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Padrões Mínimos de
Atendimento à Criança
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE
MINISTÉRIO DA MULHER E DA ACÇÃO SOCIAL
Agradecimentos especiais vão para os especialistas nas sete áreas de serviço que
deram o seu contributo na definição das acções e actividades bem como para o
Grupo Técnico pelo trabalho abnegado na produção, revisão e finalização deste
documento nomeadamente: Francisca Lucas (MMAS), Anastácia Mula (MMAS),
Inês Bobotela (MMAS), Rute Muchanga (MMAS), Luisa Fumo (URC-CHS), Dionísio
Matos (USAID), Margarida Maurício (USAID), Ana Machaieie (UNICEF), Judas
Massingue (Save The Children), Gina Sitoe (FDC), Ana Rosa Durão (FHI360) e Celso
Mabunda (HACI).
ii
Lista de abreviaturas
ARV Anti-retroviral
US Unidade Sanitária
iii
Índice Página
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................. 1
2. JUSTIFICATIVA............................................................................................... 1
4. ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO....................................................... 2
5.1 SAÚDE......................................................................................................... 4
5.3 EDUCAÇÃO................................................................................................. 9
5.5 HABITAÇÃO............................................................................................... 14
ANEXOS.............................................................................................................. 22
INDICADORES POR ÁREAS DE SERVIÇO........................................................ 22
FICHA DO BENEFICIÁRIO................................................................................. 27
iv
1. INTRODUÇÃO compromisso na implementação dos direitos das crian-
ças, promovendo, desta forma, o seu bem-estar, baseado
no seguinte princípio fundamental: “A Criança em Primeiro
E
stima-se que Moçambique tem cerca de 23.700.715 Lugar”.
habitantes, dos quais aproximadamente 13.200.000
Para fazer face a este compromisso, o governo, nos
são crianças com idades compreendidas entre 0-19
últimos anos, tem promovido várias reflexões a nível
anos,1 representando quase a metade da população total.
multissectorial, tendo em vista assegurar a qualidade
Entretanto, vários estudos desenvolvidos no âmbito do mínima nos serviços prestados em prol das crianças, os
HIV e SIDA têm indicado que a pandemia está a afectar quais recomendam a necessidade de se estabelecerem
significativamente a vida das crianças, existindo milhares Padrões Mínimos de Atendimento à Criança (PMAC), que
delas infectadas pelo vírus ou que já padecem do SIDA, vão permitir a monitoria das acções e, sobretudo, a me-
como resultado da transmissão vertical ou de outras for- lhoria da qualidade das respostas dadas aos problemas
mas de transmissão da doença de mães para filhos. Para das crianças, das famílias e das comunidades.
além destas, os estudos apontam ainda situações de
Os padrões mínimos contemplam as seguintes áreas de
muitas crianças órfãs, cujos pais perderam as vidas víti-
serviços: Saúde, Alimentação e Nutrição, Educação,
mas do SIDA, e em consequência disso, algumas vêem-
Protecção e Apoio Legal, Habitação, Apoio
se na contingência de assumir a responsabilidade dos
Psicossocial e Fortalecimento Económico, e foram
agregados familiares, cuidando dos seus irmãos mais no-
elaborados de forma participativa, envolvendo instituições
vos e/ou de outros familiares doentes, o que é agravado
do Governo com acções concretas na área da criança,
pelo facto de, as comunidades, ao invés de lhes prestar o
ONG’s internacionais e nacionais que actuam nesta área,
devido apoio, discriminarem-nas por estas condições.
incluindo a própria criança.
A Constituição da República de Moçambique,
de forma inequívoca, defende que a protecção
da criança pela família, sociedade e pelo próprio
Estado, tendo em vista o seu desenvolvimento
integral e o acesso aos cuidados necessários para 2. JUSTIFICATIVA
o seu bem-estar, a expressão da sua opinião, a
E
participação nos assuntos que lhes dizem respeito,
m 2009, dos 1,8 milhões de órfãos, 510 mil eram
em função da sua idade e maturidade, é um direito
consequência do HIV e SIDA (UN, 2011). A vul-
que lhe assiste. Para o efeito, o governo moçam-
nerabilidade leva as crianças ao desamparo e a
bicano tem estado a garantir que o acesso à edu-
viverem em instituições de acolhimento, sendo que em
cação básica, à água e saneamento, aos cuidados
2012, cerca de 15,000 crianças viviam em 155 infantários
de saúde materno-infantil, à medicina preventiva,
e centros de acolhimento no país. De igual modo, esta
à protecção e ao lazer, integrem as principais
situação contribui para que as crianças estejam expostas
prioridades do País como forma de assegurar o
à situações que as colocam em conflito com a Lei.
cumprimento dos direitos da criança.
Neste sentido, e devido ao crescente número de crianças
Contudo, apesar dos progressos alcançados, tanto na
afectadas pelo HIV e SIDA, os esforços para prestar servi-
comunidade como na família, ainda prevalecem algu-
ços em prol das crianças órfãs e vulneráveis (COV’S) têm
mas práticas que impedem o pleno gozo dos direitos da
se expandido rapidamente nos últimos anos. Contudo,
criança, dentre elas a violência, o tráfico, os abusos, os
por vezes, verifica-se que os mesmos têm focalizado a
casamentos prematuros, os tabus, dentre outras.
questão da cobertura geográfica das actividades, em
Neste contexto, com o segundo Plano Nacional de detrimento da qualidade dos resultados alcançados, não
Acção para Criança (PNAC II) para o período 2013-2019, sendo evidente, muitas vezes, que os serviços prestados
o Governo de Moçambique pretende reiterar o seu são eficazes, eficientes e equitativos.
1
A nível da SADC, foi elaborado o Pacote Mínimo de
Serviços, com vista a promover a prestação de serviços
4. ESTRATÉGIAS DE
de qualidade às crianças, encorajando a harmonização IMPLEMENTAÇÃO
da entrega de serviços de qualidade para os Órfãos,
e outras Crianças e Jovens Vulneráveis na região. Este
E
instrumento identifica as necessidades básicas das ste documento será utilizado por todos os inter-
crianças e jovens, os serviços que eles necessitam assim venientes que prestam assistência às crianças
como os serviços complementares necessários para a (Gestores e coordenadores de programas, provedo-
disponibilização de serviços básicos, por um lado. Por res de serviços, voluntários, membros da comunidade e
outro lado, identifica os sectores e actores primários e beneficiários) na planificação, monitoria e avaliação, com
secundários envolvidos nas possíveis respostas, bem vista a melhorar a prestação de serviços para as crian-
como os procedimentos a tomar para que tais respostas ças no seio das suas famílias e comunidades de forma
cheguem aos necessitados de maneira coordenada, holística. Todos os actores-chave envolvidos na prestação
colaborativa, holística e abrangente. de serviços e apoios às Crianças devem garantir que os
usuários dos PMAC a todos os níveis (nacional, provincial,
Neste contexto, a definição dos padrões mínimos de distrital até o local) sejam capacitados de modo a garantir-
atendimento à criança constitui um passo importante se que os resultados sejam os almejados.
para a melhoria da programação de actividades visando
o bem-estar das COV’s, assim como para a melho- O empoderamento das comunidades para mobilizar e
ria da qualidade dos serviços, na medida em que são utilizar os recursos localmente existentes ajudará a asse-
reflectidas evidências das boas práticas desenvolvidas gurar que elas tenham o apoio necessário para assumir
localmente. a responsabilidade de atender às necessidades das
Crianças, permitindo a apropriação e sustentabilidade dos
Entende-se que pelo facto de os PMAC resultarem serviços por parte delas.
do consenso entre as partes interessadas e os vários
parceiros de implementação, aliado à definição clara dos A implementação dos PMAC deverá melhorar a articu-
resultados que se pretendem alcançar por cada área de lação e integração dos programas de forma a facilitar as
serviço, serão um mecanismo apropriado para o alcance ligações e referências com outros serviços para fechar as
dos objectivos para quais foram estabelecidos. lacunas que possam ser identificadas, devendo basear-se
nas diferentes estruturas ou mecanismos de coordenação
existentes nesses níveis. É fundamental que haja uma
integração de serviços em sectores fundamentais como a
3.OBJECTIVOS DOS PADRÕES educação, saúde, justiça entre outros, para a complemen-
taridade das acções, assim como a ampliação do alcance
MÍNIMOS DE ATENDIMENTO da prestação de serviços.
À CRIANÇA Uma vez feita a integração, o esforço deve ser no senti-
do de ver os agentes dos sectores acima mencionados
aplicar os padrões, melhorando a qualidade dos serviços
• Melhorar a assistência das crianças em todos os
prestados em benefício das crianças órfãs e vulneráveis.
domínios;
• Assegurar que as intervenções dos vários actores Paralelamente às estratégias acima traçadas, o inves-
no apoio às Crianças Vulneráveis tenham qualidade timento na sensibilização dos principais intervenientes
e permitam uma base de comparabilidade das e dos beneficiários dos PMAC sobre a importância do
mesmas; documento, advocando para a sua integração no de-
senho e planificação de programas para crianças será
• Garantir o bem-estar das crianças nas suas
indispensável.
comunidades; e
• Permitir a Monitoria e Avaliação das acções
desenvolvidas em benefício das crianças.
2
5. PADRÕES MÍNIMOS POR ARÉAS DE SERVIÇO
O
s Padrões Mínimos de Atendimento às Crianças (PMAC) podem ser amplamente definidos como intervenções
que abordam a necessidade de melhorar a saúde, bem-estar e desenvolvimento da criança, abrangendo as
seguintes áreas de serviço:
• Saúde;
• Alimentação e Nutrição;
• Educação;
• Protecção e apoio legal;
• Habitação;
• Apoio psicossocial; e
• Fortalecimento económico.
Dimensões de Qualidade
P
ara que os serviços prestados em benefício das crianças em situação de vulnerabilidade sejam tidos como de
qualidade, os intervenientes devem respeitar e ter em conta as dimensões de qualidade que fornecem orienta-
ções sobre que acções essenciais e em que etapas específicas devem ser levadas a cabo pelos provedores de
serviços, para assegurar a existência duma abordagem sistemática e efectiva de prestação de serviços às crianças,
conforme a descrição abaixo:
Segurança É o grau da minimização do risco mais relacionado com os cuidados para que não haja dano.
Desempenho É o grau em que as tarefas são levadas a cabo de acordo com os padrões e da prática
técnico profissional recente.
3
5.1 Saúde
Definição:
É um estado de completo bem-estar físico, social, emocional e espiritual do indivíduo e não
apenas a ausência de doenças.
Resultado esperado:
Criança com acesso aos cuidados de saúde adequados (preventivos e curativos) sempre que
necessário, de modo que cresça e se mantenha saudável.
Objectivos estratégicos:
• Assegurar que a criança não tenha sinais e sintomas de doenças (saudáveis)
• Garantir que a criança complete todas vacinas de acordo com a faixa etária (imunizadas)
• Promover o acesso atempado da criança aos serviços de saúde primários, incluindo as com
necessidades especiais.
2. Promoção da educação 1. Sensibilização das famílias e das comunidades para o uso dos serviços de
para prevenção de saúde existentes;
doenças 2. Capacitação dos Líderes Comunitários e Activistas em matérias de
prevenção de doenças mais frequentes (diarreias, malária, desnutrição, etc.);
3. Capacitação de voluntários comunitários e implementadores de programas
sobre as boas práticas de saúde para as crianças (imunização, nutrição,
prevenção da malária, TB, diarreias e reconhecer sinais de infecção pelo
HIV);
4. Capacitação dos Comités de Liderança Comunitária em matérias de Saúde e
Direitos das crianças;
5. Realização de palestras e debates de sensibilização sobre a prevenção do
ITS, HIV e SIDA, saúde sexual e reprodutiva;
6. Educação de pares: Sensibilização e promoção de debates com os
adolescentes (10 a 18 anos) sobre saúde sexual e reprodutiva, ITS, HIV
e SIDA;
7. Criação de mecanismos que incentivem o diálogo entre pais e filhos sobre
aspectos ligados ao sexo e sexualidade;
8. Avaliação e monitoria da saúde das crianças;
9. Identificação das necessidades das crianças;
continua
4
Acções Essenciais Actividades
3. Promoção do saneamento 1. Sensibilização das comunidades para realizarem limpeza nos quintais e
do meio e do acesso controlarem o lixo e charcos de água;
à água potável para a 2. Sensibilização das famílias e das crianças sobre a importância da higiene
higiene pessoal e colectiva pessoal e colectiva;
3. Realização de palestras sobre educação sanitária;
4. Promoção do hábito de construção, uso adequado e conservação de
latrinas;
5. Criação de incentivos e apoios na abertura de poços, furos e outras formas
de abastecimento de água potável nas escolas e comunidades;
6. Capacitação das famílias/comunidades em técnicas de captação, tratamento
e conservação da água para o consumo, incluindo a das chuvas;
7. Distribuição de purificadores de água como filtros, certeza, e transmissão de
outras técnicas de purificação da água;
8. Empoderamento dos comités de gestão local para conservação e
sustentabilidade do mesmo (furos, poços fontenárias etc.)
• Sensibilização das comunidades sobre os factores culturais que impedem o acesso aos
cuidados de saúde;
Acesso • Fortalecimento de serviços comunitários de base;
• Eliminação de barreiras no atendimento aos pacientes, através da sensibilização do pessoal
da saúde sobre o atendimento humanizado;
continua
5
Relação • Os cuidados de saúde são prestados com dignidade e respeito;
compassiva • Encarregados e provedores de serviços devem criar ambiente de conforto para a criança;
Adequabilidade • Os serviços são relevantes e baseados nas necessidades (na base de um diagnóstico);
Definição:
O alimento e a água são condições essenciais para a manutenção da vida. Sem alimento, em quantidade e
qualidades adequadas, elevam-se os riscos de desenvolvimento de doenças no nosso organismo.
Factores como preferências, hábitos alimentares e culturais, custos e disponibilidade dos alimentos afectam
o consumo alimentar do indivíduo.
Alimentação é o conjunto de todos os nutrientes de que nos servimos e que visam promover o crescimento
e produzir energia necessária para as diversas funções do nosso organismo.
Nutrição é o processo pelo qual os alimentos são utilizados pelo nosso corpo.
Os nutrientes são substâncias que, estando presentes nos alimentos, são utilizados pelo organismo para
cumprirem diferentes tarefas, nomeadamente, dar energia, construir e proteger o nosso corpo contra as
doenças, etc. Os nutrientes são: proteínas, carbohidratos, gorduras, vitaminas e minerais.
Resultado esperado:
Criança com acesso regular e disponibilidade permanente de alimentação equilibrada (Nutritiva) e apropriada
para a sua idade e necessidades nutricionais
Objectivos estratégicos:
Segurança alimentar:
Garantir o acesso contínuo e permanente aos alimentos de qualidade e quantidade suficiente para a criança
manter-se activa e saudável.
Nutrição e crescimento:
Assegurar que a criança tenha acesso à nutrição adequada de modo a ter um desenvolvimento integral.
6
Acções Essenciais Actividades
1. Promoção da Educação 1. Sensibilização das famílias/comunidades sobre a prevenção da malnutrição,
Nutricional em particular nas crianças com necessidades específicas (utilização de
papas enriquecidas preparadas com alimentos disponíveis localmente);
2. Sensibilização para o aleitamento materno exclusivo até aos 6 meses e a
continuação do aleitamento MISTO até aos 2 anos de idade;
3. Sensibilização para a introdução da alimentação complementar a partir dos 6
meses;
4. Realização de acções de promoção do uso de alimentos ricos em vitaminas
e proteínas disponíveis localmente, na alimentação das crianças;
5. Capacitação das famílias para a identificação de sinais de malnutrição e
referência aos serviços de saúde para os casos de malnutrição aguda;
6. Capacitação das famílias para interpretação dos cartões de crescimento da
criança menor de 5 anos de idade;
2. Produção e conservação 1. Mobilização das comunidades para a prática de hortas caseiras, machambas
de alimentos familiares, comunitárias e escolares;
2. Capacitação das famílias/comunidades em técnicas de produção agrícola
e processamento de produtos alimentares, com o acompanhamento de um
extensionista sempre que possível (machambas comunitárias);
3. Criação de mecanismos de incentivo para a produção em quantidades
suficientes para consumo, excedente e facilitar a comercialização, preparação
e conservação de alimentos frescos e confeccionados;
4. Facilitação do acesso das famílias aos insumos agrícolas;
5. Capacitação das famílias e comunidade na preparação, utilização de
sistemas de captação de água para a irrigação;
6. Sensibilização para a prática do fomento pecuário para o consumo e
comercialização;
4. Criação de condições para 1. Advocacia para que as escolas e comunidades façam abertura de furos de
o acesso à água potável água e tenham outras formas de acesso à água;
2. Capacitação das famílias/comunidades em técnicas de tratamento e
conservação de água para o consumo;
3. Sensibilização das comunidades sobre a importância da conservação da
água e definição de técnicas de tratamento; e
4. Distribuição de purificadores de água como filtros, certeza, e outras técnicas.
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Características de qualidade para Alimentação e Nutrição
• Encorajar o aleitamento materno exclusivo pelo menos até aos 6 meses de vida;
Acesso • Promover práticas alimentares complementares (papas enriquecidas);
• Encorajar o uso de alimentos disponíveis localmente;
Desempenho • Desenvolver as capacidades relativas aos aspectos nutricionais nos provedores de serviços;
técnico • Inovar e aprender das boas práticas; e
• Monitoria contínua do estado nutricional.
Participação • Facilitar a participação activa das crianças e famílias nos processos de tomada de decisão.
8
5.3 EDUCAÇÃO
Definição:
Processo de transmissão de conhecimentos e habilidades com vista ao desenvolvimento da personalidade
da criança para a sua melhor integração social na comunidade, garantido que ela possa participar do seu
desenvolvimento.
Resultado esperado:
Criança com acesso à educação de qualidade (pré-escolar, básica, vocacional, ensino técnico profissional),
habilitando-a a explorar todo o seu potencial e a tornar-se num cidadão auto-suficiente.
Objectivos estratégico:
Promover o acesso e retenção da criança à educação de qualidade, com frequência regular, elevado
aproveitamento e conclusão do nível.
continua
9
Acções Essenciais Actividades
3. Promoção do 1. Criação e promoção de escolinhas comunitárias para que as crianças
envolvimento da família e tenham acesso à educação pré-escolar;
da comunidade nos vários 2. Fortalecimento das famílias e da comunidade para o processo de
níveis da Educação acompanhamento escolar das crianças;
3. Mobilização e sensibilização das famílias e das comunidades para
participarem activamente na vida escolar das crianças;
• Capacitar os professores em técnicas de ensino adequadas a cada faixa etária e com base
Desempenho nas características e necessidades específicas de cada criança;
técnico • Mobilizar recursos locais para melhorar a qualidade de ensino e aprendizagem;
• Incentivar a ligação escola-comunidade;
continua
10
• Respeitar a individualidade de cada criança, baseando-se nas suas especificidades e
potencialidades;
• Identificar pessoas, na comunidade, que possam explicar as matérias escolares às crianças e
Relação ajudá-las na realização dos deveres de casa;
compassiva
• Promover iniciativas de abordagens metodológicas que incentivem a interacção entre o
professor e o aluno e vice-versa;
• Incentivar a autonomia e auto confiança nas crianças;
Definição:
Protecção – é um conjunto de acções que visam assegurar o equilíbrio físico, psíquico e emocional da
criança.
Apoio Legal – Todo e qualquer serviço que visa garantir a cidadania da criança, com vista a facilitar-lhe
o acesso aos serviços básicos.
Resultado esperado:
Criança livre de todas as formas de violência, com acesso aos serviços básicos e participando
efectivamente na vida cultural, social, económica e política da sua comunidade.
Objectivos estratégicos:
Assegurar que as crianças e famílias tenham conhecimento sobre a protecção da Criança e dos
procedimentos a tomar em caso de violação dos seus direitos;
Promover o acesso aos serviços de protecção para a criança e famílias necessitadas e em risco.
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Acções Essenciais Actividades
1. Facilitação do acesso à 1. Sensibilização das famílias e das comunidades para o registo de nascimento
identificação civil e outros e a aquisição de outros documentos relevantes;
documentos 2. Desenvolvimento de acções articuladas com as entidades competentes para
permitir que as crianças tenham acesso aos documentos de identificação;
3. Facilitação do acesso ao apoio legal para a escritura do Testamento;
2. Divulgação das leis, 1. Capacitação de todos os intervenientes na divulgação das Leis, Políticas e
políticas e serviços de serviços para que desempenhem fielmente o seu papel;
assistência legal 2. Disseminação de Leis, Políticas e outros instrumentos de protecção à
criança;
3. Divulgação dos serviços e mecanismos de assistência legal às famílias e
comunidades;
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Característica de qualidade para Protecção e Apoio Legal
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5.5 HABITAÇÃO
Definição:
Local adequado, duradoiro, seguro e arejado para viver com a família.
Resultado esperado:
Todas as crianças com uma habitação condigna, condições sanitárias e seus direitos assegurados.
Objectivos estratégicos:
Promover o acesso da criança à uma habitação adequada, protegida e com os seus direitos assegurados; e
Promover o acesso a condições sanitárias para higiene pessoal, evitando a exposição às várias doenças.
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Características de qualidade para Habitação
• Garantir que o espaço seja adequado para cada criança, tendo em conta a sua idade e o
Adequabilidade
género;
• Envolver todos os actores sociais relevantes (líderes comunitários, cuidadores, famílias, etc.),
Participação
incluindo a própria criança no desenho, construção e manutenção das casas.
• Criar capacidades para garantir que, a todos os níveis, haja habitação sólida, regularizada e
Sustentabilidade
com manutenção e conservação adequadas.
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5.6 APOIO PSICOSSOCIAL
Definição:
O termo psicossocial enfatiza o relacionamento dinâmico entre os efeitos (aspectos) psicológicos, que são
as emoções, sentimentos e pensamentos de um indivíduo, com os aspectos sociais do mesmo, neste caso,
comportamento e interacção com os outros.
Nestes termos, pode deduzir-se, a partir do conceito acima, que uma mudança social, por exemplo, a morte de um
cuidador ou estigma, discriminação ou isolamento, pode provocar uma mudança nos sentimentos, pensamentos dessa
pessoa, afectando o seu comportamento e as suas relações com os outros e vice-versa.
Resultado esperado:
Criança resiliente e feliz que mostra um desenvolvimento integral: que interage e participa cooperativamente no ambiente
familiar e comunitário, manifestando a sua individualidade, crítica e criatividade.
Objectivos estratégicos:
• Garantir que a criança interaja/socializa-se com os familiares, amigos e comunidade de forma positiva/saudável;
• Garantir que a criança tenha capacidades de lidar com os desafios inevitáveis da vida;
continua
16
Acções Essenciais Actividades
2. Fortalecimento 1. Sensibilização e capacitação dos membros dos CCPC e comunidades,
das famílias e das incluindo grupos de pares, para providenciarem cuidados e apoio
comunidades para psicossocial às crianças
proverem o suporte 2. Orientação e treinamento das famílias/cuidadores para identificarem e
emocional para o trabalharem nos seguintes aspectos inerentes à criança:
desenvolvimento da
Perda/resiliência, estágios de desenvolvimento, sinais de depressão,
criança
trauma, habilidades de comunicação (escuta activa, empatia, tomada de
decisão);
3. Criação de clubes infantis direccionados à edificação da resiliência e
competências sociais ou processos de aconselhamento individual ou em
grupo acerca dos problemas emocionais, sociais, psicológicos e espirituais
encarados pelas crianças. Exemplo: abuso físico, sexual, emocional, estigma
e discriminação (dar importância ao colectivismo).
4. Estabelecimento e fortalecimento de mecanismos comunitários de apoio à
criança com necessidades especiais; e
5. Identificação de crianças com necessidades e estabelecimento de sistemas
de referência para receberem a assistência necessária.
continua
17
• Os voluntários prestam serviços suficientes e de acordo com as necessidades de cada
criança/família;
Eficiência
• Utilização de mecanismos de referência para aconselhamento pelos profissionais; e
• Crianças integradas na família e respectiva comunidade (a criança não deve sentir-se isolada).
• Todas as crianças, sem discriminação da sua condição social, beneficiam-se dos serviços, de
forma a evitar o estigma e discriminação;
Relação
• O aconselhamento deve ser realizado com respeito e confidencialidade, dignidade e
compassiva
tolerância; e
• Todas as crianças expressam seus sentimentos sem receio de repreensão.
18
5.7 FORTALECIMENTO ECONÓMICO
Definição:
É uma estratégia que visa criar disponibilidade de recursos para assegurar a sustentabilidade das famílias
de modo a facilitar o acesso das crianças aos serviços básicos.
Resultado esperado:
Famílias com recursos permanentes para assegurarem a satisfação das necessidades básicas das suas
crianças.
Objectivos estratégicos:
Assegurar que as famílias tenham capacidade de responder às necessidades básicas das crianças e de
toda a família.
Garantir que as crianças tenham alimentação adequada, vestuário, habitação e capacidade financeira para
o pagamento de serviços básicos tais como Educação e Saúde.
2. Potenciação das Famílias 1. Definição de critérios de identificação das famílias elegíveis para participarem
para a implementação de nas actividades de fortalecimento económico, de acordo com as suas
acções de fortalecimento necessidades;
económico 2. Capacitação das famílias, lideranças e comités comunitários em análise de
mercados, planificação e gestão de pequenos negócios;
3. Capacitação das famílias na identificação de actividades que a elas se
adaptam, tomando em consideração a sua experiência, talento, interesses
objectivos e as necessidades do mercado;
4. Capacitação de famílias sobre gestão da economia doméstica; e
5. Facilitação da obtenção de licenças e todos os procedimentos para a
legalização das actividades produtivas;
3. Facilitação do acesso aos 1. Facilitação da ligação entre as famílias e os micro-bancos para acederem aos
serviços financeiros por diversos serviços financeiros disponíveis, de acordo com as necessidades;
parte das famílias 2. Promoção do treinamento profissionalizante para as crianças; e
3. Capacitação e facilitação da ligação dos grupos comunitários com o governo
para acederem aos fundos de desenvolvimento distrital.
continua
19
Acções Essenciais Actividades
4. Implementação 1. Criação de parcerias com o Sector Privado para a identificação de potenciais
de actividades de áreas para o desenvolvimento da força de trabalho para suprir a demanda;
desenvolvimento da 2. Criação de parcerias com instituições vocacionadas à formação
força de trabalho nas profissionalizante; e
comunidades
3. Promoção do treinamento profissionalizante para as crianças maiores de
15 anos e cuidadores, de acordo com as necessidades do mercado de
emprego.
• Serviços de micro crédito e poupança comunitária estão disponíveis para todos, com ênfase
para as famílias mais vulneráveis;
Acesso • Empréstimos/créditos são oferecidos com uma taxa de juros moderada ou baixa;
• Habilidades vocacionais e instrumentos para iniciar as actividades são providos às crianças
maiores de 15 anos e seus cuidadores.
20
• Habilidades e tipos de iniciativas de geração de renda devem ser determinados pelos
beneficiários, com o apoio de técnico local;
Adequabilidade
• Actividades estão alinhadas às tecnologias de trabalho existentes;
• Sensibilidade para com os valores e crenças tradicionais da comunidade;
A
monitoria regular da qualidade é uma forma A monitoria de qualidade deve ser feita nos diferentes
eficaz de assegurar que os diferentes intervenien- níveis, destacando-se o papel das comunidades, uma vez
tes estão alcançando os objectivos de prestar que estão mais próximas dos beneficiários; os imple-
serviços de qualidade para as crianças. Será necessário mentadores de programas e gestores, como facilitadores
recolher informação numa base regular para garantir que de muitos dos serviços, também devem ter um papel a
os padrões sejam implementados correctamente e para desempenhar em termos de qualidade de monitória.
fornecer uma base de conhecimento para a avaliação
No entanto, como a melhoria da qualidade é um processo
periódica do programa.
interactivo, a monitoria deve ser realizada regularmente,
O uso de listas de verificação dos padrões (em anexo) de modo a modificar o processo de implementação, caso
por todos os intervenientes envolvidos na monitoria da seja necessário.
qualidade do serviço vai garantir que todos os indica-
Para o efeito, deve ser estabelecida uma agenda con-
dores sejam cobertos, e vai ajudar na documentação
junta para a monitoria das actividades pelos diferentes
compreensiva dos dados sobre a prestação de serviços
intervenientes a vários níveis, com vista a minimização da
a longo prazo. Estas listas ajudarão na realização de uma
sobrecarga dos provedores de serviços.
monitoria organizada, por forma a desenvolver acções
correctivas e que concorram para o alcance dos resulta-
dos desejados.
21
ANEXOS
A. SAÚDE
Acções Essenciais Actividades
Facilitação do acesso aos • Número de serviços de saúde disponíveis na comunidade;
serviços de saúde • Número de activistas de saúde e cuidadores treinados na identificação de
doenças; e
• Número de crianças encaminhadas e assistidas satisfatoriamente.
Promoção da educação para • Número de crianças com acesso aos serviços de saúde;
prevenção de doenças • Número de líderes comunitários e activistas capacitados na prevenção de
doenças;
• Número de crianças referidas e com o devido acompanhamento; e
• Número de palestras realizadas.
B. ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO
Acções Essenciais Actividades
Promoção da Educação • Número de palestras sobre educação nutricional;
Nutricional • Número sessões sobre demonstração culinária e de papas enriquecidas;
• Número de crianças com desnutrição identificadas e referidas às unidades
sanitárias.
Promoção do acesso regular • Número de crianças e famílias que recebem apoio directo.
à alimentação adequada
22
C. EDUCAÇÃO
Acções Essenciais Actividades
Promoção do acesso da criança • Número de crianças com atestado de pobreza;
à educação pré-escolar, básica, • Número de crianças matriculadas
vocacional e técnico profissional
• Número de crianças que transitam de classe;
• Número de escolas construídas com a participação comunitária;
• Número de escolas reabilitadas com a participação comunitária; e
• Número de escolas apetrechadas com a participação comunitária.
D. PROTECÇÃO
Acções Essenciais Actividades
Facilitação do acesso à identificação • Número de crianças com registo de nascimento e outros documentos
civil e outros documentos civis;
• Número de comunicações feitas pelos membros da comunidade
sobre situações de crianças sem documentos de identificação; e
• Número de agregados familiares cuidando de crianças com escrituras
de testamento.
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E. HABITAÇÃO
Acções Essenciais Actividades
Promoção de acções para • Número de agregados familiares cuidando de crianças que receberam apoio
o acesso à habitação em habitação;
de qualidade, segundo • Número de agregados familiares cuidando de crianças que tiveram acesso a
os padrões localmente DUAT;
aceitáveis
• Número de encontros comunitários realizados nos processos de identificação
de locais e materiais adequados para a construção de habitações; e
• Número cuidadores de crianças capacitados para fazer pequenas reparações
para manutenção e conservação da habitação.
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F. APOIO PSICOSSOCIAL
Acções Essenciais Actividades
Prestação do apoio a • Número de visitas com tempo suficiente para auscultar e atender às
emocional e social à criança, preocupações que afectam o bem-estar psicológico, emocional, espiritual e
de acordo com a sua idade e social das crianças realizadas;
necessidades • Número de relacionamentos consistentes e afectivos entre crianças e seus
pares; crianças e membros adultos da família e/ou comunidade;
• Número de crianças que acedem à actividades lúdicas e de
desenvolvimento das suas habilidades;
• Número de actividades que fortifiquem a ligação/ interacção entre a criança
e sua família realizadas; e
• Número de crianças com problemas de ordem psicológica, emocional e
sociais assistidas, referenciadas e atendidas por especialistas.
Fortalecimento das famílias • Número de sessões/formações sobre matérias de APS realizadas para
e das comunidades para famílias e cuidadores;
proverem o suporte emocional • Número de membros familiares e cuidadores comunitários capacitados em
para o desenvolvimento da matéria de APS;
criança
• Número de profissionais capacitados em matéria de APS;
• Número de profissionais que prestam cuidados e apoio psicossocial às
crianças após a sua capacitação;
• Número de grupos de suporte e terapêuticos formados;
• Número de crianças e membros familiares que frequentam grupos de
suporte, terapia e reabilitação; e
• Número de crianças com necessidades de apoio emocional, social e
espirituais identificadas, referenciadas e atendidas satisfatoriamente.
25
G. FORTALECIMENTO ECONÓMICO
Acções Essenciais Actividades
Mapeamento dos potenciais • Número de serviços/instituições/programas financeiros de apoio ao
recursos e oportunidades fortalecimento económico disponíveis na comunidade.
localmente disponíveis
Potenciação das Famílias para • Número de famílias elegíveis para implementar programas de
a implementação de acções de fortalecimento económico;
fortalecimento económico • Número de famílias/lideranças/comités capacitados em matéria de
fortalecimento económico; e
• Número de famílias que implementam actividades de fortalecimento
económico.
Facilitação do acesso das famílias • Número de famílias que acederam aos serviços financeiros disponíveis
aos serviços financeiros localmente; e
• Número de grupos comunitários que acederam aos fundos de
desenvolvimento local.
26
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE
MINISTÉRIO DA MULHER E DA ACÇÃO SOCIAL
FICHA DO BENEFICIÁRIO
1. Nome:
3. Naturalidade:
4.
Província: , Distrito: , Posto Administrativo:
Localidade: , Bairro: , Quarteirão:
6. Agregado familiar
Contacto: Data: / /
27
28
29
30
PLANO DE ACOMPANHAMENTO DA CRIANÇA
MUDANÇAS VERIFICADAS
Primeiros 3meses Depois de 6meses Depois de 9meses Depois de 12meses
Quais são os principais Quais são as necessidades Referência/
Serviço problemas da criança? prioritárias da criança? Apoio Prestado Encaminhamento ..../..../.... a ..../..../.... ..../..../.... a ..../..../.... ..../..../.... a ..../..../.... ..../..../.... a ..../..../....
Saúde
Alimentação e
Nutrição
Educação
Protecção e
Apoio Legal
Habitação
Apoio
Psicossocial
Fortalecimento
Economico
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE
MINISTÉRIO DA MULHER E DA ACÇÃO SOCIAL
Província: , Distrito:
Comunidade
Nome do
Programa/Organização/Associação/CCPC
Período em análise
Data da visita
Objectivo da visita
Comentários gerais/adições dos relatórios (anexar documentos se necessário)
antes da visita
Beneficiários
Feminino Masculino Total
Número de beneficiários
Nota: Por favor avaliar somente os serviços oferecidos pelo parceiro ou programa.
Rever as actas e relatórios de encontros para complementar as respostas em cada uma das áreas de serviço e entrar
em contacto com os beneficiários e os diferentes intervenientes na comunidade.
31
Saúde Sim Não Evidências/Comentários
32
Alimentação e Nutrição Sim Não Evidências/Comentários
33
Educação Sim Não Evidências/Comentários
34
Protecção e Apoio Legal Sim Não Evidências/Comentários
35
Habitação Sim Não Evidências/Comentários
36
Apoio Psicossocial Sim Não Evidências/Comentários
37
Fortalecimento Económico Sim Não Evidências/Comentários
38
Comentários:
Que tipo de ajuda precisaria para prestar um melhor apoio as crianças na sua comunidade?
Comentários de supervisor:
Recomendações:
39
Este trabalho só foi possível com o apoio
da PEPFAR e USAID