Você está na página 1de 15

OS PROFISSIONAIS DE SOUND DESIGNER E A

66
LEGISLAÇÃO DO USO DE ELEMENTOS SONOROS
OS PROFISSIONAIS DE SOUND DESIGNER E A
LEGISLAÇÃO DO USO DE ELEMENTOS SONOROS

Olá estudante, nesta unidade você saberá sobre as funções de um


desenhista de som e sobre os profissionais que atuam no desenho do
som fílmico. Também entenderá como atua a legislação sobre
os direitos de uso e reprodução de produtos sonoros em meios
audiovisuais.

Vamos lá?

67
4.1 Funções do sound designer e profissionais que atuam no desenho do som fílmico

O termo recente “desenho de som” é uma tradução aproximada do inglês sound designer, que se refere a um grupo de
várias atividades relacionadas ao som tecnicamente mais complexo no cinema. As atividades vão desde uma simples
montagem até a criação de efeitos sonoros especiais destinados a transmitir ideias e emoções.

O técnico em design de som (ou desenhista do som) é o profissional que possibilita a música ser gravada e amplificada, algo
essencial para o audiovisual. O desenhista do som é capaz de atuar em uma produção musical: na gravação, na edição, na
mixagem e na masterização de peças musicais. Também pode atuar na amplificação, ou seja, na organização, projeto e
operação de sistemas de amplificação sonora ao vivo. Já no cinema e na TV, o desenhista pode fazer a gravação direta de
som, a pós-produção e a mixagem de produtos audiovisuais. Na publicidade, o desenhista de som atua na gravação e edição
de som para peças de rádio e TV. Por fim, no rádio, o desenhista pode ser operador de gravações e controlar a saída de ar
no estúdio.

A figura do sound designer e do supervisor de edição de som passa a existir a partir de 1970, devido a toda a tecnologia
criada para criação de efeitos especiais para a ampliação do som nas salas de cinema, ou seja, para a valorização do
elemento sonoro.

O som é importante dentro da ação em uma obra audiovisual, por isso é necessário um especialista para lidar com a
criação, a manipulação e a articulação sonora.

Você Sabia?
A primeira vez que o termo “sound design” apareceu nos créditos de um filme foi em Apocalipse Now
(Francis Ford Coppola, 1975). Tal filme marcou uma fase em que o som ganhou uma importância 68
especial no cinema. Desde a década de 1970, houve uma grande evolução sonora e hoje temos
sound design em todo tipo de produção audiovisual.
Vamos, aqui, tentar definir algumas funções do desenhista de som:

• Contribuir com o diretor da obra audiovisual;

• Selecionar os sons que aparecerão no produto final;

• Determinar a origem, tipologia, qualidade, função, autoria e grau de evidência da produção de um som;

• Determinar a qualidade dos ambientes sonoros;

• Classificar um projeto de som original que tenha uma estrutura temporal (cronológica e síncrona) e espacial;

• Preparar uma folha de som, um livro de som e/ou um plano de som para estabelecer o plano de
trabalho a seguir para a materialização do desenho do som;

• Determinar os sons concretos que devem ser obtidos (sons pré-existentes) ou criar (sons originais) para
tornar possível a materialização do desenho do som;

• Obter os efeitos sonoros e músicas pré-existentes necessários para um projeto audiovisual;

• Supervisionar a composição da música original, se necessário.

• Supervisionar a gravação de músicas e sons originais.

• Supervisionar (ou, de preferência, executar ) a edição e a mixagem dos sons brutos;

• Determinar as modificações (edição e mixagem) às quais os sons brutos (obtidos ou gravados) devem ser
submetidos para se adaptarem aos requisitos de desenho do som;
69
• Ir às reuniões com o diretor, a equipe de som, a equipe de edição (montagem, mixagem) para corrigir, ajustar e
atualizar o seu design sonoro de forma a assegurar a integração ideal entre imagem e som, tal como proposto pelo roteirista
e o diretor.
Você já viu que a criação de uma trilha sonora é um processo que está ocorrendo de forma cada vez mais complexa? No
início do cinema sonoro, o som era gravado durante a gravação da imagem, sem que houvesse qualquer possibilidade
de fazer maiores manipulações na trilha sonora. Desde o começo do cinema sonoro até hoje, o som nos filmes busca
sempre uma forma de ser manuseado cada vez mais independe de sua relação com a imagem. A cada nova técnica sonora
criada, um novo número de pessoas envolvidas no desenvolvimento do som tem aumentado. Atualmente, a digitalização,
introduzida em todos os níveis de um trabalho audiovisual, mudou a maneira de entender os processos de desenho do som.

Em cada fase de uma produção audiovisual, há uma ligação do desenhista do som com a obra que está sendo criada. Na pré-
produção, há a fase de análise e planejamento do som; na produção, existe a fase de compilação, criação e gravação dos
materiais sonoros brutos necessários para a obra; já na pós-produção, há a fase de modificação e alteração das matérias-
primas geradas ou coletadas durante a fase de produção, é nesse momento que os elementos sonoros irão se ajustar às
exigências do desenho do som.

Matos (2014, p. 238) nos fornece um perfil que os compositores para filmes podem ter, perfil que também vale para
desenhistas do som no audiovisual. É preciso que o profissional de som tenha obstinação e saiba aliar conhecimento,
sensibilidade, dedicação, capacidade de relacionamento e certa dose de teimosia. É interessante que o profissional tenha
uma vasta rede de relacionamentos dentro e fora do campo de atuação e que seja uma pessoa confiável para a equipe e
para que a obra tenha excelência. Um ótimo profissional de som tem grande senso de curiosidade, é uma pessoa atualizada
com as tecnologias e que entende do universo sonoro desde sua base até um provável futuro do som.

70
Você já viu que a criação de uma trilha sonora é um processo que está ocorrendo de forma cada vez mais complexa?
No Para Tony Berchmans (2012), os desenhistas sonoros usam várias técnicas e uma das mais básicas e fundamentais no
cinema moderno é o foley. Jack Donovan Foley (1891-1967) era um editor de som da Universal Studios, precursor na arte
de regravar o som de passos, gestos e atitudes das pessoas em cena. O objetivo de Jack Foley era incrementar a qualidade
do som das cenas que, muitas vezes, tinha baixa qualidade de áudio. Para Foley, o profissional do som, ao criar um efeito
sonoro, precisava atuar na cena tanto quanto o ator. Um artista de foley precisa entrar no espírito da história da mesma
forma que os atores fizeram, para, então, criar um som que combine com a imagem. Foley tornou-se, graças a Jack, a
técnica de se reproduzir em estúdio todo o som gerado pela atividade física dos personagens, por meio da “mímica” de
seus movimentos.

Curte aí!

Foley é o processo de criar efeitos sonoros ao vivo em um estúdio para combinar com um vídeo
pré-gravado. Uma variedade de adereços é usada para criar efeitos sonoros que não podem ser apropriadamente
capturados no set. Assista a dois artistas de foley dar vida a uma sequência de ação com efeitos sonoros
perfeitamente sincronizados:

Passos, ruídos de roupas, manejo de objetos, quedas e outras ações são imitadas pelos artistas de foley enquanto assistem
à cena e gravam seus sons. Normalmente, trabalham em duplas, um Walker Foley, que executa/cria a função mímica de
manipulação e geração dos sons, e um técnico chamado de Mixer Foley, que capta e registra cuidadosamente o áudio. 71
Segundo Berchmans (2012, p. 176), no cinema contemporâneo, o foley é considerado uma arte especial e, particularmente,
nos Estados Unidos e Europa há uma grande valorização do trabalho criativo e meticuloso desses profissionais.
Em algumas produções audiovisuais, temos uma grande equipe de som:

Filmagem/Produção: temos o técnico de som direto ou diretor de som: é o responsável pela captação dos sons, quem
capta os sons do ambiente de gravação/das locações. É a pessoa que grava os diálogos e os ruídos do local de filmagem,
captando todo o som que for possível para ser usado na pós-produção (caso seja necessário). A função caminha para o lado
mais técnico da captação sonora, pois o profissional não idealiza o som do filme, apenas segue o que o diretor pede sobre
os tipos de sons que serão gravados no ambiente de filmagem.

Pós-produção: temos duas equipes atuantes: 1) equipe de edição de som (editor de som e assistentes, incluso o artista
de foley), e 2) equipe de mixagem (etapas de finalização da parte sonora de um longa-metragem). É nesse momento
que teremos um trabalho mais criativo e conceitual, pois em ambas as fases (edição e mixagem) terão responsáveis por
construir o “desenho de som” na obra audiovisual. A mixagem do som é feita, atualmente, de forma digital. É na mixagem
que os sons são editados, combinados e regulados em relação à intensidade e à perspectiva possibilitando fazer uma ligação
entre o som e a imagem.

Produções menores geralmente não possuem recursos para produzir sons em estúdio e, por isso, acabam necessitando
das bibliotecas de som. Em documentários, devido à exigência de certo compromisso com a realidade, é priorizado o som
ambiente, mas sem excluir um trabalho de edição de som.

72
Débora Regina Opolski (2009, p. 20) nos mostra um interessante organograma como o número de profissionais envolvidos
na pós-produção de um grande filme. Devido ao grau de detalhamento do trabalho, a equipe pode variar de acordo com a
necessidade, mas na maioria das vezes é composta segundo o organograma abaixo (Figura 1), ou similar:

O editor de ADR (Automated dialogue replacement ou “Substituição automatizada do diálogo”) é o responsável no processo
de “dobrar” o filme com as vozes. Já o editor de Foley faz a gravação de efeitos de som humano em sincronia com a
imagem. Após o registro dos efeitos de Foley, o Editor de Foley irá fazer todos os ajustes de tempo necessários para
assegurar que eles estejam exatamente em sincronia com a imagem final. As decisões relacionadas ao timbre, escolha do 73
material, interpretação e carga dramática atribuída aos sons são responsabilidade do artista de Foley.
Pensando em todo o sistema de desenho do som e nas possibilidades para um futuro do sonoro nas produções audiovisuais,
vários responsáveis pelo som acreditam que logo teremos a implantação de mais canais de som para reprodução. Já existem
sistemas que estão considerando a possibilidade de introduzir um canal sonoro no teto dos cinemas para criar um espaço
completamente envolvente. Por outro lado, a subdivisão em mais canais daqueles atualmente existentes para o surround
(som que provém da direção oposta à tela da imagem no cinema) trará consigo a possibilidade de localizar os sons de uma
forma muito mais precisa do que se conseguiu até agora.

Em resumo, parece que o futuro das tecnologias de som permitirá um fascinante show audiovisual com a intenção de
atrair um grande público. Parece que o som introduzirá uma maior espetacularidade, em vez de procurar novas formas de
construir o discurso audiovisual. Porém, é preciso ter consciência que todo e qualquer elemento sonoro tem suas regras e
legislações.

74
4.2- Orientações do uso de elementos sonoros de acordo com a legislação vigente

Para usar sons de terceiros, é necessário ficar alerta a legislação vigente. No que diz respeito aos direitos, você precisa
saber sobre o direito de reprodução, que é autorização para a reprodução do trabalho em certos meios e sob certas
circunstâncias. Também é preciso saber que temos o direito de comunicação ou divulgação pública, que é percebido em
função do tempo em que o trabalho foi disseminado em meio público.

Com relação ao direito de marketing, tal direito é aplicável quando um determinado produto inclui obras de terceiros, por
exemplo, uma trilha sonora de filme. Nesse caso, o autor deve conceder ao proprietário do produto criado, uma permissão
para usar a trilha ou o som dentro do produto comercial produzido.

Você sabe o que é direito autoral? Bom, é um conjunto de vantagens conferidas por lei à pessoa física ou jurídica criadora da
obra intelectual para que ela possa gozar dos benefícios morais e patrimoniais resultantes da exploração de suas criações.
O direito autoral está regulamentado pela Lei de Direitos Autorais (Lei 9.610/98) e protege as relações entre o criador
e quem utiliza suas criações artísticas, literárias ou científicas, tais como textos, livros, pinturas, esculturas, músicas,
fotografias etc. Os direitos autorais são divididos, para efeitos legais, em: 1) direitos patrimoniais: direito de produção e
reprodução, direito de criação de obras derivadas e direito de retransmissão. 2) direitos morais: direito à autoria e direito
à integridade.

Saiba mais!

Para saber mais sobre a Lei de Direitos Autorais (Lei 9.610/98) veja o link:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9610.htm

Para saber sobre LEI Nº 12.853, DE 14 DE AGOSTO DE 2013, que dispõe sobre a gestão coletiva de direitos autorais, 75
veja no link:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12853.htm
Os direitos morais (intransferíveis e irrenunciáveis) asseguram a autoria da criação ao autor da obra intelectual, no caso de
obras protegidas por direito de autor. Já os direitos patrimoniais (podem ser transferidos ou cedidos a outras pessoas) são
aqueles que se referem principalmente à utilização econômica da obra intelectual. É o direito exclusivo de o autor utilizar
sua obra criativa da maneira que quiser, bem como permitir que terceiros a utilizem, total ou parcialmente. Caso a obra
intelectual seja utilizada sem prévia autorização, o responsável pelo uso desautorizado estará violando normas de direito
autoral e sua conduta poderá gerar um processo judicial.

A obra intelectual não necessita estar registrada para ter seus direitos protegidos. O registro, no entanto, serve como início
de prova da autoria e, em alguns casos, para demonstrar quem a declarou primeiro publicamente.

O surgimento do direito autoral no Brasil aconteceu a partir das Constituições de 1891, 1934, 1946, 1967 e da Emenda
Constitucional de 1969, em que o direito autoral em nosso país passou a ser expressamente reconhecido. No caso dos
direitos autorais relativos às obras musicais, foram os próprios compositores que lutaram para a criação de uma norma para
a arrecadação de direitos pelo uso de suas obras.

Nossa compositora Chiquinha Gonzaga (1847-1935) foi uma das pioneiras no movimento de defesa dos direitos autorais no
país. Cada vez que suas obras musicais eram executadas nos teatros, ela considerava justo receber uma parcela do que
era arrecadado, pois entendia que sua música era tão importante e gerava tanto sucesso quanto o texto apresentado. Em
1917, ela fundou a Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (que posteriormente passou a se chamar Sociedade Brasileira
de Autores) - Sbat, que no início era integrada somente por autores de teatro, mas que com o passar do tempo também
permitiu a associação de compositores musicais. Como consequência natural, o movimento associativo ampliou-se e logo
surgiram outras entidades.

No Brasil, o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (ECAD) é a instituição responsável pela arrecadação e
distribuição dos direitos autorais das músicas aos seus autores, tendo sua sede localizada no Rio de Janeiro. O Ecad foi
76
criado pela Lei 5.988/73 e é mantido pela Lei Federal 9.610/98, com as alterações da Lei 12.853/13.
O Ecad realiza de forma centralizada toda a arrecadação e a distribuição dos direitos autorais de
execução pública musical.

Existem diferentes tipos de direitos ligados ao sonoro:

• Direito de edição gráfica: relativo à exploração comercial de partituras musicais impressas. Geralmente
exercido pelos autores diretamente ou por suas editoras musicais;

• Direito fonomecânico: referente à exploração comercial de músicas gravadas em suporte material. Exercido
pelas editoras musicais e pelas gravadoras;

• Direito de inclusão ou de sincronização – relativo à autorização para que determinada obra musical ou fonograma faça
parte da trilha sonora de uma produção audiovisual (filmes, novelas, peças publicitárias, programação de emissoras de
televisão etc) ou de uma peça teatral. Quando se trata do uso apenas da obra musical executada ao vivo, a administração
é da editora musical. Já quando se trata da utilização do fonograma, a administração é da editora e da gravadora.

• Direito de execução pública – referente à execução de obras musicais em locais de frequência coletiva por qualquer meio
ou processo, inclusive, pela transmissão, radiodifusão e exibição cinematográfica. Esse direito é exercido coletivamente
pelas sociedades de titulares de música representadas pelo Ecad.

• Direito de representação pública – relaciona-se à exploração comercial de obras teatrais em locais de frequência coletiva.
Se essas obras teatrais tiverem uma trilha sonora, a autorização para a execução da trilha deverá ser obtida por meio do
Ecad.

A propriedade intelectual é o dispositivo legal que garante que uma inovação será protegida e que o
responsável por ela, recompensado. Sobre propriedade intelectual, é importante saber que é a área
do Direito que, por meio de leis, garante a inventores ou responsáveis por qualquer produção do
77
intelecto – seja nos domínios industrial, científico, literário ou artístico – o direito de obter, por um
determinado período de tempo, recompensa pela própria criação.
No meio audiovisual, é importante saber que as obras publicitárias de audiovisual devem ter certificado para serem
veiculadas. O Certificado de Registro de Título (CRT) é o documento conclusivo de cadastro para as obras audiovisuais. O
Certificado comprova que a obra audiovisual publicitária está habilitada pela Ancine a ser comercializada. Quem libera o
CRT é a Agência Nacional do Audiovisual (Ancine), além disso, é necessário que a produtora responsável seja registrada na
Agência e tenha acesso ao Sistema Ancine Digital.

Segundo a Constituição da República Federativa do Brasil, sobre o Capítulo I – Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos –
no Art. 5º, lemos que “Todos são iguais perante a lei sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos
termos seguintes”, que nos leva ao inciso XXVII, em que aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação
ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; e ao inciso XXVIII que nos diz que são
assegurados nos termos da lei:

a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução de imagens e voz humanas, inclusive nas
atividades desportivas;

b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos
intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas.

Você sabe o que é copyright e copyleft? Copyright é direito autoral (ou direito de autor); é um conjunto de prerrogativas
conferidas por lei à pessoa física ou jurídica criadora da obra intelectual para que ela possa usufruir de quaisquer benefícios
morais e patrimoniais resultantes da exploração de suas criações. É derivado dos direitos individuais e situa-se como um
elemento híbrido, especial e autônomo dentro do direito civil. Já copyleft, ou livre direito de cópia, é uma forma de usar a
legislação de proteção dos direitos autorais com o objetivo de retirar barreiras à utilização, difusão e modificação de uma
obra criativa devido à aplicação clássica das normas de propriedade intelectual, exigindo que as mesmas liberdades sejam
78
preservadas em versões modificadas. Uma obra, seja de software ou outros trabalhos livres, sob licença copyleft, requer
que suas modificações, ou extensões, sejam livres, passando adiante a liberdade de copiar e modificar novamente. Uma
obra copyleft acaba se tornando uma obra coletiva no fim das contas. O copyleft também não proíbe a venda da obra pelo
autor, mas implica a liberdade de qualquer pessoa fazer a distribuição não comercial da obra.
Saiba mais!

O ativista Richard Stallman (1953) foi um dos responsáveis pela popularização do termo copyleft
ao associá-lo, em 1988, à licença GPL (General Public License, “Licença Pública Geral”). O
termo foi sugerido pelo artista e programador Don Hopkins que incluiu a expressão “Copyleft
– all rights reversed”. A frase é um trocadilho com expressão “Copyright – all rights reserved”
usada para afirmar os direitos de autor.

O copyright e o copyleft se diferenciam do domínio público. Domínio público é uma condição jurídica na qual uma obra não
possui o elemento do direito real ou de propriedade que tem o direito autoral, não havendo, assim, restrição de uso de uma
obra por qualquer um que queira utilizá-la. Do ponto de vista econômico, uma obra em domínio público é livre e gratuita.
Uma obra entra em domínio público quando os direitos patrimoniais expiram. Isso geralmente é um período decorrido após
a morte do autor (post mortem auctoris). Mundialmente, o prazo mínimo para uma obra entrar em domínio público é de 50
anos e está previsto pela Convenção de Berna. Tal convenção é relativa à proteção das obras literárias e artísticas, também
chamada Convenção da União de Berna, e estabeleceu o reconhecimento do direito de autor entre nações soberanas, foi
adotada na cidade de Berna (Suíça), em 9 de setembro de 1886. Atenção, nas legislações brasileira e europeia, uma obra
está em domínio público após 70 anos. Uma vez passado esse tempo, um trabalho pode então ser utilizado livremente,
respeitando os direitos morais.

79
Nosso Código Penal é claro em relação aos crimes contra a propriedade imaterial. A violação de direito autoral consta no
artigo 184 (Violar direito autoral) e tem como pena a detenção, de três meses a um ano, ou multa. Veja o que dizem os
incisos:

§ 1º Se a violação consistir na reprodução, por qualquer meio, de obra intelectual, no todo ou em parte, para fins de comércio,
sem autorização expressa do autor ou de quem o represente, ou consistir na reprodução defonograma e videofonograma,
sem autorização do produto ou de quem o represente. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

§ 2º Na mesma pena do parágrafo anterior incorre quem vende, expõe à venda, introduz no país, adquire, oculta ou tem
em depósito, para o fim de venda, original ou cópia de obra intelectual, fonograma ou videofonograma, produzidos com
violação de direito autoral.

Fique Ligado!
No site do ECAD você encontra maiores informações sobre o direito autoral:

http://www.ecad.org.br/pt/o-ecad/Paginas/default.aspx

80

Você também pode gostar