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“O processo é a via disponível para materialização do jus

puniendi”.
Ele pode ser concretizado por meio dos procedimentos comum
ou especial.

O primeiro se subdivide em ordinário, sumário e sumaríssimo. O


segundo pode ser encontrado no Código de Processo Penal ou
em leis especiais e somente terá aplicação se houver menção
expressa na lei (art. 394, § 2º, CPP).
Procedimentos especiais no Código de Processo Penal. Exemplo:

DO PROCEDIMENTO RELATIVO AOS PROCESSOS DA COMPETÊNCIA DO


TRIBUNAL DO JÚRI – a partir art. 406 do CPP.

DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS CRIMES DE RESPONSABILIDADE


DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS – a partir do art. 513 do CPP.

DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS CRIMES DE CALÚNIA E INJÚRIA, DE


COMPETÊNCIA DO JUIZ SINGULAR – a partir do art. 519 do CPP.

DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE


IMATERIAL – a partir do art. 524 do CPP.
Procedimentos especiais nas leis esparsas:

O procedimento previsto na Lei 11.343/06 – Lei de Drogas.

CAPÍTULO III
DO PROCEDIMENTO PENAL

Art. 48. O procedimento relativo aos processos por crimes definidos neste
Título rege-se pelo disposto neste Capítulo, aplicando-se, subsidiariamente, as
disposições do Código de Processo Penal e da Lei de Execução Penal.
(...)
Código de Processo Penal
Art. 394. O procedimento será comum ou especial.
§ 1o O procedimento comum será ordinário, sumário ou
sumaríssimo:
I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima
cominada for igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de
liberdade;
II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada
seja inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade;
III - sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial ofensivo,
na forma da lei.
PROCEDIMENTO REGRA
ORDINÁRIO Quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima
cominada for igual ou superior a quatro anos de pena
privativa de liberdade.
SUMÁRIO Quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima
cominada seja inferior a quatro anos de pena privativa de
liberdade.
SUMARÍSSIMO Para as infrações de menor potencial ofensivo, na forma
da lei.
COMUM – definição pela pena privativa de liberdade

Roubo
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante
grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer
meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

Furto
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Injúria
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Embriaguez ao volante
Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora
alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância
psicoativa que determine dependência:
Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou
proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo
automotor.
§ 2º Aplica-se a todos os processos o procedimento comum, salvo
disposições em contrário deste Código ou de lei especial.
§ 3º Nos processos de competência do Tribunal do Júri, o
procedimento observará as disposições estabelecidas nos arts. 406 a
497 deste Código.
§ 4º As disposições dos arts. 395 a 398 deste Código aplicam-se a
todos os procedimentos penais de primeiro grau, ainda que não
regulados neste Código.
§ 5º Aplicam-se subsidiariamente aos procedimentos especial,
sumário e sumaríssimo as disposições do procedimento ordinário.
Observações:

Na aferição da pena máxima devem ser levadas em consideração as


qualificadoras, causas de aumento e causas de diminuição (devem ser
considerados os índices de aumento máximo e de diminuição mínimo),
concurso de crimes, como concurso material e formal, bem como continuidade
delitiva.

Não são levadas em conta as agravantes e atenuantes, pois não integram o tipo
penal e não se sabe ainda qual o patamar que será utilizado para agravar ou
atenuar a pena (a lei não diz qual o montante deve ser considerado). Isso
apenas é possível no momento da sentença condenatória.
Concurso material
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se
cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de
detenção, executa-se primeiro aquela.
§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os
demais será incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código.
§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis entre si e
sucessivamente as demais.
Concurso formal
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave
das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se,
entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o
disposto no artigo anterior.
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código.
Crime continuado
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de
tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe
a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz,
considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias,
aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do
art. 70 e do art. 75 deste Código.
Furto

Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:


Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o


repouso noturno.
Observações:

Art. 394-A. Os processos que apurem a prática de crime


hediondo terão prioridade de tramitação em todas as instâncias.

Em todas as instâncias. Esteja o réu preso ou solto no curso do


processo.
Observações:

Nos termos do art. 71, caput, da Lei 10.741/2003 (Estatuto do Idoso),


é assegurada a prioridade de tramitação dos processos e
procedimentos em que figure como parte pessoa com idade igual ou
superior a 60 anos, em qualquer instância.

Além disso, dentre esses processos, será dada, ainda, prioridade


especial aos maiores de 80 anos (art. 71, § 5º).
PROCEDIMENTO REGRA
ORDINÁRIO Quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima
cominada for igual ou superior a quatro anos de pena
privativa de liberdade.
SUMÁRIO Quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima
cominada seja inferior a quatro anos de pena privativa de
liberdade.
SUMARÍSSIMO Para as infrações de menor potencial ofensivo, na forma
da lei.
Observações:
Art. 394, § 5º Aplicam-se subsidiariamente aos procedimentos especial, sumário e
sumaríssimo as disposições do procedimento ordinário.

Na aferição da pena máxima devem ser levadas em consideração as qualificadoras, causas


de aumento e causas de diminuição (devem ser considerados os índices de aumento máximo
e de diminuição mínimo), concurso de crimes, como concurso material e formal, bem como
continuidade delitiva.

Não são levadas em conta as agravantes e atenuantes, pois não integram o tipo penal e não
se sabe ainda qual o patamar que será utilizado para agravar ou atenuar a pena (a lei não diz
qual o montante deve ser considerado). Isso apenas é possível no momento da sentença
condenatória.
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando:
I - for manifestamente inepta;
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal.
Parágrafo único. (Revogado).

Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz,
se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder
à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.
Parágrafo único. No caso de citação por edital, o prazo para a defesa começará a fluir a
partir do comparecimento pessoal do acusado ou do defensor constituído.
Art. 396-A. Na resposta, o acusado poderá arguir preliminares e alegar tudo
o que interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar
as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo
sua intimação, quando necessário.
§ 1º A exceção será processada em apartado, nos termos dos arts. 95 a 112
deste Código.
§ 2º Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado, citado, não
constituir defensor, o juiz nomeará defensor para oferecê-la, concedendo-lhe
vista dos autos por 10 (dez) dias.
Resposta escrita do réu (art. 396-A, CPP):

Peça obrigatória;

Princípio da concentração da matéria de defesa;

A profundidade do conteúdo da resposta será estrategicamente definida pela


defesa.
Vista ao Ministério Público ou ao querelante para manifestação
sobre as preliminares ou documentos da resposta à acusação.

Analogia - Art. 409: Apresentada a defesa, o juiz ouvirá o


Ministério Público ou o querelante sobre preliminares e
documentos, em 5 (cinco) dias.

HC 105739/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, 1ª Turma, julgado em


08/02/2012.
Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e
parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o
acusado quando verificar:
I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato;
II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do
agente, salvo inimputabilidade;
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou
IV - extinta a punibilidade do agente.
Possibilidade de absolvição sumária (art. 397, CPP):
Verdadeiro julgamento antecipado da lide.

Inciso II - “salvo inimputabilidade”???


Art. 399. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e
hora para a audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu
defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do querelante e do
assistente.
§ 1º O acusado preso será requisitado para comparecer ao
interrogatório, devendo o poder público providenciar sua
apresentação.
§ 2º O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença.
Não sendo o caso de absolvição sumária, designação de audiência de instrução e
julgamento (art. 399, CPP);
- Princípio da identidade física do juiz: importante notar que tal princípio elencado
acima não é absoluto. É possível que o juiz que presidiu a instrução tenha sido
promovido, esteja de férias, licença, afastado, etc. Nesse caso, pode um juiz substituto
proferir sentença em seu lugar, sem que haja nulidade.
- Essa audiência deve ser realizada no prazo de 60 dias, prazo impróprio, que, no
entanto, se descumprido, exigirá o relaxamento da prisão do acusado.
- Ela será una, porém, na prática admite-se o seu desmembramento.
- Princípio da concentração dos atos processuais: todas as provas produzidas nessa
mesma audiência.
Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo
máximo de 60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do
ofendido, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa,
nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem como aos
esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e
coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado.
§ 1º As provas serão produzidas numa só audiência, podendo o juiz indeferir
as consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias.
§ 2º Os esclarecimentos dos peritos dependerão de prévio requerimento das
partes.
Art. 400-A. Na audiência de instrução e julgamento, e, em especial, nas que
apurem crimes contra a dignidade sexual, todas as partes e demais sujeitos
processuais presentes no ato deverão zelar pela integridade física e
psicológica da vítima, sob pena de responsabilização civil, penal e
administrativa, cabendo ao juiz garantir o cumprimento do disposto neste
artigo, vedadas: (Incluído pela Lei nº 14.245, de 2021)
I - a manifestação sobre circunstâncias ou elementos alheios aos fatos objeto
de apuração nos autos; (Incluído pela Lei nº 14.245, de 2021)
II - a utilização de linguagem, de informações ou de material que ofendam a
dignidade da vítima ou de testemunhas. (Incluído pela Lei nº 14.245, de
2021)
Art. 401. Na instrução poderão ser inquiridas até 8 (oito) testemunhas
arroladas pela acusação e 8 (oito) pela defesa.
§ 1º Nesse número não se compreendem as que não prestem compromisso e
as referidas.
§ 2º A parte poderá desistir da inquirição de qualquer das testemunhas
arroladas, ressalvado o disposto no art. 209 deste Código.

Art. 402. Produzidas as provas, ao final da audiência, o Ministério Público,


o querelante e o assistente e, a seguir, o acusado poderão requerer diligências
cuja necessidade se origine de circunstâncias ou fatos apurados na instrução.
A exigência de realização do interrogatório ao final da instrução criminal, conforme o art.
400 do CPP é aplicável:
• aos processos penais militares;
• aos processos penais eleitorais e
• a todos os procedimentos penais regidos por legislação especial (ex: lei de drogas).
STF. Plenário. HC 127900/AM, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 3/3/2016 (Info 816).
STJ. 6a Turma. HC 403550/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em
15/08/2017.

O interrogatório é o último ato da instrução também nas ações penais regidas pela Lei no
8.038/90.
STF. 1a Turma. AP 1027/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Luís Roberto
Barroso, julgadoem 2/10/2018 (Info 918).
Fase de diligências (art. 402, CPP);
Apenas aquelas cuja necessidade se origine de circunstâncias ou fatos apurados
na instrução. Dessa forma, se a diligência já poderia ter sido requerida, e não o foi
por displicência da parte, não deve ser deferida.
Alegações finais orais ou por memoriais escritos (art. 403 e 404, CPP);
Art. 403. Não havendo requerimento de diligências, ou sendo indeferido, serão oferecidas
alegações finais orais por 20 (vinte) minutos, respectivamente, pela acusação e pela defesa,
prorrogáveis por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a seguir, sentença.
§ 1º Havendo mais de um acusado, o tempo previsto para a defesa de cada um será individual.
§ 2º Ao assistente do Ministério Público, após a manifestação desse, serão concedidos 10 (dez)
minutos, prorrogando-se por igual período o tempo de manifestação da defesa. § 3º O juiz
poderá, considerada a complexidade do caso ou o número de acusados, conceder às partes o prazo
de 5 (cinco) dias sucessivamente para a apresentação de memoriais. Nesse caso, terá o prazo de
10 (dez) dias para proferir a sentença.

Art. 404. Ordenado diligência considerada imprescindível, de ofício ou a requerimento da parte, a


audiência será concluída sem as alegações finais.
Parágrafo único. Realizada, em seguida, a diligência determinada, as partes apresentarão, no
prazo sucessivo de 5 (cinco) dias, suas alegações finais, por memorial, e, no prazo de 10 (dez)
dias, o juiz proferirá a sentença.
Diferenças
Ordinário X Sumário
Leitura arts. 531 a 538, CPP
Art. 531. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 30 (trinta) dias,
proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, se possível, à inquirição das testemunhas arroladas
pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem como aos
esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em
seguida, o acusado e procedendo-se, finalmente, ao debate.
Art. 532. Na instrução, poderão ser inquiridas até 5 (cinco) testemunhas arroladas pela acusação e 5
(cinco) pela defesa.
Art. 533. Aplica-se ao procedimento sumário o disposto nos parágrafos do art. 400 deste Código.
Art. 534. As alegações finais serão orais, concedendo-se a palavra, respectivamente, à acusação e à defesa,
pelo prazo de 20 (vinte) minutos, prorrogáveis por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a seguir, sentença.
§ 1º Havendo mais de um acusado, o tempo previsto para a defesa de cada um será individual.
§ 2º Ao assistente do Ministério Público, após a manifestação deste, serão concedidos 10 (dez) minutos,
prorrogando-se por igual período o tempo de manifestação da defesa.
(...)
Art. 538. Nas infrações penais de menor potencial ofensivo, quando o juizado especial criminal
encaminhar ao juízo comum as peças existentes para a adoção de outro procedimento, observar-se-á o
procedimento sumário previsto neste Capítulo.

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