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CUNHA, J.A. e al. Psicodiagnóstico- V. Porto Alegre: Artmed, 2000.

Cáp. 1 Estratégias de avaliação: perspectivas em psicologia clínica.

“[...]Psicodiagnóstico é uma avalição psicológica, feita com propósitos clínicos;


portanto, não abarca todos os modelos de avaliação psicológica de diferenças
individuais” (p.19)

“[...] Cooper, em 1977, propugnou por maior flexibilidade teórica, afirmando


que diferentes pacientes e categorias diagnósticas sugerem diferentes modelos
teóricos” (p. 19)

Estratégia de avaliação pode se referir ao enfoque teórico adotado pelo


psicólogo e à metodologia adotada, que pode ser mais qualitativo e individual ou mais
psicométrico e grupais.

“Já na psicologia, a entrevista estruturada não teve tão grande aceitação, uma
vez que, na avaliação com propósitos clínicos, o psicólogo em princípio, não se limita a
um único método (como a entrevista), mas tende a aliar enfoques quantitativos e
qualitativos [...] mesmo considerando a qualidade psicométrica da entrevista
estruturada, ‘fatam-lhe elementos importantes de rapport, riqueza ideográfica e a
flexibilidade que caracteriza interações menos estruturadas’”

Algumas estratégias de avaliação incluem instrumentos de auto-relatos e


podem ser consideradas como medidas de sintomas ou de síndromes. Ex: Inventário
de depressão de Beck

As técnicas projetivas também podem ser consideradas estratégias de avaliação


[...] visa aspectos dinâmicos da personalidade, que adquirem significado sob a ótica de
um referencial teórico ao qual há difícil acesso via psicometria [...]

Avaliação na clínica comumente é chamada psicodiagnóstico “porque procura


avaliar forças e fraquezas no funcionamento psicológico, com um foco na existência ou
não de psicopatologia.” (p. 22)
Cáp. 2: Fundamentos do Psicodiagnóstico

“[...] avaliação psicológica é um conceito muito amplo. Psicodiagnóstico é uma


avaliação psicológica, feita com propósitos clínicos e, portanto, não abrange todos os
modelos de avaliação psicológica de diferenças individuais [...]”

Final do séc XIX e início do sec XX foram marcados pelos trabalhos de Galton,
Cattel e Binet que propôs a utilização do exame psicológico- é atribuída a eles a origem
do psicodiagnóstico.

Psicometrista X Psicólogo clínico- “o primeiro tende a valorizar os aspectos


técnicos da testagem, enquanto, no psicodiagnóstico, há a utilização de testes e de
outras estratégias, para avaliar um sujeito de forma sistemática, científica [...]” (p. 23)

“ainda no séc. passado, a comunidade científica foi muito marcada pelas


descobertas ocorridas no campo da biologia [...] as classificações nosológicas e o
diagnóstico diferencial ganham ênfase.” (p. 24)

“Freud, que provinha da melhor tradição neurofisiológica, representou o


primeiro elo de uma corrente de conteúdo dinâmico, logo seguido pelo aparecimento
do teste de associação de palavras, de Jung, em 1906, e fornecendo lastro para o
lançamento, mais tarde, das técnicas projetivas.” (p. 24)

“Atualmente, há indiscutível ênfase no uso de instrumentos mais objetivos,


interesse por entrevistas diagnósticas mais estruturadas, notadamente com o
incremento no desenvolvimento de avaliações computadorizadas de personalidade,
que vem oferecendo novas estratégias nesse campo.” (p. 25)

“as necessidades de manter um embasamento científico para oferecer


respostas adequadas e compatíveis com os progressos de outros ramos da ciência,
especialmente em termos de questões diagnósticas, criadas por modificações
introduzidas nas classificações oficiais, tem levado a revisão, renomatização e criação
de novas estratégias de avaliação.” (p. 25)

“[...] Groth-Marnat (1984) salientava a importância do profissional se


familiarizar com as reais necessidades do usuário, observando que, muitas vezes
psicólogos competentes acabam por ‘fornecer uma grande quantidade de informações
inúteis para as fontes de encaminhamento’ por falta de uma compreensão adequada
das verdadeiras razões que motivaram o encaminhamento ou, em outras palavras, por
desconhecimento das decisões que devem ser tomadas com base nos resultados do
psicodiagnóstico [...]” (p. 25)

“É, pois, responsabilidade do clínico manter canais de comunicação com os


diferentes tipos de contextos profissionais para os quais trabalha, familiarizando-se
com a variabilidade de problemas com que se defrontam e conhecendo as diversas
decisões que os mesmos pressupõem. [...]” (p. 26)

“Psicodiagnóstico é um processo científico, limitado no tempo, que utiliza


técnicas e testes psicológicos (input), em nível individual ou não, seja para entender
problemas à luz de pressupostos teóricos, identificar e avaliar aspectos específicos,
seja para classificar o caso e prever seu custo possível, comunicando os resultados
(output), na base dos quais são propostas soluções, se for o caso.” (p. 26)

“O processo do psicodiagnóstico pode ter um ou vários objetivos, dependendo


dos motivos alegados ou reais do encaminhamento e/ou da consulta, que norteiam o
elenco de hipóteses inicialmente formuladas, e delimitam o escopo da avaliação.
Portanto, relacionam-se essencialmente com as questões propostas e com as
necessidades da fonte de solicitação [...]” (p. 26)

Os objetivos podem ser: classificação nosológica, realizada pelo psicólogo ou


psiquiatra- faz-se um julgamento clínico sobre a presença ou não de uma configuração
de sintomas significativos; Diagóstico diferencial, no qual o psicólogo investiga
irregularidades e inconsistências so quadro sintomático e/ou dos resultados dos testes
para diferenciar categorias nosológicas, níveis de funcionamento, etc.; Objetivo de
Avaliação compreensiva (????????) avaliando de forma global para indicação
terapêutica ou, ainda, para estimativa de progressos ou resultados de tratamento;
Objetivo do entendimento dinâmico- tipo de avaliação compreensiva que possui nível
de inferência clínica mais elevado, através de exames, busca entender a problemática
do sujeito, com uma perspectiva mais profunda; Objetivo de prevenção, visa identificar
problemas precocemente, avaliar riscos, fazer uma estimativa de forças e fraquezas do
ego, bem como da capacidade para enfrentar situações novas, difíceis, conflitivas;
Objetivo do prognóstico- não é privativo do psicólogo; Objetivo da perícia forense.

“[...] Suas respostas devem ser claras, precisas e objetivas. Portanto, deve haver
um grau satisfatório de certeza quanto aos dados dos testes, o que é bastante
complexo, porque ‘os dados descrevem o que uma pessoa pode ou não fazer no
contexto da testagem, mas o psicólogo deve ainda inferir o que ele acredita que ele
poderia ou não fazer na vida cotidiana’. As respostas fornecem subsídios para incluir
decisões de caráter vital para o indivíduo [...]” (p. 29)

O diagnóstico psicológico pode ser realizado pelo psicólogo e psiquiatra com


vários objetivos, desde que seja utilizado o modelo médico, apenas; pela equipe
multidisciplinar desde que cada profissional utilize o seu método próprio;
exclusivamente pelo psicólogo clínico quando é utilizado o modelo psicológico
(psicodiagnóstico), incluindo técnicas e testes privativos desse profissional.

“Atualmente, com possível exceção das urgências psiquiátricas, os


encaminhamentos começam a ser feitos tendo em vista a complexidade do caso e não
a sua gravidade, e, consequentemente, a necessidade de que o diagnóstico seja feito
por meio de um exame mais ou menos sofisticado.” (p. 30)

PASSOS do psicodiagnóstico: a) levantamento de perguntas relacionadas com


os motivos da consulta e definição da hipóteses iniciais e dos objetivos do exame; b)
planejamento, seleção e utilização de instrumentos de exame psicológico; c)
levantamento quanti e quali dos dados; d) integração de dados e informações e
formulação de inferências pela integração dos dados, tendo como pontos de
referência as hipóteses iniciais e os objetivos do exame; e) comunicação de resultados,
orientação sobre o caso e encerramento do processo.

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