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“O primeiro problema provocado pela suspensão é definir até quando perdurará a paralisia
do processo. E o segundo é saber que destino terá a execução quando a suspensão durar
mais do que o prazo legal de prescrição da obrigação exequenda. (...) Daí a criação
pretoriana da apelidada prescrição intercorrente, que se verifica justamente quando a inércia
do processo perdure por tempo superior ao lapso da prescrição prevista para a obrigação
disputada em juízo. Poder-se-ia objetar que, interrompida pela citação,
a prescrição somente voltaria a correr depois de encerrado o processo (Cód. Civil, art. 202,
parágrafo único). A regra, no entanto, pressupõe processo que esteja em andamento regular,
não aquele que, anomalamente, tenha sido acometido de paralisação por longo tempo, isto
é, por tempo superior àquele em que a obrigação seria atingida pela prescrição. (JÚNIOR,
Humberto Theodoro- Curso de Direito Processual Civil- Volume II- Processo
de Execução e Cumprimento da Sentença- Processo Cautelar e Tutela de Urgência- 47ª
edição- Rio de Janeiro- Forense2012). (grifei)
Cumpre salientar que o S.T.J. reconheceu a desnecessidade de intimação da parte em
dar andamento ao processo.
"1.1 Incide a prescrição intercorrente, nas causas regidas pelo CPC/73, quando o exequente
permanece inerte por prazo superior ao de prescrição do direito material vindicado,
conforme interpretação extraída do art. 202, parágrafo único, do Código Civil de 2002. 1.2
O termo inicial do prazo prescricional, na vigência do CPC/1973, conta-se do fim do prazo
judicial de suspensão do processo ou, inexistindo prazo fixado, do transcurso de 1 (um) ano
(aplicação analógica do art. 40, § 2º, da Lei 6.830/1980). 1.3. O termo inicial do art. 1.056
do CPC/2015 tem incidência apenas nas hipóteses em que o processo se encontrava
suspenso na data da entrada em vigor da novel lei processual, uma vez que não se pode
extrair interpretação que viabilize o reinício ou a reabertura de prazo prescricional
ocorridos na vigência do revogado CPC/1973 (aplicação irretroativa da norma processual).
1.4 O contraditório é princípio que deve ser respeitado em todas as manifestações do Poder
Judiciário, que deve zelar pela sua observância, inclusive nas hipóteses de declaração de
ofício da prescrição intercorrente, devendo o credor ser previamente intimado para opor
algum fato impeditivo à incidência da prescrição". (destaquei)
Por ora, considerando ser negativa a diligência no intuito de buscar bens passíveis de penhora
e, atenta ao fato de que o presente feito foi distribuído em idos de 2010, portanto, há
aproximadamente 12 anos, sem constrição de bens, manifeste-se o exequente, no prazo legal,
acerca de possível ocorrência de prescrição intercorrente, diante do disposto no artigo 921, §§
1º a 5º, do CPC.
O SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, por ocasião do julgamento do Incidente de
Assunção de Competência firmou sua tese no REsp. 1.604.412, por meio do qual restou
estabelecido que:
"O termo inicial do prazo prescricional, na vigência do CPC/1973, conta-se do fim do prazo
judicial de suspensão do processo ou, inexistindo prazo fixado, do transcurso de um ano
(aplicação analógica do art. 40, § 2º, da Lei 6.830/1980)." Confira-se: RECURSO
ESPECIAL. INCIDENTE DE ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA .AÇÃO DE
EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE DA
PRETENSÃO EXECUTÓRIA. CABIMENTO. TERMO INICIAL. NECESSIDADE DE
PRÉVIA INTIMAÇÃO DO CREDOR-EXEQUENTE. OITIVA DO CREDOR.
INEXISTÊNCIA. CONTRADITÓRIO DESRESPEITADO. RECURSO ESPECIAL
PROVIDO. 1. As teses a serem firmadas, para efeito do art. 947 do CPC/2015 são as
seguintes: 1.1 Incide a prescrição intercorrente, nas causas regidas pelo CPC/73, quando o
exequente permanece inerte por prazo superior ao de prescrição do direito material
vindicado, conforme interpretação extraída do art. 202, parágrafo único, do Código Civil de
2002. 1.2 O termo inicial do prazo prescricional, na vigência do CPC/1973, conta-se do fim
do prazo judicial de suspensão do processo ou, inexistindo prazo fixado, do transcurso de
um ano (aplicação analógica do art. 40, § 2º, da Lei 6.830/1980). 1.3 O termo inicial do art.
1.056 do CPC/2015 tem incidência apenas nas hipóteses em que o processo se encontrava
suspenso na datada entrada em vigor da novel lei processual, uma vez que não se pode
extrair interpretação que viabilize o reinício ou a reabertura de prazo prescricional
ocorridos na vigência do revogado CPC/1973 (aplicação irretroativa da norma processual).
1.4. O contraditório é princípio que deve ser respeitado em todas as manifestações do Poder
Judiciário, que deve zelar pela sua observância, inclusive nas hipóteses de declaração de
ofício da prescrição intercorrente, devendo o credor ser previamente intimado para opor
algum fato impeditivo à incidência da prescrição. 2. No caso concreto, a despeito de
transcorrido mais de uma década após o arquivamento administrativo do processo, não
houve a intimação da recorrente a assegurar o exercício oportuno do contraditório. 3.
Recurso especial provido. (REsp 1604412/SC, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO
BELLIZZE, SEGUNDA SEÇÃO, j. 22/08/2018)
“Se não tiver êxito, ainda que não esteja em postura de inércia, terá início a fluência do
prazo de prescrição intercorrente". (GAJARDONI, Fernando da Fonseca; DELLORE, Luiz;
ROQUE, André Vasconcelos; OLIVEIRA JR., Zulmar. Execução e recursos: comentários
ao CPC de 2015. Rio de Janeiro: Forense. São Paulo: Método,2017. p. 548) (in (TJ-SP -
AC: 10009486020198260356 SP 1000948-60.2019.8.26.0356, Rel. Des. Jovino de Sylos,
16ª Câmara de Direito Privado; j. 28/04/2021)”.
Se fosse seguida a linha pretendida pela parte credora, em não se localizando bens da
parte devedora, ou se fossem feitos sucessivos e intermináveis pedidos de diligência, a
prescrição jamais ocorreria, o que é inadmissível.