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A Virgem Submissa

e o CEO

DOMINADOR
A VIRGEM SUBMISSA E O
CEO DOMINADOR
JOSIANE VEIGA

2020
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ou transmitida por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e
gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem autorização
escrita da autora.

Esta é uma obra de ficção. Os fatos aqui narrados são produto da imaginação.
Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real deve ser
considerado mera coincidência.

Título: A VIRGEM SUBMISSA E O CEO DOMINADOR

Romance

ISBN – 9798559017969

Texto Copyright © 2020 por Josiane Biancon da Veiga


Sinopse:
Tudo que você quer num romance.
CEO
Virgem
Submissão
Paixão
E HOT!
Geovanna era do tipo de gente que nascia e morria sem levantar poeira do chão. Ninguém a
via, ninguém se importava com ela, ninguém ligava para seus sentimentos.
Em Lanceiros, sua vida era recepcionar as pessoas que chegavam à fábrica e atender
clientes insatisfeitos.
Até que um dia seu caminho cruzou o de Alex.
Trabalhar juntos foi o estopim para um desejo avassalador. Eles não deviam ficar juntos,
nunca daria certo, mas nenhum deles pôde evitar o sentimento que vinha para avassalá-los.
Sentimento tal que não nasceu do acaso.
Sumário
Sinopse:
Capítulo um
Capítulo dois
Capítulo três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Epílogo
Livros interligados
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Capítulo um
Geovanna

Eu me lembro da primeira vez que vi a casa.


Você se lembra de muitas coisas na sua vida, especialmente quando a
sua vida é uma bosta mal feita, orquestrada por algum demônio num dia de
mau humor.
Tudo sempre deu errado para mim, mas a casa representava segurança.
A casa...
A casa era meu sonho...
Eu me lembro da primeira vez que vi a casa.
Eu tinha dez anos de idade quando meu pai foi embora. Levou suas
coisas numa mala e saiu cantando pneu me abandonando como um cachorro
mal quisto, sem sequer olhar para trás. Lembro de ter observado o horizonte,
procurando qualquer sinal de que aquele pesadelo do abandono era apenas
isso, um pesadelo que se curaria quando eu despertasse, mas a verdade é que
nunca acordei. Ao entrar dentro da casa minha mãe gritou algo como “se ele
não te quer, porque sou obrigada a te suportar?” o que me fez ficar
paralisada diante da certeza de que ela era a próxima a me deixar.
Eu me lembro da primeira vez que vi a casa.
Naquela tarde eu corri pelo bairro como se os galopes desenfreados dos
meus pés me levassem para longe da dor que parecia corroer meu coração.
E então ela estava lá...
A casa.
Eu ouvia muita coisa sobre a casa. Todos diziam que ela era maldita,
mal assombrada, que ela destruiu várias famílias e causou muitas mortes, mas
a casa, erguida com suas janelas em côncavo e suas pilastras antigas,
pareceram a única coisa segura para mim.
Eu entrei por um buraco na cerca. O cheiro de chão molhado me
tomou, junto com o aroma de hortelã de um jardim a muito abandonado.
Caminhei por sua calçada de pedra até chegar à porta.
Eu não sabia exatamente o que podia haver na casa que era mais
maldito do que o que eu sofria todos os dias.
Mesmo antes do meu pai me deixar. Mesmo antes de minha mãe dizer
aquilo. Mesmo antes de ter noção exata dos sentimentos que me tomavam, eu
sabia que era diferente...
Mercadoria danificada...
Minha mãe me chamou assim certa vez. Não sabia exatamente o que
me fazia diferente até começar a estudar e perceber que as outras meninas na
escola não precisavam usar sapatos de saltos diferentes e que nem todos eram
mancos.
Eu definitivamente não sabia disso antes. Achava que todos eram
mancos até porque não convivia com outras crianças e nunca havia visto os
pés do meu pai ou da minha mãe.
Eu me lembro da primeira vez que vi a casa.
Ali, diante da porta, estendi minha mão e empurrei a enorme entrada de
carvalho. Estava aberta. Vazia. Silenciosa. Apenas o som da dobradiça
enferrujada parecia dar um sinal de boas-vindas.
Eu entrei. Estava escuro, mas não me sentia assustada. O que podia me
acontecer?
Eu tinha dez anos, mas já orava a um Deus do céu que se ele pudesse,
se ele não estivesse ocupado, se ele não se incomodasse, me permitir dormir e
nunca mais acordar.
Mas, eu acordava todos os dias.
Todavia, ali, na casa... ali não havia medo, nem tempestade, ali eu não
era peça danificada porque a casa toda era tão triste quanto eu.
Sentei-me num dos cantos e fiquei ali, quieta.
Os fantasmas da casa, se é que existiam, não vieram me incomodar. O
tal homem de negro que muitos diziam avistar, também não chegou a mim.
Eu me lembro da primeira vez que vi a casa.
A casa me amou.
A casa me confortou.
A casa maldita tocou meu coração.
Ela amparou minhas lágrimas e disse que tudo ficaria bem.
A casa me ouvia.
A casa tinha vida.
Um pequeno som me fez girar para o lado e eu vi uma pequena mancha
negra saindo da escuridão.
Eu não a temi. Levei minhas mãos até ela e a puxei contra meu rosto.
Era macio e quente. Um pequeno gatinho abandonado na casa
abandonada, com a menina abandonada.
Eu me lembro da primeira vez que vi a casa.
E naquele dia jurei que aquela casa seria minha... Custasse o preço
que custasse.

— Geovanna — Carla atirou sobre minha mesa na recepção uma


infinidade de papeis —, scaneie tudo e envie para o e-mail informado na
primeira folha.
Nenhum bom dia. Nenhuma indagação de se eu estava livre para fazer
aquela tarefa. Nada.
A mercadoria danificada de minha mãe, agora com dezenove anos,
conseguia ser tão obsoleta naquele ambiente quanto na casa que cresci.
Suspirei, pegando os papeis.
Luana cruzou pela minha mesa e me deu um aceno sem importância.
Nem a lésbica da cidade me enxergava. Era incrível.
Eu trabalhava naquela fábrica desde que sai de casa, um ano antes, para
alívio de minha mãe e do meu padrasto. Comecei a estudar administração a
noite enquanto trabalhava de dia na recepção da Lanceiros, a fábrica de
fumos da cidade de Esperança.
A empresa era uma multinacional muito importante, e eu sabia que
poderia crescer muito lá se me esforçasse. O problema é que um ano depois,
eu ainda era a figura apagada e apática que ninguém parecia dar importância.
E havia outro motivo para eu trabalhar ali. Além do salário acima da
média, eles forneciam vale transporte e vale alimentação. Assim, eu só
precisava me preocupar em pagar o aluguel e a mensalidade do meu curso.
Sr. Shin e eu não passaríamos fome. Nunca.
Meu gato encontrado nove anos antes na antiga casa mal assombrada
de Esperança era minha única e leal companhia. O amor da minha vida. Sr.
Shin e eu costumávamos passar muito tempo juntos, ambos unidos pelo acaso
e pelo abandono.
— Geovanna — Carla voltou a minha mesa. — Andrea está vindo.
Quero que organize café e biscoitos e leve até a sala de Alex.
Era para mim escanear a porra dos papeis ou para eu fazer a porra do
café? Difícil dizer.
Assenti sorrindo, porque eu era assim, incapaz de fazer uma pergunta
ou demonstrar meu descontentamento. Aprendi na infância, enquanto sua
mãe gritava e seu pai ignorava minhas ligações no Dia dos Pais, que fingir
não se importar era a melhor coisa.
Levantei-me e fui até a copa do andar térreo, próximo da minha mesa.
Coloquei uma chaleira no fogo e puxei o pacote de café em pó para pôr no
filtro.
Hoje, a mercadoria danificada seria mais que a recepcionista invisível,
também seria a moça do cafezinho. Será que ao menos falariam comigo se o
café estivesse ruim? Ou me ignorariam como sempre faziam?
Alex cruzou pela porta aberta e eu fechei os olhos.
Ele era um dos CEOS da Lanceiros, mais um dos desgraçados que
estava tentando a todo custo pegar o cargo da presidência.
E ele era também minha paixão secreta.
Nada sério. Apenas uma fantasia infantil que me fazia sonhar com esse
príncipe encantado quando fosse a hora de dormir.
Imaginar que um dia ele olhasse para a recepção e me visse, a manca,
era minha inocente fantasia. Uma fantasia que incluía que ele, que saia com
várias mulheres e vivia fodendo estagiárias gostosas escondido na área das
máquinas, a risco do próprio emprego, descobrisse que o amor existia e que
ele um dia o sentiria por mim.
Patética.
A chaleira chiou e eu a busquei.
Sonhar com Alex não me fazia mal algum, apenas uma diversão boba
que jamais teria forma.
Ele nunca me olharia, e eu estava segura dentro de um sonho idílico e
platônico.
Os sonhos que você não realiza não podem te destruir.

Quando Lanceiros nem era Lanceiros e sim apenas uma fábrica de


fumos sem importância, Andrea já era secretária executiva da presidência.
Foi ela que ajudou Beatriz Martins, a antiga presidente e atual esposa
de um famoso cantor, a incrementar as lavouras de fumo. Depois, ela ajudou
o próximo presidente.
O nome que ninguém citava. Ninguém falava. O antigo dono da casa
mal assombrada, aquele cujo toda sua família foi destruída dentro daquelas
paredes.
O homem se matou. Mas a maldição daquele cargo ficou. Todos que
assumiam a presidência pareciam infelizes, e a maioria desistia de tudo após
alguns meses.
Isso não tornava a Presidência menos ambicionada. Quase todos os
executivos do momento sonhavam com a cadeira principal.
— O nome dele era André. — Andrea apontou enquanto eu lhe
entregava uma xícara de café. Ela me encarou naquele instante o que me
causou muita confusão porque absolutamente ninguém me olhava ali. —
Obrigada, querida.
— De nada — respondi, quase que num sopro.
— Geovanna, sente-se e faça anotações, por favor — Carla ordenou, e
eu cumpri em seguida.
Carla só sabia meu nome porque eu era sua faz-tudo. Observei ao redor
e vi Luana de cabeça baixa e Alex centralizado em Andrea.
— Sério?
— Sim. Um bom homem, diferente de você — Andrea brincou. — A
esposa dele era linda. Diana. Maravilhosa, parecia uma modelo saída das
revistas. A casa a enlouqueceu.
O nome que ninguém dizia, o nome do antigo presidente da fábrica era
André.
Era quase confortador saber que meu lugar favorito no mundo tinha
uma ligação quase mística com o meu homem favorito no mundo. Alex e
André eram nomes tão parecidos.
— A casa não me assusta — Alex disse, o que me surpreendeu. — Eu
até já pensei em comprá-la, sua arquitetura é algo único. Mas, parece que o
herdeiro nunca quis vendê-la. Soube, a bocas pequenas, que um cara, um tal
de Lucas... queria comprá-la. Ofereceu uma fortuna, mas foi recusado.
— Para que você iria querer a casa? — Luana indagou pela primeira
vez.
— Por poder, lógico — Andrea respondeu por ele. — Se Alex
conseguisse a casa, a reformasse e morasse nela, todos o olhariam com mais
respeito.
— As pessoas me respeitam! — ele interpôs.
— As pessoas te respeitariam mais se não dormisse com as esposas e
filhas dos homens da cidade.
Eles falavam sobre sexo com tanta naturalidade. O assunto me deixou
enrubescida, mas para minha sorte logo foi interrompido.
— Enfim, como sabem Dante vai abandonar a empresa.
— Sim.
— Manuel é o maior acionista, mas não está interessado na cadeira.
Seu foco é a família e a esposa. Além disso, é tão podre de rico que pode
comprar até mesmo a nós — Andrea bebeu um gole do café. — Estamos
entre vocês dois, Alex e Luana.
Percebi o brilho no olhar deles. Ambos fariam qualquer coisa por
aquele cargo.
— Por que não pegar um Presidente de fora? — Carla apontou, e foi
fulminada por dois olhares que queimavam.
— Não fode, Carla — Alex murmurou.
— Não vejo como estimular a concorrência entre vocês dois possa ser
benéfico para a empresa.
— Eu vejo como — Andrea apontou. — Laureana é a resposta. Todos
nós queremos o hotel fazenda Laureana. Noah, Dante, e todos os outros antes
e após eles tentaram comprar aquelas terras. Quem de vocês dois conseguir,
será o novo presidente. — Ela girou na minha direção — Anotou isso,
querida?
Assenti. Havia anotado tudo, menos os palavrões.
— Certo. Eu aceito o desafio. Apesar de a proprietária, Patrícia, ter me
chutado de lá várias vezes. Preciso apenas de um tempo antes dessa
“concorrência” começar. Estou sem secretária. Se Luana não se importar...
— Sua antiga secretária foi demitida porque dormia com você, Alex —
Luana apontou. — Injusto só a moça ir para a rua.
— Secretárias a gente substitui. Um CEO como Alex não — Carla
apontou. — Arrume uma que não vai para a cama com você no primeiro
sorriso.
— E onde vou achar tal criatura?
De repente, um olhar focou-se em mim. Era Luana. Em seguida, Carla.
Andrea e Alex me olharam logo em seguida.
Subir de cargo era meu sonho naquela empresa.
Não imaginei que aconteceria daquela forma.
Capítulo dois
Alex

Eu me lembro da primeira vez que vi a casa.


Eu tinha dez anos quando a encontrei pela primeira vez. Era uma
mansão que se erigia em uma esquina de rua enlameada de Esperança.
Já havia ouvido falar da casa, é claro. Mas, como todos, eu evitava
passar defronte aquele amontoado de concreto porque temia o homem nas
sombras que levava ao inferno a todos que lá cruzavam.
Contudo... eu já vivia o inferno. Aliás, creio que o diabo ainda teria
muito a aprender com minha mãe sobre como agonizar a vida de alguém.
Eu tinha um histórico naquela cidade. E nem era o de mulherengo, que
viria a me cravar a fama alguns anos depois. Aos dez anos, eu era
simplesmente o filho da puta. Não puta que se vende, mas puta que dá de
graça para qualquer um que passe por sua casa, que expulsa o filho no meio
da noite para fazer alguma orgia com qualquer colono porco de cheiro azedo,
ou que submete seu filho desde pequeno a ouvir seus gemidos de prazer pela
noite, enquanto a criança finge dormir para evitar vivenciar uma cena que não
está pronta para ver.
A minha mãe destruiu o meu psicológico de muitas maneiras. Adulto,
eu entendia o quanto. Ao contrário dos demais caras, eu não estava em busca
de algo a mais, algo verdadeiro, eu simplesmente não conseguia me apegar a
ninguém porque para mim eu era apenas um amontoado de carne que foi
resultado de alguma foda mal resolvida da minha mãe.
Talvez a única foda que importou para ela. Pois todas as outras sempre
deixavam um ser humano mal formado, ainda sangrando e agonizando dentro
de um balde que ela costumava enterrar no quintal de casa.
Eu me lembro da primeira vez que vi a casa.
Como eu amava aquela casa.
Para todos na cidade, ela era sinônimo de agonia e destruição, para
mim era meu canto seguro, meu único lugar no mundo.
Eu me lembro da primeira vez que vi a casa.
Eu sei o que você está pensando. Eu sei que você me despreza por
amar um lugar amaldiçoado, mas uma vida amaldiçoada clama por um
ambiente tão terrível quanto.
Foi assim que aconteceu.
Eu cheguei da escola naquele dia e encontrei minha mãe sentada à
mesa da cozinha com uma garrafa de cerveja em frente e a voz pastosa a me
chamar.
Alex...
Era o nome do meu pai. Ele não me assumiu, foi embora para Encanto
e teve uma nova família, e minha mãe nunca cobrou por qualquer coisa
porque para ela pouco importava. Se ele não a queria, por que ela o obrigaria
a me querer?
— Alex, vem cá com a mamãe...
Eu tive medo. Eu lembro da sensação. O pavor que pareceu me corroer,
porque ela nunca me chamava para nada, a não ser para bater. Mas, naquele
dia havia um brilho estranho nos seus olhos e eu sabia que o que quer que
fosse que estivesse para acontecer, iria me destruir para sempre.
— Você já é um homenzinho — ela apontou, a mão deslizando pela
minha barriga e indo mais abaixo. — Quer que a mamãe te ensine a ser um
homem de verdade?
Eu não fiquei para ouvir mais. De alguma forma, não sei como, me
desvencilhei de suas mãos e corri para fora.
Foi assim...
Eu me lembro da primeira vez que vi a casa.
Eu cheguei na rua enlameada e observei aquela estrutura abandonada.
Eu podia ouvir a casa chorar. Tão triste e sozinha... Eu também me sentia
assim.
Pulei o portão de ferro e invadi a casa. Não foi devagar, em passos
hesitantes. Foi tipo... como se eu estivesse buscando conforto, o calor da
casa... desesperado pela sua presença.
O único lugar para mim no mundo.
Dois dias depois um policial me encontrou lá dentro. Eu não queria
sair. Me agarrei em um sofá velho e implorei que ele me deixasse lá.
O homem parecia preocupado. Seus olhos inquietos vagavam pelos
corredores, como se temessem a presença maligna que lá habitava. Mas, nos
dois dias que estive lá, a presença só me acalmou e confortou.
No conselho tutelar eu contei por que fugi. E foi assim que fui acabar
num orfanato em Encanto, a cidade vizinha. Nesse tempo, eles até tentaram
encontrar um parente que me quisesse, mas ninguém queria. Ninguém tinha
tempo para uma criança.
Só a casa...
Eu me lembro da primeira vez que vi a casa.
Aos dezoito anos eu voltei para Esperança. Eu sabia que a vida ali era
uma desgraça, cidade maldita que caminha em passos trôpegos em direção do
nada.
Mas, eu queria voltar para a casa. Eu queria vê-la novamente.
Consegui emprego em Lanceiros. Toda a Serra Gaúcha progredia pela
uva e agricultura decente, e Esperança ia adiante através de sua podridão,
causando câncer de pulmão no país inteiro.
Não me importava.
Comecei como office-boy. Aluguei uma casa perto da casa maldita e
costumava cruzar por ela várias vezes por dia, como se dissesse: Ei, estou
aqui. Eu voltei para você.
Fui subindo na empresa. Dante, um dos mais brilhantes CEOS da
empresa me auxiliou como se eu fosse seu filho.
Nesse tempo, enquanto minha vida progredia e eu continuava a
caminhar todos os dias diante do casarão, vi a polícia lá, carregando corpos.
— Mataram a filha do pastor — avisou alguém a outra pessoa sem
importância.
Os comentários zanzavam entre bocas pasmas diante de mais
assassinatos. A filha do pastor Luterano se apaixonou por um traficante. Os
dois pagaram com a vida.
Enquanto os corpos iam saindo do Casarão, um jovem cruzou por mim.
Lucas... eu já o havia visto pela cidade. Ele foi o único a sobreviver. Ele
também era poupado pela casa?
Eu me lembro da primeira vez que vi a casa.
E nesse dia eu vi Geovanna pela primeira vez.
Em meio à multidão assombrada e a carros de policiais, uma figura
apagada parecia encarar a tudo com o mesmo torpor que o meu.
A criança Geovanna. A manca. Eu a havia visto algumas vezes pela
cidade, sempre andando com um gato preto nas mãos, e o olhar escondido
atrás de lentes grossas.
Ela tinha uns doze anos, e eu tinha vinte e um.
Mas, eu me reconheci nela. Havia dor ali. E amor. Amor pela casa.
Corpos foram sendo removidos e nossa preocupação era a mesma: A
casa estava sofrendo novamente? Mais uma vez sendo tratada com desdém?
Mais uma vez culpada pela escolha de outras pessoas?
Nosso olhar se encontrou. Ela o desviou primeiro.
Eu deixei o lugar, o coração aos pedaços.
Eu me lembro da primeira vez que vi a casa.
E eu jurei que um dia a teria para mim e ninguém mais feriria seus
sentimentos, ninguém mais machucaria a casa.
A casa era eu.
A casa era Geovanna.
Sabe-se-Deus quantas mais pessoas aquela casa representava.
Geovanna deixou sua caixa sobre a mesa que outrora Vanessa ocupava.
Vanessa gostava muito da mesa. Do chão. Do banheiro. Vanessa
gostava demais de cada pedaço daquele prédio e o aproveitava comigo,
chupando minhas bolas enquanto deslizava as mãos pelas paredes
imaculadas.
Eu não a julgava. Tem pessoas que tem tesão por tantas coisas,
Vanessa gostava de transar no trabalho.
E eu era um espécime sempre à disposição. Afinal, o que me custava?
Se a pessoa quer dar e eu quero comer, não vejo porque me impedir.
Quando nos pegaram no flagra, com meu gozo escapando dos seus
lábios e meu gemido inundando a copa, fomos ambos para o RH.
Tratamentos diferentes, claro. Eu era homem. Ela que era uma puta. Ela me
seduziu.
Coitadinho de mim. Homem não resiste quando a mulher é uma
vagabunda.
Preciso segurar um riso diante da lembrança da minha desculpa. Não
sei como engoliram, se é que engoliram, ou apenas fingiram que sim porque
não queriam me perder.
A verdade é que Lanceiros tinha muitos podres e eu estava por dentro
de quase todos eles. Eu seria uma aquisição fantástica pelo Ministério da
Saúde, caso me demitissem.
— Você tem alguma experiência como secretária? — indago.
— Tenho certeza de que posso aprender — ela retrucou, rapidamente.
Era séria. O rosto fechado. O olhar pesado sobre o meu.
Havia alguns segredos entre nós. Eu via Geovanna em sonhos, muitas
vezes. Sonhos eróticos que eu evitava pensar demasiadamente.
Na casa...
Volvi em direção ao meu escritório e fechei a porta. Seria uma chatice
vir trabalhar sem ter uma secretária sempre pronta para foder. Mas, fazer o
que se a manca estranha de Esperança foi designada para mim?
Designada para mim...
O pensamento me tomou de assalto e eu a imaginei sem a roupa de
velha ou os óculos grossos.
A imaginei como seria se ela ainda tivesse para mim o mesmo olhar
que destinava a casa.
A nossa casa...
Era minha e era dela. Na mesma medida que não era de nenhum de
nós.
— Conseguiu agendar uma reunião com Patrícia? — questionei,
largando sobre sua mesa uma pasta com afazeres.
Ela me devolveu outra. Havia sido dada a ela dez minutos antes e já
estava pronta. Eu fiquei um tanto surpreso porque não era meu costume lidar
com competência.
— Patrícia aceitará vê-lo na próxima sexta, depois do meio-dia.
— Mesmo?
Ela me encarou, o rosto fixo no meu enquanto os dedos permaneciam
digitando no teclado do computador.
Ela nem olhava para o teclado ou para a tela. A cena me agoniou.
— Quando falar comigo, pode dedicar um mínimo de atenção a mim e
parar de digitar?
— Sim, senhor.
Ela parou imediatamente. Meu pau ficou duro involuntariamente. O
que diabos era aquilo? Por que aquela obediência cega e simples me fez
contorcer na calça?
... Porque ela era assim nos meus sonhos eróticos. Sempre obediente.
— Como conseguiu agendar a reunião com Patrícia?
Patrícia era outra estranha. A administradora e proprietária do Hotel
Laureana era uma pessoa reclusa, não muito dada a visitantes. Eu tentei vê-la
nos últimos meses, quando Dante estava desesperado por conseguir as terras.
Ela rechaçou minhas tentativas de sedução com respostas curtas e frias.
Não estava interessada, e eu não a culpava. Qualquer mulher com o mínimo
de amor-próprio não iria querer nada comigo.
— Simplesmente lhe indaguei qual seria o melhor dia e hora para uma
reunião do seu interesse.
— A venda de Laureana não é do interesse dela.
— Ela concorda. Mas, aceitou vê-lo se eu estiver junto. Por algum
motivo, não gostaria de vê-lo a sós.
Eu quase ri.
— Certo. Então deixe reservado na agenda essa reunião.
— Já fiz isso.
— E quero os relatórios da nicotina que...
— Já está na sua mesa.
Estava? Girei em direção a minha porta e vi uma pasta laranja sobre
minha mesa.
— Pode por favor agendar também uma reunião com Luana sobre os
termos de nossa concorrência?
— Já está agendada. Segunda, às oito. Luana diz que agirá com ética e
solicita o mesmo do senhor.
Como ela podia saber que eu queria uma reunião com Luana?
— Me sirva um café, por favor.
Giro em direção à minha mesa.
— Deixei uma garrafa na sua bancada, com café passado agora mesmo.
Algumas escrituras sobre Laureana também estão na mesma bancada. Tomei
a liberdade de procurar o histórico de pagamento de impostos para tentar
encontrar irregularidades. Não achei nada, mas fiz uma lista que pode ser útil,
caso resolva ir por esse lado.
Minhas costas gelaram. Meu coração pesou.
Por que ela podia me ler?
O que diabos estava acontecendo?
— Certo.
Fechei a porta. Os dias em Lanceiros não seriam mais iguais. Eu sabia.
Capítulo três
Geovanna

Estávamos ali, na casa. Eu podia vê-lo ao final do corredor. Seu rosto


focou-se no meu, e nós andamos um em direção ao outro como se puxados
por um laço invisível.
Logo estávamos diante um do outro. Nossas respirações entrecortadas
por suspiros rápidos. Havia uma certa tensão no ar, mas também havia algo a
mais. Era um desejo que ultrapassava tudo que já vivenciei, qualquer
experiência causada em qualquer outro sonho.
Porque era real. Mesmo ciente de que estava em minha cama,
dormindo, ainda assim sentia que aquele sonho tinha um traço de realidade.
Alex, eu... e a casa.
Suas mãos deslizaram pela frente da minha camisola, pegando meus
seios entumecidos. Eu gemi com o avante da paixão me tomando.
— Diga — ele ordenou.
Fiquei de joelhos diante dele. Agarrei suas pernas, meu rosto
esfregando-se contra o monte que se elevava da calça.
— Diga — ele repetiu.
Minha boca abriu, meus dentes deslizando levemente pelo seu pau
duro, ainda coberto pelo tecido. Eu o queria na boca. Eu o queria afundando-
se na minha garganta até me engasgar com a sua porra.
— Diga.
— Meu... meu dono... meu senhor — murmurei.
Seus dedos cravaram com força nos meus braços. Ele me ergueu, seus
lábios consumindo os meus de uma forma que jamais imaginei ser possível.
Seu fervor enviou uma corrente elétrica direto para o meu centro.
Nunca senti aquilo. Nunca. Nunca pulsei daquela forma.
Instintivamente, eu apertei minha pélvis contra ele, desejando que já
estivéssemos nus e ele estivesse me enchendo.
— Eu não quero acordar... — Minha voz estava desesperada contra sua
boca, enquanto minhas mãos trabalhavam nos botões de sua camisa.
Ele se afastou, segurando meus braços.
— Não acorde. Jure para mim, Geo... você não pode acordar...
Eu entendia seu desespero. Ele queria estar dentro de mim tanto quanto
eu queria estar com ele.
A camisa de Alex caiu sobre a madeira do corredor. Logo, sua calça
também teve o mesmo rumo. Eu jamais o imaginei nu assim, tão másculo...
mesmo nos meus desejos mais devassos.
Minha camisola foi removida com cuidado, como se ele também
temesse que qualquer ato pudesse me despertar.
— Você conhece a casa tanto quanto eu... vamos fazer silêncio.
Eu levantei meu olhar, um tanto surpresa.
— Você acha que a casa vai se incomodar conosco?
— Eu acho que a casa não liga a mínima para nosso tesão. Ela que nos
trouxe aqui, Geo... apenas não quero quebrar seu silêncio... — Seus olhos
azuis estavam cheios de emoção e desejo. — Ela é o nosso lar... você também
sente? — Seu olhar vagou para os meus seios e eu vi um flash de memórias
de outros tempos... tempos diferentes do hoje.
Outras vidas...
— A gente já fez sexo? — questionei, assustada.
— Eu já fiz você gozar enquanto chupava meu pau — ele afirmou. —
Mas, esse tempo já se foi há eras. Agora só restou a casa...
Lágrimas encheram meus olhos enquanto me perguntava porque as
frases dele se encaixavam tão bem nos meus próprios pensamentos.
Esse sonho... esse desejo... não há lógica...
— A gente morreu aqui? — indaguei.
Alex me encarou com dúvida, eu percebi que ele não tinha respostas.
Peguei suas mãos e coloquei-as de volta em meus seios.
— Tudo bem. Não precisamos nos lembrar. Vamos criar novas
memórias.
Ele pegou minha mão e me levou para um dos quartos. Uma cama em
dossel adornava o centro. Quando me deitei, meu olhar foi para seu pau. Era
longo e grosso.
— Você teve muitas mulheres...
— Procurei você em todas elas.
— Eu estava lá o tempo inteiro.
Seu olhar se voltou para o meu como se estivesse medindo as palavras.
— Era difícil te ver — justificou.
Alex se moveu sobre mim, deitando-se ao meu lado na cama. Ele
passou a mão sobre minha barriga e para o ninho de cachos entre minhas
coxas.
— Você costuma se tocar?
Neguei.
— Eu não sinto falta... só sinto vontade quando estou com você...
Ele manobrou sobre mim, separando minhas coxas para se estabelecer
entre elas. Depois, me beijou novamente, descendo, formando uma trilha de
carinho em minha pele. Ele lambeu meu mamilo, chupou e eu me engasguei
com a sensação. Era como se ele estivesse chupando meu clitóris. Meus
quadris se levantaram, buscando-o.
— Alex... eu preciso tanto... Alex...
Ele inseriu um dedo dentro de mim. Eu queria seu pau, mas Alex
parecia disposto a aproveitar cada segundo desse devaneio.
Meus quadris balançavam com a intrusão de seu dedo, meu corpo em
total êxtase com a maneira como ele me fodia com suavidade, movendo os
dedos para dentro e para fora de mim.
— Eu preciso de você dentro de mim, Alex.
Ele hesitou por um momento, mas depois concordou.
— Não acorde...
Ele pressionou os quadris para baixo. Eu arqueei quando seu pau
deslizou dentro de mim. Cada centímetro dele acalmando a solidão,
substituindo-a pelo calor e amor.
Eu o segurei, nunca querendo deixá-lo ir. Eu queria ficar assim, com
ele dentro de mim para sempre.
— Não acorde — ele voltou a pedir e eu quis chorar.
Eu temia acordar e perdê-lo. Meu sonho doce...
Alex começou a balançar com tanto cuidado que eu quase chorei. Era
mais do que apenas a sensação de seu pau grosso deslizando ao longo das
paredes da minha boceta sensível. Era ser parte dele.
Envolvi minhas pernas ao redor de seus quadris e agarrei seus ombros
com minhas mãos. Um grunhido saiu de sua garganta. Ele ficou de joelhos e
agarrou meus quadris. Ele bombeou para dentro e para fora de mim, mais
forte, mais rápido. Seu rosto se contorceu em uma mistura de dor e prazer.
Pela primeira me senti linda.
— Eu vou gozar — ele gritou.
Ele me deixou quase no limite também.
Era erótico e exatamente o que eu precisava. O prazer implodiu e então
explodiu. Meus quadris se arquearam quando minha boceta apertou,
agarrando Alex.
E então abri os olhos.
A televisão estava ligada. Enquanto meus olhos se acostumavam a
luminosidade do aparelho, percebi meu gato ao meu lado, me encarando com
mistério. Talvez Sr. Shin pudesse ver os parâmetros dos meus sonhos e
estava me julgando por eles.
Eu costumava sonhar com Alex me fodendo, mas jamais sonhei algo
assim, tão próximo da realidade. Provavelmente a causa era porque agora
estávamos trabalhando juntos. A primeira semana foi um tanto difícil, era
como se ele estivesse o tempo inteiro me testando, tentando ver até onde eu
iria, até onde eu aguentaria.
Alex não gostava de mim. Não precisava ser um gênio para perceber
isso, mas nem ele me faria desistir do meu cargo, porque pela primeira vez
consegui sair da recepção e tinha perspectiva de algo a mais.
Sentei-me na cama e busquei o controle remoto, enquanto tentava
manter sobre controle as batidas frenéticas do meu coração. Na televisão o
rosto de um homem era mostrado, um procurado por assassinato. Meio
zonza, eu prestei um pouco de atenção à notícia enquanto meu gatinho se
esgueirava no meu colo, querendo carinho.
O mundo andava uma droga.
Acho que sempre foi, mas ultimamente parecia estar correndo contra o
tempo, cada mês tentando ser o pior possível. Na televisão, era um festival de
desgraçadas. No dia a dia, cidades como Esperança, antigamente tão
tranquilas, viviam sendo alvos de grupos de traficantes, cada ponto sendo
disputado com horror.
Contudo, ao menos ali, Sr. Shin e eu estávamos seguros. Eu morava
numa quitinete antigo, perto da sorveteria da cidade. Minha vizinha de lado
era uma senhora velha e do outro lado, um jovem gay que trabalhava para a
corretora de Esperança, Eva.
Claro, Sr Shin e eu estaríamos melhor no casarão, mas esse sonho era
mais difícil de se realizar do que aqueles molhados, com Alex.
O apresentador do telejornal se despediu e começou uma série de
propagandas que antecediam o próximo programa. No meio delas, a imagem
de Laureana surgiu, num convite para “apreciar as águas termais com a
família”.
Logo minha mente se focou no Hotel. Por que Lanceiros queria tanto
aquele local?
Desde que eu comecei na empresa, eu havia ouvido falar sobre a
necessidade de adquirir as terras de Laureana. Eles ofereceram verdadeiras
fortunas a Patrícia, que recusou as propostas. Ninguém sabia ao certo porque
a empresa estava interessada, eu mesma especulava os motivos, mas é fato de
que não era pela beleza natural.
Francamente, eles podiam adquirir outras terras e construir seu resort
lá, se quisessem. Contudo, eles insistiam por Laureana.
Talvez um dia soubéssemos o porquê.

— “Você morre”, “Você sofre” ... — Alex leu as carteiras enquanto as


jogava contra a mesa. “Você envelhece”. — De repente ele deu risada. —
“Você brocha” — mostrou um homem usando apenas uma toalha olhando
para baixo. — A Anvisa está de brincadeira. Olha essa — me mostrou a
imagem de uma criança tossindo. — “Você prejudica”.
Fiquei em silêncio enquanto ele se levantava da mesa e ia até o
frigobar, pegar uma garrafa de água.
— Morrer, sofrer, prejudicar, adoecer... até brochar... Como se a gente
não fosse passar por toda essa merda, com ou sem cigarro.
— Pesquisas indicam que os fumantes ignoram as imagens nas
carteiras — apontei.
— Tem que ignorar mesmo. Sabe quantas pessoas empregamos direta
ou indiretamente? Eles deviam nos dar um prêmio e não nos tratar como
criminosos. O povo já fumava antes mesmo dessa fábrica existir. Antes
mesmo dos Lanceiros Negros existirem.
Em meados de 1835, o Rio Grande do Sul tentou a sua
independência. Um dos principais motivos era o alto imposto cobrado pelo
Império. Todavia, a abolição da escravatura estava nos termos e, por conta
disso, um grupo de valorosos soldados negros se uniram aos revolucionários.
O nome deles era Lanceiros Negros, e eles se tornaram heróis no Sul do país,
especialmente porque havia uma história de que esses valorosos homens
foram traídos por outro homem histórico: David Canabarro.
No Rio Grande do Sul, Canabarro se tornou um pária e Teixeira Nunes
um herói, pois ele morreu em combate, ao lado dos heróis farrapos,
Lanceiros.
Ciente disso, os executivos da Fábrica primeiro pensavam em
homenagear Nunes quando nomearam a empresa. Contudo, por fim,
decidiram que seria mais fácil usar o nome dos Lanceiros. Já que remeteria a
sagrada revolução dos gaúchos e afastaria maledicências, afinal boa parte da
cidade era contra a fábrica.
Os executivos fizeram o que a maioria das empresas do país faziam
com os gays, negros ou qualquer minoria: fingia apoio em nome do
politicamente correto. A verdade? Estavam nem aí para o que quer que
acontecesse.
Os executivos da fábrica não se importavam com a cor dos Lanceiros,
o que importava era o nome e ao que remetia: guerreiros honrados que
lutaram pelo Sul.
Na mesma medida, a irritação de Alex por causa das imagens nas
carteiras de cigarro deixava claro que ele só via o quanto isso prejudicava as
vendas.
— Você fuma? — inquiri, apenas por curiosidade.
— Óbvio que não.
A palavra hipócrita dançou em meus lábios, mas eu a mantive para
mim. Porque, no fundo, eu também o era. Aquela empresa pagava meu
aluguel.
— Quando eu for presidente, meu objetivo é dobrar as vendas.
— Como?
— Ainda não sei, mas vou fazer isso. Seria mais fácil atrair jovens
fumantes se o Ministério da Saúde não enchesse tanto o saco.
Busquei os relatórios e me preparei para me levantar e voltar para
minha mesa. Nossa pequena reunião sobre as novas embalagens parecia
encerrada.
— E você, Geo. Fuma?
Geo? O encarei assustada e o percebi igualmente embasbacado.
— Desculpe. Geovanna. — Pigarreou. — Você fuma, Geovanna?
— Não.
— É estranho, você parece do tipo que fuma.
— Por quê?
— É difícil explicar.
Não era difícil explicar. Ele apenas estava evitando o assunto. Uma
pessoa como eu, solitária e destruída parecia alguém que buscaria no tabaco
algum tipo de conforto.
— Não tem vícios?
— Você tem? — devolvi.
— Perguntei primeiro.
— Responda primeiro então.
Um sorriso animador surgiu nos lábios dele. Uma parte de mim entrou
em ebulição.
— Sexo.
Meu olhar baixou. Não costumava falar desse assunto com ninguém.
Aliás, não costumava falar com ninguém. Sr. Shin era bastante calado e eu
não tinha outros amigos.
— Eu não tenho vícios — disse, por fim. — Se me der licença, preciso
voltar ao trabalho.
— Você está trabalhando. Me atender faz parte disso.
— Não faz parte disso falar sobre esse assunto.
— Te incomoda? Você é virgem, não é?
O observei assustada, porque não entendia o motivo do assunto ter
caído para aquilo.
— Importa? — indaguei, as palavras escapando dos meus lábios.
— Não. De qualquer maneira, eu acho que você não será por muito
tempo.
Era quase como uma ameaça. Eu devia sair daquela sala e ir direto para
o RH. Mas, algo me impelia a não fazer isso. Eu sabia que essa mesma coisa
que fazia meu peito vibrar o estava fazendo falar daquele jeito.
E ele parecia mais em pânico do que eu.
Afinal de contas, Alex Franco era um garanhão de muitas mulheres
belas, e nesse exato momento ele estava cantando a funcionária feia da
Lanceiros. Nem ele podia entender o porquê.
— Vou voltar ao meu trabalho — afirmei e dessa vez não deixei
margens para que ele falasse.
Rumei em direção à porta. Quando fui fechá-la atrás de mim, tive um
vislumbre do rosto do meu chefe. Ele estava completamente perturbado.
Capítulo Quatro
Alex

O som de saltos altos chegou aos meus ouvidos. Eu sabia que Luana
estava ali pelo cheiro de rosas do seu perfume. Levantei-me e fui até o
corredor, na desculpa de vê-la.
Desculpa... Apenas isso, uma justificativa. Na última semana eu estava
sempre arrumando chances para ir até o corredor, onde ficava a mesa de
minha secretária.
A verdade é que, quando saiu do escritório, Geovanna fechou a porta.
Assim, eu não podia observá-la da minha mesa. E não vê-la era...
Deus...
Geo...
Como fui capaz de chamá-la assim?
A lembrança do sonho daquela noite me tomou de assalto. Eu quase
podia sentir o gosto dela em minha boca, sentir seu toque em minha pele... o
gemido contra meus ouvidos.
A mulher que me levou ao êxtase durante a madrugada era diferente da
mulher de rosto sério sentada perto do corredor.
Eu devia estar ficando maluco. Era isso.
Me aproximei de sua mesa enquanto percebia Luana chegando
próximo.
— Então? Vai encontrar Patrícia? Achei que começaríamos a disputa
após nossa reunião.
Eu sorri para minha rival, que no fundo era uma amiga.
— Não combinamos isso.
— Não vou discutir por esse motivo, Alex. Não me preocupo com sua
visita a Laureana. Sei que Patrícia vai te expulsar de lá. Ela nos odeia.
— Acho que o fato de tentarmos ficar com o hotel dela tem parte nisso.
Luana cruzou os braços sobre o peito. Ela era uma mulher linda, quase
uma modelo. Não morávamos tão longe de Horizontina e eu sempre me
perguntava se ela não tinha algum parentesco com Gisele Bündchen.
— Bom, não vim por esse motivo. Na verdade — ela girou em direção
à Geovanna —, percebi que nunca lanchamos juntas. Quer almoçar comigo?
Com Luana eu nunca tinha certeza se era uma tentativa de amizade, de
encontrar uma sabotadora aos meus planos, ou se ela estava dando em cima
de Geovanna. De qualquer forma, eu neguei pela minha secretária.
— Teremos compromisso à tarde, em Laureana. Por isso vamos
almoçar juntos.
— Você vai tirar da sua secretária até o direito de almoçar com quem
quer? Oh, Alex... você nunca fez o tipo ciumento.
Eu sorri, tentando ser debochado. Mas, a realidade é que eu estava a
cada momento mais assustado, mais sem reação diante das minhas próprias
ações.
A verdade? Queria pegar Geovanna naquele momento e guardá-la
dentro de mim, onde ninguém a visse, ninguém tocasse nela, ninguém falasse
com ela. E eu nem sabia por que estava assim. Nos poucos dias que
começamos a trabalharmos juntos, comecei a sentir a cada momento que o
espaço dela invadiu o meu, que o cheiro dela dominou meus instintos, algo
sobrenatural me puxava em sua direção.
Luana deu tchau com a mão e se afastou. Nesse momento virei em
direção a Geovanna.
— Espero que não se incomode de almoçarmos juntos. Choveu durante
a noite, e as estradas para Laureana estão em péssimas condições, então
pretendo ir logo após o meio-dia — disse, enquanto mexia nos papeis em sua
mesa, de forma aleatória.
O olhar dela queimava. Desviei o meu.
— Realmente não me importo. Apenas, a péssima lasanha do
restaurante de Noeli não é algo que eu queira de almoço.
— Podemos lanchar na cafeteria.
De repente minhas mãos tocaram um rabisco numa folha branca. Era
um desenho mal feito, mas eu reconheceria o local ali expresso em qualquer
momento da minha vida.
— É o casarão?
— Sim.
— Você o desenhou?
— Eu tentei — ela sorriu pela primeira vez e meu mundo inteiro virou
do avesso. — Às vezes, quando tenho uma folga, eu costumo desenhá-lo,
para nunca me esquecer dos detalhes. — Ela apontou uma das janelas. — Eu
adoro a forma como as janelas ficam em abóbodas, me lembra os arcos
romanos.
Minha boca estava seca. Eu fazia a mesma coisa em um pequeno bloco
de notas. Jamais contei aquilo para alguém, porque era demais esquisito.
Geovanna, contudo, não parecia temer julgamentos.
— Você gosta da casa? — indaguei, como quem não quer nada.
— Eu amo aquela casa — ela assumiu, sem medo.
Estava ali, gritando na minha direção, o motivo do porquê eu não
conseguir desviar o olhar dela desde que ela passou a ser minha secretária.
Por algum acaso, a casa escolheu essa garota para mim.
— Onde você esteve esse tempo todo? — murmurei.
— Eu sempre estive aqui, Alex. Acho que apenas você não me viu
antes.
De fato, eu não a tinha visto. Mas, agora, eu jamais a perderia de vista
novamente.
Eu nem queria ter parado para comer, mas depois de meus últimos
problemas com secretárias e estagiárias, eu não precisava que Geovanna
apontasse o quanto eu era um chefe abusivo que sequer a deixava se
alimentar, na ânsia de resolver minhas ambições.
Foi assim que viemos parar nesse local.
Podia ser qualquer lugar no mundo, mas, Esperança era um cu de
mundo e o único lugar que servia qualquer coisa era o Restaurante de Noeli e
sua detestável lasanha de bordas quentes e interior congelado.
Que escolha tive, então, senão trazer Geovanna a cafeteria onde a linda
Tatiana saltitava entre meses sorrindo para clientes como se algum deles
tivesse qualquer chance com aquela mulher.
Sentada ao meu lado, Geovanna pareceu nervosa. Não tenho certeza se
ela é de sair, já que nunca a vi em lugar nenhum de Esperança, nem mesmo
na praça, sua única saída do apartamento é para o trabalho.
Ela observa a tudo curiosa, parece uma criança. Claro, isso é a única
coisa nela que pode ser legada a infantilidade. Geovanna já é uma mulher
crescida, por baixo da transparência daquela camisa horrorosa eu consigo
visualizar as bordas de seus seios e a pele delicada.
Estamos bem no fundo da cafeteria, o mais isolado possível dos outros
moradores de Esperança.
Não que eu não quisesse que os outros me vissem com ela.
Definitivamente eu não me importava. Mas, era estranho. Eu estava sempre
perto de beldades, e de repente eu andava com o patinho feio?
Seria alvo de comentários, certamente.
O problema é que aquele patinho feio estava muito próximo de se
tornar um cisne.
Eu sabia disso. Eu podia ver o brilho por trás dos óculos de aros
grossos, das roupas feias, e do cabelo penteado num coque, repuxado com
tanta força que eu me perguntava se não doía.
Quando essa mulher se tornasse de fato uma mulher, seria arrebatador.
Será que eu estaria ali para ver? Será que eu poderia ser o homem a fazer
isso?
Interrompo meus pensamentos, dando-me conta do que pensava,
assustado. Quis ir mais fundo nessas questões que estavam sendo despertadas
desde que começamos a trabalhar juntos, mas fui interrompido com a
chegada de Tatiana e seu olhar intimidador.
— O que deseja?
— Café, pão de queijo... Tem torta?
— É uma cafeteria, óbvio que tem torta.
Eu arqueei as sobrancelhas, curioso com aquele atendimento grosseiro.
— Eu fiz alguma coisa?
— Vocês não querem comprar Laureana?
Por que diabos toda a cidade agia como se aquele hotel falido fosse
uma joia preciosa, um monumento a essa cidade de bosta?
— E?
— E eu vou pedir para Matteo e Max te darem uma coça!
Quase ri, apesar de perceber que Geovanna, ao meu lado, levou a sério
a ameaça.
— Seu marido te deixa mandar em outros homens? Achei que um Gatti
fosse mais ciumento.
— Bruno confia em mim. Nem tente vir de gracinhas para o meu lado,
que a mim você não engana. Mas, não espero que homens como os que
trabalham em Lanceiros entendam isso.
Geovanna estava claramente desconfortável. Por algum motivo, aquilo
me deixou nervoso. Eu queria colocá-la num potinho e protegê-la do que
viria.
— Homens que trabalham em Lanceiros? O que quer dizer?
Eu sabia o que ela queria dizer. Homens que trabalham em Lanceiros
não prestam.
Tempos antes, Tamara, a esposa de Dante, foi vista entrando no
escritório dos Gatti. Com certeza a mulher foi procurar ajuda jurídica para um
divórcio. Não sei se a questão foi adiante, mas Dante saiu da empresa para
salvar seu casamento.
Ficou claro que a fama de maus maridos, maus amigos, maus parceiros
de negócio nos precediam.
É, eu não era bem vindo aqui. Contudo, eu só queria levar Geovanna
para comer algo antes do embate com Patrícia.
— Bom, se puder trazer o que pedi e nos dar licença, tenho algumas
questões a resolver com a minha secretária — pedi a Tatiana, que nem se
dignou a me olhar.
— Querida, se conselho fosse bom a gente não dava, vendia, mas vou
te dar um mesmo assim: fuja. — Tatiana disse, firme.
Eu não gostei nada disso. Mesmo assim, fiquei em silêncio. Ela voltou
ao balcão e eu voltei minha atenção completa para minha secretária.
— O conselho da moça foi interessante. Fugir... O quão perigoso você
é? — indaga ela.
Seu rosto tem uma diversão que ela não consegue esconder. Ela quer,
mas não consegue.
Era uma nova faceta. Estava descobrindo muitas novas nos últimos
dias.
— Você vai fugir? — pergunto, recostando-me na cadeira.
Nossos dedos resvalam levemente. É um toque curto e singelo, mas
explode algo entre nós. Não dá para aguentar. É mais forte que tudo.
Ela gira os olhos e eu volto minha atenção ao menu.
— O que dirá a Patrícia? — ela questiona.
— Só Deus sabe. Eu já disse de tudo, já fiz de tudo... na última vez que
a vi, ela tentou me bater com uma vassoura.
— Por que querem tanto Laureana?
— Não sei direito. Talvez quando eu for o presidente, descubra.
— E se Luana for?
— Luana não vai me vencer.
— Você subestima demais as mulheres.
— Você acha?
Eu quase não resisti em contar a ela que as mulheres com quem me
relacionava sempre era dominadoras. Virgens pudicas nunca se aproximavam
de mim. Ovelhas sempre temiam o lobo.
Mas, não Geovanna.
Talvez ela não pudesse ver o perigo.
Nós dois paramos de falar quando Tatiana aparece quase jogando o
café no meu colo.
— Iludindo a menina, Alex? — O deboche de Tatiana é nítido. — Se
você precisar de ajuda, basta fazer um sinal de que eu dou uma surra nele —
Tatiana pisca para Geovanna.
Eu faço uma carranca para ela que nem se importa. Maldita mulher.
Bruno Gatti devia botar rédeas nessa égua indomável.
Observei o café espumado. Eu adorava café expresso, acho que está na
hora de comprar uma cafeteira em capsulas, porque vir a cafeteria estava
começando a sair dos planos.
— Diga-me, Geovanna... você cresceu em Esperança?
— Sim. Você não se lembra de mim?
— Fiquei muito tempo fora. Fui para um abrigo em Encanto quando
ainda era um menino.
Ela pareceu surpresa. Calculei nossa idade, e percebi que quando eu fui
enviado embora, Geovanna ainda devia ser um bebê.
— A vida não foi fácil para você — ela calculou com exatidão. —
Somos parecidos nisso.
— Não foi fácil para você também?
— Mercadoria defeituosa — ela apontou para baixo, para a perna
menor. — Minha mãe me chamava assim.
Mais uma mãe horrível. E eu sabia que havia tantas em Esperança.
Essa cidade com certeza era parte de algo ruim, terra amaldiçoada há
gerações. Mas, eu ainda podia sentir a fagulha do bem tentando se infiltrar. O
amor entre algumas pessoas naquela terra denotava que nem todos estavam se
deixando levar.
Eu, ao menos, sentia que ainda tinha uma chance...
E a minha chance estava ali, diante de mim, o olhar curioso em minha
direção.
— O que foi? — ela indagou. — Está me olhando estranho.
— Me fale sobre a casa — pedi. — Você disse que a amava.
Ela tomou um gole do café, enquanto parecia meditar nas palavras que
diria. Eu sabia que ela temia falar a verdade, e tudo que eu queria era dizer:
“pode dizer, estou aqui, não vou julgá-la, eu sinto a mesma coisa”, mas me
mantive quieto.
E se tudo que eu divagava era apenas fruto da minha imaginação?
— Você sonha com ela?
— Com ela?
— Com a casa.
— Às vezes.
— Sonhou essa noite?
O rosto dela enrubesceu e meu corpo enrijeceu na ciência de que ela
havia feito amor comigo lá, no mesmo sonho.
— Você sente isso, não sente?
— Não faço ideia do que está falando — ela murmurou.
Minha mão deslizou por debaixo da mesa e eu toquei no seu joelho.
Ela não se assustou, apenas me encarou com apreensão. Ela me temia ou
temia o que sentia por mim?
— Você está molhada?
— É indelicado de sua parte me perguntar isso...
— Não é indelicado quando você já é minha.
Estava ali. Eu não tinha certeza, mas meu corpo jamais me enganaria
dessa forma. Estava louco por ela. Estava louco pela mulher por detrás
daqueles óculos horríveis e daquelas roupas sem cor e sem graça. A mulher
que se revelava para mim na casa, nos meus sonhos.
Ela afastou o joelho.
— Acho melhor irmos.
E se levantou.
Enquanto a seguia, dou-me conta, de repente, que quero que ela confie
em mim. Que se agarre em mim. Que eu seja o único homem no mundo para
ela.
Por quê?
Aconteceu. Meu coração pulsando desse jeito no peito não dá margem
para outra interpretação.
Pela primeira vez na vida quero conquistar, não tomar.

O carro atolou. Não precisava ser um gênio para saber que isso iria
acontecer. Para se andar naquela região se precisava de um 4X4, mas o meu
sedan era minha única opção porque sempre considerei que o carro de um
executivo devia ser de acordo com o cargo.
— Acho que a granja do torto não fica tão longe. Podemos ir andando
até lá e ver se ele nos ajuda com o trator — ela sugeriu.
Era a melhor coisa a se fazer, mas eu não estava conseguindo
raciocinar.
O carro atolado, a conversa com Patrícia, meu cargo na presidência,
nada disso mais tinha importância. Estava quase saltando em cima da mulher
ao meu lado. Respirei fundo, fechei os olhos e tentei manter a calma.
Isso não podia estar acontecendo comigo. Talvez fosse falta de mulher.
Desde quando ela veio trabalhar comigo, eu não transava. Tirando os sonhos,
eu não tive contato com sexo desde que meu olhar encontrou o de Geovanna
naquela reunião. E eu era do tipo que estava sempre disposto e sempre
vivenciando o prazer erótico.
Contudo... agora nem conseguia me ver com outra mulher. O cheiro
dela estava me deixando louco, a voz dela me fazia ficar duro, meu
pensamento não conseguia se desviar de Geovanna.
A porta do passageiro abriu e ela saiu do carro. O que faria? A segui e
a percebi indo até a parte frontal, observando o pneu enfiado em um buraco.
— Eu posso ir andando até Max...
— Matteo também fica perto — apontei. — Qualquer um deles tem um
trator...
— Ou você pode chamar o seguro.
Me aproximei dela. A estrada era cercada por árvores frondosas, um
ambiente isolado e frio. Pus a mão no bolso do casaco, sentindo um arrepio
enquanto o vento cortava pelo sul.
— Talvez se colocássemos galhos de árvores no buraco, o pneu
consiga pegar aderência.
— Pode ser...
A verdade é que eu não me importava com a porra do pneu, do carro,
do isolamento. Eu só queria ficar ali olhando para ela, conhecendo-a mais,
descobrindo seus segredos.
— Por que não me retalhou quando eu a toquei na cafeteria?
Ela permaneceu em silêncio. O vento balançou suas madeixas que se
soltaram do coque, e a saia ao mesmo tempo, fazendo-a uma figura mítica de
um quadro renascentista.
— Por que não me estapeou quando lhe perguntei se estava molhada?
E por que diabos eu estava fazendo aquele tipo de pergunta? Como um
porco assediador?
— Eu não vou tocá-la aqui, não se preocupe. Não precisa me temer por
causa do isolamento, jamais forçaria uma mulher — quis deixar claro,
entendendo errado seu silêncio.
Foi então que seu olhar cruzou o meu. Havia fogo e calor ali. Aquilo
me despedaçou.
— Diga, Geo...
Diga... a mesma palavra usada durante o sonho. Era uma ordem.
Uma ordem para quê?
Dou-me conta, então que a quero submissa, a primeira mulher que
quero assim.
A quero implorando, de joelhos... me chamando de dono.
— Não posso — seu soluço cortou minha alma.
— Por que não?
— Porque não estamos nos meus sonhos...
Era a confirmação que eu precisava.
— Estamos nos encontrando no casarão, não é?
Seu olhar ficou assustado e ela tentou fugir. Segurei seu braço,
impedindo-a.
Foi o que precisou. O toque explodiu meu sangue em fogo puro. Logo,
minha boca tomou a dela, enquanto meu corpo a subjugava contra a lataria do
carro.
O gosto de Geovanna não era diferente do que eu sentia na boca, fruto
dos meus sonhos. Ela era doce com aroma de canela. A língua dela era
quente e eu pude senti-la contra meus dentes, numa batalha desesperada por...
Pelo quê?
Deslizei minha mão pela sua coxa e cheguei na parte molhada da
calcinha. Eu sabia que ela estava me ansiando e não era de agora. Seu corpo
estremeceu contra o meu e eu disse a mim mesmo que devia recompensá-la
por todo esse tempo em que ela me desejou e não me teve.
Eu me aliviei em outras mulheres, mas Geo não fez isso com outros
homens. Era dela, portanto, o direito ao primeiro prazer.
Deslizei suas pernas por minha cintura, enquanto as costas dela se
inclinavam sobre o capô. Em segundos, ela estava encaixada contra o monte
elevado do meu pau, duro como aço.
Não importa mais porra nenhuma. Que o mundo se exploda.
Meus dedos ágeis puxam a calcinha dela para o lado. Eu sinto seus
pelos eriçados contra meus dedos. Quero afundar a boca ali, mas tudo que
faço e forçar sua boceta contra meu caralho duro.
— Alex — ela soluça, esfregando-se contra meu pau.
— Diga, Geo — ordeno.
— Meu senhor... — ela geme, não conseguindo se controlar mais.
Eu quero responder, mas nem consigo respirar enquanto começo a
roçar meu pau duro através de nós, para cima e para baixo. Estou vestido,
mas mesmo as roupas, não tiram a intimidade gritante do ato.
Estou prestes a dar a ela o primeiro orgasmo. O primeiro de muitos.
Seguro suas nádegas para ajudar a balançar sua boceta contra o meu
pau.
— Esfregue em cima de mim — explico porque ela definitivamente
não sabe como fazer. — Assim você vai gozar.
Ela grita meu nome. E então ela goza. Seu suco borbulha em cima da
minha protuberância na calça.
Cuido dela num abraço cálido até que ela se acalme. Seu corpo treme e
dói. A dor boa.
— É... certamente se alguém souber disso, ambos estamos na rua.
CEO bom ou não, Carla vai me matar.
Não era o momento de eu dizer isso, mas estranhamente é tudo que eu
penso. Se ela for despedida, perderei minha secretária e a mulher que mais
quero na vida desde nunca.
Geovanna suspira.
— Então esse será nosso segredo — diz.
E eu sei que aquilo despertou algo novo nela. Algo novo em mim.
Traços das amarras que nos seguravam foram simplesmente arrebentados
pelo destino.
Agora era a hora de seguirmos nossa sina.
Capítulo Cinco
Geovanna

Meu corpo ainda tremia quando ouvimos o som ritmado de uma patrola
se aproximando. Alex se afastou brevemente, escondendo sua saliência com
o casaco, enquanto me ajudava a ficar em pé, alisando minha saia sobre
minhas pernas.
— Você está bem? — ele indagou.
Não, eu não estava bem. Estava assustada e nervosa com os
acontecimentos. Tudo estava indo muito rápido e eu me sentia zonza com
essa velocidade.
Há duas semanas Alex nem me olhava. Há duas semanas, meus sonhos
e desejos com ele eram apenas pensamentos platônicos de uma virgem sem
esperança. Há duas semanas o casarão era apenas parte de um segredo
guardado no coração.
Desde então Alex me via diferente, meus desejos pareciam estar
saciados, meu sonho, por algum motivo, parecia ligado a ele, e a casa, de
repente, era ambos, tomando vida.
A casa nos clamava, nos queria. Aos dois. Juntos.
— Geo...
— Não me chame assim — pedi.
Não porque não gostava, mas porque ficava ainda mais arrepiada.
— Eu sempre te chamo assim.
— Apenas nos sonhos que tive com você.
— Também tive os mesmos sonhos, Geo...
— Isso é loucura...
— Mas...
— Maluquice. Impossível de acontecer.
— Está acontecendo.
O trator estava cada vez mais próximo. Eu olhei para a estrada,
sabendo que ele surgiria no horizonte a qualquer momento. Empurrei
levemente Alex, tentando fugir.
— O que vamos fazer, Geo?
— Eu... Eu não sei.
Andei até a porta do carro. Alex me seguiu.
— Na cama sou o dominante, mas fora dela, sinto que é você que
manda. Me diga o que fazer, e eu farei — ele parecia implorar.
Minha boca abriu, pasma. Sua fragilidade era tão gritante. Por alguns
segundos, senti que Alex aproveitaria a reação para outro beijo, mas o
empurrei antes que o fizesse.
Ao longe, agora eu podia ver Max e um dos seus filhos. Acenei,
chamando-os. O olhar de Alex queimava em mim, mas não tinha coragem de
me afundar nele.
Estava completamente apavorada. O que diabos estava acontecendo?
Sempre fui cética, não acreditava nesse negócio de almas gêmeas, ou balelas
como essa, mas por que então nós dois parecíamos ter nos encontrado depois
de tanto tempo, sendo que passamos boa parte de nossas vidas esbarrando um
no outro, sem, contudo, nos reconhecermos?
— Fica comigo, Geo — ele pediu.
Agora o trator estava a poucos metros, me afastei dele e andei na
direção da máquina.
— Bom dia, Max...
— Senhorita — o homem me cumprimentou, segurando a ponta de seu
chapéu de palha.
— Senhora — Alex disse, baixo, atrás de mim. — Senhora Franco.
Minha pele se arrepiou, mas por sorte Max não o ouviu.
— Pode nos ajudar? — indaguei ao homem.
Ele assentiu.
Estava ansiosa para sair daquela estrada. Fazer o que tivesse que fazer
em Laureana e voltar correndo para a segurança do meu apartamento.
Queria ficar longe de Alex e do que ele me fazia sentir, na mesma
proporção que cada pedaço dele me perturbava e me chamava.
Ele era tentador. Tanto quanto a casa.

O Hotel Fazenda Laureana era uma área extensa com um recém


inaugurado termal e uma área incrível para equinos de todas as idades. A
sede era um hotel de três andares no meio de uma vasta vegetação de um
pomar. Ao redor, várias pequenas casas, cabanas, davam o ar rupestre
necessário.
Vinicius, o peão, cruzou por mim mexendo em seu chapéu. Ele me
observou com nítido interesse, não que fosse diferente do olhar que destinava
a qualquer fêmea, porque para Vinicius, qualquer coisa que fazia xixi de
cócoras e não fosse um sapo, ele estava traçando.
Eu soube que ele engravidou uma jovem, e seria forçado a casar com
ela. De repente, vê-lo obrigado a algo que não queria me causou conforto. Eu
gostava de sentir a desesperança nele.
A mão de Alex forçou meu braço, e eu percebi que ele também havia
reparado no olhar. Por algum motivo, baixei minha fronte e permiti que ele
me empurrasse em direção à Patrícia, a mulher que gerenciava o local.
Ela não era apenas a gerente, mas também proprietária. E faz-tudo da
região. Meus olhos a encararam com interesse porque aquela mulher de fibra
estava chegando aos trinta anos sem nunca ter tido qualquer interesse
amoroso em Esperança.
Imaginava se ela fosse igual a mim, solitária e sem expectativa, mas
sua aparência não me deixava comparar-nos. Enquanto eu era manca e feia,
Patrícia parecia uma deusa romana, seus longos cabelos escuros presos num
coque alto, olhos verdes esmeralda e com um viço invejável.
— Alex — ela disse, alto, e eu soube que, além de bela, ela era
completamente segura de si. — Ainda insiste em vir me encher a paciência?
Alex sorriu para ela, enquanto nós nos aproximávamos.
— Só vim como turista, estou pensando em me hospedar alguns dias.
Quero aproveitar as termais. Geo adoraria, não é querida? — ele me olhou e
eu fiquei sem reação.
E não era a única.
— Você é a moça da recepção? — ela me encarou. Fiquei muito
surpresa que ela já havia me visto antes. Ninguém me enxergava em
Esperança. — Qual sua idade?
— Dezenove, senhora.
— Anda enganando jovenzinhas, agora, Alex? Não basta as outras que
você já levou no papo?
Eu quase ri do engasgo que meu chefe teve.
— Ela é diferente, Patrícia.
— Você diz isso de todas.
A frase me derrubou. Eu o encarei, e ele negou com a face, na minha
direção.
— Geo será minha esposa.
Era até engraçado ele falar aquilo, quando sequer éramos namorados.
Eu devia puxar meu braço e mandá-lo se foder, mas não conseguia reagir, até
porque não sabia se toda aquela conversa não era apenas parte dos planos
dele para conquistar a simpatia da outra.
— Então você quer alugar um quarto? Onde estão suas malas?
— Não para hoje — justificou. — Geo e eu viemos apenas observar o
ambiente.
Patrícia não parecia acreditar em nada do que Alex dizia, mas ela
concordou.
— Fiquem à vontade. Se quiserem desfrutar nossas termais, posso
conseguir roupas de banho.
Apesar de desfrutar água quente parecesse maravilhoso, eu estava
assustada demais das sensações vividas na estrada para me atrever a ficar
com pouca roupa com Alex.
A gerente se afastou de nós e passamos a andar pela calçada que levava
aos cavalos. Chegamos à baia pouco depois. Percebi uma égua amamentando
um pequeno potro e sorri.
— Você quer filhos? — ele me perguntou.
— Você quer?
— Tem medo de responder minhas perguntas?
Sim.
Pavor.
— Nunca sei o que esperar de você, senhor Franco.
— Senhor Franco? Nunca me chamou assim...
Minha mão segurou a cerca que protegia os cavalos. Minha respiração
pesou. Exalei com força.
— Alex, o que aconteceu hoje...
— Você sabe que vai se repetir... Então, para que arrumar desculpas ou
justificativas?
— Você não se pergunta o que diabos está ocorrendo entre nós?
— Eu devia?
— Sim.
Ao longe, o pequeno potro relinchou. Era uma criatura tão inocente
num mundo tão devastador.
De repente me dei conta de que se Lanceiros conseguisse Laureana,
tudo isso acabaria. Eu tinha certeza de que os motivos por trás da fábrica em
nada eram conservadores.
— O que acontecerá com os cavalos?
— Como?
— Quando você for presidente de Lanceiros?
Alex virou o rosto para os animais.
— Eu gosto de animais — ele murmurou. — Mas, admito... não faço
ideia do que a diretoria vai me forçar...
Ele sabia! Estava ali! Ele podia não ter certeza, mas algo nele instigava
a ciência de que os motivos eram escusos.
Dei-me conta então que, ao menos com Alex, eu era a linha de defesa
para Patrícia e seus animais.
Até então eu nunca fui o bem. Também não era o mal, mas jamais agi
para proteger nada além de minha própria vida e Sr. Shin.
Voltei-me para Alex. Ele estava ansioso, nervoso... Parecia querer me
dizer algo, querer me pedir algo. Mas, não havia coragem em seu semblante
para levar a boca as palavras que dançavam em sua mente.
— Seu olhar mudou — Alex apontou. — O que está pensando?
— Me odiaria se eu te manipulasse?
Ele ficou em silêncio alguns segundos. De repente, de súbito,
aproximou-se mais. Eu podia sentir o vento exalando de seus lábios.
— Querida, faça de mim o que você quiser.

Nós não nos vimos no final de semana. Também não sonhei com ele, o
que era uma sorte, porque eu precisava respirar para seguir adiante.
— O que faço, Sr. Shin? — indaguei ao meu gato durante o café da
manhã de segunda-feira.
Shin nunca miava. Mas, eu conseguia lê-lo através dos olhos
enigmáticos.
E ele parecia me dizer o inevitável. Eu não conseguiria escapar do que
quer que for que estava acontecendo com Alex, mesmo que fugisse do
estado, do país, do planeta. Porque a ligação, assim que aconteceu, se tornou
mais forte e potente do que qualquer outra coisa, e não se quebraria.
Beijei meu gato, enquanto me despedia. De alguma forma, sua resposta
para mim me fez entender que se era para eu beber dessa água, a melhor coisa
era me atirar logo no poço.

Entrei no escritório e o olhar de Alex fixou-se no meu.


— Desculpe o atraso. Perdi meu ônibus — expliquei.
— Posso buscá-la todas as manhãs... — ele sugeriu sem ao menos
respirar. — Assim podemos tomar café da manhã juntos.
Eu respirei fundo, sem saber o que fazer. Algo no meu íntimo estava
flamejante, tão ansioso por qualquer coisa entre nós que mal conseguia
raciocinar.
Meu Deus, eram nove horas da manhã e eu já o queria.
— Eu trouxe os extratos da...
Alex ficou de pé e, de súbito, fiquei tão tonta que quase cai.
— Eu pensei em você durante todo o final de semana. Não fui procurá-
la porque queria lhe dar espaço para pensar também.
Não era um assunto para ser tratado no ambiente de trabalho.
— Eu não tive os sonhos — contei, mesmo assim.
— Eu também não.
— Mas... também pensei em você.
Ele se aproximou de mim com destreza. Logo, estava diante de mim.
Eu estava fazendo um esforço sob humano para conseguir respirar.
— Não me olhe assim, Geo...
— Assim como?
— Como se não pudesse esperar para estar comigo dentro de você.
Minhas pernas perderam a força e precisei me segurar na mesa.
— Sua reunião com Luana será...
— Eu não me importo com essa reunião. — Alex deu dois passos na
minha direção. Seu hálito tocou meu rosto. — Eu só quero ver seu rosto
quando chega ao orgasmo de novo. Você goza tão bem... é tão bom...
É isso. Ele é meu dono. Não vai demorar muito para ele me colocar na
coleira.
— Diga, Geo...
— Não...
— Diga, Geo... Implore...
A mão de Alex desce sobre seu pau. Ele o apertou, enquanto minha
boca ficou seca.
É grande porque eu o senti contra mim, seu cumprimento era longo e
firme. Mas... e a aparência? Como seria tocar nele?
— Nós estamos em horário de trabalho...
— Foda-se o trabalho. Diga, Geo... Não estou pedindo, é uma ordem.
Uma ordem... Ele manda em mim. Não de agora, a muito tempo. Eu
apenas não era ciente antes.
— Eu quero estar no seu pau...
Alex geme.
— Eu sei, amor. Mas, a gente ainda está se desbravando... Já faz tanto
tempo... você é virgem, não é?
— Sim...
— Eu vou precisar ir com calma, porque não quero machucá-la. Não
você. As outras não me importam, mas você é diferente. Você é minha desde
a aurora dos tempos, Geo...
Preciso me segurar nele, para não cair. Meu corpo está em tal estado
que tudo que desejo é senti-lo dentro de mim. O tempo todo.
— Estou queimando... — choramingo.
— Está?
— Por que você não me fode logo?
Eu o estava culpando? Estava culpando meu chefe de não querer me
foder em pleno ambiente de trabalho?
Alex se afasta e sem seu suporte, sou obrigada a sentar na sua mesa.
Ele caminha até a porta, a abre e olhar para fora. Ok. Ninguém a vista. Eu sei
que ele está ardendo, mas também se preocupa de não sermos pegos.
A porta bate se fechando. Ele a tranca.
Puta que pariu...
Quando ele se vira para mim, sei que está excitado, tesudo, gostoso, e
vai me dar alívio.
Eu o busco como se ele fosse a única fonte de água no meio do deserto.
— Alex.
De repente sua mão afunda no meu cabelo. Ele agarra minhas
madeixas com força, forçando minha cabeça para trás.
Dói. E eu gosto.
— Vamos lembrar os termos, Geo? Eu sou quem manda aqui. E você
obedece...
— Mas...
Seu dedo aperta meus lábios.
— Quieta, só lhe dou o direito de gemer, entendeu?
Concordo, até porque não sou capaz de lhe negar nada. Logo, ele
segura minhas pernas em volta de si, me erguendo, e estou novamente
naquela posição deliciosa, onde minha bocetinha pode acariciar seu pau. E
ele está tão duro...
Em menos de um segundo, estou pingando, a necessidade se agitando
através de mim, ganhando intensidade cada vez que ele mói seu cacete contra
meu cerne.
Alex gosta disso. Ele gosta de apertar o pau dele sem penetração.
Claro, ele deve adorar meter, mas essas preliminares o deixam em êxtase.
— Alex — imploro. — Eu o quero dentro de mim.
— Você acha que eu vou te foder aqui? — ele indaga, sério, seus
olhos meio fechados quando encontram os meus. — Aqui, só brincar, Geo...
só brincar.
Seu pau pontudo desliza para a frente e para trás sobre minha boceta.
— Você lembra dos termos dos nossos sonhos? Eu sou seu dono. Você
nunca poderá contestar nada. E só eu posso tocar nesse corpo. Nenhum
homem antes, nenhum homem depois. Você é minha.
Vagamente, eu lembro disso.
— Você não obedeceu aos termos — retruquei.
— Não nego, Geovanna, mas o que precisa saber é que desconhecia a
verdade sobre nós. Agora que sei, estou lhe dando minha palavra. Eu jamais
terei outra mulher. Só você, nessa vida e em todas as outras que tivermos. E,
nessa vida, você será minha esposa. — Afirma, sua voz retumbante, sombria
e séria. — A mãe dos meus filhos — completa. — E quando eu decido algo,
não há volta.
— Alex...
Sua boca me toma. Beijos intensos movidos no mesmo ritmo do seu
quadril.
— Quero lambuzar minha boca na sua bocetinha, Geo... quero lamber
teu gozo e quero que você sinta o meu também. Você lembra de como gosta
de me chupar?
Aceno, sem saber direito se é verdade, porque minhas lembranças,
meus sonhos, são tão vagos.
Alex me leva até o sofá. Eu sento enquanto ele se ajoelha diante de
mim como um príncipe encantado. Mas, os contos de fadas está longe de nós.
Não somos cinderela e o príncipe encantado. Somos duas almas
agoniadas, amaldiçoadas, que só encontram um pouco de repouso um diante
do outro.
Ele abre minhas coxas. Minhas pernas tremem, sabendo o quanto estou
exposta para ele.
— Você está pingando, Geo...
— Por sua culpa — acuso.
Estou excitada demais, mas o som de sua risada me deixa ainda mais
molhada.
Alex abre o zíper de sua calça e seu pau duro surge entre nós. É
enorme e me deixa com água na boca. Quero deslizar minha língua por
aquelas veias.
Ele se toca, puxando-o para cima e para baixo.
— Tira a calcinha.
Eu a puxo para baixo, e deixo que ela caia em algum lugar
desconhecido. Depois, o vejo bater punheta olhando para minha boceta
encharcada.
Não consigo parar de gemer, mesmo que ele não esteja me tocando. Só
de vê-lo se acariciando enquanto me observa está me deixando louca.
— Tire a saia e a blusa — ele manda. — Quero ver seus peitos.
E eu cumpro. Não sou capaz de negar nada.
— Quero gozar em você — explica, e eu enrubesço de tesão. — Se
toque, Geo... quero vê-la enfiando os dedos nessa boceta gulosa.
Seu pau está vermelho, as veias pronunciadas parecem ficar maior a
cada puxada que ele dá no seu cacete.
Alex bate algumas olhando para meus seios ainda cobertos pelo sutiã,
depois para minha barriga, e por fim seus olhos fixam no meu centro. Ele
puxa e puxa sem parar, cada vez mais rápido.
Meus dedos me tocam. Enfio o dedo médio dentre dos meus grandes
lábios, tirando de lá um líquido transparente. Levo o dedo a boca e lambo,
sentindo meu próprio gosto.
— Caralho, sua putinha... ahhhh...
Quero estender a mão e tocá-lo, sentir essa parte dele por mim mesma,
mas ele me mandou me tocar, e eu sou incapaz de desobedecer. Então eu vou
apertando minha boceta, deslizando meus dedos, afundando o dedo médio
mais fundo enquanto o indicador brinca com meu clitóris.
Ele não demora muito para gritar meu nome. A umidade se derrama em
sua mão, e logo ele se ergue, deixando que o líquido imundo, sujo, humano,
deslize pelos meus seios, como num banho sagrado de prazer.
Eu amo a sensação disso. Então abro mais minhas pernas, deixando-o
se masturbar em mim.
Ele se contorce e leva o pau até a minha boca. Um jorro forte desliza
pela minha garganta. Eu quero segurar seu pau e chupar e chupar, mas ele
não me ordenou isso.
Então tudo que faço e enfiar mais e mais fundo meu dedo dentro de
mim.
— Alex... Alex... — estou gritando, tremendo de tanta vontade.
Logo ele retorna à posição de joelhos, afastando aquele pau delicioso
de perto de mim. Parte do seu sêmen ainda está nos meus lábios e eu lambo,
querendo mais e mais.
Alex abre mais minhas pernas e se afunda, cheirando, beijando,
degustando.
Eu sou um prato de comida que ele não se fará de rogado em comer.
— Tire a mão, Geovanna.
Só então percebo que meu dedo ainda está dentro de mim, mas de nada
parece servir para me aliviar.
Quando minha mão sai, sua boca cai em cima. Ele mergulha a língua.
Eu grito, meus quadris incontroláveis.
Suas mãos cavam em minha bunda, me segurando enquanto ele me
come.
Isso, ele me come. Essa é a expressão correta.
A boca afundada num prato saboroso.
Sons altos e imundos chegam aos meus ouvidos, mas não consigo nem
mesmo me concentrar neles porque ele está me lambendo e chupando. É uma
sensação indescritivelmente boa.
Eu grito, nem me reconheço enquanto meu corpo sacode em ondas
contra sua boca.
Eu estou chorando. Lágrimas deslizam pela minha face, mas não é dor
ou tristeza.
— Me fode... me fode — imploro. — Por favor, Alex, me fode...
Ele chupa mais forte e mais forte, até que eu me rasgo num orgasmo.
— Alex! — eu grito, no final. — Eu não aguento mais, me faça sua.
— Não aqui.
— Por favor, é só colocar seu pau em mim... por favor...
— Não aqui, eu disse — ele puxa meu cabelo com força, e a dor
novamente me leva a outra onda de prazer.
— Me bate — peço. Como posso pedir isso?
É deprimente.
— Não Geo. Já disse que aqui, não.
— Hoje à noite, então, onde você quiser...
Ele se levanta limpando a boca.
— É muito cedo ainda.
— Eu vou morrer se você não meter em mim, Alex.
Ele ri. Mas, estou falando sério. Minha boceta contrai em dor.
Som de passos no corredor. Subitamente eu acordo do torpor sexual e
busco minhas roupas enquanto Alex parece encarar a porta como se ela
pudesse se abrir a qualquer momento.
Mas, está trancada.
— Quando mais tempo você acha que eu vou aguentar. Se você não me
comer hoje, eu juro que dou para qualquer outro.
Ele se aproxima como um raio e um leve tapa explode no meu rosto.
Começo a rir, sem entender como pudemos chegar a esse patamar.
Então, é isso. Somos dois doentes. Dois loucos.
— Nunca mais diga isso.
Estou apaixonada por esse homem. Qualquer coisa vinda dele é o
oxigênio voltando aos meus pulmões. Termino de me vestir, enquanto Alex
parece culpado.
— Eu não quis te machucar... eu perdi o controle — ele fala, sobre o
tapa.
Eu nem me importo com o tapa.
— Se desculpe me comendo.
Alguém bate na porta. Nossa conversa, por sorte, é interrompida.
Luana chegou para sua reunião.
Capítulo Seis
Alex

— Algum problema?
— Ministério da saúde reclamando de novo sobre a química dos
cigarros. Que merda, os fumantes sabem que faz mal, deixe-nos em paz —
resmungo. — Vou precisar do relatório sobre a quantidade de Nicotina. Traga
a minha sala também as análises da DDT, Fenol e Formol. Eu preciso do
relatório sobre o Pineno.
— Pineno?
— É um aromatizante. Você sabe onde encontrar?
— No sistema?
— Não. Estão fora do sistema porque ainda não é seguro. Ah —
circulo pela sala, de um lado para o outro. — Eu não quero que Luana veja o
relatório.
— Por que não?
— Esqueceu que ela também quer a Presidência?
Eu balancei minha cabeça.
— Achei que o divisor de águas seria conseguir Laureana.
Sagaz. Geovanna era muito inteligente.
— Geo, precisamos conversar.
Eu nunca bati numa mulher, nem mesmo gritei com uma mulher, em
meus mais de trinta anos de idade. E em poucos minutos, Geovanna me fez
estapeá-la. Era apenas um tapa leve, eu sei que não a machuquei, mas não
conseguia evitar a culpa e a vergonha.
— Eu não sou esse tipo de homem.
— Eu sei...
— Você me deixou louco... essa sua ameaça...
— Eu estava bem vivendo platonicamente o que eu sinto por você,
Alex. Mas, você apareceu e tornou carnal o que só havia em sonhos. Agora,
só quero que cumpra sua parte. Exijo que cumpra sua parte.
Era justo. Mas, eu ainda temia seguir adiante. Quando acontecesse, eu
sabia que o resto de controle que ainda tinha em mim mesmo iria se exaurir.
Geovanna iria me manipular e fazer de mim o que ela quisesse.
— Gostaria de vir ao meu apartamento hoje à noite? — questiono,
fazendo-a arquear as sobrancelhas.
Ela venceu. A primeira de muitas das suas vitórias.
Capítulo Sete
Geovanna

— Qual o tamanho do seu apartamento? — indaguei, enquanto meus


olhos vislumbravam o enorme espaço fixado num dos prédios mais caros de
Esperança.
— Trezentos e cinquenta metros quadrados.
— Para que tudo isso?
— Imponência. Poder.
Caminhei pelo apartamento observando os móveis caros. Alex tinha
um gosto muito moderno, especialmente nos equipamentos eletrônicos que
ficavam numa das estantes. Observei que não havia livros a vista. Era
estranho porque sua ligação com o Casarão sempre me deu uma imagem
diferente dele, algo quase intelectual.
— Casas grandes significam poder?
— Eu cresci num cubículo que minha mãe usava para transar com
homens na minha frente. Depois, fui levado a um abrigo onde dividia um
quarto com trinta garotos. Superlotação, eles falavam. Não é à toa que eu
gosto de espaço.
E havia muito espaço, de fato. Comparei a minha quitinete, e podia vê-
lo inteiro naquela sala.
— Onde é o quarto? — inquiri.
Os olhos de Alex brilharam. Eu não sabia exatamente de onde saia essa
Geovanna acesa, vulgar e objetiva, mas quando estava sozinha com ele,
traços que eu desconhecia em mim se mostravam, tão fortes e avassaladores
que eu não conseguia controlar.
Alex colocou a mão nas minhas costas e me guiou até uma luxuosa
suíte onde uma cama king adornava o centro, como um convite.
— Trouxe muitas mulheres aqui?
— Muitas — ele confirmou.
Eu me sentei na cama. A afirmação dele não me incomodava.
— Não é como eu imaginava que seria.
— Nosso momento?
— A cama — neguei. — A cama não é como a do Casarão.
Ele riu.
— Estou apavorado, Geo... e você se preocupa com a cama?
— O que te apavora?
— O que estou sentindo por você. Mal consigo respirar. É tão errado, e
tão certo ao mesmo tempo. Acho que é amor. Não... tenho certeza de que é
amor. E ao mesmo tempo que quero me afundar em você, tudo em você é
uma incógnita.
Ele está apaixonado por mim. Não é surpresa.
— Talvez você esteja pagando seus pecados, pela maneira como tratou
as outras mulheres.
— Talvez. Mas, duvido que alguma tenha sentido por mim um décimo
do que estou nutrindo por você.
Suspirei.
— Não deve ser amor. Deve ser apenas desejo. Sou diferente das
outras, então você acha que está sentindo algo desigual.
— Acha que não pensei nisso? Amor é um sentimento que se constrói.
Nós não tivemos tempo para criar nada. Mas, cá estou, aos seus pés,
Geovanna...
Eu sorri.
— Ajuda se eu disser que sinto o mesmo? Que também o amo?
— Mas não tem certeza, tem?
— Tenho medo de que não seja o mesmo dos meus sonhos. Porque
aquele Alex era meu cúmplice. Meu amigo. Meu parceiro. Ele era podre
como eu. Mercadoria defeituosa como eu. Estou descobrindo você fora
daqueles sonhos. Temo o que posso encontrar.
— Acha que posso machucá-la?
— Não estou disposta a descobrir. Então, estou me protegendo como
posso. Já senti muito desamor nessa vida para aguentar mais.
Ele começou a andar na minha direção. Meu coração saltou no peito.
— Eu nunca vou machucar você, Geovanna.
Sua frase me faz lacrimejar.
— Você é a mulher da minha vida. A mulher que espero por muito
tempo, e achei que jamais fosse acontecer. Quero te amar até que você
consiga confiar em mim cegamente. Você me permitirá isso?
Um calor se desenrola dentro do meu estômago, florescendo para fora.
Eu estava à beira das lágrimas.
— Estou apavorado, Geovanna. Mas, não por medo de amar você.
Mas, por medo de que você seja a minha desgraça. Que você acorde amanhã
e se vá. Que eu não tenha você ao meu lado pelo resto dos meus dias.
— Eu quero ter filhos com você, Alex... — digo. — Quero uma família
com você.
Na casa. Não completei, mas esperava que ele entendesse.
— Você despertou coisas novas em mim, Geovanna. Mesmo a casa,
ela nunca me deixou assim. É como se você fosse a minha casa. Se eu tenho
você, não preciso mais de nada.
Não. Eu não queria ouvir isso. Não queria ouvir que ele podia
desconsiderar nosso verdadeiro lar. Era quase um pecado.
— Nunca amei ninguém antes de você. Nunca quis amar ninguém
antes de você. E agora você é meu universo.
Sempre fui tão sozinha nesse mundo. Eu sempre tive apenas a casa. E
agora eu tinha Alex. Meu mundo inteiro virou do avesso. Porque eu tinha a
ele, e podia ter a casa... se ele lutasse por ela, ao meu lado.
Mas, ainda não era tempo de tocar nesse assunto. Havia um motivo
maior para eu estar ali. Para eu tê-lo praticamente forçado a me aceitar
sexualmente.
Eu queria experimentar a sensação avassaladora da felicidade.
— Você é tão linda — Alex murmura, olhando para mim.
Não. Eu não era linda. Nem de longe era linda. Mas, eu sabia que a
frase dele era verdadeira, era sincera. Fiquei de pé e caminhei em sua direção.
Estendi a mão, traçando meu dedo na lateral de sua bochecha.
Não falamos enquanto ele me deixava de roupas íntimas. A calcinha e
o sutiã são simples, de algodão, mas ele geme como se eu estivesse de cetim
ou seda, seus olhos escurecendo ainda mais enquanto ele desliza-os pela
minha pele.
Eu sinto seu olhar como um toque, me queimando. Arrepios sobem
pelos meus braços e depois pelas pernas.
— Tire o sutiã. Quero foder com meu pau no meio dos seus seios.
Obedeço, porque obedecer Alex é tudo em minha vida.
— Agora acabou o sentimentalismo — seus olhos obscurecem, e
sorrio, sabendo que nossos jogos vão começar. — De joelhos, Geo.
Eu faço como instruído, sentando-me nos calcanhares. Minha boceta
começa a latejar de antecipação.
Ele dá um passo para trás, me devorando com o olhar. Sua mão cai
para a calça, acariciando-se através do tecido.
— Você é tão impetuosa e audaciosa fora do quarto, Geovanna. Sinto
que é meu dever e meu direito puni-la pela garota má que é.
— Má?
— Você me provoca, me dá ordens, como se fosse minha dona.
Eu coro, não tenho certeza do que dizer sobre isso.
— Perdão, senhor.
— Perdão? O que você tem que fazer é chupar meu caralho com
vontade, deixando meu esperma escorrer pela sua garganta. Talvez assim eu
possa considerar seu arrependimento.
— Na garganta? Ouvi dizer que machuca.
Sua mão segura meu queixo com força, me obrigando a encará-lo. Eu
gemo de puro prazer pelo toque bruto.
— Ouviu, onde?
— Internet.
— Você fica se masturbando assistindo putaria, Geo?
Sua mão me deixa. Alex tira a camisa. Seus músculos fazem minha
boceta latejar mais.
— Acabou a era da diversão virtual, Geovanna. Meu pau é o único que
você verá daqui em diante. Você vai me chupar todos os dias, quero vê-la
engasgar-se com a minha porra. Para o mundo você será uma jovem gentil e
inocente. Para mim, você será minha cadela, minha puta...
Mordo meus lábios, molhando um pouco minha boca seca. Nunca
pensei sobre sexo, mas esse homem fala de um jeito que faz com que eu
deseje mais que tudo ser a sua submissa. Quero que ele me mande. Que me
domine. Que nunca me deixe ir.
Seu corpo se revela para mim, inteiramente. É a primeira vez que vejo
Alex assim, nem mesmo em meus sonhos ele fica tão nu. Seu abdômen é
duro, cada músculo definido. Suas coxas são grossas, poderosas. Suas pernas
musculosas. Sua ereção é intimidante.
Muito intimidante. De repente, comecei a tremer.
— Você é enorme.
Ele ri e depois fecha a cara.
— Está com medo do meu cacete, putinha? Pois será ele que te
dominará até nossa morte, e depois dela. O único pau que você terá para
pegar, lamber, chupar, brincar, acariciar, e fazer o que você quiser.
O pau de Alex avança para mim. Ele está em meus olhos, grande,
grosso, minha boca enche de água, ansiosa para tê-lo na boca.
Quando Alex gozou na minha boca, não me deixou lamber direto da
fonte. Agora eu podia.
Audaciosa, estendo a mão para tocá-lo. Eu sei que é um risco, ele não
me permitiu fazer isso, mas não posso mais aguentar. Meus dedos fecham em
torno de seu comprimento. Sua pele é quente e macia.
O medo surge na mesma proporção que o desejo avança. Começo a
imaginar se vai caber dentro de mim. Eu sinto dor até para colocar o
absorvente interno, imagina um negócio desse tamanho.
Acaricio minha mão para cima e para baixo imitando seu gesto no
escritório. Meu nome ecoa pelo quarto, espalhado pelo seu gemido carnal.
— Ah, caralho... sim... tão bom... — ele sibila entre os dentes como se
estivesse com dor enquanto eu o exploro.
Alex é tão firme. Cada músculo de seu corpo está rígido, sua mão no
meu cabelo aperta.
Meu centro feminino se contrai com força inesperada.
Céus, eu gosto da dor. Estou quase ao ponto de pedir para ele me dar
uns tapas.
Eu me inclino em direção a ele, ansiosa para saboreá-lo. Minha língua
o toca.
Sou sua putinha, minha boca abocanhando seu pau do jeito que ele
quer.
—Ah, porra — ele geme.
Eu gosto disso. Eu o lambo novamente, girando minha língua ao redor.
Ele cheira a madeira molhada, algo masculino e é tão bom.
— Me chupe mais forte.
Um pequeno esguicho de seu gozo atinge minha língua e ele solta
outro daqueles gemidos que vibra através de mim. Ele gosta disso.
— Quem é a minha putinha?
— Sou eu — digo, deixando seu pau escorregar dos meus lábios com
um som de plot.
— Ah, sim, cadelinha, enfia mais na boca... coloca tudo...
Eu mergulho para tomar mais seu leitinho. Ele envolve meu cabelo
com o punho, segurando-o para trás para que possa me observar.
— Você gosta de pau, não é Geovanna? — Alex murmura, com o
abdómen tenso. — Sua boquinha é tão pequena, nem parece que aguenta um
caralho tão bem.
Lágrimas deslizam pelos meus olhos, enquanto ele segura minha
cabeça com as duas mãos. Logo, seu pau força pela minha garganta e a dor é
quase insuportável.
E com a dor vem mais prazer.
Alex grita, puxando meu cabelo.
Céus, a dor é tão gostosa. Eu estava quase gozando só pela dor.
— Assim mesmo. Porra, sim... — ele geme, balançando os quadris,
fodendo minha boca.
Eu esfrego minhas coxas uma contra a outra, buscando um alívio que
não consigo encontrar. Meu corpo é apenas uma grande dor pulsante.
Sinto espirros de gozo na minha garganta e choramingo. Tento tirar a
boca, porque dói muito, mas Alex segura firme.
Eu gemo, implorando por alívio, praticamente soluçando.
Mas ele não solta e, pasma, eu sou grata por não soltar. Porque ao
mesmo tempo que isso me machuca, eu também quero mais. Muito mais.
Quero que ele me trate como uma puta. Que ele não tenha cuidados,
que me cause dor. Mais dor.
Essas duas características me deixam em choque.
— Puta merda! — reclama, respirando forte.
O pau dele está soltando pequenos esguichos de sêmen, e eu tento
buscá-lo para lambê-lo, mas logo sou impedida pela atitude violenta de meu
amo.
Alex me empurra para a cama, vindo para cima de mim como um
animal selvagem, no cio.
Ele desliza a mão em minha calcinha para segurar minha boceta.
— Você está encharcada, Geovanna. Gosta de chupar, né minha
cadelinha?
— Sim — eu sussurro através de um gemido.
— Sim o quê?
— Sim, meu amo... Eu amei ter seu pau na boca.
Estou tão molhada que é vergonhoso. Quero esconder meus pingos
esbranquiçados, mas Alex não me permite fechar as pernas.
Seu polegar pressiona contra meu clitóris. Eu pulo para cima na cama,
gritando. Uma poderosa sacudida de prazer corta minha alma. Estou tão
entregue que é agoniante.
Eu não tenho mais forças. Eu quero fugir, porque tanta dor e prazer
está me deixando a beira da loucura, mas não consigo.
Quando faço menção de me afastar, ele me segura com força,
separando minhas pernas.
— Eu tô mandando você ficar parada — ele diz.
E eu aceno.
Logo ele está me lambendo. Meus olhos se fixam no teto, por algum
motivo o gesso branco chama minha atenção.
Ele cutuca meu clitóris com o nariz e depois me lambe novamente. Ele
enfia um dedo. Dois. Dói mais.
E, ainda assim, não é o suficiente.
Eu quero... preciso... mais dor.
— Alex, por favor — imploro.
— Não . Sou eu que decido quando.
Alex morde meus grandes lábios, e depois desliza a língua pelos
pequenos.
— Alex!
Ele me gira, me deixando de quatro. De repente, sua língua está
chupando o buraco entre minhas nádegas.
É sujo.
E bom.
Ele retorna a minha boceta, lambendo minha umidade.
Eu sinto a contração e sei que vou gozar. Ele também sabe, porque
antes que eu me desfaça aos pedaços, ele se afasta e puxa meus quadris na
sua direção.
É exatamente como se eu fosse uma cachorra. Eu vi cachorras assim,
com a bunda empinada para o macho na rua. Sou um animal irracional,
entregue a Alex, incapaz de escapar das amarras que ele colocou em mim.
A cabeça de seu pau esfrega em meu clitóris. Eu tento fugir agarrando
a cabeceira da cama, mas ele é mais forte.
— Alex! — grito, desesperada, quando ele mete numa única estocada.
É isso. Não quero mais brincar. Meu amiguinho fez xixi na cama.
A dor, de repente, é dor mesmo. O prazer acabou e eu me sinto sendo
rasgada. Ele percebe como minha vagina o aperta e o quanto estou
desesperada. Então, suavemente, ele desliza pelas minhas costas e sua boca
chega ao meu ouvido.
— Calma Geo. Vai passar. Mas, precisa confiar em mim. É necessário,
e só é assim na primeira vez. Depois seu corpo já vai estar acostumado.
— Você meteu muito rápido — acuso.
— Você já está muito molhada e ia gozar sem que eu metesse. Então
eu fiz isso para aproveitar seu gozo.
Ele fala com seu pau dentro de mim, mas ele não tenta nenhum
movimento. Alex espera enquanto meu corpo consegue se adaptar ao seu
cacete grande. Só então ele vai saindo devagar. Seu pau está quase fora de
mim, quando ele avança novamente. Lentamente. O suficiente para eu me
sentir comovida pelo embalo cuidadoso.
— Agora você não é minha putinha, você é meu amor.
Esse ritmo vai me levando. Não sei precisar quando a dor transforma-
se em uma sensação maravilhosa de puro pertencimento.
Sim, dói. Sim, da vontade de ir embora, e nunca mais deixar nenhum
pau entrar em mim. Contudo, ao mesmo tempo, tem um significado diferente.
É belo. Bonito de uma forma que jamais imaginei.
Alex murmura meu nome. O eco de seu som parece durar para sempre.
É algo eterno. O instante que minha alma deixa de ser minha. Sou dele, para
sempre. Inteiramente. É mais que um enlace diante de um padre, é uma
promessa perante o mais divino deus.
A casa...
Teria sido perfeito se estivéssemos lá.
Eu sinto que vou chorar, porque a culpa me avassala. Não devia ser
nesse lugar sem graça que eu tinha que me entregar a ele. Devíamos estar na
casa, em seu corredor de tabuas sujas, onde o embalo dos espíritos pudesse
acalentar nossas almas.
Ele se inclina para frente, e eu saio do torpor.
— Você está bem, Geo?
Agora eu entendo a sensação de ser submissa de alguém que te ama.
Porque ele me ama. Eu sei disso. Estou sentindo o coração dele batendo forte
nas minhas costas.
— Preciso... mais rápido...
Ele mete mais fundo, duas estocadas seguidas e eu gosto. Dor e prazer
de novo.
— Ah, Alex...
— Você fica dizendo meu nome assim... eu vou encher você com a
minha porra. Você é tão apertada.
Nesse momento estou delirando de prazer.
É intenso. É sublime.
Seu pau desliza mais forte. Seu pênis esfrega contra meu clitóris cada
vez que ele empurra.
— Quer gozar agora?
Concordo, mesmo sabendo que essa decisão ele já tomou.
Alex segura minha bunda e começa a bater forte.
— Goza... goza... — ele pede.
Sua velocidade aumenta. Ele vai mais fundo, suas bolas batem contra
mim com força suficiente para arder.
Jogo minha cabeça para trás e grito seu nome de novo, e de novo.
Sensações mágicas assolam através de mim, por todos os lados.
Estou destruída e nunca me senti tão vitoriosa.
— Geovanna! — Alex grita.
Não há mais controle. Tudo que Alex tentou manter sobre seu domínio
se perdeu na intensidade que nos arrebatou. Eu o sinto se liberando dentro de
mim, seu gozo me preenchendo até que vaze ao redor, fazendo de nós dois
uma carne única e suja.
Meu orgasmo não passa. Quando me masturbava, ele durava poucos
segundos. Já estou tremendo a tempo demais e tenho medo que nunca mais
passe. Lágrimas escorrem pelo meu rosto quando enfim chego ao topo do
cume e me jogo de lá.
Quando acaba, Alex cai ao meu lado, um sorriso lindo estampa seu
rosto.
— Uau... uau... acho que nunca gozei assim. Sua boceta me sugou
inteiro...
Fico feliz por lhe dar prazer. Mas, nem tanto pelo que ele imagina.
Capítulo Oito
Geovanna

— Ok. Preciso admitir, é uma criatura magnífica.


Eu não disse isso por causa do sorriso satisfeito e lindo da minha
garota. Minhas palavras tinham um motivo para existirem: Aquele gato preto,
grande, gordo e de olhar misterioso era realmente digno do adjetivo.
Ele era exatamente o tipo de animal que os egípcios iriam adorar, não
apenas pela postura aristocrata, como um deus olhando seus súditos, mas
porque ele tinha uma mística difícil de explicar em palavras.
— Eu o achei na casa — ela me contou, surpreendendo-me.
— Mesmo?
— Aos dez anos, quando fugi de minha mãe... eu fui parar na casa.
Fiquei surpreendido com mais essa coincidência. Quantas havia em
nossas vidas?
— Sua mãe era cruel?
— Ser defeituosa parecia um problema para ela. — Geo caminhou até
o sofá e pegou Sr. Shin no colo. — Acho que ela via em mim os motivos de
meu pai ter nos deixado.
— Desculpe a franqueza, mas mal se nota que você manca.
Ela riu, desgostosa.
— São os sapatos. Eu compro na internet. Eles têm saltos diferentes, e
são feitos sobre medida. Além disso, são muito discretos. Mas, antigamente,
quando não havia esse tipo de material acessível, ficava mais evidente — ela
exalou suavemente. — Você também terá vergonha quando me ver sem os
sapatos.
— Eu já a vi de muitas formas, muitos pedaços de você e não fiquei
nem um pouco envergonhado — disse, mal contendo o sorriso.
— Será diferente quando as pessoas olharem, na rua. Uma perna mais
curta que a outra é estranho e repulsiva para muitos. Na posição horizontal
acho que não o incomoda mesmo, mas...
— Chega, Geo... eu já disse que não me importo.
Odiava vê-la se diminuindo, afundando a mulher linda e adorável que
era por trás daquela figura apagada, carregada de traumas. Queria que ela
trocasse a armação dos óculos, que usasse outras roupas, queria que ela
pudesse vê-la como eu a enxergava. Mas, mesmo que Geovanna não quisesse
sair de seu casulo protegido, ainda a desejava e a queria, e sabia que isso não
iria passar porque seu andar era diferente.
— Enfim, naquele dia, enquanto estava lá, na casa... Sr. Shin apareceu.
Ele era só um filhote. Não sei como foi levado para lá, não sei se alguma gata
deu cria lá e depois foi embora ou se alguém o abandonou lá para morrer...,
mas, ele simplesmente apareceu. E ele tem sido minha família desde então.
Eu sorri.
Depois andei alguns passos em direção a Geo, ajoelhei-me diante dela
e acariciei a cabeça negra do felino.
— Então, sr. Shin... me concede Geovanna em namoro? Depois em
noivado? E por fim, casamento?
O gato miou. Eu ainda não sabia, Geovanna me contaria depois, que
era a primeira vez que ele miava.

— Como ela se chamava?


— Francine — murmurei.
Era tarde de sábado. Geovanna e eu estávamos defronte ao casarão. A
casa. A nossa casa.
De mãos dadas, havíamos parado diante dela para entrarmos em
contato com a alma daquele lugar. Era confortável apenas olhar para a
estrutura, apesar de ambos já termos analisado a possibilidade de entrarmos
por um buraco na cerca, indiferente a placa de “Não se aproxime, propriedade
privada” que estampava a área frontal.
— Eu não lembro dela.
— Eu era bem jovem. Foi baleada na cabeça. Eu lembro de estar
começando um estágio na Lanceiros e estar voltando do almoço quando ouvi
as sirenes. Tiraram quatro corpos daqui. Três bandidos e a menina.
— Ela namorava um dos bandidos?
— O que se espera quando se junta a um homem do crime?
— Sei lá, talvez redenção?
— Não existe redenção, Geo... Isso é coisa de filmes românticos.
Quando essa garota se apaixonou por ele, já estava morta. A casa apenas
aceitou sua alma.
Seus dedos se desvencilharam do meu e ela aproximou-se da cerca.
— Quero entrar. Faz muito tempo que não entro.
Olhei para os lados. Não havia ninguém a vista. A casa era de esquina
e os terrenos próximos eram vazios. A rua era muito pouco usada, todos
evitavam passar por ali.
— Quero fazer amor no chão da casa — ela disparou em minha direção
e eu perdi completamente o juízo.
O quarto ainda tinha uma cama em dossel, com um colchão de molas
largas por cima. Aquilo era velho, quase podre, mas havia uma mistura de
fascínio e deslumbramento em mim conforme avançava em direção à cama,
como se ciente de que aquele lugar era meu e de Geo.
Em algum tempo, não sei quando ou onde, nós dois estivemos ali.
Juntos. Deitados, senão no mesmo leito, ao menos no mesmo lugar.
— Você reconhece a janela? — ela indagou.
Eu volvi em sua direção e a luz de fora parecia dançar em ondas
douradas sobre ela.
— Olhamos o jardim juntos através dela muitas vezes?
— Quem somos, Alex? Você não questiona isso?
— Talvez pudéssemos buscar a história da casa.
— Sim. Porém, algo me diz para deixar o passado onde ele está.
Aquilo estava bem para mim. Eu tinha Geo e estava na casa. O que
mais eu poderia querer?
Sorri.
Um filho. Queria que meu bebê crescesse nela.
Também queria o compromisso público, que Geovanna fosse
reconhecida como minha mulher, minha esposa.
Nós estávamos juntos a poucas semanas e ela ainda não havia me
deixado declarar ao RH sobre nossa relação. Quanto tempo eu teria que
esperar?
Me aproximei. Ela não se desviou, apenas me fitou com intensidade,
um olhar que dizia mais que as palavras. Eu encarei seus lábios, querendo
beijá-los... Meu pau estava duro, latejante. Eu estava pronto para drenar
minhas bolas nela, encher seu ventre com meu bebê.
Talvez fosse a resposta. Um filho a seguraria e nunca a deixaria partir.
Não podia perdê-la!
Por que esse medo? Era como se ela tivesse lançado um feitiço em
mim, um que me tivesse torcido por dentro, tivesse me enforcando em dor e
agonia.
Nada dela parecia o suficiente. Eu falava com ela todos os dias, eu a
tinha na cama todas as noites há duas semanas, e mesmo assim ela ainda me
tirava o ar e me deixava de joelhos.
E ela nem sabia que era assim que eu me sentia. Ela ignorava
completamente meu estado de desespero. Ao contrário, ela se tratava diante
de mim como se fosse pouca coisa, quando na verdade ela era...
Ela é tudo.
Estendi a mão e toquei sua bochecha, sua pele quente, suave.
— Você disse que quer fazer amor.
— Sim.
— E eu quero essa boceta apertada em volta do meu pau. Então, peça,
Geo...
Ela perdeu o fôlego por um segundo.
— Por favor, meu senhor...
Cheguei mais perto. Eu queria tocar mais dela... toda ela. Não apenas o
corpo, mas a alma. Como eu faria para fundir minha alma a dela?
Geovanna deslizou a língua para fora e correu ao longo do lábio
inferior. E eu perdi toda a aparência do autocontrole que eu estava segurando.
Baixei a cabeça, me aproximei levemente dela e parei com nossas bocas
apenas a alguns centímetros de distância.
— Implore, Geovanna. Faça-me saber o quanto quer meu pau dentro de
você...
Ela ofegou.
— Eu imploro meu amo... meu amor...
Eu resmunguei de prazer.
— Eu quero derramar minha porra em você, para que engravide.
Entendeu? Quero vê-la presa a mim, para que nunca escape.
— Sim...
— Isso não te incomoda? Você ser minha sem direito a fugir?
Ela respirou com dificuldade, sem responder imediatamente.
— Eu já sou sua desde que nasci, Alex...
Eu rosnei como um animal. Beijei-a com fúria. Ela ofegou, e eu
aproveitei a oportunidade para lamber seus lábios antes de mergulhar dentro
de sua boca, prová-la, memorizar seu sabor. Eu senti o momento em que ela
se rendeu completamente. Puxei-a para mais perto e inclinei minha cabeça
para aprofundar o beijo.
Geovanna respirou contra a minha boca. Estendi a mão e enrosquei
minha mão em seus cabelos, puxando-a para trás para que o beijo fosse
quebrado. Eu odiava fazer isso, mas queria ver o prazer em seu rosto.
Seus lábios inchados, brilhantes pelo nosso beijo abriram com a força
de sua respiração. Suas pupilas, dilatadas, me fizeram gemer e me inclinar
para frente para começar a chupar e lamber sua pele macia e doce.
Ao longe o vento bateu na janela e eu podia ouvir os uivos de agonia
dos espíritos daquela casa. Não importava. Voltei para sua boca,
mergulhando minha língua por dentro.
Eu usei minha mão no cabelo dela para inclinar a cabeça mais para trás.
Eu era um homem possuído quando se tratava de Geovanna. Eu queria
que meu pau enfiasse profundamente nela, queria sua boceta apertando e
relaxando ao redor do meu eixo, tirando meu esperma como se estivesse
ordenhando.
Eu empurrei minha língua dentro e fora de sua boca, fazendo entre seus
lábios o que eu queria fazer entre suas coxas. Um barulho no corredor nos
afastou brevemente.
— Alguém está na casa — ela apontou.
— Ou alguém nos viu entrando e veio atrás, ou são apenas nossos
velhos conhecidos, adormecidos, que estão nos sentindo aqui.
Eu estava respirando com dificuldade, tentando permanecer no
controle.
— Você já trouxe outra mulher aqui?
— É claro que não, você é única para mim, Geo...
— Sou tão importante assim?
— Não houve uma mulher em minha vida que me fez questionar todos
os meus valores e sentimentos. Eu te amo, Geo...
Esperei que ela replicasse. Mas, sua frase seguinte me arrepiou.
— Se me ama como diz, vai conseguir comprar a casa.
— A casa? Ninguém jamais conseguiu... A família não se desfaz...
— Não importa. Ao invés de ficar tentando Laureana, foque-se na casa.
Sua mão deslizou sobre meu pau. Geo o segurou com força, me
fazendo exalar um suspiro.
— Durante anos, esperei por ti enquanto você usava esse pau com
qualquer mulher que aparecia. Está em falta, comigo. Está em falta conosco.
A casa merece uma resposta melhor do que suas promessas. Quero a casa.
Encontre o atual proprietário e a compre. Para nós. Teremos nossos filhos
aqui.
Essa mulher... Ela era meu mundo inteiro. Inspirei e expirei, tentando
controlar meu desejo.
— Era disso que você falava, quando visitamos Laureana? Essa é a
manipulação?
— Sim.
Eu ri. Ela sequer tentava negar.
— Você disse que eu poderia fazer contigo o que eu quisesse.
Assenti. Era verdade.
— Ajoelhe-se, Geovanna — mandei. — Farei o que me ordenou, mas
quero que mame meu cacete. Fará isso, entendeu?
Ela se ajoelhou diante de mim, mexendo em minha calça, buscando
libertar meu pau duro.
Quando senti seus lábios a me envolver, gemi alto, não me importando
com o preço que pagaria para ter essa mulher.
Que fosse minha própria vida. Não importava.

Ao longe eu podia ver as nuvens grossas se formando no horizonte.


Esperança sempre tinha um jeito estranho em seu tempo, que parecia sentir o
clima entre seus moradores, formando-se conforme o instinto de quem lá
vivia.
Quando eu estava feliz, costumava ter sol. Agora, contudo, a tormenta
parecia estar prestes a surgir.
E eu estava nervoso como nunca. Enquanto saíamos da casa, e íamos
em direção a cerca, eu sentia em todo meu ser que havia algo faltando entre
Geovanna e eu. E eu teria que descobrir o que era essa coisa. Porque não
poderia viver caso a perdesse.
— Geo — a chamei quando ela avançou contra a cerca.
Ela girou na minha direção. Atrás dela, no horizonte, era possível ver
um traço de relâmpago ao longe. Aquele sinal dos deuses parecia dizer mais
que palavras.
— Sim, Alex?
— Você sabe que quero me casar contigo.
— Sim.
— E você?
— Eu já disse que quero ser sua esposa. Falei que quero ser a mãe dos
seus filhos.
— Mas, antes de tudo, eu preciso conseguir a casa, não é?
— Você acha que podemos sermos felizes em outro lugar? Esse é o
nosso lar. Desde sempre.
Me aproximo dela, segurando suas mãos.
— Eu juro, Geovanna. Eu vou conseguir a casa. Vou dar um jeito de
comprá-la para você.
Da janela da casa um homem observa da escuridão.

Traços de respingos sujos estavam na antiga papelada.


O homem do cartório havia as encontrado em caixas que não eram
reviradas há muito tempo.
— Há alguns anos um tal de Lucas tentou comprar a casa, mas não
chegou a ver as papeladas. O corretor de imóveis da época, que é responsável
por pagar os impostos e cuidar de tudo, disse que a família não tinha interesse
em vender.
— Sei o que o corretor disse — retorqui. — O homem nunca me dá a
chance de seguir adiante. Por isso quero o nome do atual proprietário para eu
mesmo tentar falar com o cara.
O funcionário parecia surpreso.
— O que há naquela casa? Eu sequer passo na frente, mas muita gente
se interessou em adquiri-la nos últimos anos.
— Minha noiva quer a casa — respondi, sem completar que esse
também era meu desejo.
A casa estava nas mãos da família do falecido André. Agora, seu
irmão, Antony, era o proprietário. Rabisquei seu nome num papel, ansioso
para tentar encontrá-lo.
— Agradeço a ajuda — disse, retirando da carteira uma gorjeta ao
homem.
Depois sai do local sem olhar para trás.
— Então você está desistindo da presidência?
— Estou. Pode ficar com o cargo.
Luana me encarou embasbacada.
— Independentemente de você desistir ou não, ainda terei que
conseguir Laureana para sentar na cadeira.
— Então boa sorte.
A mulher, em pé diante da minha mesa, cruzou os braços,
interrogativa.
— Eu não entendo, Alex. O que aconteceu?
— Importa? Agora, não terá um concorrente. Avisarei Carla ainda
hoje.
Ela negou com a face.
— Importa sim, porque você é meu amigo. Somos rivais? Somos. Mas,
sempre fomos justos um com o outro. Me diga o que aconteceu.
Olhei em direção à porta. Ela estava semiaberta e eu podia ver
Geovanna datilografando uma correspondência no computador.
A forma como seus dedos ágeis batiam nas teclas me encantava. Tudo
nela era forte para mim.
— Estou apaixonado e quero me dedicar a isso.
— Você está de piada com a minha cara? Eu te conheço há uns dez
anos e nunca o vi se apaixonar.
— Mas, aconteceu.
Luana me estudou alguns segundos.
— É alguém que eu conheço?
Geovanna não queria tornar pública nossa relação, ao menos enquanto
não tivéssemos um tempo maior de relacionamento. Mas, eu não conseguia
mentir para Luana.
— Geo.
— A secretária? — ela se assustou. — De novo, Alex... Você ficou
louco?
— Vou me casar com ela.
— Você ficou louco! — dessa vez não era uma pergunta e sim uma
afirmação. — O RH já sabe? Alex, você precisa informar o RH. Você já teve
problemas antes por estar transando com funcionárias.
— Não estou “transando” com ela. É sério, Luana. Eu estou sério sobre
ela.
Minha amiga me analisou alguns segundos, depois suspirou e por fim
sorriu.
— Bom. Eu gosto dela, acho uma garota muito legal. Espero que sejam
felizes.
Sorri pela aprovação. Não que importasse, mas gostei de saber que
Luana queria bem a Geovanna.
Capítulo Nove
Geovanna

— Geo... Será que somos os bandidos dessa história?


— Como assim?
— Somos maus?
Minhas sobrancelhas se ergueram, inquirindo a questão levantada.
Estávamos deitados na cama, havíamos acabado de fazer amor, e Alex trazia
esse assunto à tona. Não era um assunto que eu gostava de pensar.
— Não entendo o que quer dizer.
— Nosso fascínio pela casa. Não denota que nosso interior é ruim?
— Você é muito ruim — brinquei. Suas sobrancelhas se erguem, como
se ele estivesse estudando minha frase. — Mas está tudo bem. Eu gosto de
você mesmo sendo mau.
A verdade é que nenhum de nós jamais havíamos feito nada contra
qualquer pessoa. Aquele assunto, então, não me importava. Eu não
considerava que meu amor pela casa tivesse qualquer traço da fama maldita
que a dominava. E, mesmo que isso mudasse, o bem e o mal não era algo que
me preocupasse. As facetas da alma humana eram tão difíceis de entender.
Quem poderia julgar?
— Eu também gosto de você.
— Por quê? — pergunto.
Não sou ninguém especial.
— Porque sim.
— “Porque sim” não é resposta. Há uma razão para tudo. Deve haver
alguma para você gostar de mim.
Ele acaricia o espaço entre nós como se pudesse sentir minha alma.
— Você poderia ter a mulher que quisesse. Não sou bonita como as
mulheres com quem saia. Não sou a mais inteligente... não há nada de
significante em mim. Quem sabe um dia você acorde, e perceba a loucura em
que se envolveu.
Sinto-me insignificante em comparação ao mundo que ele já desfrutou.
Sei que é besteira pensar nisso, mas não consigo evitar.
Alex sorri para mim.
— Quando eu olho para você, meu mundo inteiro para. Eu não sei
dizer como aconteceu, eu a via sempre na recepção e nunca senti isso.
Apenas... uma vez antes, quando a vi, criança, defronte à casa. Seus olhos
confusos com o que acontecia me chamaram a atenção, mas você era apenas
uma menina. Quando, ano passado, você foi trabalhar na Lanceiros, eu me vi
algumas vezes olhando de relance, mas temia olhar verdadeiramente, porque
parecia errado, pecado... parecia que estava me condenando. Todavia, quando
aconteceu, Geo... quando aconteceu, foi mágico. Foi como se eu
reencontrasse uma velha amiga, um amor que sempre estava lá, mas que eu
não conseguia perceber. Hoje, tudo que penso é no quanto quero ficar ao seu
lado, para todo o sempre.
Sorri quando Alex se ergueu sobre mim, beijando meu corpo, meu
peito, ao redor das curvas das minhas costelas. Faz cócegas e meu estômago
estremece quando ele lambe meu umbigo, deixando–o úmido. Ele abre
minhas pernas agarrando minhas coxas. Sua língua quente e úmida toca meu
clitóris e eu derreto sob ele em um estado de sensações, gemendo, deixando-o
me deixar louca antes mesmo de abrir meus olhos corretamente. Minhas
costas arqueiam, os dedos dos pés se enrolam nos lençóis, e ele está gemendo
como se nunca tivesse provado algo tão bom.
— Alex — minha cabeça gira.
Sua língua brinca com meu botão inchado em círculos vagarosos, e eu
me perco mais uma vez à beira do clímax. Meus quadris balançam para
cavalgar as ondas de êxtase, esmagando a boca do meu dono. A pressão baixa
na minha barriga, formigando. Fechei os olhos, me transformando no
momento, empurrando cada vez mais forte em sua língua. Estou desesperada
para gozar.
Ele olha para mim, a expressão queimando de luxúria. Sua boca
abandona meu centro, mas logo seus dedos me dominam, esfregando minha
entrada molhada. Isso me excita a tais extremos que mal posso conter os
gemidos.
— Isso é tão bom — eu me contorço, os pés arqueando com a
necessidade.
— Olhe para mim, Geo.
Eu faço o que ele pede, encontrando-o com os olhos brilhantes. Suas
bochechas estão coradas, os olhos brilhando em um olhar de desejo puro e
desumano.
— Vire. — Ele sinaliza com o dedo, mas eu hesito, perguntando por
quê.
Eu me levanto de quatro. Minhas pernas se esfregam e eu sinto a
umidade excessiva ali. Estou tão molhada que é uma loucura.
— Arqueie seus quadris para frente, quero cutucar a sua bunda com
meu pau.
Meu pulso dispara.
Ele não precisa pedir duas vezes. Eu me esforço para esticar os joelhos,
até o ponto em que minhas coxas apertam. Assim, de bruços, bunda para
cima, peito e rosto suprimidos na cama, estou completamente à mostra para
ele.
Respirações quentes sopram em meu traseiro. Estou tão nervosa que
tenho que me forçar a ficar parada, em vez de me contorcer
involuntariamente.
Um dedo mergulha na minha abertura e meu controle se esvai. Alex
pressiona em um ponto dentro que me envia a reações indescritíveis. Eu
grito, curvando os pés em uma mistura de desconforto e êxtase. Alex se
retira, e minha excitação escorre pelas minhas coxas. Eu o ouço chupando,
gemendo enquanto faz.
— Sua boceta é tão gostosa— ele lambe meu clitóris, e todo o meu
corpo se curva agora.
Eu explodo de paixão, sentidos escurecendo, todos os músculos e
membros em espasmos ritmados. Eu nem mesmo sinto a pressão de seu
membro deslizando pela minha vagina, muito perdida no meu orgasmo. Alex
prossegue me fodendo, me forçando com tanta força que tenho certeza de vou
ter outro orgasmo em cima do que acabou de me levar.
— Ah, você gosta disso, não é? — Ele se inclina na beirada da cama e
bate com cada vez mais força.
Minha boceta latejante de orgasmo se esfrega nele. Seu pau se projeta a
cada impulso e gemo sob o impacto, esfregando meu sexo encharcado nele,
em cada veia saliente. E fica grosso e mais grosso a cada investida,
aumentando conforme o clímax se aproxima. Ele enterra as bolas
profundamente, com tanta força que me tira o fôlego, e curva seus quadris em
círculos. Isso me deixa louca com espasmos, uma onda de poder jorrando de
mim. Tento resistir, mas não consigo me mover.
— Alex!
Minha mão está tremendo. Meu coração está batendo muito forte.
Minha cabeça está correndo.
E então somos jogados na imensidade dos nossos sentimentos, algo que
parece nos tirar do universo por um segundo, e depois nos levar novamente a
terra.
Quando tudo termina, somos dois corpos nus, suados e satisfeitos,
tentando retornar à sanidade, deitados naquela cama.
— Eu te amo, Alex.
Eu nem acredito que estou dizendo isso. Jamais disse isso para
qualquer pessoa.
— Eu te amo, Alex — repito.
Meu peito aperte. Meu queixo estremece e um nó se forma na minha
garganta.
Ele me olha em um momento de conexão.
— Eu também te amo, Geo. Vamos ficar juntos para sempre. Eu
prometo.
Assenti. Eu confiava nele. Mais que tudo.
— E depois de mortos, também — ele completou e eu estremeci.
A vida e a morte não mais importavam. Nosso enlace ultrapassou a
barreira da carne.
Epílogo
Antony
Eu desci pela rodoviária daquela cidade minúscula, perdida no
tempo, abandonada a própria sorte nos confins do universo.
Quando eu era um garoto, meu irmão, André, me mandou uma carta
me dizendo para nunca vir a esse lugar, porque ele tinha garras, e ele as
cravava em você, te tornando tão maldito quanto ele.
Sou um homem adulto que não acredita em fábulas, mas agora, diante
da visão das montanhas de Esperança, eu entendi o que ele quis dizer.
Esperança era maculada. Suja. Não sei como nem porque, mas era.
De qualquer forma, minha herança, um casarão antigo que ficou
abandonado por anos me aguardava.
Desde que meu irmão, sua esposa e filha morreram, ninguém da minha
família falava da casa. Quando meu pai se foi, vítima de câncer, me disse
para nunca vendê-la, para mantê-la para nós, um legado que não devíamos
passar adiante.
E mesmo diante de fortunas oferecidas nos últimos anos, nós a
mantivemos para nós.
Até agora.
Entrei em um táxi e pedi que me levasse ao hotel mais próximo.
— Só tem um hotel nesse fim de mundo, rapaz. Veio por causa da
Lanceiros?
— Lanceiros?
— A Fábrica. Só temos visitantes quando são clientes da fábrica.
— Não — respondi ao motorista. — Tenho uma propriedade na cidade.
Vim tomar posse.
— Uma propriedade?
— Um velho casarão.
O ar ficou tenso e o tempo pareceu parar.
— Está falando de O CASARÃO?
Não respondi.
— Vá embora, rapaz. Deixe aquele lugar quieto.
— Aquele lugar nunca ficou quieto — rebati.
— Deus nos ajude... — o homem murmurou.
Eu não acreditava em fábulas e não temia aos fantasmas do casarão.
Aquele lugar desgraçou a minha família, mas eu vinha para enfrentá-lo.
Eu não tinha medo de nada.
Livros interligados
Interpretando como um incentivo a continuar, Diana desceu a mão até
a curva do pescoço, acariciando o ponto em que a orelha se ligava, a curva do
maxilar, os ombros másculos. Sua boca cravou-se em meu ombro
provocando-lhe um gemido. Logo, o atacava com tanta paixão, seus dedos
tateando felizes todo pedaço de pele que conseguiam tocar, que ela mal se
reconhecia.

E depois que começou, não mais pôde parar. Acariciá-lo era como um
vício, impossível cessar depois de experimentar a primeira vez.

Agora, suas mãos agarravam firmemente cada parte controlando o


modo como seus corpos se roçavam, seus desejos em uma batalha quente um
contra o outro. Para abafar os gemidos, André cravava os dentes em seu
ombro, seu pescoço, seu queixo. Louco por mais fricção, também deixou que
suas mãos escorregassem até o traseiro firme, um dos dedos sem querer
encaixando-se na fenda quente e úmida, arrancando um protesto agudo de
Diana.

Os corpos passaram a se mover ainda mais violentamente.

Diana volveu-se para cima dele, montou nele como em um cavalo.


Sentiu a carne dura pulsando contra sua pélvis e deixou-a entrar.

André segurava seus quadris de forma a aumentar a fricção ao redor de


si, provocando diversas sensações diferentes. Ele queria ditar o ritmo, mas
era ela que estava no controle durante aquela cavalgada.

À medida que seus movimentos foram ficando mais rápidos, André


começou a murmurar seu nome, enquanto o líquido quente de seu prazer
escorria entre eles.

Era o êxtase.

Diana jogou a cabeça para trás, sentindo o pico das sensações, o gozo a
tomá-la. E então veio o orgasmo, fazendo-a dar um grito mudo de prazer,
enquanto a cabeça voltava a posição natural, fazendo com que seu olhar
resvalasse, sem querer, na janela.

O tamanho do horror que a tomou seria impossível descrever com


palavras.

Ali, atrás do vidro, um homem na escuridão a encarava, pousando


sobre sua intimidade e privacidade, fazendo-a gritar.

Ela saltou da cama e correu até o interruptor de luz. André assustou-se


com a sua reação e a seguiu. Ambos vestiram o robe, e pareciam aflitos.

— O que houve?

A indagação do marido foi seguida pela total incredulidade dela.

— Havia um homem ali — ela apontou.

O quarto do casal ficava no segundo andar e não havia galhos nem


árvores próximas para que alguém pudesse se esgueirar. Portanto, André logo
desconsiderou as palavras.

— Você deve ter visto a sombra de...

— Havia um homem ali! — ela gritou, nervosa, lágrimas de pavor


deslizando pela sua face. — Eu vi!

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— Eu te amo, Fran — ele devolveu.

Derreto-me em seu corpo. Mais abaixo, sinto seu pênis pressionando


em mim e estou imediatamente ciente do quanto precisamos um do outro.
Então, ele puxa o meu vestido e empurra os polegares através da minha
calcinha, arrancando-os de mim. Resvalo contra a parede e agarro seu cabelo
enquanto ele me lambe.

Existe uma urgência entre nós que não são ditas em palavras.

Sua língua quente mergulha em mim, me inclino para frente


involuntariamente enquanto minhas pernas tremem ao redor dele.

— Victor! — Eu clamo, tentando me equilibrar.

Suas unhas grossas cravam em minha bunda, forçando-me a balançar


contra sua boca. Céus, é tão bom.

Minhas costas ficam retas e minhas pernas ficam rígidas quando ele
chupa meu clitóris e, em seguida, mergulha de volta para a minha entrada.
Vou gozar. É tão rápido, mas somos jovens e tudo é rápido para nós. O tempo
perdeu sua importância.
Minha respiração vem em ondas curtas.
Eu me balanço contra seu rosto e aperto seu cabelo, empurrando-o mais
profundo. Estou tão perto. Meus mamilos endurecem, e eu quero tanto que
seu pau esteja dentro de mim. Eu preciso dele.

Ohhh...Tão perto.

Ele se afasta e eu quase reclamo por ele me deixar no limite, mas ele
rapidamente empurra dois dedos para dentro e massageia meu clitóris com
sua língua.

Seus dedos acariciam impiedosamente e ele morde levemente meu


clitóris.

Ah!

Minhas costas se curvam e solto um grito estrangulado.

— Me foda — Eu grito enquanto ele age como se estivesse morrendo


de fome e minha liberação cai através de mim.

Eu não sei quem sou. A Fran reprimida perdeu-se naquela boca. Minha
boceta aperta em torno de sua língua, e ele geme quando eu sinto as ondas de
excitação vazarem pelas minhas coxas.

Eu me sinto tão bem.


Ele gentilmente me deixa com as pernas trêmulas. Eu me inclino contra a
parede e recupero o fôlego.

Eu amo-o. A realização me atinge com força e verdade. Ele é o meu


oposto, mas eu não me importo.

Eu o amo.

Eu o amo.

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Josiane Biancon da Veiga nasceu no Rio Grande do Sul. Desde cedo, apaixonou-se por
literatura, e teve em Alexandre Dumas e Moacyr Scliar seus primeiros amores.
Aos doze anos, lançou o primeiro livro “A caminho do céu”, e até então já escreveu mais
de vinte livros, dos quais, vários se destacaram em vendas na Amazon Brasileira.
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