Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
42-47
Por Alexandre A. P. Cardoso
INTRODUÇÃO
Esse trabalho exegético iniciará com um estudo contextual do texto de Atos 2.42-
47 que trata sobre a igreja conhecida por primitiva. Nessa parte o trabalho mostrará o
contexto histórico da passagem em seu aspecto geral, em aspecto literário num contexto
próximo bem como em seu contexto remoto. Além disso o contexto canônico será
abordado.
Após tais contextualizações, o trabalho partirá para o estudo textual. Por estudo
textual quer-se dizer que o trabalho traduzirá o texto do grego para o português e
analisará cada uma de suas palavras. Ao término da análise e tradução seguirá
comparando o texto traduzido com demais versões em português e realizará um breve
comentários sobre as diferenças encontrárias informando se tais diferenças são
importantes ou não para o texto em questão. Na parte central do trabalho, dentro do
estudo textual, seguirá o comentário do texto grrego que justifica as construções
gramáticais, suas divisões e suas implicações bibilicoteológicas.
As implicações extraídas do texto grego e expostas no comentário serão
adcionadas às seções de teologia do trabalho. Primeiramente mostrará quais as
implicações para o texto ao seu público primário ou original. Em teologia bíblica mostrará
quais as implicações do texto para alguns temas da área. Quanto a teologia sistemática
mostrará quais as principais doutrinas expostas no texto. atinge sua seção central que,
ao término, corrobora para sua relevância e aplicações. Seguidamente mostrará quais
as implicações para a teologia prática da vida cristã individual ou comunitária. O término
dessa seção apresentará um esboço de sermão traçando objetivos e aplicações do texto
para a edificação da comunidade cristã.
Assim, o trabalho se prestará a responder algumas questões dificeis do texto tais
como se o verso 42 trata da celebração da ceia ou de mero partilhar de refeições.
Também qual é a doutrina apresentada pelos apóstolos e o que são os prodígios e sinais
que eles operam e como o fazem. Também mostrará se a comunhão exercida pela
igreja é uma comunhão meramente relacional ou tem profundidades que vão além de
um convívio diário.
ESTUDO CONTEXTUAL
CONTEXTO HISTÓRICO
Primeiramente é importante saber que que o livro de Atos é a continuação da
narrativa do Evangelho de Lucas quanto ao que Jesus começou a fazer e ensinar (1.1).1
Em segundo lugar, que os acontecimentos do livro de Atos, segundo Simon Kistemaker,
estão escritos como cronologia de acontecimentos e que, com raras exceções, são
relacionados em sequência.2
Por isso, é importante, no que diz respeito ao nosso texto, analisar o que
aconteceu até seu registro, não só no livro de Atos, mas também no Evangelho segundo
escreveu Lucas. Assim, no relato registrado no Evangelho, deve-se destacar que após
sua ressurreição e aparição aos discípulos, antes de ser elevado para o céu, disse
quatro coisas de total relevância para o nosso texto. A primeira, que ele precisava ter
padecido e ser ressuscitado dentre os mortos no terceiro dia, e que em seu nome a
pregação de arrependimento para remissão de pecados deveria ser feita à todas as
nações (Lc24.46-47). A segunda, que os discípulos seriam suas testemunhas quanto
aos acontecimentos e quanto à pregação (Lc24.48). A terceira, que a promessa do Pai
é enviada sobre eles (Lc24.49). A quarta, que eles deveriam permanecer na cidade até
que fossem revestidos de poder do alto. A partir disso a narrativa do Evangelho de Lucas
mostra que os discípulos o viram ser elevado ao céu, voltaram para Jerusalém e
estavam sempre no templo (Lc24.50-53).
No início da narrativa do livro de Atos, há as mesmas informações contidas no
final da narrativa do Evangelho segundo Lucas. Que Jesus deu mandamentos aos
discípulos e foi elevado às alturas (1.2). Que deu ordem aos discípulos para ficarem em
Jerusalém bem como enviaria a promessa do Pai (1.4). Que os discípulos voltaram para
Jerusalém (1.12).
Todas estas coisas contribuem diretamente para o texto. Pois, a partir disso,
pode-se ver alguns fatos, também históricos, mediante aos elementos destacados, tanto
do Evangelho quanto do livro de Atos. A ressureição de Jesus, apontada por Lucas
como sendo incontestável (1.3). O fato de Jesus ter, de fato, ressuscitado, é importante
porque é a partir dele que todas as outras coisas subsequentes dependem. Tanto a
permanência dos discípulos (2.1) quanto o cumprimento da promessa do Pai (2.2-13).
O derramamento do Espírito Santo é, notoriamente, o poder dado aos discípulos para
exercerem o que lhes fora ordenado. O fato se dá no dia de Pentecostes, a principal
festa da religião judaica, conhecida também como a Festa das Semanas. O feriado
1CARSON, D.A. Comentário Bíblico. São Paulo: Vida Nova, 2009. p.1608.
2KISTEMAKER, Simon. Atos 2ª Ed. Vol. 1. Tradução por Ézia Mullis e Neuza Batista da Silva.
São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2016, p. 30
comemorava a colheita de trigo e para alguns, também era associada a entrega da lei
e à renovação da aliança.3 O próprio momento da descida do Espírito mostra isso ao
fazer com que os apóstolos anunciassem a as grandezas de Deus 92.11). Além disso,
o momento que segue enfatiza ainda mais o exercício da missão dada a eles. O sermão
missionário de Pedro (2.14-36) mostra claramente que o testemunho sobre Jesus
estava sendo dado e em conformidade com o que ele mesmo havia dito (2.29-35). Por
fim, os resultados desses acontecimentos. Primeiro, há conversão em massa. Quase
três mil pessoas creem e são batizadas em nome de Jesus Cristo para a remissão de
pecados (2.38-41)
Tendo isso em vista, quanto ao texto escolhido, pode-se notar a repercussão
desses fatos históricos bem como suas implicações diretas para o que nele é narrado.
Primeiramente pode-se observar que a multidão convertida e batizada perseverava na
doutrina dos apóstolos. Essa doutrina é a mesma exposta por Cristo e replicada por
Pedro em seu sermão. Em segundo lugar, os próprios sinais e maravilhas que eram
feitos por meio dos apóstolos testificavam a historicidade dos acontecimentos que os
faziam ser possíveis. Além disso, era uma forma de testemunho também (Mc16.17-18,
20). Por fim, o próprio costume dos apóstolos, por orientação do Senhor Jesus, é
praticado pela igreja. Diariamente perseveravam unânimes no templo e louvando a
Deus (2.46-47).
CONTEXTO LITERÁRIO
Contexto Remoto
O livro de Atos é, segundo Carson, junto com o Evangelho de Lucas, parte de
uma história dos primórdios do cristianismo4 que tem como objetivo central a edificação
dos cristãos.5 O nosso texto contribui para este objetivo das seguintes formas:
enfatizando a vida comunitária da igreja em suas práticas de devoção (2.42); mostrando
a autoridade da liderança da igreja em seus feitos (2.43); descrevendo a vida
comunitária da igreja em sua unidade e partilhar mútuo (2.44-46) e apontando os
resultados dessas práticas e da ação de Deus (2.47).
A estrutura proposta por D. A Carson, mostra que o livro se divide em duas
grandes partes, sendo que a primeira vai do capítulo 1 a 12 – com ênfase no ministério
de Pedro – e a segunda do capítulo 13 ao 28 – com ênfase no ministério de Paulo.6
Estas duas grandes partes podem ser subdivididas. A primeira grande parte em quatro
3 CARSON, p.1610.
4 CARSON, D. A., MOO, Douglas J. e MORRIS, Leon. Introdução ao Novo Testamento. Tradução
de Márcio Loureiro Redondo. São Paulo: Vida Nova, 1997, p. 203
5 IBIDEM, p. 224
6 CARSON, MOO e MORRIS, p. 204
seções, enquanto a segunda grande parte em três seções. A primeira é composta pelas
seções: Prólogo (1.1-2.41); A igreja em Jerusalém (2.42-6.7); Estevão, Samaria e Saulo
(6.8-9.31) e Pedro e o primeiro convertido gentio (9.32-12.24). A segunda é composta
pelas seções: Paulo se volta para os gentios (12.25-16.5); Penetração ainda maior no
mundo gentílico (16.6-19.20) e A caminho de Roma (19.21-28.31).
O texto que será analisado neste trabalho inicia a segunda seção – “A igreja em
Jerusalém” – da primeira parte maior. Precede o Prólogo que narra o relato da ascensão
de Jesus (1.6-11), a volta dos discípulos para Jerusalém (1.12-14), a eleição de Matias
(1.15-26), a vinda Espírito em Pentecostes (2.1-13), o primeiro sermão missionário de
Pedro (2.14-36) e os efeitos desse sermão (2.37-41). Antecede Os horizontes mais
amplos para a igreja: Estevão, Samaria e Saulo (6.8-9.31) e Pedro e o primeiro
convertido gentio (9.32-12.24).
Carson também aponta que Lucas dá alguns resumos de acontecimentos ao nos
dizer que eles levaram ao crescimento da Palavra de Deus ou da igreja.7 O nosso texto
é o primeiro desses resumos, contendo as características da Igreja Primitiva em
Jerusalém e constando com a primeira atualização da igreja (2.47). Na primeira grande
parte do livro, essa atualização pode ser vista ainda em 6.7, 9.31 e 12.24.
Contexto Próximo
Nosso texto funciona como uma espécie de testemunho do poder resultando do
que acontece em Pentecostes. Isso, porque a seção se inicia imediatamente depois do
registro de conversão e acréscimo à igreja de quase três mil pessoas (2.37-41) através
do sermão missionário de Pedro (2.14-36) após terem recebido o Espírito Santo (2.1-
13).
Também funciona como uma transição para o registro dos relatos posteriores.
Conforme aponta Carson, a descrição da cura de um aleijado por Pedro (3.1-10), o seu
segundo sermão missionário (3.13-26), a oposição do Sinédrio (4.1-22), a perseverança
da igreja bem como sua intrepidez na pregação pelo poder do Espírito Santo (4.23-31),
a igreja em Jerusalém e as ofertas voluntárias (4.32-37), a perturbação da igreja trazida
por Ananias e Safira (5.1-11), a popularidade do ministério apostólico (5.12-16), a prisão
dos apóstolos e o parecer de Gamaliel (5.17-42), a eleição de auxiliares (6.1-6) e a
segunda atualização da igreja (6.7).8
Ao menos quatro partes destas narrativas podem ser ressaltadas quanto a sua
ligação direta com o nosso texto. A primeira delas é a narrativa do segundo sermão
missionário de Pedro (3.13-26) dado a sua similaridade em relação ao sermão proferido
ESTRUTURA DO CONTEXTO
QUADRO DE ANÁLISE
PALAVRA ANÁLISE TRADUÇÃO
ἦσαν Verbo, imperfeito, ativo, indicativo, 3ªp., plural Eram
δὲ Conjunção conectiva lógica E
προσκαρτεροῦντες Verbo, presente, ativo, particípio, plural, nominativo, masculino Perseverantes
τῇ Artigo, dativo, singular, feminino (atributivo) Na
διδαχῇ Substantivo, dativo, singular, feminino Doutrina
τῶν Artigo, genitivo, plural, masculino (atributivo) Dos
ἀποστόλων Substantivo, genitivo, plural, masculino Apóstolos
καὶ Conjunção conectiva lógica E
τῇ Artigo, dativo, singular, feminino (atributivo) Na
κοινωνίᾳ Substantivo, dativo, singular, feminino Comunhão
τῇ Artigo, dativo, singular, feminino (atributivo) Na
κλάσει Substantivo, dativo, singular, feminino (objeto direto) Partilha
τοῦ Artigo, genitivo, singular, masculino (atributivo) Do
ἄρτου Substantivo, genitivo, singular, masculino Pão
καὶ Conjunção conectiva lógica E
ταῖς Artigo, dativo, plural, feminino Nas
προσευχαῖς Substantivo, dativo, plural feminino Orações
Ἐγίνετο Verbo, imperfeito, médio passivo, indicativo, 3ªp., singular Havia
δὲ Conjunção conectiva lógica Em
πάσῃ Adjetivo, dativo, singular, feminino Toda
ψυχῇ Substantivo, dativo, singular, feminino (objeto direto) Alma
φόβος Substantivo, nominativo, singular, masculino Temor
πολλά Adjetivo, nominativo, plural, neutro (atributivo) Muitos
τε Conjunção conectiva lógica E
τέρατα Substantivo, nominativo, plural, neutro Prodígios
καὶ Conjunção conectiva lógica E
σημεῖα Substantivo, nominativo, plural, neutro (sujeito) Sinais
διὰ Preposição (atuação) Por meio de
τῶν Artigo, genitivo, plural, masculino (atributivo) Os
ἀποστόλων Substantivo, genitivo, plural, masculino (objeto preposicional) Apóstolos
ἐγίνετο Verbo, imperfeito, médio passivo, indicativo, 3ªp., singular Aconteciam
πάντες Adjetivo, nominativo, plural, masculino (atributivo) Todos
δὲ Conjunção conectiva lógica E
οἱ Artigo, nominativo, plural, masculino (atributivo) Os
πιστεύοντες Verbo, presente, ativo, particípio, plural, nominativo, masculino Crentes
ἦσαν Verbo, imperfeito, ativo, indicativo, 3ªp., plural Estavam
ἐπὶ Preposição (referência) Sobre
τὸ Artigo, acusativo, singular, neutro O
αὐτὸ Pronome, pessoal, 3ªp., acusativo, singular, neutro Mesmo
καὶ Conjunção conectiva lógica E
εἶχον Verbo, imperfeito, ativo, indicativo, 3ªp., plural Tinham
ἅπαντα Adjetivo, acusativo, plural, neutro Tudo
κοινὰ Adjetivo, acusativo, plural, neutro (duplo acusativo) Comunal
καὶ Conjunção conectiva lógica Também
τὰ Artigo, acusativo, plural, neutro Os
κτήματα Substantivo, acusativo, plural, neutro Bens
καὶ Conjunção conectiva lógica E
τὰς Artigo, acusativo, plural, feminino As
ὑπάρξεις Substantivo, acusativo, plural, feminino (objeto direto) Propriedades
ἐπίπρασκον Verbo, imperfeito, ativo, indicativo, 3ªp., plural Vendiam
καὶ Conjunção conectiva lógica E
διεμέριζον Verbo, imperfeito, ativo, indicativo, 3ªp., plural Distribuíam
αὐτὰ Pronome, pessoal, 3ªp., acusativo, plural, neutro O mesmo
πᾶσιν Adjetivo, dativo, plural, masculino (adjetivo substantivo) (por, entre) Todos
καθότι Conjunção adverbial comparativa À medida em que
ἄν Partícula condicional (modalidade) -
τις Pronome, indefinido, nominativo, singular, masculino (indeterminado) Alguém
χρείαν Substantivo, acusativo, singular, feminino Necessidade
εἶχεν Verbo, imperfeito, ativo, indicativo, 3ªp., singular Tinha
καθʼ Preposição temporal Ao longo de, da, do, das, dos
ἡμέραν Substantivo, acusativo, singular, feminino Dia
τε Conjunção conectiva lógica E
προσκαρτεροῦντες Verbo, presente, ativo, particípio, plural, nominativo, masculino Perseverando
ὁμοθυμαδὸν Advérbio (modo) Unânimes
ἐν Preposição (posição) Em
τῷ Artigo, dativo, singular, neutro O
ἱερῷ Substantivo, dativo, singular, neutro Templo
κλῶντές Verbo, presente, ativo, particípio, plural, nominativo, masculino Partindo
τε Conjunção conectiva lógica E
κατʼ Preposição (posição) Em cada
οἶκον Substantivo, acusativo, singular, masculino Casa
ἄρτον Substantivo, acusativo, singular, masculino Pão
μετελάμβανον Verbo, imperfeito, ativo, indicativo, 3ªp., plural Tomavam
τροφῆς Substantivo, genitivo, singular, feminino Refeição
ἐν Preposição (modo) Com
ἀγαλλιάσει Substantivo, dativo, singular, feminino Alegria
καὶ Conjunção conectiva lógica E
ἀφελότητι Substantivo, dativo, singular, feminino Simplicidade
καρδίας Substantivo, genitivo, singular, feminino Do coração
αἰνοῦντες Verbo, presente, ativo, particípio, plural, nominativo, masculino Louvando
τὸν Artigo, acusativo, singular, masculino O
θεὸν Substantivo, acusativo, singular, masculino Deus
καὶ Conjunção conectiva lógica E
ἔχοντες Verbo, presente, ativo, particípio, plural, nominativo, masculino Tendo
χάριν Substantivo, acusativo, singular, feminino Favor
πρὸς Preposição (associação) De
ὅλον Adjetivo, acusativo, singular, masculino Todo
τὸν Artigo, acusativo, singular, masculino O
λαόν Substantivo, acusativo, singular, masculino Povo
ὁ Artigo, nominativo, singular, masculino O
δὲ Conjunção conectiva lógica Enquanto
κύριος Substantivo, nominativo, singular, masculino Senhor
προσετίθει Verbo, imperfeito, ativo, indicativo, 3ªp., singular Acrescentava
τοὺς Artigo, acusativo, plural, masculino Os (lhes)
σῳζομένους Verbo, presente, passivo, particípio, plural, acusativo, masculino Salvos
καθʼ Preposição (temporal) Ao longo de, da, do, das, dos
ἡμέραν Substantivo, acusativo, singular, feminino Dia
ἐπὶ Preposição (adverbial) Sobre
τὸ Artigo, acusativo, singular, neutro O
αὐτό Pronome, pessoal, 3ªp., acusativo, singular, neutro Mesmo
TRADUÇÃO
42E eram perseverantes na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, na partilha do pão
e nas orações. 43 Havia temor em toda alma; e muitos prodígios e sinais, por meio dos
apóstolos, aconteciam. 44 E todos os crentes estavam juntos e tinham tudo comunal. 45
Também, as propriedades e as posses vendiam e distribuíam por todos, à medida em
que alguém tinha necessidade. 46 Também, diariamente perseveravam unânimes no
templo, partindo pão em cada casa tomavam da refeição com alegria e simplicidade do
coração, 47 louvando a Deus e tendo favor de todo o povo. Enquanto isso o Senhor
acrescentava, diariamente, os que ia salvando.
COMPARAÇÃO DE TRADUÇÕES
VERSO TRADUÇÃO PRÓPRIA ARA ARC NVI
2.42 E eram perseverantes E perseveravam na E perseveravam na Eles se dedicavam ao
na doutrina dos doutrina dos apóstolos doutrina dos ensino dos apóstolos e à
apóstolos, e na e na comunhão, no partir apóstolos,e na comunhã comunhão, ao partir do
comunhão, na partilha do pão e nas orações. o, e no partir do pão e às orações.
do pão e nas orações. pão, e nas orações.
Em minha tradução, na ARA e na ARC há ênfase da conjunção “δὲ” para apontar a
continuidade com o evento anterior. A NVI faz isso utilizando a 3ª pessoa do plural.
Traduzi o verbo “ἦσαν” por “eram”, diferente das outras traduções. Traduzi o verbo
“κλάσει” por “partilha” diferente das outras traduções. Com exceção da NVI que traduziu
as conjunções por “ao, à, ao, às” nas demais a tradução é “na, e, na (o), e”.
ESTRUTURA DO TEXTO
Segue estrutura do texto baseada no material de Deppe, D. 10.
particípio perifrásico ἦσαν δὲ προσκαρτεροῦντες τῇ διδαχῇ τῶν ἀποστόλων
καὶ τῇ ⸀κοινωνίᾳ,
τῇ κλάσει τοῦ ἄρτου
καὶ ταῖς προσευχαῖς
verbo principal ⸀Ἐγίνετο δὲ πάσῃ ψυχῇ φόβος,
verbo πολλά ⸀τε τέρατα καὶ σημεῖα διὰ τῶν ἀποστόλων
ἐγίνετο
verbo principal πάντες δὲ οἱ ⸀πιστεύοντες ⸂ἦσαν ἐπὶ τὸ αὐτὸ
2º verbo καὶ⸃ εἶχον ἅπαντα κοινά,
3º verbo καὶ τὰ κτήματα καὶ τὰς ὑπάρξεις ἐπίπρασκον
4º verbo καὶ διεμέριζον αὐτὰ πᾶσιν
clausula comparativa καθότι ἄν τις χρείαν εἶχεν·
10Deppe, D. (2011). The Lexham Clausal Outlines of the Greek New Testament: SBL Edition.
Bellingham, WA: Lexham Press.
particípio de circunstância correspondente καθʼ ἡμέραν τε προσκαρτεροῦντες ὁμοθυμαδὸν
ἐν τῷ ἱερῷ,
particípio de circunstância correspondente κλῶντές τε κατʼ οἶκον ἄρτον,
verbo principal μετελάμβανον τροφῆς ἐν ἀγαλλιάσει καὶ ἀφελότητι
καρδίας,
advérbio temporal particípio αἰνοῦντες τὸν θεὸν
advérbio temporal particípio καὶ ἔχοντες χάριν πρὸς ὅλον τὸν λαόν
verbo principal ὁ δὲ κύριος προσετίθει
particípio atributivo τοὺς σῳζομένους καθʼ ἡμέραν
⸂ἐπὶ τὸ αὐτό⸃
COMENTÁRIO
V. 42
ἦσαν δὲ προσκαρτεροῦντες τῇ διδαχῇ τῶν ἀποστόλων:
E eram perseverantes na doutrina dos apóstolos:
A conjunção “δὲ” é uma conjunção conectiva adjuntiva enquadrada na categoria
de conjunções lógicas e é utilizada para dar continuidade a um assunto ou ligar um
assunto a outro.11 Aqui ela faz as duas coisas. Introduz uma nova ideia e liga o evento
passado que é o sermão de Pedro, a ideia passada que é conversão de quase três mil
ao resultado desses eventos que é a forma como viviam os crentes. Essa ligação lógica
justifica a perícope inicial desse texto como sendo a continuidade do assunto anterior
somado à introdução de uma nova ideia relacionada que se relaciona.
O verbo “ἦσαν” está no imperfeito do indicativo e é traduzido por “eram” pois o
imperfeito indica uma ação costumeira num tempo passado.12 Somado à preposição “δὲ”
ele inicia a nova ideia relacionada ao texto anterior e, assim, mostra sobre quem o texto
fala.
O verbo “προσκαρτεροῦντες”, traduzido por “perseverantes” é um particípio
presente com voz ativa. O verbo no presente sinaliza uma ação que acontece
regularmente.13 O particípio em seu uso temporal expressa uma ideia contemporânea,
expressando a ação enquanto se faz.14 Assim, o verbo “προσκαρτεροῦντες” somado à
ação do verbo anterior expressa a ação no passado praticada frequentemente e mostra
sua constância.
A sequência “τῇ διδαχῇ τῶν ἀποστόλων” é composta de um artigo e um substantivo
no dativo somados a um artigo e um substantivo no genitivo. O caso do dativo é aquele
que um substantivo expressa interesse pessoal ou indica a pessoa ou coisa em que
recai o proveito de uma ação.15 Assim, o substantivo dativo é aquele para o qual a ação
do verbo transitivo é praticada.16 Nesse caso, a “διδαχῇ” doutrina é o que os crentes
costumeiramente perseveravam. O artigo “τῇ” que o antecede confirma isso uma vez
funciona como um demonstrativo do substantivo que o segue.17 O caso do genitivo, por
sua vez, é aquele que expressa a relação de posse ou procedência entre o artigo e o
11 Daniel B. Wallace, Gramática Grega: Uma Sintaxe Exegética do Novo Testamento, org.
Edvaldo Cardoso Matos e Marcos Paulo Soares, trad. Roque Nascimento Albuquerque, Primeira
edição em português (São Paulo, SP: Editora Batista Regular, 2009), p. 761
12 WALLACE, p. 752
13 IBIDEM, p. 571
14 IBIDEM, p. 578
15 REGA, Lourenço Stelio. Noções do Grego Bíblico: gramática fundamental – 3ª Ed. São Paulo:
καὶ τῇ ⸀κοινωνίᾳ:
e na comunhão:
Aqui a conjunção “καὶ” mostra a ideia de continuidade ao assunto e acréscimo
ao seu conteúdo uma vez que tem uma ação aditiva e uma força acumulativa.21 Ela
mostra que os discípulos além de serem perseverantes na doutrina dos apóstolos
também o eram na “κοινωνίᾳ” comunhão.
Essa palavra “κοινωνίᾳ” é utilizada somente aqui por Lucas, uma vez que não
aparece no livro de Atos nem no primeiro livro escrito por Lucas. Essa comunhão
expressa algo muito mais que relacionamento ou finanças. Conforme aponta Strong, ela
expressa um nível mais profundo da comunhão.22 Olhando para o texto de 1Jo1.1-4,
onde a palavra “κοινωνίᾳ” aparece duas vezes para destacar uma relação íntima e
profunda, podemos notar que os precedentes para essa comunhão são ensinamentos
doutrinários que pertencem aos apóstolos e são transmitidos por eles. Assim, aqueles
que creem na doutrina dos apóstolos desfrutam da “κοινωνίᾳ” comunhão. Portanto, a
comunhão destacada por Lucas aqui é interligada à doutrina dos apóstolos e procedente
dela. Em ambas os crentes perseveravam. Assim, nem a doutrina, nem a comunhão
18 REGA, p. 73
19 MOODY, p. 15
20 Ferreira, Franklin. O Credo dos Apóstolos: as doutrinas centrais da fé cristã. Editora Fiel.
Edição do Kindle.
21 James Strong, Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong (Sociedade Bíblica do Brasil,
2002).
22 Friedrich Hauck, “κοινός, κοινωνός, κοινωνέω, κοινωνία, συγκοινωνός, συγκοινωνέω,
κοινωνικός, κοινόω”, org. Gerhard Kittel, Geoffrey W. Bromiley, e Gerhard Friedrich, Theological
dictionary of the New Testament (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1964–), p. 808
estão em posição de maior importância, antes são relacionadas. Crer em Jesus, na
doutrina, é um precedente para a comunhão. Tanto de uns com os outros quanto do
indivíduo com Deus. Sobre isso Matthew Henrry diz que nossa comunhão conjunta com
Deus é a melhor comunhão que podemos ter uns com os outros.23
23 HENRRY, Matthew. Commentary on the whole Bible – Vol. VI – Acts to Revelation. World Bible
29 KISTEMAKER, p. 149
30 IBIDEM, p. 149
31 STRONG
32 HENRRY, p. 28
33 KISTEMAKER, p. 149.
34 MARSHALL, Howard I. Atos dos Apóstolos: Introdução e Comentário – 1ª Ed. São Paulo:
35 WALLACE, p. 548.
36 WALLACE, p. 747.
37 William Arndt, Frederick W. Danker, e Walter Bauer, A Greek-English lexicon of the New
Testament and other early Christian literature (Chicago: University of Chicago Press, 2000), 213.
38 REGA, p. 74
A conjunção “τε” funciona como uma partícula primária de adição ou conexão.39
Tento em vista o conteúdo da cláusula anterior é possível dizer que aqui ela é utilizada
em ambas as possibilidades. É usada como adição porque inegavelmente integra a
parte onde está inserida à parte anterior. É usada como adição porque introduz os
prodígios e sinais ao assunto. Os usos nesse texto se parecem muito. Isso faz com que
a ideia de consequência, apoiada pelo contexto e uso da palavra “φόβος”, apareça.
Lucas relata os prodígios e sinais para justificar o temor dos crentes. Isso está
de pleno acordo com os cinco textos que contém a palavra “φόβος” em atos,
supracitados. O texto mostra na seguinte construção “πολλά ⸀τε τέρατα καὶ σημεῖα διὰ τῶν
ἀποστόλων ἐγίνετο” que muitos prodígios e sinais, por meio dos apóstolos, aconteciam.
O adjetivo “πολλά” “muitos” qualifica os substantivos40 “τέρατα” prodígios e “σημεῖα”, que
por estarem no caso nominativo fazem com que o adjetivo também esteja.41 O caso
nominativo faz com que os substantivos desempenhem o papel sujeito da oração.42
Nesse texto “πολλά” mostra que os prodígios e sinais destacados nesse texto não eram
só muitos, eram inúmeros, incontáveis, segundo Arndt Danker eBauer.43 O texto
também usa “τέρατα καὶ σημεῖα” prodígios e sinais. Willian Carey Taylor mostra em seu
dicionário que “τέρατα” e “σημεῖα” são sinônimos e apontam para ações miraculosas.44 A
conjunção “καὶ” aqui faz o papel de ligar um sinônimo ao outro45 e assim tornar o fato
enfático. Essa ligação ou “repetição”, portanto, é para enfatizar quantitativa e
qualitativamente esses feitos. No livro de Atos a ocorrência desses sinônimos utilizados
dessa forma ocorre nove vezes. Com exceção de 2.19, 22 que fazem parte da fala de
Pedro em seu primeiro sermão missionário, de 4.30 que faz parte da oração dos crentes
e de 7.36 nas palavras de Estevão em sua defesa todos os outros textos (2.43; 5.12;
6.8; 14.3 e 15.12) retratam de ações miraculosas feitas por intermédio dos
comissionados por Deus a fazê-los. De algumas ocorrências no livro de Atos pode-se
inferir que os prodígios e sinais no texto analisado são expulsão de demônios 5.16, 8.7
em relação aos que eram levados para os apóstolos. Falar em novas línguas 2.4, 10.46
e 19.6 tanto em pentecostes quanto na casa de Cornélio e nos discípulos de João
Batista encontrados por Paulo em Éfeso. Pegar em serpentes 28.3-6, quando Paulo não
sofre dano. Curar enfermos 3.1-10, 28.9 quanto ao paralítico curado por Pedro e João
e aos enfermos da ilha de Malta levados a Paulo para serem curados. Os textos de Atos
39 STRONG
40 REGA, p. 95
41 IBIDEM, p. 95
42 IBIDEM, p. 72
43 ARNDT, DANKER, e BAUER, p. 847
44 William Carey Taylor, Dicionário do Novo Testamento Grego (Rio de Janeiro, RJ: JUERP,
2011), p. 222.
45 STRONG
supracitados e a construção “διὰ τῶν ἀποστόλων” mostram que os sinais eram feitos só
pelos apóstolos. A preposição “διὰ” é, segundo Lukaszewski, uma preposição de
atuação e aqui é usada para expressar o agente de uma ação efetuada.46 Dessa forma
ela mostra que “τῶν ἀποστόλων” são os intermediários da ação praticada. A relação entre
“τῶν” e “ἀποστόλων” é do caso genitivo e aqui expressam, conforme aponta Wallace, os
meios pelo qual a ação do verbo é cumprida.47 O verbo “ἐγίνετο” traduzido por
“aconteciam” reforça a ideia de que os apóstolos eram um instrumento que
constantemente operava maravilhas, uma vez que está no tempo imperfeito e na voz
passiva. O imperfeito descreve que os sinais ocorriam continuamente no passado48 ao
passo que a voz passiva expressa que o sujeito recebe a ação expressa pelo verbo. 49
Isso significa que os apóstolos recebiam o poder para operar os sinais, portanto, eram
deles, mas que eles eram os instrumentos pela qual a ação do verbo se efetivava.
Ainda que fora do texto analisado, o caso de Estevão e Barnabé não são
exceções que dão margem à interpretação de que todos os crentes podem operar esses
prodigiosos sinais, uma vez que ambos são comissionados pelo colégio apostólico, que
tinha autoridade para isso. Bale é categórico, e reforça esse argumento, ao destacar
que os “prodígios e sinais” realizados pelos apóstolos são realizados por Deus e servem
para confirmar os apóstolos como agentes divinos incumbidos de fazer o que era
esperado nos “últimos dias”.50 Assim também os líderes comissionados faziam sinais e
prodígios por intermédio de Deus debaixo da autoridade dos apóstolos.
V. 44
πάντες δὲ οἱ ⸀πιστεύοντες ⸂ἦσαν ἐπὶ τὸ αὐτὸ:
E todos os crentes estavam juntos:
Mais uma vez a conjunção “δὲ” funciona como uma conectiva adjuntiva sendo
utilizada para dar continuidade ao assunto ligando-o ao anterior.51 Assim ela liga o fato
“todos, os que crendo, estavam juntos” aos acontecimentos anteriormente narrados. O
adjetivo “πάντες” todos, aparece agora no caso nominativo. Segundo Wallace, neste
caso o adjetivo tem seu uso substantivado.52 Isso faz com que “πάντες” não seja um
qualificador e sim que desempenhe a função do próprio substantivo. O artigo “οἱ” vo
46 Albert L. Lukaszewski, The Lexham Syntactic Greek New Testament Glossary (Lexham Press,
2007).
47 WALLACE, p. 728.
48 IBIDEM, p. 548.
49 IBIDEM, p. 747.
50 BEALE, G. K., CARSON, D. A. Comentário do Uso do Antigo Testamento no Novo Testamento.
Tradução de C. E. S. Lopes Medeiros, R. Malkones e V. Kroker. São Paulo: Vida Nova, 2014, p.
680-681
51 BEALE e CARSON, p. 761
52 WALLACE, p. 294.
seguido do verbo “πιστεύοντες” no caso nominativo e tempo presente indicam uma
condicional para o adjetivo substantivado “πάντες”. O caso nominativo é, conforme
aponta Wallace, aquele que indica uma designação específica.53 Dessa forma “οἱ e
πιστεύοντες” especificam quais dentre os todos praticavam a ação. O tempo presente
encontrado em “πιστεύοντες” descreve uma ação contínua.54 A ação do particípio
modifica o verbo e faz com que ele reúna características tanto de verbo como de adjetivo
(REGA, P.207). Por isso o verbo “πιστεύοντες” é traduzido por “crentes” pois qualifica o
“πάντες” com sua função de adjetivo e ressalta a ação de crer enquanto verbo. A
construção “ἦσαν ἐπὶ τὸ αὐτὸ” estavam juntos aponta a primeira ação destacada pelo
autor quanto a todos os crentes. O verbo “ἦσαν” é encontrado aqui no tempo imperfeito
que retrata uma ação habitual praticada no passado.55 O verbo é traduzido por
“estavam”. Além disso o verbo está na voz ativa que indica que eles mesmo causavam
a ação expressa pelo verbo.56 A sequência “ἐπὶ τὸ αὐτὸ” é composta de uma preposição
“ἐπὶ” que é utilizada para expressar uma referência, de um artigo “τὸ” no modo acusativo
que indica uma pessoa ou coisa que diretamente sobre a ação do verbo57 que no caso
é o pronome pessoal “αὐτὸ” que dá ênfase ao seu antecedente.58
Essa construção mostra que eles mesmos, “πάντες” todos, “οἱ πιστεύοντες” os
crentes, tinham o costume de “ἦσαν ἐπὶ τὸ αὐτὸ” estar juntos e que esse estar juntos,
conforme aponta Henrry, não indica que eles permaneciam juntos, fisicamente, o tempo
todo em seus milhares59 e sim que tinham o hábito de estarem juntos diariamente 4.46,
no sentido de comunhão 4.42 bem como estavam juntos num aspecto comunal
conforme será visto a seguir. Além disso Henrry descata que provavelmente os crentes
se reuniam em diversos grupos e congregações segunda língua, nação ou qualquer
outra forma de associação que os mantivessem juntos. 60
O texto mostra que é reprovável ao crente que viva de maneira isolada, afastado
dos que com ele, pela crença em Jesus, têm “κοινωνία” comunhão. Antes que o crente
deve buscar a comunidade. O genuíno deve conviver tanto em relação com o mundo
crendo que Deus o guarda do maligno (Jo17.15) quanto em relação com a igreja, crendo
que na comunidade cristã eles se mantém juntos e, assim, expressam e aumentam o
amor mútuo.61
53 WALLACE, p. 726.
54 IBIDEM, p. 751.
55 IBIDEM, p. 548.
56 IBIDEM, p. 746.
57 REGA, p. 72
58 LUKASZEWSKI
59 HENRRY, p. 29
60 IBIDEM, p. 29
61 HENRRY, p. 29
καὶ⸃ εἶχον ἅπαντα κοινά,:
e tinham tudo comunal:
A conjunção “καὶ” torna a fazer a função de acrescentar uma nova ideia dando
continuidade ao assunto anterior. 62
O verbo “εἶχον” aparece também no imperfeito
denotando uma ação praticada no passado de forma habitual63 e é a segunda ação que
todos os crentes praticavam. Além disso o verbo está na voz ativa que indica que eles
mesmo realizavam a ação expressa pelo verbo.64 Eles “εἶχον” tinham “ἅπαντα κοινά” tudo
comunal porque faziam com que isso acontecesse. Tanto “ἅπαντα” quanto “κοινά” são
adjetivos acusativos e expressam tanto a relação próxima entre ambos quanto a
intensificação da prática expressa pelo verbo.65 Mostram também que a prática comunal
entre todos não era parcial, mas total. O adjetivo “κοινά” tem a mesma raiz do
substantivo “κοινωνία” o que reforça a ideia de que essa prática era total assim como a
“” indicava uma totalidade na comunhão bem como ela era unicamente alicerçada nas
marcas dessa igreja apontadas em 2.42.
Essa parte do texto mostra que além da unidade, da vida religiosa conjunta, os
crentes também devem expressar sua comunhão de forma a serem comuns quanto
aquilo que é necessário para a subsistência. No entanto é importante destacar que a fé
em Jesus era o principal requisito para se pertencer à igreja cristã e que somente as
pessoas que cressem nele partilhariam da união que se torna visível nos cultos e na
vida em comum.66
Quanto a isso, Henrry aponta para esse fato de terem tudo comunal dizendo que
havia entre eles tamanha preocupação e prontidão em ajudar uns aos outros que
sempre que havia oportunidade eles faziam com que tudo fosse comum um ao outro de
acordo com a lei da amizade e benevolência.67 Essa prática, portanto, não é normativa.
Isso significa, conforme Kistemaker aponta, que o compartilhar comunitário de bens
materiais constituía em boa vontade.68
62 STRONG
63 WALLACE, p. 548.
64 IBIDEM, p. 746.
65 WALLACE, p. 178.
66 KISTEMAKER, p. 150–151.
67 HENRRY, p. 29
68 KISTEMAKER, p. 151.
V. 45
καὶ τὰ κτήματα καὶ τὰς ὑπάρξεις ἐπίπρασκον:
Também, as propriedades e as posses vendiam:
A conjunção “καὶ”, que liga uma ideia adicional ou elemento gramatical à uma
ideia ou elemento gramatical anteriores69 é aqui traduzida por “também” para transmitir
sua ideia de continuidade e acréscimo não só ao texto mas ao que o texto está falando.
Ela mostra que o que era comunal aos crentes e como era feito para que fosse assim.
O que segue a conjunção são os artigos “τὰ” e “τὰς” relacionado aos substantivos
“κτήματα” e “ὑπάρξεις”. Ambos os artigos e substantivos estão no plural acusativo.
Quanto se trata do caso acusativo o substantivo indica a pessoa ou coisa que
diretamente sofre a ação do verbo.70 Nesse caso “τὰ” as “” propriedades “καὶ” e “τὰς” as
“ὑπάρξεις” posses sofrem a ação do verbo “ἐπίπρασκον” vendiam. O verbo “ἐπίπρασκον”
está imperfeito e, portanto, mostra que o ato de vender as propriedades e posses era
algo constantemente praticado pela igreja naquele tempo.71
Esse amor ao próximo era tão grande que, conforme demonstra Kistemaker, os
proprietários colocavam seus pertences à disposição de todos os crentes que se
encontravam necessitados.72 O altruísmo, que é evidenciado no próprio Deus (Rm8.32),
certamente deve ser uma das características dos discípulos de Cristo que como bom
pastor expressou seu amor em abnegação, dando a vida por suas ovelhas (Jo10.11).
V. 46
καθʼ ἡμέραν τε προσκαρτεροῦντες ὁμοθυμαδὸν ἐν τῷ ἱερῷ,:
Também, diariamente perseveravam unânimes no templo:
A conjunção conectiva lógica “τε” é utilizada aqui para continuar logicamente a
narrativa80, por isso é traduzida por “também” e é colocada no início da oração. A
preposição “καθʼ” é uma preposição temporal, em seu uso com acusativo, que pode ser
traduzido bem como pode modificar o que a segue. Nesse texto modifica o substantivo
“ἡμέραν”, que consta no acusativo, e faz com que ele expresse uma ideia de
regularidade.81 Por isso “καθʼ” somando a “ἡμέραν” fora traduzido por diariamente. O
verbo “προσκαρτεροῦντες” embora esteja no presente particípio se trada de um presente
retido no discurso direto e pode ser traduzido como se fosse um imperfeito, conforme
diz Wallace.82 Por isso “προσκαρτεροῦντες” foi traduzido por “perseveravam”. Essa
tradução mostra o sentido do particípio e herda a ideia do imperfeito. É uma ação em
processo, porém no passado. Diariamente perseveravam “ὁμοθυμαδὸν” unânimes. O
advérbio de modo “ὁμοθυμαδὸν” mostra a maneira pela qual uma ação verbal ocorre.83
Aqui ele mostra que a maneira de perseverar era unânime. A preposição “ἐν” o artigo
“τῷ” e o substantivo “ἱερῷ” mostram o local onde perseveravam de maneira unânime.
“ἐν” é uma preposição de posição, portanto indica um lugar. O artigo “τῷ” define o lugar.
E o substantivo “ἱερῷ” o identifica. O artigo e o substantivo em questão estão no dativo
e por isso indicam que é no templo que acontece o perseverar.84
Comentando este trecho Henrry diz que os cristãos da igreja primitiva estavam
no templo não só nos sábados e nas festas solenes..85 Moody argumenta que os crentes
ainda eram judeus e continuavam a realizar o seu culto diário a Deus no Templo, de
acordo com os costumes judaicos.86 As ideias de ambos não são diferentes ou
80 HEISER e SETTERHOLM
81 WALLACE, p. 377
82 IBIDEM, p. 752
83 LUKASZEWSKI
84 REGA, p. 72
85 HENRRY, p. 28
86 MOODY, p. 16
contraditórias, são complementares. À luz do texto e acréscimo dos fatos relatados por
ambos o que de fato é extraído é que os crentes devem reunir-se em lugar propício às
suas práticas religiosas. O próprio Henrry destaca isso dizendo que adorar a Deus tem
de ser atividade diária na vida do crente e que sempre que possível quanto mais vezes
for feito publicamente melhor.87 Essa realidade pode ser vista na vida de Jesus (Mt21.12.
– Jesus entrando no templo – 23 – Jesus chegando ao templo; 24.1 – Jesus saindo do
templo – 26.55 – Jesus dizendo que ia ao templo todos os dias) dos apóstolos (At3.3 –
Pedro e João entrando no templo; 5.20 – entrando no templo e ensinando lá – 42 –
todos os dias não cessavam de ensinar no templo; 21.26 – Paulo entra no templo; 26.21
– Paulo está no templo. Dessa forma, os discípulos de Jesus também devem prezar
pelos cultos públicos e sua ida ao lugar “específico” para suas práticas religiosas
comunitárias.
87 HENRRY, p. 28
88 LUKASZEWSKI
89 HEISER e SETTERHOLM
90 WALLACE, p. 751
91 KISTEMAKER, p. 150.
92 WALLACE, p. 734.
93 LUKASZEWSKI
Seguido do substantivo “οἶκον” indica, conforme traduzido, que a partilha acontecia em
“cada casa” consecutivamente.
94 REGA, p. 73
95 WALLACE, p. 730
96 IBIDEM, p. 761
97 REGA, p. 73
98 KISTEMAKER, p.152–153.
V. 47
αἰνοῦντες τὸν θεὸν:
louvando a Deus:
O verbo “αἰνοῦντες” louvando está ligado ao verbo “προσκαρτερέω” perseveravam
do verso 46. A sequência “κλῶντές τε κατʼ οἶκον⸃ ἄρτον, μετελάμβανον τροφῆς ἐν ἀγαλλιάσει
καὶ ἀφελότητι καρδίας” que fica entre ambos é um aposto. Assim o verbo “αἰνοῦντες”
retorna às ações que unanimemente os crentes faziam de modo perseverante no
templo. Ele está em um particípio presente, por isso é traduzido por “louvando”, pois
indica que a ação de louvor não era somente constante em vezes feitas mas em tempo.
Esse verbo é utilizado no Novo Testamento (Lc2.13, 20; 19.37, At3.8, 9; Rm15.11 e
Ap19.5). para expressar um louvor religioso e especificamente direcionado a Deus
assim como visto aqui no texto por meio de “τὸν θεὸν” que por estarem no acusativo
indica que é quem “sofre” a ação do verbo.99 Na Septuaginta100 esse verbo é a
transliteração de “ ”הללque ocorre mais de 100 vezes no Antigo Testamento e é traduzido
tanto por louvar quanto por glorificar. Curiosamente uma das ocorrências é em Jl2.26,
pouco antes da promessa do derramamento do Espírito. Nessa ocorrência, assim como
na maioria o verbo está falando de uma ação de louvor a Deus, ao Deus verdadeiro.
Os textos supracitados e o relato das ocorrências desse verbo mostram
claramente que Deus é o único que deve ser louvado. Não só que é o único, mas que
deve ser adorado. Esse dever é enfático. É dever, obrigação dos crentes louvarem
continuamente a Deus. É isso que os crentes da igreja primitiva faziam.
99 REGA, p. 74
100
Septuaginta: With morphology. (1979). (electronic ed.). Stuttgart: Deutsche Bibelgesellschaft.
101 WALLACE, p. 761
102 IBIDEM, p. 751
103 IBIDEM, p. 629
o povo. A palavra “χάριν” traduzida por favor trás o sentido de ter uma reputação
positiva. Seu uso em 25.9 confirma isso. O caso acusativo da palavra demonstra que
os crentes são os que sofrem diretamente a ação do verbo “ἔχοντες”. A preposição de
associação “πρὸς” expressa essa ideia uma vez que mostra com quem a ação verbal
relacionada está ocorrendo.104 Ela é traduzida por “de” para mostrar que “ὅλον” todo
“τὸν” o “λαόν” povo é quem estimava os crentes. O adjetivo atributivo “ὅλον” esclarece
isso.
Olhando para o texto e vendo a proximidade desse relato de simpatia do povo
para com os crentes deve-se observar que o testemunho dos crentes obtinha um bom
resultado. Marshall comentando esse trecho diz que na medida em que os cristãos eram
vistos e ouvidos pelo restante do povo em Jerusalém, suas atividades formavam uma
oportunidade para o testemunho.105 Os crentes, líderes ou não, devem pregar, mas
também é necessário que vivam em conformidade à igualdade atribuída por Deus a eles
(Jo1.12).
104 LUKASZEWSKI
105 MARSHALL, p. 85
106 KISTEMAKER, p.153
107 WALLACE, p. 439
mostram não só que era habitual haver salvação e acréscimo à igreja mas enfatizam
que era um costume diário. Segundo Kistemaker essa cláusula indica que o milagre da
salvação ocorre todos os dias.108 Henrry diz que aqueles que Deus determinou para a
salvação eterna serão, mais dia, menos dia, levados eficientemente a Jesus. E os que
forem levados a Jesus serão acrescentados à igreja em um concerto santo pelo batismo
e em comunhão santa pelas outras ordenanças.109 Portanto, é possível ver que embora
a igreja primitiva tivesse suas práticas, elas não passavam de meios para e
consequências da obra maior que Senhor que fazia em salvar os eleitos e os
acrescentar à igreja.
TEOLOGIA DO TEXTO
IMPLICAÇÕES PARA A TEOLOGIA BÍBLICA
Segundo a estrutura dada por Donald Guthrie no que diz respeito a igreja no livro
de Atos três abordagens podem ser feitas. A primeira quanto ao surgimento da igreja, a
segunda quanto a missão da igreja e a terceira quanto ao ministério da igreja.111
Quanto a primeira o texto analisado contribui apontando para a primeira narrativa
pré-estrutural de uma igreja. Ali já se há a igreja do Senhor, chamada igreja primitiva, e
o texto mostra sua procedência e seus fundamentos. Ela procede do acontecimento de
Pentecostes e tem seus fundamentos na doutrina, nos sacramentos e na comunhão.
Quanto a segunda abordagem o texto analisado mostra implicitamente o
conceito de testemunhar. Tanto os prodígios e sinais quanto a forma como viviam os
crentes eram uma forma de testemunhar o poder do Espírito Santo que sobre eles veio.
Quanto a terceira abordagem é possível ver nas diferenças quanto as atribuições
sua estrutura ministerial. Em comum, tanto crentes quanto apóstolos, todos
perseveravam unânimes nos exercícios devocionais e nas práticas fraternais.
Individualmente os apóstolos eram os mestres que dispensavam sua doutrina enquanto
os demais crentes eram receptores dela.
Além disso o texto mostra a vida da igreja do Senhor Jesus Cristo que é
composta de todos os que creram como sendo uma unidade. Vos expõe a relação entre
a Igreja e o Reino de Deus mostrando que ambos estão intimamente ligados. Isso por
conta de sua missão de propagar o evangelho bem como a de glorificar a Deus.112
Atos mostra a expansão desse Reino de, forma visível, através de uma igreja
mista, composta por judeus e gentios e aponta para as características do Reino através
das características da Igreja.
111 GUTHRIE, Donald. Teologia do Novo Testamento. Traduzido por Vagner Barbosa. 1a edição.
São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2011, p. 736, 740, 742
112
VOS, Geerhardus. Teologia bíblica: Antigo e Novo Testamentos. São Paulo: Cultura Cristã,
2010, p. 479
IMPLICAÇÕES PARA A TEOLOGIA SISTEMÁTICA
Segundo Berkhof,113 os principais temas da Teologia Sistemática abordados aqui
são Pneumatologia, Eclesiologia e Soteriologia.
Quanto a Pneumatologia ou Doutrina do Espírito Santo o texto traz contribuições
em pelo menos dois aspectos. No primeiro, de forma individual à doutrina, trata da ação
do Espírito Santo quanto ao seu derramamento e à sua plenitude. Podemos observar
isso em At2.1-4. Em outro aspecto a doutrina do Espírito Santo pode ser vista, agora,
de forma conjunta à doutrina da igreja. Uma vez que após sua descida em Pentecostes
2.1-4 os crentes passam a viver guiados pelo Espírito demonstrando seus frutos Gl5.22-
23 através da vida comum.
Quanto a Eclesiologia ou Doutrina da Igreja o texto traz contribuições quanto a
três aspectos quanto às bases de uma igreja no que diz respeito às práticas dos crentes.
Primeiro ele mostra o ensino a comunhão e os sacramentos como sendo marca crucial,
visto que perseveravam nisso 2.42. Em segundo lugar o texto mostra também que há
funções cabíveis a todos dentro da igreja, conforme pode ser visto também em Ef4.11-
12. No texto analisado os apóstolos que ensinavam, o povo aprendia e todos
comumente exerciam uma vida de piedade espiritual e fraternal. Por fim, o texto mostra
os reflexos, como resultado das práticas da igreja, na sociedade. Indiretamente o texto
aponta para as obrigações da igreja com intensão de testemunhar.
Quanto a Soteriologia ou Doutrina da Salvação o texto contribui ao mostrar o que
é afirmado no Antigo Testamento quanto ao fato da salvação pertencer a Deus,
conforme visto em Sl3.8. A doutrina da salvação aparece de forma explícita no verso
47 ao mostrar que os salvos pelo Senhor eram acrescentados à igreja. O texto exalta a
particularidade da obra salvífica do Senhor. É Ele quem salva. Nada do que o homem
faça pode salvar.
113 BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. Campinas: Luz Para o Caminho, 1990.
vida cristã individualista ou uma comunidade cristã fora dos exercícios piedosos deve
se arrepender e voltar às práticas genuinamente marcadas pelo poder do Espírito Santo.
O poder do Espírito Santo na vida da igreja é o desabrochar de seu fruto. Portanto, todo
verdadeiro crente e verdadeira igreja devem viver em busca da plenitude do Espírito em
sua vida, conforme Paulo diz em Ef5.18.
Em suma, ao compreender estas coisas os crentes devem seguir a sua
caminhada com ciência de que é selado com o Espírito Santo e que isso o atribui
responsabilidades práticas. Estas verdades para os crentes precisam influenciá-los a
viver como filhos preparados de Deus para a sã doutrina, comunhão, fraternidade, zelo,
serviço, testemunho, integridade e temor.
SERMÃO
INFORMAÇÕES GERAIS
• Título do Sermão: Uma Igreja Exemplar
• Tema: Uma Igreja exemplar é perseverante, unida e abençoada
• Doutrina: Eclesiologia e Soteriologia
• Necessidade: Esse sermão é necessário para mostrar à igreja que ela precisa
retornar aos princípios da igreja primitiva
• Imagem: Jo1.1-4
• Objetivo: Que os crentes repensem como têm vivido a cristandade e qual tem
sido o testemunho disso aos de fora
ESBOÇO DO SERMÃO
• Introdução:
Desde a narrativa de Atos 5, que mostra Ananias e Safira perturbando a paz da
igreja e dando mau testemunho, as demais narrativas bíblicas mostram outros diversos
problemas na igreja. Igrejas complicadas como a de Corinto são apresentadas na Bíblia.
O último livro da Bíblia, Apocalipse, mostra sete igrejas nas quais cinco delas se
encontram em momentos difíceis quanto as suas más práticas. No decorrer da história
extra bíblica não foi diferente. A igreja se corrompeu como instituição. Em 1517 com a
Reforma Protestante os problemas diminuíram, no entanto não foram sanados e alguns
novos problemas apareceram. Hoje isso não é diferente.
A igreja é uma comunidade composta por pecadores. Isso faz com que os
problemas, de fato, sempre apareçam. No entanto, é possível observar que muito do
que acontece se dá também pelo fato de que a igreja tem se distanciado cada vez mais
das boas práticas da igreja primitiva. Essa distância tem corroborado para a entrada de
heresias na igreja, de costumes humanos bem como da malignidade, individualidade
dentre outras coisas. Dessa forma é necessário olhar para a igreja primitiva como uma
igreja exemplar e tentar imitá-la.
• Divisões:
Uma igreja exemplar é:
• Perseverante – na doutrina dos apóstolos; na comunhão; na celebração da ceia;
nas orações
• Unida – tendo tudo em comum; cuidado dos necessitados; no culto; nas
refeições
• Abençoada – com o crescimento
• Conclusão e Aplicação:
Com bases na descrição de Lucas quanto a igreja primitiva, os crentes de hoje,
que são cheios Espírito Santo assim como os da igreja primitiva, devem:
o Refletir se tem aprendido e crido nas doutrinas bíblicas e não das doutrinas
perversas que têm sido ensinadas nas igrejas. Precisa refletir quanto à comunhão e
praticá-la, uma vez que atualmente o movimento dos “desigrejados” cresce. Precisa
examinar-se a si mesmo e participar efetivamente dos sacramentos. Devem ter uma
vida de oração genuína, pessoal, comunitária, orando a todo instante conforme aponta
1Ts5.17.
o Compreender que as boas obras, de fato, não conquistam nada perante Deus,
mas que o fato disso ser verdade não elimina a responsabilidade em exercer o amor
fraternal com caridade. As boas obras não provocam a salvação ou qualquer coisa
nesse sentido, no entanto elas são um reflexo da vida de um salvo pelo Senhor. A igreja
precisa se posicionar cada vez mais quanto às frentes sociais.
o O crescimento da igreja vem do Senhor. Num mundo tão pragmático os crentes
genuínos devem compreender profundamente a verdade de que Deus é quem dá
crescimento à sua igreja. Dessa forma a igreja de Cristo deve utilizar somente os meios
bíblicos para a evangelização e contando com que o Senhor acrescente salvos a ela.
Toda e qualquer prática que coloque a responsabilidade de conversão e crescimento da
igreja nas mãos dos homens deve ser abolida da igreja.
CONCLUSÃO
Este trabalho analisou o texto de Atos 2.42-47 que relata como viviam os
crentes da igreja primitiva após o recebimento do Espírito Santo narrado em
At2.1-4. O trabalho apontou para os detalhes de como era essa vida cristã nos
primórdios da igreja do Novo Testamento mostrando que fundamentalmente a
doutrina dos apóstolos, a comunhão e a celebração da ceia eram os alicerces.
Ainda, foi visto aqui que este relato é de suma importância na história da
igreja uma vez que mostra como os crentes viviam fraternalmente destacando o
seu sentido de amor ao próximo na caridade. Além disso mostrou a soberania
de Deus tanto em usar os apóstolos para operar milagres bem como sendo
aquele que salva os homens e os acrescenta à igreja.
Portanto, este trabalho cumpre com estas coisas a partir de minuciosa
análise do texto, destacando seus contextos, fazendo e apresentando uma
tradução própria, uma análise de todas as palavras que o compõe e
comparando-o com as versões “Almeida Revista e Atualizada”, “Almeida Revista
e Corrigida” e “Nova Versão Internacional”. Também destacou as palavras para
a compreensão da construção lógica do texto e de sua profundidade em
significado. Além disso, expôs a estrutura do texto comentando-o por cláusulas.
Da mesma maneira, concisa e objetiva, apresentou a sua relevância para o
público original da escrita, bem como sua relevância teológica, tanto de forma
conceitual, quanto de forma empírica e prática. Por fim, este trabalho apresentou
uma estrutura de sermão, que aponta a necessidade de ter a igreja primitiva
como exemplo de piedade espiritual e fraterna.
Num aspecto geral, o trabalho trouxe particularidades relevantes sobre o
texto a fim de dar maior entendimento, percepção e utilidade para a vida cristã
diária e prática ao leitor. Expôs com clareza de argumentos que o verso 42 do
texto se refere à ceia e não a mero compartilhar de refeições. Mostrou que os
milagres operados pelos apóstolos eram feitos por Deus através deles e tinham
o intuito de confirmar a autoridade. Além disso, outras questões profundas do
texto foram trazidas à tona com o intuído de que o texto tenha mais da sua
relevância demonstrada.
BIBLIOGRAFIA
ARNDT, William, DANKER, Frederick W. e BAUER, Walter Bauer. A Greek-
English lexicon of the New Testament and other early Christian literature (Chicago:
University of Chicago Press, 2000)
BEALE, G. K., CARSON, D. A. Comentário do Uso do Antigo Testamento no
Novo Testamento. Tradução de C. E. S. Lopes Medeiros, R. Malkones e V. Kroker. São
Paulo: Vida Nova, 2014
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. Campinas: Luz Para o Caminho, 1990.
CARSON, D.A. Comentário Bíblico. São Paulo: Vida Nova, 2009
CARSON, D. A., MOO, Douglas J. e MORRIS, Leon. Introdução ao Novo
Testamento. Tradução de Márcio Loureiro Redondo. São Paulo: Vida Nova, 1997
DEPPE, D. (2011). The Lexham Clausal Outlines of the Greek New Testament:
SBL Edition. Bellingham, WA: Lexham Press.
FERREIRA, Franklin. O Credo dos Apóstolos: as doutrinas centrais da fé cristã.
Editora Fiel. Edição do Kindle.
GUTHRIE, Donald. Teologia do Novo Testamento. Traduzido por Vagner
Barbosa. 1a edição. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2011
HAUCK, Friedrich. “κοινός, κοινωνός, κοινωνέω, κοινωνία, συγκοινωνός,
συγκοινωνέω, κοινωνικός, κοινόω”, org. Gerhard Kittel, Geoffrey W. Bromiley, e Gerhard
Friedrich, Theological dictionary of the New Testament (Grand Rapids, MI: Eerdmans,
1964)
HEISER, Michael S. e STTERHOLM, Vincent M. Glossary of Morpho-Syntactic
Database Terminology (Lexham Press, 2013; 2013
HENRRY, Matthew. Commentary on the whole Bible – Vol. VI – Acts to
Revelation. World Bible Publishers. Iowa Falls, Iowa, p. 28
KISTEMAKER, Simon. Atos 2ª Ed. Vol. 1. Tradução por Ézia Mullis e Neuza
Batista da Silva. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2016
LOGOS, Software Bible
LUKASZEWSKI, Albert L. The Lexham Syntactic Greek New Testament
Glossary (Lexham Press, 2007)
MARSHALL, Howard I. Atos dos Apóstolos: Introdução e Comentário – 1ª Ed.
São Paulo: Editora Mundo Cristão, 1982
REGA, Lourenço Stelio. Noções do Grego Bíblico: gramática fundamental – 3ª
Ed. São Paulo: Vida Nova, 2014
SEPTUAGINTA: With morphology. (1979). (electronic ed.). Stuttgart: Deutsche
Bibelgesellschaft.
STRONG, James. Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong. Sociedade
Bíblica do Brasil, 2002
TAYLOR, William Carey. Dicionário do Novo Testamento Grego (Rio de Janeiro,
RJ: JUERP, 2011)
VOS, Geerhardus. Teologia bíblica: Antigo e Novo Testamentos. São Paulo:
Cultura Cristã, 2010
WALLACE, Daniel B. Gramática Grega: Uma Sintaxe Exegética do Novo
Testamento, org. Edvaldo Cardoso Matos e Marcos Paulo Soares, trad. Roque
Nascimento Albuquerque, 1ª edição em português. São Paulo, SP: Editora Batista
Regular, 2009