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RELAÇÕES HUMANAS E

ÉTICA PROFISSIONAL
Título
RELAÇÕES HUMANAS E ÉTICA PROFISSIONAL

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e recuperação de informação, sem a permissão escrita do autor.
A reprodução sem a devida autorização constitui pirataria.

MARTINS, Júlio C,A


Relações Humanas e Ética Profissional – Itaúna: GAM, 2017.

ISBN –
APRESENTAÇÃO
As instituições de ensino superior são a ponte para que o indivíduo consiga melhor se quali-
ficar para o mercado de trabalho e, consequentemente, ter a ascensão social tão desejada e
difundida pelo sistema capitalista.

Para que o indivíduo possa desenvolver as suas habilidades, torna-se necessário dar conti-
nuidade aos estudos, frequentando um curso de nível superior nas diversas áreas existentes.
Ao optar pelo curso de sua preferência é necessário que o aluno tenha em mente que estará
entrando para um universo diferente da educação recebida no Ensino Básico e que seu es-
forço pessoal é indispensável para o seu sucesso, principalmente nos cursos à distância e
semipresenciais.

Esse processo envolve realizar todas as atividades solicitadas no seu curso, a capacidade de
ser autodidata e de buscar outras fontes de conhecimento. O objetivo maior deste esforço é
melhorar as suas habilidades e, assim, o desempenho para o mercado de trabalho. Sabemos
que esporadicamente esse mercado é afetado pelas crises econômicas, políticas e sociais
e quem possui o maior grau de conhecimento específico e generalizado consegue suportar
melhor essas variações.

Como esse processo não é apenas econômico e político, mas principalmente social, cabe a
cada um de nós fazer a sua parte através da dedicação à profissão, à educação continuada,
ao desenvolvimento da ética e da cidadania em nosso dia a dia, entre outras ações. Segundo
Voltaire, “a Educação é uma descoberta progressiva de nossa própria ignorância”, assim ao
dar a nossa contribuição para o nosso próprio desenvolvimento, estamos levando adiante um
anseio antigo, o de criar um país mais justo e menos desigual. Felicitamos a todas as pesso-
as que dão continuidade aos estudos ou que tem a iniciativa de voltar aos mesmos, fonte de
desenvolvimento pessoal e profissional.

GRUPO ANDRADE MARTINS

JÚLIO MARTINS
UMÁRI
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO. ............................................................................................................... 05

UNIDADE I - UNIDADE I: HISTÓRIA DA ÉTICA . ......................................................................... 06


1.1. ÉTICA E HISTÓRIA..................................................................................................................................... 07
1.1.1. Pré-socráticos ou filósofos da physis (século VI A.C).............................................................. 08
1.1.2. Sofistas (séculos IV e V A.C) ................................................................................................... 08
1.1.3. Período medieval (da queda do império romano, em 476 D.C, ao século XV) . .................... 10
1.1.4. Filosofia moderna (fim da idade média até início do século XX) . ........................................... 10
1.1.5. Filosofia contemporânea ......................................................................................................... 11

UNIDADE II MORAL E PRINCÍPIOS ÉTICOS . ......................................................................... 12


2.1. A MORAL E A ÉTICA..................................................................................................................... 12
2.1.1. As regras ................................................................................................................................. 13
2.1.2. As normas..............................................................................................................................................14
2.1.3. A liberdade .............................................................................................................................. 15

UNIDADE III – ÉTICA E NORMAS................................................................................... 17


3.1. AS NORMAS .................................................................................................................................. 18
3.1.1. A pessoa e a comunidade........................................................................................................ 19

UNIDADE IV - ÉTICA E POSTURA PROFISSIONAL . ....................................................... 22


4.1. O TRABALHO COMO PRODUTOR DE IDENTIDADE ................................................................... 22
4.2. A POSTURA PROFISSIONAL EM TEMPOS DE ÉTICA EM DESUSO . ...............................................24
4.2.1. Os códigos de ética ................................................................................................................. 25

UNIDADE V - RELAÇÕES HUMANAS NO TRABALHO . .................................................. 27


5.1. A CIENCIA E O SENSO COMUM: MÉTODO E DISCURSO . ............................................................. 27
5.1.1. Uma definição generalista da ciência ..................................................................................... 28
5.1.2. Método e discurso científico ................................................................................................... 29
5.1.3. O senso comum ..................................................................................................................... 29
5.2. CIÊNCIAS HUMANAS: BASES FILOSÓFICAS ............................................................................. 31
5.2.1. Pós-modernidade: afinal, quem somos e onde estamos . ...................................................... 31
5.2.2. A modernidade líquida de Zygmunt Bauman........................................................................... 33
5.2.3. Organizações e instituições . ..............................................................................................................34

UNIDADE VI - MARKETING PESSOAL . ......................................................................... 38


6.1. DEFINIÇÃO..................................................................................................................................... 38
6.2. ASPECTOS QUE ENVOLVEM O MARKETING PESSOAL ........................................................... 39
6.3. TEXTO COMPLEMENTAR . ....................................................................................................................... 42

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................ 44

TESTE DE CONHECIMENTOS ........................................................................................ 47

GABARITOS DAS UNIDADES......................................................................................... 58

Todos os direitos autorais desta apostila foram cedidos ao Júlio Martins e registrado na Biblioteca Nacional.
INTRODUÇÃO

Existem dois ditados muito conhecidos e que explicam e complicam muito as re-
lações humanas. O primeiro deles é que “cada ser humano é único” e o segundo
é que “o ser humano não é uma ilha”, ou seja, cada pessoa tem a sua maneira de
dar sentido às coisas e de ver o mundo, mas, a grande maioria, não consegue viver
isolado. Para analisar e entender melhor a complexidade que surge das relações hu-
manas foi que pesquisadores desenvolveram estudos voltados especificamente para
as relações humanas, a partir da análise da ética, da moral, da Filosofia, entre outros.

Ao estar ciente que as relações entre os indivíduos não se desenvolvem, em boa


parte, de forma harmoniosa é que a sociedade, no seu processo evolutivo, foi
criando hábitos, costumes, regras e normas que permitissem delinear um limite às
ações humanas e que permitissem a convivência baseada em acordos comuns.
Dessa forma, foi surgindo leis, diretrizes e normas de convivência familiar e social,
tendo o Estado como ente maior e isento para juntar provas, analisar e julgar
conflitos entre os indivíduos, seus grupos e, até, entre países.

Como já dito, o ser humano não consegue viver sozinho e cria relação de depen-
dência entre si, portanto um dos principais ambientes em que as relações humanas
devem ser bem trabalhadas é nas empresas. No ambiente de trabalho deve prevale-
cer a relação em grupo, tendo por objetivo a otimização na oferta de bens e serviços
e um ambiente de coleguismo, bem-estar e de trabalho em equipe.

O relacionamento entre os membros de um grupo e de grupos entre si é a causa


de estudos e pesquisas que buscam criar métodos e técnicas que melhorem o entro-
samento desses indivíduos. Esses estudos fazem parte de um processo dinâmico,
pois o seu objeto, os seres humanos, vivem em constantes mudanças que abrangem
as dimensões tempo, espaço e a subjetividade de cada um. Dessa forma, as em-
presas buscam implantar dinâmicas de relacionamento interpessoal, orientadas por
profissionais da área, na tentativa de diminuir os conflitos internos que possam vir
a prejudicar os seus resultados e, consequentemente, ao indivíduo.

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UNIDADE I

HISTÓRIA
DA ÉTICA
UNIDADE I: HISTÓRIA DA ÉTICA

Sendo a ética uma construção humana, uma ditatorial, sem respeitar o sujeito e as possibilida-
aposta na reflexão sobre o agir das pessoas para des tão plurais que podem ser encontradas na
que princípios básicos de convivência e sobrevi- sociedade. De modo geral, trata-se de um hábito
vência sejam garantidos, a mesma evoluiu e con- hipócrita, antiético e que gera ressentimento, já
tinua evoluindo de acordo com o pensamento hu- que não realiza o bem comum, mas apenas su-
mano, as suas necessidades e desafios, ou seja, gere o bem de grupos específicos.
ela não pode estar distante ideologicamente do Desta forma, consideramos o discurso ético
contexto ao qual é refletida. Desta maneira, ca- como aquele que se preocupa com o bem co-
be-nos, primeiramente, diferenciar o discurso éti- mum e com os indivíduos que compõem os gru-
co do discurso moralista, pois ambos estão pre- pos, ou seja, tanto a pessoa quanto a comunida-
sentes nas relações humanas, porém a influência de são elementos igualmente importantes dentro
de cada um traz diferenças qualitativas na vida das das relações humanas.
pessoas. FIG. 1 – Ética

O discurso ético, este que nos interessa nessa


unidade, trata-se de um discurso aberto e que
não dá respostas prontas. Se, por exemplo, so-
mos perguntados sobre questões muito melin-
dres da sociedade e caso adotemos este tipo de
discurso, levaremos em consideração muitas va-
riáveis antes de chegarmos a alguma conclusão.
Este discurso envolve o que chamamos de sujei-
to dialogal. Por meio de uma prática comunitária,
libertadora e ética, este modelo de discurso con- Fonte: Imagem da internet

vive bem com a diferença, com o que não é gene-


ralista e com aquilo que promove a multiplicidade. 1.1. ÉTICA E HISTÓRIA
A filosofia é considerada a forma originária que,
Por outro lado, o discurso moralista é sempre do ponto de vista histórico, constituiu a ciência
fechado. Nele, encontramos respostas prontas e da ética, sendo ela a única forma adequada de
acabadas, geralmente elaboradas para favore- pensarmos esta temática de forma racional. Não
cer algum grupo ou comunidade que não quer se são poucas as tentativas recentes de descons-
haver com o diferente, o incomum. Esta prática trução do saber ético tradicional, o que pode ser
discursiva é feita de cima para baixo, de maneira apontado como o anúncio de um niilismo ético,

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UNIDADE I: HISTÓRIA DA ÉTICA

ou seja, a perda de sentido do ponto de vista da so, sua origem, quais os elementos que o com-
ética. Isso está intrinsecamente ligado aos modos punham. Outra preocupação eram os fenômenos
de estabelecimento de relação entre as pessoas. da natureza. Podemos dizer que este período foi
Na era da “descartabilidade”, em que tratamos as marcado por um profundo questionamento sobre
pessoas tal como lidamos com os objetos, a éti- a origem de todas as coisas e a explicação de
ca vem aparecendo como um campo de reflexão como e porque elas funcionavam de determinada
que pode muito contribuir para pensarmos se maneira. Aqui, preocupa-se com o cosmos. Al-
queremos, de fato, continuar por este caminho. guns filósofos importantes: Tales de Mileto (qual é
o arché – princípio – de todas as coisas?); Herá-
Para o grande estudioso sobre ética, Henrique clito de Éfeso (pantarhei – tudo se move, tudo es-
C. de Lima Vaz (2002, p. 15), “a moral continuou corre); Pitágoras (o número é o princípio de tudo);
mostrando uma tendência a privilegiar a subje- Parmênides (o ser é e não pode não ser; o não
tividade do agir, enquanto a ética aponta prefe- ser não é e não pode ser de modo algum).
rentemente para a realidade histórica e social dos
costumes”. O autor ainda ressalta em Escritos
de Filosofia IV: Introdução à ética filosófica I, que 1.1.2. Sofistas (séculos IV e V A.C):
foi na cultura grega arcaica que ocorrera a transi- Sofista é o termo que significa sábio, especia-
ção da intenção do significado de ethos do cam- lista do saber. Responsáveis por operar uma
po animal para o campo humano, dando origem grande revolução na história da filosofia, eles (os
ao que chamamos de cultura clássica. Por ethos sofistas) “deslocaram o eixo da reflexão filosófi-
compreende-se “a realidade histórico-social dos ca da physise do cosmos para o homem e aquilo
costumes e sua presença no comportamento dos que concerne à vida do homem como membro de
indivíduos” (ibdem, 2002, p. 13). uma sociedade” (REALE, 1990, p. 38). O axioma
que mais revela o cerne deste pensamento é o de
A história da ética irá acompanhar a reflexão Sócrates: “nosce te ipsum” (conhece-te a ti mes-
filosófica e a evolução do pensamento humano, mo). Assim, Sócrates torna-se o “descobridor” da
uma vez que, como já vimos, é da filosofia que essência humana como psyché (alma), protago-
ela nasce. Assim, trazemos os principais perío- nizando Platão em seus “diálogos”. Este filósofo
dos da filosofia e as suas principais ideias: tão importante, nascido em Atenas (470 a 399
A. C), foi acusado de não crer nos deuses das
1.1.1. Pré-socráticos ou filósofos da physis cidades e de corromper os jovens. Ele pode ser
(século VI A.C): considerado também o fundador da filosofia mo-
Os pensadores se preocupavam com o univer- ral ocidental, pois conceitos como liberdade, feli-

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UNIDADE I: HISTÓRIA DA ÉTICA

cidade, verdade e não violência ganharam peso ciências empíricas e se convertendo ao naturalis-
a partir de então e estão presentes nas principais mo e ao empirismo. Podemos ver, na famosa pin-
discussões filosóficas contemporâneas. tura de Rafaello Sanzio (1483), a escola de Atenas
obra do renascimento italiano:
Outro importante pensador deste período foi
FIG. 2 – Escola de Atenas
Platão (428-347 A. C.), discípulo de Sócrates e
fundador da metafísica (meta-physis: aquilo que
está além da física) ocidental e da academia,
inaugurando com a metafísica a discussão sobre
a existência de uma realidade suprassensível, ou
seja, algo que não é da ordem da matéria, reafir-
mando a tendência sobre questões não relacio-
nadas à physis.

A pergunta fundamental de Platão era: será que


a razão daquilo que é físico e mecânico não seria Fonte: Imagem da internet
justamente aquilo que é não físico e não mecâni-
co? Para solucionar este problema, Platão elabo- 1.1.3. Período medieval (da queda do impé-
ra a teoria do hiperurânio ou mundo das ideias, rio romano, em 476 D.C, ao século XV):
dizendo da existência de tais ideias (formas, O teocentrismo juntamente com o domínio da
entidades, substâncias) como representantes igreja católica são a marca principal deste perío-
do verdadeiro ser. Assim, tudo que há no mun- do. O discurso filosófico desta época considera o
do material seriam meras cópias do que está no divino como o detentor do saber, ao qual o homem
mundo das ideias e o bem seria o fundamento e deveria submeter a sua vontade. Santo Agostinho
regulador de todas as ideias. Surge, também com (354-430) e São Tomás de Aquino (1225-1274)
Platão, a concepção dualista do homem (alma x são os principais autores deste período, colocando
corpo), que seria retomada mais tarde por Des- as sagradas escrituras e a fé no topo da importân-
cartes, na filosofia contemporânea. cia deste momento, ou seja, a conduta humana
deveriam se embasar nestas verdades.
Aristóteles (384/322 A. C.), nascido em Estagira,
é considerado um dos pensadores mais univer- 1.1.4. Filosofia moderna (fim da idade média
sais ou o mestre dos mestres, teve interesses um até início do século XX):
tanto quanto diferentes de Platão, inclusive pelas Com uma separação quase radical entre a ciên-

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UNIDADE I: HISTÓRIA DA ÉTICA

cia e a filosofia, o empirismo e o positivismo apa-


recem como os modelos de cientificidade a serem
adotados, promovendo a matetização da expe-
riência, ou seja, dá- se muita importância para a
experiência laboratorial, portanto, a natureza passa
a ser mensurável e o padrão são as medidas uni-
versais. Será a experimentação o motivo pelo qual
o conhecimento será levado ao público e a razão
humana é, mais do que nunca, instrumentalizada.

1.1.5. Filosofia contemporânea


Contemplando o pensamento filosófico desde
meados do século XIX até os nossos dias, este pe-
ríodo da filosofia é o que está mais ligado ao que
podemos experimentar de fato. Por ser algo “novo”,
uma vez que é atual, as correntes filosóficas deste
momento são muito parecidas.

Algumas temáticas estão muito presentes nas dis-


cussões atuais, bem como a felicidade, a angústia,
o consumo, as políticas públicas, entre outras.

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UNIDADE II

MORAL E
PRINCÍPIOS
ÉTICOS
UNIDADE II: MORAL E PRINCÍPIOS ÉTICOS

2.1. A MORAL E A ÉTICA que pode nos auxiliar neste entendimento são
Em tempos de relações tão fragmentadas, os grupos indígenas: eles participam de uma
conforme nos aponta o sociólogo Zigmunt Bau- ética universal, mas possuem as suas normas
man(1998), a filosofia (em uma ação multidis- e os seus valores morais particulares que de-
ciplinar com a sociologia, psicologia, antropo- vem ser respeitados pela sociedade de forma
logia, o direito, entre outras) serve-nos como que, assim feito, terão a sua identidade grupal
uma ferramenta na tentativa de viabilizarmos garantida.
uma profunda reflexão sobre o agir humano,
sobre a nossa prática e, consequentemente, a Nunca se falou tanto em “ter uma identida-
nossa responsabilidade sobre os nossos atos. de” ou em “ser a gente mesmo”, mesmo que
para isso tenhamos que aniquilar a indenti-
Como já vimos na unidade anterior, a Ética dade oposta à nossa. Basta averiguarmos al-
tem uma preocupação com o universal, com o guns programas de governo cada vez mais eli-
coletivo, muito embora não exclua o valor tistas, preconceituosos e com o menor índice
das individualidades, pois a sociedade não é de tolerância possível. Mesmo no século XXI,
“uma nuvem que paira sobre as nossas ainda discriminamos por causa de cor, credo,
cabeças”, mas é composta por indivíduos gênero ou orientação sexual. A ética, de modo
muito singulares: homens e mulheres especial no Brasil, ainda está impregnada
carregados de histórias, dilemas, vitórias e pelo discurso moralista, religioso e partidário
derrotas. Assim, toda a preocupação da que, antes de ver o ser humano, vê o rótulo.
ética (parte da filosofia que se preocupa com Assim, podemos nos perguntar: o que é va-
o agir humano) está voltada para uma lor para cada um de nós? Refletimos sobre as
pergunta essencial: como lidamos com os “bandeiras” que levantamos ou simplesmente
valores sociais que nós mesmos esta- adotamos a ideologia que nos foram
belecemos? “impostas” pelos pais, trabalho, governo?
Enfim, acreditamos no que acreditamos
Do latim mos-moris, moral é a ciência dos porque escolhemos ou fomos escolhidos
costumes e não abarca o conceito grego com para acreditar?
tamanha profundidade tal como quando fala-
mos de ética. Possuidora de um caráter norma- 2.1.1. As regras.
tivo (norma) e prescritivo, a moral diz dos valo- Entendendo a ética como a busca pelo bem
res que norteiam as relações humanas dentro e a evitação do mal, por que tais modelos de
da convivência social, levando em conta as regras e normas não são suficientes para “en-
particularidades de cada grupo. Um exemplo direitar” o comportamento humano? Por que,

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UNIDADE II: MORAL E PRINCÍPIOS ÉTICOS

mesmo sabendo o que é bom e o que é mal, ser humano, a mesma será em vão e não terá
ainda nos desviamos da conduta correta? Po- cumprido a sua missão original que é cuidar.
demos nos perguntar: é possível vivenciar to- Desta forma, a moral e os princípios éticos
das as regras estabelecidas pelos princípios deverão servir para cada um de nós não como
éticos sem que tenhamos o outro como um uma camisa de forças ou uma prisão. Sistemas
detentor de importância, como um sujeito ao que tentam enquadrar o ser humano e norma-
invés de um objeto? Ou seja, a nossa cultura tizá-lo a qualquer custo sempre findaram na
(lembrando que a cultura é formada por indiví- degradação da espécie humana. No Brasil,
duos particulares que integram a sociedade) conhecemos a história da Ditadura que não
favorece o cuidado com o outro? Nas nossas passava de um sistema cunhado por normas
relações, temos nos preocupado com o bem- morais tão rígidas que sequer possibilitava às
-estar e o estar-bem daqueles que convivem pessoas questioná-lo. Assim, podemos nos
comigo? Assim, se as regras estão voltadas perguntar: um sistema moralista que não
para o bem comum, fica mais fácil entender liberta o homem, mas, pelo contrário, o
porque a normalização da ética não é capaz aprisiona em ideias e pensamentos
de padronizar a nossa conduta estritamente. totalitários é um sistema ético? Não. A ética
Ela é uma proposta. A liberdade humana, por serve justamente para averiguar a validade
vezes, pode desviar-se da mesma por causa destes sistemas morais, pois enquanto
de interesses particulares. cuidado e compromisso com a vida e o bem-
estar jamais poderá permitir este tipo de
A moral como norteadora da conduta de gru- sistema. A moral, então, é constantemente
“vigiada”, orientada e balizada pelos valores
pos específicos dentro da sociedade, propõe-
éticos.
-se como um código a ser seguido que pode,
por hora, ser questionado inclusive pela ética,
2.1.2. As normas
já que os valores da sociedade mudam de
No momento em que as questões éticas são
acordo com o homem. Assim, sabemos que é
propostas, tanto por indivíduos quanto por gru-
muito difícil estabelecer um valor como imutá-
pos sociais, falamos que as mesmas podem
vel. Foi justamente a flexibilização de alguns
ser respondidas pela consciência, surgindo as
valores morais que possibilitou a conquista de
normas morais. Se estas questões são res-
tantos grupos que eram (ou ainda são) exclu-
pondidas pelo Estado, dizemos que surgem
ídos, considerados minoritários. Se a ética e
as normas jurídicas. Segundo Cotrim (1997),
a moral não tiverem, em primeiro lugar, um
a diferença entre elas é:
compromisso com a vida, com o bem-estar do
Normas morais: são as regras éticas que têm

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UNIDADE II: MORAL E PRINCÍPIOS ÉTICOS

como base a consciência moral das pessoas ou de a importância em lutarmos por uma sociedade
um grupo social. As normas morais podem se es-
tender por toda uma coletividade mediante os cos-
mais livre e com maior potencial de escolha
tumes e tradições predominantes em determinado para que cada um possa, de fato, responder
meio social(cotrim, 1997, p. 214). pelos seus atos, pelo resultado da sua práxis.
Normas jurídicas: são regras ético-sociais que
tem como base o poder do Estado sobre a popu- Junto à liberdade, a palavra responsabilida-
lação que habita seu territórios. Assim, uma das de (do latim, responder e) diz justamente
principais características da norma jurídica é a co- da nossa condição em responder por aquilo
ercibilidade, isto é, a norma jurídica conta com a
força e a repressão potencial do Estado para ser que fazemos, que decidimos a todo
obedecida pelas pessoas (idem). momento. É o ato de justificar a nossa
conduta de forma consciente. Se a
Caso alguma norma moral seja desrespei- liberdade é esse potencial, o livre-arbítrio
tada, a mesma ofenderá apenas um determi- poderá ser definido de uma forma um pouco
nado grupo específico e não carecerá de inter- diferente: diz do meio, do jeito que
venção do Estado, o que se difere de quando exercemos a nossa capacidade de sermos li-
uma norma jurídica é violada, o que leva o vres. A citação a seguir irá nos ajudar a com-
Estado a intervir, às vezes através da força preender a diferença entre os termos.
bruta ou da imposição de um pena pre-via-
mente estipulada pelo Código Penal. Liberdade é a propriedade de um ser de realizar
em plenitude a sua natureza. Um homem é tanto
mais livre, quanto melhor pode realizar a natureza
2.1.3. A liberdade humana, integral e harmonicamente. Livre-arbítrio é
Um dos aspectos que difere o homem de to- uma faculdade do ser livre, pela qual pode agir ou
não agir; agir desta ou daquela maneira. O livre-ar-
dos os outros seres, a liberdade é compreendi-
bítrio é um meio de realizar a liberdade, e um meio
da como um direito possuído pelo ser humano ambíguo. Bem empregado, liberta; mal empregado,
de escolher. A sua história, o seu caminho e as escravisa. (ÁVILA, 2002, p. 27)
consequências serão orientados pelo tipo de
escolha feita e pela condução da própria vida Nesse contexto, sabemos que a conduta
quando não houver outrem que o faça por ele. humana e as suas motivações jamais pode-
rão ser decifradas. O homem não é um mo-
Entre a liberdade e a consciência moral há delo matemático ou uma ciência empírica que
uma intríseca relação, já que só poderemos pode ser inteiramente compreendida dentro
julgar uma ação caso ela tenha sido executa- de um laboratório. Ele é mais, muito mais, por-
da em liberdade, então só decidimos, que é mistério. Mesmo que a ciência, por mais
escolhemos e somos livres se pudermos avançada que esteja, tente desvendar todos
escolher. Daí os segredos da mente, o seu funcionamento

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UNIDADE II: MORAL E PRINCÍPIOS ÉTICOS

e as suas estruturas, o ser humano continuará


sendo indecifrável. Assim, concluímos que so-
mente por este motivo o homem é livre: nem
ele e nem a sua ação cabem totalmente em
definição alguma.
FIG. 3 – Crítica à falta de ética

Fonte: Imagem da internet

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UNIDADE III

ÉTICA E
NORMAS
UNIDADE III: ÉTICA E NORMAS

A palavra ética nunca esteve tão presente o porque de tantas ações judiciais e da enor-
nos discursos, na escrita e, inclusive, em de- me demanda no campo da justiça e do direito,
núncias como atualmente. Do grego ethikós, uma vez que como seres plurais, diferentes,
“costumes”, “comportamento”, a mesma diz de interesses cada vez mais individualistas
respeito a uma parte da filosofia que “busca (reflexo da nossa práxis, do nosso agir no
refletir sobre o comportamento humano sob o mundo pós-moderno) temos caminhado rumo
ponto de vista das noções de bem e de mal, a eliminação da noção de alteridade (o ho-
de justo e de injusto” (COTRIM, 1993). mem social interage e interdepende do outro).
Então, aquilo que nos difere do outro, que nos
Assim, com dupla finalidade, a ética elabo- faz únicos e individuais tem nos separado das
ra princípios de vida para orientar o ser hu- pessoas, do coletivo, ao invés de simplesmen-
mano rumo a uma ação moralmente correta te tornar-se uma ferramenta na construção de
e, também, busca refletir sobre estes mesmos uma sociedade mais cooperativa, integrada e
sistemas morais elaborados pelo homem. Ou voluntária.
seja, a ética não apenas elabora as normas e
condutas, mas também verifica as suas vali- A definição da palavra ética também pode
dades e, entendido como necessário, executa ser encontrada em vários dicionários. Fazen-
mudanças nos padrões outrora estabelecidos. do uma interação entre o conceito e o campo
O caminho é, então, duplo: criar e resignificar. da psicologia, encontramos a seguinte defini-
A ética, então, tem preocupações práticas: ela ção de acordo com a APA:
orienta-se pelo desejo de unir o saber ao fazer.
1. Ramo da filosofia que investiga tanto o conteú-
Afinal, “a teoria sem a prática é estéril e a práti- do dos juízos morais (i.é., o que é certo e o que é
ca sem a teoria é ingênua”, portanto, o errado) quanto da sua natureza (i.é., se tais juízos
resultado desta proposta será um interação devem ser considerados objetivos ou subjetivos).
O estudo do primeiro tipo de questão, às vezes, é
dialética entre a reflexão e a ação exterior. chamado de ética normativa e do segundo de me-
Ser, saber e fazer são as dimensões básicas taética. Também denominada filosofia moral. 2. Os
princípios de conduta moralmente aceitos por uma
das ciências humanas, principalmente da
pessoa ou grupo ou considerados adequados a um
filosofia. campo específico (p. ex., ética médica) (APA, 2010,
p. 391).
Desta forma, podemos perceber que há uma
relação inerente à vida humana entre a von- 3.1. AS NORMAS:
tade do indivíduo (o desejo pessoal) e a força Se a ética carrega consigo a consideração
do coletivo(do grupal, daquilo que está para daquilo que o meio coletivo elabora a partir das
além de um interesse particular). Isso explica

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UNIDADE III: ÉTICA E NORMAS

noções de bem e de mal, as normas trazem que a mesma não pode ser considerada um
consigo aspectos relacionados aos pradrões valor universal: existem famílias que adotam
e valores que estão mais interligados a grupos esta prática, inclusive depois de várias dis-
específicos e não à instância universal. Assim, cussões e considerações sobre o caso. Por
podemos dizer que as normas possuem, sim, outro lado, esta mesma família pode adotar,
um caráter ético, mas que a sua abrangência ao mesmo tempo, valores como a liberdade
não se equipara às mesmas demandas da éti- de expressão, não proibindo que os filhos e fi-
ca, já que, conforme já foi dito, a mesma se lhas discordem da decisão tomada pelos seus
destina a grupos específicos. Por norma, po- pais. Assim, se por um lado temos uma norma
demos compreender, então: ligada a uma família específica (não levar na-
moradas e namorados para dormir em casa)
1. Padrão ou série de valores que representa o de-
sempenho típico de um grupo ou um indivíduo (de temos, por outro lado, a adoção de um
uma certa idade, por exemplo) contra o qual podem valor ético universal (a abertura à liberdade
ser feitas comparações. 2. A conversão de um es-
de expressão) dentro do mesmo ambiente
core bruto em um escore graduado que é mais fa-
cilmente interpretável, como percentís ou escores (aquela família).
de QI (APA, p.652).
Outro exemplo que pode ser elucidador diz
Fica claro, assim, que a adesão humana de das religiões. Enquanto algumas delas acre-
normas dentro de empresas, escolas, famílias ditam que a relação sexual deve ser pratica-
e tantas outras instituições são adequadas a da apenas depois do casamento, ou seja, a
partir de características muito específicas de virgindade é um valor específico de algumas
cada ambiente ou comunidade, já que não religiões, já que esta prática não é vista como
trabalham com valores universais enquanto um valor universal, algumas religiões propõem
ponto de partida qualitativos e quantitativos. a paz, a liberdade e o amor como práticas ne-
Obviamente, esta diferenciação que aqui fa- cessárias para a perpetuação da humanidade.
zemos tem caráter pedagógico, já que adotar Assim, se por um lado o valor específico sobre
parâmetros normativos não exclui a adoção de a virgindade (norma) fica evidente, por outro
valores universais simultaneamente. Vejamos lado o discurso sobre a paz, a liberdade e o
alguns exemplos: amor (valores éticos universais) também ocor-
Uma família decide que nenhum dos filhos ou re de forma simultânea.
filhas poderá levar as namoradas ou namora-
dos para dormir em casa. Sobre este aspecto, 3.1.1. A pessoa e a comunidade.
estamos falando de uma norma reguladora, já Uma das funções da filosofia, especifi-

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UNIDADE III: ÉTICA E NORMAS

camente da antropologia filosófica, é rela- concluir que o homem só poderá encontrar a


cionar a intersubjetividade e a comunidade, ou sua perfeição caso haja a realização do todo,
seja, discutir o valor ético da sociedade. Para com o devido merecimento do sacrifício indivi-
isto, esta reflexão pode ser demarcada a par- dual em detrimento do coletivo.
tir de dois conceitos tão fundamentais quanto
extremistas: o individualisimo e o coletivismo. As duas perspectivas são válidas desde
Segundo Rabuske (2003): que mediatizadas: uma não pode existir
O individualismo concebe toda forma de comuni-
sem a outra, o que favorece um movimento
dade segundo o modelo do acordo ou contrato, dialético entre comunidade e pessoa. Esta
que dois indivíduos estabelecem em vistas a um implicação nos fornece a ideia de que se
fim. Não se afirma que um contrato explícito esteja
sempre na origem das instituições, mas que ele, há uma “identidade” do “eu”, isto se dá
implicitamente, é o que sustenta as instituições. porque há uma mediatização social, sendo
Fundamentação ontológica: toda realidade é indivi-
um exemplo claro desta afirmação a
dual, apenas as substâncias individuais (pessoas)
são reais no sentido forte do termo ‘realidade’ (RA- formação da identidade de uma criança: ela
BUSKE, 2003, p. 150). começa pela imitação.

Já por coletivismo, o autor considera “a Resumindo, só há a pessoa porque há a so-


comunidade como um todo que precede as ciedade e só há a sociedade porque existem
partes” (ibdem, p. 150). Assim, Rabuske ele- diversas pessoas singulares, únicas. É muito
ge o organismo com os seus membros, leis constante a noção do senso comum da so-
e princípios norteadores de constituição como ciedade parecer como uma “nuvem” sobre as
o modelo ideal, sendo que a sua fundamen- nossas cabeças. Esta concepção errônea aju-
tação ontológica, diferente da que ocorre no da inclusive a fomentar a ideologia de que nós
individualismo, funciona da seguinte maneira: indivíduos não somos tão responsáveis pelo
O que tem unidade e forma própria, também tem que ocorre, já que “a sociedade” é quem faz
um ser próprio; este abarca e domina os indivíduos isso ou aquilo.
como o todo abrange e domina as partes; portanto,
a comunidade existe num sentido mais perfeito do
que os indivíduos (ibdem, p. 150). Portanto, cabe a cada um de nós,
sujeitos particulares, mas inseridos no meio
Desta forma, a fundamentação ética dentro social, perceber que somos parte de um
do campo do coletivismo não poderia ser dife- grande projeto chamado sociedade e que a
rente: o bem-estar comum estará sempre aci- supervalorização de um indivíduo em
ma da felicidade individual, o que nos leva a detrimento dos grupos ou a valorização
apenas da maioria das pessoas sem levar
em consideração as necessidades

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UNIDADE III: ÉTICA E NORMAS

individuais de cada membro social é o que


pode nos levar à ruína e a um grande “mal es-
tar” nas relações.

FIG. 4 – O individual e o social

Fonte: Imagem da internet

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UNIDADE IV

ÉTICA E
POSTURA
PROFISSIONAL
UNIDADE IV: ÉTICA E POSTURA PROFISSIONAL

4.1. O TRABALHO COMO PRODUTOR DE laboral que desvincula o processo de produção


IDENTIDADE. da realização humana é o alto índice de adoe-
Identidade (do latim idem: o mesmo, a mesma) cimento no trabalho, razão de elevado grau do
segundo o dicionário de psicologia da Dorsch famoso absenteísmo. Conforme afirma Maria
(2001) é “ a unidade e inalterabilidade última de das GraçasJacques(2003, p. 6) “a psicologia
um ‘si mesmo’ (coisa, indivíduo, conceito, etc) organizacional e do trabalho é convidada a au-
no que tem de próprio e dele mesmo. Com isto, xiliar na análise do homem versus trabalho e as
a identidade se distingui da igualdade, como li- suas implicações sobre o sistema produtivo e
mite de semelhança”(DORSCH, 2001, p.467). sobre o contexto socioeconômico”.

É válido ressaltar, como nos orienta Bauman Dessa forma, identidade propõe uma noção
(2001), que o conceito e, principalmente, o uso de estabilidade, remetendo-nos aos conceitos
do termo identidade é essencialmente novo, de igual e diferente, permanente e mutante, de
visto que será com o nascimento da moderni- individual e coletivo, quando nos referimos ao
dade que o mesmo representará a substituição termo como oposto ao coletivo. Trabalho (do
dos valores coletivos pela noção de homem en- latim tripalium, instrumento de tortura e instru-
quanto ser único. mento de cultivo de cereais) faz alusão ao so-
frimento.
O fator humano, ou seja, esta particularidade
dentro das organizações que carece de contro-Na sociedade contemporânea, quando fala-
le absoluto, tem sido objeto de várias pesquisas
mos do papel do trabalhador, estamos locali-
e estudos, sobretudo em uma época em que zando um dos principais papéis sociais repre-
o produto final está cercado pelas implicações,
sentativos do eu. Basta observarmos as nossas
inclusive trabalhistas, nas quais o ser humano
relações no trabalho para identificarmos uma
se envolve. Não são raras as pesquisas, oshierarquia, que é, na maioria da vezes,
questionários (principalmente de marketing)
vertical e que determina e condiciona o nosso
nas quais nos submetemos vez ou outra na modo de “ser-no-mundo” (expressão do
tentativa desesperada do mercado de compre-
filósofo existencialista Martin Heidegger,de
ender melhor o homem e os seus desejos, suas
1997, que diz da forma com a qual estamos
necessidades, transformando-os, então, em lu-
inseridos nas nossas relações, da nossa
cro. existência enquanto modo). O homo faber
(homem que faz) tomou o lugar do homo
Uma das consequências de uma experiência sapiens (homem que sabe) exatamente no
momento em que o lucro passou

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UNIDADE III: ÉTICA E POSTURA PROFISSIONAL

a ser o grande regulador das relações no tra- nortear o mundo do trabalho. A mulher, ainda
balho. Afinal, não seriam as palavras resultado, no séc. XXI, ocupa lugar de desigualdade sa-
meta, prejuízo e produção as mais escutadas larial em relação ao homem, mesmo depois
por nós no nosso ambiente de trabalho? de “tantos avanços” e a determinação de clas-
ses talvez seja a mais relevante no que tange
Outro aspecto que evidencia a importância do à identidade profissional. Assim, os processos
homo faber é a respeitabilidade por quem quer identificatórios irão formar seus pares, o que
que seja considerado um “homem trabalha- significa que as relações no trabalho tendem a
dor” ou uma “mulher trabalhadora”. Aquele ou seguir uma ordem pré-estabelecida de grupos
aquela que se encontra em posição contrária que se unem. A qualificação ou desqualificação
é, por hora, considerado quase um objeto (um do eu vai se organizando em torno da lógica da
não sujeito), mesmo que momentaneamen- meritocracia (deve ser promovido quem mere-
te. O imaginário social será, assim, um parque ce, sem serem observadas as condições que
de diversões nas construções acerca do que o sujeito teve para ser ou não promovido) e a
deve ou não deve ser um sujeito trabalhador. formação de identidade, saudável ou adoeci-
Também as “doenças dos nervos” ou as “crises da, se instala. A aposentadoria pode se tornar,
nervosas” adentram o cotidiano trabalhista tal por tanto tempo sonhada, um pesadelo quando
como as encefaléias, o que é considerado uma pensamos a lógica da produção. Ficar “atoa” na
ameaça à identidade laboral. pós modernidade é considerado um “pecado
social”.
Assim, o trabalho é considerado na sociedade
ocidental, na maioria das vezes, como aquilo Desta forma, podemos considerar o trabalho
que diz da nossa condição humana, daquilo como um grande labirinto que ora nos fortalece
que essencialmente nos faz diferentes do que emocionalmente e empodera o eu, ora sujere
não somos. É claro que esta perspectiva não um lugar desqualificado e de empobrecimento
passa de mais um dos componentes do capita- da auto estima e, consequentemente, das nos-
lismo. O mundo do trabalho se tornou o locus sas relações socias. Formulários, entrevistas,
da mediação entre o homem, as suas relações redes sociais, roda de amigos: em todos es-
e o seu produto. tes lugares, não raro, acabamos misturando o
“quem somos” com o “o que fazemos”.
Outro aspecto válido de ressaltar é a deter-
minação de gênero (masculino ou feminino) e
a de classes sociais (pobre ou rico) que irão

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UNIDADE IV: ÉTICA E POSTURA PROFISSIONAL

4.2. A POSTURA PROFISSIONAL EM TEM- de emprego” ou “as dez regras do que fazer e
POS DE ÉTICA EM DESUSO. não fazer perto de um patrão”. Trata-se, então,
de um modo de ser no mundo, nos dizeres do
Tornaram-se incomuns os casos mostra- filósofo alemão MartimHeidegger (1997), de
dos pela mídia onde pessoas desconhecidas uma prática pautada pelo equilíbrio, pela aber-
são mostradas cometendo atos que, infeliz- tura ao outro e pela certeza de que os valores
mente, tornaram-se raros nas relações huma- humanos, mesmo em tempos de crise, preci-
nas. São homens e mulheres, geralmente tra- sam balizar a conduta dos indivíduos e grupos
balhadores comuns, que encontram montantes sociais.
de dinheiro e, o que nos assusta, ao invés de
os tomarem para si, procuram os donos e de- Por causa de um práxis que está pouco pau-
volvem o dinheiro. O que deveria ser uma prá- tado nestes valores e nesta postura, os mais
tica comum, normal e corriqueira, acaba por variados conselhos de ética necessitam im-
tornar-se motivo de título de cidadão do bem. plantar regras de funcionamento profissional
Assim, perguntamo-nos: que sociedade é esta para que as consultas de cada classe profissio-
em que ficamos surpresos com a prática do nal seja padronizada, pensando no bem-estar
bem e passivos ou acostumados com a prática do homem e na nossa responsabilidade frente
do mal? ao outro, seja ela ecológica, econômica, emo-
cional, entre outras.
A filósofaHannah Arendt (2001), autora de
uma das obras mais importantes do século 4.2.1. Os códigos de ética.
XX, trouxe à tona um dos conceitos mais co- Na tentativa de fazer com que a prática tra-
nhecidos da filosofia, a “banalidade do mal”, balhista tenho um valor coletivo e não apenas
um tipo de prática e característica cultural queindividual, foram criados os códigos de ética
não constitui o pensamento crítico, no qual o de várias profissões. Médicos, psicólogos, en-
homem nega a si mesmo e ao outro ao fazer fermeiros, dentistas, enfim, os profissionais
parte da “máquina do sistema”, deixando-se da maioria das áreas têm um conjunto de
levar pelas relações de destruição e maldade acordos estabelecidos a partir de um
exacerbadas e por acatar ordens e regras sem padrão ético e consensual e que estabelece
refleti-las, sem fazer qualquer tipo de exame dediretrizes e limites para a sua conduta. O não
consciência relacionado as suas ações. cumprimento destes códigos poderá inclusive
culminar na exoneração e na cassação do
A postura profissional, assim, está para muito registro profissional de um trabalhador.
além de “como se comportar numa entrevista

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UNIDADE III: ÉTICA E POSTURA PROFISSIONAL

No Brasil, foi decretada e estabelecida, em 1º


de maio de 1943, a Consolidações das Leis
Trabalhistas (CLT), as quais norteiam a
conduta do empregado e, também, do
empregador. No caso de não cumprimento
das mesmas, qualquer uma das partes
poderá revogar os seus direitos através das
ações trabalhistas, requerendo o adequa-
mento do que reza a CLT. Estes
códigos são criados e revisados de acordo com
a necessidade e as mudanças sociais, sem dei-
xar de lado os princípios norteadores universais
e nacionais e os documentos mais importantes,
bem como a Declaração Universal dos Direitos
Humanos (1948), a Constituição da República
Federativa do Brasil (1988), dentre outros.

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UNIDADE V

RELAÇÕES
HUMANAS NO
TRABALHO
UNIDADE V: RELAÇÕES HUMANAS NO TRABALHO

Esta unidade irá abordar alguns conceitos e dentro da pesquisa científica, possibilitam o iso-
discussões centrais sobre as relações humanas lamento de uma causa como, por exemplo: é
a partir do campo científico, de modo específico consenso universal que a terra gira em torno
sobre o viés da metodologia do conhecimen- do sol. Esta causa serve de base para vários
to. Desta forma, iremos refletir sobre o discurso estudos e não há necessidade de refutar a
científico, o discurso do senso comum, a rela- mesma. Os fenômenos humanos são o
ção entre sujeito versus objeto, dentre outras resultado de uma série de interação de
temáticas. Também recorreremos à sociologia causas como, por exemplo, a criminalidade
e à filosofia para explicar alguns fenômenos das está relacionada à pobreza, influência
relações humanas que influenciam diretamente familiar, espaço geográfico, exclusão social,
nas relações trabalhistas, já que não é possível etc. Não há apenas uma causa universal que
separarmos umas das outras, pois, como será defina a criminalidade, ela não se reduz a um
visto, não é possível dissociar o homem do seu único fator.
trabalho.
5.1.1. Uma definição generalista da ciência.
Ciência é um saber organizado e metódico
5.1. A CIENCIA E O SENSO COMUM: MÉ- acerca de determinada realidade e suas pro-
TODO E DISCURSO. priedades à luz das causas que compõem tal
Não é raro nos depararmos com notícias e re- realidade. Através desta definição, podemos
portagens diárias falando de alguma descober- perceber que sempre haverá necessidade de
ta da ciência. Cura, evolução, avanço, pesqui- um método (do grego methodos, que diz respei-
sa e descoberta são palavras que chegam aos to a um caminho para chegar a um fim), de um
nossos ouvidos e aos nossos olhos, deixando- sujeito (aquele que se dispõe a percorrer um
-nos mais esperançosos e com um sentimento caminho em busca de um fim) e de um obje-
de progresso, de que a humanidade está no ca- to (aquilo que é estudado) para se “fazer” ci-
minho certo. Mas, será que a ciência é, de fato, ência. O discurso científico estará, geralmente,
neutra? Ou ela está carregada de intenções? mesclado por uma determinada teoria (ciência
Como se “faz” ciência? Quais são seus princí- pura) e a observação (ciência aplicada).
pios básicos? E o principal: o que é ciência?
Antes de tudo, é válido fazer uma distinção. A metodologia utilizada é composta por um
Os fenômenos naturais são aqueles que, conjunto de regras pré estabelecidas para re-
alizar uma pesquisa (indagação, pergunta ou

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UNIDADE V: RELAÇÕES HUMANAS NO TRABALHO

questionamento). Assim, toda pesquisa terá A ciência considerando-se detentora de um


como pressuposto um conjunto de conheci- saber ordenado, diz-se “senhora de si mesma”,
mentos ordenados, supostamente precisos, em possuindo os meios necessários e suficientes
relação a um determinado domínio do saber. para estabelecer a verdade no seu domínio
A ciência trabalha com a ideia de progres- e alega que ninguém tem fundamentos para
so, de continuidade, de evolução. Um exem- negar as verdades estabelecidas como tais. A
plo desta perspectiva no campo da biologia é ciência, intitula-se defensora da verdade. Se-
justamente a Teoria da Evolução de Charles gundo Edwin Guthrie(1966):
Darwin(ARAGUAIA, 2015)que, como sabe-
[...] os eventos não podem ser ‘verdadeiros’ agora
mos, tem como uma das suas prerrogativas a e tornar-se logo ‘falsos’, embora os enunciados a
constância, a manutenção e, inclusive, a sobre- seu respeito possam ser aceitos num determinado
momento e não no outro. Quando dizemos, “pas-
vivência de determinada espécie em detrimen- semos aos fatos”, o que estamos dizendo é muito
to da sua maior adaptação ao meio ambiente. mais de que devemos observar, ouvir, ou cheirar,
ou tocar objetos reais. O que estamos realmente
Desta forma, a ciência visa não apenas a uma propondo é que procuremos todos descobrir certos
regularidade, a um standard (padrão), mas enunciados sobre os quais possamos concordar
unanimamente (GUTHRIE, 1966, p. 76)
também visa convencer a sociedade de que há
uma rota, um caminho certo que estará sendo
5.1.3. O senso comum.
seguido. Algumas das ferramentas utilizadas
Em “Filosofia da Ciência: Introdução ao Jogo
nesta empreitada são a previsão e o controle.
e suas Regras”, Rubem Alves (2000, p. 45) es-
tabelece que “não importam as diferenças que
5.1.2. Método e discurso científico.
separam o senso comum da ciência: ambos
Dessa forma, todo conhecimento humano,
estão em busca da ordem”. Para o filósofo, há
segundo a ciência, será traçado por meio da
uma exigência de ordem que é inerente à so-
seguinte relação:
brevivência humana; não há vida sem ordem
FIG. 5 – Relações que produzem conhecimento e nem comportamento inteligente sem ela. Se-
gundo Prescott(1961, p. 83), “o indivíduo deve
Sujeito Objeto sentir que vive num ambiente estável e inteligí-
vel, no qual sabe o que fazer e como fazer”.
Saber Científico

A inspiração mais profunda da ciência, então,


não é um privilégio da mesma, dado que o de-
Fonte: Elaborada pelo autor

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UNIDADE V: RELAÇÕES HUMANAS NO TRABALHO

sejo pela ordem é de caráter mais primitivo. A palavras ordem e desejo. Mas, então, qual a di-
prova disso é que se não necessitássemos da fença da ordem científica para a ordem do senso
ordem para sobreviver, não a procuraríamos. comum? Para Alves (2000, p. 62) “os esquemas
Desta maneira, a ciência (busca da ordem) é do senso comum são absurdos, enquanto isso
uma função da vida. “Uma ciência que se divor- não acontece com a ciência”. Absurdo, aqui, não
ciou da vida perdeu sua legitimação”, corrobora denota aquilo que não poderia ser, mas a prer-
Rubem Alves (2000, p. 45). A ordem, então, não rogativa de que o mundo de cada um é sem-
é algo evidente, mas, sim, uma elaboração hu- pre lógico do seu próprio ponto de vista.Como
mana. visto com Guthrie (1966), para fazer ciência, o
senso comum costuma ser menosprezado pe-
Nesse contexto, questiona-se: qual a diferença los pesquisadores. Isso ocorre pelo fato de que
da ordem do senso comum e da ordem da ciên- o mesmo não pretende à verdade universal, à
cia? A primeira busca satisfazer o desejo. Já a objetivação dos fenômenos e à ordem universal.
segunda, a da ciência, busca a imparcialidade
e a objetividade. A ordem da ciência é invisível, E no caso das ciências humanas é possível fa-
universal e já que não está tão clara, pois care- lar em uma ordem científica? O homem é um ob-
ce de maior elaboração; podemos dizer que a jeto de estudo controlável cientificamente? Aqui,
mesma “dá mais trabalho” para ser estabeleci- caímos em um dilema epistemológico: o homem
da. Não é possível negar, entretendo, que essas é sujeito e objeto de si mesmo. Este mesmo
duas modalidades apresentam visões de ordem que pesquisa, que observa, que quer controlar
muito diferentes uma da outra. Uma pergun- é, simultaneamente, o objeto estudado,
ta que pode ajudar é: o seu comportamento é pesquisado, controlado. Esta ambivalência
“científico”? Os seus desejos, sonhos e agir são estabelece aquela interação de causas que já
demasiadamente organizados? Como você os foi contemplada e deflagra a dificuldade que o
descreve? ser humano tem de falar de si mesmo. Afinal,
como estabelecer verdades universais de um
O mundo humano está organizado a partir dos objeto que varia tanto?
desejos e é do desejo que surge a música, a
arte, a pintura, a religião, entre outros produtos Desta forma, podemos concluir que o discur-
“demasiadamente humanos”, como diria Nietzs- so do senso comum e o discurso científico nas-
che(2012). Note que a afirmação relaciona as cem da mesma necessidade e intenção: esta-
belecer a ordem. Porém, as formas como os

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UNIDADE V: RELAÇÕES HUMANAS NO TRABALHO

mesmos se apresentam e a maneira como são


abordados é que irão balizar as suas diferen- “Se Deus não existe, tudo é permitido”
ças e aplicações. (Dostoievski)

5.2. CIÊNCIAS HUMANAS: BASES FILO- A nossa cultura, aqui entendida como oci-
SÓFICAS dental, é vista tanto como fonte de progresso e
berço da ciência moderna, como de destruição
“Uma vida sem busca do planeta, dilapidação dos recursos naturais
não é digna de ser vivida” e empobrecimento das relações humanas,
(Sócrates) tendo como um dos principais motivos as leis
que regem o capitalismo neoliberal: já faz
Segundo o Dicionário de Filosofia, de Mora (1978): tempo que trocamos o ser pelo ter. A posse
(materialismo) estrangulou o estatuto da
O significado etimológico de filosofia é “amor à sabe-
doria”. A concepção da filosofia como uma procura da
essência (ontologia). Assim, a técnica foi a
filosofia por ela própria conclui numa explicação do chave-mestra que iniciou essa engrenagem
mundo que utiliza um método racional-especulativo,
multifacetada que chamamos de pós-
coincida ou não com a mitologia. Desde então o termo
filosofia tem valido com frequência como expressão modenidade (ou hipermodernidade).
desse “procurar a sabedoria”. Inicialmente, com efeito, De acordo com Rabuske (2003), podemos
a filosofia estava misturada com a mitologia e com a
cosmogonia; isto tem levado a perguntar-se se a filoso- falar da cultura sobre dois polos: o da cultura
fia grega carece de antecedentes ou não. Alguns au- tradicional e outro que se refere à cultura tec-
tores indicam que as condições históricas dentro das
quais emergiu a filosofia (fundação de cidades gregas nocentrista. A primeira diz respeito às coisas
nas costas da Ásia menor e no sul da Itália, expansão do espírito: filosofia, ética, artes, religião. Esta,
comercial, etc.) são peculiares da Grécia e, portanto, a
filosofia só podia surgir entre os gregos. Outros assina-
como já vimos na unidade anterior, tem suas ra-
laram que há influências orientais, por exemplo, egíp- ízes na Grécia antiga e na bíblia
cias. Outros, finalmente, indicam que na China e espe- (cristianismo). Já a cultura tecnocentrista trás
cialmente na Índia houve especulações que merecem,
sem restrições, o nome de filosóficas. Qualquer que em seu seio um aspecto de indiferença à
seja a posição que se adote, é forçoso reconhecer por existência do homem enquanto essencial.
sentido que o termo filosofia atingiu a sua maturidade
apenas na Grécia (MORA, 1978, p. 45). Aqui, cabe a pergunta: qual é, então, a visão de
homem que temos? O que é o homem para
5.2.1. Pós-modernidade: afinal, quem so- nós, sujeitos pós-modernos?
mos e onde estamos? É possível conciliar estes dois polos? Segun-
do o autor, o que se percebe é uma mediação

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UNIDADE V: RELAÇÕES HUMANAS NO TRABALHO

feita pelo homem: ele extrai elementos dos dois 5.2.2. A modernidade líquida de Zygmunt
polos a seu favor, seja o enraizamento que foi Bauman.
lhe dado pela cultura tradicional, sejam os ins- Para Bauman (2001), as diversas modi-
trumentos eficazes ofertados pela pós-moder- ficações sociais que estamos experimentando
nidade. Desta forma, cabe-nos estar atentos de forma cada vez mais fugaz fazem com que
aos limites de cada um destes polos. Precisa- os laços sociais fiquem cada vez mais líquidos
mos refletir sobre as possibilidades de exage- (sem consistência). A individualização, o desa-
ros oriundos de cada uma dessas vertentes, no pego e a rápida exclusão de tudo aquilo que
anseio de adotarmos uma posição madura e se torna rapidamente obsoleto serão as mar-
saudável no que tange as nossas relações, cas principais dos nossos relacionamentos,
práticas e produções. Como podemos ou seja, vivemos a era da “descartabilidade”.
perceber esta ambivalência no mundo do O anonimato nas grandes metrópoles e nos
“trabalho”? Como podemos colocar o centros urbanos contribuem para a invisibilida-
sistema da ciência (ação) e o sistema do de do homem, o que nos gera uma sensação
homem (vontade) em consonância? de “liberdade”. Aqui, cabe lembramos a música
Quatro Vezes Você, da banda Capital Inicial, do
De acordo com Rabuske (2003), a cultura álbum Rosas e Vinhos (2002), que retrata jus-
também é considerada um sistema, na qual a tamente a invisibilidade contemporânea:
existência humana (vontade, desejo) e a sua
ação (atividade, produção) podem se interpre- “Rafaela está trancada há dois
tar e conectar. Mas, esse tipo de conexão nunca dias no banheiro enquanto a
será total, dada a complexidade do ser humano sua mãe toma prozac,
e o seu movimento dialético. Haverá sempre enche a cara
uma nova necessidade de interpretação que e dorme o dia inteiro
carecerá por mais uma outra e, assim, infinita- parece muito, mas podia ser Carolina
mente. Para Ladrière (1978), trata-se de fazer pinta as unhas roídas de vermelho em vez
um “meio-de-campo” entre a esfera íntima e a de estudar
esfera pública. O refúgio em apenas uma delas fica fazendo poses
não poderá ajudar o homem a ser gerenciador nua no espelho
da ciência, em vez de gerenciado por ela. parece estranho, mas podia ser
O que você faz quando

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UNIDADE V: RELAÇÕES HUMANAS NO TRABALHO

ninguém te vê fazendo leves viajamos, com maior facilidade e rapidez nos mo-
vemos (BAUMAN, 2001, p. 8).
ou o que você queria fazer
se ninguém pudesse te ver” É justamente essa liquidez ou esse excesso
de afrouxamento nas relações modernas que
(banda Capital Iinicial) nos trancaram em casa com medo, síndrome
do pânico, depressão, sentimento de solidão e
Desta forma, as responsabilidades se en- ansiedade. Ganha notoriedade, então, a figura
contram reservadas às esferas individuais, do “consumidor”, considerado cidadão por sta-
argumento típico do sistema neoliberal con- tus, o comprador será a grande força que impul-
temporâneo: o setor público perde as suas res- siona e mantém a dinâmica rápida e constante
ponsabilidades frente à liberdade e a autonomia de mudanças no mercado. Afinal de contas,
das pessoas individuais. As empresas privadas quanto mais compramos, mais podemos agili-
é que irão reger, embora não tenhamos tanta zar o processo de fluidez das coisas. O celular,
noção disso, o sistema. O que isso reflete nas o carro e a roupa de poucos meses atrás já não
relações humanas? Mercantilizamos a relação nos servem, pois estão ultrapassados. E o na-
eu-outro e os laços encontram-se frágeis. moro? E o casamento? Será que também não
Namoros, casamentos, amizades e até a estão? Quem são, então, aqueles que não con-
nossa durabilidade nas empresas estão em tribuem para este tipo de dinâmica?
risco, pois o compromisso agora é individual.
[...] tendem a ser as partes mais dispensáveis, dis-
A nossa tão sonhada liberdade e poníveis e trocáveis do sistema econômico. Em seus
individualidade, solicitadas na Revolução requisitos de empregos não constam habilidades par-
ticulares, nem a arte da integração social com clien-
Francesa, no Iluminismo e nas nossas tes – e assim, os mais fáceis de substituir têm poucas
passeatas parecem ter-nos dado em troca uma qualidades especiais que poderiam inspirar seus em-
pregados a desejar mantê-los a todo o custo; contro-
espécie de ressaca existencial.
lam, se tanto, apenas parte residual do poder de bar-
ganha. Sabem que são dispensáveis, e por isso não
Diz-nos Bauman (2001): veem razões para aderir ou se comprometer com seu
trabalho ou entrar numa associação mais durável com
Os fluidos se movem facilmente. Eles ‘fluem’, ‘escor- seus companheiros e trabalho. Para evitar frustração
rem’, ‘esvaem-se’, ‘respingam’, ‘transbordam’, ‘vazam’, iminente, tendem a desconfiar de qualquer lealdade
‘inundam’, ‘borrifam’, ‘pingam’, são ‘filtrados’, ‘destila- em relação ao local de trabalho e relutam em inscrever
dos’; diferentemente dos sólidos, não são facilmente seus próprios planos de vida em um futuro projetado
contidos – contornam certos obstáculos, dissolvem para a empresa. É uma reação natural à “flexibilidade”
outros e invadem ou inundam seu caminho [...] asso- do mercado no trabalho, que, quando traduzida na ex-
ciamos ‘leveza’ ou ‘ausência de peso’ à mobilidade e à periência individual da vida, significa que a segurança
inconstância: sabemos pela prática que quanto mais

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UNIDADE V: RELAÇÕES HUMANAS NO TRABALHO

de longo prazo é a última coisa que se aprende a as- são e não são, do que pode e não pode ser
sociar ao trabalho que se realiza (BAUMAN, 2001, p.
174-175).
realizado, por exemplo.

5.2.3. Organizações e instituições. O autor trás no seu compêndio de análise ins-


O institucionalismo conceitua a sociedade titucional um exemplo de instituição que não é
como a forma organizada da associação huma- materializável, mas que organiza e define as
na e a história como o devir da sociedade formas de comunicação humana: a linguagem.
no tempo. Mas, antes de darmos sequên- Assim, com a gramática (conjunto de regras e
cia aos conceitos, podemos nos perguntar: formas sobre a linguagem) podemos criar um
qual é ou quais são as funções das institu- mundo infinito de mensagens, mas estas estão
ições na vida humana? organizadas por, pelo menos, um conjunto de
regras indispensáveis. Não conhecê-la ou não
SegundoBaremblitt (1995), a sociedade é fazer uso daquilo que consideramos o básico
uma rede, um tecido de instituições. As instiui- da língua acarreta-nos um preço: a impossíbili-
ções são lógicas, que podem ser leis, normas dade da comunicação.
ou, até mesmo, hábitos ou regularidades de
comportamentos, dependendo da forma como Outro exemplo de instituição, talvez mais fá-
estão colocadas e situadas na sociedade. As cil de ser apreendida, é a que regula os graus
leis e normas geralmente estão escritas, mas de parentesco: pai, mãe, irmão, irmã, sobrinho,
outras formas de institucionalização estão pre- entre outros , são funções e papéis sociais com-
sentes no mundo sem que haja tal formaliza- preendidos quase que por todo cidadão adul-
ção. No entanto, nas suas maneiras, podemos to. Não é atoa que quando estas funções não
dizer que há uma lógica que visa regularizar a são exercidas com a “regularidade” esperada,
atividade humana. Portanto, as instituições e cria-se um discurso pedagogizante, ou seja, de
suas lógicas existem como ferramenta de pro- correção em relação aos “desvios”. Aqui, cabe-
teção da vida humana (a princípio seria este o -nos também fazer uma análise, inclusive insti-
seu primeiro ofício) que funcionará através de tucional: como vemos as funções sociais acima
uma série de convenções sociais que irão for- relatadas? Para você, o que seria a instituição
malizar e orientar a atividade das pessoas. Esta família? Como andam as funções sociais nas
lógica, que nem sempre é possível ser perce- novas modalidades familiares?
bida de forma clara, diz daquilo que as coisas Não poderíamos deixar de lado a institui-

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UNIDADE V: RELAÇÕES HUMANAS NO TRABALHO

ção que mais nos interessa aqui: o trabalho. Analisadas sob a ótica do invisível, as institui-
Como um dos maiores mecanismos de pro- ções se diferem das organizações, que são a
dução de identidade, o trabalho também forma “materializada” das mesmas, como “dis-
apresenta as suas lógicas e formatos, tanto positivos concretos”. Se não é possível “ver”
que aqui no Brasil temos como seu principal a educação, a família, a justiça, etc, podemos
regulador a CLT.A divisão do trabalho, uma perceber as organizações mais concretamente.
das suas lógicas, se dá não necessariamen- Diz-nos Baremblitt (1992):
te pela importância produtiva daqueles que
As organizações são grandes ou pequenos conjuntos
detêm estes lugares, mas pelo seu prestígio de formas materiais que concretizam as opções que
e lucro. Se fosse o contrário, o lixeiro, o pa- as instituições distribuem e enunciam. Isto é, as insti-
tuições não teriam vida, não teriam realidade social se-
deiro e a empregada doméstica seriam talvez não através das organizações. Mas as organizações
os mais bem assalariados no mercado. Isso não teriam sentido, não teriam objetivo, não teriam
direção se não estivessem informadas como estão,
revela que vivemos em um sistema que
pelas instituições (1992, p. 27).
enfatiza o status e o resultado final de
produção. Afinal, não seriam estes “Abaixo” das organizações, podemos perce-
trabalhadores os que estariam lidando com ber ainda mais nitidamente os estabelecimen-
necessidades mais que básicas e tos, que são formas menores de materialização
essenciais? das instituições. Assim, uma “escola” seria um
estabelecimento da organização “Ministério da
Desta forma, educação, justiça e religião Educação”, e a “educação” seria a instituição
seriam também tantas outras modalidades das mesmas.
de instituições que nos cercam, protegem e
regulam. Aqui está um dos axiomas do so- Escolas, fábricas, indústrias, lanchonetes,
ciólogo polonês Zigmunt Bauman: vivemos bancos, quartéis, todos estes são estabeleci-
esbarrando em duas necessidades essen- mentos que remetem às organizações e que
cias:a liberdade e a segurança, que se também remetem às instituições. Podemos
apresentam como uma faca de dois gumes afirmar, assim, que há todo um complexo
e que tem as instituições como as principais que nos envolve e nos organiza em
fontes de regulamento das mesmas. sociedade, dando-nos a segurança que soli-
Quanto mais conectados às instituições, citamos, mas também castrando-nos, às
menos livres; quanto mais livres delas, vezes, no que tange à liberdade. Ainda depois
menos seguros. dos estabelecimentos, temos a categoria dos

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UNIDADE V: RELAÇÕES HUMANAS NO TRABALHO

equipamentos: maquinarias, instalações, arqui- respeito à aquilo que está em devir, em movi-
vos, aparelhos, mesas, cadeiras, entre outros. mento e é o inacabado em uma instituição; e o
instituído, que diz respeito àquilo que está cris-
Instituição – organização – estabelecimento talizado, que não muda, que é essencial para
– equipamento, tudo isso, naturalmente, só ad- uma instituição.
quire dinamismo através dos agentes, que são
os seres humanos, ou seja, cada um de nós Nesse cenário, como pode ser percebido, as
que acorda, levanta, se dispõe a trabalhar e a relações humanas dentro do campo do conhe-
ser o grande gestor de todas as outras entida- cimento científico pode ser analisado a partir de
des acima enunciadas. Da cadeira ao Ministé- conceitos centrais como ciência, senso co-
rio da Justiça, do lápis à educação, todos nós mum, filosofia, método e discurso, entre outros.
somos os grandes gestores desta rede imensa Desta forma, cabe ao pesquisador entrar sem-
que chamamos de sociedade e cada ato, cada pre em contato com a literatura universal e na-
avanço ou retrocesso irá delinear os resultados cional a respeito desta temática que, como já é
presentes e futuros. O que nos ocorre, infeliz- esperado, não pode se exaurir.
mente, é que estas unidades são confundidas.
Numa instituição, iremos encontrar duas ver-
tentes diferentes, mas que se conectam e co-
municam a todo momento: o instituinte, que diz

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UNIDADE VI

MARKETING
PESSOAL
UNIDADE VI: MARKETING PESSOAL

Com o rápido avanço da tecnologia, o maior pelo dicionário da Oxford, quanto pelo
acesso à educação nos últimos tempos e o dicionário Longman, o significado de
contato com a informação de forma veloz e prá- marketing é a própria palavra, ou seja, não
tica vem tornando o mercado de trabalho cada há tradução. Todavia, quando pensamos na
vez mais exigente em relação ao processo de expressão marketing pessoal, podemos
seleção e contratação dos seus colaboradores. recorrer à tradução de Market, que significa
Obviamente, o capitalismo neoliberal que é re- feira, mercado. Desta forma, fazemos uma
sultado da competitividade e do consumismo analogia e consideramos a expressão como
desenfreados do homem contemporâneo tem “a venda de uma imagem pessoal” ou “a
fomentado algumas práticas empresariais que promoção de uma pessoa rumo ao sucesso”.
fogem do que rezam as leis trabalhistas, não Assim, recorremos às considerações iniciais e
sendo raros os casos de relações profissionais correlacionamos à definição do termo com a
pautadas pelo desrespeito a algumas questões prática da cidadania, já que não há forma
básicas como salários justos, carteiras assina- mais evidente de sucesso ou promoção
das, férias, comissões regulamentadas, etc. pessoal do que quando se tem consciência dos
Por isso, o marketing pessoal mais bem pla- próprios direitos e deveres e os mesmos são
nejado que podemos pensar trata-se, primeira- colocados em ato. Não admiramos uma pes-
mente, da ação de um indivíduo que, além de soa assim?
saber dos seus direitos e deveres, saiba tam-
FIG. 6 – Marketing Pessoal
bém assegurá-los. A princípio, o primeiro e mais
importante marketing pessoal é o exercício da
cidadania, já que ele é, em primeiro lugar, uma
postura de vida.

6.1. DEFINIÇÃO
A palavra marketing, de origem da língua in-
glesa, já está inserida em nosso contexto por
muitos anos. Desta maneira, esta palavra foi
o que costumamos dizer “aportuguesada”, tal Fonte: Imagem da internet

como a palavra show, ou seja, não utilizamos


a forma traduzida. A prova disso é que, tanto 6.2. ASPECTOS QUE ENVOLVEM O
MARKETING PESSOAL

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UNIDADE VI: MARKETING PESSOAL

Outros elementos que são importantes quan- de equilíbrio entre seriedade, bom humor,
do imaginamos um indivíduo bem sucedido são espírito de equipe e individualidade. Desta
aqueles que evidenciam os cuidados com a forma, a maneira como o sujeito se apresen-
aparência, a boa retórica, a pro atividade, ta, o modo de ser frente aos seus parceiros
entre outros. Abaixo, seguem algumas dicas e autoridades afetam especialmente como
que auxiliam nesta construção profissional, o mesmo é visto pelos outros;
mas que não podem se desconectar do que
já abordamos. III. Comunicação funcional: as diversas pos-
I. Autoconhecimento: não há ferramenta sibilidades e equipamentos de comunicação
mais importante do que saber quais são as podem tanto contribuir quanto problematizar
próprias habilidades e limitações. Só desta o contato entre as pessoas. Em alguns mo-
forma um profissional poderá atingir os seus mentos, o contato pessoal pode ser o mais
objetivos e ir além daquilo que já está posto. eficaz, já que nele podemos avaliar posturas,
As pessoas com grandes habilidades, bons olhares, entonações de voz, etc. Saber ou-
certificados e títulos e renomada técnica são vir é uma ferramenta muito escassa nas re-
muito valorizados dentro do campo profissio- lações humanas atualmente e quem souber
nal, desde que a relação interpessoal com utilizar a mesma poderá abrir grandes espa-
a mesma seja, minimamente, satisfatória. ços dentro do campo profissional, inclusive
Cada vez mais os setores de recursos hu- chefias e diretorias;
manos têm investido em treinamentos, cur-
sos e palestras que incentivem o trabalho em IV. Aparência: em tempos onde o corpo tem
equipe e a cooperação. Por isso, o indivíduo sido utilizado como ferramenta de trabalho
que se conhecer bem e adotar hábitos de re- de forma tão acentuada, seja no processo de
flexão pessoal já terá a mais importante fer- produção, seja através das formas de beleza
ramenta de trabalho aprimorada: ele mesmo; cada vez mais padronizadas, um profissional
que não manter o mínimo de cuidado consi-
II. Postura profissional: grande parte das go poderá deixar que a imagem de descuido
pessoas passa mais tempo trabalhando do com a aparência seja relacionada ao seu ato
que com os próprios familiares, ou seja, isto profissional. Há uma diferença muito gran-
implica uma necessária habilidade nas re- de, por exemplo, quanto ao tipo de roupa
lações humanas e exige flexibilidade, além que devemos usar no caso de trabalharmos

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UNIDADE VI: MARKETING PESSOAL

como executivo e no caso de trabalharmos Vivemos tempos conturbados em que, por


em uma loja de produtos esportivos. Saber diversos motivos, a pressão da mão de obra
perceber o contexto no qual estamos inseri- barata das economias emergentes tem afetado
dos e manejar as diferenças é essencial; a empregabilidade em algumas economias. As-
sim, não perder o emprego passou a ser uma
V. Criatividade: a apresentação de proposta das principais preocupações da maioria das
e ideias inovadoras tem sido uma das gran- pessoas. No entanto, por vezes, as circunstân-
des apostas de profissionais que querem se cias não permitem que o indivíduo mantenha a
destacar e se manter nos seus empregos. sua tão desejada estabilidade profissional.
Cada vez mais as empresas acreditam que Perder o emprego pode trazer algumas con-
os seus colaboradores conhecem muito do sequências nefastas, pois além da questão fi-
que fazem e também daquilo que o mercado nanceira, a autoconfiança sofre um forte abalo
quer consumir. Por isso, investir em plane- quando a pessoa se depara com o desempre-
jamento e inovação, ser ousado, mas com go. Neste artigo, descreveremos o que poderá
responsabilidade, é uma das formas mais suceder na vida da pessoa após perder o em-
eficazes de aprimoramento profissional e in- prego, em nível pessoal e familiar, bem como a
vestimento em si mesmo. melhor forma de recuperar a sua autoestima
mantendo níveis aceitáveis de ansiedade.
Conforme apontado, o marketing pessoal
apresenta-se dentro de um grande conjunto de Perder o emprego e a autoconfiança:
elementos, não sendo possível apresentar uma Perder o posto de trabalho sem ter qualquer
fórmula ou um modelo único de sucesso. Sa- culpa provoca uma quantidade enorme de
be-se que quanto mais próximos estão o gosto estresse e ansiedade, podendo ser com-
pelo que se faz e o ato de produzir tal coisa, parado a um divórcio, a morte de um familiar
uma pessoa poderá alcançar o seu sucesso. chegado ou, até mesmo, ir para a cadeia. É
Portanto, o passo inicial para a construção de uma das situações mais estressantes a que
uma imagem ideal para o outro é, antes de qual- uma pessoa pode ser submetida na nossa so-
quer coisa, ter uma boa imagem de si mesmo, ciedade, porém, nem todos sentem o mesmo
sendo o autoconhecimento essencial para isso. e nem reagem da mesma forma, isso porque
a autoconfiança varia de pessoa para pessoa.
TEXTO COMPLEMENTAR As pessoas que fazem parte da vida de quem

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UNIDADE VI: MARKETING PESSOAL

se encontra no desemprego, não entendem as habilidades que adquiriu, analise se existe


o turbilhão de emoções, sentimentos e pen- alguma coisa que precise aprender ou melho-
samentos que, de um momento para o outro, rar para voltar com força para um emprego que
passam a fazer parte da vida daquela pessoa. seja do seu agrado.
Caso se encontre nesta situação, entenda que
as pessoas que fazem parte da sua vida estão À medida que vai adquirindo novas valias/ha-
apenas tentando te ajudar, mas como, muitas bilidades a sua autoconfiança irá aumentar e a
vezes, ainda não passaram pela mesma situ- ansiedade diminuir, fazendo você se sentir no-
ação torna-se difícil para elas entender o seu vamente de volta ao jogo e com mais força que
sofrimento. Assim, as pessoas que o rodeiam nunca. Encare este processo como uma opor-
sentem de forma diferente a situação pela qual tunidade para se renovar e procurar aquele em-
está passando neste momento. prego que sempre sonhou ou para aceitar um
A sua dor é real, a ansiedade que está sentin- trabalho que pode parecer um passo atrás na
do é real, não a negue, pois perder o emprego sua carreira, mas que lhe dará a estabilidade
deixa um vazio enorme e é normal sucederem necessária para continuar a procurar o empre-
ataques de pânico. Sim, normal, pois o trabalho go que realmente deseja.
é, sem dúvida, um componente essencial para
o bem-estar do ser humano, onde, por vezes, Após começar a enviar currículos para vá-
se misturam a sua identidade pessoal com o rias empresas, prepare-se para as
trabalho que desempenhava como, por exem- perguntas das entrevistas de emprego e
plo, na fala “olá, eu sou web designer…” onde sem descurar da importância de causar um
a identidade do indivíduo se mistura com a ati- impacto positivo nas mesmas. Lembre-se
vidade que exerce. que é tão importante saber vender o seu
conhecimento, como a sua imagem, portanto,
Procurar emprego, o regresso ao trabalho: o seu marketing pessoal engloba tanto suas
Quando se sentir preparado para regressar habilidades, como a forma que utiliza para
ao mercado de trabalho (esse momento irá demonstrar o seu valor. Dessa forma,
chegar, mais tarde ou mais cedo), comece a percebemos que não é apenas o conteúdo
registrar as suas capacidades técnicas e pro- que conta, portanto conscientize-se que uma
fissionais adquiridas ao longo do seu percurso boa apresentação aumenta de forma drástica
profissional. Depois de colocar no papel todas as suas possibilidades de conseguir aquele
emprego que tanto deseja.

1 - Disponível em: http://marketingpessoal.org/136-perder-emprego-auto-estima-ansiedade/. Acesso em 15/07/2015, às 11h50min.


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UNIDADE VI: MARKETING PESSOAL

TESTE DE CONHECIMENTOS 4) O que se compreende por ethos?


a) A atual situação da sociedade em relação
1) Em relação à Ética pode-se afirmar, exceto: aos compromissos apenas individuais.
a) É uma construção humana. b) A realidade histórico-social dos costumes e
b) É uma aposta na reflexão sobre o agir das sua presença no comportamento dos indivídu-
pessoas. os.
c) Apoia-se em princípios básicos de convivên- c) Ethos significa sociedade.
cia entre os seres, mas não está relacionada à d) Ethos significa status quo.
sobrevivência humana
d) Fundamenta-se no pensamento humano, 5) A história da ética acompanha?
nas suas necessidades e nos seus desafios. a) Apenas o pensamento individual.
b) A reflexão filosófica e a evolução do pensa-
2) Existe diferença entre o discurso ético e o mo- mento humano.
ralista? c) A análise da vida animal.
a) Não, os dois possuem a mesma origem. d) O desejo do indivíduo por ascensão social.
b) Sim, pois o discurso ético é aberto e
não dá respostas prontas. 6) Marque a segunda coluna de acordo com a
c) Não, pois os dois possuem a mesma base primeira.
de formulação de ideias.
d) Sim, pois ambos estão presentes nas rela- I – Pré-socráticos.
ções humanas, porém as suas contribuições II – Sofistas.
em termos qualitativos são as mesmas. III – Período medieval.
IV – Filosofia moderna.
3) Em relação ao discurso moralista, marque a V – Filosofia contemporânea.
opção errada:
a) Convive bem e reconhece o diferente e o in- ( ) As temáticas mais presentes nas discus-
comum. sões filosóficas são a felicidade, a angústia, o
b) É um discurso fechado. consumo e as políticas públicas.
c) Nele as respostas estão fechadas. ( ) Os pensadores se preocupavam com o
d) Não está relacionado ao bem comum, mas o universo, sua origem, quais os elementos que
de grupos específicos. o compunham.

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TESTE DE CONHECIMENTOS

( ) O axioma que mais revela o cerne deste sensível, ou seja, algo que não é da ordem da
pensamento é o de Sócrates: “conhece-te a ti matéria.
mesmo”. ( ) A conduta humana deveria se embasar
( ) O teocentrismo juntamente com o domínio nas sagradas escrituras e na fé.
da igreja católica são a marca principal deste ( ) Separação quase radical entre a ciência e
período. a filosofia.
( ) Período marcado por um profundo questio- ( ) Tudo que há no mundo material seriam me-
namento sobre a origem de todas as coisas e ras cópias do que está no mundo das ideias e
a explicação de como e porque elas funciona- o bem seriao fundamento e reguladorde todas
vam de determinada maneira. as ideias.
( ) Responsáveis por operar uma grande revo- ( ) A natureza passa a ser mensurável e o
lução na história da filosofia. padrão são as medidas universais.
( ) Será a experimentação o motivo pelo qual ( ) Deslocaram o eixo da reflexão filosófica
o conhecimento será levado ao público e a ra- da physis e do cosmos para o homem e para o
zão humana é, mais do que nunca, instrumen- que concerne à vida do homem como membro
talizada. de uma sociedade.
( ) A filosofia está mais ligada ao que podemos
experimentar de fato. 7) A maior preocupação da ética é?
( ) O discurso filosófico desta época considera a) Descobrir como estabelecemos nossas rela-
o divino como o detentor do saber, ao qual o ções íntimas.
homem deveria submeter a sua vontade. b) Analisar os passos científicos da humanida-
( ) Preocupavam-se com os fenômenos da de.
natureza. c) Descobrir a natureza animal que existe nos
( ) Conceitos como liberdade, felicidade, ver- seres humanos.
dade e não violência ganharam peso a partir de d) Descobrir como lidamos com os valores so-
então. ciais, os quais são estabelecidos por nós mes-
( ) O empirismo e o positivismo aparecem mos.
como os modelos de cientificidade a serem
adotados. 8) Qual é a diferença entre moral e ética?
( ) inaugura com a metafísica a discussão a) A moral é mais abrangente do que a ética.
sobre a existência de uma realidade supras- b) A ética está associada ao estudo fundamen-

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TESTE DE CONHECIMENTOS

tado dos valores morais que orientam o com- ( ) Um sitema moralista que aprisiona o indiví-
portamento humano em sociedade, enquanto duo em ideias e pensamentos totalitários é um
a moral são os costumes, regras, tabus e con- sistema ético.
venções estabelecidas por cada sociedade. ( ) As normas morais são regras éticas que
c) As duas possuem o mesmo significado. têm como base a consciência moral das pesso-
d) A moral está associada ao estudo fundamen- as ou de um grupo social.
tado dos valores que orientam o comportamen- ( ) Sistemas que tentam enquadrar o ser hu-
to humano em sociedade, enquanto a ética são mano e normatizá-los à força tendem a degra-
os costumes, regras, tabus e convenções esta- dação social.
belecidas por cada sociedade. ( ) A ética tem como uma das suas fun-
ções básicas verificar a validade do sistema
9) Em relação à norma, marque a opção errada: moral.
a) Os indivíduos podem desviar-se da conduta ( ) A moral deve ser constantemente vigiada,
ética em prol de interesses particulares. orientada e balizada pelos valores morais.
b) As regrassão voltadaspara o bemcomum. ( ) As normas morais são derivadas das nor-
c) A normalização da ética padroniza completa- mas jurídicas.
mente a conduta dos indivíduos. 12) Complete a frase: Normas morais são as
d) A padronização da ética é uma proposta. regras que têm como
base a moral das
10) Em relação à moral, marque a opção errada: pessoas ou de um grupo social, podendo se es-
a) A ética em uma sociedade é imutável e in- tender por toda um(a)
questionável. mediante os e
b) É norteadora da conduta de grupos predominantes em
específicos.
c) Pode ser questionada pela ética. determinado(a)
.
d) A conquista de grupos socialmente excluídos
foi obtida pela flexibilização de alguns valores a) Éticas, consciência, coletividade, costumes,
morais. tradições, meio social.
b) Morais, consciência, região, traços, hábitos,
11) Marque as afirmativas abaixo como verdadei- ambiente.
ras (V) ou falsas (F). c) Sociais, ética, sociedade, conceitos, cultura,
região.

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TESTE DE CONHECIMENTOS

d) Éticas, moral, grupo, conselhos, conceitos, A afirmativa acima diz respeito à(ao) conceito de.
família. a) Moral.
b) Normas.
13) Complete a sentença:Normas jurídicas são c) Liberdade.
regras que tem como d) Ética.
base o poder do(a) so-
bre a que habita seu(s)/su- 16) Análise as afirmativas abaixo.
a(s) . Assim, uma das I - A ética elabora princípios de vida para orien-
principais características da norma jurídica é a tar o ser humano rumo a uma ação moralmen-
, isto é, a norma jurídica conta te correta.
com a força e a(o) potencial II – A ética busca refletir sobre os sistemas mo-
do Estado para ser obedecida pelas pessoas rais elaborados pelo homem.
(idem). III- A ética apenas elabora normas e condutas.
a) Normativas, governo, cidade, departamen- IV – A ética verifica as validades das normas
tos, poder. e condutas e executa mudanças nos padrões
b) Sócio-educativas, sociedade, população, or- outrora estabelecidos.
ganizações, intolerância.
c) Ético-sociais, Estado, população, território, São verdadeiras as afirmativas:
coercibilidade, repressão. a) I, III e IV.
d) Sócioeconômicas, economia, população, re- b) II, III e IV
gião, lei, ordenamento. c) III e IV.
d) I, II e IV.
14) Fazem parte dos princípios éticos, exceto:
a) As regras. 17) “Princípios de conduta moralmente aceitos por
b) As normas. uma pessoa ou grupo ou considerados adequa-
c) A liberdade. dos a um campo específico”. Esta é a definição da
d) A jurisprudência. American Psychological Association(APA) para:
a) Moral.
15) Parte da filosofia que “busca refletir sobre o b) Filosofia.
comportamento humano sob o ponto de vista das c) Norma.
noções de bem e de mal, de justo e de injusto” d) Ética.
(COTRIM, 1993).

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18) Em relação às normas, marque a papel do trabalhador estão corretas, exceto:


op-ção errada: a) É um dos principais papéis sociais repre-
a) As normas trazem consigo aspectos relacio- sentativos do “eu”.
nados aos padrões e valores mais interligados b) O homo sapiens tomou o lugar do homo fa-
a grupos específicos. ber.
b) As normas possuem caráter ético. c) Determina e condiciona o nosso modo de
c) As normas trazem consigo aspectos relacio- “ser no mundo”.
nados aos pradrões e valores que estão mais d) Diz da forma com a qual estamos inseridos
interligados à instância universal. nas nossas relações, da nossa existência en-
d) Adotar parâmetros normativos não exclui a quanto modo.
adoção de valores universais simultaneamente
22) Complete a afirmativa: O trabalho é consi-
19) Uma das suas funções é relacionar a in- derado na sociedade ocidental, na maioria das
tersubjetividade e a comunidade, ou seja, discutir o vezes, como aquilo que diz da nossa condição
valor da sociedade. Essa função diz respeito a:
ético , daquilo que essencialmen-
a) Antropologia filosófica. te nos faz diferentes do que não somos. É claro
b) Economia. que esta perspectiva não passa de mais um dos
c) Pedagogia. componentes do . O mundo do
d) Psicologia de grupo. trabalho se tornou o locus da
entre o homem, as suas e o
20) Propõe uma noção de estabilidade, re- seu .
metendo-nos aos conceitos de igual e diferente, a) Humana, capitalismo, mediação, relações,
permanente e mutante, de individual e coletivo, produto.
quando nos referimos ao termo como oposto ao b) Social, socialismo, interrelação,perspecti-
coletivo. Esse conceito diz respeito a: vas, desenvolvimento.
a) Norma. c) Social, socialismo, perspectiva, ideias, de-
b) Regras. senvolvimento.
c) Ética. d) Humana, capitalismo, interrelação, perspec-
d) Identidade. tiva, produto.

21) Todas as afirmativas citadas em relação ao 23) Em relação ao trabalho, marque a opção errada:

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a) Podemos considerar o trabalho como um fa- 26) Fenômenos que, dentro da pesquisa científica,
tor que ora fortalece emocionalmente e em- possibilitam o isolomento de uma causa como, por
podera o eu, ora sugere um lugar desquali- exemplo,o consenso universal de que a terra gira
ficado e de empobrecimento da auto estima. em torno do sol. Este conceito diz respeito aos?
b) Não raro, o trabalho acaba nos levando a a) Fenômenos sobrenaturais.
misturar o “quem somos” com o “o que faze- b) Fenômenos sensoriais.
mos”. c) Fenômenos naturais.
c) As relações no trabalho tendem a seguir d) Fenômenos humanos.
uma ordem pré estabelecida de grupos que se
unem. 27) Fenômenos que são o resultado de uma sé-
d) O trabalho não influencia na identidade, sau-rie de interação de causas. Este conceito diz res-
dável ou adoecida, de um indivíduo. peito aos
a) Fenômenos sobrenaturais.
24) Conjunto de acordos estabelecidos a partir b) Fenômenos sensoriais.
de um padrão ético e consensual e que estabelece c) Fenômenos naturais.
diretrizes e limites para a conduta. Este conceito d) Fenômenos humanos.
se refere a:
a) Diretrizes legais. 28) Saber organizado e metódico acerca de de-
b) Códigos de ética. terminada realidade e suas propriedades à luz das
c) Normas trabalhistas. causas que compõem tal realidade. Este conceito
d) Regulamentos de classes. diz respeito à/ao?
a) Ciência.
25) Complete a afirmativa: No Brasil, a/o b) Fenômeno humano.
as quais c) Cultura.
norteiam a conduta do empregado e, também, do d) Fenômeno natural.
empregador.
a) Código Nacional do Trabalhador. 29) São elementos essenciais da ciência, exceto?
b) Leis e diretrizes dos empregadores. a) Método.
c) Consolidaçãodas Leis Trabalhistas. b) Sujeito
d) Código das Leis Trabalhistas. c) Objeto
d) Subjetividade.

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30) Qual a diferença da ordem do senso comum a) Anonimato.


e da ordem da ciência? b) Desapego.
a) Não existe diferença entre elas. c) Individualidade
b) A primeira busca satisfazer o desejo e a ou- d) Todas as alternativas anteriores.
tra, a imparcialidade e a objetividade.
c) A ordem da ciência é visível e universal. 34) Segundo Baremblitt (1995), a sociedade é?
d) A ordem do senso comum é invisível e uni- a) Um agrupamento de indivíduos.
versal. b) Uma cultura em mutação.
c) uma rede, um tecido de instituições.
31) A cultura também é considerada um sistema, d) Uma possibilidade.
na qual a existência humana (vontade,desejo) e a
sua ação (atividade, produção) podem se interpre- 35) “Sofismo” é um termo que significa:
tar e conectar. Esta consideração foi feita por? a) Amor à sabedoria.
a) Ladrière. b) Amor ao conhecimento.
b) Bauman. c) Dúvida e questionamento metódico.
c) Mora d) Sábio, especialista do saber.
d) Rabuske.
36) Em relação às instituições e organizações
32) As diversas modificações sociais que esta- marque a opção errada:
mos experimentando de forma cada vez mais ful- a) Instituições e organizações são a mesma
gaz fazem com que os laços sociais fiquem cada coisa.
vez mais líquidos (sem consistência). Esta consi- b) As organizações são grandes ou pequenos
deração foi feita por? conjuntos de formas materiais.
a) Ladrière. c) As instituições não teriam realidade social se-
b) Bauman. não através das organizações.
c) Mora d) As organizações não teriam sentido, objetivo
d) Rabuske. e direção se não estivessem informadas como
estão, pelas instituições.
33) Para Bauman (2001), as marcas principais
da era da “descartabilidade” são? 37) Conjunto de atividades que nos auxilia à
compreender as necessidades dos ambientes que

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frequentamos, a desenvolver novas formas de I – Autoconhecimento.


atuar e a nos promover de forma adequada. Esse II – Postura profissional.
conceito diz respeito a(ao)? III – Comunicação funcional.
IV – Aparência.
a) Marketing de vendas V – Criatividade.
b) Marketing pessoal.
c) Marketing de rede. ( ) Saber perceber o contexto no qual es-
d) Marketing de logística. tamos inseridos e trajar de forma adequada a
esse ambiente.
38) Entre os elementos que influenciam no su- ( ) Envolve as diversas possibilidades e
cesso pessoal estão: equipamentos de comunicação e a nossa ca-
a) Boa aparência. pacidade de utilizá-los a nosso favor.
b) Proatividade. ( ) Maneira como o sujeito se apresenta, o
c) Capacidade de dialogar. seu modo de ser frente aos parceiros e autori-
d) Todas as alternativas anteriores. dades.
( ) Investir em planejamento e inovação,
39) Marque a segunda coluna de acordo com a mas com responsabilidade.
primeria. ( ) Saber quais são as suas próprias ha-
bilidades e limitações.

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GABARITO

GABARITO DO TESTE DE CONHECIMENTOS


6 - V, I, II, III, I,
II, IV, V, III, I, II,
1-C 2-B 3 -A 4-B 5-B
IV,II, III,IV,II,
IV, II
11- F,V,V,V,
7-D 8-B 9-C 10 - A 12 - A
V, F
13 - C 14 - D 15 - D 16 - D 17 - D 18 - C
19 - A 20 - B 21 - B 22 - A 23 - D 24 - B
25 - C 26 - C 27 - D 28 - A 29 - D 30 - B
31 - D 32 - B 33 - D 34 - B 35 - D 36 - A
39 - IV,III, II,
37 - A 38 - D
V, I

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