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Encontro de primavera

O Zangão e a Alamanda
A flor delicada e o rude empregado
Ainda não haviam se encontrado
Aqui por estas bandas;

Ele, um inseto rechonchudo,


Ela, uma flor tão carnuda,
Apaixonaram-se as 10 da manhã
Entre Pitangas e nozes-pecã,
Bergamoteiras e flor-de-maçã,
Nenhuma outra flor lhe pareceu tão vistosa!

E no baile aéreo dos dentes-de-leão,


Sem o menor jeito ou inibição,
Pousou como um porta-aviões,
Um operário faminto, sobre um prato de feijões;

A flor envergou, envergonhou-


[se]
Amarela, corou
E o banquete foi completo
O pólen nas patas do inseto
[virou mel]

A flor, dobrada pelo peso do visitante


Que voou em poucos instantes,
Recobrava-se aberta,
Enquanto contemplava o céu.

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