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O instituto da 

prescrição impede que uma execução se eternize no tempo, e, seu intuito


é, em última análise, alcançar a paz social e jamais o enriquecimento ilícito sem causa
de quem quer que seja.

Assim, o principal fundamento da prescrição é o interesse jurídico social, sendo medida


de ordem pública, que tem por finalidade extinguir as ações, para a instabilidade do
Direito não venha a se perpetuar com o sacrifício da paz social.

Ao credor, consoante a orientação doutrinária, para evitar a superveniência do lapso


prescricional, bastando providenciar o impulso processual antes de escoado o prazo de
sua caracterização, ainda que deste impulso não resultasse a localização de qualquer
bem penhorável.

Acerca da prescrição intercorrente, nos ensina Humberto Theodoro Júnior, nos


seguintes termos:

“O primeiro problema provocado pela suspensão é definir até quando perdurará a paralisia
do processo. E o segundo é saber que destino terá a execução quando a suspensão durar
mais do que o prazo legal de prescrição da obrigação exequenda. (...) Daí a criação
pretoriana da apelidada prescrição intercorrente, que se verifica justamente quando a inércia
do processo perdure por tempo superior ao lapso da prescrição prevista para a obrigação
disputada em juízo. Poder-se-ia objetar que, interrompida pela citação,
a prescrição somente voltaria a correr depois de encerrado o processo (Cód. Civil, art. 202,
parágrafo único). A regra, no entanto, pressupõe processo que esteja em andamento regular,
não aquele que, anomalamente, tenha sido acometido de paralisação por longo tempo, isto
é, por tempo superior àquele em que a obrigação seria atingida pela prescrição. (JÚNIOR,
Humberto Theodoro- Curso de Direito Processual Civil- Volume II- Processo
de Execução e Cumprimento da Sentença- Processo Cautelar e Tutela de Urgência- 47ª
edição- Rio de Janeiro- Forense2012). (grifei)
Cumpre salientar que o S.T.J. reconheceu a desnecessidade de intimação da parte em
dar andamento ao processo.

No IAC no REsp nº 1.604.412/SC, julgado em 27/06/2018, foram fixadas as seguintes


teses:

"1.1 Incide a prescrição intercorrente, nas causas regidas pelo CPC/73, quando o exequente
permanece inerte por prazo superior ao de prescrição do direito material vindicado,
conforme interpretação extraída do art. 202, parágrafo único, do Código Civil de 2002. 1.2
O termo inicial do prazo prescricional, na vigência do CPC/1973, conta-se do fim do prazo
judicial de suspensão do processo ou, inexistindo prazo fixado, do transcurso de 1 (um) ano
(aplicação analógica do art. 40, § 2º, da Lei 6.830/1980). 1.3. O termo inicial do art. 1.056
do CPC/2015 tem incidência apenas nas hipóteses em que o processo se encontrava
suspenso na data da entrada em vigor da novel lei processual, uma vez que não se pode
extrair interpretação que viabilize o reinício ou a reabertura de prazo prescricional
ocorridos na vigência do revogado CPC/1973 (aplicação irretroativa da norma processual).
1.4 O contraditório é princípio que deve ser respeitado em todas as manifestações do Poder
Judiciário, que deve zelar pela sua observância, inclusive nas hipóteses de declaração de
ofício da prescrição intercorrente, devendo o credor ser previamente intimado para opor
algum fato impeditivo à incidência da prescrição". (destaquei)

Aliás, o Supremo Tribunal Federal editou a Súmula 150/STF, reconhecendo a


possibilidade de prescrição da pretensão executória pelo Superior Tribunal de Justiça
mesmo prazo da ação, nos seguintes termos:

"Súmula 150/STF – “Prescreve a execução no mesmo prazo de prescrição da ação.”

Diante do exposto, é possível observar que já se ultrapassou o prazo para a cobrança


do título, estando prescrito o seu direito pela via deste processo.
Desta forma, por tratar-se de matéria de ordem pública, a ocorrência da prescrição
intercorrente nos casos em que o requerente não parece colaborar com a solução do
próprio direito, perseguindo diligências sem fim prático, e nem mesmo dando o devido
impulsionamento.

A respeito desse lustro prescricional, o Superior Tribunal de Justiça assim vem


decidindo:

"PREVALÊNCIA DA DISPOSIÇÃO LEGAL. INSTRUMENTO


PARTICULAR. PRAZO DE PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. ART. 538,
PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC/73. É assente nesta Corte o entendimento
de que deve incidir o prazo prescricional quinquenal previsto no art. 206, §
5º, I, do Código Civil de 2002, quando se trate de títulos executivos
extrajudiciais, consubstanciados em espécie de instrumento particular que
veicula dívida líquida, como espelha o caso dos autos." (STJ – AgInt no
AREsp 793.457/PR, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA
TURMA, julgado em 23/08/2016, DJe 30/08/2016).

"TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL. ART. 206, § 5º, I, DO CC. PRAZO


PRESCRICIONAL QUINQUENAL. A jurisprudência do STJ firmou-se no sentido de que
o título executivo objeto da Execução seria espécie de instrumento particular, incorrendo na
hipótese de incidência da prescrição quinquenal prevista no art. 206, § 5º, I, do CC. (STJ –
AgRg no REsp 1464724/SC, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA
TURMA, julgado em 26/05/2015, DJe 02/06/2015)

“APELAÇÃO CÍVEL. EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. JULGAMENTO A


LUZ DO CPC/73. AUSÊNCIA DE MANIFESTAÇÃO DO CREDOR PARA O FIM DE
PROMOVER O CUMPRIMENTO DA CARTA PRECATÓRIA EM TEMPO.
PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE CONFIGURADA. PRECEDENTE DO STJ.
VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO. SÚMULA
240 DO STJ. INAPLICABILIDADE NO CASO CONCRETO. SENTENÇA MANTIDA.
RECURSO DESPROVIDO. 1. “O prazo prescricional previsto em lei passa a fluir, porém,
se o credor permanecer inerte, não atendendo às diligências necessárias ao andamento do
feito. Assim, é a desídia do credor que constitui causa para a prescrição.” (AgRg no AREsp
386.487/SP, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 24/03/2015,
DJe 23/04/2015)2. É possível a decretação de prescrição intercorrente quando o credor não
se manifesta nos autos, sob pena da execução tornar-se imprescritível e, por consequência,
violar o direito fundamento da duração razoável do processo previsto no art. 5º, LXXVII da
Constituição Federal.3. No caso dos autos, não há falar em ofensa a súmula 240 do STJ,
porquanto ela é aplicada no caso de extinção do processo, por abandono da causa pelo autor
(julgamento sem resolução do mérito), situação na qual seria necessário o requerimento do
réu. Todavia, o processo não foi extinto por abandono da causa pelo autor, mas sim pelo
reconhecimento de prescrição intercorrente com fundamento no inciso IV do art. 269 do
CPC/73, ou seja, foi julgado com resolução do mérito.4. Recurso desprovido. (N.U
0002934-22.2005.8.11.0050, CÂMARAS ISOLADAS CÍVEIS DE DIREITO PRIVADO,
SEBASTIAO BARBOSA FARIAS, Primeira Câmara de Direito Privado, Julgado em
16/04/2019, Publicado no DJE 26/04/2019).”

O reconhecimento da prescrição intercorrente é medida que se impõe. Compulsando os


autos, constata-se que a parte exequente teve ciência da ausência de bens penhoráveis
em abril de 2013 (fl. 81), sendo que, apenas em maio de 2019 (fl. 112), ocorreu a
penhora de um veículo, que não se encontra em poder do executado. Dessa forma,
verifica-se a ocorrência da prescrição intercorrente, conforme reconhecido pela própria
exequente (fl. 161). Pois bem. O Artigo 921 do CPC, com redação dada pela Lei nº
14.195/2021, assim dispõe: Art. 921. Suspende-se a execução: I - nas hipóteses dos arts.
313 e 315 , no que couber; II - no todo ou em parte, quando recebidos com efeito
suspensivo os embargos à execução; III - quando não for localizado o executado ou
bens penhoráveis;    (Redação dada pela Lei nº 14.195, de 2021) IV - se a alienação dos
bens penhorados não se realizar por falta de licitantes e o exequente, em 15 (quinze)
dias, não requerer a adjudicação nem indicar outros bens penhoráveis; V - quando
concedido o parcelamento de que trata o art. 916 . § 1º Na hipótese do inciso III, o juiz
suspenderá a execução pelo prazo de 1 (um) ano, durante o qual se suspenderá a
prescrição. § 2º Decorrido o prazo máximo de 1 (um) ano sem que seja localizado o
executado ou que sejam encontrados bens penhoráveis, o juiz ordenará o arquivamento
dos autos. § 3º Os autos serão desarquivados para prosseguimento da execução se a
qualquer tempo forem encontrados bens penhoráveis. §
4º O termo inicial da prescrição no curso do processo será a ciência da primeira
tentativa infrutífera de localização do devedor ou de bens penhoráveis, e será suspensa,
por uma única vez, pelo prazo máximo previsto no § 1º deste artigo.    (Redação dada
pela Lei nº 14.195, de 2021) § 4º-A A efetiva citação, intimação do devedor ou
constrição de bens penhoráveis interrompe o prazo de prescrição, que não corre pelo
tempo necessário à citação e à intimação do devedor, bem como para as formalidades da
constrição patrimonial, se necessária, desde que o credor cumpra os prazos previstos na
lei processual ou fixados pelo juiz.    (Incluído pela Lei nº 14.195, de 2021) § 5º O juiz,
depois de ouvidas as partes, no prazo de 15 (quinze) dias, poderá, de ofício, reconhecer
a prescrição no curso do processo e extingui-lo, sem ônus para as partes.   (Redação
dada pela Lei nº 14.195, de 2021) § 6º A alegação de nulidade quanto ao procedimento
previsto neste artigo somente será conhecida caso demonstrada a ocorrência de efetivo
prejuízo, que será presumido apenas em caso de inexistência da intimação de que trata o
§ 4º deste artigo.    (Incluído pela Lei nº 14.195, de 2021) § 7º Aplica-se o disposto
neste artigo ao cumprimento de sentença de que trata o art. 523 deste
Código.      (Incluído pela Lei nº 14.195, de 2021) Ainda, o Código Civil dispõe que a
pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou
particular prescreve em 05 anos (art. 206, §5º, do aludido diploma legal), prevendo,
também no art. 206-A do Código Civil que: "A prescrição intercorrente observará o
mesmo prazo de prescrição da pretensão". Assim sendo, importante pontuar que, em
que pese os pedidos de localização de bens, estes não são aptos a interromper a
prescrição, ante a ausência de localização de bens penhoráveis. Nesse sentido: Execução
de Título Extrajudicial – Prescrição intercorrente – Observância das teses fixadas no do
IAC nº 001 do STJ (REsp nº 1604412/SC), na forma do artigo 947, § 3º do CPC (efeito
vinculante) – Fluência do prazo da prescrição intercorrente, na vigência do diploma
processual anterior, tem início no término do prazo judicial estipulado ao sobrestamento
do feito, ou, inexistente fixação nesse sentido, ao término de um ano de suspensão –
Intimação pessoal do credor – Desnecessidade – Ausência de diligência útil para
satisfação do débito – Inocorrência de nova interrupção do prazo prescricional – Artigo
202 do Código Civil – Prescrição intercorrente consumada – Necessidade de prévia
intimação do credor para manifestação, como forma de assegurar a oportunidade de
suscitar eventual fato impeditivo, interruptivo ou suspensivo do prazo prescricional –
Princípios do contraditório e da ampla defesa a serem observados, mesmo nos casos de
declaração de ofício da prescrição intercorrente regidos pelo Código de Processo Civil
de 1973 – Artigo 921, § 5º, do CPC – Observância na espécie – Decisão mantida.
Recurso não provido (TJSP;  Apelação Cível 0011405-71.2006.8.26.0568; Relator
(a): Henrique Rodriguero Clavisio; Órgão Julgador: 18ª Câmara de Direito Privado;
Foro de São João da Boa Vista - 1ª Vara Cível; Data do Julgamento: 11/02/2020; Data
de Registro: 12/02/2020). Grifo nosso. APELAÇÃO CÍVEL INTERPOSTA NESTA
EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA CONTRA DEVEDOR SOLVENTE
FUNDADA EM INSTRUMENTO PARTICULAR DE CONFISSÃO DE DÍVIDA.
MANUTENÇÃO DA R. SENTENÇA QUE RECONHECEU, DE OFÍCIO, A
OCORRÊNCIA DA PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE, APÓS A INTIMAÇÃO DA
APELANTE/EXEQUENTE. APÓS UM ANO DE SUSPENSÃO, COMEÇA A
CONTAR, AUTOMATICAMENTE, O PRAZO PRESCRICIONAL E CASO O
REFERIDO PRAZO TENHA SE CONSUMADO, OU SE INICIADO, NA VIGÊNCIA
DO CPC/73, NÃO SERÁ REINICIADO QUANDO DA DATA DE ENTRADA EM
VIGOR DO CPC/15, CONFORME ENTENDIMENTO PROLATADO NO
JULGAMENTO DO INCIDENTE DE ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA Nº 01
INSTAURADO NO RESP Nº 1604412/SC EM INTERPRETAÇÃO AO ART. 1.056
DO CPC. O MERO PETICIONAMENTO REQUERENDO DILIGÊNCIAS QUE
RESULTARAM INFRUTÍFERAS NÃO INTERROMPE O PRAZO DA
PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE, CONFORME POSICIONAMENTO
CONSOLIDADO NO JULGAMENTO DE RECURSO ESPECIAL REPETITIVO Nº
1340553/RS. RECURSO IMPROVIDO. (22ª Câmara de Direito Privado Apelação n.
0011885-49.2006.8.26.0568 Relator Alberto Gosson Acórdão de 17 de outubro de
2019). Grifo nosso. Ação de execução de título extrajudicial. Prescrição intercorrente.
Ocorrência. Autos que permaneceram arquivados, sem realização de medidas úteis, por
prazo superior ao do exercício da pretensão material. Desnecessidade de intimação
pessoal do exequente para dar andamento ao feito. Contraditório prévio ao
reconhecimento do instituto assegurado. Recurso não provido (TJSP;  Apelação Cível
0004781-85.2007.8.26.0595; Relator (a): Cauduro Padin; Órgão Julgador: 13ª Câmara
de Direito Privado; Foro de Serra Negra - 1ª. Vara Judicial; Data do Julgamento:
17/10/2019; Data de Registro: 17/10/2019). Grifo nosso. Assim, diante da inércia da
parte exequente em promover o andamento processual por mais de 05 anos, o
reconhecimento da prescrição é medida que se impõe

Por ora, considerando ser negativa a diligência no intuito de buscar bens passíveis de penhora
e, atenta ao fato de que o presente feito foi distribuído em idos de 2010, portanto, há
aproximadamente 12 anos, sem constrição de bens, manifeste-se o exequente, no prazo legal,
acerca de possível ocorrência de prescrição intercorrente, diante do disposto no artigo 921, §§
1º a 5º, do CPC.
O SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, por ocasião do julgamento do Incidente de
Assunção de Competência firmou sua tese no REsp. 1.604.412, por meio do qual restou
estabelecido que:

"O termo inicial do prazo prescricional, na vigência do CPC/1973, conta-se do fim do prazo
judicial de suspensão do processo ou, inexistindo prazo fixado, do transcurso de um ano
(aplicação analógica do art. 40, § 2º, da Lei 6.830/1980)." Confira-se: RECURSO
ESPECIAL. INCIDENTE DE ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA .AÇÃO DE
EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE DA
PRETENSÃO EXECUTÓRIA. CABIMENTO. TERMO INICIAL. NECESSIDADE DE
PRÉVIA INTIMAÇÃO DO CREDOR-EXEQUENTE. OITIVA DO CREDOR.
INEXISTÊNCIA. CONTRADITÓRIO DESRESPEITADO. RECURSO ESPECIAL
PROVIDO. 1. As teses a serem firmadas, para efeito do art. 947 do CPC/2015 são as
seguintes: 1.1 Incide a prescrição intercorrente, nas causas regidas pelo CPC/73, quando o
exequente permanece inerte por prazo superior ao de prescrição do direito material
vindicado, conforme interpretação extraída do art. 202, parágrafo único, do Código Civil de
2002. 1.2 O termo inicial do prazo prescricional, na vigência do CPC/1973, conta-se do fim
do prazo judicial de suspensão do processo ou, inexistindo prazo fixado, do transcurso de
um ano (aplicação analógica do art. 40, § 2º, da Lei 6.830/1980). 1.3 O termo inicial do art.
1.056 do CPC/2015 tem incidência apenas nas hipóteses em que o processo se encontrava
suspenso na datada entrada em vigor da novel lei processual, uma vez que não se pode
extrair interpretação que viabilize o reinício ou a reabertura de prazo prescricional
ocorridos na vigência do revogado CPC/1973 (aplicação irretroativa da norma processual).
1.4. O contraditório é princípio que deve ser respeitado em todas as manifestações do Poder
Judiciário, que deve zelar pela sua observância, inclusive nas hipóteses de declaração de
ofício da prescrição intercorrente, devendo o credor ser previamente intimado para opor
algum fato impeditivo à incidência da prescrição. 2. No caso concreto, a despeito de
transcorrido mais de uma década após o arquivamento administrativo do processo, não
houve a intimação da recorrente a assegurar o exercício oportuno do contraditório. 3.
Recurso especial provido. (REsp 1604412/SC, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO
BELLIZZE, SEGUNDA SEÇÃO, j. 22/08/2018)

Ademais, com fundamento na tese fixada pelo SUPERIOR TRIBUNAL DE


JUSTIÇA, o tema da prescrição intercorrente foi regulamentado pelos parágrafos do
artigo 921, incluídos pela Lei nº 14.195/2021:

§ 4º O termo inicial da prescrição no curso do processo será a ciência da primeira tentativa


infrutífera de localização do devedor ou de bens penhoráveis, e será suspensa, por uma
única vez, pelo prazo máximo previsto no § 1º deste artigo. § 4º-A A efetiva citação,
intimação do devedor ou constrição de bens penhoráveis interrompe o prazo de prescrição,
que não corre pelo tempo necessário à citação e à intimação do devedor, bem como para as
formalidades da constrição patrimonial, se necessária, desde que o credor cumpra os prazos
previstos na lei processual ou fixados pelo juiz. § 5º O juiz, depois de ouvidas as partes, no
prazo de 15 (quinze) dias, poderá, de ofício, reconhecer a prescrição no curso do processo e
extingui-lo, sem ônus para as partes.

Assim, no presente caso, considerando as primeiras tentativas infrutíferas de


localização/penhora de bens do devedor ocorram em abril/2013 (fl. 26) e setembro/2013
(fls. 40/42), sendo o exequente devidamente cientificado na época, e que prescrição será
suspensa pelo período máximo de 1 (um) ano, verifica-se que em setembro/2019
transcorreu o prazo prescricional quinquenal aplicável.

O processo já está em curso há mais de 09 anos, sem localização de bens ao menos, há


mais de 6 anos, de modo que já houve tempo suficiente para que se encontrassem
eventuais bens do devedor.
Como se sabe, os simples pedidos de diligências não são causas determinantes para
impedimento, interrupção ou suspensão do prazo prescricional (artigos 197 a 202, do
Código Civil).

Em caso similar, entende o TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO


PAULO:

"PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EDUCACIONAIS - AÇÃO DE COBRANÇA DE


MENSALIDADES ESCOLARES - FASE DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA -
PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE - OCORRÊNCIA - AUSÊNCIA DE BENS
PENHORÁVEIS - AÇÃO QUE TRAMITA HÁ 17 ANOS - SENTENÇA DE EXTINÇÃO
MANTIDA - RECURSO NÃO PROVIDO. Embora a exequente tenha efetuado diversas
diligências para localização da executada e bens, não permanecendo propriamente inerte,
transcorreu dezessete anos desde o início da demanda e onze anos desde o início do
cumprimento de sentença, sem que fosse satisfeito o crédito exequendo, por ausência de
bens penhoráveis da devedora, impondo-se o decreto de extinção com exame do mérito,
com fulcro no art. 924, V, do CPC, sob pena de eternização da demanda sem qualquer
resultado útil. (TJSP;  Apelação Cível 0035380-77.2005.8.26.0562; Relator (a): Paulo
Ayrosa; Órgão Julgador: 31ª Câmara de Direito Privado; Foro de Santos - 9ª Vara Cível;
Data do Julgamento: 03/05/2022; Data de Registro: 03/05/2022)

Sobre o tema, pronunciou-se o TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MATO


GROSSO:

“APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL –


DILIGÊNCIAS INFRUTÍFERAS – PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE – OCORRÊNCIA
– INTIMAÇÃO DO EXEQUENTE PARA OPOR FATO IMPEDITIVO À INCIDÊNCIA
DA PRESCRIÇÃO – PERCENTUAL DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE
SUCUMBÊNCIA – ARBITRAMENTO EM CONFORMIDADE COM O ART. 85, §2º
DO CPC – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO DESPROVIDO. O Superior Tribunal de
Justiça firmou o entendimento de que os requerimentos para realização de diligências que
se mostraram infrutíferas em localizar o devedor ou seus bens não têm o condão de
suspender ou interromper a prescrição intercorrente. Ao pacificar a matéria acerca da
prescrição intercorrente a Segunda Seção do STJ, no julgamento IAC no REsp
1.604.412/SC, estabeleceu que é desnecessária para a decretação a prévia intimação da
parte exequente para dar andamento ao feito, exigindo-se apenas que o credor seja intimado
para poder opor algum fato impeditivo à incidência da prescrição, em respeito ao princípio
do contraditório, o que foi devidamente observado na hipótese dos autos. Demonstrado que
percentual arbitrado para os honorários advocatícios de sucumbência está em conformidade
com o art. 85, §2º do CPC, não merece reparos a sentença para a sua redução. (N.U
0000041-74.2011.8.11.0106, CÂMARAS ISOLADAS CÍVEIS DE DIREITO PRIVADO,
GUIOMAR TEODORO BORGES, Quarta Câmara de Direito Privado, Julgado em
10/02/2021, Publicado no DJE 12/02/2021)”

O SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA já se manifestou no sentido de que a


formulação de requerimentos de diligências infrutíferas é incapaz de interromper ou
suspender o fluxo da prescrição intercorrente:

"Requerimentos de diligências infrutíferas não são capazes de interromper ou suspender o


fluxo da prescrição intercorrente, que se consuma depois de cinco anos contados do fim do
prazo anual durante o qual se suspende o curso do feito" (AgRg no AREsp 251.790/GO,
Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça,
julgado em 10/11/2015, DJe 30/11/2015)”.

Na mesma trilha: AgInt no AREsp 1056527/SP; AREsp 1172173-PE; REsp 1579626;


EAREsp 594062.

Ainda, conforme jurisprudência do TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE


SÃO PAULO sobre o tema:

“Se não tiver êxito, ainda que não esteja em postura de inércia, terá início a fluência do
prazo de prescrição intercorrente". (GAJARDONI, Fernando da Fonseca; DELLORE, Luiz;
ROQUE, André Vasconcelos; OLIVEIRA JR., Zulmar. Execução e recursos: comentários
ao CPC de 2015. Rio de Janeiro: Forense. São Paulo: Método,2017. p. 548) (in (TJ-SP -
AC: 10009486020198260356 SP 1000948-60.2019.8.26.0356, Rel. Des. Jovino de Sylos,
16ª Câmara de Direito Privado; j. 28/04/2021)”.

“O termo inicial da prescrição no curso do processo será a ciência da primeira tentativa


infrutífera de localização do devedor ou de bens penhoráveis, e será suspensa, por uma
única vez, pelo prazo máximo previsto no § 1º deste artigo." Anote-se que a mesma
orientação adotada pelo do C. STJ, em incidente de assunção de competência (REsp. Nº
1604412/SC, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, SEGUNDA SEÇÃO, julgado
em 27/06/2018, DJe 22/08/2018).

Também merece aplicação à nova redação do § 4º do art. 921, do CPC, determinada


pela Lei nº 14.195/2021, porquanto onde há idêntica razão a mesma regra de direito
deve ser observada.

Se fosse seguida a linha pretendida pela parte credora, em não se localizando bens da
parte devedora, ou se fossem feitos sucessivos e intermináveis pedidos de diligência, a
prescrição jamais ocorreria, o que é inadmissível.

Desse modo, há de ser reconhecida a prescrição, sob pena de se ferir a boa-fé


processual, vez que a ação se tornaria imprescritível, aceitando a infinitude da demanda,
a eternização da execução, o que vai frontalmente de encontro ao princípio da atual CF,
da razoável duração do processo (art. 5º LXVIII CF/88) e ao sistema jurídico pátrio em
geral, visto que o processo deve ter um final.

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