A. operacional
Figura 6.24 – Análises de percolação para a seção B (considerando um fluxo prescrito
no dreno igual a 2,0 x 10-5 m3/s)
Figura 6.25 – Análises de percolação para a seção B (sem atuação do septo drenante).
Figura 6.26 – Análises de percolação para a seção D (considerando um fluxo prescrito
no dreno igual a 1,65 x 10-5 m3/s).

xvi
Figura 7.1 – Análise de estabilidade para a seção central. (Fator de segurança
operacional igual a 1,80 para ruptura global).
Figura 7.2 – Análise de estabilidade para a seção central. (Fator de segurança
operacional igual a 1,80 para ruptura localizada).
Figura 7.3 – Análise de estabilidade para a seção central (não segregação de
permeabilidades).
Figura 7.4 – Análise de estabilidade para a seção B. (Fator de segurança operacional
igual a 2,12 para ruptura global).
Figura 7.5 – Análise de estabilidade para a seção D. (Fator de segurança operacional
igual a 1,61 para ruptura global).
Figura 7.6 – Análise de estabilidade para a seção central. (Colmatação parcial do tapete
drenante, com permeabilidade reduzida em 10 vezes).
Figura 7.7 – Análise de estabilidade para a seção central. (Colmatação parcial do tapete
drenante, com permeabilidade reduzida em 100 vezes).
Figura 7.8 – Análise de estabilidade para a seção central. (Colmatação total do tapete
drenante, incluindo tapete drenante e dreno-de-pé).
Figura 7.9 – Análise de estabilidade para a seção central. (N.A do reservatório referente
a uma extensão de 100m de praia).
Figura 7.10 – Análise de estabilidade para a seção central. (N.A do reservatório próximo
à crista da barragem).
Figura 7.11 – Análise de estabilidade da seção central (hipótese de não ciclonagem dos
rejeitos).
Figura 7.12 – Análise de estabilidade da seção central (rejeitos com Dr = 50%; condição
operacional da barragem)
Figura 7.13 – Análise de estabilidade da seção central. (rejeitos com Dr = 20%;
condição mais fofa que a operacional da barragem
Figura 7.14 – Análise de estabilidade da seção central. (rejeitos com Dr = 80%;
condição mais compacta que a operacional da barragem
Figura 7.15 – Análise de estabilidade da seção central. (colmatação do tapete drenante +
elevação do N.A. do reservatório próximo à crista da barragem)
Figura 7.16 – Análise de estabilidade da seção central. (colmatação total do sistema de
drenagem interna + elevação do N.A. do reservatório próximo à crista da barragem)
Figura 7.17 – Análise de estabilidade da seção central (colmatação total do sistema de
drenagem interna + elevação do N.A. do reservatório + rejeitos fofos no aterro)
Figura 7.18 – Análise de estabilidade da seção central (Barragem na cota 950 e N.A. do
reservatório na cota operacional - 948)
Figura 7.19 – Análise de estabilidade da seção central (Barragem alteada até a cota 965
e N.A. do reservatório na cota operacional - 963)

xvii
Figura 7.20 – Análise de estabilidade da seção central (Barragem alteada até a cota 950
e N.A. do reservatório em cota crítica - 949,42)
Figura 7.21 – Análise de estabilidade da seção central (Barragem alteada até a cota 965
e N.A. do reservatório em cota crítica - 964,42)
Figura 8.1– Coeficientes de permeabilidade determinados em campo e laboratório
Figura 8.2 – Detalhe da presença de estratos de diferentes granulometrias. (amostra de
rejeito extraída da praia da barragem B5).

xviii
LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 – Dados de instalação da instrumentação por seção (Dezembro de 2005).


Tabela 4. 1 – Classificação quanto à resistência a penetração - NBR – 7.520/82 (ABNT,
1982)
Tabela 4.2 – Densidade relativa e ângulo de atrito efetivo médio para os instrumentes
analisados
Tabela 4.3 – Índice de Vazios, porosidade e densidade e peso específico seco para cada
um dos instrumentos analisados. (emáx=1,58; emín=0,96; Gs=3,36)
Tabela 4.4 – Índice de Vazios, porosidade e peso específico seco médios para cada um
dos instrumentos analisados. (emáx=1,63; emín=0,93; Gs=3,47)
Tabela 4.5 – Índice de Vazios, porosidade e peso específico seco médios para cada um
dos instrumentos analisados. (emáx=1,61; emín=0,89; Gs=3,42)
Tabela 4.6 – Controle de compactação; camadas finais. (Modificado - Arc Engenharia,
2004)
Tabela 4.7 – Controle de compactação; camadas iniciais. (Modificado - Arc Engenharia,
2004)
Tabela 4.8 – Parâmetros de α sugeridos por Elrick et al. (1989).
Tabela 4.9 – Valores de coeficiente de permeabilidade determinados pelo ensaio com o
permeâmetro de Guelph ao longo da praia de rejeitos.
Tabela 4.10 – Valores de coeficiente de permeabilidade determinados pelo ensaio com o
permeâmetro de Guelph para o aterro da barragem.
Tabela 4.11 – Valores de peso específico seco e teor de umidade determinados em
campo.
Tabela 5.1 – Frações granulométricas de todas as amostras da praia - NBR 6502
(ABNT, 1993)
Tabela 5.2 – Frações granulométricas para as amostras do aterro - NBR 6502 (ABNT,
1993)
Tabela 5.3 – Massa específica das amostras da praia de rejeitos.
Tabela 5.4 – Massa específica das amostras de rejeitos do aterro.
Tabela 5.5 –Valores dos índices de vazios mínimo e máximo dos rejeitos coletados na
praia.
Tabela 5.6 –Valores dos índices de vazios mínimo e máximo dos rejeitos coletados no
aterro.
Tabela 5.7 - Valores dos coeficientes de permeabilidade para diferentes condições de
moldagem (rejeitos da praia)

xix
Tabela 5.8 - Valores dos coeficientes de permeabilidade para diferentes condições de
moldagem (rejeitos do aterro)
Tabela 5.9 – Parâmetros de resistência pelos ensaios de cisalhamento direto (praia de
rejeitos).
Tabela 5.10 – Parâmetros de resistência por ensaios de cisalhamento direto (aterro de
rejeitos).
Tabela 5.11 – Parâmetros de resistência obtidos nos ensaios triaxiais realizados.
Tabela 5.12 – Composição química e teores médios de sólidos dos rejeitos lançados na
barragem B5
Tabela 5.13 – Composição química para algumas amostras coletadas na barragem B5
Tabela 5.14 – Análises granuloquímicas para as amostras integrais e frações
granulométricas.
Tabela 5.15 – Composições químicas para a amostra S2-F1.
Tabela 5.16 – Composições químicas (%) para grãos minerais da amostra S1-F3.
Tabela 5.17 – Composições químicas (%) para grãos minerais da amostra S1-F3.
Tabela 5.18– Composições químicas (%) para grão mineral da amostra S1-F3.
Tabela 6.1 – Valores de coeficientes de permeabilidade adotados para os materiais da
barragem
Tabela 6.2 – Valores dos coeficientes de permeabilidade adotados para os rejeitos da
barragem.
Tabela 6.3 – Dados do N.A. do reservatório e leituras dos medidores PZ 315 e MV-1.
Tabela 6.4 – Ajuste da calibração do modelo numérico (seção central da barragem B5).
Tabela 6.5 – Resultados das análises de variação do N.A. do reservatório da barragem
B5; regime permanente de fluxo.
Tabela 6.6 – Dados de monitoramento da seção B (maio a dezembro/2005).
Tabela 6.7 – Dados de monitoramento da seção D (maio a dezembro/2005).
Tabela 7.1 – Parâmetros efetivos de resistência utilizados nas análises de estabilidade.
Tabela 7.2 – Valores dos pesos específicos dos materiais.
Tabela 7.3 – Probabilidades de ruptura considerando análises de sensibilidade dos
parâmetros de resistência do solo de fundação da Barragem B5
Tabela 7.4 – Probabilidade de ruptura segundo variação do ângulo de atrito para o
underflow da barragem de rejeitos.
Tabela 7.5 – Parâmetros de resistência efetivos para análises de estabilidade simulando
variações da compacidade relativa dos rejeitos.
Tabela 8.1 – Coeficientes de permeabilidade determinados em campo e laboratório
Tabela 8.2 – Síntese dos principais resultados das análises (operacionais e críticas) de
estabilidade realizadas para o talude de jusante da barragem de rejeitos B5.

xx
LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIAÇÕES

A Parâmetro de poropressão
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
B Parâmetro de Skempton
Dr Densidade relativa
e Índice de vazios
emax Índice de vazios máximo
emin Índice de vazios mínimo
ESDH Equipamento de simulação de deposição hidráulica
eV Eletro Volt
Gs Densidade dos grãos
k Coeficiente de permeabilidade
K Condutividade hidráulica
M Massa
Md Massa seca
MEV Microscópio eletrônico de varredura
min Minuto
mm milímetro
Mw Massa com teor de umidade w
n Porosidade
NBR Norma Brasileira Registrada
NGA Núcleo de Geotecnia Aplicada
q Semi-diferença das tensões principais
q Vazão
S Grau de saturação
s Segundo
SPT Sondagem à percussão
u Poropressão
UFOP Universidade Federal de Ouro Preto
up Contra-pressão
φ Ângulo de atrito total
φ’ Ângulo de atrito efetivo
φ'pico Ângulo de atrito efetivo de pico
γw Peso específico da água
ρ Massa específica aparente
ρd Massa específica aparente seca
ρdmax Massa específica aparente seca máxima
ρdmin Massa específica aparente seca mínima
ρs Massa específica dos grãos
σ Tensão
σ’ Tensão efetiva

xxi
CAPÍTULO 1

1 INTRODUÇÃO

Historicamente, a mineração é considerada como sendo uma atividade conservadora. No


Brasil, especialmente nas últimas décadas, o desenvolvimento tecnológico inserido nos
processos e nos equipamentos, aliados ao extenso conhecimento das especificidades e
do segmento como um todo, quebraram o paradigma do conservadorismo e fizeram da
mineração uma área de grande complexidade e de sofisticação tecnológica.

Por outro lado, a atividade mineradora simplesmente extrativista tinha comumente


associada uma imagem de degradação e desrespeito ao meio ambiente e à sociedade.
Hoje, felizmente o modelo de produção na mineração brasileira é outro. Assim como os
processos de lavra e beneficiamento adotam tecnologias de ponta em todas as suas
etapas, a área de disposição dos rejeitos gerados também vem se apropriando de
ferramentas tecnológicas, por meio das quais se busca monitorar, bem como minimizar
os impactos ambientais causados pela disposição indevida destes resíduos.

Os rejeitos de mineração são materiais distintos, com características específicas


incorporadas a partir de processos de beneficiamento industrial particulares. Tal fato faz
com que o comportamento geotécnico destes materiais não possa ser caracterizado de
forma completa e abrangente pelas metodologias convencionais adotadas para os solos
naturais, como normalmente se tem visto.

Assim, impõe-se a necessidade de estudos específicos dos resíduos gerados no processo


de beneficiamento de minérios (Pereira, 2005). Esta recomendação justifica-se pelo fato
de que, embora os rejeitos apresentem composição granulométrica bem definida, seu
comportamento não pode ser caracterizado unicamente pelos conceitos da mecânica dos

1
solos clássica. As características de permeabilidade e drenabilidade, a susceptibilidade à
liquefação, a erosão interna, além das dificuldades envolvidas no processo de
compactação, constituem importantes condicionantes para o desenvolvimento de novos
equipamentos e metodologias de ensaio específicas, tanto em laboratório, quanto em
campo.

A necessidade de um completo e consistente programa experimental aplicado aos


resíduos do beneficiamento, melhor denominado de caracterização tecnológica de
rejeitos de mineração, torna-se ainda mais evidente quando se deseja avaliar a
estabilidade e conseqüentemente a segurança de determinada estrutura de contenção,
seja ela pilha ou barragem.

A percolação em estruturas de rejeito difere-se, e muito, daquela verificada em


estruturas convencionais, como barragens de terra. Neste contexto, Vick (1983) destaca
que a posição da freática exerce influência fundamental no comportamento do maciço,
interferindo na estabilidade estática e dinâmica da barragem. Por esta razão, o perfeito
conhecimento das características de permeabilidade e drenabilidade dos materiais
envolvidos, no caso os rejeitos de mineração, é de suma importância quando se deseja
realizar análises de percolação em estruturas de rejeito.

Visando agilizar soluções para a análise de percolação em barragens, vem sendo


utilizado com muito sucesso o método dos elementos finitos. Vários autores já
atestaram a economia e segurança que se consegue com o método. Dentre estes
podemos citar: Dupas (1993), Amorim (1993), Amorim et al. (1995), Gouvêa (2004).

Dessa forma, será parte do escopo desta dissertação de mestrado não só a caracterização
tecnológica de rejeitos por meio de ensaios de campo e de laboratório, mas também a
utilização do método dos elementos finitos em barragens de rejeito como uma
ferramenta já comprovadamente segura na avaliação da segurança em projetos (desde
que adequadamente usado). Para tanto, serão discutidas não apenas os aspectos
geotécnicos dos rejeitos, mas também a as análises de percolação e estabilidade das suas
estruturas finais de disposição.

2
1.1 JUSTIFICATIVA DO TRABALHO

Na região do “Complexo Carbonatítico do Barreiro”, localizado no município de Araxá,


em uma área aproximadamente circular de cerca de 4,5km2, estão localizadas imensas
reservas de minérios de fosfato e pirocloro (mineral - minério do nióbio), cuja
exploração sistemática e intensa resulta em volumes consideráveis de rejeitos. Deste
acervo mineral de grandes proporções, participam grandes conglomerados industriais
onde destacamos a Bunge Fertilizantes S/A, que atualmente explora as jazidas de
fosfato e a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração – CBMM, que vem
explorando o nióbio.

A construção de uma barragem de rejeitos geralmente é feita pela própria mineradora e


seus alteamentos ocorrem de acordo com o nível de produção e necessidade de
armazenamento do rejeito. Este processo apresenta vantagens econômicas quando em
relação às barragens convencionais compactadas, que são usualmente finalizadas num
curto período de tempo antes do enchimento. Entretanto, o controle construtivo destas
barragens de rejeito é geralmente limitado e podem ocorrer rupturas associadas à má
aplicação das práticas construtivas. Dessa forma, a estocagem ou a disposição dos
materiais derivados do processo de mineração passa a constituir uma problemática à
parte, uma vez que exigem cuidados quanto à segurança e estabilidade dos depósitos,
envolvendo obras de contenção e técnicas de monitoramento.

Por outro lado, as exigências de proteção ambiental das áreas ocupadas pelas atividades
de produção têm sido continuamente aperfeiçoadas pelos órgãos ambientais, incluindo o
estudo detalhado dos processos poluentes, seu tratamento e monitoramento, o que
implica na necessidade de um conhecimento muito mais aprofundado de todos os
aspectos envolvidos, particularmente uma completa e consistente caracterização
tecnológica dos rejeitos envolvidos.

É nesse contexto que se insere a barragem de rejeitos de fosfato B5, atualmente sob
propriedade da Bunge Fertilizantes S/A e objeto de estudo desta dissertação. Juntamente
com as barragens da Goiasfértil (atualmente pertencente a Fosfértil) e com as barragens
da Fosfértil, se enquadram em um dos projetos pioneiros no Brasil no que concerne a

3
processos de barragens alteadas com rejeitos de mineração (Busch, 1987).

Como se trata de um projeto antigo e pioneiro, uma avaliação atual do desempenho da


barragem B5 durante operação, fundamentada no estudo mais detalhado das
características tecnológicas dos rejeitos depositados irá permitir, juntamente com a
utilização de ferramentas numéricas, avaliar o desempenho atual da barragem, bem
como fornecer parâmetros que serão de grande valia para a otimização de projetos
futuros.

1.2 OBJETIVOS DO TRABALHO

Com base nos aspectos particulares do comportamento de rejeitos de mineração e,


diante dos impactos ambientais e socioeconômicos potencialmente causados pela
ruptura de um sistema de contenção de rejeitos, o presente trabalho objetiva,
principalmente, uma avaliação de segurança atualizada da barragem de rejeitos B5.
Destaca-se ainda que as análises de estabilidade serão fundamentadas em análises de
percolação cujos parâmetros geotécnicos dos rejeitos serão obtidos por meio de técnicas
que evidenciam as características peculiares dos rejeitos de mineração.

Para isso, resumidamente, a proposta experimental consiste em realizar ensaios de


laboratório e campo tanto para a parcela grossa do rejeito, denominada de “underflow” e
que integra o aterro da barragem, como também para o “overflow”, parcela fina do
rejeito que é lançada a montante e constitui a chamada “praia” de rejeitos. Os ensaios de
campo serão então confrontados com os ensaios de laboratório, buscando estabelecer as
características geotécnicas dos rejeitos em conformidade com as reais condições em que
estão depositados.

Posteriormente ao estabelecimento das características geotécnicas dos rejeitos, o


presente trabalho também tem como objetivo analisar as condições operacionais atuais
da barragem de rejeitos B5, procedendo a confiabilidade do sistema de instrumentação
existente e efetuando as correspondentes análises de percolação e de estabilidade da
barragem.

4
Ressalta-se aqui que este trabalho vem também se somar ao intenso projeto de
investigação geotécnica do comportamento dos rejeitos de mineração desenvolvido pela
Universidade Federal de Ouro Preto, mais especificamente pelo chamado Núcleo de
Geotecnia Aplicada da UFOP – NGA. Outros estudos têm sido implementados,
objetivando prever o comportamento dos rejeitos depositados hidraulicamente. Dentre
os vários estudos realizados pela equipe, destacam trabalhos de investigação geotécnica
através de ensaios conepenetrométricos (Albuquerque Filho, 2004), influência do teor
de ferro na condutividade hidráulica (Santos, 2004) e nos parâmetros de resistência
(Presotti, 2002) além do estudo acerca do potencial de liquefação dos rejeitos de
minério de ferro sob carregamento estático (Pereira, 2005), aprimorando quantitativa e
qualitativamente o projeto de caracterização tecnológica de rejeitos de mineração
(Gomes et al., 2002).

Dentro desse contexto, destaca-se ainda que, várias das metodologias que serão
implementadas neste trabalho de mestrado já foram testadas com grande sucesso em
outros trabalhos de pesquisa envolvendo rejeitos de minério de ferro; sendo que um dos
objetivos desta dissertação será, também, expandir e avaliar a aplicabilidade destas
técnicas em rejeitos oriundos do beneficiamento da rocha fosfática podendo, em pouco
tempo, modificar substancialmente procedimentos que eram até então empíricos em
possíveis novas técnicas de análise.

1.3 FASES DO ESTUDO

Como etapa preliminar dos estudos, fez-se uma ampla revisão bibliográfica dos
documentos técnicos associados ao projeto e construção da barragem de rejeitos B5.
Aliada a pesquisa bibliográfica, também foram realizadas inspeções de campo para a
avaliação das condições de funcionamento da instrumentação instalada na barragem.
Ainda nesta primeira etapa, foram coletadas algumas amostras de rejeito para a
realização de ensaios de caracterização geotécnica, cujo intuito foi o de nortear o projeto
e alguns ensaios especiais, onde destaca-se a realização de ensaios de difratometria de
raios-x, análise química e microscopia eletrônica de varredura (MEV).

5
Com base no diagnóstico geral apresentado nesta primeira etapa foi, então, definido o
programa experimental, mais especificamente denominado neste trabalho de
caracterização tecnológica dos rejeitos, cujas metodologias utilizadas serão apresentadas
e discutidas nos capítulos 4 e 5

A partir da determinação dos parâmetros geotécnicos dos materiais envolvidos e dos


registros piezométricos dos instrumentos instalados na barragem, serão estabelecidas,
no capítulo 6, simulações de fluxo d’água pelo maciço e pela fundação da barragem,
utilizando-se o programa computacional SEEP/W (GeoSlope International, Canadá),
para condições normais e específicas de operação. Com o intuito de se ter um maior
controle, serão utilizadas mais de uma seção para análise, sendo que as seções
escolhidas foram consideradas como críticas pelo fato de serem centrais, de maior altura
e envolverem um maior volume de material.

Em uma quarta etapa, os dados da instrumentação serão organizados em arquivo


eletrônico e plotados convenientemente com os períodos de leitura. Dessa forma, será
possível analisar sua consistência e evolução ao longo do tempo, bem como avaliar o
comportamento geotécnico do aterro/fundação e do sistema de drenagem interna da
barragem sob fluxo. Ainda nesta etapa, estes dados serão confrontados com os
resultados obtidos nas simulações numéricas para se avaliar a consistência e calibrar o
modelo de fluxo adotado.

Numa fase posterior, levando-se em conta as características específicas de operação e


funcionamento, serão realizadas análises de percolação para situações especiais. Após a
calibração do modelo de fluxo, será possível simular diversas condições críticas para a
barragem, como, por exemplo, uma possível colmatação do sistema de drenagem
interna ou mesmo elevações bruscas no N.A. do reservatório. Tais estudos possibilitarão
fazer uma análise de riscos para a barragem de maneira a prever prováveis diminuições
na segurança da estrutura quando esta estiver sob condições específicas e críticas de
operação.

Na etapa final proposta, representada pelo capítulo 7, serão realizadas análises de


estabilidade do talude de jusante referente às análises de percolação realizadas. Nesta

6
etapa será utilizado o programa computacional SLOPE/W (GeoSlope International,
Canadá), incorporando-se os dados de piezometria obtidos diretamente do programa
SEEP/W. Nesta fase será determinado o fator de segurança operacional para a barragem
para as diferentes situações operacionais previstas.

Finalmente, no capítulo 8, apresenta-se uma síntese e discussão global dos resultados,


juntamente com as principais conclusões obtidas e as sugestões para complementação
futura das pesquisas realizadas no presente trabalho.

7
CAPÍTULO 2

2 CONCEPÇÕES E CRITÉRIOS DE PROJETO E DE


CONSTRUÇÃO DE BARRAGENS COM REJEITOS
CICLONADOS

2.1 INTRODUÇÃO

A forma mais comum de disposição de rejeitos úmidos em superfície consiste no


lançamento direto em reservatórios contidos por diques (áreas com pequena inclinação)
ou barragens (vales). Estas estruturas de contenção são normalmente executadas a partir
de um dique de partida constituído de terra compactada ou enrocamento, com os
alteamentos sucessivos sendo realizados com a utilização do próprio rejeito através da
chamada técnica do aterro hidráulico.

A construção de barragens de rejeito normalmente está associada a tecnologias de baixo


custo e na maioria das vezes é realizada com equipe técnica e equipamentos da própria
mineradora. Uma das grandes vantagens observadas no alteamento de barragens com
rejeitos, reside na possibilidade de amortização dos custos envolvidos na construção da
barragem ao longo da vida útil da estrutura, uma vez que os alteamentos da barragem
não são executados de uma só vez e sim em etapas de acordo com a produção e
necessidade de armazenamento.

Por outro lado, verifica-se que os rejeitos, principais materiais disponíveis, não são
ideais para a construção de barragens, principalmente no que concerne à
susceptibilidade à liquefação destes materiais, sua excessiva erodibilidade superficial e
dificuldades na compactação.

8
Ainda, a utilização de barragens de rejeito projetadas com a técnica do aterro hidráulico
apresenta alguns condicionantes relacionados principalmente aos aspectos construtivos
e de segurança, provocados pela insuficiência de especificações que normalizem este
tipo de estrutura. O procedimento de lançamento do material é feito geralmente de
forma quase aleatória, não sendo estabelecido nenhum controle das variáveis que
influenciam o processo de deposição (Ribeiro, 2000).

Chammas (1989), destaca que a utilização de rejeitos como material de construção pode
ser alcançada quando introduzidas algumas providências:

Separação dos rejeitos em fração grossa e lamas utilizando apenas a fração areia
na construção das barragens;

Controle dos procedimentos de separação para obter-se os materiais com


granulometrias requeridas;

Instalação de eficiente drenagem interna para o adequado rebaixamento da


superfície freática e redução do potencial ao “piping”.

Compactação dos rejeitos com o aumento da densidade e resistência ao


“piping”.

Como requisito adicional de segurança operacional das barragens de rejeito, recomenda-


se que sejam implantadas praias de “lamas” entre o talude de montante da barragem e o
N.A. do reservatório, isto é, rejeitos com uma granulometria mais fina e de ordem de
permeabilidade de pelo menos 10 vezes menor que a permeabilidade do rejeito
constituinte do talude da barragem. Isto abate a linha freática, reduz a percolação e os
riscos ao “piping”.

Com isso, fica possível a partir da análise das características dos rejeitos, como
granulometria, permeabilidade, compressibilidade e resistência, verificar sua aptidão e
desempenho para a construção de maciços compactados. Finalmente, ainda como
premissa para a utilização de rejeitos como material de construção é necessário avaliar-
se a susceptibilidade a liquefação destes materiais com o intuito de se definirem
critérios de compactação a serem empregados em projeto (Pereira, 2005)

9
2.2 MÉTODOS CONSTRUTIVOS DAS BARRAGENS DE REJEITO

Os tipos de barragens de rejeito relacionam-se basicamente aos procedimentos


construtivos e aos materiais utilizados no processo de alteamento. Nesse sentido,
considerando o uso do próprio rejeito como material de construção através da técnica do
aterro hidráulico, podem-se destacar três métodos construtivos com especificidades de
projeto e vantagens operacionais ( Klohn, 1981; Vick, 1983; Gomes, 2005):

Método de Montante

Método de Jusante

Método da Linha de Centro

Um fator de grande importância na hora de decidir sobre a escolha do método de


construção do maciço são os volumes para o alteamento e seus custos e, neste contexto,
os custos mais reduzidos estão associados ás barragens alteadas pelo método de
montante. A Figura 2.1 mostra as razões (resguardadas as peculiaridades regionais)
entre volumes e seus custos em função de cada método de alteamento.

Figura 2.1 – Tabela comparativa de custos entre diversos métodos de alteamento (Modificado
Steffen & Kirsten, 1985)

10
2.2.1 Barragens Alteadas para Montante

A construção de barragens de rejeitos com a técnica de aterro hidráulico pelo método de


montante constitui a forma mais antiga e simples caracterizando-se como uma evolução
natural dos procedimentos empíricos de disposição de rejeitos. A etapa inicial na
execução deste tipo de barragem consiste na construção de um dique de partida,
normalmente de material argiloso ou enrocamento compactado. Depois de realizada esta
etapa, o rejeito é lançado por canhões, hidrociclones, spigots ou simplesmente pela
desconexão de tubulações a montante da linha de simetria do dique, formando uma
praia de deposição, que servirá como fundação e fornecerá material para a construção
dos diques subseqüentes (Figura 2.2). Este processo repete-se até que a cota final
prevista em projeto seja atingida.

Linha de Descarga
Lagoa de Decantação Praia de Rejeitos

Alteamentos
Rejeitos grossos
Rejeito Granular Dique de Partida

Fundação Tapete Drenante

Figura 2.2 – Seção típica de uma barragem alteada para montante (Albuquerque Filho, 2004).

O método de montante apresenta como principais vantagens o baixo custo de sua


construção, a necessidade de menor volume de materiais, a rapidez e a simplicidade na
execução dos alteamentos, normalmente realizados pela equipe técnica da própria
mineradora.

Além disso, a adoção dos ciclones no processo de disposição possibilitou uma melhoria
das características geotécnicas do material construtivo (rejeito) na região da praia e
conseqüentemente otimizou de forma significativa à velocidade de execução dos
alteamentos.

Apesar de ser bastante popular e utilizada pela maioria das mineradoras, a construção
pelo método de montante está limitada a condições específicas e tem algumas
desvantagens, entre elas: a dificuldade do controle da superfície freática, o baixo
controle construtivo, a baixa capacidade de estocagem de água e a alta susceptibilidade

11
a liquefação, uma vez que os alteamentos são executados sobre rejeitos previamente
depositados e não consolidados (Figura 2.2). Neste caso, sob condição saturada e estado
de compacidade fofo, estes rejeitos tendem a apresentar baixa resistência ao
cisalhamento e se liquefazerem sob carregamentos dinâmicos ou estáticos. Ressalta-se
que esta condição tem ocasionado seu desuso e até mesmo a proibição em alguns países.

2.2.2 Barragens Alteadas para Jusante

Com o intuito de reduzir os riscos associados ao método de montante, principalmente


no que se diz respeito à susceptibilidade a liquefação, foi desenvolvido o Método de
Jusante, consistindo no alteamento sucessivo da barragem para jusante do dique de
partida (Figura 2.3).

Neste método, a etapa inicial consiste na construção de um dique de partida,


normalmente de solo ou enrocamento compactado. Depois de executado o dique, os
rejeitos são lançados e compactados a jusante do mesmo, até que a cota final prevista
em projeto seja atingida. Em alguns casos, este método pode se associar à medidas de
controle de superfície freática com núcleos ou tapetes de argila a montante e drenos
internos, conforme detalhes da Figura 2.3.

Lagoa de Decantação Zona Impermeável Dreno Interno

Alteamentos
Rejeito Granular
Dique de Partida Rejeitos grossos

Fundação

Figura 2.3 – Seção típica de uma barragem alteada para jusante (Albuquerque Filho, 2004).

Klohn (1981) relaciona uma série de vantagens envolvidas no processo de construção de


barragens de rejeitos com alteamentos sucessivos à jusante. Dentre elas, destacam-se:

nenhuma parte da barragem é construída sobre o rejeito previamente depositado


e conseqüentemente pouco consolidado;

12
o processo de lançamento e compactação da barragem pode ser controlado pelas
técnicas convencionais de construção;
o sistema de drenagem interna pode ser executado durante a construção da
barragem, permitindo o controle sobre a linha de saturação e aumentando a
estabilidade da estrutura;
a barragem de rejeitos construída pelo método de jusante resiste
satisfatoriamente a efeitos dinâmicos, como forças sísmicas;
a construção pode ser escalonada sem comprometimento da segurança da
estrutura;
as atividades de construção da barragem não provocam interferência na operação
dos rejeitos;
não existe limitação técnica quanto à altura máxima da barragem.

Ferraz (1993), destaca ainda como vantagem do método de jusante a possibilidade de


redução significativa das dimensões do extravasor de cheias, uma vez que o reservatório
pode acumular volumes muito maiores de água, visto que não há restrições ao contato
da lâmina d’água junto à crista da barragem (presença de uma zona impermeável no
talude de montante).

Com relação as principais desvantagens apresentadas pelo Método de Jusante, destaca-


se a necessidade de grandes volumes de material compactado e conseqüentemente o alto
custo envolvido na execução destas estruturas. Além disto, este método necessita de um
planejamento avançado com relação aos materiais lançados na barragem e programação
dos alteamentos, principalmente nas fases iniciais de operação, uma vez que poderá
ocorrer insuficiência de material grosso (geralmente underflow – constituinte do
maciço) para manter a crista da barragem acima do nível do reservatório. Segundo
Klohn (1981), tal fato pode implicar a necessidade de execução de um de um dique de
partida mais elevado ou utilização de materiais alternativos provenientes de áreas de
empréstimo ou do estéril da mina.

13
2.2.3 Barragens Alteadas pela Linha de Centro.

A construção de barragens de rejeito pelo método da linha de centro é uma solução


intermediária entre os dois métodos citados anteriormente. De uma maneira geral, é
basicamente uma variação do método de jusante em que o alteamento da crista é
realizado de forma vertical, sendo o eixo vertical dos alteamentos coincidente (Figura
2.4). Neste método ainda é possível a utilização de zonas de drenagem interna ou
mesmo núcleos impermeáveis que possibilitam um melhor controle da linha de
saturação e da percolação dentro do maciço da barragem.

Lagoa de Decantação Praia de Rejeitos Linha de Descarga

Dreno
Rejeito Granular Alteamentos Interno
Rejeitos grossos
Dique de Partida

Fundação

Figura 2.4 – Seção típica de uma barragem alteada pela linha de centro (Albuquerque Filho, 2004).

O método da linha de centro pode ser considerado uma solução geometricamente


intermediária entre os dois métodos anteriormente descritos, agregando dessa forma
vantagens e desvantagens de ambos. Entretanto, seu comportamento estrutural encontra-
se mais próximo das barragens construídas pelo método de jusante somando-se de
algumas vantagens, onde se destaca a necessidade de um menor volume de material
compactado para a construção do aterro tornando mais compatíveis os custos de
construção da barragem.

Adicionalmente, destaca-se que o método da linha de centro, por assentar apenas uma
pequena porção do aterro sobre material não consolidado, reduz de sobremaneira a
susceptibilidade a liquefação destes materiais quando comparados com o método de
montante; apropriando sua utilização mesmo em áreas de alta sismicidade.

14
2.3 CICLONAGEM DE REJEITOS

Juntamente com o espigotamento e a descarga em ponto único, a ciclonagem de rejeitos


constitui-se em um dos principais métodos de descarte ou lançamento das polpas de
rejeitos oriundas da planta de beneficiamento (Figura 2.5).

Figura 2.5 – Descarga em ponto único, Ciclonagem e Espigotamento de rejeitos.

Para a utilização de rejeitos na construção de barragens, existe o requisito fundamental


de transformar as polpas produzidas em materiais trabalháveis por equipamentos
convencionais de terraplanagem (Busch, 1987).

Adicionalmente, são necessários ainda que os coeficientes de permeabilidade dos


materiais sejam relativamente altos, visto a necessidade de decantação da água da
suspensão e principalmente obtenção de um grau de saturação adequado. Mittal e
Morgenstern (1977) indicam um coeficiente da ordem de 10-3 cm/s para que o material
seja trabalhável num prazo de horas após a deposição. Para tal, a forma mais comum
utilizada na prática para se atingirem os objetivos acima tem sido a ciclonagem dos
rejeitos onde, além de se aumentar de forma considerável o teor de sólidos, elimina-se
parte da fração fina, aumentando sua permeabilidade (Busch, 1987).

A ciclonagem de rejeitos consiste basicamente na separação do rejeito pela ação da


força centrífuga, cuja realização é feita por equipamentos denominados de hidrociclones
ou mesmo ciclones. Os hidrociclones, quando utilizados na planta de beneficiamento
têm a função de classificar o minério em tratamento, isto é, separar a parcela fina da
grossa visando otimização dos processos posteriores de beneficiamento. Quando
instalados próximos à barragem têm como objetivo separar o rejeito da alimentação em
frações de materiais com granulometrias diferentes, conhecidos como underflow e

15
overflow alem de alocá-los em pontos diferenciados da estrutura de disposição.

A ciclonagem pode ser realizada em ponto único, onde geralmente é feita na ombreira
da barragem com posterior transporte e espalhamento dos rejeitos, ou disposta ao longo
da crista da barragem, por meio de ciclones individuais ou mesmo baterias de ciclones,
estes por sua vez móveis ao longo da crista.

Na Figura 2.6a, apresenta-se um esquema de funcionamento de um hidrociclone, e na


Figura 2.6b um equipamento em operação. Ao serem, os rejeitos totais (oriundos da
planta de beneficiamento), injetados sob pressão na câmara do hidrociclone, tendem a se
formar dois vórtices: um primário, com sentido de cima para baixo, e um secundário
com sentido inverso. A ação da força centrífuga tende a forçar as partículas mais
grosseiras a serem incorporadas ao vórtice primário, que é expelido pelo ápice do
hidrociclone (underflow). As partículas mais finas circulam pelo vórtice secundário —
sendo as mais grosseiras remanescentes forçadas a se incorporar ao primário —
deixando o hidrociclone pela parte superior (overflow), juntamente com a água
decantada (Trawinski, 1976 apud Busch, 1987).

(a) (b)

Figura 2.6 – Esquema de operação de um hidrociclone (a) (Trawinski, 1976 apud Busch, 1987) e
Hidrociclone em operação (b).

O material que deixa o ciclone pela parte superior (overflow) fica com água incorporada
e apresenta granulometria fina compondo a lama, e o material que deixa o ciclone pela
parte inferior (underflow) compõe os rejeitos arenosos, sendo um material mais grosso e
apresentando melhores características de resistência e permeabilidade se comparado ao
overflow. Deste modo, cada porção separada pelo hidrociclone tem sua característica

16
própria e utilização específica no processo de conformação da estrutura de disposição.
O underflow é utilizado como material de construção do aterro da barragem, enquanto a
lama é lançada diretamente no reservatório, onde, em geral é o principal constituinte da
chamada praia de rejeitos. A utilização do rejeito grosso como material de construção e
o rejeito fino como constituinte da praia proporciona um aumento na estabilidade da
estrutura, uma vez que o grosso, mais permeável, garante uma maior resistência ao
cisalhamento enquanto que o rejeito fino, menos permeável, afasta o nível d’água do
reservatório do talude de jusante da barragem.

Embora seja possível ciclonar qualquer tipo de rejeito, há necessidade de se partir de


produtos suficientemente grosseiros para que sejam gerados “underflows”
suficientemente permeáveis (Busch, 1987). Como exemplos de rejeitos ciclonados
podemos citar, dentre outros, os de fosfato (Barragens da Bunge Fertilizantes em Araxá
e Fosfértil) e os de minério de ferro (Barragem de Córrego do Doutor – CVRD).

A operação de ciclonagem é afetada por diversos fatores, onde se destacam, entre


outros, o teor de sólidos, a granulometria, o peso específico dos grãos, a viscosidade da
polpa, a geometria do hidrociclone e até o diferencial de pressão aplicado. Para que se
obtenha rejeitos mais grosseiros é desejável o emprego de equipamentos de maior porte
e menores pressões. Adicionalmente, a forma das partículas também pode influenciar a
ciclonagem de rejeitos, como exemplo, Busch (1987) cita o caso dos rejeitos de flotação
da Fosfértil, onde as partículas chatas de mica tendem a diminuir a eficiência da
ciclonagem.

Na Figura 2.7 apresentam-se resultados de ensaios de granulometria por peneiramento


(curvas médias) do rejeito total, underflow e overflow da ciclonagem dos rejeitos de
fosfato da Arafértil (atual Bunge Fertilizantes S/A); destaca-se que as curvas são
referentes à época de projeto das barragens. Nesse caso específico foram empregados
ciclones relativamente pequenos, de 6” de diâmetro, com pressões de 15 a 25 psi. A
relação de massa é em média de 65 % de material para o underflow e 35 % para o
overflow.

17
Figura 2.7 – Efeito da ciclonagem sobre a granulometria dos rejeitos de fosfato da Arafértil
(Busch, 1987).

Pela Figura acima, observa-se o efeito e a eficiência da operação de ciclonagem nos


rejeitos, uma vez que, da fração que entra (rejeitos totais) é separada uma fração de
granulometria mais fina (overflow), de consistência líquida e com apenas 20% de teor
de sólidos em média, e separada uma fração mais grosseira (underflow), esta, por sua
vez, gerada com um teor de sólidos de 65% em média, conferindo uma consistência
semi-sólida a mesma.

2.4 COMPORTAMENTO E PROPRIEDADES DE ENGENHARIA DOS


REJEITOS

Em geral, os rejeitos apresentam partículas de granulometria fina, variando de areia a


colóide, tendo a fração areia características irregulares devido aos processos de
cominuição. Embora apresentem características de areias, os rejeitos granulares não
podem ser considerados como tal, visto que suas características mineralógicas,
geotécnicas e físico-químicas variam em função do tipo e da forma de processamento
do minério, atribuindo assim, características bastante particulares para cada rejeito.

18
O comportamento geotécnico do rejeito em uma barragem é condicionado por suas
características mineralógicas e também pela forma de deposição. Este comportamento
tende a condicionar a estabilidade do maciço que utiliza o rejeito como material de
construção. Assim, a forma como o material é lançado, em função das variáveis de
deposição hidráulica (concentração da polpa, altura e velocidade de lançamento), tende
a alterar significativamente o comportamento dos aterros hidráulicos. Neste sentido, a
formação da praia de rejeito e o conseqüente processo de segregação que nela ocorre
condicionam as propriedades geotécnicas do rejeito e o comportamento global da
barragem (Presotti, 2002).

Considerando os rejeitos como material de construção de barragens, podemos citar


vários fenômenos e propriedades que peculiarizam o comportamento destes resíduos
depositados e lançados sob a forma de aterro hidráulico (Gomes, 2005). Entre estes,
destacamos a segregação hidráulica e a “densificação” dos rejeitos lançados juntamente
com seus condicionantes, como a permeabilidade, a resistência ao cisalhamento e mais
especificamente a susceptibilidade a liquefação.

2.4.1 SEGREGAÇÃO HIDRÁULICA

O processo construtivo dos aterros hidráulicos consiste basicamente na descarga da


mistura sólido-líquido numa determinada área, onde a maioria dos sólidos é depositada.
Essa descarga, por sua vez remete a um processo conhecido por segregação hidráulica
que se constitui numa importante característica nos aterros hidráulicos referindo-se à
tendência da fração sólida, ou parte dela sedimentar, criando um gradiente de
concentração ao longo da praia de rejeitos (Ribeiro, 2000).

Em concordância com o processo de segregação, as partículas mais grossas e/ou mais


pesadas tendem a depositar mais próximo ao ponto de descarga, enquanto as partículas
finas e/ou mais leves tendem a fluir ao longo da superfície; no caso das barragens de
rejeito, ao longo da praia. A segregação apresenta efeito direto na distribuição
granulométrica e nas condições de fluxo ao longo da praia.

19
Esta tendência de sedimentar apresentada pela fração sólida gera uma seleção
granulométrica em função do tamanho, da forma, da textura superficial e da densidade
das partículas. Assim, o fluxo de lama dos rejeitos provoca a seleção de partículas
depositadas gerando regiões ao longo da trajetória de fluxo (praia) com enorme
variabilidade granulométrica e mineralógica, alterando significativamente os parâmetros
de resistência, deformabilidade e permeabilidade da praia. Com o intuito de ilustrar os
efeitos da segregação hidráulica, são apresentadas na Figura 2.8, curvas granulométricas
para diversos pontos localizados ao longo de uma seção realizada na praia da Barragem
de Rejeitos de Malko Tirnovo, em abril de 1979. Pode-se observar que à medida que se
aumenta à distância em relação à crista (x) o rejeito tende a apresentar-se com uma
granulometria cada vez mais fina.

Figura 2.8 – Curvas granulométricas de praia espigotada (Abadjiev, 1985)

Segundo Moretti & Cruz (1996), a segregação granulométrica é função do processo


utilizado na execução de aterros hidráulicos, pois o rejeito, ao escoar ao longo da praia
de deposição, perde velocidade e conseqüentemente sua capacidade de arraste vai se
limitando a partículas cada vez menores. Por outro lado, Negro Jr. et al (1979) destaca

20
que nada impede que regiões próximas ao ponto de lançamento possam conter material
mais fino e regiões mais afastadas possam apresentar material mais grosseiro. Este fato,
segundo Negro Jr. et al (1979), ocorre devido ao processo de segregação verificado nas
tubulações que é provocado pelas diferenças no valor da densidade das partículas que
compõem o rejeito.

Adicionalmente, a deposição hidráulica ainda cria nos depósitos de rejeitos regiões


estratificadas bastante distintas, ou seja, condiciona micro-estruturas deposicionais que
passam a contemplar comportamentos geotécnicos diferenciados ao longo da
profundidade e comprimento do depósito. Ribeiro (2000) ainda menciona diversas
outras considerações acerca das mudanças nas características do material depositado,
destacando-se principalmente a presença de bandas de material fino intercaladas entre
frações mais grossas, provocadas pela mudança dos canhões, paralisações momentâneas
do lançamento ou mesmo interferência de outros canhões próximos.

Em função da insuficiência de conceitos e das dificuldades de se reproduzir, em


laboratórios convencionais de Mecânica dos Solos, o que realmente ocorre no processo
hidráulico de formação destes depósitos, Ribeiro (2000) propôs a utilização de um
modelo físico para avaliar estes mecanismos de deposição em rejeitos de minério de
ferro, desenvolvendo o ESDH, equipamento de simulação de deposição hidráulica,
constituindo-se basicamente um modelo reduzido para simular o fenômeno.

Particularmente para este rejeito, estas simulações revelaram uma forte influência das
características das partículas no processo de segregação. Foi observado que o efeito da
densidade das partículas de ferro, tende a gerar um processo de seleção condicionado ao
peso das partículas de ferro presentes no rejeito.

O autor verificou também, que uma grande variabilidade granulométrica pode ser
gerada em função das características do processo de deposição e do próprio rejeito,
gerando depósitos com diferentes propriedades geotécnicas associadas principalmente
às diferenças no valor da densidade, teor de ferro e da granulometria do depósito.

21
2.4.2 DENSIDADE

A possível utilização dos rejeitos como material de construção dos alteamentos de uma
barragem, bem como, sua execução sobre rejeitos inconsolidados da praia de deposição
(principalmente no método construtivo de montante), fazem da densidade dos rejeitos
um dos principais condicionantes a ser avaliado em projetos envolvendo aterros
hidráulicos.

Por estar diretamente relacionada à estruturação do rejeito depositado, a densidade tem


influência direta na estabilidade da estrutura além de quase todos os parâmetros
geotécnicos dos materiais serem condicionados pela magnitude de seu valor. Segundo
Athmer & Pycroft (1986) a densidade de um aterro hidráulico é largamente controlada
pelas características físicas do material do aterro como granulometria, forma e
mineralogia dos grãos, mas o método de disposição também afeta a densidade.

Para Moretti & Cruz (1996), a massa específica aparente seca (ρd) é o principal controle
de qualidade de um aterro hidráulico, e que para areias, o valor desta massa específica
aparente seca (ρd) aumenta rapidamente após o lançamento na praia. Contudo, em longo
prazo (alguns anos), as areias tendem a mostrar um ligeiro aumento desta massa
específica e conseqüentemente ganho de resistência para a estrutura.

Entretanto, apesar da importância da massa específica aparente seca (ρd) no controle de


um aterro hidráulico, o que mais se tem visto na prática é a utilização da compacidade
relativa (Dr) como principal parâmetro no controle construtivo dos alteamentos e nas
posteriores análises de estabilidade destas estruturas de contenção, uma vez que, por se
tratar de uma grandeza relativa, seu valor é mais “palpável” e conseqüentemente
possibilita uma melhor avaliação da magnitude da densidade de um depósito.

A Compacidade relativa, ou mesmo densidade relativa (Dr), como o próprio nome


indica, é uma relação entre os índices de vazios máximo, mínimo e natural.

(emax − e)
Dr = (2.1)
(emax − emin )

22
Outro ponto que atesta a maior utilização prática da densidade relativa (Dr) em
detrimento a massa específica aparente seca (ρd) é o fato de que a primeira pode ser
obtida por meio de correlações empíricas e semi-empíricas através de ensaios
conepenetrométricos ou mesmo ensaios SPT, este último correntemente utilizado,
fornecendo de maneira rápida e simples uma estimativa a respeito do estado de
compacidade de determinado depósito.

Conforme observado na Equação 2.1, para se determinar à densidade relativa é


necessário conhecer o emín e emáx, e estes são padronizados pela ABNT através das
normas NBR 12004 (Solo – Determinação do índice de vazios máximos de solos não
coesivos) e NBR 12051 (Solo – Determinação do índice de vazios mínimos de solos
não coesivos).Um cuidado especial deverá ser tomado ao se determinar o emín devido à
quebra dos grãos que poderá ocorrer durante a realização do ensaio, alterando o
resultado final. É importante notar que, no caso dos rejeitos de mineração, a
determinação de emín e emáx deve ser mais criteriosa em face das diferenças na
composição mineralógica, onde a presença de partículas de ferro tende a produzir um
efeito de segregação durante a deposição.

É interessante destacar que a obtenção de elevados valores para a densidade relativa


indica que os rejeitos do alteamento estão mais próximos da melhor condição compacta
possível, enquanto que, ao contrário, os rejeitos depositados estão mais próximos da
condição crítica, ou seja, mais fofa possível. Adicionalmente, a obtenção de uma
densidade alta remete a baixos valores de deformabilidade e uma maior resistência do
maciço além de, também, ser fator essencial na precaução de processos de ruptura por
liquefação, fenômeno este que será posteriormente discutido.

Ensaios conepenetrométricos realizados por Albuquerque filho (2004) indicam que os


rejeitos depositados na praia, em geral mais finos e sem compactação mecânica,
encontram-se com baixos níveis de densidade relativa, em torno de 15 a 35 %.
Enquanto isso, os rejeitos utilizados como material de construção dos alteamentos, por
serem em geral mais grossos e sofrerem ação de compactação mecânica, alcançam
níveis de densidade relativa que giram de 45 a 75 %.

23
2.4.3 PARÂMETROS DE RESISTÊNCIA

De maneira similar à densidade, os parâmetros de resistência também estão intimamente


ligados com a tipologia dos rejeitos depositados, bem como, com as características do
depósito formado. Além desta ligação, os parâmetros de resistência também se
relacionam diretamente ao próprio estado de compacidade em que o material depositado
se encontra, uma vez que, o ângulo de atrito aumenta com a diminuição da porosidade.

Nesse contexto, Espósito (2002) analisou as Pilhas de rejeitos de Monjolo e Xingu


mapeando suas porosidades “in situ” com o objetivo de aperfeiçoar e aferir a
metodologia probabilística de controle de qualidade de construção de barragens de
rejeitos. Utilizando a variabilidade das porosidades no campo, foram obtidos em
laboratório os parâmetros de resistência e permeabilidade sendo estabelecidas,
posteriormente, correlações entre estes. Com base nestes resultados, foram realizadas
análises probabilísticas de estabilidade, com determinação do fator de segurança e da
probabilidade de ruptura para os depósitos.

Já outros autores, como Lopes (2000), Hernandez (2002) e Presotti (2002), em estudos
com rejeitos de minério de ferro, procuraram estabelecer relações entre o teor de ferro,
porosidade e parâmetros de resistência. Ambos os autores chegaram a conclusões que o
ângulo de atrito apresenta uma forte dependência do teor de ferro. Hernandez (2002) e
Presotti (2002) observaram que amostras com maiores teores de ferro apresentaram
maiores valores de ângulos de atrito. Além disso, Presotti (2002) também observou uma
maior dependência do ângulo de atrito com as características mineralógicas dos rejeitos
independente das suas condições granulométricas e compacidade inicial.

Destaca-se aqui que os rejeitos de mineração, por serem materiais tipicamente arenosos,
cuja fração argila (fina) não é advinda de processos pedogenéticos e sim por processos
de cominuição, não apresentam plasticidade e, portanto, coesão. Segundo Taylor (1948)
a resistência ao cisalhamento é governada, entre outros componentes, pelo atrito devido
ao deslizamento e o atrito devido ao rolamento. Isso comprova que quando se trata de
solos granulares, a resistência ao cisalhamento está intimamente e quase que
restritamente ligada ao atrito entre as partículas.

24
Finalmente, observa-se para os rejeitos uma maior magnitude dos valores de ângulo de
atrito quando comparados com areias naturais. Tal fato é explicado pelo formato mais
angular dos grãos do rejeito, resultado das operações de processo a que são submetidos
(Busch, 1987).

2.4.4 LIQUEFAÇÃO DE REJEITOS GRANULARES

O fenômeno da liquefação está diretamente relacionado à perda repentina da resistência


dos materiais granulares, fofos e saturados, induzida por uma redução significativa das
tensões efetivas e, em conseqüência, por um desenvolvimento de elevadas poropressões
(Pereira, 2005). Dessa forma, a parcela de solo sujeita à liquefação comporta-se
temporariamente como uma massa fluida com consistência de líquido pesado.

Castro & Poulos (1977) demonstraram que as características granulométricas, o estado


de densidade e a tensão confinante dos materiais representam os principais
condicionantes que influenciam o fenômeno da liquefação. Adicionalmente, Gomes et
al. (2002) reforçam a importância de outros fatores neste processo, tais como, a forma
dos grãos e a composição química e mineralógica das partículas.

Nesse contexto, percebe-se que os rejeitos granulares de mineração transfiguram-se em


materiais particularmente susceptíveis aos fenômenos de liquefação por carregamento
estático ou dinâmico. Sua composição essencialmente arenosa e sua condição
normalmente saturada e fofa na região da praia de deposição representam importantes
condicionantes para ocorrência deste fenômeno.

Ainda, a ausência ou mesmo colmatação de sistemas de drenagem interna associado a


dificuldades de compactação (densificação) dos rejeitos utilizados nos alteamentos,
principalmente no método para montante, reforçam o risco de ruptura por liquefação em
barragens ou pilhas de rejeitos. Parra & Ramos (1987) e Parra & Lasmar (1987)
apontaram a liquefação como a principal causa de ruptura de inúmeras barragens de
rejeitos em todo o mundo. A ruptura das barragens da Mina do Pico São Luiz e da Mina
do Fernandinho constituem alguns exemplos de ocorrência deste fenômeno na região do
Quadrilátero Ferrífero, em Minas Gerais. (Pereira, 2005)

25
Diante desse contexto, ao longo dos anos vêm sendo desenvolvidas várias técnicas para
a avaliação do fenômeno da liquefação, dentre estas, destaca-se a utilização de ensaios
triaxiais não drenados, não só pelos custos envolvidos mas também pela acessibilidade e
simplicidade das análises. Alguns estudos vinculados à avaliação do fenômeno em
rejeitos de mineração no Brasil têm sido implementados, contribuindo qualitativamente
para a evolução científica do caso no Quadrilátero Ferrífero (Parra & Lasmar, 1987;
Parra e Ramos, 1987; Tibana et al, 1997; Pereira & Gomes, 2001; Gomes et al., 2002 e
Pereira, 2005).

Recentemente, Pereira (2005), ao estudar 5 tipos diferentes de rejeitos de minério de


ferro sob diferentes aspectos em termos de granulometria, minério bruto e
processamento de beneficiamento industrial, estabeleceu uma sistemática geral de
avaliação do potencial de liquefação destes materiais, a partir de uma seqüência de
procedimentos. Entre estes procedimentos destaca-se a moldagem/reconstituição de
amostras sob baixos estados de compacidade associado à realização de ensaios triaxiais
não-drenados.

Entre estes materiais estudados, os rejeitos da Barragem de córrego do Doutor (CVRD)


apresentaram certa susceptibilidade aos efeitos de liquefação sob carregamento estático,
particularmente em condições de baixa compacidade. Neste caso específico, o autor
verificou que as poropressões foram muito elevadas devido à tendência clara de
contração do material durante o processo de cisalhamento sob condições não-drenadas,
enquanto que foram registradas quedas consideráveis das tensões efetivas sob baixos
valores de deformação.

2.4.5 DRENABILIDADE

A condutividade hidráulica (K) e o coeficiente de permeabilidade (k) de uma material


são grandezas diferenciadas em termos conceituais. O coeficiente de permeabilidade (k)
é dependente somente das características do meio, enquanto que a condutividade
hidráulica relaciona-se não somente ao meio percolado, mas também à densidade e à
viscosidade do fluido (Freeze & Cherry, 1979 apud Santos, 2004). Nesse sentido, a

26
utilização correta do termo condutividade hidráulica restringe-se apenas aqueles casos
onde o fluido percolado é necessariamente a água em “condições normais”.

Estendendo este conceito para os rejeitos de mineração, como o fluido que percola nas
barragens ou pilhas não necessariamente é a água em sua condição natural, mas sim
uma água residual, onde, em geral, encontra-se com suas propriedades deturpadas
devido ao processo industrial a que se submete; aplicando o conceito acima exposto,
genericamente, adota-se para estruturas de rejeitos o termo coeficiente de
permeabilidade (k).

A avaliação da permeabilidade dos rejeitos de mineração representa um requisito


fundamental para a segurança construtiva e operacional de uma barragem ou pilha de
rejeitos. O dimensionamento dos sistemas de drenagem interna e dos extravasores
superficiais, a avaliação da posição da superfície freática e do nível de poropressões e
deformações do maciço e a previsão da capacidade de armazenamento de água na
região do reservatório necessitam fundamentalmente das informações relacionadas às
características de drenabilidade dos depósitos de rejeitos.

Conforme já mencionado, os rejeitos de mineração, em geral, podem ser divididos em


rejeitos finos (lamas e parcela fina do overflow) e rejeitos grossos (underflow e parcela
grossa do overflow). Os rejeitos finos apresentam baixos coeficientes de
permeabilidade, que variam de 10-6 a 10-9 cm/s, enquanto que os rejeitos arenosos
apresentam coeficientes de permeabilidade mais elevados, variando de 10-2 a 10-4 cm/s.

De maneira geral, a avaliação da permeabilidade dos rejeitos grossos, materiais


normalmente constituintes dos alteamentos das barragens, pode ser realizada de maneira
análoga aos solos arenosos naturais. Segundo Albuquerque Filho (2004), esta
abordagem relaciona-se principalmente às semelhanças na pequena concentração de
finos plásticos e no efeito do estado de densidade sobre os parâmetros de resistência e
condutividade hidráulica. Entretanto, a ocorrência de partículas finas de minério de
ferro, ou mesmo de outros minerais de elevada densidade nos rejeitos podem conferir
grande complexidade ao processo de segregação hidráulica e conseqüentemente
formação de depósitos.

27
Vick (1983) destaca que o processo de segregação hidráulica dominado pelo tamanho
das partículas dos rejeitos tende a gerar três zonas com diferentes valores de
permeabilidade na região da praia de deposição. Dessa forma, nas proximidades dos
pontos de descarga dos rejeitos seria formada uma zona caracterizada pela presença de
partículas granulares e conseqüentemente de elevada condutividade hidráulica. Nas
regiões mais afastadas da crista da barragem ocorreria uma redução contínua da
granulometria do depósito, gerando áreas de condutividade hidráulica intermediária e
baixa. A largura relativa de cada faixa estaria associada à composição granulométrica
dos rejeitos e à localização da lagoa de decantação. A Figura 2.9 apresenta o modelo de
formação de um depósito de rejeitos devido aos efeitos da segregação hidráulica
dominado pelo tamanho das partículas.

Figura 2.9 – Variação da condutividade hidráulica ao longo de um depósito de rejeitos (Kealy &
Busch, 1971 apud. Santos, 2004)

Entretanto, como anteriormente mencionado, casos os rejeitos contenham partículas de


elevada densidade (grãos de ferro, por exemplo), o processo de segregação hidráulica é
alterado e passa a não ser dominado estritamente pelo tamanho dos grãos.

Nesse sentido, diversas pesquisas têm sido implementadas buscando avaliar a


drenabilidade dos rejeitos e sua variação espacial ao longo da praia de deposição e do
maciço das barragens. Estas análises têm objetivado particularmente identificar a
influência da variação do índice de vazios e da segregação hidráulica nos valores do
coeficiente de permeabilidade.

Diante deste contexto, Santos (2004) procurou avaliar a influência do teor de ferro no
comportamento da permeabilidade saturada em um depósito de rejeitos arenosos.
Dentro do programa experimental do autor, foram utilizados ensaios de laboratório

28
(permeâmetro de carga constante e bomba de fluxo) e ensaios de campo (permeâmetro
de Guelph e ensaios de infiltração em furos de sondagens).

Albuquerque Filho (2004), a partir de ensaios de piezocone (CPTU) realizados em três


diferentes barragens de rejeitos granulares, estimou, com base em correlações, o valor
do coeficiente de permeabilidade (k) para cada rejeito estudado. O autor mostra que há
uma grande uniformidade nos coeficientes de permeabilidade mesmo para distribuições
granulométricas diferentes entre os rejeitos estudados. Ainda, o autor destaca que as
estratificações do depósito, ou seja, as lentes de granulometria fina, têm pouca
influência na drenabilidade global dos depósitos estudados.

A percolação de água em barragens de rejeito, ainda pouco conhecida, possui


características próprias quando comparada com barramentos convencionais de
armazenamento de água. Quando se trata de barragens alteadas com rejeitos é de
fundamental importância discutir-se a respeito das peculiaridades que a percolação de
água exerce dentro do depósito, uma vez que, a mesma está diretamente relacionada
com a estabilidade global da barragem.

2.5 ASPECTOS GERAIS DA PERCOLAÇÃO EM BARRAGENS DE


REJEITO

Nesse contexto, a determinação e as soluções para a linha freática tornam-se elementos


fundamentais no comportamento e no controle do alteamento de tais estruturas.
Adicionalmente, quando se trata da percolação e controle da superfície freática em
barragens de rejeitos, é imprescindível discutir-se a respeito das condições de fundação,
bem como, dos sistemas de drenagem, tanto interna quanto externa; este último por sua
vez torna-se ainda mais importante, uma vez que, em geral, os alteamentos destas
barragens se dão em sucessivas e diversas etapas.

Destaca-se também o trabalho de Dupas (1993) que, mediante a simulação de 12


condições distintas para a geometria da barragem de rejeitos B6, alteada pelo método da
linha de centro com 50 metros de altura e 470 metros de comprimento, analisou várias
características acerca da percolação em barragens de rejeito. Estes estudos constituíram
uma boa base de referência para análises futuras.

29
2.5.1 DETERMINAÇÃO E CONTROLE DA SUPERFÍCIE FREÁTICA

A posição da linha freática é um elemento crítico para a análise de estabilidade do


talude de jusante da barragem, principalmente naquelas alteadas pelo método de
montante e linha de centro. Este posicionamento pode ser condicionado basicamente a
três fatores: o primeiro é a localização do N.A. de operação, ou seja, do lago de
decantação em relação à crista da barragem, o segundo é o efeito da variação da
permeabilidade horizontal e vertical ao longo da praia, produzida pela segregação
granulométrica no lançamento do rejeito e o terceiro é efeito das condições de
permeabilidade da fundação da barragem.

Por outro lado, outras variáveis também influenciam a locação da freática, entretanto
com contribuições reduzidas quando comparadas com as três principais descritas acima.
Entre estas podemos citar o efeito da redução da permeabilidade dos rejeitos com a
profundidade, causado pela consolidação que induz a um decréscimo de índice de
vazios. Este decréscimo normalmente leva a permeabilidade a decrescer de 5 a 10
vezes, ou mais como mostram De Mello et al (1987), Gobara (1991) e Amorim (1993),
dependendo da altura da barragem e das características de floculação, de sedimentação e
de consolidação dos rejeitos. Outro fator que afeta a freática é a infiltração da lama no
rejeito provocado pelo espigotamento. Os resultados de um estudo feito por Nelson
(1977) sugerem que este fator causa elevação da freática de 2 a 4 % no local do
espigotamento, resultado que ratifica as observações de Abadjiev (1985).

Adicionalmente o uso de ciclones tanto no método de jusante, quanto no de linha de


centro, introduz grandes quantidades de água durante a operação de ciclonagem,
quantidade esta, muitas vezes superior à produzida pela superfície freática que vem do
depósito. Assim, quando em operação, quem controla o nível freático são os ciclones
(Dupas, 1993).

Com relação aos três principais condicionantes da superfície freática, através da Figura
2.10(a) percebe-se que a proximidade entre o N.A. do lago de decantação e a crista da
barragem, produz uma elevação da linha freática, que por sua vez resulta em um
aumento do nível de poropressões no talude de jusante contribuindo para a redução dos
fatores de segurança até mesmo remetendo a uma possível ruptura da barragem.

30
Outro condicionante na determinação da posição da linha freática é o gradiente de
permeabilidade no maciço. Esta variação é resultado da segregação granulométrica
gerada pelo lançamento e deposição dos rejeitos na praia que por sua vez é função da
distribuição granulométrica dos rejeitos, do teor de sólidos e das condições de
lançamento. Na Figura 2.10(b), a proximidade da linha freática do talude jusante é
função direta da segregação ocorrida no maciço. Assim, uma melhor separação no
processo de segregação granulométrica ao longo da praia representa um aumento nas
condições de drenabilidade da pilha.

Figura 2.10 – Fatores que influenciam a posição da linha freática em barragens alteadas pelo
Método de Montante (Modificado – Vick, 1983 apud. Santos, 2004).

A Figura 2.10(c) demonstra que as condições de contorno, particularmente a


permeabilidade da fundação e as condições de permeabilidade do dique de partida,
também exercem uma influência sobre a localização da superfície freática. Assim, para
uma fundação relativamente permeável, a posição da linha freática em relação ao talude
pode ser considerada favorável à segurança do talude, enquanto que um dique de partida
menos permeável faz com que a superfície freática se eleve e tenda a ser desfavorável à

31
segurança do talude, uma vez que, segundo Dupas (1993) o dique de partida, ao
funcionar como um anteparo faz com que a freática tenda a “galgar” o obstáculo.

Ainda com relação à segregação granulométrica, Bligth (1994), relata que o processo
ocorrido na praia promove um arraste das partículas finas para locais mais distantes do
ponto de lançamento dos rejeitos. Tal fenômeno pode ser explicado pela relação
empírica entre a permeabilidade e a distribuição granulométrica das partículas presentes
no rejeito. Assim, baseado na relação entre a distribuição granulométrica do rejeito em
função da segregação hidráulica, Bligth (1994) sugere que a permeabilidade se distribui
de acordo com a relação:

K = a . exp ( -b . x ) (2.2)

sendo:

K – condutividade hidráulica numa praia de rejeitos; a e b – são características da praia


de rejeito e x é a distância em relação ao ponto de lançamento do rejeito.

Ilustrando a formulação apresentada por Bligth (1994), observa-se na Figura 2.11, para
um rejeito de diamante, a variação da permeabilidade (obtida em laboratório através de
ensaios de carga constante) em função da distância na praia. Pela Figura, pode-se
visualizar uma pequena redução no valor da permeabilidade em função da distância do
ponto de lançamento.

Figura 2.11 – Variação da permeabilidade em função da distância do ponto de lançamento na praia


(Modificado – Bligth, 1994 apud Santos, 2004).

32
Ainda neste contexto, a Figura 2.12 apresenta um modelo típico de linha freática
determinada em função da segregação hidráulica gerada pela distribuição
granulométrica do rejeito na praia. Bligth (1994) relata que para o caso em que valor da
permeabilidade é constante ao longo do maciço a linha freática também é constante ao
longo da praia e torna-se função direta de outras variáveis. Portanto, conforme já
mencionado anteriormente, no caso em que a permeabilidade varia em função da
distribuição granulométrica do aterro a posição da linha freática torna-se função direta
da segregação granulométrica do rejeito na praia.

Figura 2.12 – Efeito da variação da permeabilidade sobre a posição da linha freática em aterros
hidráulicos (Modificado – Bligth, 1994 apud Santos, 2004).

2.5.2 SISTEMAS DE DRENAGEM EM BARRAGENS DE REJEITO

Conforme já mencionado anteriormente, diversas rupturas em barragens de rejeito estão


associadas a fenômenos de liquefação e de “piping”. Entretanto, percebe-se que grande
parte destes fenômenos está, também, diretamente ligado a deficiências nos sistemas de
drenagem, que por sua vez devem ser muito bem definidos em projetos desta natureza
visto sua influência direta na estabilidade da estrutura.

O sistema de drenagem de uma barragem pode ser dividido em drenagem interna e


drenagem externa, também conhecida como superficial. Devido à impossibilidade de se

33
impedir a percolação de água pelo interior de um maciço, devem-se incorporar, nesta
região, estruturas que permitam o fluxo, de forma controlada, para a região externa da
estrutura.

A estas estruturas, geralmente empregadas para o controle interno da freática, dá-se o


nome de sistemas de drenagem interna, sendo mais comumente empregados os drenos e
os filtros. Em virtude de suas elevadas permeabilidades, uma vez que, são construídos
com materiais grosseiros, como a brita, areia, blocos de rochas ou mais comumente a
interação entre todos; estas estruturas funcionam dentro da barragem como uma unidade
de controle para a água que percola, ou seja, estas estruturas fazem com que o fluxo no
interior do maciço siga uma orientação pela qual não se comprometa a estabilidade do
aterro da barragem.

De maneira simplificada, a função do sistema de drenagem interna, para o caso de


barragens alteadas com rejeitos, é de abater a linha freática no interior do maciço
evitando que o talude de jusante fique saturado e conseqüentemente esteja susceptível a
uma ruptura. Os drenos, em geral, são construídos ao longo de um certo comprimento
do reservatório ou mesmo do maciço da barragem e funcionam como um “tapete
drenante”. Também podem aparecer na base de barragens como um dique para os
alteamentos subseqüentes; tais estruturas, bastante comuns em barragens de rejeitos
alteadas pelo método de linha de centro e jusante, são conhecidas como “dreno de pé”.

Figura 2.13 – Seção transversal típica de um sistema de drenagem interna. Detalhe dos Drenos.

34
Já os filtros, em geral, quando construídos no interior do maciço tem a função de não
permitir que a superfície freática atinja a região à jusante do mesmo. No interior do
aterro podem ser construídos de várias maneiras, inclinados, verticais e horizontais,
sendo estas duas últimas as mais utilizadas.

A Figura 2.14(a) apresenta um conjunto de filtros vertical e horizontal no interior de um


dique. Para tal caso, o filtro horizontal está disposto a evitar subpressões na fundação
da barragem enquanto que o vertical para interceptar a freática. A Figura 2.14(b)
apresenta um tipo de filtro conhecido como “finger drains”, geralmente dispostos para
as ombreiras da barragem, cujo objetivo, além de controlar a superfície freática dentro
do maciço, é evitar que a mesma atinja o talude de jusante, prevenindo ainda a migração
de finos ou mesmo as erosões ocasionadas pelo arraste de partículas de rejeito pela
água.

Figura 2.14 – Esquema de filtros vertical e horizontal no interior de um dique (a) e detalhe de um
filtro do tipo “finger drains” (b)

Os filtros, em grande parte das vezes, são construídos com a utilização de um processo
de graduação entre a areia até a brita fina, contemplando sempre, no sentido do fluxo, a
menor para a maior permeabilidade.

Com o intuito de reduzir custos, muitas vezes são utilizados materiais que estão
disponíveis na própria mineração, como, por exemplo, rejeitos do tipo magnetita, ou
mesmo resíduos do processo de britagem. Na Figura 2.15 é apresentado um esquema de
filtro utilizando rejeitos de magnetita oriundos do processo de beneficiamento da rocha
fosfática associados a geotexteis e brita. É interessante que se destaque a importância de

35
se estabelecer à graduação correta entre os materiais constituintes do filtro, sempre do
menos permeável para o mais permeável, uma vez que, pode ocorrer migração de
material mais fino e conseqüentemente colmatar o sistema de drenagem interna.

Figura 2.15 – Esquema de execução de um filtro de ombreira utilizando rejeitos da própria


mineradora. (Barragem B5 - Bunge Fertilizantes S/A)

Nesse contexto, Vick (1983) destaca que o uso de geossintéticos substitui a graduação
do material pelo processo convencional de filtros de areia. A sua utilização é
considerada válida para barragens de rejeito de vida curta. Haas (1982), Bentel et al
(1982) e Schurnberg (1982) citam exemplos de bom funcionamento de geossintéticos
em barragens de rejeito mas advertem que o tecido sintético pode colmatar por
sedimentos para alguns tipos de efluentes (Dupas, 1993).

Com relação ao sistema de drenagem externa, ou superficial, face às peculiaridades


apresentadas pelas barragens de rejeitos, este conjunto de unidades apresenta-se como
um elemento de grande importância para a manutenção da segurança nas estruturas.

Em geral, o sistema de drenagem externa pode ser composto por vertedouros, canais,
extravasores de cheias, galerias de fundo, canaletas e escadas para descida d’água entre
outros. O extravasor de cheias, como a própria designação indica, serve para captar
vazões em períodos chuvosos, tendo eixo aproximadamente paralelo ao eixo da
barragem; localiza-se imediatamente a montante da “praia”, e tem emboques em cotas
variáveis, os quais são tamponadas as medidas em que a barragem é alteada.
Antigamente estes extravasores eram utilizados associados a galerias de fundo, mas
atualmente este artifício está em desuso, visto as dificuldades de se avaliar a qualidade

36
destas estruturas, em geral de concreto, uma vez que se encontram submersas às
barragens (medidas de segurança).

Figura 2.16 – Sistema extravasor de cheias. Detalhe dos emboques em cotas variáveis. (Barragem
B5 - Bunge Fertilizantes S/A)

Adicionalmente, os taludes de jusante de uma barragem de rejeitos (método de


montante e linha de centro), por estarem continuamente expostos às intempéries, podem
apresentar erosões superficiais afetando consideravelmente a estabilidade da estrutura.
Normalmente, a proteção dos taludes de jusante de uma barragem de rejeitos é realizada
pela implantação de canaletas e escadas de descida de água para coletar as águas que
escoam pelos seus taludes e bermas, além do plantio de grama em placas para se evitar
o carreamento de partículas sólidas pelo fluxo de água ao longo destes taludes,
conforme ilustrado na Figura 2.17 abaixo:

Figura 2.17 – Esquema de drenagem superficial. Plantio de grama em placas, escadas de descida
d’água e canaletas, respectivamente. (Bittar, 2004)

37
2.6 ANÁLISE DE PERCOLAÇÃO PELO MÉTODO DOS ELEMENTOS
FINITOS

Antes de discutir-se a respeito da percolação pelo método dos elementos finitos, é


pertinente que se defina o que seja um modelo numérico, uma vez que esse é o objeto de
manuseio nas análises de percolação.

Um modelo pode ser encarado como uma abstração de algum problema do mundo real
através da teorização e da adoção de hipóteses e simplificações que visam permitir a sua
representação de maneira "tratável", mas ainda assim, sendo o mais fiel possível à
realidade. Nesse sentido, a partir deste ponto, a palavra modelo será utilizada para
designar um modelo numérico, a menos que seja indicado de outra maneira.

Nesse contexto, para este trabalho, pode-se entender que o modelo será constituído por:

Princípios básicos da conservação de energia e de massa que, combinados com a


Lei de Darcy, levam à Equação de Laplace (teoria escolhida para explicar o
fenômeno e as equações derivadas desta teoria);

O Método dos Elementos Finitos (MEF) para auxiliar na resolução da própria


equação de Laplace (procedimento numérico escolhido para resolver as
equações envolvidas);

A escolha das seções transversais para análise da percolação, a definição da


geometria e dos materiais envolvidos e as condições iniciais e de contorno.

Uma análise de percolação através do MEF é feita em três passos. O primeiro é modelar
o problema. Isto envolve desenhar a malha de elementos finitos, determinar as
propriedades dos materiais envolvidos e especificar as condições de contorno. O
segundo passo é processar o modelo através da formulação e solução do sistema de
equações de elementos finitos. O terceiro passo é a interpretação dos resultados (cargas
hidráulicas, pressões neutras, gradientes e vazões). Adicionalmente, neste trabalho ainda
teremos um quarto passo que será a calibração do modelo de fluxo proposto, conforme
já anteriormente mencionado.

38
Em geral, as informações básicas necessárias para o processamento são as condições de
contorno e as propriedades de permeabilidade dos materiais envolvidos (além, é claro,
de informações geométricas e geotécnicas).

Uma das regras mais importantes a seguir durante a modelagem da malha é iniciá-la a
partir de um modelo simples e evoluir para um modelo mais complexo. Esta seqüência
facilita a detecção de pontos que possam estar causando a dificuldade de convergência
do modelo. Determinar quais as causas para um resultado irreal pode ser muito difícil se
todas as complexidades do problema estão inclusas no modelo inicial. Além disso, no
MEF, é importante que os resultados obtidos sejam de alguma forma coerentes com os
resultados obtidos por métodos gráficos.

Para este trabalho, escolheu-se utilizar o software SEEP/W, da empresa canadense Geo-
Slope International, que utiliza o MEF (com geometria da malha fixa) para a realização
de análises de percolação na Barragem de rejeitos B5. Tal escolha deve-se ainda mais
ao fato de tal programa ser de fácil acesso, uma vez que, além de ser comercialmente
vendido, também se encontra disponível em grande parte de empresas, escritórios e
principalmente universidades.

Dentro do MEF aplicado a problemas de percolação, existem vários processos para a


resolução dos sistemas de equações diferencias, podendo-se dividi-los em dois grupos:
os de malha variável e os de malha fixa. Como o SEEP/W trabalha apenas com a malha
fixa, discorrer-se-á apenas sobre o segundo.

No caso das soluções chamadas de malha fixa, a geometria da malha de elementos


finitos é constante e permite que a superfície livre passe através de seus elementos por
meio de procedimentos que, em muitos casos, são conceitualmente similares àqueles
adotados para análises de tensões não lineares ou elasto-plásticas. Esta forma de solução
leva a resultados menos precisos que o processo de malha variável. Por outro lado, eles
exigem menos mão-de-obra de programação para sua implementação e, portanto,
podem ser facilmente aplicados a problemas envolvendo meios não homogêneos ou
estratificados (Gioda & Desideri, 1988).

Um outro aspecto importante relacionado a análises de percolação via SEEP/W é a


possibilidade de adoção do coeficiente de permeabilidade variando com a pressão

39
neutra de forma de forma não linear, ou seja, é possível fornecer ao programa a função
permeabilidade para cada tipo de material do modelo; o que implica em uma maior
fidelidade para as análises, principalmente para as regiões não saturadas. A Figura 2.18
dá uma idéia da relação entre a permeabilidade e a pressão neutra, ou sucção.

Figura 2.18 – Curva idealizada de relação entre a permeabilidade e a pressão neutra (Gioda &
Desideri, 1988)

É interessante que se destaque que a grande importância desta variação não linear da
permeabilidade reside no fato de que, em certas regiões de um modelo, que podem ou
não estar saturadas, a utilização de permeabilidades menores pode representar uma
maior realidade para o fluxo neste modelo. Portanto, para análises mais fidedignas,
como aquelas utilizadas para calibração de modelos, sua utilização torna-se
imprescindível. Ressalta-se aqui que, por diversas vezes, observa-se a não utilização
deste recurso ou mesmo a utilização indiscriminada desta ferramenta, o que tem levado
diversas análises a resultados ilógicos, muitas das vezes ignorados, deturpando
resultados finais.

Adicionalmente, é pertinente mencionar que o SEEP/W possui como recurso, a


utilização dessas funções a partir de um banco de dados pré-definidos, ou seja, o
software já dispõe de um atalho que permite acessar ou mesmo editar diversas funções
permeabilidade para diversos tipos de materiais, que vão desde solos muito finos a areia
grossa, incluindo mesmo funções típicas para rejeitos de mineração, que, “diga-se de
passagem”, serão úteis neste trabalho.

40
2.6.1 APLICAÇÃO DO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS EM
BARRAGENS DE REJEITOS

O desenvolvimento de novas técnicas computacionais, associado ao desenvolvimento


das aplicações do método dos elementos finitos à Engenharia Geotécnica, tem permitido
que sejam implementadas análises de modelos cada vez mais complexos de forma
rápida e barata. É nesse contexto que as análises de percolação via MEF em barragens
de rejeito estão inseridas.

Diferentemente das barragens de terra convencionais, pioneiras na utilização desta


técnica, as análises de percolação via MEF em barragens de rejeito, vem se
desenvolvendo e consolidando ao longo dos últimos anos frente à necessidade de se
estabelecer de forma cada vez mais fidedigna o comportamento do fluxo d’água no
interior do maciço, já que o mesmo, além de estar recheado de variáveis oriundas da
tipologia dos materiais depositados, é fator condicionante na estabilidade de um
depósito de rejeitos.

As peculiaridades inerentes ao lançamento e deposição dos rejeitos na barragem, a


anisotropia, a geometria variável da barragem (os alteamentos não se dão de uma só
vez), a velocidade nos alteamentos bem como o baixo controle tecnológico aplicado à
execução de tais estruturas faz com que análises via MEF, apesar de complexas para tais
situações, sejam, talvez, a única maneira de pleitear informações de projeto ou mesmo
de operação a respeito das condições de fluxo no interior da barragem.

Com o intuito de ilustrar o que foi dito anteriormente, podemos citar o caso da
anisotropia de permeabilidade dos rejeitos depositados. Até mesmo pelas dificuldades
de serem obtidas amostras indeformadas de rejeitos (até o presente momento não se tem
relatos de tal tipo de amostragem) é praticamente impossível estabelecer previamente,
para um determinado modelo, a magnitude do fluxo vertical bem como do horizontal. O
que se tem utilizado na pratica é definir a permeabilidade em um dos sentidos, e, via
MEF, comparando com dados de instrumentação de campo, procurar estabelecer qual é
essa relação de anisotropia.

Ainda neste contexto, cita-se a própria condição geométrica da barragem, onde, muitas
das vezes, os alteamentos são condicionados pela produção de rejeitos da empresa. Tal

41
fato faz com que análises de percolação ou mesmo as análises de estabilidade estejam
submetidas, de forma bastante diferente, para uma condição de alteamento e para uma
de pós-alteamento.

Ainda neste âmbito, quando se deseja calibrar um modelo de fluxo, em virtude dessa
geometria condicionada ao nível dos alteamentos, deve-se estabelecer, de maneira
coerente, uma faixa de leituras de instrumentação que corresponda a uma determinada
etapa geométrica da barragem, muito diferentemente de barragens de terra, onde um
conjunto de leituras históricas de instrumentação geralmente está associado a um
mesmo quadro final de geometria da barragem.

A todas estas peculiaridades somam-se ainda diversas outras, como a ausência de


critérios de execução, a complexidade de sistemas de drenagem e principalmente o
baixo controle tecnológico aplicado na operação destas estruturas.

Nesse sentido, alguns trabalhos vêm sendo desenvolvidos ao longo dos últimos anos
com o intuito de se caracterizar melhor o fluxo no interior de um maciço de rejeitos e
minimizar a influência destas peculiaridades nas análises. Dentre estes, podemos
destacar os de Amorim (1993) e Amorim et al (1995) o de Dupas (1993) e mais
recentemente o de Gouvêa (2004), além de outros trabalhos referente a consultores e
pesquisadores da área. Adicionalmente, as análises e conclusões obtidas pelos autores
são de grande valia para o enriquecimento de trabalhos subseqüentes, incluindo este,
uma vez que se tratam das poucas referências específicas acerca do assunto.

Dentre algumas conclusões importantes acerca de simulações de percolação em


barragens de rejeitos, destaca-se que:

i) É interessante que se adote uma condição de pós-alteamento ou uma


condição de alteamento tal qual bem definida, uma vez que condicionam
resultados bastante diferentes. Em geral, em uma fase preliminar de projeto,
é interessante que se simule cada geometria de alteamento da barragem de
rejeitos ao longo de sua vida útil, desde o dique inicial até a cota final. Já em
uma fase de alteamento da barragem é interessante que seja simulada a
condição geométrica atual bem como as subseqüentes, ressaltando esta
condição.

42
ii) Para barragens de rejeito, mediante a geral complexidade de seu sistema de
drenagem interna, é interessante que se adote pelo menos duas seções de
análise (não só a seção crítica, como normalmente feito em barragens de
terra convencionais), com o intuito de se obter uma média de resultados
entre elas e assim gerar maior controle, maior representatividade e
conseqüentemente consistência aos resultados.

iii) Em barragens de rejeito é muito importante destacar o papel da fundação.


Em muitos casos, quase todo o volume percolado é pertinente à mesma.
Portanto a adoção de permeabilidades consistentes e representativas para a
fundação é muito importante para o sucesso das análises.

iv) Um ponto bastante importante diz respeito à anisotropia de permeabilidades,


visto a dificuldade de estabelecimento preliminar deste parâmetro. Amorim
et al (1995), para se estimar a anisotropia do rejeito considerou coeficientes
de permeabilidade horizontal (Kh) e vertical (Kv), variando de 2 a 20, ou
seja, 2 < Kh/Kv < 20. Comparando as posições da linha freática simulada
com as medidas fornecidas pelos piezômetros instalados os autores
concluíram que o valor de Kh/Kv que mais se assemelha da condição de
campo é da ordem de 10. Este valor por sua vez é compatível com os dados
disponíveis em Vick (1983) que estabelece para o rejeito, com granulometria
de areia fina, uma faixa de variação de anisotropia entre 1 e 20.

v) Nas barragens de rejeito, o formato e posição do dique de partida bem como


sua condição de permeabilidade também exerce certa influência na posição
da freática. É interessante ressaltar a importância de se alocar com precisão,
no modelo, as estruturas internas na barragem, como os diques e sistemas de
drenagem, uma vez que remete a uma maior consistência para as simulações.
Merece destaque, que grande parte das barragens de rejeitos já construídas
não possuem um “as built”, ou seja, não se tem informações de como foi
construída (por exemplo, a presença ou não de drenos projetados) bem como
das características reais dos materiais utilizados na construção da barragem
(por exemplo, o material especificado em projeto não condiz com o
utilizado). Tal fato dificulta análises de percolação subseqüentes, uma vez

43
que, a mesma terá que ser embasada em parâmetros de projeto ou então
parâmetros que posteriormente serão obtidos em intensas campanhas de
investigação de campo visando recompor o “as built” da barragem.

vi) Uma importante conclusão verificada por Dupas (1993), em sua dissertação
de mestrado, foi a inexistência de interferência da baixa permeabilidade da
lama ou da interface lama/areia. O fluxo efluente de percolação no sentido
montante/jusante só existe, de fato, pelo contato direto entre a areia do
rejeito e a fundação em solo ou rocha permeáveis. Assim, ao contrário do
que se imaginava, a vazão efluente recebe interferência desprezível
provocada pela lama e pela interface lama areia, ficando o fluxo delimitando
entre a praia (ponto de entrada de água) e o aterro da barragem, como pode
ser observado na Figura 2.19. Este fato, por sua vez, permitirá a otimização
dos modelos numéricos propostos para este trabalho.

Fluxo delimitado

Figura 2.19 – Condições físicas do meio – Exemplo da Barragem B6. (Modificado - Dupas, 1993)

vii) Dupas (1993) observou também o forte efeito do dreno sobre a superfície
freática e sobre a vazão, que deve ser controlado através de artifícios
oferecidos pela combinação das variáveis do meio. Estas variáveis são N.A.
de operação, características geotécnicas do rejeito, da fundação, dos solos de
empréstimo, e ainda, hidrologia, topografia e produção.

44
viii) Dupas (1993) e Gouvêa (2004) afirmam que, sempre que possível, é de
grande importância incluir nas análises realizadas pelo MEF a
permeabilidade dos drenos. A permeabilidade dos drenos faz com que a
superfície freática seja inteiramente definida. A não colocação deste
parâmetro nas análises pode ser adotada apenas em condições especiais onde
existe grande diferença de permeabilidade entre os materiais que constituem
o maciço e o dreno.

ix) Finalmente, em simulações desta natureza, é muito importante se definir as


fronteiras adotadas nos modelos. É interessante que sejam feitas análises de
sensibilidade envolvendo diversos comprimentos e estruturas de malhas
visando minimizar as possíveis distorções numéricas. Amorim et al (1995)
adotaram como comprimento de malha, a partir da crista, em seu estudo para
a Barragem do Germano, dezoito vezes a altura da barragem. Gouvêa
(2004), por outro lado, utilizou em suas análises duas vezes a altura da
barragem como limite de montante.

45
CAPÍTULO 3

3 BARRAGEM DE REJEITOS B5

3.1 SISTEMA DE DISPOSIÇÃO DE REJEITOS DA BUNGE


FERTILIZANTES S/A – ARAXÁ/MG

A barragem de rejeitos B5, juntamente com as barragens B1, B2, B4 e o depósito de


magnetitas, compreendem o atual sistema de disposição de rejeitos da Bunge
Fertilizantes S/A em seu complexo industrial de Araxá. O sistema de disposição de
rejeitos foi implantado em 1976 pela empresa Arafértil, mais tarde adquirida pela
Fertilizantes Serrana S/A, empresa vinculada ao grupo Bunge. A Bunge Fertilizantes
S/A, antiga Arafértil, atua nos diversos segmentos da cadeia produtiva dos fertilizantes,
que vão desde a lavra e beneficiamento da rocha fosfática até a produção de insumos
agrícolas.

As barragens de rejeito localizam-se em terras próprias da empresa sendo utilizados


vales mais próximos ao complexo industrial para a locação do sistema de disposição.
Nos vales escolhidos para a implantação do sistema de barragens (talvegues dos
córregos Guacho e Canjica), estão situadas as barragens B2, B4 e B5, construídas em
série e situadas no sentido de montante para jusante. Devido à pequena extensão do
Guacho, somente a barragem B1 foi implantada no local, com aproveitamento total da
área disponível.

A barragem B2, pioneira do empreendimento, foi implantada na cabeceira do vale


Canjica em 1977, com objetivo de contenção de lama proveniente do underflow do
espessador. Seu maciço foi construído utilizando o próprio estéril de mina, de acordo
com especificações e projetos da empresa Promon. Atualmente esta barragem encontra-

46
se em sua cota final de projeto. Os rejeitos acumulados na mesma, em virtude de conter
alto teor de P2O5, vêm sendo dragados, transportados para a usina e reindustrializados.

A barragem B1 foi implantada no vale do córrego Guacho e a barragem B4 no vale do


córrego Canjica, com locações transversais distintas mas apresentando eixos com
direções paralelas, conforme pode ser observado no arranjo geral dos barramentos
mostrado na Figura 3.1. Inicialmente, elas eram separadas pelo espinhaço entre os vales
abaixo da cota 978; para o maciço acima desta cota, ambos os barramentos foram
conjugados num único aterro com a crista máxima na elevação 993, conforme projeto
da consultoria internacional W.A. Wahler & Associates, em consórcio com a Paulo Abib
Engenharia.

As barragens B1 e B4, cujas operações iniciaram-se em 1977 e 1980, respectivamente,


constituíram-se nas principais estruturas para a contenção e decantação dos rejeitos
oriundos da planta de tratamento industrial durante vários anos. Conforme mencionado
previamente, estas barragens, juntamente com as barragens da Goiasfértil (atualmente
pertencente a Fosfértil) e com as barragens da Fosfértil, enquadram-se como projetos
pioneiros no Brasil no que concerne a barragens alteadas com rejeitos de mineração
(Busch, 1987).

47
Figura 3.1 – Arranjo geral das barragens da Bunge Fertilizantes S/A (Nieble et al, 1980)

É pertinente ressaltar que, durante as fases anteriores de projeto e execução, alguns


trabalhos foram publicados sobre estas barragens; entre estes, destacam-se os trabalhos
de Wahler e Gifford (1978), Nieble et al. (1982) e Busch e Castro (1986), que abordam
as barragens da Arafértil; Busch et al. (1982) que se refere às barragens da Fosfértil e
Busch e Lamy (1981), relativo às barragens da Goiasfértil. Busch (1987) constitui uma
síntese geral dos trabalhos anteriores, enfatizando principalmente a construção de
barragens com rejeitos de fosfato.

Em meados da década de 90, em função da proximidade do final de vida útil das


barragens B1/B4, o sistema de disposição de rejeitos da Arafértil incorporou a operação
da barragem de rejeitos B5, projetada pela Paulo Abib Engenharia, de acordo com a
experiência adquirida nas barragens anteriores. A barragem B5, também localizada no
vale do Canjica, a jusante das barragens B1/B4 e próxima da confluência do córrego
Capivara, destina-se também a receber os rejeitos de flotação e as lamas provenientes da
usina de beneficiamento. Atualmente, a barragem B5 encontra-se em plena operação e
em seu terceiro alteamento (pós-cota 930), sendo 950 a cota final prevista para a crista.

48
A Figura 3.2 apresenta uma vista geral e recente da barragem. A água do reservatório é
normalmente reutilizada no processo industrial por meio de bombeamento.

Figura 3.2 – Barragem de rejeitos B5, vista de montante (Bunge Fertilizantes S/A).

O layout atual do sistema de disposição de rejeitos do complexo industrial de Araxá


(Figura 3.3) compreende ainda uma barragem para deposição dos rejeitos magnéticos e
uma barragem para captação e armazenamento de água, denominada A0.

A barragem de magnetita encontra-se localizada bem próxima à planta de


beneficiamento, sendo tal localização definida, em larga escala, pela elevada abrasão
inerente aos rejeitos magnéticos, o que restringe o transporte destes materiais por
grandes distâncias. A barragem A0 está localizada lateralmente aos vales assoreados
pelos rejeitos e tem a principal função de reservar água com o intuito de abastecer a
usina de beneficiamento e a usina de ácido sulfúrico, além de também assegurar uma
“vazão ecológica” ao Córrego Capivara.

49
Figura 3.3 – Layout ilustrativo do sistema de disposição de rejeitos e captação de água
da Bunge Fertilizantes S.A. (sem escala)

3.2 GERAÇÃO DOS REJEITOS

Quando se fala em sistemas de disposição de rejeitos, é importante fazer menção prévia


aos processos de geração e volume destes materiais, uma vez que a natureza dos
resíduos está intimamente associada ao minério lavrado e também às características
inerentes ao processo de beneficiamento do mesmo. Razões médias entre o produto
final e o rejeito gerado podem ser destacadas como um exemplo explicativo da
magnitude de resíduos gerados no processo de mineração (Figura 3.4.): ferro 2/1, carvão
1/3, fosfato 1/5, cobre 1/30 e ouro 1/10000 (Abrão, 1987).

50
Produto Final
Rejeito 25,00%
33,33%

Produto Final
66,67% Rejeito
Ferro 75,00%
Carvão

Produto Final Produto Final


Produto Final
3,23% 0,01%
16,67%

Rejeito Rejeito Rejeito


83,33% 96,77% 99,99%

Fosfato Cobre Ouro

Figura 3.4 – Razões médias entre o produto final e rejeito gerado (Abrão, 1987 apud. Pereira, 2005)

Por sua vez, o processo de beneficiamento da rocha fosfática é composto basicamente


pelas operações de moagem, pré-classificação, classificação, separação magnética,
deslamagem, condicionamento, remoagem e flotações de barita e apatita (materiais fino,
grosso e remoído). No processo de beneficiamento são gerados basicamente três tipos
de rejeitos, em geral na forma de polpas, uma vez que, normalmente, são adicionadas
quantidades apreciáveis de água. Os rejeitos gerados são: os magnéticos (denominados,
às vezes, apenas como magnetita), as lamas e os rejeitos de flotação.

A magnetita é produzida durante a separação magnética de baixa intensidade, sendo


disposta em uma barragem localizada nas proximidades da usina. Tratando-se de
pequenos volumes de resíduos de densidade elevada, estes são dispostos, em geral, em
barragens convencionais, construídas com estéril da mina ou em solo compactado.

Quanto ao comportamento geotécnico, as magnetitas em geral apresentam


granulometria de areia fina a areia média, com menos de 15 % do material passando na
peneira de 0,074 mm (#200), constituindo rejeitos não plásticos e de elevada densidade
dos grãos, em geral acima de 4. Com relação à permeabilidade, normalmente apresenta-
se na faixa entre 10-4 e 10-5 cm/s. Na Figura 3.5, é apresentado o processo de separação
magnética destes resíduos (a) e também um detalhe da disposição final na barragem (b).

51
(a) (b)

Figura 3.5 – Processo de separação magnética (a) e disposição final de magnetita (b).
(Schnellrath et al, 2002)

Já as lamas são “separadas” em praticamente todo o processo de beneficiamento, uma


vez que compõe a parcela mais fina do rejeito. Geralmente são geradas nas etapas de
ciclonagem, deslamagem ou mesmo na de flotação.

As lamas, pelo seu elevado teor de finos (100 % abaixo da peneira #200) e baixo teor de
sólidos (normalmente abaixo de 10 %), não são interessantes como materiais de
construção, sendo, portanto, depositadas no reservatório da barragem. Submetidas ao
processo de adensamento a grandes deformações após decantação, possibilitam a
recuperação e a reutilização da água superficial.

Na Figura 3.6a, apresenta-se o aspecto geral de um depósito de rejeitos, com o


assoreamento do reservatório. A Figura 3.6b ilustra a ação de um hidrociclone, com
ênfase na caracterização da granulometria bastante fina do material processado. Do
ponto de vista geotécnico, as lamas normalmente apresentam uma elevada plasticidade
(no caso da rocha fosfática, com valores típicos de LL = 80% e IP = 40%), geralmente
associados a baixos coeficientes de permeabilidade, da ordem de 10-9 cm/s.

52
(a) (b)

Figura 3.6 – Reservatório de lamas (a) e hidrociclone em usina, com detalhe para a granulometria
fina do rejeito (b).

Finalmente, os rejeitos de flotação são aqueles gerados nas etapas de flotação. No caso
do processo de beneficiamento da rocha fosfática da Bunge Fertilizantes S/A, os rejeitos
de flotação são também denominados de rejeitos remoídos, uma vez que são gerados na
etapa conhecida como flotação do remoído.

Esta etapa do processo de beneficiamento, por sinal uma das mais importantes,
caracteriza-se basicamente pela adição substancial de produtos químicos (Figura 3.7a).
Em geral, são adicionadas nesta etapa reagentes como depressores, coletores,
moduladores de pH e espumantes, além de aditivos de diversas naturezas. Tais
compostos têm o intuito de separar as substâncias consideradas contaminantes e
individualizar aquelas de interesse econômico.

(a) (b)

Figura 3.7 – Etapa de flotação (a) e rejeito de flotação como material de construção da barragem
(b); no detalhe, lançamento do underflow e formação do aterro. (Schnellrath et al, 2002)

53
Do ponto de vista geotécnico, os rejeitos de flotação do remoído constituem materiais
de granulometria na faixa areia fina/silte e não plásticos, tornando-os interessantes como
materiais de construção das barragens. Entretanto, com o intuído de agregar
características de engenharia a estes rejeitos, torna-se necessário que os mesmos sejam
ciclonados. Assim, depois de gerados na usina, estes rejeitos são conduzidos por meio
de tubulações até o corpo da barragem de disposição final, sendo, então, ciclonados e
subdivididos em dois materiais distintos: uma parcela mais grossa e mais permeável
denominada de underflow, utilizada como material de construção do próprio aterro da
barragem (Figura 3.7b) e uma parcela de granulometria mais fina e, conseqüentemente,
menos permeável, denominada de overflow, que é lançada a montante e passa a
constituir a chamada ‘praia de rejeitos’.

3.3 ASPECTOS CONSTRUTIVOS DA BARRAGEM B5

Neste tópico, serão discutidas as características construtivas da barragem de rejeitos B5.


Serão abordados temas como a geologia local, preparo da fundação, tipologia do maciço
da barragem (dique de partida e alteamentos), características geométricas, operação da
barragem e sistemas de drenagem interna e superficial. É importante destacar que a
restituição do processo histórico de projeto e construção de uma barragem de contenção
de rejeitos constitui um procedimento essencial para a garantia da consistência e da
representatividade das análises operacionais de sua segurança, tanto em termos de
percolação quanto de estabilidade.

Neste processo, impõe-se estabelecer um modelo real da estrutura de disposição,


incluindo-se os aspectos relativos aos materiais da fundação da barragem (natureza,
estratificação, permeabilidades, parâmetros de resistência, etc.), conformação do dique
de partida, locação e geometria do sistema de drenagem interna, etc. É pertinente
ressaltar que grande parte das informações relativas ao “como construído” somente
podem ser resgatadas por meio de uma ampla campanha de investigações geotécnicas
de campo.

Nesse sentido, enfatiza-se que os aspectos construtivos relacionados à Barragem B5,


discutidos a seguir, referem-se basicamente a informações constantes de projetos

54
preliminares, de levantamentos topográficos recentes e de outras publicações acerca das
barragens mais antigas da Arafértil. Esta última referência se deve, em grande parte, à
grande similaridade entre os aspectos construtivos relacionadas à Barragem B5 com
aqueles adotados para as barragens B1 e B4 antecedentes. Salvo algumas peculiaridades
fisiográficas e/ou mesmo alguma otimização dos projetos, os mesmos tenderam a seguir
sempre o mesmo padrão geral.

3.3.1 Geologia local

O local da Barragem B5 situa-se aproximadamente numa área definida pelas


coordenadas UTM N = 7.839.700 e E = 288.100, ao longo do córrego Canjica, com
drenagem rumo NW. O vale em que a barragem foi implantada é do tipo assimétrico,
com declividades mais suaves na ombreira esquerda (15-20 %) que na ombreira direita
(30 – 40%).

A cobertura vegetal da região é de pequena expressão, compondo-se de campos de


gramíneas e arbustos (até 1,5 m de altura), com matas tipo galeria (árvores de tronco
grosso e altura superiores a 10 metros) nos encaixes da drenagem.

A área está inscrita na faixa de rochas metamórficas da Série Araxá, datadas do pré-
Cambriano. A litologia predominante é quase que exclusivamente o quartzo-mica-xisto,
com intercalações quartzíticas. Localmente foram identificados diques lamprófiros de
pequena expressão. O manto de intemperismo é relativamente espesso em toda a área,
superior a 10m, apresentando-se recoberto por uma camada de solo transportado,
colúvio-eluvionar, de idade quaternária.

Nesse contexto, por meio da investigação geológico-geotécnica de projeto, foi possível


definir os seguintes estratos no subsolo (conforme seção geológica ao longo do eixo da
barragem e detalhada na Figura 3.8):

Aluvião – camada acumulada nas linhas de drenagem, composta por argila


arenosa, areia argilosa, areia fina ou argila orgânica, de coloração escura
(também preta, cinza ou esverdeada), com detritos vegetais e concentração de

55
níveis de pedregulhos arredondados quartzosos, de dimensões centimétricas na
base; geralmente saturado.

Coluvião – camada acumulada nas encostas, com maior espessura nos gradientes
mais suaves, composta por argila siltosa, porosa, vermelha e de consistência
mole, com pedregulhos, geralmente esparsos e concentrados na base da camada,
de granulação centimétrica, quartzosos e angulosos. Solo saprolítico – silte
argiloso micáceo variegado (predominantemente amarelo avermelhado), com
estruturas preservadas, fofo a medianamente compacto, com veios centimétricos
a decimétricos de quartzo.

Saprolito – silte micáceo pouco argiloso, cinza esverdeado ou arroxeado, com


estruturas bem preservadas, muito compacto, com trechos de rocha alterada dura
e veios de quartzo.

Rocha muito a medianamente alterada – rocha metamórfica (quartzo-mica-xisto)


mediana a extremamente fraturada, verde acinzentada a cinza-amarelada; com
fraturas pouco rugosas, espelhadas ou com películas de oxidação,
predominantemente concordantes com a xistosidade.

Rocha pouco alterada a sã – rocha metamórfica (quartzo-mica-xisto) alternando


bandas cinza-esverdeadas e branco leitosas (quartzo), medianamente a muito
pouco fraturada; fraturas pouco rugosas a espelhadas, limpas.

Adicionalmente, é pertinente citar que, na ombreira esquerda, aproximadamente no eixo


da barragem, foi localizado um escorregamento superficial com área aproximada de
2.000 m2.

56
Figura 3.8 – Seção geológico-geotécnica (P1-P2) referente ao eixo da barragem de rejeitos B5.

57
3.3.2 Preparação da fundação

Na região do eixo da barragem B5, o preparo das fundações consistiu essencialmente na


remoção dos solos aluvionares e coluvionares de baixa consistência e saturados na
região da várzea. Na região das ombreiras, foi prescrita a remoção da camada
superficial de solo contendo matéria orgânica, além da camada subjacente de solo
excessivamente poroso.

Em virtude de permeabilidades relativamente elevadas, cerca de 10-3 cm/s, das rochas


muito alteradas e muito fraturadas, que ocorrem subjacentes ao material que foi
removido na região da várzea, prescreveu-se adicionalmente a necessidade de execução
de tapetes drenantes sobre a fundação.

Adicionalmente, já na primeira etapa, indicou-se também que o tapete drenante deveria


contemplar toda a extensão da barragem ao longo da várzea do rio. Destaca-se aqui que
o sistema de drenagem interna da barragem, bem como os dispositivos de drenagem
superficial, serão posteriormente detalhados em tópico específico.

3.3.3 Maciço do dique de partida

O dique de partida ou dique inicial constitui um maciço de solo ou mesmo estéril de


mina compactado, executado preliminarmente ao lançamento de rejeitos na barragem.
De maneira geral, esta estrutura é construída com alto controle tecnológico e destina-se
a gerar volume de reservatório para a primeira fase de operação da barragem.

Para a barragem de rejeitos B5, este dique estende-se por todo o eixo da barragem até a
cota 915. Na sua seção de altura máxima, localizada nas proximidades da várzea do
córrego Canjica, este dique possui aproximadamente 20m de altura e base alocada na
superfície da escavação realizada para o preparo da fundação.

Tendo em vista fatores que poderiam vir a causar recalques diferenciais, como a
declividade acentuada da ombreira direita, as próprias escavações ou mesmo a
compressibilidade do material da ombreira esquerda, foi prescrita a execução de um
filtro vertical para interceptar eventuais percolações pelo trincamento do maciço, além
de possíveis heterogeneidades de execução.

58
Pela ampla disponibilidade de solo coluvionar argiloso em áreas de empréstimo
próximas e pelo sucesso prévio de sua aplicação em obras similares na região, face à sua
boa trabalhabilidade e propriedades mecânicas, o mesmo foi adotado como material de
construção para o dique de partida. Os ensaios triaxiais (CU) e o de permeabilidade à
carga constante permitiram estabelecer os seguintes valores para os parâmetros de
resistência e drenabilidade deste solo: coesão de 6 kPa e ângulo de atrito de 27° e
coeficiente de permeabilidade na faixa de 1,0 x 10-7 a 1,0 x 10-8 cm/s.

Entretanto, é interessante destacar que não foi utilizado somente o solo coluvionar
argiloso para a confecção do dique de partida. Na região à jusante do filtro vertical de
magnetita, foi disposto um tipo de solo aluvionar com abundância de pedregulhos,
também característico da região. Na região logo abaixo do filtro de magnetita, alocou-se
o tapete drenante, estendendo-se por toda a região à jusante do dique, que constitui parte
integrante do sistema de drenagem interna da barragem, que será objeto de discussões
posteriores. Este tapete foi apoiado sobre o underflow da Barragem B4 (Figura 3.9). Em
relação à geometria do dique, adotou-se uma crista com de 10m de largura e espaldares
com inclinação de 35°(2H:1V) e alturas variáveis, dependendo da posição do dique com
relação ao eixo da barragem.

Figura 3.9 – Seção transversal típica do dique de partida (Figura sem escala).

3.3.4 Alteamento e Operação

A barragem B5 vem sendo alteada pelo método de linha de centro com ciclonagem de
rejeitos na crista da barragem, visto o amplo sucesso obtido com tal método,
anteriormente testado nas barragens B4 e B1.

59
Entretanto, no caso dos projetos iniciais (barragens B1 e B4), a ciclonagem dos rejeitos
era realizada apenas nas zonas das ombreiras das barragens, uma vez que os rejeitos
apresentavam características relativamente desfavoráveis à execução de barragens,
particularmente em termos de permeabilidade (Busch, 1987). Posteriormente, com a
caracterização do underflow como um material mais permeável e de boa drenabilidade
(valores entre 1,0 e 4,0 x 10-3 cm/s), mesmo em períodos chuvosos, adotou-se a
ciclonagem ao longo de toda a crista da barragem, diminuindo sobremaneira os custos
envolvidos no transporte do rejeito por caminhões. Em termos de resistência, os rejeitos
indicavam ângulos de atrito na faixa de 33 a 35°, sob baixos graus de compactação e
entre 37 a 40°, para compactações mais severas, com 90 a 95 % de grau de
compactação.

O aterro apresenta-se com boa compactação (tipicamente, valores de graus de


compactação entre 85 e 95%), decorrentes do espalhamento dos rejeitos por trator de
esteiras tipo D7. Adicionalmente, as medidas piezométricas são irrelevantes, em termos
práticos, na zona de jusante da barragem. Estas duas condições associadas ao maciço,
ou seja, boa compactação e poropressões incipientes, praticamente restringem qualquer
susceptibilidade à liquefação dos rejeitos armazenados.

Um outro aspecto relevante dos projetos das barragens B1 e B4 está relacionado ao tipo
e geometria dos taludes dos alteamentos. Na fase de projeto, em virtude da natureza fina
dos rejeitos, foi prevista a execução de um talude único e muito abatido, com inclinação
4:1. Entretanto, constatou-se que a ciclonagem ininterrupta estava gerando um excesso
de underflow com boas propriedades geotécnicas, possibilitando que os taludes fossem
alteados em camadas horizontais e mais íngremes (inclinação média de 1V: 2,8H),
permitindo, adicionalmente, a execução da proteção superficial do talude de jusante
concomitantemente aos alteamentos (Figura 3.10).

60
Figura 3.10 – Seção transversal típica das barragens B1 e B4 (Busch & Castro, 1986).
(com detalhe do talude já revegetado).

É nesse contexto de experiências adquiridas com projetos anteriores, relacionados aos


projetos das barragens B1 e B4, que se insere a atual barragem B5. Conforme
anteriormente mencionado, a barragem vem sendo alteada pelo método da linha de
centro com ciclonagem na crista.

Atualmente, a praia de rejeitos é formada pela deposição da fração fina (overflow) da


ciclonagem, enquanto a fração grossa (underflow) é utilizada na construção do aterro
(Figura 3.11). Isto constitui numa vantagem por estabelecer permeabilidades
diferenciadas em relação à zona de jusante, pelo menos de uma ordem de grandeza mais
permeável. Tem-se verificado, entretanto, que, às vezes, existe uma dificuldade de se
dispor quantidades suficientes de material para garantir uma adequada largura de praia
(normalmente da ordem de 90m).

61
Figura 3.11 – Seqüência construtiva e volumes necessários. (Paulo Abib Engenharia S.A, 1980)

Tal fato vem sendo contornado com descargas periódicas de rejeitos sem ciclonagem,
em certos períodos do dia, aproximadamente das 17 às 20 horas. O sistema de
bombeamento é desligado e o rejeito passa a ser conduzido até a ombreira esquerda, de
onde é lançado em ponto único ou eventualmente espigotado, apenas por gravidade.
Merece ser destacado que este fato, apesar de eficiente e capaz de reduzir os custos com
bombeamento, pode estar criando zonas de estratos mais permeáveis intercalados com
outros de menor permeabilidade e, conseqüentemente, zonas preferenciais de fluxo.
Com relação aos alteamentos, os mesmos são realizados em camadas horizontais de
acordo com o acúmulo de underflow a jusante da barragem. Um trator de esteiras é
normalmente utilizado para o espalhamento do material (Figura 3.12), sendo que a
compactação dos rejeitos é feita apenas pelo tráfego do mesmo. Atualmente, a B5 já
incorporou três dos cinco alteamentos previstos (cotas 910, 920, 930, 940, 950). O
alteamento mais recente aconteceu na cota 930, estando a crista atual da barragem em
meados da cota 945.

62
Figura 3.12 – Material acumulado para execução de novo alteamento e detalhe do sistema de
drenagem das ombreiras.

Enfatiza-se que um dos principais parâmetros de qualidade relacionado ao controle


técnico dos alteamentos refere-se à densidade dos rejeitos pós-compactação. Nesse
sentido, campanhas recentes de investigação de campo, realizadas para o último
alteamento, mostraram que os rejeitos depositados encontram-se com densidades
relativas médias de 60%.

As prescrições de projeto estabeleceram que os rejeitos lançados na barragem B5


deveriam ter as mesmas características daqueles lançados nas barragens B1 e B4. Dessa
forma, os parâmetros geotécnicos adotados para o projeto da barragem atual em nada se
diferem daqueles prescritos anteriormente; permeabilidade do underflow na faixa dos
10-3 cm/s, com um coeficiente de permeabilidade de, no mínimo, 10 vezes maior ao do
overflow da praia a montante, resistência ao cisalhamento com ângulo de atrito na faixa
de 37°, sendo mantidos o espalhamento a compactação mecânica do underflow pelo
trator de esteiras.

Por outro lado, apesar dos dados disponíveis, não é possível afirmar que os rejeitos já
depositados ou atualmente lançados na barragem possuem as mesmas propriedades
geotécnicas prescritas em projeto. Em termos práticos, estas características dos rejeitos
podem variar muito e estão associadas a diversos fatores que, muitas vezes, são
desconsiderados, como variações e influências específicas das frentes de lavra,

63
mineralogia da mina, processo de beneficiamento, número e arranjo dos equipamentos
de ciclonagem, sistema de bombeamento, eficiência e posição dos ciclones, etc.

3.3.5 Sistemas de Drenagem Interna e Superficial

Os sistemas de drenagem, tanto superficial quanto interna, talvez sejam as estruturas


mais importantes em uma barragem de rejeitos, principalmente naquelas alteadas com o
próprio rejeito, uma vez que, por estarem mais susceptíveis a erosões, piping e
fenômenos de liquefação, necessitam de um eficiente sistema de drenagem das águas de
fluxo. Dessa forma, uma locação e dimensionamento criteriosos, bem como uma correta
seleção de materiais torna-se indispensável para o sucesso de um sistema de drenagem
em uma determinada barragem de rejeitos.

O sistema de drenagem interna da barragem B5 é composto basicamente por um tapete


drenante e por um dreno de pé (Figura 3.13). O tapete drenante, por sua vez, pode ser
subdividido em dois conjuntos: um tapete principal e de maior capacidade, alocado a
partir da superfície de escavação da várzea do córrego, estendendo-se desde o filtro
vertical do dique de partida até o dreno de pé, e tapetes drenantes laterais, que se
conectam ao principal e se estendem ao longo do eixo da barragem em direção às
ombreiras até a cota 940.

Figura 3.13 – Seção transversal ilustrando o sistema de drenagem interna da barragem B5.
(Paulo Abib Engenharia S.A, 1980)

O tapete drenante principal possui cerca de 20m de largura e é composto essencialmente


por material grosseiro. Na sua execução, lançou-se previamente uma camada de
underflow retirado da barragem B4 sobre a superfície de escavação, que foi recoberta

64
por uma camada de magnetita, pedrisco e mais internamente brita fina (Figura 3.14).
Adicionalmente, na região das ombreiras da barragem, foram alocados tapetes drenantes
secundários de menor largura e conectados ao tapete principal, com seção transversal
similar, à exceção da camada de base de underflow.

Figura 3.14 – Seção transversal passando pelo tapete drenante. (Paulo Abib Engenharia S.A, 1980)

Os tapetes laterais possuem ainda conformações diferentes com relação à sua posição
nas ombreiras (Figura 3.15), em função da presença ou não do dique de partida (até a
cota 915 e acima da cota 920, respectivamente).

65
Figura 3.15 – Locação dos tapetes laterais. Seção típica para as ombreiras entre as cotas 905 e 915
(a) e idem acima da cota 920 (b). (Paulo Abib Engenharia S.A, 1980)

Conforme pode ser observado na figura anterior, verifica-se a presença de uma estrutura
denominada filtro de pé. Esta estrutura, também parte integrante do sistema de
drenagem interna da barragem, responde pela drenagem do excesso de água associada
ao underflow lançado da crista. Além disso, estas estruturas também funcionam como
dispositivos coletores das águas pluviais que possam escoar superficialmente pelo corpo
do aterro, evitando o carreamento de partículas e conseqüentes erosões superficiais.

Na base do sistema de drenagem interna, um dreno de pé (seção transversal indicada na


Figura 3.16) está localizado a jusante do tapete drenante principal e tem por função
principal coletar a água percolada pelo sistema de drenagem interna e conduzi-la, de
maneira harmônica, até seu deságüe no córrego Capivara. Adicionalmente, esta
estrutura também funciona como dique de sustentação para os alteamentos
subseqüentes, uma vez que se constitui no limite de jusante da estrutura de contenção. A
jusante deste dique, foi instalado um medidor das vazões percoladas pelo aterro e pela
fundação da barragem.

66
Figura 3.16 – Seção transversal do dreno de pé. (Paulo Abib Engenharia S.A, 1980)

O sistema de drenagem externa ou superficial é representado basicamente por um


sistema extravasor (Figura 3.17), constituído por uma galeria de encosta, com emboques
a cada 5m de desnível, uma caixa de controle, galeria de fundo através do corpo da
barragem e uma estrutura de recirculação de água. Este sistema de recirculação é
composto por canais e tubulações superficiais que conduzem a água coletada da
barragem B5 até um conjunto de bombas a jusante e, daí, até a usina de beneficiamento.

Emboques superiores

Canal lateral

Galeria de fundo

Figura 3.17 – Sistema extravasor da barragem B5.

O conjunto de galerias de encosta está localizado na ombreira esquerda a cada 5m de


desnível. O sistema é operacionalizado basicamente pelo acionamento de comportas
através de manivelas, em função da posição do nível d’água do reservatório, por
processo manual realizado pelos próprios operadores da barragem.

67
A água do reservatório, ao entrar em contato com a galeria na encosta, pode ser
direcionada para o canal lateral ou para a galeria de fundo por meio da abertura das
respectivas comportas (Figura 3.18).

Figura 3.18 – Esquema de funcionamento do sistema extravasor da B5

Quando o fluxo é direcionado para o canal lateral, seu destino é o sistema de


recirculação de água, ou seja, a água passa a ser conduzida por meio de tubulações até
um sistema de bombeamento, de onde é transferida novamente para a usina. Por outro
lado, quando se abre a comporta da galeria de fundo, o fluxo é, então, direcionado para
uma galeria de concreto armado, situada sob a barragem, até liberação a jusante da
mesma, próximo ao deságüe do dreno de pé.

Em geral, a comporta do canal lateral é mantida aberta, uma vez que é interessante, do
ponto de vista ambiental e econômico, que a água, já clarificada, retorne sempre ao
processo de beneficiamento. Por outro lado, a comporta da galeria de fundo é aberta
apenas para controle do nível d’água no reservatório em períodos chuvosos ou de
eventual paralisação da usina.

Adicionalmente, é interessante destacar que as vazões, em ambos os canais, são


controladas pelo nível de abertura das comportas; portanto, cabe ao operador ou

68
responsável pela barragem definir o nível de fluxo desejado. A Figura 3.19 apresenta o
layout geral da estrutura interna da barragem B5, incluindo-se o dique de partida e os
sistemas de drenagem.

Figura 3.19 – Layout interno da barragem B5. Detalhe do sistema de drenagem.


(Modificado, Paulo Abib Engenharia S.A, 1980)

3.3.6 Instrumentação

A instrumentação prevista no projeto visou essencialmente o controle das condições de


percolação pelo maciço e a avaliação das condições de drenagem da barragem. No
início de operação, a barragem B5 contemplava apenas 3 pares de piezômetros tipo
Casagrande, localizados em seções pelas ombreiras e central. Com o passar dos anos,
esta instrumentação perdeu a sua funcionalidade e manutenção.

Entretanto, com o advento das questões ambientais e adoção de políticas de segurança


cada vez mais rígidas pelas mineradoras, enfatizou-se a necessidade de se implementar
um projeto criterioso de instrumentação visando o monitoramento das barragens de
rejeitos. Diante desse contexto, restabeleceu-se um novo programa de instrumentação da
barragem B5.

69
Os instrumentos atuais são compostos por piezômetros Casagrande (PZ), indicadores de
nível d’água (INA), medidores de vazão (MV) e réguas de medida da posição do N.A.
do reservatório. Os primeiros têm por finalidade monitorar as poropressões geradas pela
percolação de água a partir do reservatório, contemplando principalmente as pressões
neutras na fundação da barragem, enquanto os indicadores de nível d’água visam avaliar
o N.A. no interior do maciço, indicando principalmente a eficiência do sistema de
drenagem interna. Os medidores de vazão têm o objetivo de avaliar a eficiência dos
drenos além de dar uma magnitude do fluxo que percola pela barragem enquanto que
as réguas permitem monitorar as cotas do reservatório.

Atualmente, na barragem B5, a instrumentação está concentrada em 04 seções (Figura


3.20) e contemplam 11 indicadores de nível d’água, 4 piezômetros do tipo Casagrande,
1 medidor de vazão e duas réguas de medida (Tabela 3.1). Os piezômetros e os
indicadores de nível d’água estão instalados em seções transversais ao eixo da
barragem, uma vez que servem como indicativos da posição da superfície freática no
interior do aterro.

É pertinente destacar que o PZ 314 e o PZ 315 são piezômetros instalados no projeto


original da barragem. Em testes de funcionamento recentes (Abril de 2005) aplicado a
estes dois instrumentos constatou-se que o PZ 315 vem funcionando perfeitamente,
enquanto que o PZ 314 não vem funcionando. Diante de tal fato o PZ 314 é excluído do
programa de monitoramento aplicado a barragem B5.

As leituras atuais indicam um comportamento bastante satisfatório da barragem, com


superfície freática abatida e talude de jusante praticamente seco. Além disso, as vazões
e o nível do reservatório, mesmo em períodos de ocorrência de elevados volumes de
precipitação, apresentam-se em níveis adequados e pouco variáveis, atestando a
eficiência do sistema de drenagem da barragem de rejeitos B5.

70
Figura 3.20 – Layout da disposição da instrumentação na barragem B5.

Tabela 3.1 – Dados de instalação da instrumentação por seção (Dezembro de 2005).


INSTRUMENTO COTA DE TOPO PROFUNDIDADE COTA DO N.A.

SEÇÃO 1
INA 301 943,42 11,58 934,08
INA 302 946,76 13,87 SECO
SEÇÃO 2
INA 303 945,58 28,69 923,59
INA 304 935,00 23,11 SECO
PZ 305 922,13 19,80 904,29
INA 306 922,20 18,02 SECO
SEÇÃO 3
INA 307 946,12 31,63 920,91
INA 308 933,91 26,64 SECO
PZ 309 920,66 16,30 SECO
INA 310 920,69 13,33 SECO
SEÇÃO 4
INA 311 945,10 20,57 930,61
INA 312 943,96 20,20 928,20
INA 313 943,96 23,36 927,98

71
A Figura 3.21 apresenta a localização de alguns piezômetros e indicadores de nível
instalados atualmente na praia da barragem e, em detalhe, um dos instrumentos
instalados no aterro. É interessante destacar que uma correta e sistemática avaliação dos
registros da instrumentação, fundamentada em leituras por pessoal especializado e
segundo uma dada sistemática, torna-se fundamental para as análises de percolação em
barragens. Este fato é ainda mais evidente, no escopo deste trabalho, no qual se propõe
uma calibração de um modelo numérico de fluxo via dados da instrumentação da
barragem.

(a) (b)
Figura 3.21 – Conjunto de instrumentos dispostos ao longo da praia/aterro da barragem (a)
e detalhe típico de um dos instrumentos instalados (b).

72
CAPÍTULO 4

4 CARACTERIZAÇÃO TECNOLÓGICA DOS REJEITOS


POR MEIO DE ENSAIOS DE CAMPO

4.1 INTRODUÇÃO

Os rejeitos de mineração, apesar de serem materiais distintos e apresentarem


características específicas associadas aos processos de beneficiamento industrial, têm
seu comportamento geotécnico caracterizado, de forma completa e abrangente, por
metodologias convencionais adotadas para os solos naturais (avaliados de maneira geral
como materiais de características comportamentais similares a solos granulares), ou
seja, extrapolando princípios gerais da Mecânica dos Solos.

Entretanto, observa-se atualmente, face ao crescente desafio tecnológico dos novos


projetos e dos riscos envolvidos nos projetos atuais (grande porte), a necessidade de
uma abordagem mais criteriosa e detalhada, levando-se em conta as peculiaridades e o
comportamento geotécnico algo diferenciados dos diversos tipos de rejeitos (Gomes,
2005).

Nesse contexto, a caracterização tecnológica dos rejeitos, abordada neste capítulo e no


próximo, consistiu em uma ampla campanha investigativa das características dos
materiais depositados na barragem B5, levando-se em conta desde aspectos construtivos
e operacionais da barragem a aspectos relacionados à origem (beneficiamento) e
tipologia dos rejeitos.

Conforme apresentado de maneira abrangente no capítulo anterior, são lançados


basicamente dois tipos de rejeitos na barragem de rejeitos B5: as lamas, que constituem

73
a parte de montante e reservatório da barragem, e os rejeitos de flotação (underflow e
overflow), que são ciclonados na crista da barragem e formam o aterro e praia,
respectivamente.

É importante destacar que especialmente para este trabalho, face o desejo de se avaliar a
segurança da barragem B5, a caracterização tecnológica contemplara apenas os rejeitos
de flotação, visto sua função estrutural para a barragem. Adicionalmente, as
características geotécnicas apresentadas neste capitulo servirão como banco de dados de
entrada para os modelos numéricos abordados nos Capítulos 6 e 7.

Nesta fase, a elaboração do plano de ação inerente à caracterização tecnológica dos


rejeitos deve estar conexa com a idealização do que se planeja avaliar para a estrutura
de disposição. Assim, expõe-se a seguir a rotina das análises implementadas, desde a
amostragem dos rejeitos até as metodologias dos ensaios, incluindo-se a forma de
apresentação dos resultados, bem como a discussão geral dos resultados obtidos.

4.2 AMOSTRAGEM DOS REJEITOS NA BARRAGEM B5

A amostragem é sem dúvida uma das etapas mais importantes no que concerne uma
intervenção investigativa em uma barragem de rejeitos. Uma consistente distribuição
geométrica dos pontos de coleta, bem como a correta determinação das posições
relativas aos ensaios de campo, torna-se fundamental para a representatividade dos
resultados.

Nesse sentido, como se pretende avaliar globalmente a segurança da barragem B5 por


meio de simulações numéricas de percolação e estabilidade, foram prescritos ensaios de
campo e coletas de amostras (para ensaios de laboratório) contemplando a praia de
rejeitos a montante e o aterro da barragem a jusante de sua crista, para duas seções
transversais distintas.

74
4.2.1 Determinação dos pontos de amostragem

A Figura 4.1 apresenta uma planta da barragem B5 com a identificação das duas seções
escolhidas para o estudo das características dos rejeitos.

Escala 1: 2500

Figura 4.1 – Planta parcial e identificação das seções geotécnicas escolhidas da barragem B5.

Os pontos assinalados em verde correspondem aos piezômetros ou indicadores de nível


d’água instalados na barragem. O motivo da escolha das duas seções nas posições
observadas se deve basicamente a três fatores: constituem seções centrais, são
instrumentadas e se incorporam volumes máximos de rejeitos acumulados. A Figura 4.2
(a) apresenta um perfil típico para a seção S1, com a identificação das suas estruturas
principais, como as bermas, o nível d’água e os instrumentos. A Figura 4.2 (b) tem o
intuito de ilustrar os pontos de amostragem, bem como a nomenclatura utilizada para a
identificação das seções.

Pela Figura 4.2, observa-se que a praia, em virtude de suas características peculiares
como a segregação granulométrica que condiciona uma maior heterogeneidade, foi
contemplada com um total de seis pontos de amostragem. Estes pontos foram definidos
no campo a partir da crista da barragem, distribuídos uniformemente pela praia até a
região com capacidade de suporte próxima ao lago. No aterro, foram tomados três
pontos de amostragem, nas cotas 920 e 930 e na crista da barragem.

75
(a)

(b)
Figura 4.2 – Perfil típico para a Seção S1 (a) . Detalhe da localização dos pontos de amostragem (b).

76
Para a identificação das amostras, adotou-se um código baseado na designação do nome
da seção e da distância de coleta em relação ao ponto de lançamento. A letra F indica
que a amostra pertence à praia (Furo), enquanto que a letra A refere-se ao aterro. A letra
U, inserida entre o código do aterro, indica que a amostra caracteriza o rejeito grosso
(Underflow) disposto na região considerada.

4.2.2 Rotina de análises

A rotina de análises contemplou basicamente as intervenções que foram realizadas tanto


em campo quanto em laboratório com o intuito de se levantar as principais
características que regem o comportamento dos rejeitos de flotação depositados na
barragem B5. A seguir apresenta-se um resumo das intervenções realizadas, sendo que,
posteriormente, estas serão apresentadas e discutidas separadamente, em termos de
ensaios de campo (Capítulo 4) e ensaios de laboratório (Capítulo 5).

• Pré-análises:

o dados referentes aos ensaios SPT executados paralelamente à instalação


da instrumentação nas seções. Foram adotadas correlações empíricas e
foi avaliada, de maneira indireta, a densidade relativa do depósito, bem
como, o ângulo de atrito efetivo;

o dados relativos ao controle de compactação da Berma 930.

• Ensaios de Campo:

o Para cada um dos pontos de amostragem descritos anteriormente, foram


feitos furos e executados ensaios de infiltração com o Permeâmetro de
Guelph;

o Também para cada um dos pontos de amostragem descritos,


paralelamente à execução dos furos, foram realizadas avaliações da
massa específica seca in situ com o cilindro biselado;

77
o Em cada um dos pontos foram coletadas, em sacos plásticos, amostras
deformadas do rejeito, identificadas e posteriormente encaminhadas ao
Laboratório de Geotecnia da UFOP para ensaios específicos.

• Ensaios de Laboratório:

o Para todas as amostras foram realizadas análises granulométricas com o


Granulômetro a Laser. Entretanto, em algumas amostras, para efeito
comparativo, determinou-se a granulometria via ensaios de
peneiramento e sedimentação;

o Para todas as amostras foi avaliada a densidade real dos grãos – Gs;

o Para todas as amostras foram determinadas as compacidades máxima e


mínima;

o Para cada uma das seções da praia, foram executados ensaios de


permeabilidade a carga constante em 3 amostras, sendo uma de cada
região da praia e para todas as amostras coletadas no aterro;

o Similarmente, foram executados ensaios de cisalhamento direto para as


mesmas 3 amostras da praia e, no caso do aterro, os ensaios foram
restritos aos rejeitos depositados atualmente, identificados pela letra U.

o Foram executados ensaios triaxiais CIU para apenas uma amostra da


praia, representativa do rejeito ali depositado. No caso do aterro, face
sua importância estrutural, o ensaio contemplou amostras tanto lançadas
atualmente como amostras de alteamentos anteriores.

• Ensaios especiais e complementares:

o Foram realizadas análises químicas e granuloquímicas em algumas


amostras, tanto da praia quanto do aterro; ensaios de Difratometria de
Raios-x em algumas amostras e análises de Microscopia Eletrônica de
Varredura (MEV) em grande parte das amostras da praia e do aterro.

78
4.3 PERFIS DE COMPACIDADE RELATIVA

A densidade relativa (Dr) ou compacidade reativa dos materiais de construção exerce


grande influência nas características de segurança de uma barragem alteada com
rejeitos. A manutenção de graus de densidade elevados permite um maior grau de
estabilidade à estrutura, enquanto que baixos graus, aliado a condições desfavoráveis de
saturação, podem levar uma estrutura à ruptura. Adicionalmente, destaca-se que este
parâmetro pode ser estimado, de forma rápida e simples, por meio de diversos ensaios
de campo, como por exemplo, os ensaios SPT. Várias correlações são disponíveis
envolvendo o parâmetro NSPT e a compacidade relativa, a consistência e os parâmetros
de resistência de solos em geral.

Um exemplo é o sistema de classificação apresentado na Tabela 4.1, recomendado pela


NBR – 7.250/82 (ABNT, 1982), baseado em medidas de resistência à penetração (NSPT)
sem quaisquer correções relativas à energia de cravação e nível de tensões.

Tabela 4. 1 – Classificação quanto à resistência a penetração - NBR – 7.520/82 (ABNT, 1982)

Índice de resistência à
Solo Designação
penetração
<4 Fofa
5–8 Pouco Compacta
Areia e Silte arenoso 9 – 18 Medianamente Compacta
19 – 40 Compacta
> 40 Muito Compacta
<2 Muito Mole
3–5 Mole
Argila e Silte Argiloso 6 – 10 Média
11 – 19 Rija
> 19 Dura

Uma importante aplicação do número NSPT obtido pela execução dos ensaios SPT é a
estimativa de parâmetros geotécnicos. Em solos granulares, é prática comum estabelecer
correlações entre NSPT e a densidade relativa ou o ângulo de atrito efetivo do solo φ’.

79
Gibbs & Holtz (1957) e Skempton (1986) apresentam correlações (Equações 4.1 e 4.2)
que podem ser utilizadas na estimativa de Dr:
1

Dr =
(N ) 2
Gibbs & Holtz (1957) (4.1)
0,23σ vo + 16

Dr =
(N ) 2
Skempton (1986) (4.2)
0,28σ vo + 27

De Mello (1971) e Bolton (1986) apresentam correlações (Equações 4.3 e 4.4) que
permitem estimar o ângulo de atrito efetivo φ’ a partir de Dr:

(1,49 – Dr) tan φ’ = 0,712 de Mello (1971) (4.3)

φ’ = 33 + { 3 [ Dr (10 – ln p’) – 1 ]} Bolton (1986) (4.4)

Nestas equações σ’vo e p’ são expressos em kN/m2, Dr em decimais e NSPT = N60, isto é,
recomenda-se corrigir a medida de resistência em função da energia de cravação.

A correção para um valor de penetração normalizado com base no padrão americano de


N60 é realizada através de uma relação entre a energia empregada e a energia de
referência (Equação 4.5).

N60 = (NSPT x Energia Aplicada) / 0,60 (4.5)

sendo:

N60 - valor corrigido com base no padrão americano de N60

NSPT - soma do número de golpes obtidos nos últimos 30 cm de amostragem.

Energia Aplicada = 0,66 (Brasil)

Nesse contexto, com o intuito de se avaliar indiretamente a compacidade relativa média


dos rejeitos da Barragem B5, bem como avaliar a aplicabilidade das correlações

80
propostas, foram executadas sondagens SPT imediatamente antes da instalação do novo
sistema de instrumentação da barragem (indicadores de nível d’água e piezômetros , em
meados de 2004), sendo determinados os valores da resistência NSPT ao longo da
profundidade (Figura 4.3).

Figura 4.3 – Execução de sondagem SPT ao longo de berma da barragem de rejeitos

Com base nas relações 4.1 e 4.2 e nos valores de resistência a penetração, para cada um
dos instrumentos da seção, foram calculados os valores de densidade relativa e ângulo
de atrito efetivo, para cada metro, desde a cota de topo do furo até seu fundo. Destaca-se
que os valores de NSPT foram corrigidos em função da energia de cravação e o valor de
peso específico adotado para fins de determinação da tensão vertical foi de 17 kN/m3.
As planilhas individuais obtidas para cada um dos instrumentos analisados constam do
Apêndice A deste trabalho.

A partir dos valores de densidade relativa e ângulo de atrito efetivo calculados, tornou-
se possível elaborar gráficos que ilustram a variação destes parâmetros com a
profundidade, para cada uma dos instrumentos analisados. A Figura 4.4 apresenta a
variação da densidade relativa e do ângulo de atrito efetivo dos rejeitos acumulados na
Barragem B5 com a profundidade, para o caso do furo INA 303. Os gráficos similares,
referentes aos demais instrumentos analisados, constam do Apêndice B deste trabalho.

81
Seção S1 - INA 303
Topo = 939.567 (08/2004)
940 940

935 935

930 930
Cota (m)

925 925

920 N.A. 920

915 915

20 30 40 50 60 70 28 32 36 40 44
Densidade Relativa (%) Ângulo de Atrito Efetivo (Graus)

Figura 4.4 – Gráfico indicativo da variação da Densidade Relativa e do Ângulo de Atrito Efetivo
com a profundidade para o instrumento INA 303.

Adicionalmente, a partir da síntese dos resultados referentes às densidades relativas,


foram estimados os perfis de compacidade relativa para cada uma das duas seções
analisadas (Figura 4.5). Para a correspondente designação das camadas, utilizou-se a
classificação apresentada na Tabela 4.1.

Pela análise dos perfis estimados, é possível observar que o aterro da barragem
apresenta estratos de compacidades relativas diversificadas, que vão desde a condição
fofa até a compacta. Por se tratar de um aterro compactado artificialmente e com baixo
controle tecnológico não se verifica uma homogeneidade de valores de densidade ou
mesmo um aumento de densidade com o aumento do nível de tensão (aumento da
profundidade). De maneira geral, a condição mais densa é verificada superficialmente e
em pequena proporção, enquanto que a condição pouco compacta e medianamente
compacta, preferencialmente distribuída em profundidade, caracteriza a maior parte do
aterro da barragem.

82
Figura 4.5 – Perfis de Compacidade Relativa para o aterro (Seções 1 e 2).
83
Com o intuito de sintetizar quantitativamente os resultados expostos, é apresentado na
Tabela 4.2 um resumo das densidades relativas médias para cada um dos instrumentos,
referente às duas seções analisadas.

Tabela 4.2 – Densidade relativa e ângulo de atrito efetivo médio para os instrumentes analisados.

SEÇÃO 1 INA 303 INA 304 PZ 305 INA 306 Média


"Dr" média (%) 45,25 36,39 36,05 36,96 38,66
φ' médio (o) 34,66 32,32 32,38 32,68 33,01
SEÇÃO 2 INA 307 INA 308 PZ 309 INA 310 Média
"Dr" média (%) 36,59 46,33 40,47 31,45 38,71
φ' médio ( )
o
32,42 34,82 33,6 31,42 33,07

Analisando a tabela acima, percebe-se que a densidade relativa média observada para o
aterro da barragem, envolvendo a região analisada, é de cerca de 38,7 %, enquanto que
o ângulo de atrito médio é da ordem de 33°. Com relação ao ângulo de atrito, trata-se de
um valor muito pertinente ao material analisado, ao passo que o valor de densidade
relativa encontra-se um pouco abaixo daquele prescrito para empreendimentos desta
natureza.

Associando estes resultados com os dois perfis de compacidade estimados, percebe-se


que, para ambos os perfis, a região fofa abaixo da berma 920 configura-se como uma
possível região crítica da barragem, visto sua importante função estrutural no contexto
geral de estabilidade da barragem. Por outro lado, a região fofa acima da cota 930 é
justificada pelo fato de se tratar de um material de deposição recente, para posterior
execução da berma, e, portanto, ainda não susceptível a quaisquer processos de
compactação mecânica.

É pertinente destacar que posteriormente estes resultados obtidos indiretamente por


correlações serão comparados com resultados de ensaios específicos de laboratório, bem
como com a campanha de ensaios de campo, com o intuito de se avaliar a aplicabilidade
destas correlações, típicas de solos naturais, aos rejeitos de mineração estudados.

84
A partir da densidade relativa de campo, determinada através da correlação de Gibbs &
Holtz (1957), tornou-se possível avaliar o índice de vazios “in situ” (e) por meio da
relação 4.6:

emáx − e
Dr =
γ − γ mín γ
× máx
Dr =
emáx − emín
ou
γ máx − γ mín γ (4.6)

sendo: Dr - Densidade Relativa; emax - Índice de vazios máximo; γmáx - Peso específico

seco máximo; e - Índice de vazios “in situ”; γ - Peso específico de campo; emin - Índice

de vazios mínimo; γmín - Peso específico seco mínimo;

Nesse sentido, para cada cota de furo de sondagem foi possível associar um valor de
índice de vazios ao valor de densidade relativa obtida pela correlação (ver planilhas no
apêndice A deste trabalho). Os valores utilizados para a compacidade máxima e para a
compacidade mínima foram determinados por ensaios realizados em diversas amostras
de rejeito, sendo que os índices utilizados para a avaliação foram àqueles mais
representativos do aterro da barragem como um todo.

Com base nos valores dos índices de vazios in situ, foram estimadas as porosidades (n)
e os pesos específicos secos ( γd ) correspondentes (Tabelas 4.3 a 4.5) para o underflow
na cota atual de coleta, rejeitos na cota 930 e underflow na cota 920,respectivamente.

Tabela 4.3 – Índice de vazios, porosidade e densidade e peso específico seco para cada um dos
instrumentos analisados. (emáx=1,58; emín=0,96; Gs=3,36)

Underflow atual - emáx = 1,58 / emin = 0,96


SEÇÃO 1 INA 303 INA 304 PZ 305 INA 306 Média
"e" in situ médio 1,3 1,35 1,36 1,35 1,34
"n" in situ 0,57 0,58 0,58 0,57 0,58
"γd" in situ médio (g/cm3) 1,46 1,43 1,43 1,43 1,44
SEÇÃO 2 INA 307 INA 308 PZ 309 INA 310 Média
"e" in situ médio 1,35 1,29 1,33 1,39 1,34
"n" in situ 0,58 0,56 0,57 0,58 0,57
"γd" in situ médio (g/cm3) 1,43 1,47 1,44 1,41 1,44

85
Tabela 4.4 – Índice de vazios, porosidade e peso específico seco médios para cada um dos
instrumentos analisados. (emáx=1,63; emín=0,93; Gs=3,47)

Underflow Cota 930 - emáx = 1,63 / emin = 0,93


SEÇÃO 1 INA 303 INA 304 PZ 305 INA 306 Média
"e" in situ médio 1,31 1,38 1,38 1,37 1,36
"n" in situ 0,57 0,58 0,58 0,58 0,58
"γd" in situ médio (g/cm3) 1,5 1,46 1,46 1,47 1,47
SEÇÃO 2 INA 307 INA 308 PZ 309 INA 310 Média
"e" in situ médio 1,37 1,31 1,35 1,41 1,36
"n" in situ 0,58 0,57 0,57 0,59 0,58
"γd" in situ médio (g/cm3) 1,46 1,51 1,48 1,44 1,47

Tabela 4.5 – Índice de vazios, porosidade e peso específico seco médios para cada um dos
instrumentos analisados. (emáx=1,61; emín=0,89; Gs=3,42)

Underflow Cota 920 - emáx = 1,61 / emin = 0,89


SEÇÃO 1 INA 303 INA 304 PZ 305 INA306 Média
"e" in situ médio 1,28 1,35 1,35 1,34 1,33
"n" in situ 0,56 0,57 0,57 0,57 0,57
"γd" in situ médio (g/cm3) 1,5 1,46 1,46 1,46 1,47
SEÇÃO 2 INA 307 INA 308 PZ 309 INA310 Média
"e" in situ médio 1,35 1,28 1,32 1,38 1,33
"n" in situ 0,57 0,56 0,57 0,58 0,57
"γd" in situ médio (g/cm3) 1,46 1,50 1,48 1,44 1,47

Os resultados mostram que os índices de vazios in situ variaram entre 1,33 e 1,36, com
porosidades entre 0,58 e 0,57 e pesos específicos secos entre 1,44 e 1,47 g/cm3.

4.4 CONTROLE DE COMPACTAÇÃO DA BERMA 930 – JUNHO DE 2004

Conforme exposto no capítulo 3, o método de alteamento utilizado na barragem B5 foi


o de linha de centro com alteamentos executados com o underflow do ciclone a jusante
da crista da barragem. O procedimento executivo dos alteamentos constou no acúmulo
do rejeito grosso a jusante da barragem com sua posterior compactação mecânica. A
compactação é, na maioria das vezes, executada apenas pela passagem de trator de
esteiras, utilizando-se apenas o peso próprio do equipamento e não os equipamentos
convencionais de compactação, como o rolo compressor, por exemplo.

86
Em estruturas desta natureza, portanto, torna-se imprescindível o controle da
compactação, com a avaliação do grau de compactação (GC) e densidade relativa
aplicados ao rejeito durante o processo de alteamento da barragem. Como parâmetro de
controle exige-se, em geral, um grau de compactação superior a 90 % (Proctor normal)
para a liberação da camada. A Figura 4.6 ilustra o processo do controle de compactação
aplicado durante a execução do alteamento da barragem B5 na cota 930.

Figura 4.6 – Fases do processo de compactação da barragem B5

Com o objetivo de se avaliar os valores de densidade in situ para o aterro da barragem e


a eficiência da compactação aplicada, foram considerados os dados indicados nas
Tabelas 4.6 e 4.7, referentes ao controle da compactação da berma 930, executada em
meados de 2004 (Arc Engenharia, 2004).

Tabela 4.6 – Controle de compactação; camadas finais. (Modificado - Arc Engenharia, 2004)

Controle de Compactação - Alteamento da barragem - Berma 930


γd (g/cm3) 1,403 1,41 1,494 1,487 1,492 1,502 1,496 1,49 1,468 1,464

Dr (%) 66,9 68,6 74,5 72,8 73,7 77,0 77,4 75,3 73,2 72,2

GC (%) 92,9 93,3 93,2 93,3 95,4 94,9 95,1 95,5 95,2 95,7

Tabela 4.7 – Controle de compactação; camadas iniciais. (Modificado - Arc Engenharia, 2004)

Controle de Compactação - Alteamento da barragem - Berma 930


γd 1,403 1,41 1,522 1,535 1,464 1,457 1,427 1,426 1,422 1,427 1,42 1,412
(g/cm3)
Dr (%) 66,9 68,6 73,5 76,7 73,9 71,9 76,5 76,3 71,4 72,7 69,9 67,9
GC (%) 92,1 93,6 93,0 93,4 93,9 93,7 94,6 93,8 92,9 94,4 92,6 93,0

87
Para fins de determinação da densidade relativa, utilizou-se para porosidade máxima os
valores de peso específico seco variando entre 1,53 e 1,61 g/cm3 e para porosidade
mínima, valores entre 1,17 e 1,30 g/cm3.

Com relação aos resultados, percebe-se que o aterro da barragem, para a berma 930,
atende aos critérios pré-estabelecidos de controle tecnológico. Por outro lado, quando se
compara o resultado obtido com aqueles calculados analiticamente pelas correlações
anteriores, observa-se uma forte discrepância com relação aos valores de densidade
relativa. Com efeito, enquanto as correlações fornecem um valor de densidade relativa
média de 38 %, as medidas de campo remetem a valores superiores a 65 %. Entretanto,
com relação aos valores de peso específico seco e porosidade, empiricamente
calculados, observa-se que os valores médios obtidos, em torno de 1,45 g/cm3, estão
pertinentes com aqueles verificados em campo.

Com relação à densidade relativa, tal fato pode ser justificado por esta ser uma grandeza
relativa, e, portanto, ser função de outros parâmetros, como porosidade seca máxima e
porosidade seca mínima. Maiores detalhes sobre a validade das correlações utilizadas
serão abordados posteriormente e também em capítulo específico relativo à síntese
global dos resultados.

4.5 PERMEABILIDADE “IN SITU” USANDO O PERMEÂMETRO DE


GUELPH

4.5.1 Princípios Gerais do Permeâmetro de Guelph

O permeâmetro de Guelph foi desenvolvido e aperfeiçoado por Reynolds e Elrick na


década de 80 na University of Guelph, no Canadá. O equipamento consiste de um
permeâmetro de carga constante que permite a determinação da condutividade
hidráulica saturada, potencial matricial de fluxo e a sorção do solo em campo (Soto,
1999). Seu fácil uso e a padronização na metodologia de cálculo do coeficiente de
permeabilidade saturada tem tornado a sua aplicação de cunho generalizado em estudos
da avaliação do comportamento drenante de solos.

88
O permeâmetro de Guelph é instalado a uma determinada profundidade do terreno
(Figura 4.7), sendo a carga constante no furo estabelecida e mantida pela regulagem do
nível do fundo de um tubo de ar, localizado no centro do permeâmetro..

Figura 4.7 – Esquema do permeâmetro de Guelph (Modificado – Soto, 1999).

Como o nível d’água no reservatório diminui, um vácuo é criado no espaço acima da


água. O vácuo pode somente ser aliviado quando o ar entra pelo topo do tubo de ar,
assim bolhas formadas em decorrência deste processo sobem para o topo do
reservatório. Deste modo sempre que o nível d’água no furo afastar-se da extremidade
de entrada do tubo de ar, bolhas emergem do tubo e ascendem para o reservatório. O
vácuo é parcialmente aliviado e o nível d’água é restabelecido no furo. O tamanho da
abertura e a geometria do tubo de entrada de ar controlam o tamanho das bolhas de ar e
impedem a variação do nível d’água no furo. A ponteira do permeâmetro serve como
um dissipador de energia da saída d’água, controlada por saídas nervuradas que evitam
a erosão do solo no furo.

89
O modelo teórico de cálculo da condutividade hidráulica está baseado no modelo de
Richards (1931), para fluxo permanente num furo cilíndrico e definido por uma equação
onde a vazão é composta de duas parcelas, sendo a primeira correspondente ao fluxo
saturado e a segunda ao fluxo não saturado, tal que:

Q = A.K fs + BΦ Gm (4.7)

A=
(2.π.H ) + π.a
2
2
(4.8a)
C

B=
(2.π.H )
2
(4.8b)
C
sendo:
Q – vazão a carga constante;
H – altura de água constante;
Kfs – condutividade hidráulica saturada de campo;
ΦGm – potencial matricial de fluxo;
C – fator de forma que depende da razão H/a, sendo a o raio do furo.

Para obtenção dos parâmetros (kfs, φGm e α), podem ser adotados diferentes
procedimentos de ensaios e métodos de cálculo, descritos na literatura técnica. Nos
estudos realizados na Barragem B5, utilizou-se a chamada técnica de uma altura de
carga descrita a seguir (Soto, 1999; Santos, 2004). Os resultados obtidos foram
essencialmente similares aos obtidos por meio de outras metodologias.

Nesta técnica, apenas uma altura de carga constante H é estabelecida no furo. A


determinação dos parâmetros kfs e φGm é feita por meio das seguintes expressões:

C.Q
K fs = (4.9a)
2.π.H
2.π.H + π.a .C +
2 2

C.Q
Φ Gm = (4.9b)
((2.π.H + π.a 2 .C).α + 2.π.H )
2

90
sendo: Kfs – condutividade hidráulica saturada de campo; Q – vazão a carga constante;
C – fator de forma que depende da razão H/a; a - raio do furo; H- altura de água
constante no furo; α – constante que depende das propriedades do solo, principalmente
macroporosidade e textura.

A maior dificuldade deste processo está na avaliação adequada do parâmetro α, uma


vez que o mesmo apresenta variações de valores em função do meio poroso encontrar-
se sob infiltração ou drenagem (Soto, 1999). Esta variação pode ser avaliada através de
resultados de ensaios em laboratório ou de campo. A tabela 4.8 apresenta valores do
parâmetro α sugeridos por Elrick et al. (1989), em função da textura e da estrutura
(macroporos e fissuras) do solo. Os valores estão baseados em observações realizadas
em estudos de campo e podem variar de acordo com o nível das informações existentes.

Tabela 4.8 – Parâmetros de α sugeridos por Elrick et al. (1989).

α (cm-1) TIPO DE SOLO


0,01 argilas compactadas (aterro, liners, sedimentos lacustres e marinhos).
0,04 solos de textura fina, principalmente sem macroporos e fissuras.
0,12 argilas até areias finas com alto a moderada quantidade de macroporos e
fissuras
0,36 areias grossas, inclui solos com macroporosidade e fissuras evidentes.

Por outro lado, o fator de forma C pode ser obtido por meio do ábaco dado na Figura
4.8. Este fator corresponde à expressão numérica da forma do bulbo de solo saturado,
que se forma quando é aplicada uma carga constante no furo executado no terreno. Este
bulbo, por sua vez, é muito estável e sua forma depende do tipo de solo, do raio e da
carga de água no furo.

A vazão Q é dada pela relação:

Qi = AxR i (4.10)

sendo Q – vazão em regime permanente (medido durante o ensaio);A - área da seção


transversal do permeâmetro e Ri – razão de queda do nível de água no reservatório.

91
Figura 4.8 – Ábaco do fator de forma C (Soilmoisture Equipment Corp., 1986).

Assim, neste procedimento de uma altura de carga, após a determinação dos valores de
C, α , Q e das condições geométricas do furo, aplica-se a relação (4.9a) para a
estimativa da permeabilidade saturada de campo, em cm/s.

4.5.2 Programa experimental

Uma parte da campanha experimental em campo comportou a realização de séries de


medidas da permeabilidade saturada dos rejeitos da Barragem B5 ao longo da praia e do
aterro, por meio do permeâmetro de Guelph (Figura 4.9). Para cada ponto ensaiado, foi
adotada a seguinte rotina de ensaio:

• Preparação de um furo com 6 cm de diâmetro e 30 cm de profundidade, tomando-se


cuidado com as paredes laterais de furo e com a regularização do fundo;
• Montagem e abastecimento de água nos reservatórios do permeâmetro; este
procedimento foi realizado antes do posicionamento da ponteira no furo para impedir o
fluxo brusco de água que poderia causar danos ao furo;
• Posicionamento do permeâmetro no furo de sondagem evitando-se golpes que
pudessem danificar o furo;

92
Figura 4.9 – Ensaios de campo com o permeâmetro de Guelph

• Estabelecimento da altura H constante correspondente ao único estágio. O


levantamento da ponteira (imposição da altura de carga H) foi controlado através de
uma escala graduada de 0 a 25 cm, no permeâmetro. Para esta campanha de ensaios foi
utilizada uma carga de 10 cm de coluna de água no furo, valor sugerido e utilizado por
diversos autores. Além disto, nesta fase tomou-se cuidado no levantamento da ponteira
de ar uma vez que sua rápida ascensão poderia causar erosão no fundo do furo;

• O ensaio foi finalizado após atingir fluxo em regime permanente. Para esse objetivo,
o fluxo de saída d’água para o solo é controlado pelos registros de queda no nível do
reservatório em intervalos de tempo regulares. Desta forma, quando a vazão é observada
constante por 3 leituras consecutivas, admite-se a validade do fluxo em regime
permanente.

Para o cálculo dos valores dos coeficientes de permeabilidade saturada, utilizou-se um


valor de fator de forma C igual a 1,32 (calculado a partir da relação H/a = 3,33 para a
curva no ábaco referente as areias) e um valor de 0,12 cm-1 para o parâmetro α (Tabela
4.8), valor também adotado por Santos (2004) em estudos com rejeitos de mineração de
ferro.

A seguir, na Tabela 4.9, são apresentados os coeficientes de permeabilidade


determinados com o permeâmetro de Guelph para a praia de rejeitos ao longo das duas
seções analisadas. Os resultados são expressos em função da distância à crista da
barragem.

93
Tabela 4.9 – Valores de coeficiente de permeabilidade determinados pelo ensaio com o
permeâmetro de Guelph ao longo da praia de rejeitos.

SEÇÃO 1 SEÇÃO 2
distância da distância da
amostra Kfs (cm/s) amostra Kfs (cm/s)
crista crista
F1 5m 2,73 x 10-3 F1 5m 6,3 x 10-3
F2 17m 4,30 x 10-3 F2 17m 3,88 x 10-3
F3 30m 3,15 x 10-3 F3 30m 3,15 x 10-3
F4 42m 3,90 x 10-3 F4 42m 2,31 x 10-3
F5 55m 3,39 x 10-3 F5 55m 1,47 x 10-3
F6 72m 2,4 x 10-3 F6 72m 1,23 x 10-3

Os resultados indicam uma permeabilidade na praia da ordem de 10-3 cm/s, valor típico
de materiais arenosos a areno-siltosos e, portanto, pertinentes ao material em estudo. A
Figura 4.10 ilustra a variação dos coeficientes de permeabilidade obtidos ao longo da
praia, em função da distância à crista.

COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE DE CAMPO


X
DISTÂNCIA DO PONTO DE LANÇAMENTO

0,007
COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE (CM/S)

0,006 SEÇÃO 2
SEÇÃO 1
0,005 Expon. (SEÇÃO 2)

0,004

0,003

0,002
y = 0.0065e-0.0245x
0,001 R2 = 0.9749

0
0 10 20 30 40 50 60 70 80
DISTÂNCIA DO PONTO DE LANÇAMENTO (METROS)

Figura 4.10 – Variações do coeficiente de permeabilidade com a distância do ponto de lançamento.

94
Pela análise do gráfico, é possível perceber que o rejeito depositado ao longo da seção 2
obedece a uma tendência de diminuição de permeabilidades ao longo do comprimento
da praia, enquanto que, na seção 1, tal tendência não é verificada. Tal fato pode estar
associado às condições operacionais da barragem de rejeitos B5, uma vez que são
observadas, com freqüência, operações como o lançamento ou espigotamento de rejeitos
totais (sem ciclonagem) na praia da barragem e os resultados obtidos traduzem esta
variabilidade dos materiais acumulados.

Do ponto de vista de qualidade de execução do aterro hidráulico e, conseqüentemente,


de segurança da barragem, a segregação de permeabilidades observada na seção 2 é
mais favorável por apresentar maiores coeficientes de permeabilidade próximos à crista
e menores coeficientes próximos ao lago. No caso da seção 1, observa-se o contrário,
com permeabilidades maiores na região próxima ao lago e menores na zona próxima à
crista.

A determinação do coeficiente de permeabilidade pelo ensaio com o permeâmetro de


Guelph foi estendida para os pontos de amostragem locados no aterro da barragem.
Foram executados ensaios na berma 930 e na berma 920 para as duas seções analisadas
e os resultados estão indicados na Tabela 4.10. Destaca-se que, para o caso da berma
920, como a mesma havia sido executada há mais tempo, foi necessária à execução de
um pré-furo para que fosse ultrapassada a camada de laterita, de mais ou menos 15 cm,
utilizada como cobertura superficial da berma.

Tabela 4.10 – Valores de coeficiente de permeabilidade determinados pelo ensaio com o


permeâmetro de Guelph para o aterro da barragem.

SEÇÃO 1 SEÇÃO 2
amostra cota Kfs (cm/s) amostra cota Kfs (cm/s)
S1-A1 930 5,88 x 10-3 S2-A1 930 4,30 x 10-3
S1-A2 920 1,26 x 10-3 S2-A2 920 2,41 x 10-3

As diferenças dos valores podem estar associadas a mudanças nas características


granuloquímicas dos rejeitos, inerentes ao processo de beneficiamento ou mesmo ao
minério lavrado, ou a variações específicas relacionadas à compactação mecânica
superficial.

95
4.6 DENSIDADES “IN SITU” USANDO O CILINDRO BISELADO

Como procedimento final das investigações de campo, foram realizadas medidas de


densidade in situ por meio da técnica do cilindro biselado (Figura 4.11), tendo sido
obtidos os resultados sistematizados na Tabela 4.11.

Figura 4.11 – Determinação de densidades “in situ” com o cilindro biselado.

Tabela 4.11 – Valores de peso específico seco e teor de umidade determinados em campo.

SEÇÃO 1 SEÇÃO 2
amostra umidade γd (g/cm3) amostra umidade γd (g/cm3)
S1-F1 16,8% 1,43 S2-F1 16,10% 1,45
S1-F2 12,84% 1,52 S2-F2 21,23% 1,5
S1-F3 22,5% 1,51 S2-F3 18,79% 1,49
S1-F4 21,6 % 1,44 S2-F4 37,83% 1,36
S1-F5 27,20% 1,46 S2-F5 32,67% 1,44
S1-F6 33,15% 1,43 S2-F6 32,99% 1,40
S1-A1 10,55% 1,50 S2-A1 10,29% 1,53
S1-A2 6,16% 1,44 S2-A2 8,32% 1,47

Os valores indicam uma tendência de aumento do teor de umidade com a proximidade


do lago da barragem. Por outro lado, verifica-se que os valores de densidade medidas
para o aterro pouco se diferem dos valores obtidos para os rejeitos da praia. Como a
praia não é compactada artificialmente, como o aterro, teoricamente esperavam-se
valores inferiores para esta região.

96
Para rejeitos de mineração, em geral, tais análises não são tão simples, uma vez que
análises desta natureza não podem ser feitas, uma vez que outros fatores, como as
características químicas, mineralógicas, ou deposicionais, exercem forte influência na
tipologia dos rejeitos depositados na barragem. Assim, provavelmente, os rejeitos
depositados na praia possuem um maior teor de ferro (magnetita/hematita) quando
comparados com aqueles lançados à jusante; além disso, as próprias características de
lançamento destes rejeitos na praia podem conferir uma maior densificação aos
mesmos. Estes aspectos serão rediscutidos na etapa final deste trabalho, quando da
abordagem integrada de todas as análises realizadas.

97
CAPÍTULO 5

5 CARACTERIZAÇÃO TECNOLÓGICA DOS REJEITOS


POR MEIO DE ENSAIOS DE LABORATÓRIO

5.1 DISTRIBUIÇÃO GRANULOMÉTRICA DOS REJEITOS

A análise granulométrica visa determinar a relação entre as dimensões das partículas e


os seus percentuais, bem como a graduação destas no solo. Nos ensaios convencionais
ela consiste, em geral, de duas fases: peneiramento (partículas com dimensões maiores
que 0,074 mm) e sedimentação (partículas com dimensões menores que 2mm) segundo
a NBR 7181. Nesta pesquisa, no entanto, a granulometria foi determinada utilizando-se
o granulômetro a laser.

Como os rejeitos de mineração não são materiais de origem natural, sendo sua origem
associada a processos físicos de britagem e ciclonagem ou a processos’ químicos (de
flotação), as análises convencionais, baseadas na lei de Stokes, podem induzir erros
cumulativos em função do formato não esférico dos grãos ou de uma composição
química com elevados teores de ferro e, portanto, elevada densidade dos grãos.

Para a realização dos ensaios, utilizou-se o granulômetro a laser do Laboratório de


Geotecnia da Universidade de Brasília, modelo fabricado pela Malvern Instruments
Ltda da Inglaterra. O equipamento é constituído basicamente por três dispositivos
(Figura 5.1): a unidade óptica, a unidade de preparação da amostra e o computador
acoplado.

98
Figura 5.1 – Granulômetro a Laser e acessórios.

O equipamento permite a realização do ensaio por duas metodologias distintas: sem


ultra-som, que é equivalente à sedimentação sem defloculante e com ultra-som, técnica
considerada equivalente ao ensaio de sedimentação com defloculante. Como os rejeitos
analisados são tipicamente arenosos, oriundos de processo de britagem, adotou-se a
metodologia de ensaio sem ultra-som.

A preparação das amostras consistiu na passagem do rejeito pela peneira # 40, seguida
de homogeneização e inserção de cerca de 10g no compartimento específico do
granulômetro a laser. Foram efetuadas duas análises por amostra, com grande
repetibilidade dos ensaios. As Figuras 5.2 e 5.3 apresentam as curvas granulométricas
obtidas para os rejeitos coletados na praia para as seções 1 e 2, respectivamente.

Analisando a curva granulométrica dos rejeitos depositados na seção S1, observa-se que
os rejeitos acumulados nesta região da barragem não apresentam os efeitos típicos da
segregação hidráulica ao longo de uma praia de rejeitos, que foi afetada potencialmente
por outras variáveis como, por exemplo, a intercalação de lançamento de rejeitos
grossos e/ou totais em detrimento ao processo convencional de ciclonagem. Por outro
lado, na seção S2, este fenômeno é claramente evidenciado, em face da presença de
rejeitos cada vez mais finos à medida que se aproxima do lago da barragem.

99
SEÇÃO S1 - GRANULOMETRIA À LASER
100

90

80
F1
70
F2
% que passa

60

50 F3

40
F4
30
F5
20

10 F6

0
0,00001 0,0001 0,001 0,01 0,1 1 10 100

Diâmetro das Partículas (mm)

Figura 5.2 – Curvas granulométricas para os rejeitos depositados na praia para a seção S1.

SEÇÃO S2 - GRANULOMETRIA À LASER


100

90

80
F1
70

60
F2
% que Passa

50 F3

40
F4
30
F5
20

10 F6

0
0,00001 0,0001 0,001 0,01 0,1 1 10 100

Diâmetro das Partículas (mm)

Figura 5.3 – Curvas granulométricas para os rejeitos depositados na praia para a seção S2.

Os resultados das análises granulométricas de todas as amostras ensaiadas dos rejeitos


da Barragem B5 estão sistematizados na Tabela 5.1, de acordo com as prescrições da
norma NBR 6502 (ABNT, 1993). Análises similares foram implementadas para os
rejeitos do aterro (Figura 5.4 e Tabela 5.2).

100
Tabela 5.1 – Frações granulométricas de todas as amostras da praia - NBR 6502 (ABNT, 1993)

Fração Fração Fração areia (%)


Amostra
argila (%) silte (%) Fina (%) Média (%) Grossa (%)
67,4
S1-F1 3,1 29,4
54,2 13,2 -
71,5
S1-F2 2,2 26,3 56,2 15,3 -
74,5
S1-F3 2,1 23,4 55,3 19,2 -
70
S1-F4 2,6 27,5 57,8 12,2 -
70,1
S1-F5 2,5 27,3 59,4 10,7 -
72,3
S1-F6 2,5 27,3 58,1 14,2 -
79,1
S2-F1 1,4 19,5 49,5 29,6 -
73,4
S2-F2 2,3 24,4 56,7 16,7 -
70
S2-F3 2,5 27,6 49,4 20,6 -
51,2
S2-F4 3,8 45 49,4 1,8 -
46,1
S2-F5 5,2 48,7 43,4 2,7 -
35,7
S2-F6 11,1 53,2
31,8 3,9 -

ATERRO - GRANULOMETRIA À LASER


100

90
S1-A1 (930)
80

70 S1-A2 (920)
% que passa

60
S1-U-A1
50
40 S2-A1 (930)
30
S2-A2 (920)
20
10 S2-U-A2

0
0,00001 0,0001 0,001 0,01 0,1 1 10 100
Diâmetro das Partículas (mm)

Figura 5.4 – Curvas granulométricas para os rejeitos depositados no aterro.

101
Tabela 5.2 – Frações granulométricas para as amostras do aterro - NBR 6502 (ABNT, 1993)

Fração Fração Fração areia (%)


Amostra
argila (%) silte (%) Fina (%) Média (%) Grossa (%)
62,4
S1-A1 (930) 1,7 35,9
53,8 8,6
69,6
S1-A2 (920) 1,6 28,8 55,4 14,2
85,2
S1-U-A1 0,9 14 52,4 32,8
63,8
S2-A1 (930) 1,7 34,5 53,5 10,3
70,3
S2-A2 (920) 1,4 28,3 57,1 13,2
77,8
S2-U-A2 1,2 20,9 63,4 14,4

Analisando globalmente os resultados, percebe-se que as todas as amostras, em geral,


tendem a apresentar uma natureza areno-siltosa, com exceção das amostras S2-F5 e S2-
F6, que se mostraram tipicamente silto-arenosas. Comparando-se as amostras da praia
com aquelas provenientes do aterro, observa-se que a principal diferença entre elas
encontra-se na fração argila; portanto, pode-se inferir que o processo de ciclonagem
condiciona principalmente a diferenciação nesta fração do rejeito total que abastece os
ciclones.

Adicionalmente, observam-se fortes indícios de que os rejeitos amostrados ao longo da


praia na seção 1 sejam rejeitos totais lançados em situações não-convencionais de
operação da barragem. Tal fato justifica-se pela semelhança granulométrica destes
rejeitos. Outro fato que pode estar gerando tal similaridade pode estar associada a uma
baixa eficiência dos ciclones ou mesmo pela interferência de lançamentos intercalados
de rejeitos grossos e ciclonados na região em estudo.

Com relação ao aterro, observa-se que os rejeitos dispostos na cota 930 são
granulometricamente semelhantes entre si para as duas seções estudadas, da mesma
forma que aqueles na cota 920. Por outro lado, os rejeitos atualmente dispostos (cota
940) são sensivelmente mais grossos que os rejeitos mais antigos, amostrados nas
bermas 920 e 930.

102
5.2 DENSIDADE DOS GRÃOS - GS

A densidade dos grãos que compõe um determinado tipo de solo está diretamente
relacionada com sua natureza, origem e composição química. Os rejeitos de minério de
ferro, por exemplo, por serem compostos basicamente de partículas de quartzo e de
hematita, podem apresentar valores de Gs superiores a 4. Espósito (2000) e Presotti
(2002) obtiveram, para ajustes sensivelmente lineares, relações entre massas específicas
e teores de Fe no caso dos rejeitos de minério de ferro, constatando-se uma forte
tendência de acréscimo do valor da massa específica dos grãos com o aumento do teor
de ferro presente.

Para os rejeitos em estudo, apesar de não serem constituídos essencialmente por ferro e
quartzo, sabe-se que boa parte de sua composição químico-mineralógica envolve estes
dois elementos. Os ensaios para a determinação da massa específica dos grãos (ρs)
foram executados de acordo com os procedimentos prescritos pela norma NBR 6508
(ABNT, 1984a), sendo os resultados apresentados nas Tabelas 5.3 e 5.4 para os rejeitos
da praia e do aterro, respectivamente.

As maiores densidades obtidas na região da praia podem estar associadas ao teor de


ferro presente na parte mais fina do rejeito ou mesmo ao próprio processo de
ciclonagem, que condiciona uma concentração de rejeitos com maiores teores de Fe na
praia da barragem.

Tabela 5.3 – Massa específica das amostras da praia de rejeitos.

Amostra ρs (g/cm³)
S1-F1 3,48
S1-F2 3,62
S1-F3 3,51
S1-F4 3,5
S1-F5 3,47
S1-F6 3,62
S2-F1 3,44
S2-F2 3,57
S2-F3 3,41
S2-F4 3,52
S2-F5 3,44
S2-F6 3,44

103
Tabela 5.4 – Massa específica das amostras de rejeitos do aterro.

Amostra ρs (g/cm³)
S1-A1 3,45
S1-A2 3,38
S1-U-A1 3,21
S2-A1 3,45
S2-A2 3,47
S2-U-A2 3,36

Por outro lado, pode-se observar que os rejeitos lançados atualmente no aterro
(identificados com a letra U) apresentam-se com a menor densidade dos grãos entre
todos os analisados. Tal fato, associado à análise granulométrica anterior, pode levar a
uma conclusão preliminar tal que, quanto mais grosso o rejeito, menor a densidade de
suas partículas constituintes.

5.3 ÍNDICES DE VAZIOS MÁXIMOS E MÍNIMOS

As propriedades geotécnicas dos rejeitos granulares são muito dependentes dos


respectivos estados de compacidade. Assim, constitui um procedimento básico aferir os
valores limites destes estados de compacidade (determinação dos índices de vazios
máximo e mínimo do rejeito), visando à avaliação da densidade relativa (Dr) do material
em estudo.

Por outro lado, a determinação dos índices de vazios máximo e mínimo dos rejeitos se
justifica também em termos da preparação de amostras reconstituídas para a realização
de ensaios de resistência ao cisalhamento e permeabilidade. Conhecidos os limites de
compacidade, a moldagem das amostras de rejeito pode ser realizada em um
determinado índice de vazios, a fim de se obter o grau de compacidade desejado.

Para a obtenção do índice de vazios mínimo, utilizou-se a norma MB-3388/90 (ABNT,


1990), sendo implementados alguns procedimentos adicionais à metodologia, de forma
a se obter valores mais representativos da porosidade máxima destes rejeitos. O índice
de vazios máximo foi obtido com base na norma MB-3324/91 (ABNT, 1991).

Tais normas, entretanto, são restritas a materiais não-coesivos que apresentam teor de

104
finos inferior a 12%. De acordo com Presotti (2002) e Santos (2004), entretanto, esta
restrição só se aplica quando as partículas finas acarretam um efeito tipicamente coesivo
aos materiais (caso dos solos naturais). No caso dos rejeitos de flotação, cuja fração
fina apresenta-se isenta de características coesivas, propõe-se a plena adoção dos
procedimentos normativos sugeridos acima, mesmo sendo o percentual de finos dos
rejeitos estudados superior a 12%.

Para a obtenção da porosidade mínima, utilizou-se o chamado método B da norma MB-


3388/90 (ABNT, 1990), que consiste na utilização de uma mesa vibratória, do tipo
utilizado para o peneiramento de amostras na análise granulométrica. Para a calibração
da mesa vibratória, para o rejeito em estudo, aplicou-se a mesma técnica proposta por
Pressoti (2002). Tal técnica consiste basicamente em duas etapas: estabelecer o valor da
freqüência para se obter à massa específica seca máxima do rejeito sem quebra de grãos
e o tempo necessário para se obter valores uniformes para a massa específica seca do
material. A calibração resultou na adoção de um fator 7 para a freqüência e um tempo
de 10 min para o ensaio.

Outra adaptação realizada consistiu na utilização de um cilindro de 8 cm de altura por


3,55 cm de diâmetro, em detrimento ao cilindro de Proctor normalmente utilizado. Nos
ensaios, este cilindro foi preenchido com 4 camadas (2 cm de espessura) de rejeito
previamente seco em estufa, realizando-se a vibração por um período de 10 minutos em
cada camada. A utilização de um cilindro de dimensões reduzidas justifica-se pela
experiência prévia, realizada com sucesso no trabalho de Pereira (2005), com rejeitos de
minério de ferro.

A técnica adotada para a obtenção dos índices de vazios máximos foi a de pluviação
com material seco, adotando-se os procedimentos preconizados na norma MB-3324/91
(ABNT, 1991). É pertinente destacar-se que tanto para a determinação da porosidade
mínima, quanto para a porosidade máxima foram realizadas três determinações, sendo o
resultado representado pela média dos três ensaios. As Tabelas 5.5 e 5.6 apresentam os
valores dos índices de vazios máximos e mínimos obtidos para parte das amostras de
rejeitos coletadas ao longo da praia e no aterro da Barragem B5, respectivamente.

105
Tabela 5.5 –Valores dos índices de vazios mínimo e máximo dos rejeitos coletados na praia.

3 3
Amostra ρs (g/cm³) emín máx (g/cm ) emáx mín (g/cm )
S1-F2 3,62 0,80 2,01 1,46 1,47
S1-F4 3,5 0,82 1,92 1,46 1,42
S1-F6 3,62 0,90 1,91 1,57 1,41
S2-F1 3,44 0,80 1,91 1,44 1,41
S2-F3 3,41 0,71 1,99 1,37 1,44
S2-F5 3,44 0,84 1,87 1,51 1,37

Tabela 5.6 –Valores dos índices de vazios mínimo e máximo dos rejeitos coletados no aterro.

3
Amostra ρs (g/cm³) emín máx (g/cm ) emáx mín (g/cm3)
S1-A1 3,45 1,00 1,71 1,67 1,28
S1-A2 3,38 0,89 1,81 1,61 1,31
S1-U-A1 3,21 0,92 1,67 1,59 1,24
S2-A1 3,45 0,93 1,8 1,63 1,32
S2-A2 3,47 0,88 1,84 1,56 1,35
S2-U-A2 3,36 0,96 1,71 1,58 1,3

5.4 ENSAIOS DE PERMEABILIDADE

Com o intuito de se avaliar o coeficiente de permeabilidade saturado das amostras


coletadas em campo, bem como aferir a aplicabilidade da técnica do permeâmetro de
Guelph como ferramenta de avaliação desta propriedade in situ em barragens de rejeito,
foram realizados ensaios de permeabilidade a carga constante em laboratório. O ensaio
de carga constante foi adotado em função das características granulométricas dos
rejeitos estudados e os ensaios foram restritos a três amostras por seção, representativas
das diferentes regiões da praia de rejeitos.

As amostras foram reconstituídas em laboratório por meio da confecção de corpos-de-


prova com porosidades (n) definidas em função da determinação da massa de material
seco (Md) necessária para o preenchimento do volume (V) do permeâmetro (Santos,
2004), tal que:

M d = Vρ s (1 − n) (5.1)

sendo ρs – massa específica dos grãos.

106
As técnicas de moldagem dos corpos de prova variaram em função da densidade
requerida para a amostra. Para os corpos de prova mais densos, foi utilizada a técnica de
compactação dinâmica em material seco e em 4 camadas. Para os corpos de prova fofos,
adotou-se a técnica de pluviação a seco através de um tubo com 1,5 cm de diâmetro e,
acrescentando-se a esta técnica um certo número de golpes nas paredes laterais do
molde, foram preparados os corpos de prova com porosidades intermediárias.

O equipamento utilizado para os ensaios consistiu em um permeâmetro de parede rígida


(Figura 5.5) com 7,20 cm de diâmetro e 19,55 cm de altura, ligado a um sistema de
alimentação e manutenção de carga por reservatório a nível constante. O equipamento é
acoplado a um sistema de tubos manométricos, associado a uma escala graduada em
milímetros, para a medição das cargas hidráulicas.

Figura 5.5 – Permeâmetro a carga constante utilizado nos ensaios

O ensaio foi realizado de acordo com as prescrições da Norma NBR 13292 (ABNT,
1995), sendo implementadas algumas alterações adicionais. Embora a norma
especifique a utilização de uma bomba de vácuo no processo de saturação da amostra,
optou-se pela utilização de um processo de saturação por meio de percolação por fluxo
ascendente, monitorado continuamente durante toda esta etapa do ensaio. Os resultados
dos ensaios de carga constante, realizados com os rejeitos da praia da Barragem B5,
foram representados por meio de curvas correlacionando as velocidades de percolação
(cm/s) a 20ºC e os gradientes hidráulicos correspondentes (Figura 5.6).

107
Praia - Amostra S1-F4 (20%)
3,00E-03

y = 3,07E-03x
2,50E-03
R2 = 9,95E-01
2,00E-03
Velocidade

1,50E-03

1,00E-03

5,00E-04

0,00E+00
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00

Gradiente

Figura 5.6 – Curva velocidade de percolação versus gradiente hidráulico para a amostra S1-F4
(densidade relativa de 20%).

No Apêndice C deste trabalho, são apresentadas as curvas que relacionam os gradientes


hidráulicos com as velocidades de percolação para todas as amostras ensaiadas. Os
valores dos coeficientes de permeabilidade saturada (a 20° C) para todas as amostras
ensaiadas dos rejeitos estão indicados na Tabela 5.7, correlacionados aos valores do
peso específico seco de campo, índices de vazios máximo e mínimo e densidades
relativas de moldagem e de campo. Dos valores tabulados, constata-se que os rejeitos
não foram ensaiados somente para as condições de densidade de campo, mas também
sob diferentes compacidades, para fins de comparações mais abrangentes.

Veifica-se ainda que as densidades relativas utilizadas nos ensaios foram diferentes dos
valores medidos em campo. Tal fato se deve à dificuldade de se reconstituir as amostras
próximas ao seu valor de porosidade máxima. Nesse sentido, após várias tentativas, a
densidade relativa mínima alcançada para o ensaio foi de 20%, sendo assim aplicada a
todas as amostras da praia, com o intuito de, assim, caracterizar a condição in situ destes
rejeitos. É importante ressaltar que densidades relativas dessa ordem já eram esperadas
para a praia, em função tanto da granulometria mais fina destes rejeitos como,
principalmente, pela ausência de compactação mecânica nesta região.

108
Tabela 5.7 - Valores dos coeficientes de permeabilidade para diferentes condições de moldagem
(rejeitos da praia)
Amostra S1-F2
Campo
γd (g/cm3) γd máx (g/cm3) γd mín (g/cm3) Dr (%)
1,52 2,01 1,47 12,24
Ensaio Dr (%) γd (g/cm3) Ksat. 20OC (cm/s)
20 1,55 2,49 x 10-3
Amostra S1-F4
Campo
γd (g/cm3) γd máx (g/cm3) γd mín (g/cm3) Dr (%)
1,44 1,92 1,42 5,34
Dr (%) γd (g/cm3) Ksat. 20OC (cm/s)
Ensaio 20 1,498 3,07 x 10-3
60 1,682 9,01 x 10-4
Amostra S1-F6
Campo
γd (g/cm3) γd máx (g/cm3) γd mín (g/cm3) Dr (%)
1,43 1,91 1,41 5,33
Dr (%) γd (g/cm3) Ksat. 20OC (cm/s)
Ensaio 20 1,48 2,01 x 10-3
60 1,67 8,67 x 10-4
Amostra S2-F1
Campo
γd (g/cm3) γd máx (g/cm3) γd mín (g/cm3) Dr (%)
1,45 1,91 1,41 10,54
Dr (%) γd (g/cm3) Ksat. 20OC (cm/s)
Ensaio 20 1,488 3,89 x 10-3
60 1,67 9,33 x 10-4
Amostra S2-F3
Campo
γd (g/cm3) γd máx (g/cm3) γd mín (g/cm3) Dr (%)
1,49 1,99 1,44 12,14

Ensaio Dr (%) γd (g/cm3) Ksat. 20OC (cm/s)


20 1,52 1,46 x 10-3
Amostra S2-F5
Campo
γd (g/cm3) γd máx (g/cm3) γd mín (g/cm3) Dr (%)
1,4 1,87 1,37 8,01
Ensaio Dr (%) γd (g/cm3) Ksat. 20OC (cm/s)
20 1,447 5,23 x 10-4

A redução crescente dos valores dos coeficientes de permeabilidade com o aumento do


estado de compacidade das amostras ensaiadas ratificou a experiência corrente. Em
relação à segregação das permeabilidades ao longo da praia, constatou-se o mesmo
comportamento observado pelas medidas efetuadas pelo permeâmetro de Guelph, ou
seja, para as amostras da seção 2, ocorreu uma diminuição das permeabilidades com o
aumento da distância da crista, ao passo que, para a seção 1, tal fato não foi observado.
Novamente destaca-se que, do ponto de vista de segurança da barragem, a condição

109
observada na seção 2 é mais satisfatória que aquela verificada na seção 1, uma vez que
menores valores de permeabilidade dos rejeitos acumulados na praia contribuem para
uma maior depleção da linha freática e, portanto, para a estabilidade global da estrutura.

Por outro lado, para os rejeitos coletados no aterro (underflow), o processo de


moldagem e a análise dos resultados dos ensaios de permeabilidade implicaram uma
abordagem mais complexa, em função das discrepâncias observadas nos valores obtidos
para as densidades relativas dessa região da barragem. Tais discrepâncias estão
associadas, principalmente, às comparações dos valores obtidos com base nas
correlações de Gibbs & Holtz (1957) com aqueles medidos em campo durante a
execução do alteamento da berma 930.

Verifica-se que os valores médios de peso específico seco, medidos durante o controle
de compactação da berma 930 (1,456 g/cm3), são praticamente iguais àqueles obtidos
indiretamente pela correlação (entre 1,44 e 1,46 g/cm3). Porém, quando se observa à
densidade relativa, os valores médios determinados para o controle de compactação (em
torno de 70%) são muito superiores aos determinados pela correlação de Gibbs & Holtz
(1957), que foram da ordem de 38 %. Tal discrepância resulta de um provável erro da
estimativa dos estados limites de compacidade dos rejeitos acumulados, quando da fase
de controle da compactação da berma 930.

Tal conclusão se justifica pelo fato de que, quando se aplica os valores de emáx e emín
determinados nesta dissertação aos valores de peso específico seco medidos, tanto em
termos dos valores in situ obtidos durante o controle de compactação quanto obtidos
pela correlação, observa-se uma clara equivalência aos valores obtidos pela equação
empírica e não naqueles determinados pelo controle de compactação. Adicionalmente,
durante o processo de moldagem das amostras, constatou-se que as amostras, moldadas
num estado próximo ao valor do peso específico seco avaliado para o aterro (1,48
g/cm3), encontravam-se mais afetas a uma condição fofa / intermediária (Dr em torno de
38%) do que compacta (Dr acima de 65%), face ao preenchimento do permeâmetro
apenas por pluviação. Tal fato ratifica a pertinência dos parâmetros medidos neste
trabalho em detrimento daqueles obtidos no controle de compactação da berma 930.

110
De maneira análoga àquela realizada para os rejeitos da praia, onde os ensaios foram
executados para diferentes densidades, os rejeitos do aterro também foram submetidos a
variações de densidades nas moldagens dos ensaios. Por se tratar de uma região cuja
compacidade esta condicionada à compactação mecânica, optou-se por ensaiar todas as
amostras em uma ampla faixa de densidades relativas, desde a condição fofa até uma
condição muito compacta, sendo ensaiadas apenas uma amostra referente a cada cota,
visto sua semelhança granulométrica (Tabela 5.8).

Tabela 5.8 - Valores dos coeficientes de permeabilidade para diferentes condições de moldagem

(rejeitos do aterro)
Amostra S2-A1
Campo γd (g/cm3) γd máx (g/cm3) γd mín (g/cm3) Dr (%)
C.Compactação 1,456 1,57 1,235 71,14
Correlação 1,47 1,8 1,32 38,27
Dr (%) γd (g/cm3) K sat 20OC (cm/s)
30 1,435 1,67 x 10-3
Ensaio 50 1,523 1,12 x 10-3
60 1,571 9,37 x 10-4
75 1,623 7,98 x 10-4
Amostra S2-A2
Campo γd (g/cm3) γd máx (g/cm3) γd mín (g/cm3) Dr (%)
C.Compactação 1,456 1,57 1,235 71,14
Correlação 1,47 1,81 1,31 39,4
Dr (%) γd (g/cm3) K sat 20OC (cm/s)
Ensaio 30 1,429 1,36 x 10-3
53 1,535 9,59 x 10-4
75 1,652 7,35 x 10-4
Amostra S1-U-A1
Campo γd (g/cm3) γd máx (g/cm3) γd mín (g/cm3) Dr (%)
C.Compactação 1,456 1,57 1,235 71,14
Correlação 1,44 1,67 1,24 53,94
Dr (%) γd (g/cm3) K sat 20OC (cm/s)
Ensaio 30 1,344 7,88 x 10-3
50 1,425 3,88 x 10-3
75 1,537 1,76 x 10-3
Amostra S2-U-A2
Campo γd (g/cm3) γd máx (g/cm3) γd mín (g/cm3) Dr (%)
C.Compactação 1,456 1,57 1,235 71,14
Correlação 1,44 1,71 1,3 40,55
Dr (%) γd (g/cm3) K sat 20OC (cm/s)
Ensaio 30 1,4 4,37 x 10-3
60 1,519 2,19 x 10-3
75 1,585 1,39 x 10-3

111
Os resultados indicam permeabilidades na mesma ordem de grandeza daqueles medidos
para a praia (10-3 cm/s). Entretanto, por estarem submetidos à compactação mecânica,
os rejeitos apresentam maiores densidades relativas, menores índices de vazios e,
portanto, menores permeabilidades. As Figuras 5.7 a 5.10 apresentam a correlação
gráfica entre os coeficientes de permeabilidade dos rejeitos do aterro com as densidades
secas dos materiais.

Densidade seca x Coeficiente de Permeabilidade


Amostra S2-A1
1,8

1,6
Coef. de Permeabilidade (x10-3 cm/s)

1,4

1,2 y = 481,12e-3,9612x
R2 = 0,9921
1

0,8

0,6

0,4

0,2

0
1,4 1,45 1,5 1,55 1,6 1,65

Densidade seca (g/cm3)

Figura 5.7 – Relação Peso específico seco x Coeficiente de Permeabilidade (Amostra S2-A1).

Densidade Seca x Coeficiente de Permeabilidade


Amostra S2-A2

1,6

1,4
Coef. de Permeabilidade (x10-3 cm/s)

1,2
y = 67,494e-2,7497x
1
R2 = 0,9913

0,8

0,6

0,4

0,2

0
1,4 1,45 1,5 1,55 1,6 1,65 1,7

Densidade Seca (g/cm3)

Figura 5.8 – Relação Peso específico seco x Coeficiente de Permeabilidade (Amostra S2-A2).

112
Densidade Seca x Coeficiente de Permeabilidade
Amostra S1-U-A1

Coef. de Permeabilidade (x 10-3 cm/s)


7

6
y = 246208e-7,7232x
5
R2 = 0,9963
4

0
1,3 1,35 1,4 1,45 1,5 1,55

Densidade Seca (g/cm3)

Figura 5.9 – Relação Peso específico seco x Coeficiente de Permeabilidade (Amostra S1-U-A1).

Densidade Seca x Coeficiente de Permeabilidade


Amostra S2-U-A2

4,5
Coef. de Permeabilidade (x 10-3 cm/s)

3,5

3 y = 24079e-6,1455x
2,5
R2 = 0,9979

1,5

0,5

0
1,35 1,4 1,45 1,5 1,55 1,6

Densidade Seca (g/cm3)

Figura 5.10 – Relação Peso específico seco x Coeficiente de Permeabilidade (Amostra S2-U-A2).

Estas relações indicam bons ajustes exponenciais entre os valores dos coeficientes de
permeabilidade e os pesos específicos secos para ambas as amostras do aterro ensaiadas,
com uma condição francamente mais permeável para os rejeitos acumulados atualmente
no aterro da Barragem B5. Nesse contexto, a partir dos gráficos obtidos, fica possível
estimar a permeabilidade dos rejeitos do aterro para qualquer condição de densidade
desejada na faixa entre 30 e 75% de densidade relativa. Em análises subseqüentes, com
base nestes dados, tornou-se possível efetuar avaliações da influência das condições de
densidade/permeabilidade dos rejeitos na estabilidade global da barragem.

113
5.5 PARÂMETROS DE RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO.

Os rejeitos de mineração, em especial aqueles utilizados como material de construção


em barragens, constituem materiais tipicamente arenosos ou silto-arenosos e, nesta
condição, os seus parâmetros de resistência são estimados com base nos princípios
gerais aplicados a solos granulares (Juarez & Rico, 1976; Lambe & Whitman, 1994),
com utilização dos ensaios de cisalhamento direto e de compressão triaxial.

Para a determinação dos parâmetros de resistência dos rejeitos da Barragem B5, foram
utilizadas amostras similares àquelas utilizadas nos ensaios de permeabilidade, ou seja,
3 amostras da praia para cada seção (sendo uma de cada região representativa da praia)
e amostras diversificadas do aterro. Em analogia aos ensaios prévios de permeabilidade,
foram adotados os mesmos procedimentos para a moldagem e ensaiadas amostras com
diferentes estados de compacidade.

Foram realizados ensaios de cisalhamento direto convencional (condições drenadas) e


ensaios triaxiais tipo CIU (adensado isotropicamente e não-drenado) com medida de
poropressões, com o intuito de se avaliar o comportamento geotécnico dos rejeitos sob
condições não drenadas. Em função da granulometria fina e do estado fofo dos rejeitos,
tal análise é particularmente indicada para se avaliar uma potencial susceptibilidade à
liquefação destes materiais.

5.5.1 Ensaios de Cisalhamento Direto

As amostras dos rejeitos foram previamente secas em estufa e preparadas na caixa do


equipamento de cisalhamento (seção quadrada e de 10,15 cm de lado), num dado estado
de compacidade. Esta condição da amostra foi estabelecida a partir da determinação da
massa de rejeito seca necessária para se obter a densidade relativa a ser adotada no
ensaio. Após a definição desta quantidade de massa seca, a mesma foi pesada e
subdividida em duas frações iguais, para a composição de uma amostra em duas
camadas com 15 mm de espessura. Para as amostras fofas, utilizou-se apenas a técnica
da pluviação do rejeito por meio de um funil, com a posterior regularização final da
camada pela régua controladora de altura (Figura 5.11).

114
Figura 5.11 – Moldagem das amostras em estado fofo para o ensaio de cisalhamento direto.

No caso de densidades intermediárias, o rejeito era despejado pelo funil, regularizado


com a régua e, em seguida, era realizada a compactação dinâmica com a utilização de
um molde e um soquete de madeira. Para as amostras compactas, adotou-se o mesmo
procedimento, com acréscimo proporcional do número de golpes aplicados sobre uma
base de madeira disposta no topo da amostra (Figura 5.12).

Figura 5.12 – Moldagem e acessórios utilizados na preparação de amostras compactas.

Como procedimento complementar, optou-se por adensar todas as amostras ensaiadas


por um tempo mínimo de 1 hora antes que se desse início ao processo de cisalhamento.
Embora as velocidades estimadas pelas formulações clássicas neste tipo de ensaio
(Head, 1984) tenham sido superiores a 0,40 mm/min para os tempos de adensamento
avaliados (praticamente instantâneos), a experiência e a natureza das amostras levaram à
adoção de uma velocidade padrão de cisalhamento 0,22 mm/min para todos os ensaios.
As tensões normais adotadas foram de 50, 100, 200 e 400 kPa, representativas das
faixas de tensões que os rejeitos estão submetidos no campo.

115
Os resultados de ensaios de cisalhamento com os rejeitos da barragem B5 são ilustrados
nas Figuras 5.13 e 5.14 para o caso da amostra S1-F6, moldada com 15% de densidade
relativa, a menor compacidade obtida nos ensaios. Os resultados obtidos para as demais
amostras estão apresentados no apêndice D deste trabalho.

280
260
240
TENSÃO CISALHANTE (kPa)

220
200
180
160
140 50
120 100
100 200
80 400
60
40
20
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22
DESLOCAMENTO (mm)

Figura 5.13 – Curva tensão cisalhante x deslocamento horizontal (Amostra S1-F6 ; Dr = 15%)

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
0,3

0,2
DESLOCAMENTO VERTICAL(mm))

0,1

0,0

-0,1
50 kPa
-0,2 100 kPa
-0,3
200 kPa
400 kPa
-0,4

-0,5

-0,6

-0,7

DESLOCAMENTO HORIZONTAL (mm)

Figura 5.14 – Curva deslocamento vertical x deslocamento horizontal (Amostra S1-F6 ; Dr = 15%)

116
A Figura 5.15 apresenta o diagrama tensões normais x tensões cisalhantes máximas para
as 4 amostras, ensaiadas sob tensões normais de 50, 100, 200 e 400 kPa. Verifica-se que
o simples ajuste linear aos pares de pontos críticos induziria uma envoltória de ruptura
(linha preta) com interceptos de coesão negativos (fato observado em todos os ensaios
realizados à baixas compacidades). Sendo assim, a atribuição de uma envoltória linear
única para toda a faixa de tensões estudadas seria pouco recomendada, de forma que a
mesma tende a apresentar uma curvatura ligeiramente côncava sob baixas tensões
confinantes (linha vermelha).

280,0
260,0
y = 0,6318x - 17,377
TENSÃO CISALHANTE (kPa)

240,0
2
220,0 R = 0,9996
200,0
180,0
160,0
140,0
120,0
100,0
80,0
60,0
40,0
20,0
0,0
0,0 50,0 100,0 150,0 200,0 250,0 300,0 350,0 400,0

TENSÃO NORMAL (kPa)

Figura 5.15– Envoltórias de ruptura dos ensaios de cisalhamento direto (Amostra S1-F6; Dr = 15%)

O comportamento atípico destes materiais ao cisalhamento se deve à presença maciça


nestes rejeitos de minerais micáceos. Sob baixas tensões de confinamento (inferiores a
50kPa) e para amostras moldadas em baixa compacidade, o comportamento dos rejeitos
é fortemente condicionado pelo deslizamento relativo entre as lamelas de micas. Á
medida em que se tem um maior confinamento, os efeitos de entrosamento sobrepõem-
se à ação de interação das lamelas micáceas, com acréscimos significativos da
resistência ao cisalhamento dos rejeitos de fosfato da barragem B5 (trecho
sensivelmente linear da envoltória de ruptura para maiores tensões confinantes
(superiores a 50 kPa).

117
As Tabelas 5.9 e 5.10 apresentam os valores dos parâmetros de resistência obtidos a
partir da análise dos resultados dos ensaios de cisalhamento direto, para as amostras
ensaiadas da praia e do aterro de rejeitos da Barragem B5, respectivamente, tomando-se
interceptos de coesão nulos e ângulos de atrito definidos pelo trecho linear ajustado das
envoltórias de ruptura.

Tabela 5.9 – Parâmetros de resistência pelos ensaios de cisalhamento direto

(praia de rejeitos).

Amostra S1-F2

Campo γd (g/cm3) γd máx (g/cm3) γd mín (g/cm3) Dr (%)


Aval. de Campo 1,52 2,01 1,47 12,24

Ensaio Dr (%) γd (g/cm3) φ´ (graus) Inter. de coesão


30 1,598 35,5 0
Amostra S1-F4
Campo γd (g/cm3) γd máx (g/cm3) γd mín (g/cm3) Dr (%)
Aval. de Campo 1,44 1,92 1,42 5,34

Ensaio Dr (%) γd (g/cm3) φ´ (graus) Inter. de coesão


20 1,498 32,5 0
Amostra S1-F6
Campo γd (g/cm3) γd máx (g/cm3) γd mín (g/cm3) Dr (%)
Aval. de Campo 1,43 1,91 1,41 5,33

Ensaio Dr (%) γd (g/cm3) φ´ (graus) Inter. de coesão


15 1,467 32,3 0
Amostra S2-F1
Campo γd (g/cm3) γd máx (g/cm3) γd mín (g/cm3) Dr (%)
Correlação 1,45 1,91 1,41 10,54

Ensaio Dr (%) γd (g/cm3) φ´ (graus) Inter. de coesão


30 1,531 32,9 0
Amostra S2-F3
Campo γd (g/cm3) γd máx (g/cm3) γd mín (g/cm3) Dr (%)
Correlação 1,49 1,99 1,44 12,14

Ensaio Dr (%) γd (g/cm3) φ´ (graus) Inter. de coesão


20 1,52 37,1 0
Amostra S2-F5
Campo γd (g/cm3) γd máx (g/cm3) γd mín (g/cm3) Dr (%)
Correlação 1,4 1,87 1,37 8,01

Ensaio Dr (%) γd (g/cm3) φ´ (graus) Inter. de coesão


15 1,428 36,5 0

118
Tabela 5.10 – Parâmetros de resistência por ensaios de cisalhamento direto
(aterro de rejeitos).
Amostra S2-U-A1
Campo γd (g/cm3) γd máx (g/cm3) γd mín (g/cm3) Dr (%)
C.Compactação 1,456 1,57 1,235 71,14
Correlação 1,44 1,67 1,24 53,94
Dr (%) γd (g/cm3)φ´ (graus) Inter. de coesão
Ensaio 25 1,326 32,9 0
55 1,425 38,1 0
80 1,562 41,1 0
Amostra S1-U-A2
Campo γd (g/cm3) γd máx (g/cm3) γd mín (g/cm3) Dr (%)
C.Compactação 1,456 1,57 1,235 71,14
Correlação 1,44 1,71 1,3 40,55
Dr (%) γd (g/cm3) φ´ (graus) Inter. de coesão
Ensaio 25 1,384 32,3 0
55 1,497 37,3 0
80 1,609 40,5 0

Observa-se que ângulos de atrito dos rejeitos são da ordem de 32° a 37°, valores
elevados mesmo para baixos estados de compacidade, resultado da característica
tipicamente angulosa dos grãos e dos efeitos de embricamento entre os mesmos. Para as
amostras com rejeitos de underflow atuais e compacidade elevada (Dr = 80%), não se
observou o efeito de curvatura da envoltória sob baixas tensões, indicando interceptos
nulos de coesão e ângulos de atrito acima de 40° (em compacidade elevada ocorre um
maior embricamento mesmo em baixas tensões de confinamento diminuindo a
influência da parcela de materiais micáceos).

5.5.2 Ensaios Triaxiais

Neste trabalho, foram realizados séries de ensaios triaxiais tipo CIU, limitados a uma
amostra representativa da praia e duas típicas do aterro. Para a praia, foi ensaiada a
amostra S2-F5, moldada na condição fofa; enquanto que para o aterro, foram ensaiadas
as amostras S1-U-A1, nas condições, fofa, intermediária e compacta e amostra S2-A1,
numa condição de compacidade intermediária. As amostras foram reconstituídas nos
estados de compacidade desejados, por meio do preenchimento, por compactação
mecânica, de um molde bipartido com dimensões internas de 35,5 mm de diâmetro e 80
mm de altura.

119
Analogamente aos processos de moldagem adotados previamente, a reconstituição das
amostras ensaiadas baseou-se na determinação da massa de material seca utilizada para
o preenchimento do volume do molde na densidade desejada. Adicionalmente, com o
intuito de garantir a integridade da amostra após a desmoldagem, foi necessária a adição
de um certo teor de umidade (utilizou-se um teor de umidade de moldagem de 10%).

Após a definição da massa de material, a mesma foi pesada e subdividida em quatro


frações iguais, para a composição de camadas de 20 mm de espessura, monitoradas por
um controlador de altura. O procedimento de transferência das frações de rejeito para o
molde bipartido foi realizado com o auxílio de uma pequena colher, que era levada até o
fundo para se evitar efeitos de segregação, utilizando-se um bastão de 8 mm de
diâmetro para a sua compactação (Figura 5.16).

(a) (b)

Figura 5.16 – Preparação e moldagem dos corpos de provas. (Pereira, 2005)

O corpo de prova, juntamente com a parte superior do molde bipartido, foi pesado (para
a determinação da massa específica aparente) e apoiado sobre a base da célula triaxial,
usando-se pedras porosas e papéis-filtro. Em seguida, o molde bipartido foi retirado e a
amostra foi cuidadosamente envolvida por um papel filtro. Uma membrana de látex foi
colocada no entorno do CP com o auxílio de um tubo PVC com dispositivo para sucção,
para ancoragem da membrana látex. Após a retirada do tubo PVC, a membrana látex foi
afixada por anéis de borracha aos cap’s superior e inferior do CP, de forma a garantir
sua impermeabilização para posterior aplicação de carregamentos radial e axial. Após a
colocação da membrana, a célula triaxial foi fechada, colocada na prensa e preenchida
com água destilada, dando-se início ao processo de saturação do corpo de prova. (ver
maiores detalhes destes procedimentos de ensaio em Pereira, 2005).

120
O processo de saturação foi constituído de duas etapas. Em uma primeira fase, foi
utilizada a percolação por fluxo ascendente, onde se aplicava um leve confinamento na
amostra (20kPa) associada à imposição de uma carga hidráulica equivalente a 15 kPa na
base da amostra, com a válvula do topo aberta para a coleta da água percolada. O fluxo
era interrompido quando se atingia um volume percolado igual ao dobro do volume da
amostra medido em uma proveta.

Numa segunda fase, aplicava-se contrapressão em estágios de 50 kPa, com controle com
base no parâmetro B de Skempton (1954). A amostra era considerada saturada para um
valor do parâmetro B igual ou superior a 0,97, alcançado, em geral, no terceiro estágio,
(150 kPa). Após a saturação, procedia-se ao adensamento da amostra, utilizando-se uma
contra-pressão de 200 kPa (Head, 1986). As variações de volume estabilizaram em
poucos minutos, graças a relativa permeabilidade das amostras ensaiadas, sendo adotada
como padrão um tempo mínimo de 30 minutos. Na fase final do ensaio, as amostras
foram cisalhadas em condições não drenadas, em uma prensa de deformação controlada,
com velocidade definida a partir dos tempos de adensamento, tendo sido adotada uma
velocidade de 0,09 mm/min para todos os ensaios. A Figura 5.17 apresenta uma vista
geral do equipamento triaxial do Laboratório de Geotecnia da UFOP.

Figura 5.17 – Equipamento triaxial do Laboratório de Geotecnia/UFOP.

121
Resultados típicos dos ensaios realizados com os rejeitos da Barragem B5 são dados nas
Figuras 5.18 e 5.19, para a amostra S1-U-A1 (Dr = 15%), confinada sob tensões de 50,
100, 200 e 400 kPa (neste caso, adotando-se uma faixa de tensões diferente em relação à
adotada nos demais ensaios – que foram de 75, 150 e 300 kPa, para analisar,
especificamente, a susceptibilidade à liquefação dos rejeitos sob baixas compacidades).
Os resultados obtidos para as demais amostras ensaiadas estão apresentados no
Apêndice E deste trabalho.

550
50 kPa 100 kPa 200 kPa 400 kPa
500
450
400
Tensão Desviadora (kPa)

350
300

250
200

150
100
50

0
0,0% 2,5% 5,0% 7,5% 10,0% 12,5% 15,0% 17,5% 20,0% 22,5%
Deformação axial

250
50 kPa 100 kPa 200 kPa 400 kPa
225
Acréscimo de Poropressão (kPa)

200

175

150

125

100

75

50

25

0
0,0% 2,5% 5,0% 7,5% 10,0% 12,5% 15,0% 17,5% 20,0% 22,5%
Deformação axial

Figura 5.18 – Curvas tensão desviadora versus deformação e poropressão versus deformação
(Amostra S1-U-A1 ; Dr = 15%)

122
300
270 y = 0,5703x
240 2
R = 0,9977
210
180
q (kPa)

150
y = 0,3804x + 3,2302
120 2
R = 0,9978
90
60
30
0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 390 420 450 480 510 540 570 600 630 660
p , p' (kPa)

Figura 5.19 – Envoltórias em termos de tensões totais e efetivas (Amostra S1-U-A1; Dr = 15%)

Com base nos resultados dos ensaios triaxiais, foram estimados os valores dos
parâmetros de resistência dos rejeitos, em termos de tensões totais e efetiva, indicados
na tabela 5.11.

Tabela 5.11 – Parâmetros de resistência obtidos nos ensaios triaxiais realizados.

Amostra S1-U-A1 (underflow)


Campo γd (g/cm3) γd máx (g/cm3) γd mín (g/cm3) Dr (%)
C.Compactação 1,456 1,57 1,235 71,14
Correlação 1,44 1,67 1,24 53,94
Dr (%) γd (g/cm3) φ´ (o) c' (kPa) φ (o) c (kPa)
Ensaio 15 1,29 34,77 0 22,36 3,49
50 1,425 40,28 0 26,13 79,39
70 1,51 40,78 0 30,17 114,36
Amostra S2-A1 (underflow)
Campo γd (g/cm3) γd máx (g/cm3) γd mín (g/cm3) Dr (%)
C.Compactação 1,456 1,57 1,235 71,14
Correlação 1,47 1,8 1,32 38,27

Ensaio Dr (%) γd (g/cm3) φ´ (o) c' (kPa) φ (o) c (kPa)


50 1,52 38,44 0 25,81 96,39
Amostra S2-F5 (overflow)
γd (g/cm3) γd máx (g/cm3) γd mín (g/cm3) Dr (%)
Campo
1,4 1,87 1,37 8,01

Ensaio Dr (%) γd (g/cm3) φ´ (o) c' (kPa) φ (o) c (kPa)


22 1,455 36,12 0 19,07 1,57

123
Em todos os ensaios, foram também registradas as respectivas trajetórias de tensões
efetivas (TTE’s), elementos de grande relevância para analisar a susceptibilidade à
liquefação dos rejeitos, sob condições estáticas de carregamento. A Figura 5.20 ilustra
as TTE’s correspondentes à amostra S1-U-A1. As trajetórias de tensões efetivas,
correspondentes aos demais ensaios realizados, estão apresentadas no Apêndice E deste
trabalho.

390
360
330
300
270
240
q (kPa)

210
180
150
120
90
60
30
0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 390 420 450 480 510
p' (kPa)

Figura 5.20 – Trajetórias de tensões efetivas dos ensaios para a amostra S1-U-A1 (Dr = 15%)

5.6 CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA E MINERALÓGICA DOS REJEITOS

As características químicas e mineralógicas dos rejeitos de mineração estão diretamente


relacionadas ao tipo de minério explorado e ao processo de beneficiamento industrial,
incluindo-se as influências relativas às alterações das frentes de lavra.

Com relação aos rejeitos em estudo, o minério é oriundo e lavrado no conhecido


Complexo Carbonatítico do Barreiro. A região de lavra do minério fosfático contempla
uma geologia bastante complexa e variada, com diversos tipos de rochas e minerais, em
diferentes estados de alteração, sendo a apatita o mineral de interesse econômico. Na
região da mina, ocorrem rochas carbonatíticas e flogopitíticas, veios/ diques de apatitito,
nelsonito, magnetitito e veios de barita. Adicionalmente, constata-se a presença de
argilo-minerais de todos os tipos, micas variadas, além de alta concentração de oxi-
hidróxidos de ferro (goetita, magnetita e hematita) no minério lavrado e processado.

124
Nesse sentido, embasado nas características gerais do produto inicial (minério) e numa
ampla campanha investigativa, buscou-se estabelecer correlações entre as propriedades
físicas, químicas e mineralógicas dos rejeitos produzidos pela usina com as variáveis
geotécnicas dos materiais em sua condição final de disposição no reservatório da
Barragem B5.

5.6.1 Análises químicas

Na usina, os rejeitos, denominados como ‘rejeitos remoídos’ ou ‘rejeitos de flotação’,


são conduzidos, por bombeamento, por meio de uma tubulação de aço de 10”, até a
barragem de rejeitos. Na barragem, os rejeitos, agora denominados como ‘rejeitos
totais’ são dispostos diretamente na praia, na ombreira esquerda da barragem ou
conduzido até os hidrociclones para o processo de separação das frações
correspondentes aos materiais underflow e overflow.

A Tabela 5.12, elaborada a partir de dados fornecidos pela empresa, fornece as


composições químicas das três fases granulométricas do rejeito (total, underflow e
overflow), bem como o teor médio de sólidos em que essas frações são lançadas na
barragem.

Tabela 5.12 – Composição química e teores médios de sólidos dos rejeitos lançados na barragem B5

Alimentação
Variáveis Underflow Overflow
Total
% Sólidos 30,99 65,29 16,94
P2O5 8,6 9,53 7,44
CaO 8,8 10,24 5,89
Fe2O3 32,11 29,83 36,11
BaSO4 2,44 2,06 2,46
SiO2 18,99 21,48 21,23
MgO 2,12 2,12 2,25

Os dados indicam que a água presente nos rejeitos totais quase que é exclusivamente
eliminada na fração overflow do rejeito. Esta fração também contempla um maior teor
de ferro, bem como menores teores de CaO e P2O5.

125
Para efeitos de correlação, a Tabela 5.13 apresenta as composições químicas para alguns
dos rejeitos analisados. Foram escolhidas, em função das semelhanças granulométricas
dos rejeitos, duas amostras típicas da praia e duas típicas do aterro, representativas das
duas regiões da barragem. Para as determinações dos teores foi utilizada a fluorescência
de raios-X, disponibilizada pela própria empresa.

Tabela 5.13 – Composição química para algumas amostras coletadas na barragem B5

Praia Praia Aterro Aterro


Teores (%)
S1 - F6 S2 - F3 S2 - A2 S1 - U- A1
P2O5 6,18 6,28 10,59 10,35
CaO 4,12 3,92 10,72 9,5
Fe2O3 35,51 34,2 26,35 19,43
SiO2 27,48 27,9 22,15 34,72
Al2O3 3,32 3,64 3,67 3,2
MgO 0,73 0,95 2,48 1,66
BaSO4 0,32 0,49 2,71 0,81

Os resultados das amostras ensaiadas mostram que as amostras da praia tendem a


apresentar maiores teores de ferro quando comparadas com as amostras do aterro, bem
como menores teores de CaO e P2O5. Adicionalmente, com o intuito de detalhar estas
análises, foram processadas análises granuloquímicas, por meio da prévia separação
granulométrica do material (Figura 5.21), tanto para as amostras integrais como para
algumas frações granulométricas típicas dos rejeitos ensaiados (Tabela 5.14).

Figura 5.21 – Separação granulométrica da amostra S1-U-A1 (frações retidas na # 60 e na # 325)

126
Tabela 5.14 – Análises granuloquímicas para as amostras integrais e frações granulométricas.

S1 - F6 S1 - F6 S2 - F3 S2 – F3 S1- U -A1 S1- U - A1 S1- U - A1


Teores
(%) Abaixo da Abaixo da Acima da Abaixo da
Total Total Total
# 200 # 200 # 100 # 200
P2O5 6,18 3,7 6,28 4,09 10,35 9,52 10,12
CaO 4,12 1,53 3,92 1,61 9,5 9,54 8,9
Fe2O3 35,51 47,22 34,2 45,65 19,43 10,63 22,33
SiO2 27,48 14,83 27,9 17,14 34,72 54,5 27,53
Al2O3 3,32 2,91 3,64 3,3 3,2 3,41 3,05
MgO 0,73 0,76 0,95 0,81 1,66 3,64 0,92
BaSO4 0,32 0,43 0,49 0,54 0,81 0,27 0,91

Dos resultados da tabela, verifica-se uma maior concentração de ferro para a fração fina
das amostras (amostra mais escura da Figura 5.21, em contraste com a amostra mais
clara da fração mais grossa dos rejeitos, rica em quartzo e micas), relativamente aos
teores presentes na amostra integral, bem como uma redução nos teores de sílica e P2O5.
Por outro lado, estes acréscimos dos teores de ferro são sensivelmente menores para os
rejeitos do aterro relativamente aos rejeitos acumulados na praia da barragem. Durante o
processo de ciclonagem, a maior parte dos elementos ferrosos é encaminhada para a
região à montante da crista e conforma a praia, enquanto que a parcela com maiores
teores de sílica, menos pesada, conforma o aterro.

Nesse contexto, percebe-se que a simples determinação de teores químicos de amostras


do rejeito da barragem torna possível a caracterização de diversos aspectos relacionados
às propriedades desses materiais. Por meio de tais análises, é possível avaliar melhor a
eficiência da ciclonagem e os aspectos relativos à variabilidade granulométrica dos
rejeitos na praia e aterro, além de fornecer diretrizes para intervenções na barragem,
como, por exemplo, a reutilização dos rejeitos para novo beneficiamento.

Adicionalmente, percebe-se que abordagens desta natureza permitem que seja feito até
mesmo um controle visual nas características dos rejeitos depositados na barragem, pelo
controle da coloração e densidade dos rejeitos. Finalmente, é importante destacar que
esta associação entre densidades e teores de ferro pode influenciar sobremaneira o
comportamento geotécnico dos rejeitos, principalmente aqueles lançados e acumulados
ao longo da praia.

127
5.6.2 Caracterização Mineralógica – Microscopia Eletrônica de Varredura

Adicionalmente, foram realizadas análises microscópicas dos rejeitos da Barragem B5


por microscopia eletrônica de varredura (MEV) no Laboratório de Microscopia e
Micro-Análise do Departamento de Geologia da Escola de Minas da UFOP (Figura
5.22). As amostras foram preparadas na forma de “stubs” (cilindros) com cerca de 15
mm de diâmetro e recobertas com evaporação de carbono, para a realização de micro-
análises. A Figura 5.23 apresenta imagens típicas geradas pelo MEV(os dados inclusos
no rodapé das imagens, aparecem, da esquerda para a direita: a energia emitida pelo
canhão eletrônico, a aproximação, a escala e o tipo de imagem.

Figura 5.22 – Equipamento MEV (Laboratório de Microscopia e Micro-Análise da UFOP)

Figura 5.23 – Imagens do MEV (Amostra S1-A1)


(angulosidade dos grãos e a presença de minerais micáceos).

128
Na seqüência, a partir de imagens do MEV dos rejeitos analisados, são apresentadas as
micro-análises químicas para pontos específicos das amostras ensaiadas. Estas análises
são complexas e muito afetadas pela variabilidade mineralógica dos materiais, com a
presença de incrustações no grão de outros minerais secundários. Assim, procurou-se,
nesta fase, isolar e caracterizar quimicamente a composição dos minerais primários
constituintes dos grãos e/ou lamelas dos rejeitos. A Figura 5.24 ilustra a aplicação
destes procedimentos para a amostra S2-F1, determinando-se a composição química de
diferentes 7 pontos da amostra (Tabela 5.15).

Figura 5.24 – Imagem do MEV (Amostra S2-F1), com a indicação dos pontos analisados.

Tabela 5.15 – Composições químicas para a amostra S2-F1.

Tttttttt MgO Al2O3 SiO2 P2O5 K2O CaO TiO2 V2O5 MnO Fe2O3 Nb2O5 BaO
S2F1_pt1 0.28 84.33 0.70 14.70
S2F1_pt2 0.50 0.39 72.43 0.70 0.91 25.07
S2F1_pt3 0.17 32.11 66.08 1.65
S2F1_pt4 2.20 2.82 0.16 83.99 5.84 5.00
S2F1_pt5 0.69 0.61 0.99 0.47 97.23
S2F1_pt6 1.10 2.36 0.98 4.19 4.59 57.06 29.72
S2F1_pt7 98.65 1.35

Os grãos maiores e mais escuros são compostos basicamente por SiO2, conforme pode
ser verificado nas composições químicas obtidas para os pontos 1, 2 e 7, o que, aliado à
morfologia dos grãos (presença de fraturas conchoidais) indica tratar-se de grãos de
quartzo. Os grãos mais claros (pontos 5 e 6) apresentam maiores teores de outros óxidos

129
(magnetita ou mesmo hematita no caso do ponto 5 e bário-pirocloro, um típico mineral
do minério do nióbio, no caso do ponto 6). Grãos intermediários, indicados pelos pontos
3 e 4, caracterizam os minerais apatita (composição básica por óxidos de fósforo e
cálcio) titano-magnetita, respectivamente.

Outros exemplos são dados pela Figura 5.25. No caso da amostra S2-F5, constata-se a
presença de micas (ponto 1), apatita (ponto 2) quartzo (ponto 4) e uma fase mais clara,
indicando a presença de óxi-hidróxidos de ferro, como a magnetita e hematita ou
mesmo goetita (ponto 3). Para a amostra S1-F1, a partícula maior (ponto 8) representa
um grão de quartzo e a fase clara (ponto 1) indica os óxi-hidróxidos de ferro. Os pontos
4 e 7 indicam presença de apatita, enquanto que o ponto 6 está associado a uma titano-
magnetita e o ponto 5 a uma barita. Os pontos 2 e 3, por sua vez, indicam também a
presença de grãos de quartzo.

Figura 5.25 – Imagens do MEV (Amostras S2-F5 e S1-F1), com a indicação dos pontos analisados.

Para uma melhor caracterização da morfologia dos grãos, foram feitas ampliações das
imagens de MEV. Assim, a Figura 5.26 apresenta detalhes do formato típico de grãos
apatíticos. São grãos compostos basicamente por CaO e P2O5 (Tabela 5.16), de formato
mais arredondado e de superfície fortemente rugosa. Estes minerais, juntamente com o
quartzo, as micas e os oxi-hidróxidos de ferro são os principais componentes do rejeito.

130
.

Figura 5.26 – Imagem MEV de minerais de apatita presentes nas amostras S2-A1 e S1-F3.

Tabela 5.16 – Composições químicas (%) para grãos minerais da amostra S1-F3.

SiO2 P2O5 CaO Fe2O3


S1F3-det_pt1 38.46 57.46 4.08
S1F3-det_pt2 1.48 26.62 67.24 4.66

A Figura 5.27 apresenta a imagem típica de uma lamela de mica que compõe os rejeitos
em estudo (composição química dada na tabela 5.17). Estes minerais, juntamente com o
quartzo, são os que se apresentam com maiores dimensões, representando a fração
grossa dos rejeitos lançados na Barragem B5. No detalhe, observam-se as foliações da
mica, bem como incrustações por pequenos grãos de minerais ferrosos.

Figura 5.27 – Imagem MEV de mineral micáceo presente na amostra S1-F3.

131
Tabela 5.17 – Composições químicas (%) para grãos minerais da amostra S1-F3.

Na2O MgO Al2O3 SiO2 CaO TiO2 Fe2O3


S1F3-det(1)_pt1 2.41 33.47 12.92 45.07 0.66 0.67 4.80
S1F3-det(1)_pt2 2.61 32.81 13.30 43.67 0.60 1.17 5.84

O mineral em destaque na imagem MEV da Figura 5.28 corresponde aos elementos


típicos da fase ferrosa do rejeito. Tratam-se de grãos de pequenas dimensões, mais
arredondados e rugosos, compostos essencialmente por óxidos de ferro (Tabela 5.18).

Figura 5.28 – Imagem MEV de mineral ferroso presente na amostra S1-F3.

Tabela 5.18– Composições químicas (%) para grão mineral da amostra S1-F3.

SiO2 P2O5 CaO TiO2 MnO Fe2O3


S1F3-det(2)_pt1 3.39 2.33 0.89 1.83 91.56
S1F3-det(2)_pt2 2.02 2.13 3.60 92.24

Finalmente, a Figura 5.29 apresenta a imagem de um mineral típico de quartzo para os


rejeitos em estudo, caracterizado por uma forma bastante angulosa e por uma baixa
rugosidade superficial, sendo composto essencialmente por SiO2 (espectro indicado na
Figura 5.30). Este estudo de identificação mineralógica e morfológica dos minerais
presentes nos rejeitos da Barragem B5 é complementado por diversas outras imagens
obtidas por microscopia eletrônica de varredura, que estão apresentadas no apêndice E
deste trabalho.

132
Figura 5.29 – Imagem MEV de mineral presente na amostra S1-A1.

Figura 5.30 – Espectro do quartzo (Figura 5.29) da amostra S1-A1 dos rejeitos.

Com base na avaliação global e integrada das características químicas, mineralógicas e


morfológicas dos rejeitos em estudo, podem ser estabelecidas as seguintes conclusões
de caráter geral:

• os rejeitos de flotação analisados são compostos essencialmente por óxidos de


ferro e óxidos de sílica, ou seja, mais de 50% do rejeito possui ferro e sílica;

• do ponto de vista mineralógico, os rejeitos são constituídos basicamente por


minerais micáceos de diversos tipos, quartzo, oxi-hidróxidos de ferro

133
(magnetita, hematita, goetita), barita, pirocloro e suas interações e apatitas, além
dos diversos tipos de argilo-minerais, como a montmorilonita e a vermiculita;

• a densidade dos grãos obtida para os rejeitos analisados (média de 3,3) pode ser
justificada pela presença destes minerais: a baixa densidade dos grãos no caso
das micas e quartzo em geral (aproximadamente 2,65) é compensada pela alta
densidade dos grãos dos oxi-hidróxidos de ferro (aproximadamente 5,3). Por sua
vez, as apatitas, outro dos importantes constituintes das amostras analisadas,
apresentam uma densidade dos grãos aproximada de 3,3;

• as imagens MEV mostram que, de maneira geral, os grãos dos rejeitos são
sensivelmente mais angulares que aqueles de solos granulares convencionais
(areias) e uma significativa presença de micas e grãos de quartzo que, por sua
vez, constituem os grãos com maiores dimensões;

• os minerais de ferro, indicados pela fase escura das imagens, constituem os


grãos com menores dimensões;

• a presença conjugada e expressiva de compostos de ferro e de grãos de quartzo


explicam a constituição essencialmente ferrosa e escura da parte fina do rejeito e
a parcela mais clara e silicosa da parte mais grossa, respectivamente, como
verificadas nas análises granuloquímicas previamente realizadas.

134
CAPÍTULO 6

ANÁLISES DE PERCOLAÇÃO DA BARRAGEM B5

6.1 SEÇÕES GEOTÉCNICAS DE REFERÊNCIA

Como etapa conclusiva deste trabalho, foram processadas análises de percolação e de


estabilidade da Barragem de rejeitos B5, utilizando-se os softwares SEEP/W e
SLOPE/W (GeoSlope International, Canadá), respectivamente, que permitem análises
acopladas. A representatividade destas análises está baseada essencialmente na adoção
de parâmetros consistentes dos materiais de construção utilizados (Capítulos 4 e 5), no
conhecimento da geometria real da barragem e nos dados da instrumentação geotécnica
disponíveis (Capítulo 3).

A primeira etapa destes estudos consiste na escolha e na definição das seções


geotécnicas a serem adotadas como seções de referência para as análises, as quais
devem contemplar, com grande precisão, a geometria da barragem e todas as estruturas
internas da mesma, como diques, drenos verticais, horizontais, tapetes drenantes,
enrocamento, cut-off, etc.

Em barragens construídas com rejeitos, como é o caso da barragem B5, a determinação


destas seções geotécnicas envolve ainda uma maior complexidade, uma vez que, por
serem construídas por um processo de alteamentos sucessivos, a geometria da estrutura
tende a variar substancialmente ao longo do tempo, incorporando modificações e
adaptações construtivas que nem sempre foram previstas no projeto original.

Para a determinação das seções geotécnicas da Barragem B5, procedeu-se inicialmente


a um amplo programa de levantamento topográfico atualizado de toda a área da

135
barragem, não apenas em relação à topografia, mas também para a identificação segura
da posição e locação dos instrumentos instalados na barragem de rejeitos. A partir deste
levantamento prévio, foram estabelecidas cinco seções geotécnicas de referência para a
barragem (Figura 6.1).

Figura 6.1 – Seções geotécnicas de referência para a Barragem B5

Destas seções de referência, foram escolhidas as seções B, C (seção central e de altura


máxima) e D (Figura 6.1) para as análises de estabilidade da Barragem B5, por serem
centrais, de alturas maiores e por contemplarem o maior número de instrumentos de
medida de nível d´água instalados. Por outro lado, as seções B e D corresponderam às
mesmas que foram objeto do programa de amostragem e de ensaios de campo
realizados na etapa de caracterização tecnológica dos rejeitos (a seção D correspondeu à
seção 1 enquanto que a seção B correspondeu à seção 2).

Posteriormente à determinação dos perfis topográficos de superfície, para a confecção


da seção geotécnica plena, isto é, a seção com todos os seus elementos de superfície e
sub-superfície, procedeu-se ao levantamento da locação exata das estruturas internas da
barragem (diques, drenos, septos, fundação, etc;) respectivas aos perfis pré-definidos.

136
Para isso, fez-se um trabalho de integração do mapa topográfico atualizado da barragem
com os projetos originais (década de 80) e do próprio “as built”, confeccionado,
mediante a sobreposição da topografia atual (executado em meados de dezembro de
2005) sobre o layout do sistema de drenagem interna da barragem (Figura 6.2),
aplicando-se a ambos o mesmo sistema de coordenadas (UTM). Além disso, como
forma de controle, também foram utilizados os dados dos perfis de sondagem referentes
aos instrumentos instalados, permitindo que fossem conferidos as cotas (posições) e a
natureza dos materiais de construção do aterro de rejeitos da barragem.

Seção B Seção Central Seção D

Figura 6.2 – Layout do sistema de drenagem interna da barragem B5 com as seções de estudo.

As Figuras 6.3, 6.4 e 6.5 apresentam as seções geotécnicas finais obtidas a partir da
aplicação dos procedimentos descritos. Ressalte-se que a seção geotécnica central
(seção C) constitui a seção principal do sistema de drenagem interna da barragem. Com
efeito, toda a água coletada pelo sistema de drenagem lateral da barragem, constituída
por septos drenantes ao longo das ombreiras, é direcionado para esta seção, de onde é
conduzida para fora da barragem por um tapete drenante longitudinal de grandes
proporções (construído na área de várzea da barragem). Assim, grande parte da água de
percolação da barragem de rejeitos, bem como da fundação que são interceptadas pelo
tapete, passam necessariamente por esta seção, desaguando no dreno-de-pé e lançadas
novamente no leito do Córrego Canjica.

137
Figura 6.3 – Seção geotécnica D.

Figura 6.4 – Seção geotécnica B.

Figura 6.5 – Seção geotécnica central.

138
Nesse sentido, em face da relevância maior desta seção, uma maior ênfase será dada a
este perfil da barragem. Assim, as análises de percolação e de estabilidade realizadas
contemplarão, além das simulações operacionais da seção, simulações de condições
específicas e críticas. Para as demais seções, a abordagem será limitada apenas às
condições operacionais do empreendimento.

Entretanto, é pertinente esclarecer que, embora as análises abordadas neste trabalho


compreendam apenas as seções centrais, todas as seções têm importância para fins de
estabilidade geral da barragem. No caso específico da barragem B5, por exemplo, uma
provável falha no sistema de drenagem de ombreira, nas regiões laterais da barragem
(seções A e E), poderia ocasionar uma elevação crítica do nível freático com uma
conseqüente ruptura localizada naquelas regiões, que poderia induzir um processo de
ruptura generalizada da estrutura.

6.2 FUNDAMENTOS E PARÂMETROS DAS ANÁLISES

Após a definição das seções geotécnicas de referência, foram processadas as análises de


percolação da água através do aterro e das fundações da barragem, fundamentadas nas
avaliações atualizadas dos dados referentes à instrumentação de campo instalada,
utilizando-se o programa computacional SEEP/W, aplicado para o caso de uma análise
de fluxo bidimensional e em regime permanente.

Para as análises de percolação, as seções geotécnicas em estudo foram discretizadas em


uma malha de elementos finitos, de acordo com a geometria da barragem. Nas análises,
os coeficientes de permeabilidade dos rejeitos foram estimados com base nos resultados
dos ensaios de laboratório para a caracterização tecnológica destes materiais, enquanto
que, para os materiais de fundação, dique de partida e elementos de drenagem, foram
adotados os valores prescritos no projeto original. A Tabela 6.1 apresenta a
sistematização dos valores de referência dos coeficientes de permeabilidade, adotados
nas análises de percolação subseqüentes, para os materiais constituintes da barragem
B5. Estes valores foram padronizados e utilizados para todas as seções de estudo, em
função da presença específica de cada material na seção em análise.

139
Tabela 6.1 – Valores de coeficientes de permeabilidade adotados para os materiais da barragem

permeabilidade (m/s)
Materiais (padrão p/ todas as seções) kv/kh
vertical horizontal
-6
1 Fundação – Silte arenoso (solo residual) 1 x 10 5 x 10-6 0,20
2 Tapete drenante (underflow antigo) 4 x 10-5 1,6 x 10-4 0,25
3 Filtro (Magnetita) 9 x 10-5 9 x 10-5 1
-4
4 Tapete drenante (Pedrisco) 8 x 10 8 x 10-4 1
5 Tapete drenante (Brita Fina) 9 x 10-3 9 x 10-3 1
-3
6 Dreno de pé (Quartzito) 8 x 10 8 x 10-3 1
7 Dreno de pé (Enrocamento) 0,1 0,1 1
-8
8 Dique de Partida – Silte argiloso 8 x 10 2,0 x 10-7 0,40

Os dados da Tabela 6.1 mostram que a barragem está assente sobre uma fundação
relativamente permeável, o que, do ponto de vista de segurança da barragem, é muito
interessante, uma vez que tal condição contribui sobremaneira para a depleção da linha
freática no interior do maciço. Por outro lado, as maiores variações das permeabilidades
ocorreram para os materiais do tapete drenante e do dique de partida da barragem (solo
silto-argiloso).

A Tabela 6.2 apresenta os dados sistematizados para as permeabilidades dos rejeitos,


obtidos por meio de ensaios de campo e de laboratório. Neste caso, os rejeitos da praia
foram subdivididos em três ‘tipos’, em função de sua amostragem em três diferentes
sub-regiões da praia (em geral, com 25m de comprimento cada uma), designados como
overflow 1, 2 e 3.

Tabela 6.2 – Valores dos coeficientes de permeabilidade adotados para os rejeitos da barragem.
Permeabilidade (m/s)
Rejeitos da barragem B5
Campo Laboratório
SEÇÃO D
9 Overflow 1 - Praia 3,51 x 10-5 2,49 x 10-5
10 Overflow 2 - Praia 3,52 x 10-5 3,07 x 10-5
11 Overflow 3 - Praia 2,89 x 10-5 2,01 x 10-5
12 Underflow – Aterro. 4,30 x 10-5 2,98 x 10-5
SEÇÃO B
9 Overflow 1 - Praia 5,09 x 10-5 3,89 x 10-5
10 Overflow 2 - Praia 2,73 x 10-5 1,46 x 10-5
11 Overflow 3 - Praia 1,35 x 10-5 5,23 x 10-6
12 Underflow – Aterro. 5,88 x 10-5 3,88 x 10-5

140
Tal subdivisão está relacionada à tentativa, de se incorporar às análises, os efeitos da
segregação de permeabilidades preconizada por Vick (1983). Neste contexto, a praia de
rejeitos foi subdividida em três sub-regiões específicas, delimitadas por uma zona de
alta permeabilidade (material mais grosseiro e mais próximo ao ponto de descarga ou
overflow 1), uma zona de baixa permeabilidade (material mais fino e situada distante do
ponto de lançamento ou overflow 3) e uma zona intermediária entre as anteriores
(material de granulometria média ou overflow 2).

Os valores de campo tabelados referem-se a valores médios de duas medidas efetuadas


em cada sub-região da praia de rejeitos. No caso dos rejeitos da zona do aterro da
barragem, foram adotados os valores dos coeficientes de permeabilidade determinados
para as condições da barragem na cota 930, por serem mais recentes e também por se
correlacionarem, de forma mais consistente, com os valores obtidos na zona da praia de
rejeitos.

Os valores de laboratório tabelados referem-se aos valores obtidos para as amostras pré-
selecionadas e representativas de cada uma das sub-regiões da praia. Por outro lado,
para os rejeitos do aterro, apesar da diversidade de resultados disponíveis, optou-se por
utilizar os dados referentes aos rejeitos depositados atualmente na barragem B5, isto é,
os dados correspondentes às amostras S1-U-A1 e S2-U-A2. Além disso, é importante
destacar que se optou pela utilização dos resultados dos ensaios de laboratório
determinados para a condição de amostras moldadas com densidades relativas
representativas da situação in situ do aterro, ou seja, para uma condição de densidade
intermediária.

Um aspecto relevante nas análises refere-se à anisotropia à permeabilidade dos rejeitos


depositados na Barragem B5 e isto será detalhado melhor oportunamente. Em geral, esta
grandeza (anisotropia) varia entre 1 e 15 em rejeitos de mineração (Vick, 1983),
dependendo da natureza do rejeito e das condições de deposição e lançamento.
Entretanto, o próprio autor também destaca que, em geral, a influência da anisotropia na
determinação da posição da linha freática para aterros hidráulicos é menor quando
comparada com outras variáveis.

141
Adicionalmente, uma importante característica do programa utilizado é a de permitir a
adoção de diferentes funções de condutividade hidráulica, de modo a simular de forma
mais representativa as condições de fluxo d’água em meios não saturados. Estas funções
estão disponibilizadas pelo programa em função dos tipos de materiais e podem ser
editadas e ajustadas pelo usuário. Assim, uma análise preliminar foi estabelecida no
sentido de se estabelecer a natureza e a geometria destas funções para os vários tipos de
materiais (Figura 6.6), de forma a simular a redução das permeabilidades ao longo de
zonas com poropressões negativas (sucções), bem como o ajuste com as leituras
piezométricas recuperadas de campo.

Figura 6.6 –Função de condutividade hidráulica em m/s adotada para os rejeitos.

O comportamento muito variável das permeabilidades em função dos valores de sucção


nos solos resulta em variações bruscas das permeabilidades em distâncias reduzidas, o
que pode gerar inconsistências numéricas localizadas. Assim, nas análises realizadas,
adotou-se as funções de condutividade hidráulica apenas para os rejeitos; já que estes
envolvem faixas acima e abaixo da superfície freática. A função adotada foi importada
diretamente do banco de dados do programa, fazendo-se apenas o ajuste para os valores
de permeabilidades dos rejeitos. Para os demais materiais, as permeabilidades foram
admitidas constantes devido à condição saturada dos domínios respectivos da barragem.

142
6.3 ANÁLISES DE PERCOLAÇÃO PARA A SEÇÃO CENTRAL

Conforme anteriormente mencionado, a seção central da barragem de rejeitos B5,


localizada ao longo da área de várzea do vale da barragem, constitui a seção principal
das análises, por ser crítica em termos da percolação das águas através da barragem.
Como principais características, a seção central contempla o dique de partida em sua
seção de máxima altura, um tapete drenante de grande proporção ao longo de todo o
comprimento a jusante deste dique e um dreno de pé ao final do tapete, responsável pelo
deságüe da água coletada. Com relação à instrumentação, esta seção apresenta apenas
um piezômetro, designado como PZ 315, instalado na interface da crista com o aterro da
barragem, a montante do tapete drenante. Adicionalmente, esta seção contempla ainda o
único medidor de vazão instalado na barragem, designado como MV-1.

Para as análises numéricas de percolação, a seção geotécnica central foi discretizada na


forma de uma malha de elementos finitos, com 4822 elementos e 4632 nós, contendo
todos os materiais indicados na Tabela 6.1, com seus respectivos coeficientes de
permeabilidade. Com relação aos coeficientes de permeabilidade adotados para os
rejeitos, como a seção está localizada em uma posição intermediária entre as seções B e
D, optou-se por utilizar ambos os conjuntos de dados de permeabilidade, ou seja, foram
feitas simulações tanto com os coeficientes de permeabilidade obtidos para a seção 1
(ou D) quanto com os da seção 2 (ou B).

É importante ressaltar que, no caso da seção 1, tanto para os ensaios de laboratório


quanto para os ensaios de campo, não se constatou quaisquer efeitos de segregação de
permeabilidades ao longo da praia de rejeitos, ou seja, não houve uma tendência de
diminuição dos coeficientes de permeabilidades ao longo do comprimento de praia,
conforme discutido previamente em capítulos anteriores deste trabalho. Assim, um dos
procedimentos adotados nas simulações numéricas de percolação aplicadas à Barragem
B5 consistiu na avaliação se tal condição (não ocorrência da segregação hidráulica)
representa efetivamente uma condição operacional da barragem ou foi resultado apenas
de uma condição crítica e esporádica, manifestada durante o período do processo de
amostragem dos rejeitos.

143
6.3.1 Simulações Operacionais

Uma primeira análise comportou a simulação numérica da percolação através da seção


central para as condições atuais de operação da Barragem de rejeitos B5, a partir dos
parâmetros geotécnicos estabelecidos para os rejeitos dispostos atualmente na barragem
e para as condições monitoradas de campo. O procedimento adotado consistiu na
realização das análises de percolação variando as relações de anisotropia dos rejeitos
dentro de uma faixa pré-estabelecida, até a obtenção de uma concordância adequada
com as medidas atualizadas da instrumentação disponível nesta seção.

A Tabela 6.3 apresenta uma síntese das medidas nos medidores PZ 315 e MV-1 e do
nível d´água do reservatório durante o ano de 2005, correspondente ao período do
levantamento topográfico mais recente (Dezembro/2005).

Tabela 6.3 – Dados do N.A. do reservatório e leituras dos medidores PZ 315 e MV-1.

Mês Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.

Dia 07 05 09 07 11 08 06 03 15
N.A. 939,86 939,84 941,0 940,66 940,61 941,30 941,70 942,03 941,53
PZ315 920,65 920,44 920,24 920,26 920,19 920,30 920,33 920,25 920,36
MV-1* 15,52 13,95 13,95 13,95 13,95 13,95 13,95 13,95 13,95
* vazões em m3/h.

Os resultados ratificam um comportamento praticamente invariável das leituras da


instrumentação da Barragem B5, entre abril e dezembro de 2005, caracterizando uma
condição típica de regime permanente de fluxo. Para fins de calibração do modelo,
foram utilizados os dados da instrumentação referentes ao mês de dezembro de 2005,
isto é, foram adotadas as seguintes condições de contorno: N.A. do reservatório na cota
941,53 e ajuste da anisotropia dos rejeitos até que a elevação do N.A. no modelo fosse
da ordem de 920,36 (cota do piezômetro PZ 315). Nesta etapa dos estudos, foram
executadas 4 análises de percolação, 2 com utilização dos coeficientes de
permeabilidade determinados em laboratório e 2 com os dados de campo (tomando-se
os dados obtidos para as seções 1 e 2, em cada um dos casos).

144
Na modelagem numérica da seção central, foram consideradas ainda as seguintes
condições de contorno:

• Rocha sã ou pouco alterada como limite inferior; com Q = 0, sendo Q a


vazão específica em m3/s/m;
• Na extensão a montante, caracterizada pela interface lama-areia e na
extensão de jusante, caracterizada pelo final da barragem e presença do
solo natural, também se considerou Q = 0.
• Na extensão da praia, foi prescrita a carga hidráulica H = 941,53,
referente à posição e cota do nível d´água do reservatório.
• Na saída do dreno-de-pé, a jusante da barragem, foi prescrito a carga
hidráulica H = 895,00, referente à cota de saída da água.

Na fase de calibração do modelo, as análises foram processadas com os dados dos


rejeitos obtidos pelos ensaios de laboratório aplicados à seção 1, que, entretanto, não
permitiram ajustes aceitáveis (tratando-se provavelmente de valores localizados e
resultantes de variações operacionais do processo de disposição em campo). Aplicando-
se os dados relativos à seção 2, a calibração do modelo apresentou um excelente ajuste
com as leituras do piezômetro (Tabela 6.4) para uma relação de anisotropia de
permeabilidades da ordem de 8 (coeficiente de permeabilidade horizontal oito vezes
maior que o vertical).

Tabela 6.4 – Ajuste da calibração do modelo numérico (seção central da barragem B5).

instrumento modelo campo


PZ 315 920,37 920,36
MV-1 (m3/s) 0,03 0,003

Assim, posteriormente à calibração do modelo numérico operacional da barragem,


caracterizado pelos coeficientes de permeabilidade de laboratório da seção 2 e adoção
de uma razão de anisotropia dos rejeitos igual a 8, procedeu-se à simulação do fluxo
através da seção central da Barragem B5. O resultado desta simulação numérica está
apresentado na Figura 6.7.

145
PZ 315
950 N.A. - 941,53
Topo 945,152
945 15/12/2005
940
935
930
925
920
915
910

COTA
905
900
895
890 7.8361e-005
885
880
875

Figura 6.7 – Discretização da Seção Central da Barragem B5 e Análise do Fluxo para a condição operacional da barragem, após Calibração do Modelo.
(permeabilidades da seção 2 e razão de anisotropia igual a 8).

PZ 315
950
N.A. - 941,53
Topo 945,152
945 15/12/2005
940
935
930
925
920
915
910

COTA
905
900
895
1.3164e-004

890
885
880
875

Figura 6.8 – Análise do Fluxo para a condição operacional da barragem sem efeitos de segregação hidráulica (permeabilidades da seção 1 e razão de
anisotropia igual a 8).

146
Uma variante da modelação consistiu em se analisar o comportamento da percolação da
barragem em condições operacionais, admitindo-se a hipótese de não ocorrência dos
efeitos de segregação hidráulica ao longo da praia de rejeitos. Assim, as análises
anteriores foram reaplicadas, tomando-se como parâmetros dos rejeitos os valores
obtidos para seção 1 da barragem (mantendo-se inalterada a razão de anisotropias igual
a 8). Esta reanálise está apresentada na Figura 6.8.

A comparação entre os dois modelos de percolação mostra a importância da segregação


de permeabilidades para o rebaixamento da linha freática a montante. Conforme
discutido em capítulos anteriores, a praia de rejeitos tem a função essencial de promover
a depleção e o afastamento do nível freático da barragem propriamente dita. Constata-se
que estes efeitos foram sensivelmente maiores para as condições de segregação dos
rejeitos (Figura 6.7).

Por outro lado, é importante destacar a função do tapete drenante na barragem em


ambos os arranjos, atuando efetivamente como elemento de controle e eliminação
disciplinada dos fluxos internos da barragem. Além disso, observa-se que o talude de
jusante da barragem, mesmo para o caso crítico simulado, encontra-se praticamente
seco, demonstrando ainda mais a importância deste sistema drenante para o controle da
superfície freática e, conseqüentemente, para a segurança global da barragem.

Análises similares foram implementadas para a Barragem B5 assumindo parâmetros


geotécnicos dos rejeitos oriundos dos ensaios de campo realizados, com resultados
essencialmente equivalentes às análises precedentes, a partir dos resultados de ensaios
em laboratório, a não ser pelo fato de que, nestas condições, o melhor ajuste ocorreu
para uma razão de anisotropias da ordem de 11 (dados obtidos da seção 2). Os
resultados destas análises complementares estão indicados no Anexo 1 deste trabalho.

Conclui-se, portanto, que, mesmo adotando-se metodologias simples e rápidas como os


ensaios de campo com o permeâmetro de Guelph, é possível obter-se excelentes
resultados em modelos numéricos de fluxo, desde que sejam realizados procedimentos
adequados e que sejam efetuados os devidos ajustes no modelo em termos dos valores
mais representativos a serem adotados para a anisotropia dos rejeitos.

147
6.3.2 Simulações de Casos Específicos de Estudo

A simulação de casos específicos de estudo compreende as análises de percolação em


que se leva em conta aspectos não-operacionais do comportamento da barragem. Tais
simulações são muito importantes, pois possibilitam, quando associadas às analises de
estabilidade, avaliar a segurança da barragem quando esta estiver sob efeito de alguma
situação crítica. Estes estudos podem ainda contemplar situações especiais como, por
exemplo, simulações de novos alteamentos ou as influências específicas sobre a
estabilidade da barragem de diferentes extensões de praia e/ou níveis do reservatório.

Nesse sentido, foram implementados os seguintes estudos específicos relativos às


análises de percolação através da Barragem B5:

Simulação da colmatação total e parcial do sistema de drenagem interna;

Simulação da variação do N.A. do reservatório associado ao comprimento da


praia (regime permanente);

Simulação de novos alteamentos para a barragem; alteamento até a cota de 950


de projeto e hipótese até a cota 965.

Simulação da hipótese de ausência de ciclonagem, isto é, sem a separação


granulométrica do rejeito total na crista da barragem;

Mescla de condições críticas.

6.3.2.1 Colmatação do Sistema de Drenagem Interna

Conforme mencionado anteriormente, o tapete drenante constitui uma estrutura


essencial à segurança global da barragem, por controlar os processos de rebaixamento e
interceptação do nível freático no interior do maciço. Sendo assim, procurou-se simular
um efeito de colmatação progressiva do tapete drenante através da brusca redução da
permeabilidade dos seus materiais constituintes. Neste propósito, foram reduzidos os
coeficientes de permeabilidade dos materiais da barragem (magnetita, pedrisco e brita
fina) da ordem de 10 vezes e, posteriormente, da ordem de 100 vezes, obtendo-se os
modelos de fluxo apresentados nas Figuras 6.9 e 6.10, respectivamente.

148
PZ 315
950
N.A. - 941,53
Topo 945,152
945 15/12/2005
940
935
930
925
920
915
910

COTA
905
900
895
890
7.7925e-005

885
880
875

Figura 6.9 – Colmatação parcial do tapete drenante da seção central. Permeabilidade do tapete reduzida em 10 vezes.

PZ 315
950
N.A. - 941,53
Topo 945,152
945 15/12/2005
940
935
930
925
920
915
910

COTA
905
900
895
890
7.3696e-005

885
880
875

Figura 6.10 – Colmatação parcial do tapete drenante da seção central. Permeabilidade do tapete reduzida em 100 vezes.

149
As simulações mostram uma significativa ascensão do nível d´água no talude de jusante
da barragem e acima do tapete drenante. Com relação à posição do NA no piezômetro
PZ 315, verifica-se uma elevação de 28 cm no mesmo para uma redução na
permeabilidade do tapete da ordem de 10 vezes, sendo esta elevação igual a 1,51m no
caso de uma redução da permeabilidade da ordem de 100 vezes.

Entretanto, mesmo com a brusca redução de permeabilidade do tapete drenante,


observa-se a não ocorrência de modificações apreciáveis da vazão de saída da barragem.
Tal fato justifica-se pela forte influência da presença do dreno-de-pé, uma vez que esta
estrutura, fortemente drenante, condiciona e disciplina o fluxo através da barragem.
Assim, buscando simular uma situação ainda mais crítica que a colmatação do tapete
drenante, procederam-se a novas simulações da colmatação do tapete, porém, agora,
associadas a uma redução da permeabilidade dos materiais do dreno-de-pé da ordem de
10.000 vezes, ou seja, restringindo-se substancialmente o único ponto de saída
“harmônico” da água de percolação (Figura 6.11).

PZ 315
950
N.A. - 941,53
Topo 945,152
945 15/12/2005
940
935
930
925
920
COTA

915
910
905
4.6715e-005

900
895
890
885
880
875

Figura 6.11 – Colmatação do tapete drenante da seção central (100 vezes menor) associado com a
colmatação do dreno de pé (10.000 vezes menor).

Nesta condição crítica, constata-se um substancial aumento no nível freático interno da


barragem, associado a uma sensível redução nos valores da vazão na saída. Com relação
aos instrumentos, ocorre uma elevação de 2,39m na leitura do piezômetro PZ 315, bem
como uma redução da ordem de duas vezes na vazão medida na saída, em relação a da
condição operacional da barragem. Observa-se que a água percolada, com a colmatação
do dreno-de-pé, passa a emergir no talude de jusante da barragem de rejeitos, tornando a
estrutura susceptível ao piping e a rupturas globais.

150
6.3.3.2 Variações do N.A. do Reservatório

Conforme anteriormente abordado, a principal função da praia, em uma barragem de


rejeitos, compreende o afastamento do nível d´água do reservatório, ou seja, quanto
maior o comprimento da praia, maior será à distância entre o N.A do reservatório e a
crista da barragem. Uma extensão mínima de praia constitui uma das premissas de
projeto de barragens de contenção de rejeitos.

Nesse sentido, com o intuito de se avaliar a influência do comprimento de praia na


posição da linha freática no interior da Barragem B5, foram realizadas algumas análises
de percolação variando-se o N.A do reservatório ao longo da praia de rejeitos, a partir
do modelo de calibração dado na Figura 6.7. A Figura 6.12 e a tabela 6.6 apresentam
uma síntese dos resultados obtidos nestas análises (apresentadas em separado no Anexo
1 deste trabalho), considerando a hipótese de regime permanente de fluxo.

Conforme pode ser observado, à medida em que o nível d’água se aproxima da crista,
ocorre uma sensível elevação no nível freático interno da barragem. Mais uma vez, as
análises evidenciam que a posição da linha freática é fortemente condicionada pela
presença do tapete drenante; mesmo para uma posição crítica do reservatório (próximo à
crista da barragem), o talude de jusante apresenta-se seco.

Neste sentido, para uma maior representatividade das análises relativas a uma elevação
temporária no nível do reservatório, seria necessária a adoção de análises em regime
transiente. Porém estas análises, além de demandarem informações da variação do N.A.
com o tempo, necessitariam uma avaliação mais detalhada das condições de fluxo nas
regiões não saturadas da praia de rejeitos incluindo-se, por exemplo, a determinação da
curva de retenção destes materiais, bem como a determinação dos parâmetros de sucção
dos rejeitos depositados na praia. Entretanto, destaca-se que, como se está analisando a
estabilidade global da barragem, a hipótese de regime permanente corresponde a uma
condição mais crítica de abordagem, quando comparada com a hipótese de regime
transiente e, portanto, as análises sistematizadas na Figura 6.12 propiciam avaliações
mais conservativas da segurança da barragem de rejeitos B5.

151
PZ 315
950 N.A. - 941,53
Topo 945,152
945 15/12/2005
940
935
930
925
920
915
910

COTA
905
900
895
890
885
880
875

Figura 6.12 – Modelos de fluxo resultantes da variação da cota N.A. do reservatório ao longo da praia de rejeitos da barragem B5.

Tabela 6.5 – Resultados das análises de variação do N.A. do reservatório da barragem B5; regime permanente de fluxo.

simulação Cota do N.A. Comp. da praia (m) Leitura PZ 315


Operacional 941,53 40 920,36
1 940,51 93 917,87
2 940,88 66 918,22
3 941,27 49 919,62
4 941,57 32 921,46
5 942,02 17 926,69

6 942,91 0 941,40

152
6.3.3.3 Condições de Pós-Alteamento

Em barragens de rejeitos com alteamentos sucessivos, a evolução do maciço e as


propriedades geotécnicas dos rejeitos são fortemente condicionadas pela natureza do
minério processado e pelos volumes produzidos. As propriedades geotécnicas dos
rejeitos, em particular, tendem a variar muito ao longo da vida útil da barragem, em
função das variações das frentes de lavra e do processo de beneficiamento utilizado.

Além disso, por serem construídas com o próprio rejeito e, na maioria das vezes, com
baixo controle tecnológico, os materiais nem sempre mantêm os parâmetros de projeto.
Muitas vezes, face a necessidade de disposição de elevados volumes, as barragens são
alteadas além da cota de projeto ou mesmo têm seus métodos de alteamento ou ângulos
de talude modificados, de acordo com a necessidade de armazenamento.

Nesse sentido, as análises de percolação e de estabilidade devem ser sempre atualizadas,


levando-se em conta as propriedades atuais dos rejeitos e a geometria do maciço pós-
alteamentos. Nesse contexto, com o intuito de se avaliar as condições de fluxo na
barragem B5 em sua cota final (condição de final de construção), foram processadas
análises de percolação considerando-se os alteamentos sucessivos da barragem até a
cota 950, final no projeto. Os alteamentos foram considerados com a mesma geometria
dos precedentes, isto é, mesma inclinação de talude e o mesmo comprimento de berma.
Adicionalmente, estabeleceu-se a cota operacional final do N.A. do reservatório na cota
498 (projeto original), para uma inclinação da praia de 4% (Figura 6.13).

Figura 6.13 – Barragem B5 com alteamentos até a cota final de projeto (cota 950).

153
As análises de percolação foram realizadas a partir do modelo de calibração inicial, com
os coeficientes de permeabilidade estimados pelos ensaios de laboratório para amostras
de rejeitos da seção 2 (Figura 6.7). Com a discretização da nova região dos alteamentos
até a cota 950, seguindo o mesmo padrão de elementos finitos utilizado para a seção de
referência, procedeu-se à análise com o N.A. do reservatório conforme projeto, que é
mostrada na Figura 6.15. Verifica-se que a superfície freática comporta-se de maneira
análoga à da seção de referência, porém, levemente elevada em virtude do aumento na
altura da barragem. Este aumento corresponde a uma elevação de 0,76m na leitura atual
do piezômetro PZ 315 (920,36). Numa condição crítica, com o NA do reservatório
muito próximo à crista da barragem, a análise de fluxo é mostrada na Figura 6.16.
Analogamente ao caso anterior, este efeito induziu uma brusca elevação da superfície
freática no interior do maciço de rejeitos.

Uma situação possível consiste na hipótese de alteamento da barragem B5 até cota 965,
superando em 15m a cota original de projeto. Assim, de maneira análoga às análises na
cota 950, implementou-se um modelo numérico de fluxo para a barragem alteada até a
cota 965 (Figura 6.14), admitindo-se também uma inclinação da praia de 4% e um N.A.
operacional 2m abaixo da cota de crista. Destaca-se que, para evitar que os novos
alteamentos fossem executados sobre o material da praia, os ângulos dos taludes dos
novos alteamentos foram ligeiramente aumentados, passando dos atuais 36° para 45°.
Os resultados da análise operacional da barragem nestas condições, com o N.A. do
reservatório na cota 963 e próximo à crista da barragem, são apresentados nas Figuras
6.17 e 6.18, respectivamente.

Figura 6.14 – Barragem B5 com alteamentos até a cota final 965.

154
PZ 315
N.A 498

8.4726e-005

Figura 6.15 – Análise de percolação para a Barragem B5 na cota 950 (Final de projeto; N.A. operacional na cota 948).

PZ 315
2.6365e-004

Figura 6.16 – Análise de percolação para a Barragem B5 na cota 950 (Final de projeto; N.A. crítico na cota 949,62).

155
965
960
955
950
945
940
935
930
925
920

Cota
915
910
905
900
895
890
1.3906e-004

885
880
875

Figura 6.17 – Análise de percolação para a Barragem B5 na cota 965 (Hipótese de alteamento final; N.A. operacional na cota 963).

965
960
955
950
945
940
935
930
925
920

Cota
915
910
905
900
895
890
4.7099e-004

885
880
875

Figura 6.18 – Análise de percolação para a Barragem B5 na cota 965 (Hipótese de alteamento final; N.A. crítico na cota 964,24).

156
Observa-se que, mesmo para a barragem alteada até a cota 965, a presença de
permeabilidades menores e diferenciadas ao longo da praia promove uma forte depleção
da freática, condicionada ainda pelo tapete drenante. Com relação à instrumentação,
nota-se, mais uma vez, um ligeiro aumento na leitura do piezômetro PZ 315 (4,42
metros), em relação à leitura atual.

6.3.3.4 Ausência do Processo de Ciclonagem dos Rejeitos

Um estudo complementar compreendeu as análises de percolação, desconsiderando-se


os efeitos da ciclonagem dos rejeitos. Na simulação, face a ausência de parâmetros
geotécnicos para o rejeito total lançado na barragem B5, foram adotados valores típicos
para os rejeitos grossos (undeflow) atualmente lançados na barragem, obtidos com base
nos ensaios realizados com a amostra S1-U-A1 (rejeitos de maior granulometria entre as
amostras ensaiadas).

Para os rejeitos do aterro, como se trata de uma região compactada mecanicamente


utilizou-se o coeficiente de permeabilidade referente à amostra S1-U-A1, ensaiada com
densidade relativa igual a 50% (k = 3,88 x 10-3 cm/s), tomando-se, para os rejeitos da
praia, o coeficiente de permeabilidade referente à amostra S1-U-A1, ensaiada com
densidade relativa igual a 20%, uma vez que não sofre compactação (k = 7,88 x 10-3
cm/s). O resultado desta análise de percolação, referente à geometria atual da barragem,
é apresentado na Figura 6.19. Também nesta figura, para efeitos comparativos,
apresenta-se a linha freática anteriormente traçada, na análise de percolação referente à
condição operacional.

PZ 315
950 N.A. - 941,53
Topo 945,152
945 15/12/2005
940
935
Sem
930 ciclonagem
925 Com
920 ciclonagem
COTA

915
910
905
900
895
890
885
880
875

Figura 6.19 – Modelos de fluxo na Barragem B5 com e sem processo de ciclonagem.

157
Conforme pode ser observado na figura anterior, a ausência do processo de ciclonagem
de rejeitos implicou um nível freático interno substancialmente elevado. A ausência da
faixa de permeabilidades diferenciadas e sensivelmente menores na zona de montante
da barragem (condição operacional) restringiu os efeitos de depleção da linha freática a
montante. Para a hipótese anterior em caráter parcial, ou seja, considerando a ocorrência
de não ciclonagem dos rejeitos somente a partir da situação atual da barragem até a sua
cota final de projeto (950), foi obtido o modelo apresentado na Figura 6.20.

Cota 950
Região não ciclonada

Com
ciclonagem

Figura 6.20 – Modelos de fluxo na Barragem B5 sem processo de ciclonagem da


geometria atual até a cota final de projeto (950).

A influência da zona de rejeitos não ciclonados é notável no comportamento do fluxo,


condicionando sobremaneira a elevação da superfície freática. Com efeito, a percolação
tende a ocorrer preferencialmente através da zona dos rejeitos não ciclonados, mais
permeável, com uma conseqüente ascensão do nível freático à montante da barragem.

Nesse contexto, também é importante destacar que o lançamento casual de rejeitos


grossos ao longo da praia (espigotamento ou interrupção da ciclonagem), em detrimento
ao processo convencional de separação granulométrica, pode criar, nesta importante
região da barragem, estratos mais permeáveis intercalados ao overflow mais fino e
menos permeável.

Essa estratificação, por sua vez, tende a estabelecer caminhos preferenciais do fluxo e,
com isso, a um comportamento indesejado semelhante aquele apresentado na figura
6.20. Portanto, destaca-se a necessidade e importância de se evitar o lançamento de
rejeitos não ciclonados ao longo da praia, mesmo que esporadicamente ou em zonas
limitadas do maciço.

158
6.3.3.5 Combinação de Condições Específicas

Uma barragem de rejeitos pode ser submetida a condições críticas pela associação
inadequada de eventos distintos como, por exemplo, a colmatação do sistema de
drenagem interna e chuvas intensas ou uma elevação rápida no reservatório da barragem
e uma pequena extensão da praia de rejeitos. Nesse contexto, foram executadas análises
de percolação através da Barragem B5, a partir do modelo prévio de calibração, para
associações das condições específicas: colmatação do sistema de drenagem interna,
elevação do N.A. do reservatório e nível do reservatório na cota 965.

Colmatação total do tapete drenante associado à elevação do N.A. do


reservatório para a barragem na cota atual

Nesta análise, procurou-se avaliar o comportamento da superfície freática, diminuindo-


se a permeabilidade do tapete drenante da barragem da ordem de 100 vezes e com o
N.A. do reservatório próximo à crista da barragem (Figura 6.21).

PZ 315
950 Topo 945,152
945
940
935
930
925
920
COTA

915
910
905
900
895
890
885
880
875

Figura 6.21 – Colmatação do tapete drenante e elevação do N.A. do reservatório para a cota 942,92.

Conforme pode ser observado na figura, a associação das duas condições críticas faz
com que ocorra uma elevação bastante severa do nível freático interno, com saturação
de extensa região do talude de jusante e potencial impacto sobre a segurança e a
estabilidade global da barragem. Nota-se que, ainda nesta condição, o fluxo é
condicionado pela presença do dreno-de-pé, sem chegar a aflorar no talude de jusante.
Assim, numa hipótese mais crítica possível, refez-se a análise acoplada à condição de
colmatação do dreno-de-pé, resultando em uma condição totalmente inconsistente para
a barragem (Figura 6.21).

159
PZ 315
950 Topo 945,152
945
940
935
930
925
920
COTA

915
910
905
900
895
890
885
880
875

Figura 6.22 – Colmatação total do sistema de drenagem interna associada à elevação do N.A. do
reservatório para a cota 942,92.

Colmatação total do tapete drenante associado à elevação da barragem


para a cota 965

Para uma acumulação dos rejeitos até a cota 965, além daquela prescrita em projeto
(cota 950), a colmatação do tapete drenante da Barragem B5, por meio de uma redução
de permeabilidade do mesmo da ordem de 100 vezes, resultou na simulação indicada na
Figura 6.23.

965
960
955
950
945
940
935
930
925
Cota

920
915
910
905
900
895
890
885
880
875

Figura 6.23 – Colmatação do tapete drenante associada à elevação da barragem para a cota 965 e
N.A. operacional

6.4 ANÁLISES DE PERCOLAÇÃO PARA AS SEÇÕES B e D

As seções B e D, conforme exposto previamente, estão localizadas lateralmente à seção


central, a aproximadamente 70m de distância. As seções laterais contemplam septos
drenantes executados ao longo das ombreiras, que interceptam as águas destas regiões e
as direcionam até o ao tapete central da barragem.

160
Em relação à instrumentação, estas duas seções contemplam o maior número de
medidores instalados, cada uma com três medidores de nível d’água e um piezômetro,
conforme indicado nas Figuras 6.3 e 6.4. Entretanto, apesar deste maior número de
instrumentos, estas duas seções apresentam-se mais complexas do ponto de vista de
modelagem numérica, em função da posição relativa (transversal) dos septos drenantes.

Dessa maneira, a ferramenta mais apropriada para uma análise de percolação realística
desta região da barragem seria um software 3-D, numa abordagem tridimensional do
problema. No modelo bidimensional adotado neste trabalho, a presença dos septos
drenantes transversais foram considerados mediante a adoção de uma condição de
contorno conhecida por “fluxo prescrito”, ou seja, prescreveu-se para o septo uma
determinada vazão, teoricamente correspondente a sua transmissividade funcional.

Nesse sentido, como se tratam de soluções alternativas e como já se dispõe de inúmeras


análises de percolação para a barragem B5 (referente à seção central), optou-se por
analisar as seções B e D apenas para sua condição operacional. Ambas as seções foram
modeladas utilizando-se os coeficientes de permeabilidade obtidos em laboratório para
as duas seções e a razão de anisotropia adotada para a calibração do fluxo na seção
central da barragem.

6.4.1 Seção B

Para a conformação do modelo numérico da seção B, foi utilizada a seção geotécnica


apresentada na figura 6.4 e os dados relativos aos materiais indicados nas Tabelas 6.1 e
6.2. A seção foi então discretizada em 5804 elementos e 5715 nós. Com relação à
instrumentação, os dados referentes aos indicadores e nível d’água e piezômetro para o
ano de 2005 são apresentados na Tabela 6.6.

Os dados coletados de registros recentes (maio a dezembro/2005) mostram que a região


da barragem, a jusante do septo drenante, encontra-se seca, evidenciando a eficiência da
ação do septo drenante. Isto foi verificado também durante as análises de percolação ao
longo da seção central, na qual o tapete drenante atua de forma igualmente eficaz no
processo de captação e eliminação das águas de fluxo naquela região da barragem
(deixando o talude de jusante seco).

161
Tabela 6.6 – Dados de monitoramento da seção B (maio a dezembro/2005).

Mês Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.


Dia 05 09 07 11 08 06 03 15
N.A. 939,84 941,00 940,66 940,61 941,30 941,70 942,03 941,72
INA 307 920,93 920,73 920,79 920,81 920,84 920,84 920,79 920,91
INA 308 seco seco seco seco seco seco seco seco
PZ 309 seco seco seco seco seco seco seco seco
INA 310 seco seco seco seco seco seco seco seco

As análises de percolação para a seção B da barragem foram executadas considerando


as mesmas condições de contorno anteriormente utilizadas para a seção central, porém
adicionada de “fluxo prescrito” no septo drenante.

Para a determinação da vazão a ser prescrita no septo, face ao seu bom funcionamento
verificado (de acordo com a instrumentação), utilizou-se do seguinte artifício numérico:
inicialmente executou-se a análise de percolação prescrevendo pressão nula no septo
drenante, de forma a condicionar a direção da superfície freática em direção ao septo e,
em seguida, colocou-se uma linha para medida de fluxo (outro recurso do software)
imediatamente antes do septo drenante. A vazão de afluente foi, então, medida e
posteriormente associada ao septo por meio da condição de fluxo prescrito.

O resultado desta análise, considerando um fluxo prescrito no septo drenante igual a 2,0
x 10-5 m3/s e os coeficientes de permeabilidade determinados em laboratório para esta
seção (seção 2), é mostrado na figura 6.24.

N. A. 941,72 INA 307


DEZ. 2005 Topo 946,129
INA 308
Topo 933,910
PZ 309 / INA 310
Topo 920,698

Figura 6.24 – Análises de percolação para a seção B (considerando um fluxo prescrito no dreno
igual a 2,0 x 10-5 m3/s)

162
Conforme se pode observar na figura, o septo drenante funciona como uma “bomba” de
rebaixamento da superfície freática no interior do maciço. Com relação à
instrumentação, observa-se que a superfície freática determinada numericamente é
coerente com aquela monitorada in situ, uma vez que os instrumentos a jusante do septo
drenante encontram-se secos. Além disso, para a anisotropia e para os coeficientes de
permeabilidade utilizados, o valor numericamente obtido para o medidor INA 307
(920,14) aproxima-se bem daquele medido em campo, que é apenas 77cm superior.

Adicionalmente, com o intuito de verificar o comportamento do fluxo nesta seção para


uma colmatação do septo drenante, procedeu-se uma nova análise de percolação, porém,
impondo-se a ausência do fluxo prescrito no dreno. Destaca-se que a exclusão da vazão
prescrita no dreno faz com que este se comporte basicamente como um “bolsão”
drenante no interior do maciço e, portanto, sem nenhuma capacidade de transmissão de
água de percolação. O resultado desta análise é apresentado na Figura 6.25.

N. A. 941,72 INA 307


DEZ. 2005 Topo 946,129
INA 308
Topo 933,910
PZ 309 / INA 310
Topo 920,698

Figura 6.25 – Análises de percolação para a seção B (sem atuação do septo drenante).

Conforme pode ser observado na figura 6.25, a ausência do septo drenante faz com a
superfície freática passe a surgir no pé do talude de jusante da barragem, com os riscos
inerentes a tal condição de inconsistência para o fluxo através do maciço da barragem
(susceptibilidade a erosões hidráulicas ou piping). Por outro lado, os instrumentos
localizados a jusante do septo drenante, que tenderiam a indicar leituras nulas (talude
seco) em situação normal de operação da barragem, passariam a indicar leituras e
pressões piezométricas elevadas e proibitivas, a partir da hipótese de colmatação total
do dreno. A instrumentação local, assim, desempenha papel fundamental no controle e
monitoramento da segurança da barragem.

163
6.4.2 Seção D

A seção D é aquela que se apresenta com o menor número de estruturas internas. Como
está localizada mais lateralmente (região de ombreira), esta seção já não está mais sob a
influência do dique de partida. Nesse sentido, é composta essencialmente pelo septo
lateral distribuído ao longo da ombreira da barragem, com mais ou menos 5m de
largura, diretamente apoiado sobre a fundação da barragem. Devido às similaridades,
foram utilizados os mesmos padrões e procedimentos anteriormente descritos para a
seção B.

Os dados recentes (maio a dezembro/2005) da instrumentação geotécnica instalada na


seção D da Barragem B5 estão apresentados na Tabela 6.7.

Tabela 6.7 – Dados de monitoramento da seção D (maio a dezembro/2005).

Mês Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.


Dia 05 09 07 11 08 06 03 15
N.A. 939,84 941,00 940,66 940,61 941,30 941,70 942,03 941,72
INA 303 923,51 923,40 923,47 923,34 923,44 923,45 923,48 923,59
INA 304 seco seco seco seco seco seco seco seco
PZ 305 904,23 904,35 904,46 904,40 904,34 904,25 904,23 904,29
INA 306 seco seco seco seco seco seco seco seco

De acordo com os dados do monitoramento, a região à jusante do septo drenante, não se


apresenta seca, como observado nos registros da seção anterior. Entretanto, pela posição
relativa do piezômetro PZ 305, constata-se que as leituras correspondem basicamente à
cota da fundação da barragem naquela região, ou seja, o instrumento indica que a
superfície freática naquela região está paralela ou pouco abaixo da interface aterro /
fundação da barragem.
As análises de percolação seguiram as mesmas prescrições adotadas para a seção B
(dados dos coeficientes de permeabilidade determinados em laboratório para a seção 2;
razão de anisotropia estabelecida no modelo de calibração). O resultado desta análise de
percolação, para uma prescrição de vazão no dreno igual a 1,65 x 10-5 m3/s, é
apresentada na Figura 6.26.

164
N.A. 941,72
DEZ. 2005 INA 303

INA 304

PZ 305
INA 306

Figura 6.26 – Análises de percolação para a seção D (considerando um fluxo prescrito no dreno
igual a 1,65 x 10-5 m3/s).

O modelo numérico apresenta, mais uma vez, um ajuste muito bom com os registros da
instrumentação de campo. A linha freática é forçada em direção à interface fundação /
aterro, em função da maior permeabilidade do rejeito em comparação com o material de
fundação. Com relação à medida do instrumento INA 303, localizado a montante do
septo drenante, o modelo numérico forneceu um valor apenas 29 cm superior à leitura
de campo (923,59), enquanto que, para o piezômetro (PZ 305), o modelo indicou uma
leitura apenas 50cm superior à leitura de campo (904,29).

Estas análises podem ser estendidas para a Barragem B5 como um todo, uma vez que as
seções analisadas (central, B e D) contemplam as três diferentes concepções adotadas
para o sistema de drenagem interna. A seção central tipifica a região do tapete drenante
associado ao dreno-de-pé, a seção B contempla a drenagem interna até a cota 915 da
barragem, com os septos drenantes associados ao dique de partida e a seção D, por sua
vez, é representativa do sistema de drenagem interna da barragem a partir da cota 915,
constituída essencialmente pelo tapete drenante ao longo das ombreiras.

165
CAPÍTULO 7

ANÁLISES DE ESTABILIDADE DA BARRAGEM B5

7.1 FUNDAMENTOS E PARÂMETROS DAS ANÁLISES

Como etapa conclusiva da avaliação do comportamento geotécnico da Barragem B5,


foram implementadas análises de estabilidade para as seções de referência adotadas,
admitindo-se uma condição de fluxo em regime permanente e considerando os valores
das poropressões estimadas previamente pelas análises de percolação.

As análises de estabilidade foram implementadas por meio do programa computacional


SLOPE/W. Este programa tem sido bastante utilizado na prática da engenharia
geotécnica, por oferecer uma ampla gama de recursos de análise e uma interface
bastante amigável com o usuário. O programa permite, por exemplo, a consideração de
diferentes materiais, geometrias complexas, definição de superfícies de ruptura pelo
próprio usuário, hipóteses de inclusão dos efeitos das poropressões nas análises pela
importação direta de dados gerados pelo Programa SEEP/W (opção utilizada no
presente trabalho), simulação de carregamentos, etc.

No caso em estudo, as análises contemplaram superfícies potencialmente instáveis de


geometria circular, com pesquisa automática e generalizada para obtenção do FSmin a
partir da aplicação dos princípios de equilíbrio limite, sendo utilizado o método de
Bishop Simplificado, pela sua acurácia e consistência de resultados, mesmo quando
comparado a metodologias mais rigorosas, como o método de Spencer, por exemplo
(Ribeiro & Montes, 2004).

A natureza das análises, em condições drenadas ou não drenadas, está associada


diretamente à ‘drenabilidade’ e capacidade de dissipação das poropressões dos rejeitos

166
da praia. A condição drenada geralmente se aplica para a maioria das análises, pela
natureza tipicamente drenante dos rejeitos de maneira geral, permitindo, assim, uma
rápida dissipação dos excessos de poropressão gerados. Um exemplo prático desta
condição compreende a execução dos alteamentos da barragem de forma lenta, sob
taxas menores que a capacidade do rejeito de dissipar as poropressões geradas. Para este
tipo de análise utilizam-se os parâmetros efetivos.

A condição não-drenada é caracterizada pelo desenvolvimento de poropressões durante


o cisalhamento e se aplica aos casos de rejeitos mais finos e de baixa permeabilidade ou
mesmo para os casos em que a barragem seja submetida a carregamentos rápidos.
Geralmente, também se utiliza este tipo de condição para análises de estabilidade em
materiais susceptíveis a elevações bruscas de poropressão e potencialmente susceptíveis
à liquefação. Para este tipo de análise utilizam-se os parâmetros de resistência em
termos de tensões totais.

Para a Barragem B5, como os resultados dos ensaios de laboratório mostraram um


comportamento tipicamente dilatante dos rejeitos e as análises envolvem baixas taxas de
alteamento da barragem associada ao regime permanente de fluxo, foram adotados os
parâmetros efetivos de resistência nas análises de estabilidade do talude de jusante da
barragem.

Genericamente, os parâmetros de resistência dos rejeitos são obtidos por meio de


ensaios triaxiais do tipo CIU (consolidado não-drenado, com adensamento isotrópico),
com medida de poropressões ou ensaios de cisalhamento direto (condições drenadas).
Esta sistemática foi a adotada para a estimativa dos parâmetros de resistência dos
rejeitos dispostos na Barragem B5 (Capítulo 5) e os valores adotados estão
sistematizados na Tabela 7.1. Para os demais materiais de construção e da fundação da
barragem, os valores destes parâmetros foram estabelecidos a partir de relatórios
técnicos referentes ao projeto original da barragem ou, como no caso de estruturas
drenantes da barragem como o tapete drenante e o dreno-de-pé, foram adotados valores
típicos obtidos para materiais similares utilizados em obras desta natureza.

167
Tabela 7.1 – Parâmetros efetivos de resistência utilizados nas análises de estabilidade.

atrito coesão
material amostra Dr (%) fonte
(o) (kPa)

15 34,8 0

50 40,3 0
underflow S1-U-A1 triaxial

70 40,8 0
Aterro

20 32,3 0

50 37, 3 0 cisalhamento
underflow S2-U-A2
Direto
80 40,5 0

underflow S2-A1 50 38,4 0 triaxial

overflow S2-F5 22 36,1 0 triaxial


Praia

cisalhamento
overflow S2-F5 20 32, 9 0
direto
dique de relatório de
solo argiloso compactado 27,0 6
Outros materiais

partida projeto
relatório de
fundação xisto alterado - 27,0 17, 2
projeto
tapete brita/magnetita/
- 30,0 0 estimado
drenante pedrisco

dreno-de-pé enrocamento blocos 37,0 0 estimado

Observa-se na tabela 7.1, que se adotou um valor único para os parâmetros de rejeitos
da praia, uma vez que os valores obtidos foram essencialmente similares para as três
sub-regiões previamente estabelecidas, tornando tal subdivisão injustificada para as
análises de estabilidade. Para fins das análises, tomou-se como referência os parâmetros
obtidos para a amostra S2-F5, de granulometria mais fina e parâmetros mais baixos.
Para os rejeitos do aterro, foram estimados parâmetros sob diferentes compacidades, de
modo a se avaliar a influência da compacidade relativa dos mesmos na estabilidade da
barragem.

A Tabela 7.2 apresenta os valores dos pesos específicos adotados, tomados a partir dos
relatórios técnicos do projeto original da barragem.

168
Tabela 7.2 – Valores dos pesos específicos dos materiais.

Peso específico (kN/m3)


material
seco úmido saturado

underflow 21,0 25,3 25,7

overflow 19,9 23,9 25,1

dreno de pé - 19,6 -

tapete - 19,0 -

fundação 13,7 - 18,5

dique de partida 14,1 17,7 18,8

7.2 ANÁLISES DE ESTABILIDADE PARA CONDIÇÕES OPERACIONAIS

As análises de estabilidade, para as condições operacionais da Barragem B5, foram


processadas para as três seções investigadas (central, B e D, adotando-se a geometria da
barragem referente a dezembro/2005), admitindo-se as condições dos rejeitos atuais e
com base nas estimativas das poropressões estáticas obtidas a partir das análises de
percolação efetuadas previamente em regime permanente (Capítulo 6).

Seção Central

Os parâmetros de resistência adotados foram os seguintes: underflow (resultados dos


ensaios triaxiais para a amostra S1-U-A1 com Dr = 50%): c = 0 ; φ’ = 40.3°; overflow
(resultados dos ensaios triaxiais para a amostra S2-F5 com Dr = 22%): c = 0 ; φ = 36.1°.
O resultado desta análise está apresentado na Figura 7.1.

A análise indica um fator de segurança operacional da barragem, para esta seção e para
os parâmetros e condições impostos, igual a 1,80, com a região potencialmente
mobilizada bastante profunda, passando pelos alteamentos já executados até a cota 930
e interceptando grande trecho da fundação da barragem.

169
1.800

950
945
940
935
930
925
920
Cota

915
910
905
900
895
890
885
880
875

Figura 7.1 – Análise de estabilidade para a seção central.


(Fator de segurança operacional igual a 1,80 para ruptura global).

Este resultado é conseqüência das excelentes condições de percolação através do aterro


da Barragem B5 na atualidade, em função do alto desempenho proporcionado pela ação
conjugada do tapete drenante e do dreno-de-pé, além da manutenção de uma extensão
bastante satisfatória do reservatório em relação ao aterro da barragem, proporcionando a
garantia de um talude de jusante praticamente seco.

Adicionalmente, visando uma avaliação abrangente da segurança operacional da


Barragem B5, foram avaliadas as possibilidades de rupturas localizadas em taludes e
bermas da barragem. A Figura 7.2 apresenta o resultado destas análises para o caso de
uma ruptura individual no talude atual de lançamento do underflow da ciclonagem. A
adoção deste talude para a análise justifica-se por se tratar de um talude mais íngreme,
ainda sem proteção superficial e, principalmente, ainda não compactado, portanto,
configurando uma condição crítica do ponto de vista operacional.

Para fins de ilustração do problema, apresenta-se, em detalhe da Figura 7.2, a face de


jusante desse talude. Nesta análise, por se tratar de uma região ainda não compactada,
optou-se pela utilização dos mesmos parâmetros operacionais da análise anterior,
porém, com o valor da resistência ao cisalhamento da região obtida para a amostra
moldada com Dr = 15 % (correspondente a uma condição de rejeitos fofos, com ângulo
de atrito interno igual a 34,8o). O valor obtido de FS foi também igual a 1,80.

170
1.799

Figura 7.2 – Análise de estabilidade para a seção central.


(Fator de segurança operacional igual a 1,80 para ruptura localizada).

Ainda em relação às condições operacionais, refez-se a análise para uma situação mais
crítica (Figura 7.3), admitindo-se a hipótese de não segregação de permeabilidades ao
longo da praia (permeabilidades relativas à seção 1, parâmetros de resistência a partir da
amostra S1-U-A1 com Dr = 50% e resultados da análise de percolação dada na Figura
6.8). Conclui-se que, embora os efeitos da ciclonagem sejam muito relevantes em
termos de fluxo, esta influência é irrelevante em termos da estabilidade da barragem (FS
obtido igual a 1,79), pela simples comparação da locação das superfícies críticas de
ruptura indicadas nas Figuras 7.1 e 7.3.

1.794

950
945
940
935
930
925
920
Cota

915
910
905
900
895
890
885
880
875

Figura 7.3 – Análise de estabilidade para a seção central (não segregação de permeabilidades).

171
Os resultados mostram que, particularmente no caso da Barragem de rejeitos B5, desde
que mantida a capacidade de drenagem interna, as condições operacionais não
desempenham uma influência crítica em termos de sua estabilidade global, para a seção
analisada. Os condicionantes relativos ao sistema de drenagem interna, anisotropia da
permeabilidade dos rejeitos, permeabilidade da fundação e extensão da praia são
determinantes para a garantia de uma situação bastante favorável da estabilidade da
Barragem B5 em condições operacionais.

Finalmente, pode-se observar que cerca de 50 % da superfície crítica de ruptura está


localizada ao longo da fundação da barragem. Uma vez que, neste trabalho, não foram
realizados ensaios específicos para a determinação dos parâmetros de resistência do solo
de fundação, adotando-se valores de projeto, e considerando a relevância destes dados
na avaliação da estabilidade global da barragem, torna-se interessante uma análise mais
abrangente e complementar dos parâmetros de resistência da fundação da Barragem B5.

Neste sentido, foram feitas análises probabilísticas da estabilidade da Barragem B5, a


partir de uma análise de sensibilidade dos parâmetros de resistência do solo de fundação
(27° e 6 kPa), conforme mostrado na Tabela 7.3 Os resultados mostram que, para uma
variação do ângulo de atrito de até 4° e da coesão em até 10 kPa, a probabilidade de
ruptura é virtualmente nula. Para uma variação da ordem de 6° e 8° do ângulo de atrito e
15 e 17 kPa da coesão, a probabilidade de ruptura passa a ser representativa e menor
que 1%.

Tabela 7.3 – Probabilidades de ruptura considerando análises de sensibilidade dos parâmetros de


resistência do solo de fundação da Barragem B5

Variações de Probabilidade de FS mín FS máx


o
c’ (kPa) φ’ ( ) ruptura
5 2 0,000% (≈ Nula) 1,542 2,031
10 4 0,000% (≈ Nula) 1,306 2,241
15 6 0,035 % 0,630 2,462
17 8 0,553 % 0,329 2,844

Aproveitando esta flexibilidade apresentada pelo programa, também foi feita uma
análise probabilística da estabilidade global/operacional da barragem B5 por meio da

172
variação no ângulo de atrito efetivos dos rejeitos do aterro (underflow). Conforme já
discutido no Capítulo 4, o underflow, por ser submetido ao processo de compactação
mecânica no campo, têm sua compacidade relativa e conseqüentemente os parâmetros
de resistência (atrito apenas) influenciados pela eficiência despendida na compactação.
Assim, como geralmente utiliza-se de baixo controle tecnológico durante a compactação
dos alteamentos, a densidade relativa do aterro e conseqüentemente seu ângulo de atrito
têm grande chance de apresentarem uma dispersão de valores, ou seja, regiões da
barragem mais compactadas e outras menos compactadas. Destaca-se que essa
dispersão de valores de densidade relativa do aterro também foi observada em
avaliações recentes de sua medida no campo (Capítulos 4 e 5 – Caracterização
tecnológica dos rejeitos).

Nesse sentido, com o intuito de se avaliar a estabilidade da barragem levando-se em


conta as possíveis margens de variação da compacidade relativa medida para a
barragem, procedeu-se às análises probabilísticas promovendo a variação do ângulo de
atrito dentro da faixa de densidades genericamente medidas em campo.

As análises foram feitas a partir da variação do ângulo de atrito de 40.28 (Dr = 50%),
utilizado nas análises operacionais (FS da análise determinística igual 1,8), dentro de
faixas de variação preestabelecidas de acordo com os ensaios já realizados para as
amostras do underflow em outras compacidades. Como o menor valor de ângulo de
atrito obtido para os ensaios realizados nos rejeitos do aterro da barragem forneceu 32
graus (ver resultados no Capítulo 5), estabeleceu-se às faixas de variação deste
parâmetro, para as análises probabilísticas, até, no máximo, 8 graus.

Tabela 7.4 – Probabilidade de ruptura segundo variação do ângulo de atrito para o underflow da
barragem de rejeitos.

Variação do Probabilidade de
FS mín FS máx
ângulo de atrito (o) ruptura

2 0,000% (Nula) 1,728 1,865


4 0,000% (Nula) 1,665 1,889
6 0,000% (Nula) 1,616 1,950
8 0,000% (Nula) 1,505 2,010

173
Conforme pode ser observado na tabela, mesmo para uma variação no ângulo de atrito
de 8 graus, referente a um rejeito em baixas compacidades relativas no aterro da B5, a
probabilidade de ruptura da barragem é nula. Também pode ser observado, que mesmo
para esta variação máxima, o fator de segurança mínimo para a barragem ainda
encontra-se acima daquele prescrito para obras desta natureza. Além disso, nesta análise
do aterro, evidencia-se ainda mais a importância da fundação na estabilidade global da
barragem, já que esta passa a ser condicionante da estabilidade global.

Complementando as análises operacionais da barragem de rejeitos, também foram feitas


as mesmas análises anteriores, porém com os parâmetros de resistência advindos dos
ensaios de cisalhamento direto. Para estas análises, utilizou-se um valor de ângulo de
atrito igual a 32,87 graus para o overflow e 37,25 para o underflow. Conforme pode ser
observado, estes valores são sensivelmente inferiores àqueles medidos nos ensaios
triaxiais, como normalmente verifica-se na prática.

Apesar de já ter sido mostrado que a probabilidade de ruptura da barragem é nula para
variações no ângulo de atrito de até 8 graus, foi feita a analise de estabilidade
operacional da barragem com estes valores de ângulo de atrito do ensaio de
cisalhamento direto apenas como maneira de complementar as análises. Nesse sentido o
valor obtido para o fator de segurança global operacional da barragem dispondo-se de
ensaios de cisalhamento direto foi de 1,75, ou seja, apenas 0,05 menor que aquele
determinado pelos resultados do ensaio triaxial.

Posteriormente as análises de estabilidade realizadas, percebe-se que do ponto de vista


operacional, a barragem de rejeitos B5 encontra-se com um elevado grau de segurança,
uma vez que, todas as análises de estabilidade para a seção central, apresentaram fator
de segurança maior que 1,5, considerados como o mínimo para projetos dessa natureza.
Além disso, também foi mostrado que a fundação representa o principal condicionante
na estabilidade global da barragem, sendo que valores de resistência ao cisalhamento
muito dispersos daqueles informados nos relatório de projeto são indicativos de
probabilidade de ruptura da barragem.

174
Seções B e D

Para a Seção B, foram adotados os seguintes parâmetros de resistência: underflow


(resultados dos ensaios triaxiais para a amostra S1-U-A1 com Dr = 50%): c = 0 ; φ’ =
40.3°; overflow (resultados dos ensaios triaxiais para a amostra S2-F5 com Dr = 22%):
c = 0 ; φ = 36.1°. O resultado desta análise está apresentado na Figura 7.4.

2.120

Figura 7.4 – Análise de estabilidade para a seção B.


(Fator de segurança operacional igual a 2,12 para ruptura global).

O resultado francamente conservativo (FS = 2,12) ratifica a ação eficaz do sistema de


drenagem interna, constituído pelo septo drenante ao longo da ombreira lateral, que
promove um efetivo rebaixamento da linha freática na região de jusante da barragem de
rejeitos. Novamente, verifica-se que a superfície potencial de ruptura está localizada na
parte inferior do talude e passando pela fundação da barragem. Nota-se também que a
região mobilizada é sensivelmente menor que aquela associada à ruptura global
caracterizada na seção mais central da barragem.

Para a Seção D, foram adotados os seguintes parâmetros de resistência: underflow


(resultados dos ensaios triaxiais para a amostra S1-U-A1 com Dr = 50%): c = 0 ; φ’ =
40.3°; overflow (resultados dos ensaios triaxiais para a amostra S2-F5 com Dr = 22%):
c = 0 ; φ = 36.1°. A superfície freática foi estabelecida com base em uma prescrição de
uma vazão no dreno igual a 1,65 x 10-5 m3/s. O resultado desta análise está apresentado
na Figura 7.5.

175
1.607

Figura 7.5 – Análise de estabilidade para a seção D.


(Fator de segurança operacional igual a 1,61 para ruptura global).

No caso da seção D, foi obtido um valor de FS igual a 1,61, inferior aos das demais
seções, mas ainda superior ao valor de referência prescrito (FS = 1,5). Do ponto de vista
funcional, o sistema de drenagem de ombreira, representado pelo tapete lateral, também
promove um excelente rebaixamento da linha freática na região de jusante da barragem.
Quanto à posição da superfície crítica de ruptura, a mesma está localizada na parte
inferior do talude de jusante, com mais de 70% de sua extensão ao longo da fundação da
Barragem B5.

As análises precedentes demonstram uma condição de estabilidade bem satisfatória para


a Barragem em estudo, na hipótese de sua operação corrente, ainda que eventualmente
afetada pelas variáveis do processo de disposição. Em outras palavras, apesar desta
disposição não se configurar rigorosamente uniforme, tais efeitos são pouco
contundentes sobre o bom desempenho geotécnico global desta estrutura.

7.3 ANÁLISES DE ESTABILIDADE PARA CONDIÇÕES ESPECÍFICAS

Complementarmente às análises das condições operacionais da barragem, foram


efetuadas as análises de estabilidade da barragem para determinadas situações admitidas
como críticas e previamente simuladas na etapa dos estudos de percolação operacional.
Estas análises de estabilidade foram restritas à seção central e mais crítica da Barragem
B5.

176
Neste caso, as hipóteses adotadas para a simulação dos modelos de percolação foram
associadas à possibilidade de uma redução dos parâmetros de compacidade do material,
indicada por uma redução nos parâmetros de resistência.

7.3.1 Colmatação do Sistema de Drenagem Interna

Para a simulação do processo de colmatação do sistema de drenagem interna da seção


central da Barragem B5, admitiu-se uma redução da permeabilidade do tapete drenante
da ordem de 10 e 100 vezes, respectivamente, considerando um efeito de colmatação
progressiva do dreno, conforme exposto no capítulo anterior. Os resultados das
respectivas análises de estabilidade implementadas estão apresentados nas Figuras 7.6 e
7.7 (obtenção de valores de FS iguais a 1,73 e 1,58, respectivamente, observando-se que
as superfícies críticas de ruptura, em ambos os casos, delimitam, mais uma vez, a zona
inferior do talude de jusante e a fundação da barragem).

Nestas análises de estabilidade, foram utilizados os mesmos parâmetros de resistência


adotados para o caso das análises operacionais. Esta situação ainda consistente resulta
basicamente, como já explicitado nas análises de percolação, do excelente desempenho
do dreno-de-pé como elemento de interceptação da superfície freática no interior do
maciço de rejeitos.

1.731

Figura 7.6 – Análise de estabilidade para a seção central.


(Colmatação parcial do tapete drenante, com permeabilidade reduzida em 10 vezes).

177
1.588

Figura 7.7 – Análise de estabilidade para a seção central.


(Colmatação parcial do tapete drenante, com permeabilidade reduzida em 100 vezes).

Para a hipótese de uma colmatação plena do sistema de drenagem da barragem, isto é,


colmatação do tapete drenante associada à colmatação do dreno-de-pé, foi obtida a
condição de estabilidade apresentada na Figura 7.8 (valor de FS igual a 1,43). Neste
caso crítico, a superfície freática passa a emergir no talude de jusante da barragem,
favorecendo potencialmente o piping e o completo comprometimento da barragem.

1.437

Figura 7.8 – Análise de estabilidade para a seção central.


(Colmatação total do tapete drenante, incluindo tapete drenante e dreno-de-pé).

178
7.3.2 Variação do N.A. do Reservatório

Na hipótese de uma elevação substancial do N.A. do reservatório e uma conseqüente


redução da extensão da praia, os níveis freáticos tornam-se sensivelmente mais elevados
na região de jusante da barragem, com impactos diretos nos valores de FS da barragem.
Estas análises estão apresentadas nas Figuras 7.9 e 7.10, para a seção central da
barragem, para condições do N.A do reservatório mais afastado e próximo à crista,
respectivamente.

1.813

Figura 7.9 – Análise de estabilidade para a seção central.


(N.A do reservatório referente a uma extensão de 100m de praia).

1.787

Figura 7.10 – Análise de estabilidade para a seção central.


(N.A do reservatório próximo à crista da barragem).

179
7.3.3 Ausência do Processo de Ciclonagem

Na hipótese da não ciclonagem dos rejeitos no processo operacional da Barragem B5, a


condição de estabilidade seria aquela indicada na Figura 7.11, a partir do modelo de
fluxo estabelecido previamente para esta condição específica de análise. A exemplo de
outras abordagens, o valor de FS mantém-se praticamente inalterado. É importante
ressaltar que a ciclonagem de rejeitos é aplicada à Barragem, não só para fins de
manutenção do afastamento da freática a montante, mas, principalmente, para se obter
um rejeito mais grosso na região de jusante da barragem, garantindo, assim, uma alta
drenabilidade e, portanto, uma rápida trabalhabilidade destes materiais na construção da
barragem.

1.781

Figura 7.11 – Análise de estabilidade da seção central


(hipótese de não ciclonagem dos rejeitos).

7.3.4 Variações da Compacidade Relativa dos Rejeitos

Durante a etapa de caracterização tecnológica dos rejeitos, verificou-se que o underflow


do aterro encontrava-se com uma compacidade variável, mantendo uma média de 40%
de densidade relativa. Nesse sentido, as análises de estabilidade até aqui realizadas
englobaram o valor de ângulo de atrito representativo a tal compacidade relativa, com
um fator de segurança operacional estimado em 1,80.

180
Neste contexto, com o intuito de se avaliar a influência da compacidade relativa na
estabilidade da barragem, foram feitas duas reavaliações da sua estabilidade global. No
primeiro caso, relativo a uma eventual perda da eficiência do processo de compactação,
utilizou-se um valor de ângulo de atrito indicativo de condição fofa, isto é, para uma
compacidade relativa inferior a utilizada nas análises operacionais. No segundo caso,
procedeu-se ao contrário, analisando uma condição de maior eficiência e controle
tecnológico do processo de compactação, adotando-se um valor de ângulo de atrito
indicativo de uma condição mais compacta que aquela utilizada na análise operacional.
(Tabela 7.5). Os resultados das análises, para diferentes compacidades relativas (50%,
80% e 20%) são apresentados nas Figuras 7.12 a 7.14.

Tabela 7.5 – Parâmetros de resistência efetivos para análises de estabilidade simulando variações
da compacidade relativa dos rejeitos.

material amostra Dr (%) atrito (o) condição fonte

20 32,3 fofa
ensaios de
underflow 50 37,3 in situ
S2-U-A2 cisalhamento
(aterro)
Direto
80 40,5 compacta

cisalhamento
overflow S2-F5 20 32,9 In situ
direto

1.750

950
945
940
935
930
925
920
Cota

915
910
905
900
895
890
885
880
875

Figura 7.12 – Análise de estabilidade da seção central


(rejeitos com Dr = 50%; condição operacional da barragem)

181
1.674

950
945
940
935
930
925
920
Cota

915
910
905
900
895
890
885
880
875

Figura 7.13 – Análise de estabilidade da seção central


(rejeitos com Dr = 20%; condição mais fofa que a operacional da barragem

1.804

950
945
940
935
930
925
920
Cota

915
910
905
900
895
890
885
880
875

Figura 7.14 – Análise de estabilidade da seção central


(rejeitos com Dr = 80%; condição mais compacta que a operacional da barragem

Assim, o aumento da compacidade relativa dos rejeitos acumulados no aterro propicia


um conseqüente acréscimo dos valores de FS da Barragem B5, passando de 1,67 para
1,80 da condição mais fofa à condição mais compacta admitidas no processo de
simulação (Para resultados do ensaios de cisalhamento direto). Constata-se
adicionalmente que o ganho efetivo de uma sobre-compactação dos rejeitos induziria
um acréscimo de apenas 5% na estabilidade global da barragem. Assim, conclui-se que
as condições atuais de deposição e compactação dos rejeitos, desde que mantidas as

182
condições de percolação operacionais, atendem plenamente aos critérios de segurança
estabelecidos para projetos desta natureza.

7.3.5 Combinação de Condições Críticas

Neste item, serão retomados os casos relativos à combinação de eventos críticos, tal
como considerado previamente nos estudos de percolação, procedendo-se às análises de
estabilidade correspondentes.

Colmatação total do tapete drenante associada à elevação do N.A. do


reservatório para a barragem na cota atual

Esta análise foi implementada associando-se uma elevação do N.A. do reservatório até
próximo à crista com a colmatação do tapete drenante principal da barragem (redução
de 100 vezes na sua permeabilidade) e, posteriormente, vinculando-se a estas duas
condições, também a colmatação do dreno-de-pé da barragem (condição de colmatação
total do sistema de drenagem interna da barragem). Os resultados destas duas análises
de estabilidade estão indicados nas Figuras 7.15 e 7.16, em função dos modelos de
percolação estabelecidos previamente.

Para ambas as condições, os valores de FS são críticos e comprometedores da segurança


da barragem. A colmatação do tapete drenante implica um estado de emergência para a
barragem, ao passo que, na condição da colmatação total do sistema de drenagem
interna, a barragem seria levada à iminência de ruptura.

183
1.397

Figura 7.15 – Análise de estabilidade da seção central


(colmatação do tapete drenante + elevação do N.A. do reservatório próximo à crista da barragem)

1.168

Figura 7.16 – Análise de estabilidade da seção central


(colmatação total do sistema drenagem interna + elevação do N.A. do reservatório próximo à crista
da barragem)

Dessa maneira, é possível concluir-se que, apesar da reduzida influência verificada para
as análises operacionais, a elevação do N.A. no reservatório ou mesmo outras condições
atípicas que remetam a elevações na superfície freática no interior do maciço, quando
associados a um processo de colmatação do sistema de drenagem interna, pode levar a
barragem a níveis muito baixos de segurança, conforme apresentados nas análises de
estabilidade. Tal fato ratifica a importância, mesmo para hipóteses bastante críticas e
atípicas como as aqui consideradas, da manutenção rigorosa do controle tecnológico nas

184
operações de disposição de rejeitos e de manutenção da barragem. Desta forma, mesmo
não influenciando diretamente na estabilidade operacional da barragem, condições
como a ciclonagem dos rejeitos, afastamento do N.A. do reservatório ou segregação de
permeabilidades são de grande relevância para a estabilidade global da barragem.

Colmatação do tapete drenante + elevação do N.A. do reservatório para a


barragem na cota atual + disposição de rejeitos fofos no aterro

A hipótese proposta neste item é uma sugestão típica para um potencial mecanismo de
rupturas associadas ao fenômeno da liquefação dos rejeitos. Nesse sentido, as análises
devem incorporar parâmetros de resistência em termos de tensões totais, simulando
carregamentos não drenados de rejeitos finos, fofos e saturados.

A Figura 7.17 apresenta o resultado desta análise. Os parâmetros utilizados foram


aqueles obtidos em ensaios triaxiais CIU, realizados para a amostra S1-U-A1, moldada
com 15% de densidade relativa.

1.228

Figura 7.17 – Análise de estabilidade da seção central (colmatação total do sistema de drenagem
interna + elevação do N.A. do reservatório + rejeitos fofos no aterro)

185
Verifica-se que, mesmo com valores inaceitáveis para as condições de segurança
prescritas para a barragem, a hipótese por liquefação dos rejeitos do aterro não induziria
por si só um processo de ruptura global na Barragem B5. Entretanto, estando o material
nas condições críticas mencionadas e no caso da barragem ser submetida a esforços
cisalhantes ou quaisquer carregamentos externos com potencial comprometimento do
equilíbrio da estrutura, a liquefação poderia induzir conseqüências catastróficas. Nesse
sentido, enfatiza-se a necessidade de se manter o processo de compactação e aumento
da compacidade relativa, que têm sido aplicados correntemente no sistema atual de
disposição de rejeitos na região a jusante da Barragem B5.

Adicionalmente, pode ser verificado que a adoção de parâmetros totais condiciona uma
mudança na localização da região potencialmente mobilizada, que se mostra, então,
mais superficial, porém, englobando todo o talude de jusante e não mais a apenas a sua
porção inferior.

7.3.6 Condições Finais de Alteamento da Barragem

Um outro tipo de análise de estabilidade implementada abordou a hipótese da Barragem


B5 em sua condição de final de operação. O projeto original prescreve que a barragem
deverá ser alteada até a cota 950, isto é, com mais dois alteamentos a partir da geometria
atual da barragem. Entretanto, em função da recente aquisição de terras laterais pela
empresa, ao longo do eixo da barragem, impôs-se à possibilidade de avaliação de um
eventual alteamento da barragem até a cota 965.

Estas abordagens, para as condições finais de operação da barragem, estão apresentadas


nas Figuras 7.18 e 7.19, tanto para a cota 950 de projeto, como para a hipótese de
alteamento até a cota 965. Nas análises, o N.A. do reservatório foi mantido em sua
posição operacional (2m abaixo da cota de crista da barragem) e as linhas freáticas
foram prescritas com base nos modelos de fluxo calibrados e realizados previamente.
Além disso, é importante lembrar que, excepcionalmente para o alteamento até a cota
965, houve a necessidade de se alterar os alteamentos subseqüentes da barragem para
ângulos de inclinação dos taludes um pouco mais íngremes, modificados de 36° para

186
45°. Tal adoção se justifica pelo propósito de não se promover alteamentos a montante,
isto é, ao longo da na praia de overflow.

Conforme pode ser observado, a mudança na geometria da barragem também


condicionou uma mudança de configuração da superfície potencialmente mobilizada.
Na hipótese de alteamento da barragem até a cota 965, a mudança na geometria do
talude condicionou uma superfície de ruptura localizada em toda a região de jusante e
parte da região de montante da Barragem B5. Adicionalmente, embora promovendo
uma sensível redução no fator de segurança em termos da estabilidade global da
barragem, o valor de FS obtido foi igual a 1,69 e, portanto, ainda superior ao valor de
referência adotado em projeto.

1.791

Figura 7.18 – Análise de estabilidade da seção central


(Barragem na cota 950 e N.A. do reservatório na cota operacional - 948)

187
1.691

Figura 7.19 – Análise de estabilidade da seção central


(Barragem alteada até a cota 965 e N.A. do reservatório na cota operacional - 963)

Finalmente, ainda nesta condição final da barragem de rejeitos B5, foram refeitas as
análises, admitindo-se a posição do N.A. do reservatório próximo à crista da barragem.
Estas novas análises de estabilidade estão apresentadas nas Figuras 7.20 e 7.21.

188
1.770

Figura 7.20 – Análise de estabilidade da seção central


(Barragem alteada até a cota 950 e N.A. do reservatório em cota crítica - 949,42)

1.587

Figura 7.21 – Análise de estabilidade da seção central


(Barragem alteada até a cota 965 e N.A. do reservatório em cota crítica - 964,42)

Conforme pode ser observado nas figuras, mesmo que durante o final da vida útil da
barragem ocorram elevações indesejadas no N.A. do reservatório, condicionados por
uma chuva crítica ou mesmo por problemas no vertedouro de superfície, as condições

189
de estabilidade da barragem ainda se mantêm a níveis muito aceitáveis. Estas análises,
bem como as precedentes, ratificam a condição conservativa do projeto da Barragem B5
em termos de modelos de percolação e à estabilidade quanto a eventuais mecanismos de
rupturas global ou localizadas.

190
CAPÍTULO 8

CONCLUSÕES

8.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A concepção do presente trabalho consistiu na avaliação das condições de estabilidade


de uma barragem de rejeitos de fosfato, localizada no município de Araxá/MG, por
meio de uma extensa e abrangente caracterização tecnológica destes materiais, cujo
comportamento geotécnico é ainda muito incipiente e pouco estudado. Isto é um
problema ainda generalizado no âmbito da engenharia dos rejeitos, uma vez que, na
maioria das vezes, tais estudos são restritos a abordagens empíricas ou constituem
meras extrapolações de análises convencionalmente adotadas para os solos naturais.

A inadequabilidade destas proposições tem sido objeto de inúmeras discussões técnicas


e as exigências crescentes dos órgãos ambientais, aliadas às recentes rupturas de
estruturas de contenção de rejeitos, têm demonstrado a necessidade de estudos mais
elaborados, incluindo análises e metodologias não necessariamente geotécnicas, bem
como a utilização de ensaios e técnicas específicas para se estabelecer às propriedades
de engenharia dos rejeitos de mineração (Gomes et al, 2002).

Inserido neste propósito, o presente trabalho pretendeu estabelecer e incorporar um


novo padrão de investigação e análise de sistemas de contenção de rejeitos de
mineração, integrando procedimentos e técnicas experimentais de campo e de
laboratório com o controle e o monitoramento da instrumentação in situ. Desta forma,
mediante uma análise de ordem abrangente e integrada, pressupõe-se a definição de um
‘modelo científico’ para avaliação mais criteriosa de tais empreendimentos.

191
8.2 CONCLUSÕES GERAIS

De uma maneira geral, enfatiza-se que a integração dos dados e metodologias adotadas
na caracterização tecnológica dos rejeitos de fosfato, por meio de ensaios de laboratório
e campo, mostraram-se bastante eficazes e representativas das condições reais de sua
deposição na Barragem B5.

Por outro lado, as simulações numéricas de percolação e de estabilidade também


convergiram para resultados muito consistentes com as condições analisadas. Desta
forma, pode-se concluir que os critérios e as metodologias propostas realmente
configuram-se como ferramentas pertinentes a um padrão mais criterioso de avaliação
da segurança em barragens construídas com rejeitos.

Em termos específicos, são expostas, nos itens subseqüentes, as principais conclusões


obtidas no presente trabalho.

8.2.1 Em relação à caracterização tecnológica dos rejeitos

As correlações de Gibbs & Holtz (1957) e De Mello (1971) mostraram-se


aplicáveis aos rejeitos de fosfato depositados e utilizados com o material de
construção da barragem de rejeitos B5. Os valores de densidades relativas e
ângulos de atrito inferidos a partir dos ensaios SPT executados enquadraram-se
muito bem àqueles verificados por métodos diretos de investigação e por meio
de ensaios de laboratório.

O permeâmetro de Guelph mostrou-se uma ferramenta bastante versátil para a


determinação dos coeficientes de permeabilidade dos materiais ao longo da praia
de rejeitos, principalmente pelo baixo custo, rapidez e praticidade dos ensaios,
visto que apenas uma pessoa pode, em curto espaço de tempo, executar uma
ampla campanha investigativa. Em função destes excelentes resultados e da
praticidade da técnica, o autor recomenda a sua efetiva implementação como
instrumento de controle e de monitoramento de sistemas de contenção de
rejeitos;

192
Constatou-se também uma clara tendência de correlação entre os resultados dos
ensaios realizados com o permeâmetro de Guelph e os ensaios em laboratório,
com os valores de permeabilidades do Guelph sistematicamente maiores que os
valores estimados em laboratório (Tabela 8.1 e Figura 8.1).

Tabela 8.1 – Coeficientes de permeabilidade determinados em campo e laboratório

Campo Laboratório
Ponto Dr (%) k (cm/s) Dr (%) k (cm/s)
S1.F2 12,24 4,30x10-3 20 2,49x10-3
S1.F4 5,33 3,90x10-3 20 3,07x10-3
S1.F6 5,34 2,40x10-3 20 2,01x10-3
S2.F1 7,96 6,30x10-3 20 3,89x10-3
S2.F3 9,78 3,15x10-3 20 1,46x10-3
S2.F5 8,01 1,45x10-3 20 5,23x10-4

Campo x Laboratório

4,5
Carga constante de Laboratório (x10-3 cm/s)

4 y = 0,6292x
R2 = 0,8439
3,5

2,5

1,5

0,5

0
0 1 2 3 4 5 6 7
Permeâmetro de Guelph (x10-3 cm/s)

Figura 8.1– Coeficientes de permeabilidade determinados em campo e laboratório

Tal fato justifica-se, em grande parte, pela presença de estratos heterogêneos


na praia, conforme pode ser observado na Figura 8.2 (em função da própria
variabilidade do processo de disposição de rejeitos totais e ciclonados, como
referido no trabalho) e também pelas diferenças da condição de saturação no
campo, não passíveis de controle como aquelas impostas em laboratório.

193
Figura 8.2 – Detalhe da presença de estratos de diferentes granulometrias
(amostra de rejeito extraída da praia da barragem B5).

Na seção 1 de investigação da praia de rejeitos, não se observou os efeitos de


segregação hidráulica; na seção 2, a diferenciação granulométrica foi clara
ao longo da praia, ocorrendo uma redução gradativa da permeabilidades e
incorporando uma maior segurança à barragem pela garantia de um maior
afastamento da superfície freática do barramento;

Constatou-se uma baixa eficiência do processo de ciclonagem no que se


refere à separação granulométrica do rejeito atualmente lançado, uma vez
que os rejeitos amostrados na praia e no aterro apresentaram distribuições
granulométricas bastante similares, com perdas óbvias da concepção e dos
critérios construtivos de uma barragem alteada com rejeitos pelo método da
linha de centro;

Os ensaios realizados mostraram que a densidade relativa média dos rejeitos


do aterro são da ordem de 40% e não de 65%, como se pensava;

Os rejeitos atuais apresentam granulometrias sensivelmente maiores que o


rejeitos lançados no passado; a partir das análises granuloquímicas e
mineralógicas, observa-se que a granulometria está intimamente associada às
composições de ferro (frações de rejeitos finos e mais escuras) e sílica
(frações grossas e mais claras);

194
Verificou-se ainda que as micas e os grãos de quartzo constituem as
partículas minerais de maiores dimensões, sendo que os minerais micáceos
exercem uma influência marcante na resistência ao cisalhamento do rejeitos,
principalmente sob compacidade relativas e tensões confinantes mais baixas.

8.2.2 Em relação à estabilidade global da barragem

A Tabela 8.2 apresenta a síntese dos resultados relativos às análises de estabilidade


realizadas para a Barragem B5, tanto para sua condição operacional, como para as
críticas simuladas. Deste conjunto de análises, podem ser estabelecidas as seguintes
conclusões principais:

A seção central foi tomada como referência para a implementação das análises
de estabilidade, por se tratar da seção de máxima altura e envolver os maiores
volumes de material em uma eventual ruptura. A seção contempla ainda o tapete
drenante principal ao longo de toda a região de jusante da barragem, que atua
como a principal estrutura de captação e adução das águas de percolação. Desta
forma, nesta região da barragem, foram implementadas análises de diversas
naturezas e situações, envolvendo condições operacionais e específicas impostas
à Barragem B5;

Para a condição operacional, a barragem encontra-se com excelentes níveis de


segurança, indicados por fatores de segurança sensivelmente acima dos mínimos
prescritos (FS = 1,80). Tal fato pode ser associado à excepcional capacidade de
rebaixamento da superfície freática, face à presença do tapete drenante, e
também devido a boa drenabilidade dos rejeitos utilizados para a construção dos
alteamentos (underflow com permeabilidade da ordem de 10-3 cm/s);

Variantes dos procedimentos operacionais da barragem, desde que não sejam


excessivos, não interferem substancialmente na sua estabilidade global. Assim,
eventuais elevações do N.A., variações na compactação dos rejeitos ou variações
do processo de disposição (como o freqüente espigotamento de rejeitos grossos
na praia da barragem) podem ser controlados sem grandes riscos.

195
Maior porção Mínimo fator
Densidade Mínimo fator
Seção da Situação de Cota do da superfície de segurança
Cota de crista Relativa do de segurança
barragem análise reservatório potencial de obtido na
underflow (%) aceitável
Ruptura análise

CENTRAL 943,50 Operacional 941,53 50% Fundação 1,80 1,50


CENTRAL Ruptura local Operacional Talude atual 20% Alteamento 1,79 1,50
atual
B – centro/later. 943,50 Operacional 941,53 50% Fundação 2,12 1,50
D – lateral 943,50 Operacional 941,53 50% Fundação 1,61 1,50
1,73
CENTRAL Colmatação do tapete drenante 941,53 50% Fundação 1,58 1,50

1,43

CENTRAL Variação do N.A. do reservatório 939 50% Fundação 1,81 1,50


943 50% Fundação 1,78 1,50
CENTRAL Ausência de ciclonagem 941,53 50% Fundação 1,78 1,50
Variação na compacidade relativa 941,53 20% Fundação 1,67 1,50
CENTRAL 941,53 50% Fundação 1,75 1,50
do aterro
941,53 80% Fundação 1,80 1,50
CENTRAL Final de operação / Cota 950 948 50% Aterro 1,79 1,50
CENTRAL Final de operação / Cota 965 963 50% Aterro 1,69 1,50
Tabela 8.2 – Síntese dos principais resultados das análises (operacionais e críticas) de estabilidade realizadas para o talude de jusante da barragem de rejeitos B5.

196
Entretanto, é importante destacar que esta condição favorável não significa
desconsiderar as premissas que devem reger o controle e o acompanhamento de
uma obra deste porte; com efeito, as análises de estabilidade demonstraram que,
para condições operacionais indesejadas (como a elevação do N.A.) associadas a
determinadas condições críticas da barragem, como por exemplo, a colmatação
do sistema de drenagem interna, a barragem pode ser seriamente comprometida
em sua segurança global;

As atividades atuais de operação da barragem atendem plenamente todos os


requisitos de segurança. Desta forma, o processo de compactação utilizado
permite que sejam mantidas densidades relativas que, apesar de abaixo daqueles
valores prescritos internacionalmente para estruturas desta natureza (acima de
60%), remetem a bons níveis de segurança, não sendo necessárias alterações
significativas da realidade atual;

A barragem apresentou também fatores de segurança aceitáveis e conservativos


contra rupturas localizadas, principalmente no talude utilizado para estoque de
underflow (situação mais crítica), evidenciando a probabilidade remota de
rupturas desta natureza para condições operacionais;

A instrumentação, embora reduzida, mostrou-se adequada aos procedimentos de


controle e aos objetivos propostos. Os instrumentos foram instalados de modo a
se avaliar o N.A. do reservatório a montante das estruturas drenantes da
barragem, como os septos de ombreira e o tapete principal, bem como avaliar a
eficiência das estruturas drenantes no rebaixamento da superfície freática
(medidores localizados nas zonas de jusante da barragem). Os registros indicam
que os instrumentos permanecem secos, sem a presença da superfície freática na
região de jusante da barragem;

Atenção especial deve ser dispensada à barragem por ocasião de eventos


chuvosos, devido às condições de fluxo das águas pluviais. Com efeito, tem-se
observado que, nestas ocasiões, diversos caminhos preferenciais de fluxo que
podem gerar erosões no talude de jusante; as bermas da barragem devem
também ser melhor conformadas para evitar o acúmulo das águas pluviais;

197
Apesar dos bons resultados obtidos nas análises de percolação implementadas
para a barragem, um tratamento utilizando um software 3D, como o SEEP 3D,
por exemplo, permitiria uma maior representatividade do estudo das condições
de fluxo interno na Barragem B5, principalmente ao longo das seções laterais,
constituídas por septos drenantes.

8.3 CONTRIBUIÇÕES PRÁTICAS DA PESQUISA

Nos últimos anos, após inúmeros acidentes causados por rupturas de barragens e pilhas
de rejeitos, desde instabilizações localizadas até a ruptura global de estruturas de grande
porte (casos recentes das minerações Rio Verde e Cataguases, por exemplo), o processo
de disposição de resíduos de mineração tem sido objeto de novas legislações e intensas
fiscalizações dos órgãos ambientais, exigindo das empresas mineradoras a adoção de
políticas concretas de controle dos impactos da atividade mineradora sobre o meio
ambiente (Pereira, 2005).

Nesse contexto, o trabalho desenvolvido nesta pesquisa, na medida em que sugere uma
rotina de avaliação de segurança mais elaborada (e menos empírica) para barragens
construídas com rejeitos, embasada na caracterização tecnológica dos resíduos e na
previsão de riscos por meio de simulações numéricas, vem contribuir para a prática da
geotecnia aplicada à mineração na adoção de projetos cada vez mais eficazes e
confiáveis, envolvendo rejeitos de mineração.

Nesse sentido, torna-se importante alinhavar algumas contribuições práticas do trabalho


que remetem a uma operação da barragem em estudo de maneira mais confiável e
segura. Estes aspectos são apresentados a seguir, relacionando os principais benefícios
práticos advindos desta pesquisa em função das etapas realizadas no trabalho.

• Através da completa e consistente caracterização tecnológica dos rejeitos de


fosfato depositados e utilizados na confecção da barragem B5 foi possível:

o Conhecer as propriedades de permeabilidade e resistência dos rejeitos


depositados atualmente em função da compacidade, propriedades estas

198
fundamentais quando se deseja avaliar as condições de fluxo e,
conseqüentemente, as condições de estabilidade da barragem;

o Conhecer as características mineralógicas e granuloquímicas dos rejeitos


estocados, permitindo a proposição de relações entre tais características e
o comportamento geotécnico dos materiais (por exemplo, correlações
entre frações granulométricas e gradientes de permeabilidade do rejeito),
com impacto direto, inclusive, na otimização de processos de tratamento
dos minérios e retomada futura da exploração comercial de antigos
rejeitos;

o Conhecer qualitativamente e quantitativamente as características de


compacidade dos rejeitos, permitindo um maior controle geotécnico dos
alteamentos da barragem

o Avaliar o grau de eficiência do processo de ciclonagem e a influência das


variáveis deposicionais, de maneira a implementar uma maior controle
construtivo durante a estocagem e alteamentos da barragem.

• Conhecendo-se os fatores de segurança operacionais e para condições


específicas/críticas da barragem foi possível:

o Quantificar o grau de segurança relativo à geometria da barragem, para


as condições que prevalecem na sua rotina operacional;

o Avaliar a influência das condições ambientais e de operação atual com


aquelas prescritas durante a fase de projeto da barragem, permitindo
avaliar e quantificar o desempenho atual da barragem, bem como avaliar
determinadas perspectivas de risco potencial;

o avaliar os efeitos do fluxo nos registros da instrumentação instalada na


barragem, bem como as variações correspondentes a diferentes níveis de
controle da barragem, permitindo ainda a avaliação da segurança da
barragem para diferentes condições do NA do reservatório e a fixação de
critérios práticos para a adoção de intervenções emergenciais;

199
o Avaliar as condições de fluxo interno em função das diferentes extensões
da praia de rejeitos e a influência deste aspecto na segurança global do
empreendimento, permitindo a avaliação adicional da segurança da
barragem em eventos atípicos, de maneira expedita e rápida,
independente de análises mais complexas e demoradas;

o Prever o comportamento da barragem B5 diante de certas circunstâncias


específicas de operação ou críticas, aferindo-se os riscos associados e,
conseqüentemente, permitindo a adoção de planos de contingência e
planos de ação emergenciais (P.A.E.) cada vez mais efetivos.

Enfim, conhecendo-se em detalhe a concepção e as premissas de projeto da barragem de


rejeitos B5, sua instrumentação, as características dos rejeitos depositados e utilizados
nos alteamentos e, principalmente, seu comportamento geotécnico global, torna-se
possível estabelecer uma formulação de um ‘modelo científico’ de abordagem, controle
e monitoramento de sistemas de disposição de rejeitos, com uma efetiva redução dos
riscos inerentes e facilitando o controle operacional da estrutura..

Embasados nos objetivos gerais propostos e nos resultados obtidos nesta dissertação de
mestrado, reitera-se a necessidade que os projetos envolvendo barragens de rejeitos de
mineração sejam cada vez mais norteados pela sistemática proposta neste trabalho e que
pode ser resumida da seguinte forma: “Conhecer para poder analisar, Analisar para
poder prever, Prever para poder evitar e Evitar para poder Preservar”.

8.4 SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS

Com relação à caracterização tecnológica dos materiais, nesta dissertação realizou-se


varias análises baseadas nas características granulométricas e mineralógicas, visando
conhecer o comportamento geotécnico do rejeito de fosfato, ainda pouco estudado. No
contexto destas análises, alguns aspectos não foram ou não puderam ser melhor
esclarecidos, até por não se enquadrarem ao escopo ou ao cronograma do trabalho.
Desta forma, são sugeridas algumas pesquisas futuras para dar complementação aos
estudos realizados neste trabalho:

200
o Ampliar a utilização das técnicas descritas neste trabalho, em especial as
correlações de Gibbs & Holtz e o permeâmetro de Guelph, em outros
tipos de barragens de rejeitos, de maneira a tornar esses procedimentos
uma rotina na investigação geotécnica de estruturas de rejeitos de
mineração

o Avaliar rejeitos de fosfato provenientes de outras minerações com


diferentes processos de lavra e beneficiamento, avaliando seu grau de
heterogeneidade mineralógica e granulométrica e suas implicações no
seu comportamento geotécnico das estruturas de contenção;

o Comparar os resultados dos ensaios obtidos com rejeitos de fosfato com


resultados similares obtidos para outros rejeitos (ferro, ouro, bauxita,
etc), visando a criação de um banco de dados acerca das características
específicas dos rejeitos de mineração;

o Ampliar os estudos relacionados às características de resistência ao


cisalhamento do rejeito de fosfato estudado, de maneira a compreender
melhor a influência específica das tensões confinantes;

o Pesquisar a influência específica sobre os parâmetros de resistência de


rejeitos de fosfato por meio de amostragem direta nas estruturas de
contenção e em simuladores de deposição hidráulica (flume), sob
diferentes condições de preparação (amostras reconstituídas) e saturação
dos corpos de prova;

o Executar uma maior diversidade de ensaios com o permeâmetro de


Guelph em rejeitos de mineração, utilizando procedimentos adicionais
com diferentes alturas de cargas hidráulicas ;

o Executar análises de percolação 3-D da Barragem B5, particularmente


nas zonas dos septos drenantes, visando uma melhor representatividade
dos modelos de fluxo e de suas interferências na análise da estabilidade
global da barragem.

201
Com relação à avaliação de segurança realizada nesta dissertação, sugere-se como
pesquisa futura a adoção da metodologia aqui proposta para outras barragens de rejeitos,
de maneira a se criar e padronizar uma rotina de análises destas estruturas baseada na
previsão de riscos. Adicionalmente, sugere-se que as novas pesquisas incorporem ainda
simulações numéricas para eventos específicos/críticos não avaliados no presente caso,
como a ocorrência de chuvas muito intensas ou de eventos sísmicos, por exemplo.

202
0REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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massa específica. NBR 6508. Associação Brasileira de Normas Técnicas, São Paulo.

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Normas Técnicas, São Paulo, 13 p.

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emprego do frasco de areia. NBR 7185. Associação Brasileira de Normas Técnicas, São
Paulo, SP, 13 p.

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MB 3324. Associação Brasileira de Normas Técnicas, São Paulo, 6 p.

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MB 3384. Associação Brasileira de Normas Técnicas, São Paulo, 14 p.

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beneficiamento, em barramento, em mineração. NBR13028, Associação Brasileira de
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210
ANEXO 1

RESULTADOS DAS ANÁLISES DE PERCOLAÇÃO

252
PZ 315
950
N.A. - 941,53
Topo 945,152
945 15/12/2005
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935
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910

COTA
905
900
895
890 1.4557e-004

885
880
875

Figura 1.1 – Seção central calibrada (anisotropia de 8) com os coef. de permeabilidade de campo da seção 2. Condição operacional da barragem.

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890
1.6910e-004

885
880
875

Figura 1.2 –Seção central (anisotropia de 8) com os dados de coef. de permeabilidade de campo da seção 1. Condição crítica, sem segregação hidráulica.

253
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905
900
895
890
1.1060e-004

885
880
875

Figura 1.3 – Seção central calibrada (anisotropia de 11) com os coef. de permeabilidade de campo da seção 2. Condição operacional da barragem.

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900
895
890
885
880
875

Figura 1.4 –Seção central (anisotropia de 11) com os dados de coef. de permeabilidade de campo da seção 1. Condição crítica, sem segregação hidráulica.

254
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875

Figura 1.5 –Superfície freática para a seção central com o reservatório na cota 940,51 e praia com 93 metros; regime permanente.

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885
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875

Figura 1.6 –Superfície freática para a seção central com o reservatório na cota 940,88 e praia com 66 metros; regime permanente.

255
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Figura 1.7 –Superfície freática para a seção central com o reservatório na cota 941,27 e praia com 49 metros; regime permanente.

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Figura 1.8 –Superfície freática para a seção central com o reservatório na cota 941,57 e praia com 32 metros; regime permanente.

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Figura 1.9 –Superfície freática para a seção central com o reservatório na cota 942,02 e praia com 17 metros; regime permanente.

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900
895
890
885
880
875

Figura 1.10 –Superfície freática para a seção central com o reservatório na cota 942,91 e praia com 0 metros; regime permanente.

257
APÊNDICE A

PLANILHAS PARA DETERMINAÇÃO DA


COMPACIDADE RELATIVA E ÂNGULO DE ATRITO
EFETIVO “IN SITU” A PARTIR DE ENSAIOS SPT VIA
CORRELAÇÕES DE GIBBS & HOLTZ (1957) E DE
MELLO (1971).

211
Planilha para determinação de propriedades geotécnicas "in Situ" via Correlações de Gibbs & Holtz e De Mello
FURO: INA 303 Topo 939,567 ÍNDICES FÍSICOS DE LABORATÓRIO
SEÇÃO: S- 01 Densidade dos Graõs Parâmetros de compacidade Máximo e Mínimo
N.A. 921,56 - 18 m Data: 20/08/04 Gs = 3,42 emáx = 1,61 emín = 0,89

Cota Profundidade (m) Nspt N60 σ´z Dr (%) φ´ e infer. γd inferido Classificação - NBR – 7.520/82

938,567 1,0 8 8,80 17 66 40,79 1,13 1,60 Pouco compacto


937,567 2,0 7 7,70 34 57 37,69 1,20 1,55 Pouco compacto
936,567 3,0 7 7,70 51 53 36,48 1,23 1,53 Pouco compacto
935,567 4,0 8 8,80 68 53 36,49 1,23 1,53 Pouco compacto
934,567 5,0 4 4,40 85 35 32,03 1,36 1,45 Fofo
933,567 6,0 4 4,40 102 33 31,63 1,37 1,44 Fofo
932,567 7,0 5 5,50 119 36 32,13 1,35 1,45 Pouco compacto
931,567 8,0 9 9,90 136 46 34,59 1,28 1,50 Compacto
930,567 9,0 10 11,00 153 46 34,75 1,28 1,50 Compacto
929,567 10,0 10 11,00 170 45 34,31 1,29 1,49 Compacto
928,567 11,0 14 15,40 187 51 36,02 1,24 1,53 Compacto
927,567 12,0 9 9,90 204 40 33,07 1,32 1,47 Compacto
926,567 13,0 9 9,90 221 38 32,79 1,33 1,47 Compacto
925,567 14,0 9 9,90 238 37 32,54 1,34 1,46 Compacto
924,567 15,0 8 8,80 255 34 31,84 1,36 1,45 Pouco compacto
923,567 16,0 29 31,90 272 64 39,86 1,15 1,59 Compacto
922,567 17,0 25 27,50 289 58 37,96 1,19 1,56 Compacto
921,567 18,0 25 27,50 306 56 37,56 1,20 1,55 Compacto
920,567 19,0 27 29,70 323 57 37,84 1,20 1,56 Compacto
919,567 20,0 14 15,40 330 41 33,38 1,32 1,48 Medianamente compacto
918,567 21,0 14 15,40 337 41 33,29 1,32 1,48 Medianamente compacto
917,567 22,0 17 18,70 344 44 34,23 1,29 1,49 Medianamente compacto
916,567 23,0 7 7,70 351 28 30,52 1,41 1,42 Pouco compacto
915,670 23,9 6 6,60 358 26 30,05 1,42 1,41 Pouco compacto
e méd = 1,28 n méd = 0,56 γs = 17 kN/m2
Dr med = 45,25 φ med = 34,66 γd med = 1,50 g/cm3

Tabela A.1 – Planilha para determinação de propriedades geotécnicas “in situ” (Dr, φ, e, d) para o instrumento INA 303.

212
Planilha para determinação de propriedades geotécnicas "in Situ" via Correlações de Gibbs & Holtz e De Mello
FURO: INA 304 Topo 931,91 ÍNDICES FÍSICOS DE LABORATÓRIO
SEÇÃO: S- 01 Densidade dos Graõs Parâmetros de compacidade Máximo e Mínimo
N.A. Seco Data: 26/08/04 Gs = 3,42 emáx = 1,61 emín = 0,89

Cota Profundidade (m) Nspt N60 σ´z Dr (%) φ´ e infer. γd inferido Classificação - NBR – 7.520/82

930,910 1,0 2 2,20 17 33,24 31,59 1,37 1,44 Fofo


929,910 2,0 3 3,30 34 37,22 32,50 1,34 1,46 Fofo
928,910 3,0 2 2,20 51 28,17 30,51 1,41 1,42 Fofo
927,910 4,0 5 5,50 68 41,69 33,56 1,31 1,48 Pouco Compacto
926,910 5,0 5 5,50 85 39,33 32,99 1,33 1,47 Pouco Compacto
925,910 6,0 4 4,40 102 33,39 31,63 1,37 1,44 Fofo
924,910 7,0 5 5,50 119 35,61 32,13 1,35 1,45 Pouco Compacto
923,910 8,0 7 7,70 136 40,36 33,24 1,32 1,47 Pouco Compacto
922,910 9,0 5 5,50 153 32,78 31,49 1,37 1,44 Pouco Compacto
921,910 10,0 7 7,70 170 37,38 32,53 1,34 1,46 Pouco Compacto
920,910 11,0 6 6,60 187 33,44 31,64 1,37 1,44 Pouco Compacto
919,910 12,0 8 8,80 204 37,40 32,54 1,34 1,46 Pouco Compacto
918,910 13,0 9 9,90 221 38,49 32,79 1,33 1,47 Medianamente compacto
917,910 14,0 12 13,20 238 43,20 33,94 1,30 1,49 Medianamente compacto
916,910 15,0 11 12,10 255 40,26 33,22 1,32 1,47 Medianamente compacto
915,910 16,0 11 12,10 272 39,25 32,97 1,33 1,47 Medianamente compacto
914,910 17,0 11 12,10 289 38,30 32,75 1,33 1,47 Medianamente compacto
913,910 18,0 9 9,90 306 33,85 31,73 1,37 1,45 Medianamente compacto
912,910 19,0 8 8,80 323 31,22 31,15 1,39 1,43 Medianamente compacto
911,910 20,0 9 9,90 340 32,42 31,41 1,38 1,44 Medianamente compacto
911,460 20,4 12 13,20 347,65 37,09 32,47 1,34 1,46 Medianamente compacto
e méd = 1,35 n méd = 0,57 γs = 17 kN/m2
Dr med = 36,39 φ med = 32,32 γd med = 1,46 g/cm3

Tabela A.2 – Planilha para determinação de propriedades geotécnicas “in situ” (Dr, φ, e, d) para o instrumento INA 304.

213
Planilha para determinação de propriedades geotécnicas "in Situ" via Correlações de Gibbs & Holtz e De Mello
FURO: PZ 305 Topo 921,325 ÍNDICES FÍSICOS DE LABORATÓRIO
SEÇÃO: S- 01 Densidade dos Graõs Parâmetros de compacidade Máximo e Mínimo
N.A. Seco Data: 26/08/04 Gs = 3,42 emáx = 1,61 emín = 0,89

Cota Profundidade (m) Nspt N60 σ´z Dr (%) φ´ e infer. γd inferido Classificação - NBR – 7.520/82

920,325 1,0 7 7,70 17 62 39,36 1,16 1,58 Pouco compacto


919,325 2,0 6 6,60 34 53 36,46 1,23 1,53 Pouco compacto
918,325 3,0 3 3,30 51 34 31,87 1,36 1,45 Fofo
917,325 4,0 2 2,20 68 26 30,14 1,42 1,41 Fofo
916,325 5,0 2 2,20 85 25 29,84 1,43 1,41 Fofo
915,325 6,0 2 2,20 102 24 29,59 1,44 1,40 Fofo
914,325 7,0 3 3,30 119 28 30,39 1,41 1,42 Fofo
913,325 8,0 2 2,20 136 22 29,19 1,45 1,39 Fofo
912,325 9,0 6 6,60 153 36 32,19 1,35 1,45 Pouco compacto
911,325 10,0 7 7,70 170 37 32,53 1,34 1,46 Pouco compacto
910,325 11,0 7 7,70 187 36 32,24 1,35 1,46 Pouco compacto
909,325 12,0 13 14,30 204 48 35,09 1,27 1,51 Medianamente Compacto
908,325 13,0 11 12,10 221 43 33,78 1,30 1,48 Medianamente Compacto
907,325 14,0 6 6,60 238 31 31,01 1,39 1,43 Pouco compacto
906,325 15,0 11 12,10 255 40 33,22 1,32 1,47 Medianamente Compacto
905,325 16,0 7 7,70 272 31 31,17 1,38 1,43 Pouco compacto
904,325 17,0 14 15,40 289 43 33,94 1,30 1,49 Medianamente Compacto
903,325 18,0 11 12,10 306 37 32,54 1,34 1,46 Medianamente Compacto
902,230 19,1 7 7,70 324,615 29 30,71 1,40 1,42 Pouco compacto
e méd = 1,35 n méd = 0,57 γs = 17 kN/m2
Dr med = 36,05 φ med = 32,38 γd med = 1,46 g/cm3

Tabela A.3 – Planilha para determinação de propriedades geotécnicas “in situ” (Dr, φ, e, d) para o instrumento PZ 305.

214
Planilha para determinação de propriedades geotécnicas "in Situ" via Correlações de Gibbs & Holtz e De Mello
FURO: INA 306 Topo 921,39 ÍNDICES FÍSICOS DE LABORATÓRIO
SEÇÃO: S- 01 Densidade dos Graõs Parâmetros de compacidade Máximo e Mínimo
N.A. Seco Data: 26/08/04 Gs = 3,42 emáx = 1,61 emín = 0,89

Cota Profundidade (m) Nspt N60 σ´z Dr (%) φ´ e infer. γd inferido Classificação - NBR – 7.520/82

920,390 1,0 5 5,50 17 53 36,44 1,23 1,53 Pouco compacto


919,390 2,0 2 2,20 34 30 30,98 1,39 1,43 Fofo
918,390 3,0 4 4,40 51 40 33,11 1,32 1,47 Fofo
917,390 4,0 2 2,20 68 26 30,14 1,42 1,41 Fofo
916,390 5,0 2 2,20 85 25 29,84 1,43 1,41 Fofo
915,390 6,0 2 2,20 102 24 29,59 1,44 1,40 Fofo
914,390 7,0 3 3,30 119 28 30,39 1,41 1,42 Fofo
913,390 8,0 2 2,20 136 22 29,19 1,45 1,39 Fofo
912,390 9,0 6 6,60 153 36 32,19 1,35 1,45 Pouco compacto
911,390 10,0 6 6,60 170 35 31,90 1,36 1,45 Pouco compacto
910,390 11,0 15 16,50 187 53 36,53 1,23 1,53 Medianamente compacto
909,390 12,0 13 14,30 204 48 35,09 1,27 1,51 Medianamente compacto
908,390 13,0 29 31,90 221 69 41,70 1,11 1,62 Compacto
907,390 14,0 7 7,70 238 33 31,54 1,37 1,44 Pouco compacto
906,390 15,0 18 19,80 255 52 36,14 1,24 1,53 Medianamente compacto
905,390 16,0 6 6,60 272 29 30,68 1,40 1,42 Pouco compacto
904,390 17,0 7 7,70 289 31 31,01 1,39 1,43 Pouco compacto
903,940 17,4 9 9,90 296,65 34 31,83 1,36 1,45 Pouco compacto
e méd = 1,34 n méd = 0,57 γs = 17 kN/m2
Dr med = 36,96 φ med = 32,68 γd med = 1,46 g/cm3

Tabela A.4 – Planilha para determinação de propriedades geotécnicas “in situ” (Dr, φ, e, d) para o instrumento INA 306.

215
Planilha para determinação de propriedades geotécnicas "in Situ" via Correlações de Gibbs & Holtz e De Mello
FURO: INA 307 Topo 941,17 ÍNDICES FÍSICOS DE LABORATÓRIO
SEÇÃO: S- 01 Densidade dos Graõs Parâmetros de compacidade Máximo e Mínimo
N.A. 931,87 Data: 19/08/04 Gs = 3,42 emáx = 1,61 emín = 0,89

Cota Profundidade (m) Nspt N60 σ´z Dr (%) φ´ e infer. γd inferido Classificação - NBR – 7.520/82

940,170 1,0 3 3,30 17 41 33,33 1,32 1,48 Fofo


939,170 2,0 4 4,40 34 43 33,88 1,30 1,49 Fofo
938,170 3,0 3 3,30 51 34 31,87 1,36 1,45 Fofo
937,170 4,0 5 5,50 68 42 33,56 1,31 1,48 Pouco compacto
936,170 5,0 9 9,90 85 53 36,50 1,23 1,53 Pouco compacto
935,170 6,0 5 5,50 102 37 32,52 1,34 1,46 Pouco compacto
934,170 7,0 4 4,40 119 32 31,29 1,38 1,44 Fofo
933,170 8,0 8 8,80 136 43 33,92 1,30 1,49 Pouco compacto
932,170 9,0 7 7,70 153 39 32,86 1,33 1,47 Pouco compacto
931,170 10,0 14 15,40 170 53 36,53 1,23 1,53 Medianamente compacto
930,170 11,0 7 7,70 187 36 32,24 1,35 1,46 Pouco compacto
929,170 12,0 6 6,60 204 32 31,41 1,38 1,44 Pouco compacto
928,170 13,0 7 7,70 221 34 31,75 1,37 1,45 Pouco compacto
927,170 14,0 10 11,00 238 39 33,02 1,33 1,47 Medianamente compacto
926,170 15,0 7 7,70 255 32 31,35 1,38 1,44 Pouco compacto
925,170 16,0 7 7,70 272 31 31,17 1,38 1,43 Pouco compacto
924,170 17,0 7 7,70 289 31 31,01 1,39 1,43 Pouco compacto
923,170 18,0 9 9,90 306 34 31,73 1,37 1,45 Medianamente compacto
922,170 19,0 12 13,20 323 38 32,73 1,33 1,46 Medianamente compacto
921,170 20,0 16 17,60 340 43 33,95 1,30 1,49 Medianamente compacto
920,170 21,0 18 19,80 347 45 34,51 1,28 1,50 Medianamente compacto
919,170 22,0 10 11,00 354 34 31,67 1,37 1,44 Medianamente compacto
918,170 23,0 7 7,70 361 28 30,45 1,41 1,42 Pouco compacto
917,170 24,0 9 9,90 368 31 31,18 1,38 1,43 Medianamente compacto
916,170 25,0 7 7,70 375 27 30,36 1,41 1,42 Pouco compacto
915,170 26,0 6 6,60 382 25 29,91 1,43 1,41 Pouco compacto
914,170 27,0 12 13,20 389 35 32,07 1,36 1,45 Medianamente compacto
913,700 27,5 9 9,90 396 30 30,98 1,39 1,43 Pouco compacto
e méd = 1,35 n méd = 0,57 γs = 17 kN/m2
Dr med = 36,59 φ med = 32,42 γd med = 1,46 g/cm3

Tabela A.5 – Planilha para determinação de propriedades geotécnicas “in situ” (Dr, φ, e, d) para o instrumento INA 307.

216
Planilha para determinação de propriedades geotécnicas "in Situ" via Correlações de Gibbs & Holtz e De Mello
FURO: INA 308 Topo 930,956 ÍNDICES FÍSICOS DE LABORATÓRIO
SEÇÃO: S- 01 Densidade dos Graõs Parâmetros de compacidade Máximo e Mínimo
N.A. seco Data: 30/08/04 Gs = 3,42 emáx = 1,61 emín = 0,89

Cota Profundidade (m) Nspt N60 σ´z Dr (%) φ´ e infer. γd inferido Classificação - NBR – 7.520/82

929,956 1,0 6 6,60 17 58 37,91 1,20 1,56 Pouco compacto


928,956 2,0 5 5,50 34 48 35,20 1,26 1,51 Pouco compacto
927,956 3,0 7 7,70 51 53 36,48 1,23 1,53 Pouco compacto
926,956 4,0 8 8,80 68 53 36,49 1,23 1,53 Pouco compacto
925,956 5,0 12 13,20 85 61 38,96 1,17 1,58 Medianamente compacto
924,956 6,0 8 8,80 102 47 34,98 1,27 1,51 Pouco compacto
923,956 7,0 5 5,50 119 36 32,13 1,35 1,45 Pouco compacto
922,956 8,0 5 5,50 136 34 31,79 1,36 1,45 Pouco compacto
921,956 9,0 10 11,00 153 46 34,75 1,28 1,50 Medianamente compacto
920,956 10,0 18 19,80 170 60 38,64 1,18 1,57 Medianamente compacto
919,956 11,0 10 11,00 187 43 33,93 1,30 1,49 Medianamente compacto
918,956 12,0 15 16,50 204 51 36,06 1,24 1,53 Medianamente compacto
917,956 13,0 16 17,60 221 51 36,09 1,24 1,53 Medianamente compacto
916,956 14,0 17 18,70 238 51 36,12 1,24 1,53 Medianamente compacto
915,956 15,0 10 11,00 255 38 32,77 1,33 1,47 Medianamente compacto
914,956 16,0 12 13,20 272 41 33,39 1,31 1,48 Medianamente compacto
913,956 17,0 14 15,40 289 43 33,94 1,30 1,49 Medianamente compacto
912,956 18,0 12 13,20 306 39 32,94 1,33 1,47 Medianamente compacto
911,956 19,0 17 18,70 323 46 34,53 1,28 1,50 Medianamente compacto
910,956 20,0 16 17,60 340 43 33,95 1,30 1,49 Medianamente compacto
909,956 21,0 19 20,90 357 46 34,69 1,28 1,50 Medianamente compacto
908,956 22,0 17 18,70 374 43 33,84 1,30 1,49 Medianamente compacto
907,956 23,0 16 17,60 391 41 33,34 1,32 1,48 Medianamente compacto
906,956 24,0 20 22,00 408 45 34,33 1,29 1,49 Medianamente compacto
906,510 24,4 17 18,70 415,582 41 33,38 1,32 1,48 Medianamente compacto
e méd = 1,28 n méd = 0,56 γs = 17 kN/m2
Dr med = 46,33 φ med = 34,82 γd med = 1,50 g/cm3

Tabela A.6 – Planilha para determinação de propriedades geotécnicas “in situ” (Dr, φ, e, d) para o instrumento INA 308.

217
Planilha para determinação de propriedades geotécnicas "in Situ" via Correlações de Gibbs & Holtz e De Mello
FURO: PZ 309 Topo 919,856 ÍNDICES FÍSICOS DE LABORATÓRIO
SEÇÃO: S- 01 Densidade dos Graõs Parâmetros de compacidade Máximo e Mínimo
N.A. seco Data: 23/08/04 Gs = 3,42 emáx = 1,61 emín = 0,89

Cota Profundidade (m) Nspt N60 σ´z Dr (%) φ´ e infer. γd inferido Classificação - NBR – 7.520/82

918,856 1,0 12 13,20 17 81 46,50 1,02 1,69 Medianamente compacto


917,856 2,0 2 2,20 34 30 30,98 1,39 1,43 Fofo
916,856 3,0 2 2,20 51 28 30,51 1,41 1,42 Fofo
915,856 4,0 2 2,20 68 26 30,14 1,42 1,41 Fofo
914,856 5,0 4 4,40 85 35 32,03 1,36 1,45 Fofo
913,856 6,0 3 3,30 102 29 30,67 1,40 1,42 Fofo
912,856 7,0 5 5,50 119 36 32,13 1,35 1,45 Fofo
911,856 8,0 4 4,40 136 31 31,00 1,39 1,43 Fofo
910,856 9,0 17 18,70 153 60 38,80 1,17 1,57 Medianamente compacto
909,856 10,0 9 9,90 170 42 33,74 1,30 1,48 Pouco compacto
908,856 11,0 7 7,70 187 36 32,24 1,35 1,46 Pouco compacto
907,856 12,0 7 7,70 204 35 31,98 1,36 1,45 Pouco compacto
906,856 13,0 10 11,00 221 41 33,29 1,32 1,48 Medianamente compacto
905,856 14,0 12 13,20 238 43 33,94 1,30 1,49 Medianamente compacto
904,856 15,0 14 15,40 255 45 34,50 1,28 1,50 Medianamente compacto
904,260 15,6 16 17,60 265,132 48 35,13 1,27 1,51 Medianamente compacto
e méd = 1,32 n méd = 0,57 γs = 17 kN/m2
Dr med = 40,47 φ med = 33,60 γd med = 1,48 g/cm3

Tabela A.7 – Planilha para determinação de propriedades geotécnicas “in situ” (Dr, φ, e, d) para o instrumento PZ 309.

218
Planilha para determinação de propriedades geotécnicas "in Situ" via Correlações de Gibbs & Holtz e De Mello
FURO: INA 310 Topo 919,849 ÍNDICES FÍSICOS DE LABORATÓRIO
SEÇÃO: S- 01 Densidade dos Graõs Parâmetros de compacidade Máximo e Mínimo
N.A. seco Data: 23/08/04 Gs = 3,42 emáx = 1,61 emín = 0,89

Cota Profundidade (m) Nspt N60 σ´z Dr (%) φ´ e infer. γd inferido Classificação - NBR – 7.520/82

918,849 1,0 7 7,70 17 62 39,36 1,16 1,58 Pouco compacto


917,849 2,0 2 2,20 34 30 30,98 1,39 1,43 Fofo
916,849 3,0 2 2,20 51 28 30,51 1,41 1,42 Fofo
915,849 4,0 2 2,20 68 26 30,14 1,42 1,41 Fofo
914,849 5,0 2 2,20 85 25 29,84 1,43 1,41 Fofo
913,849 6,0 2 2,20 102 24 29,59 1,44 1,40 Fofo
912,849 7,0 2 2,20 119 23 29,38 1,45 1,40 Fofo
911,849 8,0 2 2,20 136 22 29,19 1,45 1,39 Fofo
910,849 9,0 14 15,40 153 55 37,10 1,22 1,54 Medianamente Compacto
909,849 10,0 6 6,60 170 35 31,90 1,36 1,45 Pouco compacto
908,849 11,0 4 4,40 187 27 30,33 1,41 1,42 Fofo
907,849 12,0 4 4,40 204 26 30,15 1,42 1,41 Fofo
907,150 12,7 4 4,40 215,883 26 30,04 1,42 1,41 Fofo
e méd = 1,38 n méd = 0,58 γs = 17 kN/m2
Dr med = 31,45 φ med = 31,42 γd med = 1,44 g/cm3

Tabela A.8 – Planilha para determinação de propriedades geotécnicas “in situ” (Dr, φ, e, d) para o instrumento INA 310.

219
APÊNDICE B

GRÁFICOS REPRESENTATIVOS DA VARIAÇÃO DO


ÂNGULO DE ATRITO EFETIVO E DA DENSIDADE
RELATIVA COM A PROFUNDIADE PARA OS ENSAIOS
SPT REALIZADOS

220
Seção S1 - INA 304
Topo = 931.91 (08/2004)
932 932

928 928

924 924
Cota (m)

920 920

916 916

912 912

908 908

28 32 36 40 44 30 31 32 33 34
Densidade Relativa (%) Ângulo de Atrito Efetivo (graus)

Seção S1 - PZ 305
Topo = 921.325 (08/2004)
924 924

920 920

916 916
Cota (m)

912 912

908 908

904 904

900 900

20 30 40 50 60 70 28 32 36 40
Densidade Relativa (%) Ângulo de atrito efetivo (Graus)

221
Seção S1 - INA 306
Topo = 921.39 (08/2004)
924 924

920 920

916 916
Cota (m)

912 912

908 908

904 904

900 900

20 30 40 50 60 70 28 32 36 40 44
Densidade Relativa (%) Ângulo de Atrito Efetivo (graus)

Seção S2 - INA 307


Topo = 941.17 (08/2004)
950 950

940 940
Cota (m)

930 930

N.A.
920 920

910 910

20 30 40 50 60 28 30 32 34 36 38
Densidade Relativa (%) Ângulo de Atrito Efetivo (graus)

222
Seção S2 - INA 308
Topo = 930.956 (08/2004)
930 930

925 925

920 920
Cota (m)

915 915

910 910

905 905

30 40 50 60 70 30 32 34 36 38 40
Densidade Relativa (%) Ângulo de Atrito Efetivo (graus)

Seção S2 - PZ 309
Topo = 919.856 (08/2004)
920 920

916 916
Cota (m)

912 912

908 908

904 904

20 40 60 80 100 28 32 36 40 44 48
Densidade Relativa (%) Ângulo de Atrito Efetivo (graus)

223
Seção S2 - INA 310
Topo = 919.849 (08/2004)
920 920

916 916
Cota (m)

912 912

908 908

904 904

20 30 40 50 60 70 28 32 36 40
Densidade Relativa (%) Ângulo de Atrito Efetivo (graus)

Seção S1 - INA 303


Topo = 939.567 (08/2004)
940 940

935 935

930 930
Cota (m)

925 925

920 N.A. 920

915 915

20 30 40 50 60 70 28 32 36 40 44
Densidade Relativa (%) Ângulo de Atrito Efetivo (Graus)

224
APÊNDICE C

GRÁFICOS VELOCIDADE DE PERCOLAÇÃO VERSUS


GRADIENTE HIDRÁULICO PARA DETERMINAÇÃO DO
COEFICIENTE D EPERMEABILIDADE SATURADO VIA
ENSAIOS DE CARGA CONSTANTE.

225
Praia - Amostra S1-F2 (20%)
2,50E-03
y = 2,49E-03x
2
2,00E-03 R = 9,95E-01
Veloocidade (cm/s)

1,50E-03

1,00E-03

5,00E-04

0,00E+00
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90
Gradiente

Figura C.1 – Curva velocidade de percolação versus gradiente hidráulico para a amostra S1-F2
moldada com 20% de densidade relativa.

Praia - Amostra S1-F6 (20%)


2,00E-03
1,80E-03 y = 2,01E-03x
2
1,60E-03 R = 9,91E-01
Velocidade (cm/s)

1,40E-03
1,20E-03
1,00E-03
8,00E-04
6,00E-04
4,00E-04
2,00E-04
0,00E+00
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00
Gradiente

Figura C.2 – Curva velocidade de percolação versus gradiente hidráulico para a amostra S1-F6
moldada com 20% de densidade relativa.

226
Praia - Amostra S1-F6 (60%)
9,00E-04
8,00E-04 y = 8,67E-04x
2
R = 9,95E-01
7,00E-04
Velocidade (cm/s)

6,00E-04
5,00E-04
4,00E-04
3,00E-04
2,00E-04
1,00E-04
0,00E+00
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00
Gradiente

Figura C.3 – Curva velocidade de percolação versus gradiente hidráulico para a amostra S1-F6
moldada com 60% de densidade relativa.

Praia - Amostra S2-F1 (20%)


3,00E-03
y = 3,89E-03x
2
2,50E-03 R = 9,95E-01
Velocidade (cm/s)

2,00E-03

1,50E-03

1,00E-03

5,00E-04

0,00E+00
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80
Gradiente

Figura C.4 – Curva velocidade de percolação versus gradiente hidráulico para a amostra S2-F1
moldada com 20% de densidade relativa.

227
Praia - Amostra S2-F3 (20%)
1,20E-03
y = 1,46E-03x
2
1,00E-03 R = 9,97E-01
Velocidade (cm/s)

8,00E-04

6,00E-04

4,00E-04

2,00E-04

0,00E+00
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90
Gradiente

Figura C.5 – Curva velocidade de percolação versus gradiente hidráulico para a amostra S2-F3
moldada com 20% de densidade relativa.

Praia - Amostra S2-F5 (20%)


5,00E-04
y = 5,23E-04x
4,50E-04 2
R = 9,95E-01
4,00E-04
Velocidade (cm/s)

3,50E-04
3,00E-04
2,50E-04
2,00E-04
1,50E-04
1,00E-04
5,00E-05
0,00E+00
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00
Gradiente

Figura C.6 – Curva velocidade de percolação versus gradiente hidráulico para a amostra S2-F5
moldada com 20% de densidade relativa.

228
Aterro - Amostra S2-A1 (30%)
1,60E-03
y = 1,67E-03x
1,40E-03 2
R = 9,96E-01
1,20E-03
Velocidade (cm/s)

1,00E-03

8,00E-04

6,00E-04

4,00E-04

2,00E-04

0,00E+00
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00
Gradiente

Figura C.7 – Curva velocidade de percolação versus gradiente hidráulico para a amostra S2-A1
moldada com 30% de densidade relativa.

Aterro - Amostra S2-A1 (60%)


9,00E-04
8,00E-04 y = 9,37E-04x
2
7,00E-04 R = 9,71E-01
Velocidade (cm/s)

6,00E-04
5,00E-04
4,00E-04
3,00E-04
2,00E-04
1,00E-04
0,00E+00
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90
Gradiente

Figura C.8 – Curva velocidade de percolação versus gradiente hidráulico para a amostra S2-A1
moldada com 60% de densidade relativa.

229
Aterro - Amostra S2-A2 (53%)
1,20E-03

1,00E-03
y = 9,59E-04x
Velocidade (cm/s)

2
R = 9,95E-01
8,00E-04

6,00E-04

4,00E-04

2,00E-04

0,00E+00
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20
Gradiente

Figura C.9 – Curva velocidade de percolação versus gradiente hidráulico para a amostra S2-A1
moldada com 53% de densidade relativa.

Aterro - Amostra S2-A2 (75%)


7,00E-04

6,00E-04 y = 7,35E-04x
2
R = 9,96E-01
Velocidade (cm/s)

5,00E-04

4,00E-04

3,00E-04

2,00E-04

1,00E-04

0,00E+00
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90
Gradiente

Figura C.10 – Curva velocidade de percolação versus gradiente hidráulico para a amostra S2-A2
moldada com75% de densidade relativa.

230
Aterro - Amostra S1-U-A1 (30%)
8,00E-03
y = 7,88E-03x
7,00E-03 2
R = 9,96E-01
6,00E-03
Velocidade (cm/s)

5,00E-03

4,00E-03

3,00E-03

2,00E-03

1,00E-03

0,00E+00
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00
Gradiente

Figura C.11 – Curva velocidade de percolação versus gradiente hidráulico para a amostra S1-U-A1
moldada com 30% de densidade relativa.

Aterro - Amostra S1-U-A1 (75%)


1,60E-03

1,40E-03 y = 1,76E-03x
2
R = 9,97E-01
1,20E-03
Velocidade (cm/s)

1,00E-03

8,00E-04

6,00E-04

4,00E-04

2,00E-04

0,00E+00
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90
Gradiente

Figura C.12 – Curva velocidade de percolação versus gradiente hidráulico para a amostra S1-U-A1
moldada com 75% de densidade relativa.

231
Aterro - Amostra S2-U-A2 (30%)
4,00E-03

3,50E-03 y = 4,37E-03x
2
3,00E-03
R = 9,97E-01
Velocidade (cm/s)

2,50E-03

2,00E-03

1,50E-03

1,00E-03

5,00E-04

0,00E+00
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90
Gradiente

Figura C.13 – Curva velocidade de percolação versus gradiente hidráulico para a amostra S2-U-A2
moldada com 30% de densidade relativa.

Aterro - Amostra S2-U-A2 (75%)


1,40E-03

1,20E-03 y = 1,39E-03x
2
R = 9,95E-01
Velocidade (cm/s)

1,00E-03

8,00E-04

6,00E-04

4,00E-04

2,00E-04

0,00E+00
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00
Gradiente

Figura C.14 – Curva velocidade de percolação versus gradiente hidráulico para a amostra S2-U-A2
moldada com 75% de densidade relativa.

232
APÊNDICE D

ENSAIOS DE CISALHAMENTO DIRETO

233
280

260

240

220
TENSÃO CISALHANTE (kPa)

200

180

160
50
140 100
200
120 400
100

80

60

40

20

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22
DESLOCAMENTO (mm)

Figura D.1 – Curva tensão cisalhante (kPa) versus deslocamento horizontal para a amostra S1-U--
A1 moldada com 25% de densidade relativa.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
1,2
1,1
DESLOCAMENTO VERTICAL(mm))

1,0
0,9
0,8
0,7
0,6
0,5
0,4 50 kPa
0,3 100 kPa
0,2
200 kPa
0,1
0,0
400 kPa
-0,1
-0,2
-0,3
-0,4
-0,5
-0,6
-0,7

DESLOCAMENTO HORIZONTAL (mm)

Figura D.2 – Curva deslocamento vertical versus deslocamento horizontal para a amostra S1-U-A1
moldada com 25% de densidade relativa.

234
320

300

280

260

240
TENSÃO CISALHANTE (kPa)

220

200

180 50
160 100
200
140
400
120

100

80

60

40

20

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22
DESLOCAMENTO (mm)

Figura D.3 – Curva tensão cisalhante (kPa) versus deslocamento horizontal para a amostra S1-U-
A1 moldada com 55% de densidade relativa.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
1,2
1,1
DESLOCAMENTO VERTICAL(mm))

1,0
0,9
0,8
0,7
0,6
0,5
0,4 50 kPa
0,3 100 kPa
0,2
200 kPa
0,1
0,0
400 kPa
-0,1
-0,2
-0,3
-0,4
-0,5
-0,6
-0,7

DESLOCAMENTO HORIZONTAL (mm)

Figura D.4 – Curva deslocamento vertical versus deslocamento horizontal para a amostra S1-U-A1
moldada com 55% de densidade relativa.

235
360

340

320

300

280

260
TENSÃO CISALHANTE (kPa)

240

220

200 50
180 100
200
160
400
140

120

100

80

60

40

20

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22
DESLOCAMENTO (mm)

Figura D.5 – Curva tensão cisalhante (kPa) versus deslocamento horizontal para a amostra S1-U-
A1 moldada com 80% de densidade relativa.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
1,2
1,1
DESLOCAMENTO VERTICAL(mm))

1,0
0,9
0,8
0,7
0,6
0,5
0,4 50 kPa
0,3 100 kPa
0,2
200 kPa
0,1
0,0
400 kPa
-0,1
-0,2
-0,3
-0,4
-0,5
-0,6
-0,7

DESLOCAMENTO HORIZONTAL (mm)

Figura D.6 – Curva deslocamento vertical versus deslocamento horizontal para a amostra S1-U-A1
moldada com 80% de densidade relativa.

236
360,0
340,0
320,0
y = 0,8733x - 2,8977
300,0
2
280,0 R = 0,9997
TENSÃO CISALHANTE (kPa)

260,0 y = 0,785x - 5,6028


240,0 2
220,0 R = 0,9968
Dr = 55%
200,0
Dr = 80%
180,0
160,0 y = 0,646x - 10,774
140,0 2
R = 0,9999
120,0
100,0
80,0 Dr = 25%
60,0
40,0
20,0
0,0
0,0 50,0 100,0 150,0 200,0 250,0 300,0 350,0 400,0 450,0

TENSÃO NORMAL (kPa)

Figura D.7 – Envoltórias de ruptura para a amostra S1-U-A1 para densidades relativas de 25, 55 e
80% (Envoltória semlehante foi obtida para a amostra S1-U-A2).

300,0
280,0
260,0
240,0
TENSÃO CISALHANTE (kPa)

220,0
200,0
180,0
160,0
y = 0,7028x - 11,233
2
140,0 R = 0,9996
120,0
100,0
80,0
60,0
40,0
20,0
0,0
0,0 50,0 100,0 150,0 200,0 250,0 300,0 350,0 400,0

TENSÃO NORMAL (kPa)

Figura D.8 – Envoltória de ruptura para a amostra S1-F2, moldada com 30% de densidade
relativa.

237
300,0
280,0
260,0
240,0
TENSÃO CISALHANTE (kPa)

220,0
200,0
180,0
160,0
140,0 y = 0,6361x - 13,952
2
120,0 R = 0,9997
100,0
80,0
60,0
40,0
20,0
0,0
0,0 50,0 100,0 150,0 200,0 250,0 300,0 350,0 400,0 450,0

TENSÃO NORMAL (kPa)

Figura D.9 – Envoltória de ruptura para a amostra S1-F4, moldada com 30% de densidade
relativa.

300,0
280,0
260,0
240,0
TENSÃO CISALHANTE (kPa)

220,0
200,0
180,0
160,0
y = 0,6461x - 13,674
2
140,0 R = 0,9995
120,0
100,0
80,0
60,0
40,0
20,0
0,0
0,0 50,0 100,0 150,0 200,0 250,0 300,0 350,0 400,0 450,0

TENSÃO NORMAL (kPa)

Figura D.10 – Envoltória de ruptura para a amostra S2-F1, moldada com 30% de densidade
relativa.

238
300,0
280,0
260,0
240,0
TENSÃO CISALHANTE (kPa)

220,0
200,0
180,0
160,0 y = 0,7566x - 14,647
2
140,0 R = 0,9987
120,0
100,0
80,0
60,0
40,0
20,0
0,0
0,0 50,0 100,0 150,0 200,0 250,0 300,0 350,0 400,0 450,0

TENSÃO NORMAL (kPa)

Figura D.13 – Envoltória de ruptura para a amostra S2-F3, moldada com 20% de densidade
relativa.

300,0
280,0
260,0
240,0
TENSÃO CISALHANTE (kPa)

220,0
200,0
180,0
160,0
y = 0,7399x - 17,32
2
140,0 R = 0,9924
120,0
100,0
80,0
60,0
40,0
20,0
0,0
0,0 50,0 100,0 150,0 200,0 250,0 300,0 350,0 400,0 450,0

TENSÃO NORMAL (kPa)

Figura D.14 – Envoltória de ruptura para a amostra S2-F5, moldada com 15% de densidade
relativa.

239
APÊNDICE E

ENSAIOS TRIAXIAIS

240
75 kPa 150 kPa 300 kPa

700
650
600
550
Tensão Desviadora (kPa)

500
450
400
350
300
250
200
150
100
50
0
0,0% 2,5% 5,0% 7,5% 10,0% 12,5% 15,0% 17,5% 20,0% 22,5%
Deformação axial

75 kPa 150 kPa 300 kPa


140
130
120
110
Acréscimo de Poropressão (kPa)

100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
-10
-20
-30
0,0% 2,5% 5,0% 7,5% 10,0% 12,5% 15,0% 17,5% 20,0% 22,5%
Deformação axial

Figura E.1 – Curvas de tensão desviadora versus deformação e poropressão versus deformação
para a amostra S1-U-A1 (Dr = 50%)

241
360
330
300
270
240
210
q (kPa)

180
150
120
90
60
30
0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 390 420 450 480 510 540 570
p' (kPa)

Figura E.2 – Trajetórias de tensões efetivas dos ensaios do rejeito S1-U-A1 (Dr = 50%)

360
330 y = 0,6465x + 0,4748
300 R2 = 0,9943
270
240
210
q (kPa)

180
150
120
90
60
30
0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 390 420 450 480 510 540
p' (kPa)

Figura E.3 – Envoltórias lineares em termos de tensões efetivas para a amostra S1-U-A1
(Dr = 50 %)

242
1.100
1.050
1.000
950
900
850
Tensão Desviadora (kPa)

800
750
700
650
600
550
500
450
400
350
300
250
200
150
100
50
0
0,0% 2,5% 5,0% 7,5% 10,0% 12,5% 15,0% 17,5% 20,0% 22,5%
Deformação axial

50 kPa 150 kPa 300 kPa

75

50
Acréscimo de Poropressão (kPa)

25

0
0,0% 2,5% 5,0% 7,5% 10,0% 12,5% 15,0% 17,5% 20,0% 22,5%
-25

-50

-75

-100

-125
Deformação axial

Figura E.4 – Curvas de tensão desviadora versus deformação e poropressão versus deformação
para a amostra S1-U-A1 (Dr = 70%)

243
510
480
450
420
390
360
330
300
q (kPa)

270
240
210
180
150
120
90
60
30
0
60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 390 420 450 480 510 540 570 600 630 660 690 720 750 780
p' (kPa)

Figura E.5 – Trajetórias de tensões efetivas dos ensaios do rejeito S1-U-A1 (Dr = 70%)

510
480 y = 0,6532x - 2,3489
450 2
420 R = 0,9975
390
360
330
300
q (kPa)

270
240
210
180
150
120
90
60
30
0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 390 420 450 480 510 540 570 600 630 660 690 720 750 780
p' (kPa)

Figura E.6 – Envoltórias lineares em termos de tensões efetivas para a amostra S1-U-A1
(Dr = 70 %)

244
800
750
700
650
Tensão Desviadora (kPa)

600
550
500
450
400
350
300
250
200
150
100
50
0
0,0% 2,5% 5,0% 7,5% 10,0% 12,5% 15,0% 17,5% 20,0% 22,5% 25,0%
Deformação axial

75 kPa 150 kPa 300 kPa


200

175
150
Acréscimo de Poropressão (kPa)

125
100

75
50
25

0
-25

-50
-75

-100
0,0% 2,5% 5,0% 7,5% 10,0% 12,5% 15,0% 17,5% 20,0% 22,5% 25,0%
Deformação axial

Figura E.7 – Curvas de tensão desviadora versus deformação e poropressão versus deformação
para a amostra S2-A1 (Dr = 50%)

245
400

350

300

250
q (kPa)

200

150

100

50

0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700
p' (kPa)

Figura E.8 – Trajetórias de tensões efetivas dos ensaios do rejeito S2-A1 (Dr = 50%)

400
y = 0,6217x + 5,1519
350
R2 = 0,9998
300

250
q (kPa)

200

150

100

50

0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650
p' (kPa)

Figura E.9 – Envoltórias lineares em termos de tensões efetivas para a amostra S2-A1
(Dr = 50 %)

246
450

400

350
Tensão Desviadora (kPa)

300

250

200

150

100

50

0
0,0% 2,5% 5,0% 7,5% 10,0% 12,5% 15,0% 17,5% 20,0% 22,5% 25,0% 27,5% 30,0%
Deformação axial

75 kPa 150 kPa 300 kPa


250

225
Acréscimo de Poropressão (kPa)

200

175

150

125

100

75

50

25

0
0,0% 2,5% 5,0% 7,5% 10,0% 12,5% 15,0% 17,5% 20,0% 22,5% 25,0% 27,5% 30,0%
Deformação axial

Figura E.10 – Curvas de tensão desviadora versus deformação e poropressão versus deformação
para a amostra S2-F5 (Dr = 22%)

247
240

210

180

150
q (kPa)

120

90

60

30

0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 390
p' (kPa)

Figura E.11 – Trajetórias de tensões efetivas dos ensaios do rejeito S2-F5 (Dr = 22%)

240 y = 0,5991x + 2,4969


210
R2 = 0,9942

180

150
q (kPa)

120

90

60

30

0
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 390 420 450
p' (kPa)

Figura E.12 – Envoltórias lineares em termos de tensões efetivas para a amostra S2-F5
(Dr = 22 %)

248
APÊNDICE F

IMAGENS MEV

249
Figura 1 – Imagem amostra S1-A1
Amostra do aterro.
Underflow do Hidrociclone.
Observa-se a forte presença de micas e
a considerável angulosidade geral das
partículas.
Maior visualização da fase escura,
indicando uma maior presença de
quartzo e micas (sílica) em detrimento
a materiais ferrosos (fase clara).
Material com maior presença de grãos
de maior diâmetro. Aspecto de um
rejeito mais grosso.

Figura 2 – Imagem amostra S1-F2


Amostra coletada na praia a mais ou
menos 17 metros da crista da barragem.
Overflow do Hidrociclone.
Observa-se a uma menor presença de
micas paralelamente a uma maior
visualização da fase clara, indicando
presença de ferro.
Amostra com forte presença de grãos de
considerável diâmetro. Aspecto de um
rejeito grosso, apesar de alocado na praia
e ser o produto fino do hidrociclone.
Indícios de baixa eficiência, ou mesmo
interferências no processo de ciclonagem.
ou mesmo interferências

Figura 3 – Imagem amostra S1-F6


Amostra coletada bem próximo ao lago
da barragem..
Overflow do Hidrociclone.
Novamente observa-se a fase clara.
Partículas angulares.
Presença de mica e quartzo como os
maiores grãos do rejeito.
Amostra aparentemente composta por
grãos de menor diâmetro que as
anteriores.
Aspecto de um rejeito fino; como se
espera para esta região da barragem –
Segregação granulométrica.
Observação: Para efeitos comparativos todas as imagens estão na mesma escala (35X).

250
Figura 4 – Imagem amostra S2-A1
Amostra do aterro.
Underflow do Hidrociclone.
Presença marcante da fase escura.
Rejeito tipicamente grosso, com presença
marcante de mica e quartzo.
Presença de partículas com maiores diâmetros.

Figura 5 – Imagem amostra S2-F1


Amostra da praia, porém coletada próximo à
crista da barragem.
Overflow do Hidrociclone.
Presença da fase escura, porém com visual
presença de pontos claros, indicando teor de
ferro.
Apesar de ser um rejeito da praia ainda
apresenta-se tipicamente grosso, com presença
marcante de micas.
Amostra concordante com a segregação gran.
Figura 6 – Imagem amostra S2-F3
Amostra da praia, coletada a 30 metros da
crista da barragem.
Overflow do Hidrociclone.
Amostra evidencia mais a fase clara, indicando
maior teor de ferro.
Maior presença de partículas com menores
diâmetros.
Amostra claramente mais fina que as
anteriores, concordando com o processo de
segregação granulométrica.
Figura 7 – Imagem amostra S2-F6
Amostra da praia coletada a 3 metros do lago
da barragem.
Overflow do Hidrociclone.
Amostra semelhante à anterior, entretanto
apresentando-se mais fina.
Preponderância de grãos menores.
Amostra sensivelmente mais fina que aquela
verificada para a mesma distância na seção 1.
Evidencia-se ainda mais a baixa eficiência ou
perturbação da ciclonagem naquela região em
detrimento ao idealizado processo de
segregação observado nesta seção 2

251

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