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Dezembro/2018
Resumo
O presente estudo de caso visa elucidar os impactos gerados por um bate-estaca na execução das
obras de arte da Av. Jackson Lago, outrora Av. IV Centenário, no trecho próximo à intersecção
com a Av. dos Franceses, onde a cravação de estacas pré-moldadas foi apontada como a causa de
diversos danos em imóveis residenciais circunvizinhos à obra, nas Ruas Pires Sabóia e José Murta,
no bairro da Alemanha, São Luís - MA. Tal fato ensejou a propositura de ação judicial contra o
Estado do Maranhão e a empresa Egesa Engenharia S.A. Desta forma, recorremos à engenharia
geotécnica e à literatura corrente para a análise dos fatos, na tentativa de balizar a afirmativa da
Defesa Civil, do Município de São Luís – MA, de que as vibrações geradas pelo bate-estaca foram
os agentes causadores de tais impactos em imóveis residenciais.
Palavras chaves: Vibrações. Bate-estaca. Rua Pires Sabóia e José Murta. PAC Rio Anil.
1. Introdução
O Programa de Urbanização, Regularização e Integração de Assentamentos Precários, do Projeto
Rio Anil, desenvolvido pelo Governo do Estado do Maranhão em conjunto com o Governo Federal,
por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), consiste em um projeto de profunda
repercussão social e anseio da população, que há várias décadas reside nos bairros que margeiam
o Rio Anil, na capital do Estado, cujo objeto da proposta apresenta o seguinte teor:
Intervenção em Favela com Urbanização Integrada e Remanejamento de Habitações
Precárias (principalmente palafitas) dos bairros: Camboa, Liberdade, Vila Sésamo, Fé em
Deus, Irmãos Coragem, Apeadouro, Alemanha, Caratatiua, Vila Palmeira, Radional e
Santa Cruz, com Implantação da Avenida de Contorno a margem esquerda do Rio Anil,
construção de 2.720 unidades habitacionais para relocação de Famílias de Habitações
Precárias (palafitas) e Melhoria de 6.000 unidades habitacionais (SECID, 2007:01).
Dentre os trabalhos desenvolvidos pela Secretaria das Cidades, podemos perceber, na descrição
acima, a implantação da avenida de contorno à margem esquerda do Rio Anil, denominada de Av.
Jackson Lago, outrora Av. IV Centenário - em alusão ao período vivido pela Ilha de São Luís,
quando, na oportunidade, completou 400 anos de existência a partir da sua fundação.
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Ano 9, Edição nº 16 Vol. 01 Dezembro/2018
Perícia E Avaliação De Impactos Gerados Pela Propagação De Vibrações De Um Bate-Estaca Na
Avenida Jackson Lago
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Figura 1 - Vista aérea da margem esquerda Rio Anil antes da intervenção (Esquerda) e após intervenção (Direita).
Fonte: SECID, em 2007 e 2013
Na construção da Av. Jackson Lago, foram afetadas diretamente cerca de duas mil famílias que
estavam assentadas de forma precária ao longo de seu curso. Nela, o sistema viário foi concebido
como uma barreira física contra o avanço das ocupações sobre os manguezais e leito do rio e, além
dos trechos sobre aterro, a avenida possui como obras de arte: cinco pontes, sendo uma delas
executada sob a Ponte Bandeira Tribuzi, um elevado de 917,6 m (novecentos e dezessete metros e
sessenta centímetros) de extensão e um viaduto na intersecção com a Av. dos Franceses.
Os blocos de fundações de boa parte das obras de arte especiais coroam estacas raízes com camisas
metálicas perdidas. Todavia, no viaduto localizado na intersecção da Av. Jackson Lago com a Av.
dos Franceses, optou-se por cravação de estacas pré-moldadas, método construtivo que gerou o
questionamento e a consequente ação civil de moradores na justiça, solicitando reparos pelos danos
materiais causados nas cravações e indenizações por danos morais individuais e coletivos, devido
à “morosidade” de resolução do impasse do poder público estadual.
Os danos materiais causados aos moradores foram subsidiados tecnicamente pela Defesa Civil do
Município de São Luís, por meio de um relatório fotográfico e parecer superficial, sem aprofundar-
se no estudo e dispondo de um único agente causador, qual seja, a cravação de estacas pré-
moldadas.
Na perspectiva de esclarecer o ocorrido, apurando a real responsabilidade do Estado, além de
estabelecer parâmetros para avaliação de riscos de um futuro prolongamento do mesmo sistema
viário ou servir como base para uma comparação paramétrica com casos similares, decidimos
realizar o presente estudo de caso.
2 Revisão Bibliográfica
2.1 Oscilações
A vibração é um movimento oscilatório que pode ser descrito usando o deslocamento, velocidade
ou aceleração (DECKNER, 2013). As oscilações podem desenvolver os seguintes tipos de
movimento: harmônico, oscilatório, aleatório e transitório.
As oscilações periódicas ou harmônicas acontecem quando o movimento possui repetições com
intervalos regulares e com amplitude, frequência e ângulo de fase constantes, sendo geradas por
diversos tipos de máquinas, como rolos vibratórios, bombas, compressores e ventiladores.
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Nos casos de cravação de estacas, a condução de impacto gera vibrações periódicas com uma onda
do tipo transiente (HOLMBERG et al., 1984). Estas, atingindo um edifício, geram oscilações
transitórias (DECKNER, 2013).
As oscilações em uma determinada superfície geram ondas de propagação que são caracterizadas
pela transmissão de movimento entre partículas adjacentes viajando por um meio até a completa
dissipação de energia, visto que, apesar de teoricamente trabalharmos com a oscilação tendendo ao
infinito, no solo ou no meio, existem características de amortecimento que impedem o resultado
tender ao infinito (NORDAL, 2009). A atenuação ocorre conforme a distância percorrida e é
provocada por duas fontes, quais sejam, a geometria da propagação da onda e a característica do
material (KRAMER, 1996).
Woods (1997) e Kramer (1996) explicitaram os diversos tipos de ondas que podem acontecer no
meio elástico, que estão agrupados em bodywaves ou surfacewaves.
As bodywaves - ondas de corpo - viajam dentro de um corpo se subdividindo em: ondas primárias
de compressão (longitudinais), com movimento paralelo à direção de propagação (P-wave) e ondas
com oscilação perpendiculares à direção de propagação (S-wave) (figura 2) (DECKNER, 2013).
As surface waves – ondas de superfície – admitem um corpo semi-infinito com uma superfície
planar livre. São provenientes da interação entre as ondas de corpo e as superfícies dos materiais,
sendo os dois tipos mais comuns: as ondas com movimentos de partículas elipsoidais – movimento
combinando entre as P e S waves - (R-wave) - e ondas com movimentos semelhantes a de uma
cobra (L-wave) (KRAMER, 1996).
Figura 2 -Representação das características de deslocamento dos tipos de onda: a) P-waves, b) S-wave, c) R-wave e
d) L-wave
Fonte: Imagem construída com base nas informações de Kramer (1996)
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2πDf
Equação 03: α = (m−1 )
c
𝑋𝑚 = 𝑎𝑚𝑝𝑙𝑖𝑡𝑢𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑓𝑜𝑟𝑚𝑒 𝑎 𝑑𝑖𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑟 𝑑𝑎 𝑓𝑜𝑛𝑡𝑒 (𝑚)
𝛼 = 𝑐𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑎𝑏𝑠𝑜𝑟çã𝑜
𝐷 = 𝑎𝑚𝑜𝑟𝑡𝑒𝑐𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑜 𝑚𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎𝑙 (𝐻𝑧 𝑠)−1
𝑓 = 𝑓𝑟𝑒𝑞𝑢ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑣𝑖𝑏𝑟𝑎çã𝑜 (𝐻𝑧)
𝑐 = 𝑣𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑝𝑎𝑔𝑎çã𝑜 𝑑𝑎 𝑜𝑛𝑑𝑎 (𝑚/𝑠)
𝑛 = 0,5 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑅 − 𝑤𝑎𝑣𝑒𝑠, 1 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑏𝑜𝑑𝑦 𝑤𝑎𝑣𝑒𝑠 𝑒 2 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑏𝑜𝑑𝑦 𝑤𝑎𝑣𝑒𝑠 𝑛𝑎 𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒
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A propagação de energia no solo e sua vibração resultante até o completo amortecimento, seja em
bate-estaca ou terremotos, são quantificados para fins de engenharia, pelo pico de velocidade da
partícula (PVP).
Attewell e Farmer (1973) concluem que as perdas de energia por amortecimento do material são
desprezíveis em comparação com o amortecimento geométrico. E que a seguinte equação
simplificada, atribuindo k=1, e x =1, se relacionaram muito bem com os resultados obtidos em
campo:
√W0
Equação 08: v= (mm/s)
r
Parâmetros
Estudo
X K
Attewell e Farmer (1973) 1 1,5
0,25 (solo mole ou fofo)
Whyley e Sarsby (1992) 1 0,75 (solo compacto e meio rígido)
1,5 (solo rígido)
Attewell, Selby e O’Donnell
0,87 0,76
(1992)
Hiller e Crabb (1998 apud
3 (solo compacto e meio rígido)
DECKNER, 2013)
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Já Attewell, Selby e O’Donnell (1992) ajustam os valores de k para 0,76 e x para 0,87 e constata
que uma curva de regressão quadrática foi o melhor ajuste para o campo de dados, propondo a
seguinte fórmula:
√W0 √W0
Equação 09: log v = x1 + x2 log ( ) + x3 log² ( ) (mm/s)
r r
𝑥1, 𝑥2 𝑒 𝑥3 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑝𝑜𝑟𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒
Risco de Exceder os
Ajuste da Curva x1 x2 x3
Valores Estimados
Melhor Ajuste -0,519 1,38 -0,234 50%
Metade do desvio padrão -0,296 1,38 -0,234 31%
Desvio Padrão -0,073 1,38 -0,234 16%
Tabela 3 - Valores das constantes de proporcionalidade x1, x2 e x3 para cravação de estacas
Fonte: Attewell, Selby e O’Donnell (1992)
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Head e Jardine (1992) indicam que as vibrações que geram danos estruturais, geralmente estão
entre uma velocidade de 50 a 100 mm/s. E que, raramente, velocidades menores que 2 mm/s
causam algum dano à edificação (figura 4) (DECKNER, 2013).
Figura 4 - Gráfico da relação do pico de velocidade da particula (PPV), frequência e possíveis danos.
Fonte: Baseado no estudo de Moller et al. (2000).
Svinkin (2005) complementa que, além da frequência da onda, a duração da vibração também se
torna muito importante, uma vez que danos mais severos podem ocorrer quando a vibração atingir
a frequência natural do edifício, ocasionando a ressonância, que em edifícios de vários andares é
de aproximadamente f = 10/n Hz, sendo “n” o número de andares. Já casas residências apresentam
uma frequência natural entre 4 – 10 Hz.
Contudo, mesmo para casas com frequência natural de 10 Hz, a ressonância, para ser provocada
por um bate-estaca, que possui um curto período de vibração (0,2 a 0,3 segundos), só seria possível
se o trabalho de cravação de estacas superasse a frequência de 50 Hz, ou seja, 5 vezes superior ao
valor da frequência natural para os 0,3 segundos de duração (WISS, 1967).
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e de longa período. Também ressalta que, muitas vezes, as vibrações não podem ser classificadas
como curto período ou longo período, assim os procedimentos descritos para ambos os casos
devem ser adotados.
Conforme cita a norma, a tabela 4 oferece valores de referência para velocidade v1, em vibrações
de curto período, na fundação e no andar mais alto da estrutura variando conforme o tipo de
edificação. Citando que “Valores superiores a tabela (04) não conduzirão necessariamente ao dano,
eles podem apresentar-se significantemente superiores, entretanto, posteriores investigações serão
necessárias” (DEUTSCHES INSTITUT FUR NORMUNG, 1999).
A tabela 5 já oferece valores de referência para vibrações de longo período, com valor máximo dos
dois componentes horizontais medidos no topo do andar para os diferentes tipos de construção.
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A norma destaca que, se a construção é submetida à uma vibração harmônica, os valores máximos
podem também acontecer nos maiores andares, como também na cobertura e fundação
(DEUTSCHES INSTITUT FUR NORMUNG, 1999).
Logo, conforme observado por Bernardo e Gama (2003), o máximo valor admissível que na norma
NP 2074 alcança, corresponde a 60 mm/s, incorporando um fator de segurança alto, que só se
justificaria para prevenção de danos superficiais nas estruturas.
Segundo Bernardo e Gama (2003, p. 4), “ademais, a ausência da frequência ondulatória nessa
norma, constitui uma limitação significativa, dada a extrema importância desse parâmetro”.
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A norma ISO 2631 aborda as vibrações transmitidas ao ser humano e suas limitações. Assim, na
avaliação prática de qualquer vibração, a norma estabelece três critérios básicos de preservação: da
eficiência do trabalho (fadiga), da segurança ou saúde (limite de exposição) e do conforto (nível de
conforto reduzido).
O grau de interferência em uma tarefa (fadiga) depende de muitos fatores, contudo, os limites
recomendados na tabela 8, mostram níveis onde tal interferência se inicia, baseados em estudos de
piloto de aviação e motoristas. Logo, os níveis máximos de exposição para origem de incomodo
(desconforto) são duplicados, mantendo as demais características (frequência e aceleração).
Diurno Noturno
Tipo de Edificação
PVP (mm/s) PVP (mm/s)
Hospitais 0,1 0,1
Residências 0,4 0,14
Escritórios 0,4 0,4
Oficinas 0,8 0,8
Tabela 8 - Limites do pico de velocidade da partícula (mm/s) da norma ISO 2631-2 /1997 para o desconforto
Fonte: International Organization for Standardization (2003)
Nível de
Vibração Efeitos
(mm/s)
Vibração pode ser apenas perceptível nas situações mais sensíveis
0,14 para a maioria das frequências. Em baixas frequências, torna-se
imperceptível ao ser humano.
0,3 Vibração pode ser apenas perceptível em ambientes residenciais.
É provável que este nível de vibração em ambientes residenciais
1 causará queixas, mas pode ser tolerada se com avisos e explicações
anteriores ao início do procedimento.
10 Vibração intolerável caso não seja de breve exposição.
Tabela 9 - Valores de referência para os níveis de vibração
Fonte: Britsh Standard (2009)
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Linha
(Fig. 9) 4 Hz a 15 Hz 15 Hz e acima
Reforçada
1 Edifícios Comerciais 50 mm/s com 4Hz ou acima
Pesados e Industrias
Sem reforço 15 mm/s com 4 Hz ou
20 mm/s com 15 Hz ou aumentando
2 Edifícios Comerciais aumentando para 20 mm/s com
para 50 mm/s com 40 Hz e acima
Leves e Residências 15 Hz
Tabela 10 - Valores de referência para danos cosméticos em estruturas
Fonte: Britsh Standard (2009)
Outro ponto importante abordado na norma são as descrições de fórmulas para obtenção do pico
de velocidade da partícula (PVP) conforme a fonte de vibração, a exemplo do caso de cravação de
estacas, onde utiliza-se a equação 11 (tabela 11).
√𝑊
Equação 11: 𝑣 ≤ 𝐾𝑝 [ 1.3] (mm/s)
𝑟
𝑣 = 𝑃𝑉𝑃 𝑛𝑜 𝑠𝑜𝑙𝑜, 𝑟 = 𝑑𝑖𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑎 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑎 𝑑𝑎 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑐𝑎 𝑎𝑡é 𝑜 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑚𝑒𝑑𝑖çã𝑜 (𝑚)
𝑘𝑝 = 5 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑛𝑒𝑔𝑎 𝑒 1 ≤ 𝑘𝑝 ≤ 3 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑎𝑠 𝑑𝑒𝑚𝑎𝑖𝑠 𝑠𝑖𝑡𝑢𝑎çõ𝑒𝑠 (𝑉𝑒𝑟 𝑡𝑎𝑏𝑒𝑙𝑎 12)
𝑃𝑎𝑟â𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠: 1 ≤ 𝐿 ≤ 27 𝑚, 1 ≤ 𝑥 ≤ 111𝑚 (𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑟 2 = 𝐿2 + 𝑥 2 ), 1,5 ≤ 𝑊 ≤ 85 𝑘𝐽.
𝐿 = 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑎 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑐𝑎 (𝑚), 𝑥 = 𝑑𝑖𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑜 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑜 𝑠𝑜𝑙𝑖𝑐𝑖𝑡𝑎𝑑𝑜 𝑒 𝑊 = 𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎
A norma BS 5228-2 indica valores limites de 10 mm/s para paredes de alvenaria na base e 40 mm/s
no topo, já em paredes ancoradas na estrutura, de concreto armado ou de grande massa, o pico de
velocidade da partícula pode ser 50 a 100% maior (BRITSH STANDARD, 2009).
Vale destacar que a norma também apresenta soluções para atenuação dos níveis de ruídos
conforme a sua fonte. No caso do bate-estaca de queda livre, a norma recomenda a utilização de
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almofada elástica (dolly) entre a estaca e a cabeça do martelo sempre a substituindo quando houver
a perda de elasticidade. Também recomenda, que o martelo seja um bloco totalmente fechado e
coeso tendo a abertura apenas na parte superior para acesso do guindaste.
3 Estudo de Caso
3.1 Descrição da obra
A Av. Jackson Lago, obra viária de aproximadamente 3,8 km de extensão, inicia-se no Bairro
Camboa e se estende até a intersecção com Av. dos Franceses, no Bairro da Alemanha. Além de
boa parte de sua extensão executada sobre aterro, a mesma conta com cinco pontes, um elevado e
um viaduto na intersecção com a Av. dos Franceses (figura 05).
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Figura 06 - Vista do viaduto em fase de construção na intersecção da Av. Jackson Lago com Av. dos Franceses
Fonte: SECID, em 2013
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Figura 07 - Sobreposição dos pontos de sondagem realizados próximos ao Viaduto com imagem via satélite da área.
Fonte: Google Earth
Figura 08 -Corte esquemático reproduzido com base no laudo de sondagem 4380SP-28-1FL (Esquerda), 4308SP–20
E–1F1M (Centro) e 4308SP – 11AE–1F1M (Direita) da Geofort.
Fonte: Paulo Casé Andrade Fernandes Ribeiro
Próximo aos quintais da Rua Pires Sabóia, podemos demonstrar dois laudos de sondagem –
4380SP-20E-1F1M e 4380SP-11AE-1F1M -, onde apresentam as seguintes características: lâmina
d’água variando de 0,50 a 2,72 metros – dependendo das condições de maré e cota do terreno-,
argila silto arenosa com laterita variando com substrato de manguezais - baixa capacidade de
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suporte – até os 14,50 metros de profundidade e argila silto arenosa com boa capacidade de suporte
a partir dos 15,50 metros de profundidade.
3.4 Projeto
O viaduto consiste em um desenvolvimento de 190 metros, sendo 27,20 metros em aterro confinado
com terra armada e 162,81 metros sobre superestrutura, que contêm 9 blocos de fundação com as
seguintes características:
a) Eixos 01 e 09 – Blocos com 12 estacas pré-moldadas;
b) Eixos 05 e 06 – Blocos com 18 estacas pré-moldadas;
c) Eixos 02, 03, 04, 07 e 08 – Blocos com 14 estacas pré-moldadas;
Ligando a Av. Jackson Lago e Av. dos Franceses, o viaduto perfaz um trajeto de 92,54º, tendo
entre os eixos 4 a 7, todo o desenvolvimento da curva (figura 09).
Realizado em estrutura mista, o elevado possui blocos de fundação e pilares em concreto armado
e vigas metálicas em aço especial.
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Figura 09 - Traçado do Viaduto desenvolvido pela G Marques Consultoria e Projetos Ltda (Esqueda) e imagem de
Satélite (Direita)
Fonte: SECID (2011) e Google Earth (2014)
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Figura 10 - Zonas de influência e Casas levantadas - sobreposição do projeto e imagem via Satélite
Fonte: G Marques e Google Earth
4 Análise do Perímetro
No objetivo de verificar os danos causados às residências do Setor 01 e 02, fomos às casas para
análise do problema. Assim, na Rua José Murta vistoriamos as casas nº 51 e nº 64, da Sergilúcia
Sousa Freire e da Regina de Fátima Correa Lindoso e na Rua Pires Sabóia, escolhemos as casas
nº11, 51, 97 e 123, tendo como proprietários, respectivamente, Conceição de Maria da Costa
Damascena, Fabiana Matos Madeira, Valdir de Araújo Costa e Evilton Amorim Ferreira.
Neste sentido, em todas essas residências foram observadas fissuras ou maiores danos que podem
ser decorrentes de operações do bate-estaca relatados pelo Laudo Técnico da Defesa Civil do
Município de São Luís e identificados como um dos motivadores para ação civil pública nº56084-
77.2014.8.10.0001, ajuizada pela Defensoria Pública do Estado do Maranhão e Defensoria Pública
da União contra o Estado do Maranhão e empresa Egesa Engenharia SA.
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Figura 11 – Levantamento na Casa n°51, Sra. Sergi Lúcia. Fissuras e Rachaduras em Paredes, além do recalque do
piso no quintal
Fonte: Paulo Casé Andrade Fernandes Ribeiro
Figura 12 – Levantamento na Casa n°65, Sra. Regina de Fátima. Fissuras e Rachaduras em Paredes.
Fonte: Paulo Casé A. Fernandes Ribeiro (2015)
Figura 13 – Levantamento na Casa n°11, Sra. Conceição Damascena. Fissuras e Rachaduras em Paredes, além do
recalque no piso.
Fonte: Paulo Casé Andrade Fernandes Ribeiro
Figura 14 – Levantamento na Casa n°51, Sra. Fabiana Matos. Fissuras e Rachaduras em Paredes e Piso.
Fonte: Paulo Casé Andrade Fernandes Ribeiro
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Figura 15 – Levantamento na Casa n°97, Sr. Valdir de Araújo. Fissuras e Rachaduras em Paredes e Piso.
Fonte: Paulo Casé Andrade Fernandes Ribeiro
Figura 16 – Levantamento na Casa n°123, Sr. Evilton Amorim. Rachaduras em Paredes e Piso.
Fonte: Paulo Casé Andrade Fernandes Ribeiro
Raio de
Distância da Estaca
Rua Nº Proprietário Influência
mais Próxima (m)
(m)
Pires Sabóia 11 Conceição de Maria da Costa Damascena 27,25 50
Pires Sabóia 51 Fabiana Matos Madeira 56,67 100
Pires Sabóia 97 Valdir de Araújo Costa 107,64 200
Pires Sabóia 123 Evilton Amorim Ferreira 167,39 200
José Murta 51 Sergilucia Sousa Freire 274,06 > 200
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√W0 x
Equação 06: v = k( ) (mm/s)
r
No caso de utilizarmos a equação logarítmica (09) de Attewell, Selby e O’Donnel (1992) que
consideram a curva de regressão quadrática e considera o desvio padrão, com x1 = -0,0703, x2= -
1,38 e x3=-0,234, obtemos as seguintes respostas da tabela 15.
√W0 √W0
Equação 09: log v = x1 + x2 log ( ) + x3 log² ( ) (mm/s)
r r
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A partir dos resultados, podemos observar que incorporando o desvio padrão nos coeficientes de
proporcionalidade (tabela 3), a equação logarítmica 09, em comparação com a equação 06, majora
os valores mais próximos do ponto de cravação e mitiga os mais distantes.
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José Murta 64 Regina de Fátima Correa Lindoso 313,38 > 200 0,167
A partir dos resultados obtidos e caracterizando os imóveis com a característica mais adversa
possível, devido suas tensões residuais, obtemos o seguinte quadro comparativo com as Normas
pesquisadas (tabela 18).
NP ISO
DIN 4150 BS 5228 CETESB
2074 2631
Maiores
Distância Raio de Estrutura Sensível
Resultados Edifícios
Rua Nº da Influência Vib. de Vib. de
PVP sem Hospitais
Estaca (m) Curto Longo
(mm/s) (mm/s) Reforços (mm/s)
Período Período
(mm/s)
mm/s mm/s
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Podemos então afirmar que, conforme a ISO 2631 e o decreto nº215/2007/E da CETESB, a
cravação de estacas gerou um certo desconforto aos proprietários de imóveis. Contudo, em
consonância com a norma alemã DIN 4150 e portuguesa NP 2074, dos imóveis levantados,
poderiam ser geradas apenas danos cosméticos (superficiais) em apenas uma residência – Rua Pires
Sabóia, Casa nº 11 - das seis casas levantadas. Todas as demais estariam isentas de avarias
originadas pelo bate-estaca.
5.0 Conclusão
Dessa forma, acreditamos que o presente trabalho venha fazer um contraponto técnico aos laudos
da Defesa Civil do Município os quais atestam que os danos foram gerados pela ação do bate-
estacas.
As características das fissuras e dos danos encontrados e declamados pelos moradores no Laudo
da Defesa Civil e no momento do levantamento in loco, apresentam três possíveis agentes: o
recalque secundário, agressividade do local e falhas de projeto e execução.
O recalque por adensamento em solos argilosos – característica do solo da área em estudo – pode
ser lento e perdurável por muitos anos, até sua completa estabilização. Tal característica pode ser
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provocadas pelo uso de explosivos em áreas urbanas: parte I. Revista Escola de Minas, v. 56, n.
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