RESUMO:
A governança corporativa deve ser uma prioridade para as empresas, pelo
fato de gerar valor para seus acionistas. Este artigo visou pesquisar a
implementação da governança corporativa em empresas familiares, examinando-se
os princípios de governança que estão sendo aplicados ou em processo de
implantação, de forma a contribuir com os princípios que ajudarão na
sustentabilidade e na longevidade da empresa.
Como consideração final desta pesquisa, entendeu-se que, para efetivação dos
mecanismos da boa governança, é essencial a profissionalização da empresa
familiar, bem como seu contínuo processo de desenvolvimento organizacional.
PALAVRAS-CHAVE:
GOVERNANÇA CORPORATIVA. EMPRESA FAMILIAR. IMPLEMENTAÇÃO
DE BOAS PRÁTICAS.
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INTRODUÇÃO
Muitas empresas são “herdadas”, passadas de pais para filhos, pois são
familiares. Dessa maneira, os seus sócios / fundadores tem total conhecimento de
cada detalhe do funcionamento da mesma (desde um processo produtivo ou
prestação de um serviço até os controles financeiros), sendo assim, responsáveis
por todas as funções, sejam elas, ideias, estratégias, tomada de decisão e controle.
Ou seja, seu papel dentro da cultura da empresa é muito importante.
De acordo com Bornholdt (2005), a cultura organizacional forma vínculos e
laços que geram união em torno de uma identidade, que são os familiares
vinculados a uma organização familiar. Nestes processos, encontra-se um dos
maiores desafios porque a tendência é que as primeiras gerações centralizem os
controles, e, com a ausência dos fundadores, o processo de gestão e de tomada de
decisões poderá ser comprometido.
Segundo Dias (2003) compreendemos cultura como toda e qualquer conduta
aprendida e seus resultados, cujos elementos são compartilhados e transmitidos
pelos homens que compõem a sociedade. Podemos definir cultura como o conjunto
de traços não materiais e materiais, pois ela apresenta elementos tangíveis (como
máquinas, móveis e decoração por exemplo) e intangíveis (hábitos, costumes,
valores e crenças, por exemplo).
A cultura interfere diretamente na gestão de uma organização, pois uma
gestão mais criativa, mais “aberta”, cria mais oportunidades; e em contrapartida,
quando a empresa não aceita muito bem as mudanças, acaba “engessando” os
processos, e torna-se mais resistente a novas ideias.
Com as práticas de governança corporativa a empresa tem mais possibilidade
de perpetuar no mercado, e atuar com uma visão e um melhor planejamento a longo
prazo, transmitindo maior segurança a todos os stakeholders.
Baseado nisso, destaca-se a importância de se investigar a aplicação da
governança corporativa em uma empresa familiar, examinando-se os princípios
aplicados, de forma a facilitar o processo de implementação.
Este tipo de implementação pode ajudar muito os acionistas a pensarem em
um futuro mais promissor e na sustentabilidade do seu negócio.
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1 A CONTROLADORIA
empresa ganha corpo e para crescer de forma sustentável, precisam ser criados
metodologias e processos.
Todo o negócio nasce com o potencial para expandir e com o desejo de
agregar valor, por isso, as empresas familiares precisam estar preparadas para esse
crescimento. E em empresas familiares a profissionalização da gestão demora muito
para começar.
Profissionalizar a gestão tem a ver com criar processos visando resultados
específicos. Para isso, uma gestão profissional só acontece quando as metas
individuais e da empresa são claramente estabelecidas e monitoradas para avaliar
se a empresa está atingindo os resultados definidos em seus três níveis de
planejamento: o estratégico, o tático e o operacional.
- O planejamento estratégico é uma ferramenta importantíssima para apoiar as
decisões da empresa, permitindo maior chance de a mesma ser bem sucedida.
Relaciona-se com os objetivos de longo prazo e com as estratégias e ações que
serão tomadas para alcançá-los, que afetam a empresa como um todo, sendo de
responsabilidade dos níveis hierárquicos mais elevados da empresa.
- O planejamento tático diz respeito aos objetivos de mais curto prazo e com
estratégias e ações que, normalmente, afetam somente uma parte da empresa, e
desenvolvido pelos níveis intermediários, tendo como principal finalidade a utilização
eficiente dos recursos disponíveis.
- O planejamento operacional pode ser considerado como partes ligadas do
planejamento tático, sendo a legitimação, principalmente através de documentos
escritos, das metodologias de desenvolvimento e implantação estabelecidos, com
foco nas atividades do dia-a-dia.
2 GOVERNANÇA CORPORATIVA
Fonte: IBGC
3 EMPRESAS FAMILIARES
Pontos Fracos:
- A postura autoritária do fundador, que algumas vezes se alterna com atitudes
paternalistas, e que acabam sendo usadas como forma de manipulação;
- Dificuldade para separar dentro da empresa o fator emocional e o racional,
tomando decisões baseadas mais para os interesses pessoais;
- Laços afetivos extremamente fortes, influenciando comportamentos,
relacionamentos e decisões da empresa.
- Expectativa de alta fidelidade dos empregados, que pode gerar um comportamento
de submissão, sufocando a criatividade.
- Ocorrem jogos de poder, onde muitas vezes vale mais a habilidade política do que
a competência administrativa;
- Possui maior resistência às mudanças.
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Pontos Fortes:
- Comando único e centralizado, permitindo decisões mais rápidas em situações de
emergência.
- Desenvolvimento em conjunto.
- Estrutura administrativa pequena, resultando em uma equipe determinada e
dedicada para atingir suas metas e resultados.
- Importantes relações na região com a comunidade e comerciantes, o que leva a
uma maior credibilidade.
- Investimento em novas capacitações dos colaboradores, será um retorno dentro da
própria empresa.
- Quando necessário, financiamentos e outros investimentos podem ser obtidos da
poupança feita pela família, evitando assim juros.
Para Camera e Araújo (2008), o antagonismo entre as instituições família e
empresa, é colocado à prova quando o papel do profissional técnico, racional e
objetivo confunde-se com o papel familiar. A instituição família demonstra aspectos
de intensa afetividade que marcam as relações entre os membros, além de ser
inseparável o vínculo existente. (CAMERA E ARAÚJO, 2008).
Com relação à questão de sucessão, as empresas familiares devem fazer tal
escolha de modo específico, porque à exceção do que acontece naquelas
classificadas como de pequeno porte, há necessidade de profissionais qualificados e
não pertencentes à família em posições-chaves. O segredo estaria em se entender
que o correto é família servir aos negócios, e não vice-versa, segundo Peter Druker
(1994).
As principais causas do insucesso das empresas são a concentração em um
produto (tradicional), a falta de um planejamento estruturado e conflitos em razão da
sucessão. Há um número grande de empresas familiares com potencial de sucesso,
entretanto, devido a alguns problemas, como processo de sucessão, favorecimento
a filhos e parentes na contratação de executivos, falta de liderança em padrões
modernos, má gestão do capital humano, confusão estratégica, entre outros fatores,
acaba comprometendo seu crescimento sustentável.
Devido a esses fatores, Bertucci ET al. (2009) esclarecem a grande
importância e relevância dos estudos dos mecanismos de governança corporativa
em empresas familiares como papel de orientar os processos de sucessão, pois
neste aspecto a empresa precisa realizar a separação entre a gestão e as questões
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para atender ao objetivo proposto neste artigo, foi realizada uma pesquisa em
relação aos procedimentos aplicados pela controladoria e governança corporativa
em empresas familiares.
Visando-se pesquisar a implementação da governança corporativa em
empresas familiares, e examinando-se os princípios de governança que estão sendo
aplicados ou em processo de implantação, de forma a contribuir com os princípios
que ajudarão na sustentabilidade e na longevidade da empresa, que mostra ser uma
excelente ferramenta para ajudar na profissionalização das empresas, gerando valor
tanto para os stakeholders como os acionistas.
Desse modo, a controladoria torna-se um órgão muito importante, pois sua
missão conduz os gestores no processo de gestão, buscando a eficácia e a sinergia
organizacional.
O setor de controladoria dentro das empresas é de extrema importância, pois
ele que irá suprir a necessidade de informações que as empresas passaram a ter
nos últimos tempos, e para isso se faz necessário o processamento e análise destas
informações por um profissional competente, capaz de sistematizar as técnicas
contábeis, parametrizar os softwares e os procedimentos de controles internos em
prol de direcionar a empresa para o sucesso, passando pelas metas propostas.
Para empresas familiares, a governança é utilizada como forma de evitar
conflitos entre famílias controladoras, reduzindo o risco para a continuidade dos
seus negócios a longo prazo, ou seja, das gerações. E cada vez mais a
profissionalização do negócio deve estar alinhada à profissionalização da gestão, de
forma que os acionistas sejam capazes de diferenciar e saberem separar empresa,
patrimônio e família.
A continuidade da empresa familiar fica garantida na medida em que as
normas e regras estruturadas pelos fundadores coincidem com a ideologia familiar
para suas próximas gerações. Desta forma, a profissionalização ajudará bastante,
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pois o novo gestor familiar passará por fases em que haverá necessidade de auxílio,
onde ocorrerá dúvidas e pressões de como agir, para ter segurança.
Em síntese, as empresas familiares devem estar atentas às mudanças e
sempre procurar adaptar-se a elas, pois é com elas que surgem as exigências do
mercado, e principalmente do consumidor. Deve sempre buscar formas de atualizar-
se, uma vez que a atualização é necessária, para não acabar caindo na zona de
conforto. É fundamental o gestor ter o conhecimento de seu negócio e as
capacidades financeiras do seu empreendimento, pois assim será mantida a saúde
financeira e a longevidade de sua empresa.
Este artigo não esgota outras abordagens acerca deste tema, que visam
melhores práticas de governança corporativa, e permite nos conduzir a futuras
propostas sobre adoção de atividades baseadas na sustentabilidade (as quais
devem ser avaliadas pelos órgãos reguladores da economia) e sobre a educação
das novas gerações sob essa mesma ótica (por exemplo).
Mas sabemos que isso é um processo lento, que evolui de acordo com as práticas
sociais ao longo do tempo.
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REFERÊNCIAS
IBGC. (2009). Código das melhores práticas de governança corporativa. 4 ed. São
Paulo: IBGC.