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1ª ed. 2014
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SUMÁRIO
Apresentação............................................................................................................6
A, há............................ ............................ ............................ ..................................8
Acentuação gráfica – principais alterações promovidas pela última reforma
ortográfica............................ ............................ .......................................................8
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Saudar............................ ............................ ............................ ............................102
Se (concordância com a palavra “se”) ............................ ....................................102
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APRESENTAÇÃO
tempo, vários erros poderão ser encontrados, inclusive de formatação, pelos quais
antecipadamente me desculpo. Por meio do mesmo canal, poderão ser enviadas
sugestões de tópicos a serem abordados na próxima edição e quaisquer críticas,
todas muito bem-vindas.
A seleção dos principais problemas da língua culta
foi realizada com base em minha experiência de treze anos como professor de
/
Língua Portuguesa no ensino médio, em cursos pré-vestibulares e na Universidade
Estadual de Londrina, onde tive a honra de atuar como professor do Departamento
de Letras.
Recomendo, por praticidade, que os senhores
Magistrados incentivem os assessores e estagiários a estudarem principalmente os
tópicos mais problemáticos do idioma, a saber: concordância verbal, colocação
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pronominal, regência verbal, uso da palavra “se”, ponto e vírgula, uso dos
“porquês”, crase e vírgula. Caso haja um incremento no domínio de tais tópicos,
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AAAAAAAAAAAAAAAAAA
A, há
reforma ortográfica
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1) ditongos (vogal e semivogal na mesma sílaba)
Fora das situações acima expostas, não serão acentuados. Exemplos: i-dei-a (não é
a última sílaba), he-roi-co (não é a última sílaba), eu-ro-pei-a (não é a última
sílaba).
Os hiatos “oo” e “ee” não têm mais acento. Exemplos: roo, creem, leem, deem,
voo.
3) “qu” e “gu”
Não há mais quaisquer acentos (nem trema, nem agudo) nos grupos “qu” e ‘gu”.
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4) acentos diferenciais
HÁ CERCA DE (com o verbo haver – há) indica tempo passado, sem que se
saiba a quantia exata de dias, meses, anos ou semanas. É um cálculo aproximado.
Exemplo: O réu alegou residir nesta cidade há cerca de dez anos (não se tem a
certeza de que tenham sido exatamente dez anos). Já ACERCA DE significa
sobre algo, a respeito de algo: Trata-se de manifestação acerca da dosimetria da
pena (a respeito da dosimetria da pena).
À custa
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Adolescente
Afim, a fim
Estar A FIM de algo é interessar-se por esse algo. A expressão “a fim de”, que
também indica finalidade, é sempre grafada de forma separada. Exemplo:
Requereu a concessão do alvará a fim de obter valores suficientes para a compra
do aludido imóvel.
A palavra afim indica afinidade e é bem menos utilizada que a expressão “a fim”.
Exemplo: Esse estabelecimento atende a roqueiros, punks e afins.
A gente
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está nervosa), uma vez que gente é palavra feminina (gente nervosa). Mas a
silepse, nesse caso, é preferível.
À medida que cresce, fica mais revoltada (à proporção que, quanto mais);
Anexo
Aonde, onde
É bastante simples distinguir as duas formas. Aonde (a + onde) deve ser usada
com verbos que indicam movimento (andar, chegar, sair, correr, ir, voar, voltar,
comparecer, etc.). Perceba que esses verbos admitem a preposição a em seus
complementos circunstanciais (Andei Ao centro da sala, Cheguei A São Paulo, /
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Corri Ao armário, etc.), e é justamente por isso que se usa o aonde. Exemplos:
Aonde você vai; Cheguei Aonde eu queria. Se o verbo usado não indica
movimento, usa-se onde, pois não ausente a preposição a: ONDE você mora
(morar não indica movimento. Quem mora mora EM algum lugar, e não a algum
lugar)?; ONDE estou?; ONDE será a reunião?
ATENÇÃO
Isso ocorreu na CIDADE onde ele nasceu / na PRAÇA onde o acidente ocorrera.
EVITE tais formas em construções nas quais não se tem a ideia de lugar, como:
Isso ficou claro na contestação, “onde” o réu afirmou (preferir “em que” ou “na
qual”, porque “contestação” não é propriamente um lugar)
Não há que se falar em nulidade da duplicata de fl. 87, “onde” se vê, claramente,
que as partes estipularam... (preferir “em que” ou “na qual”, porque “duplicata”
não é propriamente um lugar)
1) sujeito: é o ser sobre o qual ou sobre quem se diz alguma coisa. Para encontrar
o sujeito de um verbo, basta perguntar QUEM ou QUÊ a ele. Exemplo: Meu
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primo doou várias cestas básicas a uma instituição. Basta perguntar QUEM ao
verbo: QUEM doou cestas básicas? A resposta é Meu primo, que é o sujeito;
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Certo. Agora é possível recordar outra regrinha: não se deve juntar a preposição
Outros exemplos:
Através de
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BBBBBBBBBBBBBBBBBBB
Bastante, bastantes
Sempre que você usar a palavra bastante, substitua-a mentalmente por muito. Se
o muito vai para o plural, o bastante se comporá da mesma forma. Exemplos: Há
bastantes (muitas) pessoas aqui; Nós comemos bastante (muito). Se, mais raro, o
bastante vier depois do nome a que se refere, substitua-o por suficiente. Se este
for ao plural, bastante também irá. Tenho amigos bastantes (suficientes).
CCCCCCCCCCCCCCCCCCC
Certeza de que
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Um verbo, uma oração; dois verbos, duas orações; e assim por diante. Na frase
“Tenho certeza que não errarei mais”, por exemplo, temos duas orações, já que há
dois verbos (tenho e errarei). Separando-as, teríamos: Tenho certeza / que não
errarei mais.
Mas há algo estranho na segunda oração, que depende da primeira. Quem tem
certeza, não tem certeza DE algo? Sim. E onde está o de? Deveria estar antes da
segunda oração: Tenho CERTEZA DE que não errarei mais. Essa seria a forma
adequada. Outros exemplos:
/
Tenho vontade DE que você venha (vontade DE algo);
Não há qualquer palavra que exija essa preposição “de”. Aliás, a oração “que não
sairia de lá” complementa o verbo “afirmar”, que não rege preposição alguma
(quem afirma afirma algo, e não “de algo”).
Colocação pronominal
A dúvida agora é em relação à colocação dos pronomes oblíquos átonos (me, te,
se, nos, vos, o, a, lhe) na frase. Será que, na frase Não me toque, por exemplo, o
pronome deveria ficar antes do verbo (Não me toque) ou depois dele (Não toque-
me)?
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a) Diante de palavras de negação:
Citada pessoalmente (seq. 10.1), a parte requerida não se manifestou nos autos
(seq. 11.1).
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d) Diante de pronomes interrogativos: Quem os advertiu de tais
consequências?
a) causa: porque, já que, haja vista que, uma vez que, porquanto, como...
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ÊNCLISE OBRIGATÓRIA
Cuidado: uma das regras mais famosas da norma culta é a de que não se deve
iniciar oração com pronome átono. Exemplos de ERROS:
informações)
/
MESÓCLISE OBRIGATÓRIA
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Se não houver palavra atrativa, poderá o pronome ficar entre os dois verbos:
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Observação: na linguagem formal, como a jurídica, é preferível a última forma.
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Quando estiver escrevendo, tome muito cuidado com sua mente. Ela às vezes
pode tentar “enganá-lo”, pois está acostumada com o sujeito geralmente antes do
verbo (lembre-se de que, para encontrar o sujeito de um verbo, pergunta-se
Quem? ou Quê? a este).
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Assim, para ficar correta a frase, deveria o verbo concordar em número com o
núcleo do sujeito: FORAM INTERPOSTOS pelo executado EMBARGOS do
devedor.
Observe mais um exemplo de erro que muitas pessoas não detectariam facilmente:
Para achar o sujeito da locução grifada, façamos a pergunta clássica: “Que que é
atribuído?”. A resposta (sujeito) é EFEITOS INFRINGENTES. Como está no
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ATENÇÃO REDOBRADA!!!
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Além disso, como você deve ter percebido nos exemplos acima, é muito comum a
construção de locuções verbais passivas (verbo + particípio) antes de seus
respectivos sujeitos. E, nesses casos, além da concordância em número (singular
e plural), você deverá checar a concordância em gênero (masculino e feminino),
porque o particípio – geralmente terminado em “ado” ou “ido”, como “amado” e
“partido” – é uma das formas nominais do verbo. Conforme será abordado em
recurso.
Foi informada pela parte a EXTINÇÃO do processo. (Que que foi informado? A
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extinção)
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Trazidos aos autos os DOCUMENTOS, abra-se vista à autora. (Que que será
trazido? Os documentos)
Quando o sujeito for uma expressão com várias palavras e uma delas for
preposição (de, para, com, por, em, etc.), o NÚCLEO DO SUJEITO, com o qual o
verbo sempre concordará, normalmente será o substantivo ou pronome ANTES
DA PREPOSIÇÃO.
/
2) Foram devidamente intimados o Ministério Público e o réu (regra geral de
concordância com sujeito composto)
Sujeito composto é aquele que tem dois ou mais núcleos, geralmente ligados por
um vocábulo invariável denominado conjunção.
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De acordo com a regra geral, o verbo deve concordar com a SOMA dos núcleos
do sujeito, a não ser que o conectivo que os una não indique tal ideia, como às
vezes ocorre com a conjunção “ou”.
As conjunções mais utilizadas para ligar núcleos do sujeito são “e”, “ou” e “nem”.
EM RESUMO:
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Aqui também temos um sujeito composto, mas os núcleos estão ligados pela
conjunção ou (autor OU réu). Esse vocábulo pode exprimir exclusão (somente
um ou outro) ou adição (um + outro). O verbo da frase-título está no plural
porque o fato de o autor ser beneficiado não exclui a possibilidade de o réu
também o ser. Os dois podem ser beneficiados.
Quem passa fome? João. Esse é o sujeito. A palavra “irmãos” não integra o
sujeito. O termo entre vírgulas (assim como todos os irmãos) está deslocado, fora
de sua ordem natural (ver Vírgula). É, na verdade, uma oração (com verbo
subentendido) que estabelece uma comparação entre seres. Na ordem direta ficaria
assim: João passa fome, assim como (passam) todos os irmãos. É por isso que,
quando se usa a locução “assim como”, NÃO há, como parece à primeira vista,
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A qualidade pode aparecer ligada ao sujeito (ou ao complemento verbal) por meio
de um verbo: Homens e mulheres são simpáticos; O prefeito nomeou o
funcionário e a irmã (como sendo) secretários. Nesse caso, a regra é a mesma da
do anterior, porém um pouco mais flexível. Se a qualidade vier antes dos núcleos
do sujeito, poderá concordar com os dois ou só com o mais próximo: São
simpáticos homens e mulheres; São simpáticas mulheres e homens. Recomenda-
se, contudo, que sempre se opte pela concordância com a soma nesse caso.
Como já foi explicado, é sempre bom ter em mente que, quando usamos um
verbo, ele geralmente diz algo a respeito de alguma coisa ou alguém (o sujeito
do verbo). Quando se usa um verbo que liga uma qualificação ao núcleo do
sujeito, deverá, em regra, haver a concordância em gênero e número entre a
qualificação e o núcleo.
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femininas:
Repare que agora o núcleo do sujeito (ENTRADA de pessoas estranhas) não vem
acompanhado de artigo nem de qualquer vocábulo que o determine como
feminino. Mais alguns exemplos:
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Grande parte dos torcedores ficou ferida (preferível) OU Grande parte dos
torcedores ficaram feridos.
A maioria vota;
Os verbos dar, bater e soar concordam com o número de horas: Já DERAM três
horas; Já deu uma hora; Já soou meia-noite; Soaram duas horas; Bateram oito
horas; Soou uma hora.
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Se você quiser usar na frase a palavra relógio (ou qualquer outro mecanismo que
forneça a noção de horas, como sino), o verbo concordará com ela: O relógio
bateu duas horas; O sino soou quatro horas; Parece que o relógio já deu dez
horas.
9) É meio-dia
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Na indicação de horário, o verbo ser concorda com o número de horas: São duas
horas, São 11h30min, É meio-dia (meio é singular, porque é metade de um).
Muitos, erroneamente, falam “São” meio-dia e “São uma hora” por força do
hábito, já que a grande maioria doa indicações de horário está no plural (duas,
três, quatro...).
É mais fácil. Você pode concordar com o número ou com a palavra dia, que estará
subentendida: É (dia) 3 de junho (ou SÃO 3 de junho, concordando com o
numeral); É 15 de maio (ou SÃO 15 de maio, concordando com o número). É
lógico que o verbo estará sempre no singular na indicação do primeiro dia do mês.
Hoje É primeiro de maio (concordando com a palavra dia ou com o número, o
singular é inevitável). E evite dizer “um” de maio, “um” de abril... prefira
Saibamos que os verbos têm uma grande queda pelos numerais. Em outras
/
palavras, os verbos normalmente concordam com os números. Isso acontece nas
expressões que contenham numerais, como mais de um, mais de dois, menos de
um, menos de dez. Então, diga: Mais de uma pessoa veio à festa; Mais de três
pessoas vieram à festa, sempre deixando o verbo concordar com o numeral.
Mais de uma pessoa se olharam, após aquele comentário (troca de ações - uma
olhava a outra);
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Não é só com o numeral que o verbo sempre concorda. Nos casos de plurais
aparentes – em que, apesar da palavra no plural, há uma ideia singular, como em
“Estados Unidos”, nome de um único país –, o verbo também estabelece fortes
relações com o artigo, geralmente concordando com ele. Artigo no plural, verbo
no plural; artigo no singular, verbo no singular. Posso dizer, por exemplo, As
Alagoas são um ótimo lugar ou Alagoas é um ótimo lugar. Se o artigo aparecer, o
verbo ficará no plural; se não, o verbo permanecerá no singular: Minas Gerais
enfrenta onda de calor; As Minas Gerais enfrentam onda de calor.
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13) Eles parecem chegar ou parece chegarem?
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Se o número, porém, vier especificado por artigo (o, os, uns) ou pronome (esse,
esses, meu, meus, nosso, etc.), a concordância com a porcentagem será
obrigatória:
Na maioria das construções com o verbo SER, ele liga o sujeito a um atributo
(característica), chamado pela Gramática tradicional de predicativo do sujeito.
Quando houver divergência de número entre sujeito e predicativo (um no singular
e outro no plural), opte, em regra, pela concordância com o termo plural, a não
ser que um deles seja nome de pessoa ou qualquer nome próprio (casos em que
a concordância será obrigatória, mesmo se estiver no singular). Exemplos:
A vida são alegrias para quem... (opta-se, com o verbo ser, pela concordância
com o termo plural, que no caso é o sujeito - A vida);
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Quer uma prova? Basta inverter a ordem da frase: Quem fez isso fui eu; Quem fez
isso fomos nós; Quem chegará primeiro seremos nós.
Se usar o pronome que, a concordância se fará com o nome que vier antes dele:
Somos a única família que se reúne (a família se reúne, ela se reúne) aos
domingos;
Sou o único professor que pula (o professor pula, ele pula) de paraquedas.
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O núcleo do sujeito, com o qual o verbo deve concordar, é a palavra “milhão” (ou
“bilhão”). Alguns gramáticos admitem também a concordância com o termo
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Se algum, entretanto, estiver no plural, poder-se-á fazer a concordância com
ALGUNS ou com o pronome “nós” que o acompanhar. Exemplo:
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Deixe conosco (não há palavra reforçando nós; logo, pode juntá-lo ao com);
/
Crase
Primeiramente, crase não é o nome daquele sinal gráfico (`). O nome do acento,
que é contrário ao agudo (´), é grave. Crase é o nome do fenômeno da junção de
dois as.
Assim, a primeira coisa que você precisa assimilar sobre o fenômeno da crase é
que ele, em regra, NÃO OCORRE DIANTE DE PALAVRAS MASCULINAS.
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Nas frases acima, o “a” jamais poderia ser craseado, por posicionar-se diante de
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palavra masculina.
Vejamos agora exemplos em que a crase foi corretamente sinalizada, por tratar-
se de circunstâncias femininas de tempo, modo e lugar ou de complementos
femininos introduzidos pela preposição “a”:
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Exemplo:
Vou a feira.
Substitua feira por qualquer palavra masculina, como mercado. Você diz Vou “a”
Outro exemplo:
Cheguei as pressas.
Em resumo:
casos do cotidiano.
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A controvérsia da lide diz respeito à execução da multa diária fixada para que a
embargante procedesse à implantação do benefício previdenciário devido à
embargada. (AO estabelecimento / AO cancelamento / AO embargante).
Intime-se a embargante (o embargado)
Observações:
/
Como vimos, é bastante fácil empregar corretamente o acento grave, mas em
alguns casos não é possível realizar o teste do AO. Antes das palavras casa e
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A declarante disse que chegou a casa (não está especificado de quem é a casa,
portanto não há a crase);
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palavra ser masculina ou feminina (lembre-se de que, como regra geral, a crase só
ocorre antes de palavras femininas). Exemplos:
Cheguei àquela festa (quem chega chega A algum lugar – ...cheguei A Aquela
festa; juntando-se a com aquela, tem-se àquela);
/
Não fiz referência àquilo (referência A algo – fiz referência AAquilo); juntando-
se a com aquilo, tem-se àquilo).
Dica: para ter certeza quanto à crase diante de AQUELE, AQUELA ou AQUILO,
basta substituir mentalmente esses pronomes por ESSE, ESSA ou ISSO,
respectivamente. Se o resultado da troca for A ESSE, A ESSA ou A ISSO,
haverá crase (ÀQUELE, ÀQUELA, ÀQUILO). Exemplos:
Àquela hora, nada mais seria possível. (A ESSA HORA, nada mais seria
possível)
Não foi possível ouvir aquela testemunha. (Não foi possível ouvir ESSA
testemunha)
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Será que ocorre a crase? O verbo “ir” exige a preposição “a”. Precisamos saber,
todavia, se “São Paulo” exige o artigo “a”. Como se trata de um nome de cidade
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8) À fl., a fl., às fls. ou a fls.?
Na prática jurídica, é comum usar a expressão “a fls.”, com o “a” singular diante
de fls. (plural). Nesse caso, jamais ocorrerá a crase, tendo em vista o já explicado
no item anterior. Exemplo:
Observações:
a) apesar de muito comum, não use o plural “fls.” quando a referência for a
somente uma folha. Seja simples e coerente: use à fl. 01 ou às fls. 01/02. Não há
por que usar “fls.”, no plural, para referir-se a somente uma;
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9) Palavras neutras
Cuidado com palavras neutras (nem masculinas, nem femininas), que jamais
serão antecedidas por “a” craseado. Exemplos: mim, isso, isto, aquilo.
Cujo
Aliás, para usar corretamente o pronome relativo cujo, tenha em mente que ele
estabelece uma relação de posse entre dois elementos: o que vem antes dele e o
que vem depois. Por isso, o cujo sempre estará entre dois nomes: antes dele virá o
possuidor; depois dele, a coisa possuída. Lembre-se deste exemplo:
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O cujos, que sempre concorda com a coisa possuída, está entre dois nomes. Réu é
o possuidor (ele possui os bens); bens é a coisa possuída. Nunca use cujo como o
pronome relativo que (ex.: "Foram vistos os rapazes cujo mataram a vítima"). Em
termos mais singelos, “onde cabe ‘que’ não cabe ‘cujo’”.
cujo é o emprego das preposições (a, de, com, para, em, etc.). O cujo, como todo
pronome relativo, introduz um verbo, além de retomar um nome. Se esse verbo
exigir uma preposição (a, de, com, sem, em, para, contra, etc.), esta deverá,
obrigatoriamente, ser colocada antes do relativo. Exemplos:
Eis a garota CONTRA CUJOS pais Henrique lutou (cujo introduz o verbo lutou,
que exige a preposição contra - quem luta luta contra alguém; a preposição
posiciona-se antes do relativo - contra cujos);
O autor DE CUJOS livros tanto se fala está no Brasil (quem fala fala de algo; de
vai antes de cujos).
DDDDDDDDDDDDDDDDDDD
Dar à luz
De encontro a / ao encontro de
/
A expressão de encontro a tem o sentido de IR CONTRA, CHOCAR-SE COM.
Ao encontro de significa estar de acordo com, a favor de. Exemplos:
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De o
Na linguagem cotidiana, são muito comuns construções como Gosto "do" Estado
de S. Paulo, que é um ótimo jornal, apesar de inadequadas. Porém, não se devem
juntar preposições (de, em, a, etc.) com artigos (o, a, um, uma) que iniciem nomes
de obras literárias, jornais, revistas, etc. Logo, diz-se A matéria foi publicada EM
O Estado de S. Paulo, sem juntar o em com o artigo o (no). Outros exemplos: Li
uma ótima notícia em O Globo (e não “no” Globo); Gostou de Os Lusíadas? (e
não “dos Lusíadas").
De mais, demais
Despercebido, desapercebido
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Detrás
Devido, devida
A expressão devido a, equivalente a “por causa de”, serve para conectar palavras,
da mesma maneira que apesar de, no tocante a, em se tratando de e outras
locuções prepositivas. E, como todas as expressões desse tipo, fica invariável.
Não tem feminino: Ele permaneceu em casa, devido à chuva.
Só tome cuidado para não confundir a locução devido a, que serve para ligar
palavras, com o particípio do verbo dever (devido, devida), caso em que haverá a
concordância em gênero e número. Exemplos:
/
A impulsividade é devida a meu forte temperamento (deve-se);
Nesses casos, a locução verbal é devido(a) pode ser substituída por deve-se: A
impulsividade deve-se a meu forte temperamento; Todo esse transtorno deve-se
ao senhor.
Digladiar
Dignitário
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Discrição, descrição
Do que, que
EEEEEEEEEEEEEEEEEEE
Eis que
Evite a locução “eis que” com sentido causal, como se fosse “porque” ou “já que”.
A Gramática tradicional defende apenas o uso temporal de tal expressão.
Em detrimento
Nesse meio, os melhores sempre perdem, pois dedicam suas energias à sociedade
EM DETRIMENTO da carreira (em prejuízo da carreira);
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Não se deve banalizar essa construção, atribuindo-lhe o sentido concessivo de, por
exemplo, ao contrário de.
Em domicílio
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Evite a forma "a domicílio". A preposição adequada é em: Entregas EM
domicílio.
EM VEZ Da roupa azul (no lugar da roupa azul), usou a roupa branca;
E nem
A conjunção nem não deve vir acompanhada de e. Ambas são aditivas, por isso
não há a necessidade de as duas estarem juntas. Exemplo: Ele não escreveu nem
telefonou (e não Ele não escreveu "e nem" telefonou).
É que
A expressão é que pode funcionar como mera partícula de realce, quando vier
entre o sujeito de uma oração e seu verbo. Nesses casos, ficará invariável: sempre
é que (singular). Quando sua função for simplesmente realçar, será possível
excluí-la da frase, sem prejuízo ao significado. Veja estes exemplos:
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/
Não é nestes cartões que se baseia meu amor (poder-se-ia excluir é que da frase:
Meu amor não se baseia nestes cartões);
Eles é que nos ofenderam (poder-se-ia excluir é que da frase: Eles nos
ofenderam).
Se, todavia, o verbo ser anteceder o sujeito de uma oração, deverá concordar com
ele. Exemplo:
Foram ELES que denunciaram o prefeito (o verbo ser veio antes do sujeito - eles
-, com o qual concordou);
Foram ELES que nos ofenderam (o verbo ser veio antes do sujeito - eles -, com o
qual concordou).
Éramos em
Quem é é alguma coisa, e não “em” alguma coisa. Nós éramos seis, Eles eram
Estada, estadia
Estado, estado
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disto, deste, etc.) dão-nos a ideia de proximidade. Quando se diz “Esta sala”, por
exemplo, sabe-se que a pessoa que fala está dentro do referido cômodo. E, quando
se diz “este mês”, só se pode estar falando do mês atual.
Sou muito amigo de Carlos e Manuel. ESTE (Manuel, que está mais próximo) é
loiro, e AQUELE (Carlos, mais longe) é moreno.
Ressalte-se que este pode, ainda, referir-se a um elemento que tenha sido citado
imediatamente antes: Gostei muito daquelas bananas. ESTAS (as bananas, pois
estão logo atrás), porém, estavam um tanto quanto verdes.
/
Até aqui, tudo bem. O problema começa a aparecer quando a noção de
proximidade (seja do objeto, de dois elementos, do tempo ou do espaço) não está
nítida no texto. Repare neste trecho, retirado de um jornal londrinense:
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Qual foi o raciocínio do autor ao construir esse período? “Estratégia” estaria perto
de quem fala? No tempo presente? Certamente, não foi possível aplicar as regras
físicas e espaciais, as quais já conhecemos.
Nesses casos, existe uma norma bastante simples, que parece não ser muito
difundida entre os profissionais que utilizam a língua pátria como principal
ferramenta de trabalho:
Dessa maneira, o pronome esta – que está contraído com a preposição de, dando
origem a desta – estaria inadequado no trecho supracitado. Deveria ser dessa, pois
a estratégia à qual ele se refere já havia sido mencionada no texto. Logo, a
construção correta seria:
Em resumo:
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Exemplos:
a) O depoente alegou que o réu não estava no local, mas essa versão se choca
com a apresentada pela testemunha X (a expressão “essa versão” se refere a uma
ideia já citada: a de que o réu não estava no local);
/
b) Só havia a certeza disto: de que o réu não estava no local (a expressão “disto”
se refere a uma ideia que ainda será citada: a de que o réu não estava no local);
X).
Etc.
Nunca use e antes de etc., que já tem o sentido de e outras coisas. Compraram
CDs, roupas, ETC. Apesar de algumas divergências entre os gramáticos, use
vírgula entes de “etc.”.
FFFFFFFFFFFFFFFFFFFFF
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Face a / em face de
Evitar “face a”. Prefira em face de, expressão que pode ter a ideia de causa.
O verbo fazer nunca vai para o plural quando indica tempo decorrido. Exemplos:
Já VAI fazer dois anos que estou aqui; ESTAVA fazendo três anos que ele não
saía de casa.
O verbo haver segue a mesma linha. Quando indicar tempo decorrido ou quando
significar existir, realizar-se ou ocorrer, ficará sempre no SINGULAR:
Ela estava me esperando HAVIA duas horas (fazia duas horas – tempo
decorrido);
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Quem faz faz alguma coisa, e não “com” alguma coisa. Portanto, evite
construções como esta: Isso fará “com” que você melhore. É só tirar o “com” que
a frase ficará absolutamente certa: Isso FARÁ QUE você melhore.
/
Fl. e fls. (abreviaturas – “folha” e “folhas”)
Ver Crase.
GGGGGGGGGGGGGGGGG
Grama
Grosso modo
HHHHHHHHHHHHHHHHHH
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/
Há anos atrás
ler ou ouvir Eu nasci há dez mil anos, o ouvinte já sabe (pelo verbo haver, que
indica tempo decorrido) que a ação ocorreu no passado. Usar a palavra atrás
torna-se, então, desnecessário, como dizer Subir “para cima” ou Descer “para
baixo”.
Há, havia
O verbo haver indicando tempo decorrido (passado) deve ter o mesmo tempo da
oração que o acompanha, quando estiver no pretérito imperfeito do indicativo
(exemplo: eu cantava, tu cantavas, etc.). No exemplo Eu aguardava ‘há’ uma
hora, quando você chegou, o haver deveria estar no mesmo tempo do verbo
aguardava:
Outro exemplo:
Haja vista
/
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Não existe a expressão “haja visto”. A forma correta é HAJA VISTA: Não
Haver
Nos três sentidos citados, o verbo haver é chamado de impessoal, por não
concordar com sujeito algum.
Hífen
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a) prefixos além, aquém, recém, sem, vice, ex, pós, pré, pró, soto e sota: usa-se
sempre o hífen.
Observações:
b) com os prefixos co, re, pre (sem acento) e pro (sem acento), não se usa o
hífen.
d) prefixos pan e circum: usa-se o hífen se a palavra a que eles se ligam se inicia
por m, n, vogal ou h.
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e) prefixo mal: usa-se o hífen se a palavra a que ele se liga se inicia pela mesma
consoante, h ou vogal.
Horas
Nas abreviaturas, indique as horas com o símbolo h e os minutos com min, sem
dois-pontos. Exemplos: 23h30min, 2h, 16h, 14h30min.
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IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
Infinitivo (concordância com o infinitivo)
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/
B) A professora mandou os alunos estudar ou estudarem? Tanto faz. Pode usar o
infinitivo pessoal ou impessoal. Atente nos verbos mandar, fazer, sentir, deixar,
ouvir e ver, quando seguidos de sujeito de um verbo no infinitivo. Nesses casos,
o infinitivo pode flexionar-se ou não. Veja só:
Você já deixou AS MENINAS brincarem (ou brincar)? Verbo deixar + sujeito (as
meninas) + verbo no infinitivo (brincar ou brincarem).
Outros exemplos:
“E não NOS deixeis cair em tentação” (quem cair? Nos – que substitui “nós” – é
o sujeito).
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/
ajoelhar residiu no próprio sujeito); Deixamos os garotos se olharem (um olhou o
outro – troca de ações); Os trabalhos a serem feitos estão na mesa (o sujeito “os
trabalhos” recebe a ação de ser feito – voz passiva).
derivado de vir e deve ser conjugado exatamente como ele. Usando o vir, a frase
ficaria E a polícia VEIO nas negociações, correto? Ou você diria E a polícia
“viu” nas negociações? Claro que não, pois assim estaria usando o verbo ver
Ir a, ir para
/
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Por incrível que pareça, existe, em tese, diferença de significados entre a e para
com o verbo ir. Se digo Vou A São Paulo, quero dizer que farei uma breve viagem
e voltarei à cidade onde moro. Se digo Vou PARA São Paulo, significa que estou
JJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJ
Junto a
O ideal, portanto, é que se reserve o uso dessa locução àqueles casos em que a
proximidade esteja bem evidenciada, como no exemplo abaixo:
/
O rapaz permaneceu JUNTO À filha.
LLLLLLLLLLLLLLLLLLL
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Letras maiúsculas
Ortográfico):
66
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Letras minúsculas
3) Após dois-pontos (Comprei muitos objetos: discos, roupas, etc.). Obs.: se após
o sinal de dois-pontos houver citação de início de período, esta se iniciará com a
letra maiúscula;
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Lhe
/
Já entreguei o pacote A CARLOS; Já LHE entreguei o pacote.
O verbo amar é complementado por palavras sem preposição a. Quem ama ama
alguém (e não a alguém). Exemplo: José ama O IRMÃO. Nesse caso, poder-se-ia
substituir o complemento do verbo (o irmão) pelo pronome o, mas não pelo lhe:
José ama-O.
Em resumo:
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/
MMMMMMMMMMMMMM
Mais bem, melhor
Estude aqui e fique MAIS BEM preparado (ou MAIS MAL preparado) para o
vestibular (bem acompanha o adjetivo preparado; pode, portanto, ser precedido
pela palavra mais);
Os jornalistas daquela empresa são mais bem informados que os daquela (aqui
acontece o mesmo, mas com o adjetivo informado).
aconselhadas.
(qualificações formadas pela união de duas ou mais palavras). Por isso, não se
pode transformar o mais bem em melhor. Bem faz parte do adjetivo.
Um bom modelo para não nos esquecermos dessa regra é a palavra bem-passado.
Poucos teriam coragem de falar que um bife está "melhor" passado que outro.
Ficaria ruim a construção. Melhor seria mais bem-passado (bem acompanha
passado, e as duas palavras funcionam como uma qualidade). Com bem-vindo
acontece o mesmo. Falar que alguém é "melhor" vindo que outro seria, no
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/
mínimo, estranho. Alguém é mais bem-vindo que outro (bem-vindo é um adjetivo
composto; não se pode, portanto, transformar o mais bem em melhor).
Mau, mal
Mas, mais
Você tem que correr mais (no lugar desse mais, caberia menos, que tem o
significado contrário; note, ainda, que a palavra dá intensidade à ação de correr).
Resumindo: onde cabe MAIS cabe menos; MAS é usada na ligação de orações
com ideias contrastantes, divergentes, que se chocam; obviamente, no lugar de
MAS não cabe menos.
Meio, meia
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Aquele homem está MEIO doente (um pouco doente, mais ou menos doente);
Aquela mulher está MEIO doente (um pouco doente, mais ou menos doente).
Meio-dia e meia
Nesse caso, meio – que significa metade – deve concordar com a palavra hora,
que está implícita na expressão Meio-dia e MEIA (hora). Como você diz dez e
meia, onze e meia e nove e meia, deve também dizer meio-dia e meia.
Meritíssimo
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Sobre o uso indevido de “mesmo” para substituir nomes, ver o tópico O mesmo.
Não é tão fácil posicionar a preposição de antes de que. Esse que é um pronome
relativo, porque retoma (substitui) um nome. O nome que vem antes dele é
pessoas. Para conferir se realmente ele retoma pessoas, coloquemos essa palavra
no lugar do que. Se fizer sentido, será um pronome relativo: (...) de pessoas tanto
ela gostou. Pode-se inverter a ordem, a fim de tornar mais clara a frase: ela gostou
tanto de pessoas. Perfeito, não? O que é, realmente, um pronome relativo.
/
E por que há que se ter uma visão “rápida” para empregar corretamente o
pronome relativo? Veja bem: para colocar o de antes do que em Não conheci as
pessoas de que tanto ela gostou, é necessário antever que esse que introduzirá um
verbo (gostou), que exige a preposição de (quem gosta gosta de alguém). Esta (a
preposição de) deve vir antes do pronome relativo.
Voltando à questão central, está errada a construção Gosto do modo "com" que ela
me olha. De onde vem esse com? O que introduz o verbo olha, que se relaciona
com a palavra modo (antes do que). Que preposição intermedeia essa relação? É
só pensar: Ela me olha "com" um modo esquisito ou Ela me olha DE um modo
esquisito? É claro que é DE um modo esquisito. Logo, a forma correta seria Gosto
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O verbo morar rege a preposição EM, e não a. Exemplo: O acusado mora na (em
NNNNNNNNNNNNNNNNNN /
Nascido a, Nascido em 22 de março
Necropsia
Nenhum, nem um
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ninguém. Exemplos: Não fiz nenhuma tarefa (nulo); Amei-a como nenhum
outro a amará (qualquer); Nenhum deles está aqui (ninguém).
/
OOOOOOOOOOOOOOOOO
O mesmo
Para não repetir a palavra contratado, o autor do texto usou a palavra mesmo. Essa
solução é vista, por alguns, como deselegante. Evite substituir nomes pela palavra
mesmo. Prefira ele, ela, qualquer outro pronome (a função do pronome é
justamente substituir ou acompanhar nomes) ou até a omissão do termo que se
quer retomar. Melhorando, então, o trecho acima:
Outro exemplo:
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Como a palavra “mesmo” está substituindo o nome “réu”, melhor seria evitar tal /
construção. Algumas opções:
Obrigado, obrigada
Oficiala de justiça
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Page 76 /
1) Nos momentos em que os modelos estão funcionando bem e “onde” as
contradições estão ainda latentes e não chegam a causar perplexidade...;
2) (...) mas eles nos dão o tom do nosso tempo, “onde” as atividades comerciais
chegaram a um máximo de abrangência...
Você quer saber por que o onde não cairia bem nesse trecho? É que se deve usar
onde somente no sentido de LUGAR EM QUE. Construções como momento
"onde" e um tempo "onde" não são aconselháveis.
(...) mas eles nos dão o tom do nosso tempo, EM QUE (ou NO QUAL) as
atividades comerciais chegaram a um máximo de abrangência...
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discussões, é melhor não usar o “onde” e optar por formas genéricas, como EM
QUE ou NO(A)(S) QUAL(IS):
PPPPPPPPPPPPPPPPPPPPP
Passado ou presente?
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O ideal seria que tais verbos estivessem no mesmo tempo verbal, como nos
exemplos abaixo:
OU
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já que “mim não faz nada”, como se diz por aí. Gramaticalmente falando, mim é
um pronome pessoal tônico do caso oblíquo, que, de regra, não pode funcionar
como sujeito. A forma correta seria para eu fazer.
Será que o mim está certo nas duas frases? Se a sua resposta foi negativa, você
acertou. O primeiro exemplo está errado; o segundo, certo.
Para saber quando devemos usar para mim ou para eu, há uma técnica muito
fácil: basta tentar deslocar o para mim ao começo da frase. Se o deslocamento for
possível, será realmente para mim. Se a frase perder o sentido com a mudança,
será para eu. Reportemo-nos aos exemplos citados, a fim de compreendermos
melhor esse fenômeno.
Em “Empreste-me o livro para mim ler”, vamos tentar mudar o para mim para o
começo da frase:
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Fez sentido? Obviamente não. Desse modo, observa-se que o correto é para eu, e
o eu é sujeito do verbo “ler”. Então, esta é a forma correta:
Nesse caso, o mim não é sujeito. É, para quem gosta de termos técnicos,
complemento nominal do predicativo do sujeito complicado. Mas a classificação,
neste momento, não importa.
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Para saber quando usar um ou outro, preste atenção aos verbos auxiliares que
acompanharão o particípio. Se forem TER ou HAVER, use o particípio regular,
/
terminado em ado ou ido:
O carteiro já me tinha ENTREGADO as cartas (veja que o verbo ter foi usado
juntamente ao entregado, que é regular);
A carta já foi ENTREGUE (o verbo ser foi usado; o particípio tem que ser o
reduzido, irregular);
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/
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Perito, perita
Há que se ter cuidado para não "misturar" algumas pessoas gramaticais. Pensemos
no exemplo Pernas, pra que te quero, que ilustrará bem a questão. De tão
cristalizada, essa frase parece perfeita, gramaticalmente impecável. Todavia, se a
olharmos com mais calma, veremos que tem uma incoerência. Quando dizemos
Pernas, pra que “TE” quero, supostamente estamos falando com as próprias
pernas, não é verdade? Assim, o pronome não deveria ser dirigido a tu (pernas
pra que “te” quero), mas a vocês ou a vós (menos comum): Pernas, pra que AS
quero (ou Pernas, pra que VOS quero). Te só se refere a tu. Não nos esqueçamos
disso.
Exemplo de erro:
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Possuir
Esse verbo deve ser usado primordialmente no sentido de posse física. É evitável
o seu emprego quando tal posse não estiver bem evidenciada, como se observa
nos exemplos abaixo, em que bem poderia ser substituído por “ter”:
Ponto e vírgula
O ponto e vírgula é um sinal utilizado quando a pausa desejada não é nem tão
breve quanto a da vírgula, nem tão longa quanto a do ponto. O ponto e vírgula
representa, pois, uma pausa intermediária.
Quando usá-lo?
/
1) Em enumerações, principalmente se os elementos enumerados forem
relativamente extensos e numerosos. Exemplo:
83
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Veja que cada elemento enumerado é um período composto, com mais de uma
oração (verbo). Essa extensão exige uma pausa maior que a da vírgula, mas não
tão grande quanto a do ponto. É aí que entra o ponto e vírgula. Você também deve
ter notado que, entre o último elemento e o etc., também foi usado o ponto e
vírgula. Quando os grupos são separados pelo ponto e vírgula, o etc., se der
O general não temia o que lhe podia acontecer; os soldados, sempre (temiam);
O general não temia o que lhe podia acontecer. Os soldados, sempre (temiam).
Eles sabiam, dizem as más línguas, de tudo o que se passava no colégio interno,
particularmente no âmbito da administração, MAS, como já era de se esperar,
nunca fizeram nada.
Poder-se-ia usar o ponto e vírgula antes do mas, a fim de deixar bem claro onde
termina a primeira oração (extensa e já marcada por vírgulas) e onde começa
a segunda:
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Por si só
A palavra só, na expressão por si só, funciona como adjetivo. Equivale à palavra
sozinho. Por ser uma qualificação, deve concordar com o nome a que se refere.
Exemplo: Os fatos não explicam a questão por si SÓS. Relembrando, a palavra só
permanece invariável quando equivale a apenas: Os fatos não só (apenas)
/
explicam o fenômeno como também o comprovam.
Exemplos:
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Outro detalhe que deve ser guardado: em final de orações (antes de ponto, vírgula
/
ou qualquer outro sinal de pontuação que encerre oração), o que sempre terá
acento circunflexo (QUÊ), independentemente de estar acompanhado do por,
como se vê nos exemplos abaixo:
O réu, sem dúvida, cometeu o crime descrito na denúncia e já se sabe por quê.
([...] já se sabe por que RAZÃO; o que foi acentuado por estar no fim da frase,
antes do ponto);
A vítima relatou que chegou a casa e, sem saber por quê, começou a ser
agredida.
([...] e, sem saber por que RAZÃO; o que foi acentuado por estar no fim da
oração, antes da vírgula).
Em síntese, basta conferir se cabe a palavra RAZÃO após o por que. Se couber,
deve ser separado. Depois, observe se o que está em final de oração, antes de
qualquer sinal (ponto, vírgula, ponto e vírgula, ponto de exclamação,
interrogação). Se estiver, acentue-o.
Usa-se por que (separado), ainda, quando seu sentido equivale ao de PELO(A)
QUAL(IS), retomando um nome. Exemplos:
A ponte por que passamos quase caiu (A ponte PELA QUAL passamos...);
Não há motivos por que se deva brigar (Não há motivos PELOS QUAIS se
deva...)
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Há vários porquês para a sua fúria (Há vários MOTIVOS para a sua fúria).
Posto que
A locução posto que se parece com já que, mas seu sentido original não é
semelhante ao desta locução. Quem lê ou ouve uma frase como Tenho muitas
mulheres, "posto que" sou lindo e inteligente muitas vezes não consegue detectar
a incoerência nela existente. A locução POSTO QUE liga (ou deveria ligar)
IDEIAS CONTRÁRIAS, CONFLITANTES, CONTRASTANTES. Tem o
mesmo sentido de apesar de, ainda que, entretanto, mas e outros conectivos do
gênero. Só que a maioria das pessoas (incluam-se ótimos poetas) utilizam posto
que como já que, que indica a ideia de causa. Isso, pelo menos de acordo com a
norma culta, não é adequado. Quem diz Tenho muitas mulheres, "posto que" sou
lindo e inteligente está dizendo Tenho muitas mulheres, ainda que eu seja lindo e
inteligente. Segundo essa frase, o fato de o locutor ser "lindo e inteligente" deveria
atrapalhar suas relações amorosas, colocação que, na realidade, sabemos que não
tem fundamento. O sentido original dessa frase é, provavelmente, Tenho muitas
mulheres, JÁ QUE (porque, uma vez que, etc.) sou lindo e inteligente. Agora sim.
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/
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Presente a
Proceder
88
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Pugnar
QQQQQQQQQQQQQQQQQ
Que (expressão “o que”)
que, nesse caso, é pronome interrogativo e, segundo os mesmos puristas, não vem
acompanhada de nenhum o em início de oração. Outros exemplos: Que é
Sociologia?; Que ela pensa fazer?
RRRRRRRRRRRRRRRRRR
/
Reaver
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Regência verbal
Há, ainda, verbos com dois complementos (um sem e outro com preposição),
como é o caso de entregar: O carteiro entregou [a carta][A José]. Quem entrega
entrega algo A alguém (há dois complementos: algo e A alguém. Um tem
preposição, outro não).
Algo A alguém.
Alguém DE algo.
Têm a mesma regência verbos com sentido semelhante, como avisar, noticiar, e
alertar. Exemplos:
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• Atenção: sobre o uso dos pronomes “o” e “lhe”, ver tópico Lhe.
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2) Agradar
3) Assistir
Exemplos:
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No sentido de dar atenção, pode atender algo ou atender A algo; fique à vontade.
Atenda o telefonema ou Ao telefonema.
Outros verbos admitem mais de uma regência, sem que o sentido seja alterado:
Abdicar - quem abdica abdica algo ou DE algo: Vários reis abdicaram o trono
(ou do trono);
Presidir - quem preside preside algo ou A algo: Quem presidirá o encontro (ou
ao encontro)?;
Ansiar - quem anseia anseia algo ou POR algo: Ansiamos a sua cura (ou POR
sua cura);
93
/
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Acreditar - quem acredita acredita algo ou EM algo: Esse povo acredita Deus
(ou EM Deus); Acreditamos EM que ele tenha melhorado (ou que ele tenha
melhorado).
Crer - quem crê crê algo ou EM algo: Sei que você não crê duendes (ou EM
duendes).
Obs.: idem.
Almejar (significa desejar) - quem almeja almeja algo ou POR algo: Almejamos
sua melhora (ou POR sua melhora).
Versar - quem versa versa algo ou SOBRE algo: Estas linhas versam a língua
portuguesa (ou SOBRE a língua portuguesa)
/
5) Chamar-se
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Se alguém diz, por exemplo, Eu “chamo” Antônio Carlos, está querendo dizer
que pede a presença do rapaz com o referido nome. O verbo chamar no sentido de
ter nome deve ser pronominal, isto é, deve sempre estar acompanhado de um
pronome oblíquo (me, te, se, nos e outros, dependendo da pessoa). Eu ME chamo
Antônio Carlos seria a forma adequada. Outros exemplos: Como ela SE chama (e
não Como ela “chama”?)?; Chamamo-NOS Carlos e Flávio (e não “Chamamos”
Carlos e Flávio).
6) Chegar
Quem chega chega A algum lugar, e não “em” algum lugar. Exemplos:
A vítima declarou que, quando chegara A casa, encontrou tudo revirado. (sem
crase... consultar o tópico Crase, particularmente o caso especial da palavra
“casa”)
7) Comparecer
Exatamente como ocorre com o verbo “chegar”, prefira a preposição “a”: quem
8) Custar
Consoante a norma culta, não se pode dizer que “alguém custa a algo”.
Construções como "Alguém custa a fazer alguma coisa" não existiriam. O verbo
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custar, no sentido de ser difícil, deve ser usado da seguinte maneira: alguma
coisa custa A alguém.
Por exemplo:
No sentido de ter preço, agora sim, alguma coisa custa algo: Esses aparelhos
custam R$ 40 mil reais cada um; Como custam caro os alimentos naquele país.
Percebamos que, nesses casos, os advérbios caro e barato ficam invariáveis, o
que não acontece quando acompanham um substantivo (nomes em geral): Roupas
caras, remédios caros, etc.
10) Implicar
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Eu ME lembro DE você;
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13) Oficiar
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Oficie-se Ao MP;
15) Preferir
Estamos acostumados a falar Prefiro maçã “do que” banana ou, pior, Prefiro
“muito mais” maçã “do que” banana. O verbo preferir é, na verdade, mais um
16) Proceder
O verbo proceder tem três sentidos básicos: 1) dar início a algo ou executar
(muito usado na praxe jurídica), 2) ter origem em e 3) ter fundamento. No
caso 1, é obrigatória a preposição a. Exemplo:
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/
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Proceda-se À intimação.
/
Os verbos sobressair e deparar constituem dois casos comuns do emprego
indevido do pronome oblíquo. E é compreensível o equívoco, tendo em vista que
deparar tem o sentido similar ao de encontrar-SE (que exige o pronome), e
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depara depara com alguém (e não “se” depara); quem sobressai sobressai (e não
“se” sobressai). Exemplo: Alex sobressaiu no jogo e deparou com o técnico.
19) Torcer
Alguém torce POR alguma coisa. Logo, esse alguém torce PELO (por + o) São
Paulo, por exemplo. Se, no entanto, o complemento do verbo torcer for uma
oração, a preposição para estará absolutamente correta: Ele torce para que o pai
seja feliz (o complemento do verbo torcer é a oração para que o pai seja feliz; se é
oração, a preposição para está correta).
20) Pugnar
Alguém pugna POR alguma coisa. Logo, esse alguém pugna PELO (por + o)
arquivamento do feito, por exemplo.
Requerer
Ver Propuseram.
Restabelecer
/
Somente com um e. Não existe "reestabelecer", com dois es.
Rubrica
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SSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS
Salário-mínimo
Saudar
Outros exemplos:
102
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Nesses casos, o sujeito do verbo é alvo uma ação. Dizer Vendem-se casas é o
mesmo que Casas SÃO vendidas (o sujeito casas sofre a ação – as casas são
vendidas).
Não se fazem mais homens... é o mesmo que Homens não SÃO feitos.
/
Não se devem fazer acusações infundadas equivale a acusações infundadas não
devem SER feitas.
O teste é simples. Basta tentar transmitir a mesma ideia, mas em forma de locução
verbal, com um verbo “ser” a mais. Se der certo, quer dizer que o sujeito está
Mais exemplos:
Mas tome cuidado: essa regra só vale para os verbos que não exigem
preposição (a, em, de, com, para, etc.) no complemento. Perceba que verbos
como alugar, vender e fazer não têm preposição alguma nos termos que os
103
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completam: quem aluga aluga alguma coisa; quem vende vende alguma coisa;
quem faz faz alguma coisa.
/
Precisa-se DE datilógrafos (quem precisa precisa DE alguma coisa);
Veja que é impossível “fabricar” o verbo ser nestes últimos verbos, como fizemos
104
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/
f) Remetam-se os autos ao distribuidor para as anotações necessárias (“sejam
remetidos” os autos).
nunca terá sujeito expresso, já que a partícula “se” tem a função justamente de
torná-lo indeterminado. Por isso, nunca use construções como estas:
Segmento, seguimento
O segmento dos calçados é um dos que mais cresceram em fevereiro (setor dos
calçados).
105
/
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Seja, esteja
Diga e escreva SEJA ou ESTEJA. Que eu seja, que tu sejas, que ele seja, que
nós sejamos, que vós sejais, que eles sejam; Que eu esteja, que tu estejas, que ele
esteja, que nós estejamos, que vós estejais, que eles estejam. Não existem as
formas "seje" e "esteje".
Se não, senão
Se não (separado) quer dizer se acaso não, e senão (junto) significa caso
contrário ou a não ser. Exemplos:
Você tem que vir, senão (caso contrário) eu tenho que ir a pé.
Sicrano
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Siglas
O plural de siglas deve ser feito com um simples s, sem o apóstrofo (sinal
Sob, sobre
SOB significa debaixo de, ao abrigo de; SOBRE, acima de. Exemplos:
Subjugar
/
O verbo é SUBJUGAR, sem o l, e significa dominar, vencer, submeter.
"Subjulgar" não existe.
Sub judice
107
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TTTTTTTTTTTTTTTTTTTTT
Ter, haver
Evite o uso do verbo ter com o sentido de existir. O verbo ter indica, basicamente,
posse. Exemplos: Ele tem (possui) muitas fazendas; Muitas pessoas têm
(possuem) contas a pagar. Esse verbo comporta vários outros sentidos, mas o de
existir, pelo menos até agora, não é aceito pela norma culta. Dessa maneira, não é
aconselhado dizer Acho que “tem” pessoas demais aqui”. O sentido desejado foi
o de existir, e não o de possuir. Maneira correta, então: Acho que HÁ (ou existem)
pessoas demais aqui. Outros exemplos de erros:
tudo);
/
Aqui “tem” o que você precisar (correto: Aqui HÁ o que você precisar).
Cuidado com os verbos ter e vir. Quando estão na terceira pessoa do singular
(ele), são escritos sem acento: Ele tem muito dinheiro; A cidade vem sofrendo
muito. Mas, no plural, usa-se o acento circunflexo, a fim de diferenciá-lo do
Todo
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que dizer qualquer, todos os. Com o artigo, o sentido é de totalidade, a coisa
inteira. Por exemplo:
Todos quatro
Evite o artigo em construções com todo + numeral. O correto seria Todos quatro
estavam lá, por exemplo, sem o artigo os. Entretanto, se o número acompanhar
/
algum nome (substantivo), o artigo será necessário, como em Todos OS dois
MENINOS estavam lá.
Traslado, translado
As duas formas são aceitas. Translado é mais comum, apesar de traslado ser a
forma erudita.
Tratar-se de
No sentido de ter como assunto, quem trata trata DE alguma coisa (ou SOBRE
alguma coisa). Sem o “se”, está notando? Exemplo: O exercício trata DE
questões filosóficas (ou SOBRE questões filosóficas). Veja que, nesse caso, o
sujeito do verbo é claro (quem trata de questões filosóficas? O exercício... esse é o
sujeito).
109
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/
Trata-se de preliminares que não merecem acolhimento;
Em suma, a expressão “trata-se de”, indicando assunto, jamais irá para o plural
Trema
Não o use mais, a não ser em derivadas de palavras estrangeiras que o possuam
(como “mülleriano”). Ver tópico sobre acentuação.
UUUUUUUUUUUUUUUUUU
Um certo mistério
substantivo, por sinal) está acompanhada da palavra certo (que exerce o papel de
pronome indefinido). Reza a norma que, quando ANTES de um substantivo
vierem pronomes indefinidos como tal, certo, mesmo, outro, qualquer e tanto, não
110
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/
se deverá usar o artigo indefinido um. Portanto, a forma erudita seria, a título de
ilustração, Ela tem certo mistério (sem o um). Outros exemplos:
Dia desses, conheci outra garota loira (e não “uma” outra garota loira).
Essa regra só vale nos casos em que os pronomes ou adjetivos vêm antes do
substantivo. Se vierem depois, não há problema em usar o artigo indefinido.
Exemplo: Tive semelhante ideia ou Tive UMA ideia semelhante (neste, o adjetivo
semelhante vem depois do substantivo ideia).
Dica: sempre que usar o artigo indefinido “um(a)”, confira se ele realmente é
indispensável à frase. Comumente, é possível excluí-lo sem qualquer prejuízo, o
que até confere mais elegância ao texto. Veja os exemplos abaixo, em que a
exclusão dos artigos seria benéfica:
Usucapião
VVVVVVVVVVVVVVVVVV
/
111
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Ver (e vir)
Para quem não lembra, o modo subjuntivo indica hipótese, suposição, algo que
PODE ou DEVE ter acontecido no passado, presente ou futuro. As conjugações
desse modo são, geralmente, acompanhadas de conjunções como quando, se e
que (quando eu correr, se eu corresse, que eu corra). No futuro, usa-se, na
maioria das vezes, a conjunção quando ou se: Quando eu morrer ou Se eu
morrer.
O verbo ver é um tanto quanto “perigoso”, pois se parece com o vir no futuro do
subjuntivo. Exemplos: Quando você o VIR, dê-lhe um abraço. Quando eu vir (e
não Quando eu “ver”), quando tu vires, quando ele vir, quando nós virmos,
quando vós virdes, quando eles virem. Parece o verbo vir, mas não é.
Alguns ofícios são redigidos com a fórmula inicial“Viemos” através desta... Mas
a construção está inadequada. Como o verbo utilizado é o VIR (eu venho, tu vens,
112
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ele vem, NÓS VIMOS, vós vindes, eles vêm), a forma correta seria VIMOS, e não
“viemos”. Outro vício é usar a expressão através de (ver tópico Através de) fora
Vírgula
Diante disso você pergunta: "Mas tenho que saber toda aquela análise sintática
que vi na escola?". Seria bastante oportuno, mas não é necessária a análise
sintática completa. Somente alguns conceitos são fundamentais, os quais você
conhecerá nas linhas que seguem.
113
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Logo, a forma correta seria Muitos homens preferem o caminho do dinheiro (sem
a vírgula divorciando o sujeito do verbo). Outros exemplos:
O homem que estuda vive mais (quem vive mais? O homem que estuda é o
sujeito; sem vírgula, portanto);
O autor requereu a emenda à inicial à fl. 14. [O réu], manifestou-se às fls. 18/20.
/
Estiveram presentes à audiência, [o réu, o autor e duas testemunhas].
Em alguns casos, é permitido (mas não obrigatório) usar a vírgula entre o sujeito e
o verbo. Pensemos neste exemplo:
Qual é o sujeito do verbo aprovar? Quem aprova? Quem faz... esse é o sujeito.
Pela regra, não poderíamos pospor-lhe a vírgula, não é verdade? Porém, ele
termina em verbo ("Quem faz"), e logo após aparece outro ("aprova"). Nesse
caso, é permitido o seu uso: "Quem faz, aprova".
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Qual é o sujeito do verbo parecer? Quem parece suspeito? Aqueles três homens
/
Para nunca errar na virgulação, o ideal mesmo seria uma excelente noção de
análise sintática. Mas, como não é objetivo deste material o aprofundamento
teórico, tentaremos, nas próximas linhas, abordar somente os termos estritamente
necessários para uma boa pontuação.
Para começar, é interessante notar que a ordem direta das orações, geralmente, é
a seguinte:
Na ordem direta, acima indicada, normalmente não há por que usar vírgula!
Na dúvida, NÃO a use.
O primeiro é o ser ou a ideia sobre os quais o verbo informa algo. Basta perguntar
Quem? ou Quê? a cada verbo para encontrar o seu sujeito.
O verbo é palavra de noção intuitiva. Indica fatos e sofre flexões de tempo, modo,
número e pessoa.
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palavras denotativas) são as condições em que o fato indicado pelo verbo ocorre.
As circunstâncias mais comuns são as de tempo, lugar, modo, intensidade,
afirmação, negação, dúvida, causa, concessão, finalidade e outras. Exemplos (as
circunstâncias vêm em destaque):
116
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/
Ficando claras essas quatro definições, já podemos começar a entender melhor a
vírgula.
Primeira regra: a vírgula deve ser usada para separar sujeitos, verbos,
complementos ou circunstâncias que não estejam ligados por conjunção.
Exemplos:
Todos amam a TV, o rádio, as fofocas e a família (usou-se a vírgula para separar
os complementos a TV, o rádio, as fofocas; a família não foi precedido por
vírgula porque está acompanhado do e);
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Exemplo 1: A B, D, C
Exemplo 2: A, D, B, C
Exemplo 3: D, A B C
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Sim! Tudo o que está deslocado e interfere na ordem natural da frase é elemento
/
interferente. E, se tiver um tamanho considerável, deve vir isolado pela
pontuação. Para detectar esses elementos, é importante que tenhamos uma visão
sintática da frase. Urge identificarmos A, B, C, e D (sujeito, verbo, complementos
e circunstâncias). O que estiver “no meio” desses termos pode ser isolado por
vírgulas. Uma prova de que esses elementos são interferentes é o fato de poderem
ser excluídos da frase, sem prejuízo sintático. Vamos a um exemplo (os elementos
interferentes vêm em negrito):
Os marinheiros, pelo menos dizem por aí, não se comportaram na nova cidade.
E, como não bastasse, aterrorizaram as mulheres do porto, que, por serem
bastante recatadas, ficaram chocadas.
119
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As três orações presentes a esse trecho estão na ordem direta e, por isso, não
levam vírgula:
/
Oração 3 - As mulheres (A - esse sujeito está sendo substituído pelo pronome
que); ficaram (B); chocadas (C).
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Outros exemplos (as orações interferentes vêm entre colchetes, para facilitar a
visualização):
Isso não é justo porque, [como o senhor mesmo sabe], eu não fui registrado em
sua empresa;
Eles nem têm diploma. E, [mesmo assim], ganham mais que os outros.
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Veja que os elementos em negrito acima poderiam ser retirados da oração, sem
prejuízo sintático. Como estão "atrapalhando" a sequência das orações, devem vir
isolados por DUAS VÍRGULAS. Contudo, se forem de pequena extensão
(exemplo 3), podem-se omitir as vírgulas: (...) E mesmo assim ganham mais que
os outros. /
Detalhe importante: como já ressaltado, nesses elementos intercalados pequenos,
usam-se duas vírgulas ou nenhuma. Em hipótese alguma se deve usar apenas
uma (erro: "E mesmo assim, ganham...").
7) Vírgula após verbo e após “que”: pense muito bem antes de usar
Sempre que tiver vontade de usar uma vírgula no texto, pense duas vezes. Afinal,
se a oração estiver na ordem direta (sujeito, verbo, complementos e
circunstâncias), em regra não há motivo para se usar a vírgula. Caso você a use
mesmo assim, poderá separar, equivocadamente, o sujeito e o verbo, o verbo e o
complemento ou este e a circunstância.
Não é muito raro, nos textos jurídicos, encontrarmos uma vírgula logo após a
conjunção “que”, separando-a erroneamente da oração que esse conectivo
Isso porque não se separa um verbo de seu complemento por vírgula na ordem
direta, assim como não se separa a conjunção “que” da oração que ela introduz.
Na prática, se houver dúvida, não use vírgula.
122
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/
a) O réu contestou no evento 14.5. Alegou QUE, o contrato contém cláusulas
abusivas.
Note que, se entre o verbo e o “que” por ele introduzido houver qualquer elemento
intercalado, como nas três últimas frases anteriormente citadas, poderá haver
DUAS VÍRGULAS ou NENHUMA, mas jamais uma só.
Assim, as três últimas frases poderiam ser construídas sem qualquer vírgula OU
com duas:
Da mesma forma, se entre “que” e a oração por ele introduzida houver qualquer
Retomemos o primeiro exemplo (letra “a”), desta vez com elemento intercalado
após o “que:
/
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Nesse caso, só foi possível a utilização de vírgula após “que” para o isolamento
do termo “apesar do alegado na inicial”. Repare que foram usadas DUAS
VÍRGULAS para isolá-lo. Jamais poderia ter sido usada uma só.
Em resumo:
a) VERBO + QUE: nunca haverá uma simples vírgula entre eles. Se houver
elemento intercalado, haverá DUAS ou NENHUMA. Exemplos:
b) QUE + ORAÇÃO: nunca haverá uma simples vírgula entre eles. Se houver
elemento intercalado, haverá DUAS ou NENHUMA. Exemplos:
Antes de encerrarmos este tópico, é importante destacar mais uma vez que, quanto
mais curto for o elemento intercalado, menos necessária será a utilização das
vírgulas. Consequentemente, quanto mais extenso for o elemento intercalado,
mais necessária será a utilização das vírgulas. A título de ilustração, vejamos estes
exemplos:
No primeiro, o termo intercalado (em destaque) é curto e poderia vir com vírgulas
ou sem nenhuma, a critério do autor do texto. No segundo, o termo intercalado é
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extenso e, por essa razão, é fundamental que venha isolado pelas vírgulas, para
que não se comprometa a clareza da frase.
Aqui a vírgula é perfeita. Por quê? Porque o e introduz uma oração de sujeito
diferente do da anterior. Perceba que, nessa frase, há dois verbos; logo, dois
sujeitos: quem sofreu? Muitos é o primeiro sujeito; quem ganhou? Poucos é o
segundo sujeito. Viu só? A segunda oração tem sujeito diferente do da primeira.
Outros exemplos:
Há muitos problemas neste país, e temos que nos esforçar para mudá-lo (quem
há? O verbo haver no sentido de existir não tem sujeito; quem tem que se
esforçar? Nós é o sujeito);
ONU oferece ajuda, e Brasil recusa (quem oferece ajuda? ONU é o sujeito; quem
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A vírgula antes do e faz par com a antes de sujas. Elas isolam o termo sujas como
pau de poleiro. Tanto isso é verdade que, se eliminarmos o termo isolado, a frase
interjeição ó, os dois serão isolados. Exemplos: Veja só, caros amigos, o que foi
feito; Ó Maria, será que não me vês?; Venha logo aqui, rapaz!
É de praxe separar por vírgula as orações que indicam ideias contrárias (como é o
caso da oração introduzida por mas). Exemplos: Contestou, mas não provou; O
réu afirma a inépcia da inicial, porém exerceu plenamente seu direito de defesa.
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Eu fiquei deveras feliz quando cheguei a casa (a oração grifada indica tempo; não
é necessária a vírgula, porque a oração da esquerda, principal, não é extensa);
Quanto mais se aprende, menos se sabe (a oração grifada indica proporção e vem
antes da outra);
Cheguei perto dela a fim de que me contasse todos os seus segredos (a oração
grifada indica finalidade);
/
Sem se cuidar, penará muito! (a oração grifada indica condição e vem antes da
outra).
Em síntese:
Você deve querer saber como reconhecer o causal e o explicativo, não é? Vamos
aos exemplos:
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Todo porque explicativo pode ser substituído pela palavrinha que (Não corra,
QUE o chão está molhado); já o causal não pode (Ela não veio PORQUE está
doente). Notemos que em 1 a pausa é marcada pela fala, o que não acontece em 2.
/
Vamos a outros exemplos, adotando a seguinte regra prática: vírgula necessária
antes de porque substituível por que; caso contrário, usemos o sinal de pontuação
3) Não era muito fã de trabalho(,) porque a família lhe ensinou assim (não cabe
que no lugar desse porque - causal; a vírgula é facultativa, já que a oração da
esquerda não é tão grande);
4) É bom ela vir logo, porque não tenho muita paciência (cabe que no lugar desse
porque - explicativo; usemos a vírgula);
todavia?
Vamos começar pelo pois. Essa conjunção pode ser explicativa (tendo o mesmo
valor de porque) ou conclusiva, com o sentido de logo, portanto, dessa maneira.
Quando ela introduz uma explicação, geralmente há vírgula antes, separando-a
da oração anterior. Vírgula depois, só se houver um elemento intercalado,
“atrapalhando” a sequência da frase.
O pois pode, ainda, introduzir uma conclusão. Nesse caso, vem entre vírgulas.
Exemplos:
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/
As garotas se portaram bem, [pois as portas ficaram abertas] (o pois introduz
uma explicação; a vírgula vem antes);
[O argumento, pois, não procede] (aqui o pois não está no começo da oração; tem
valor conclusivo e deve ser isolado por vírgulas).
Muitos compareceram à festa daquele garoto. [Contudo, ele não tem amigos de
verdade].
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Para usá-la corretamente, você deve ter em mente um conceito muito importante,
já abordado em outros tópicos: o pronome relativo. Entre várias funções, o que
pode desempenhar a de pronome relativo. E é antes dele que a vírgula costuma
Para saber se o que é pronome relativo, basta conferir se ele retoma um nome (que
não precisa ser, necessariamente, um nome de pessoa; pode ser qualquer
substantivo ou, ainda, pronome ou numeral). O nome que vem antes do que é
mulher (a mulher que eu amo). Vamos tentar colocar mulher no lugar do que,
para ver se a oração que o que introduz continuará a fazer sentido: a mulher eu
amo. Sim, fez sentido! Para ficar ainda melhor, é só inverter a ordem da oração: eu
amo a mulher. Se o que retomou um nome, pode-se dizer com certeza que é um
pronome relativo. E há outro detalhe, também importante: todo pronome
relativo introduz uma oração (enunciado com verbo). Veja só: Fulana é a
mulher [que eu amo]. Viu? A oração que eu amo está ligada ao nome mulher.
A oração que o que introduz é de que gosto (se houver preposição - a, de, com, /
em, para, sobre, etc. - antes do que, ela integrará a oração que ele introduz). O
nome que vem antes do que é músicas (músicas de que gosto). Se colocarmos
músicas no lugar do que, a oração fará sentido: de músicas gosto (ou gosto de
músicas). Pronto! O que é pronome relativo! E a oração que ele introduz está
ligada a um nome: As músicas [de que gosto] não constam no elepê.
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Outro exemplo:
O que introduz a oração que ela melhore. Será que ele é pronome relativo? Será
que retoma um nome? Vamos tentar pôr o nós em seu lugar: "nós" ela volte. Não
fez sentido. Se não retomou um nome, esse que não é relativo. E pode ver que a
oração que ele introduz não está qualificando um nome, mas complementando um
verbo: Todos nós queremos [que ela melhore]. A oração que ela melhore
completa o verbo queremos. E nunca devemos separar por vírgula um verbo de
seu complemento.
Dica: quando pronome relativo, o que, na maioria das vezes, poderá ser
substituído por O QUAL, A QUAL, OS QUAIS ou AS QUAIS.
Bem, provavelmente você já deve ter compreendido o que como pronome relativo.
Já sabe que ele sempre introduz uma oração. Pois é justamente essa oração que
pode ou não ser isolada por vírgula(s). Tudo vai depender de seu significado, que
pode ser RESTRITIVO ou EXPLICATIVO. Vamos entender?
A oração que fuma não vem entre vírgulas; a que é um ser vivo, por sua vez,
aparece isolada. Por que isso aconteceu?
Ambas são introduzidas por um que relativo, certo? Vejamos qual dessas orações
restringe, delimita o significado do nome a que está ligada. Nos dois casos, o
nome é homem. A oração que fuma está restringindo o significado de homem. De
todos os homens do mundo, a oração que fuma restringe, delimita, aponta
somente aqueles que fumam. Isso quer dizer que a frase em questão não se refere
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a todos os homens do mundo. Diz respeito somente àqueles que fumam. Por isso,
a oração que fumam é restritiva.
A oração destacada no item 2, que é um ser vivo, não restringe nada. Ela nos
fornece uma ideia essencial do homem: todos os homens são seres vivos. É,
portanto, explicativa. Perceba que ela não nos traz novidade alguma. Tanto isso é
verdade que ela poderia ser excluída da frase, sem prejuízo ao significado: O
3) A erosão está fortíssima. O PROBLEMA, que atinge outras áreas, não foi
controlado a tempo.
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Em 1, a oração que liga Curitiba ao interior do Estado foi separada por vírgula
porque é explicativa. Não restringe BR - 376. Aliás, como poderíamos restringir a
BR - 376? Há várias estradas com esse nome por aí? Claro que não. Por esse
motivo, a oração ligada a ele só poderia ser explicativa. E com vírgula.
5) Os efeitos materiais da revelia não incidirão contra o réu que não contestou.
6) Segundo a testemunha fulana de tal, que não presenciou o fato, o réu é pessoa
Em 5, como não foi usada a vírgula, subentende-se que haja mais de um réu e que
a informação se refere especificamente àquele que não contestou.
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refere. Como não foi usada vírgula antes do que, subentende-se que haja mais de
uma testemunha e que o autor se refere, especificamente, àquela que presenciou o
fato.
nova oração é pronome relativo. Outros pronomes relativos comuns: onde, quem,
cujo, o qual, a qual. Exemplos:
3) Não tenho tempo para essa garota, cujas ofensas já aturei o bastante.
No segundo exemplo, a oração a quem devo muito respeito está ligada ao nome
homem. E obviamente o está restringindo: de todos os homens existentes, esse é
um a quem devo respeito.
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/
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frase, supõe-se que o falante já conheça a moça. Se é um ser único, não pode ser
especificado. A oração a ele ligada, logo, é explicativa (com vírgula).
para essa garota ϕ. Tudo certo, não? Porém, se retirarmos a oração restritiva de 2,
a frase terá o sentido original prejudicado, porquanto ficará vaga: Josias é um
homem ϕ...
Sim! Até agora, você só viu as orações explicativas (se são orações, possuem
verbos). Há ainda os termos explicativos, sem verbos. Veja estes exemplos:
/
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Todos os termos entre vírgulas são explicativos porque se referem a um ser único,
já conhecido e citado pelo texto. Não restringem, somente explicam algo essencial
a tais nomes. Podem, inclusive, ser retirados da frase, sem grandes prejuízos a ela.
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UEL João Freitas foi considerado... ("O professor da UEL ϕ foi considerado"), o
leitor simplesmente não saberá de quem se trata, uma vez que há vários
professores na universidade, e o nome delimitaria esse grupo. Outros exemplos:
/
Obs.: Só se usará o cargo com valor restritivo após o nome se houver em questão
mais de uma pessoa com o mesmo nome. Exemplo: Você conhece o João dono da
padaria (supondo que haja um João mecânico também). Esse tipo de construção,
porém, é pouco comum na linguagem formal.
15) Tanto ele, quanto ela são meus amigos – essa vírgula existe?
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Não. Vamos pensar um pouco nessa frase? Você usou um verbo (são), que,
provavelmente, tem um sujeito. Vamos achá-lo: quem são meus amigos? Tanto
ele quanto ela. Perceba que, na verdade, há dois núcleos do sujeito: ele e ela. Eles
são ligados por estruturas correlatas (Tanto... quanto), caso em que a vírgula é
desnecessária. Veja alguns exemplos: Tanto ele quanto ela são meus amigos;
Não só Carlos mas também João vieram à festa; Tanto eu como meu primo
fomos prejudicados.
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Nunca haverá vírgula antes de parênteses. Poderá, sim, haver depois deles,
quando, por exemplo, estiverem no fim de um elemento intercalado. Exemplo:
/
Os acusados, assim como suas mulheres (ou namoradas), estão detidos na...
Somente se o nem for repetido: Nem... nem. Exemplo: Nem os bancários, nem
os banqueiros compareceram; Não querem saber nem de conversa, nem de paz.
Aliás, todas as conjunções repetidas são marcadas por vírgula (antes da segunda,
obviamente): Ora...ora; quer... quer; ou... ou;. etc. Exemplos: Ora viaja, ora fica
em casa; Estarei em casa quer queira, quer não queira.
Observemos estas duas frases: 1) Elas gostam de artistas como Tom Jobim,
Gilberto Gil e Caetano Veloso; 2) Elas gostam de vários artistas, como Tom
Jobim, Gilberto Gil e Caetano Veloso. Notou que antes do segundo como há
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vários artistas, como (por exemplo) Tom Jobim, Gilberto Gil e Caetano Veloso.
Notou a diferença?
Alguns gramáticos a recomendam, outros não. Estes dizem que, pelo significado –
e outras coisas –, a vírgula deve ser dispensada, pois já existe o e (sabe-se que,
geralmente, antes do e não há a vírgula). O argumento é bom, mas os modelos
(leia-se A Vírgula, de Celso Pedro Luft) são mais fortes. Grandes autores e obras –
inclua-se o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa – usam a vírgula. Para
padronizar o uso, recomenda-se o uso da vírgula antes de etc.
Quando se cita somente o artigo da lei, não há vírgula. Se, além do artigo, houver
menção a parágrafo, inciso ou alínea, deverão estes ser isolados por duas
vírgulas (jamais uma só). Cada parágrafo, inciso ou alínea citados devem ser
interpretados como termos intercalados e, por isso, ser isolados por duas vírgulas.
Exemplos:
Artigo 1º da Lei X.
Artigo 1º, parágrafo 2º, da Lei X.
Artigo 1º, parágrafo 2º, inciso III, da Lei X.
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