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INTRODUÇÃO

Esta apostila apresenta os principais temas que compõem a gestão


estratégica do carbono para subsidiar as organizações na tomada de
decisão e no desenvolvimento de plano de ação que auxiliem na transição
para uma sociedade de baixo carbono.
Nesse sentido, procura apresentar os principais marcos históricos
do tema na sociedade global e nacional e os conceitos fundamentais para
a compreensão das causas e consequências das mudanças do clima, para
a busca de alternativas econômicas que possam reduzir as emissões de
gases de efeito estufa (GEE) e os seus inúmeros impactos ambientais.
A situação brasileira no cenário global em relação aos
compromissos e às metas de redução de emissões recebem suporte da
descrição dos principais resultados atingidos em cada Conferência das
Partes (COP) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a
Mudança do Clima (United Nations Framework Convention for
Climate Change – UNFCCC, em inglês), bem como os seus
desdobramentos. Assim, as negociações internacionais assumem papel
protagonista na busca por soluções às mudanças climáticas; a exemplo da
COP 21 realizada em 2015 em Paris, que estabeleceu o Acordo Global
do Clima – mais conhecido como Acordo de Paris – e articula o
compromisso ratificado pelas 195 Partes da UNFCCC e pela União
Europeia na busca de esforços para limitar o aquecimento global abaixo
de 2 ºC e o aumento da temperatura a 1,5 °C com relação aos níveis pré-
industriais.
Para a gestão do carbono e a obtenção de créditos, são relacionadas
as oportunidades de implementação das estratégias e de alcance das metas
brasileiras em face dos compromissos assumidos como signatário do
Acordo de Paris em cada setor da economia nacional críticos, como
energia, transportes, florestal, entre outros.
O entendimento do funcionamento do mercado de carbono
global e o estágio atual desse mercado em franco desenvolvimento no
Brasil colocam em destaque a necessidade de consolidação de regras e
caminhos ainda por trilhar. Assim, a definição de metodologias é fator
crucial para o posicionamento das organizações na busca de
oportunidades de negócios e engajamento na economia de baixo
carbono e nos seus desdobramentos.
Como ferramentas de gestão e prestação de contas para a sociedade brasileira e global, o
inventário e o monitoramento de emissões de GEE, assim como indicadores de gestão
relacionados às mudanças climáticas, destacam-se os indicadores Global Reporting Initiative
(GRI), Indicadores Ethos, bem como os índices: Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) e
Índice de Carbono Eficiente (ICO2). A Norma ISO 14064 compõe e finaliza as oportunidades
de gestão desse tema nas organizações.
Além disso, para o alcance das metas de redução de emissões de GEE no cenário nacional e
global, são apresentadas as principais tendências na gestão de carbono que colocam em evidência
inúmeros desafios, mas também as oportunidades do desenvolvimento do mercado de carbono nos
diversos setores da economia nacional e global.
Em tempo, informações estratégicas sobre o estágio atual da discussão sobre a precificação de
carbono e alternativas relacionadas ao mercado de carbono, como o pagamento por serviços
ambientais (PSA) e a biodiversidade e serviços ecossistêmicos (BSE), fortalecem o campo das
oportunidades de transição para uma economia de baixo carbono.
Não há dúvidas de que os desafios para a gestão estratégica do carbono nas organizações e na
sociedade são grandes, mas é necessário encará-los neste momento como verdadeiras oportunidades
para a busca de uma economia de menor impacto no planeta.
Esta apostila tem como objetivo geral apresentar os temas relevantes que compõem o atual
cenário nacional e internacional para a gestão estratégica do carbono nas organizações, enfatizando
as oportunidades e os desafios para o alcance da economia de baixo carbono.
Para atingir o objetivo geral, são descritos os seguintes objetivos específicos:
Apresentar noções básicas sobre mudança do clima e os seus impactos global e nacional.
Descrever o histórico das principais negociações internacionais sobre mudanças climáticas
e a situação brasileira, políticas, metas e desafios de implementação em setores críticos para
o cumprimento de metas nacionais do acordo global de redução de emissões de GEE.
Apresentar processo de obtenção de créditos de carbono, funcionamento e oportunidades
do mercado de carbono global e nacional.
Descrever cases e práticas de gestão estratégica de carbono.

Boa leitura!
SUMÁRIO
MÓDULO I – NOÇÕES BÁSICAS SOBRE MUDANÇA DO CLIMA .......................................................... 9

CENÁRIO GLOBAL E NACIONAL DO CLIMA .................................................................................... 9


LEGISLAÇÃO BRASILEIRA SOBRE MUDANÇA DO CLIMA ............................................................. 10
EFEITO ESTUFA ................................................................................................................................. 14
GASES DE EFEITO ESTUFA ............................................................................................................... 14
Dióxido de Carbono (CO2) ...................................................................................................... 14
Gás Metano (CH4) .................................................................................................................... 15
Óxido Nitroso (N2O) ................................................................................................................ 15
Hexafluoreto de Enxofre (SF6) ............................................................................................... 15
Outros gases ............................................................................................................................. 15
CENÁRIO EMISSÕES DE GEE ........................................................................................................... 16
CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS DO AQUECIMENTO GLOBAL......................................................... 17
Mudanças do clima .................................................................................................................. 17
Intensificação dos eventos climáticos ................................................................................... 17
Elevação dos níveis dos mares e oceanos............................................................................ 18
Impactos na agricultura .......................................................................................................... 18
Mudanças nos regimes de chuva .......................................................................................... 18
Impactos no bem-estar e na saúde das populações .......................................................... 18
Impactos sobre diversidade ................................................................................................... 18
IMPACTOS DA MUDANÇA DO CLIMA NO BRASIL ........................................................................ 19

MÓDULO II - HISTÓRICO DAS NEGOCIAÇÕES INTERNACIONAIS E SITUAÇÃO BRASILEIRA .............. 21

CONVENÇÃO-QUADRO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE A MUDANÇA DO CLIMA ................... 21


CONFERÊNCIA DAS PARTES DA UNFCCC ...................................................................................... 22
COP 1 – Berlim, 1995 ............................................................................................................... 22
COP 2 – Genebra, 1996 ........................................................................................................... 22
COP 3 – Quioto, 1997 .............................................................................................................. 22
COP 4 – Buenos Aires, 1998 ................................................................................................... 23
COP 5 – Bonn, 1999 ................................................................................................................. 23
COP 6 parte I – Haia, 2000 ...................................................................................................... 23
COP 6 parte II – Bonn, 2001 .................................................................................................... 23
COP 7 – Marrakesh, 2001 ........................................................................................................ 23
COP 8 – Nova Deli, 2002 .......................................................................................................... 23
COP 9 – Milão, 2003 ................................................................................................................. 24
COP 10 – Buenos Aires, 2004 ................................................................................................. 24
COP 11 – Montreal, 2005 ........................................................................................................ 24
COP 12 – Nairóbi, 2006 ........................................................................................................... 24
COP 13 – Bali, 2007 .................................................................................................................. 24
COP 14 – Poznan, 2008 ........................................................................................................... 24
COP 15 – Copenhague, 2009 .................................................................................................. 24
COP 16 – Cancun, 2010 ........................................................................................................... 24
COP 17 – Durban, 2011 ........................................................................................................... 25
COP 18 – Doha, 2012 ............................................................................................................... 25
COP 19 – Varsóvia, 2013 ......................................................................................................... 25
COP 20 – Lima, 2014 ................................................................................................................ 25
COP 21 – Paris, 2015 ................................................................................................................ 25
COP 22 – Marrocos, 2016 ........................................................................................................ 28
COP 23 – Bonn, 2017 ............................................................................................................... 29
COP 24 – Katowice, 2018......................................................................................................... 29
COP 25 – Madri, 2019 .............................................................................................................. 29
COP 26 – Escócia, 2020 ............................................................................................................ 29
ACORDOS E TRATADOS INTERNACIONAIS SOBRE MUDANÇAS CLIMÁTICAS............................... 29
Linha do tempo: tratados sobre mudanças climáticas e principais marcos sobre
compromissos globais ............................................................................................................ 30
NDC ............................................................................................................................................ 30
NDC Brasil ................................................................................................................................. 30
PAINEL INTERGOVERNAMENTAL DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS ................................................. 31
POLÍTICA NACIONAL SOBRE MUDANÇA DO CLIMA .................................................................... 32
Comunicação Nacional do Brasil à UNFCCC ........................................................................ 38
Plano Nacional sobre Mudança do Clima............................................................................. 39
Fundo Nacional sobre Mudança do Clima e Fundo Amazônia ......................................... 39
OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL .................................................................... 41

MÓDULO III - PROCESSO DE OBTENÇÃO DE CRÉDITOS DE CARBONO ......................................... 45

CRÉDITOS DE CARBONO E ANTECEDENTES ................................................................................. 45


MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO LIMPO .............................................................................. 46
REDUÇÃO DE EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA PROVENIENTES DO DESMATAMENTO
E DA DEGRADAÇÃO FLORESTAL (REDD+) ..................................................................................... 47
ARRANJOS DE IMPLEMENTAÇÃO DA NDC BRASILEIRA ............................................................... 51
Biocombustíveis ....................................................................................................................... 51
Setor florestal ........................................................................................................................... 52
Setor elétrico ............................................................................................................................ 53
Setor de transportes................................................................................................................ 53
Setor indústria .......................................................................................................................... 54
Indústria química ..................................................................................................................... 56
Agricultura: pastagens e integração lavoura-pecuária-floresta ........................................ 58
PROJETOS BRASILEIROS .................................................................................................................. 60
MÓDULO IV - MERCADO DE CARBONO ............................................................................................ 61

MERCADO DE CARBONO GLOBAL E GENERALIDADES ............................................................... 61


Cálculo do crédito de carbono ............................................................................................... 62
MERCADO DE CARBONO NO BRASIL ............................................................................................ 65
INVENTÁRIO E MONITORAMENTO DE EMISSÕES DE GEE .......................................................... 65
Simulação de mercado de carbono no Brasil (GVCes) ....................................................... 69
GESTÃO DE INDICADORES RELACIONADOS ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS ............................... 69
Indicadores GRI ........................................................................................................................ 69
Indicadores Ethos .................................................................................................................... 70
Indicadores Ethos para Negócios Sustentáveis e Responsáveis ....................................... 71
ÍNDICES DE SUSTENTABILIDADE RELACIONADOS À GESTÃO DE CARBONO ........................ 71
Índice de Sustentabilidade Empresarial ............................................................................... 71
Índice Carbono Eficiente ......................................................................................................... 73
Metodologia do ICO2 ......................................................................................................... 73
CERTIFICAÇÕES RELACIONADAS À GESTÃO DE CARBONO ........................................................ 74
ISO 14064 .................................................................................................................................. 74
SEQUESTRO DE CARBONO ............................................................................................................. 74
Conservação de florestas ....................................................................................................... 75
Florestas e estocagem de carbono........................................................................................ 75
Produção de madeira para fins energéticos ........................................................................ 76
DESAFIOS E OPORTUNIDADES DO MERCADO DE CARBONO GLOBAL E NACIONAL ............. 77
Energia ....................................................................................................................................... 78
Biocombustíveis .................................................................................................................. 78
TENDÊNCIAS ..................................................................................................................................... 79
Economia de baixo carbono ................................................................................................... 79
Redução do desmatamento e papel dos sumidouros florestais e do solo ................ 79
Bioeconomia voltada para o comércio internacional.................................................... 80
Economia circular ............................................................................................................... 80
Transição energética .......................................................................................................... 80
Redirecionamento dos recursos a investimentos de baixo carbono .......................... 80
Precificação de carbono .......................................................................................................... 80
Pagamento por Serviços Ambientais e Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos ........ 83

LISTA DE SIGLAS ................................................................................................................................... 85

BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................................... 87

PROFESSOR-AUTOR ............................................................................................................................. 93
MÓDULO I – NOÇÕES BÁSICAS SOBRE
MUDANÇA DO CLIMA

O planeta tem passado por enormes variações climáticas ao longo de toda a sua história
geológica. No entanto, existem fortes evidências científicas de que as mudanças mais recentes não são
variações naturais e, sim, estão relacionadas com o aumento na temperatura da Terra – o aquecimento
global – causado por inúmeras atividades antrópicas, sobretudo pelo consumo de combustíveis fósseis,
como petróleo, carvão mineral e gás natural, além dos desmatamentos e das queimadas.
O Módulo I contém as noções básicas sobre as mudanças climáticas, abrangendo o cenário global
e nacional do clima bem como a legislação brasileira relacionada às questões que impactam a mudança
climática. Além disso, apresenta algumas definições chave para o entendimento da temática, como o
efeito estufa, os GEE e o cenário das emissões de GEE. Ainda, para a compreensão da relevância de
abordar a gestão estratégica do carbono, aponta as principais causas e consequências das mudanças
climáticas e aquecimento global e as evidências dos impactos da mudança do clima no Brasil.

Cenário global e nacional do clima


O 5º Relatório apresentado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima
(IPCC, na sigla em inglês) reforça que o aquecimento do sistema climático é inquestionável e, desde
a década de 1950, a maioria das mudanças observadas não tem precedentes em décadas e até
milênios. As evidências são o aquecimento da atmosfera e dos oceanos, a diminuição da quantidade
de gelo e neve, a elevação do nível dos mares e o aumento das concentrações de GEE. As
temperaturas médias globais calculadas por uma tendência linear demonstram que, durante o
período de 1880 a 2012, o aquecimento foi de 0,85 °C (IPCC, 2014).
As emissões continuadas de GEE causarão mais aquecimento e alterações em todos os
componentes do sistema climático, tornando ainda maior a probabilidade de impactos severos,
invasivos e irreversíveis para as pessoas e os ecossistemas. Ainda, os riscos de mudanças abruptas ou
irreversíveis se ampliam à medida que o aquecimento aumenta (IPCC, 2014). O aquecimento
global acarretará a perda da biodiversidade, acelerando a taxa de extinção de espécies. Caso as
emissões de GEE continuem no mesmo ritmo atual, calcula-se que 16% das espécies animais estarão
ameaçados devido aos efeitos do aquecimento global (URBAN, 2015).
Mesmo que as emissões antrópicas de GEE cessem por completo, os inúmeros aspectos e
impactos ambientais associados às mudanças climáticas continuarão a agir por séculos (IPCC,
2014). Devido ao longo tempo de vida na atmosfera de alguns GEE, como o CO2, as ações tomadas
nas próximas décadas podem ter impacto no sistema climático por vários séculos. Além disso, a
tomada de medidas precoces tem significantemente melhor custo-benefício que a adoção de
medidas tardias (OECD, 2013).
A marca simbólica de 400 ppm de gás carbônico (CO2) na atmosfera já havia sido ultrapassada
em marcações pontuais de curto prazo em 2012 e 2013. Porém, em março de 2015, foi a primeira
vez que a média mensal global dos níveis de CO2 esteve acima dessa marca (NOAA, 2015). Os
cenários prováveis para 2100 para a manutenção do aumento de temperatura abaixo de 2 °C em
relação ao nível pré-industrial são caracterizados por concentrações de cerca de 450 ppm de CO2,
podendo variar de 430 ppm a 480 ppm. Por outro lado, os cenários projetados para emissões entre
430 ppm e 530 ppm estão associados a reduções de emissões estimadas entre 70% e 120% dos níveis
de 2010, com probabilidades decrescentes de permanecer abaixo de 2 °C (IPCC, 2014).
A estabilização das concentrações de GEE na faixa de 450-550 ppm de CO2 requer ações
urgentes e substanciais para a redução de emissões, primeiramente para assegurar que o pico de
emissões seja atingido nas próximas décadas e, em segundo lugar, para fazer com que a curva de
declínio de emissões seja tão baixa quanto possível. Se ações insuficientes forem tomadas agora para
reduzir emissões, a estabilização se tornará mais difícil no longo prazo em termos de velocidade da
transição requerida e dos consequentes custos da mitigação (STERN, 2011).

Legislação brasileira sobre mudança do clima


A temática da mudança global do clima passou a integrar a agenda internacional na década
de 1980, quando cientistas e formuladores de políticas passaram a pesquisar e discutir cada vez mais
sobre os riscos de mudanças climáticas induzidas por ações antrópicas.
Assim, duas importantes decisões sobre o tema foram adotadas no âmbito internacional. Uma
delas foi a criação do IPCC, que teve o objetivo de avaliar as informações científicas, técnicas e
socioeconômicas relevantes para a compreensão dos riscos das mudanças climáticas de origem
antrópicas, bem como os seus impactos potenciais e principalmente as opções para adaptação e
mitigação. A segunda foi a adoção da UNFCCC, aberta para assinaturas durante a Conferência das
Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio 92. Esta Convenção passou a

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vigorar em 21 de março de 1994, à qual aderiram cerca de 180 países, além da Comunidade
Europeia, sendo ratificada no Brasil pelo Decreto Legislativo nº 1, de 3 de fevereiro de 1994.
Desde a sua criação, o IPCC apresentou cinco relatórios de avaliação (denominados de AR1
a AR5) e uma edição especial. Estes relatórios enfatizam que a mudança do clima ameaça tanto os
sistemas naturais, quanto os sociais e os econômicos. Entre outros riscos, a mudança do clima pode
provocar a extinção de espécies e afetar a disponibilidade de água, a produção agrícola e a saúde
humana, aumentando o nível de subnutrição, ferimentos, doenças e mortes devido a eventos
climáticos extremos e ao recrudescimento de vetores de doenças infecciosas. Isso sem falar nas
enormes consequências econômicas que estimam que os custos e os riscos da mudança do clima
serão equivalentes à perda anual de 5% do Produto Interno Bruto (PIB), caso não sejam adotadas
medidas preventivas. Em contraste, os custos das ações para reduzir as emissões de GEE e evitar os
impactos da mudança do clima podem limitar-se a cerca de 1% do PIB ao ano.
O Relatório do IPCC apresentado em 2013, salienta que o aquecimento do sistema climático
é evidente e irrefutável diante do aumento de 0,78°C na temperatura média da superfície terrestre
entre os períodos de 1850-1900 e 2003-2012. Cada uma das últimas três décadas tem sido
sucessivamente mais quente na superfície terrestre que qualquer década anterior desde 1850. No
Hemisfério Norte, o período de 1983 a 2012 constitui provavelmente os 30 anos mais quentes dos
últimos 1.400 anos. Já o relatório especial do IPCC – “Global Warming of 1.5 ºC”, Aquecimento
Global de 1,5ºC - publicado em 2018, evidencia a gravidade dos impactos do aquecimento global
de 1,5°C acima dos níveis pré-industriais e a trajetória de emissão globais de gases de efeito estufa
relacionados. Esta publicação especial visou atuar no fortalecimento da resposta global à ameaça das
mudanças climáticas, desenvolvimento sustentável e esforços para erradicar a pobreza.
Dentre as tantas evidências apresentadas neste relatório especial, de acordo com IPCC (2018)
“estima-se que as atividades humanas tenham causado cerca de 1,0°C de aquecimento global5 acima
dos níveis pré-industriais, com uma variação provável de 0,8°C a 1,2°C. É provável que o
aquecimento global atinja 1,5°C entre 2030 e 2052, caso continue a aumentar no ritmo atual”. E
complementa: “o aquecimento causado por emissões antrópicas desde o período pré-industrial até
o presente persistirá por séculos e milênios, e continuará causando mudanças a longo prazo no
sistema climático, como aumento dos níveis dos oceanos, com impactos associados, mas é
improvável que apenas essas emissões isoladamente causarão um aquecimento global de 1,5°C”
(IPCC, 2018).
No cenário das negociações sobre a mudança do clima, o Brasil ocupa uma posição especial,
como um dos países que mais contribuem com o efeito estufa, devido ao desmatamento e às
queimadas, ao mesmo tempo em que é bastante vulnerável a essas mudanças.
Ano após ano, observa-se a intensificação dos diversos eventos do clima, como inundações e
deslizamentos de terra em determinadas regiões do País enquanto ocorrem secas em outras. Assim,
há algum tempo, a sociedade demandava uma política de mitigação da mudança do clima e
adaptação aos seus efeitos, que foi suprida pela Lei nº 12.187, de 29 de dezembro de 2009. Esta lei

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instituiu a Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC), que foi responsável por
determinar princípios, objetivos, diretrizes e instrumentos dessa política, em observância aos
princípios da precaução, da prevenção, da participação cidadã e do desenvolvimento sustentável.
Os principais objetivos da PNMC são:
Compatibilizar o desenvolvimento econômico-social com a proteção do sistema climático.
Reduzir as emissões e o fortalecimento das remoções antrópicas por sumidouros de GEE
no território nacional.
Implementar medidas para a promoção da adaptação à mudança do clima.
Conservar os recursos ambientais, com foco especial nos grandes biomas naturais
considerados como Patrimônio Nacional.
Consolidar e expandir as áreas legalmente protegidas, incentivando os reflorestamentos e
a recomposição da cobertura vegetal em áreas degradadas.

A PNMC adotou as seguintes diretrizes:


os compromissos assumidos pelo Brasil na UNFCCC, no Protocolo de Quioto e nos
demais documentos sobre mudança do clima dos quais se tornar signatário;
as ações de mitigação da mudança do clima em acordo com o desenvolvimento
sustentável, sempre que possível, mensuráveis para a sua quantificação e verificação;
as medidas de adaptação para reduzir os efeitos adversos da mudança do clima e a
vulnerabilidade dos sistemas ambiental, social e econômico;
a promoção e o desenvolvimento de pesquisas científico-tecnológicas, e a difusão de
tecnologias, processos e práticas orientados a mitigar a mudança do clima, reduzir as
incertezas nas projeções nacionais e regionais futuras da mudança do clima, identificar
vulnerabilidades e adotar medidas de adaptação adequadas;
a utilização de instrumentos financeiros e econômicos para promover ações de mitigação
e adaptação à mudança do clima e
o estímulo à manutenção e à promoção de práticas, atividades e tecnologias de baixas
emissões de GEE e de padrões sustentáveis de produção e consumo.

A Lei nº 12.187/09 prevê o compromisso voluntário do Brasil, assumido em Copenhague,


de reduzir as emissões de GEE entre 36,1% e 38,9% em relação às emissões projetadas até 2020,
estabelecendo planos setoriais de mitigação e de adaptação às mudanças climáticas, visando à
consolidação de uma economia de baixo consumo de carbono.
Nesses planos, foram contemplados os principais setores da economia: de geração e
distribuição de energia elétrica; de transporte público urbano e sistemas modais de transporte
interestadual de cargas e passageiros; indústrias de transformação e de bens de consumo
duráveis, de química fina e de base, de papel e celulose, de mineração, de construção civil; e os
serviços de saúde e agropecuária.

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Entre os instrumentos definidos pela PNMC, figuram o Plano Nacional sobre Mudança do
Clima; o Fundo Nacional sobre Mudança do Clima (FNMC), criado pela Lei nº 12.114, de 9 de
dezembro de 2009; os planos de ação para a prevenção e o controle do desmatamento nos biomas;
e os mecanismos financeiros e econômicos referentes à mitigação da mudança do clima e à
adaptação aos efeitos dessa mudança.
As duas fontes principais de financiamento da PNMC são: o FNMC e o Fundo Amazônia.
O primeiro foi criado para assegurar recursos de apoio a projetos ou estudos e financiamento de
empreendimentos voltados à mitigação e à adaptação à mudança do clima e aos seus efeitos. A
aplicação dos recursos poderá ser destinada principalmente às seguintes atividades:
projetos de redução de emissões de carbono pelo desmatamento e degradação florestal,
com prioridade a áreas naturais ameaçadas de destruição e relevantes para estratégias de
conservação da biodiversidade;
pesquisa e criação de sistemas e metodologias de projeto e inventários que contribuam
para a redução das emissões líquidas de GEE e para a redução das emissões de
desmatamento e alteração de uso do solo;
desenvolvimento de produtos e serviços que contribuam para a dinâmica de conservação
ambiental e a estabilização da concentração de GEE;
apoio às cadeias produtivas sustentáveis;
pagamentos por serviços ambientais às comunidades e aos indivíduos cujas atividades
comprovadamente contribuam para a estocagem de carbono, atrelada a outros serviços
ambientais;
sistemas agroflorestais que contribuam para a redução de desmatamento e a absorção de
carbono por sumidouros e para a geração de renda e
recuperação de áreas degradadas e restauração florestal, priorizando áreas de reserva legal
e áreas de preservação permanente e as áreas prioritárias para a geração e a garantia da
qualidade dos serviços ambientais.

Criado pelo Decreto nº 6.527, de 1º de agosto de 2008, o Fundo Amazônia se configura em


uma conta específica, no âmbito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES), para a apropriação das doações em espécie destinadas a ações de prevenção,
monitoramento e combate ao desmatamento e de promoção da conservação e do uso sustentável
no bioma amazônico, considerando as áreas de: gestão de florestas públicas e áreas protegidas;
controle, monitoramento e fiscalização ambiental; manejo florestal sustentável; atividades
econômicas desenvolvidas a partir do uso sustentável da floresta; zoneamento ecológico e
econômico, ordenamento territorial e regularização fundiária; conservação e uso sustentável da
biodiversidade; e recuperação de áreas desmatadas.
O Fundo Amazônia recebe doações de governos estrangeiros e de empresas. Em breve,
também poderá receber doações de instituições multilaterais, Organizações Não Governamentais
(ONGs) e pessoas físicas. Já recebeu doações da Noruega, da Alemanha e da Petrobras.

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O Decreto nº 7.390, de 9 de dezembro de 2010, detalha as principais ações para o
atendimento do compromisso nacional, em que se destacam as seguintes: prevenção e controle do
desmatamento na Amazônia Legal e no Cerrado; incremento da eficiência energética e expansão da
oferta de energia hidrelétrica e de outras fontes renováveis; redução de emissões da siderurgia; e
melhoria de práticas agrícolas para a consolidação de uma economia de baixa emissão de carbono,
como a recuperação de pastagens degradadas, o aumento da utilização dos sistemas de integração
lavoura-pecuária-floresta e do plantio direto (BRASIL, 2010).
Diante do exposto, nota-se que a legislação brasileira sobre mudança do clima é relativamente
nova para que permita uma avaliação aprofundada da sua real contribuição e dos impactos para a
sociedade. No entanto, o fato de existir uma política específica dirigida ao tema é, por si só, um
grande aspecto positivo, pois demonstra a preocupação da sociedade e do governo em agir tanto em
prol da mitigação dessa mudança como na adaptação aos seus efeitos.

Efeito estufa
Quando a energia solar chega ao planeta e atinge o topo da atmosfera terrestre, parte é
refletida diretamente ao espaço, e parte é absorvida pela superfície da Terra, promovendo o
aquecimento. Assim, parte do calor é retornada ao espaço sob a forma de radiação, e parte é
bloqueada na atmosfera terrestre devido à presença de gases (MMA, 2011).
Os gases na atmosfera garantem que a temperatura da Terra se mantenha em níveis habitáveis.
Se não existissem, a temperatura média do planeta seria em torno de -18 oC, inviabilizando a vida
terrestre. Assim, as trocas de energia entre a atmosfera e a superfície terrestre mantêm as condições
climáticas atuais proporcionando a temperatura média terrestre de 14 °C (MMA, 2011).
É muito importante reforçar que o efeito estufa é um fenômeno natural que possibilita a vida
humana na Terra, sem o qual seria inviável a sobrevivência dos seres, devido às baixíssimas temperaturas.

Gases de efeito estufa


Os principais GEE, também regulados pelo Protocolo de Quioto, são: dióxido de carbono
(CO2); gás metano (CH4); óxido nitroso (N2O); e hexafluoreto de enxofre (SF6), além de outros gases.

Dióxido de Carbono (CO2)


Entre todos os GEE, o CO2 é o mais abundante, sendo emitido como resultado das diversas
atividades antrópicas, como o uso de combustíveis fósseis – petróleo, carvão mineral e gás natural –
, e também com as mudanças no uso do solo, como desmatamentos. As concentrações de CO2 na
atmosfera aumentaram 35% desde a Era Industrial. O CO2 é utilizado como referência para
classificar o poder de aquecimento global dos demais GEE (MMA, 2018).

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Gás Metano (CH4)
Resultado da decomposição da matéria orgânica, o CH4 é abundantemente encontrado em
lixões, aterros sanitários e reservatórios de hidrelétricas. Além disso, em menor escala, na pecuária –
criação de gado – e na agricultura, sobretudo, no cultivo de arroz. O seu poder de aquecimento global
equivale a 21 vezes o do CO2 (MMA, 2018).

Óxido Nitroso (N2O)


Com um poder de aquecimento global 310 vezes maior que o do CO2, as emissões de N2O
provêm principalmente do setor agropecuário. As principais fontes são: tratamento de dejetos
animais, uso de fertilizantes, queima de combustíveis de origem fóssil e alguns processos produtivos
da indústria (MMA, 2018).

Hexafluoreto de Enxofre (SF6)


Utilizado principalmente como isolante térmico e condutor de calor, o SF6 é o gás que
possui o maior poder de aquecimento, sendo 23.900 vezes mais ativo no efeito estufa do que o
CO2 (MMA, 2018).

Outros gases
Outros gases que intensificam o efeito estufa são: hidrofluorcarbonos (HFCs) e
perfluorcarbonos (PFCs). Os HFCs, presentes em aerossóis e refrigeradores, são utilizados como
substitutos dos clorofluorcarbonos (CFCs). Embora os HFCs não agridam a camada de ozônio
como os CFCs, em geral, possuem alto potencial de aquecimento global, com poder de
aquecimento que varia de 140 a 11.700 vezes superior ao do CO2. Os PFCs são utilizados como
gases refrigerantes, solventes, propulsores, espuma e aerossóis e têm potencial de aquecimento global
de 6.500 a 9.200 vezes superior ao do CO2 (MMA, 2018).

15
Cenário emissões de GEE
A figura 1 a seguir apresenta um panorama das emissões totais de GEE no Brasil.

Figura 1 – Emissão de GEE no Brasil

Fonte: adaptado de MMA (2018).

16
Causas e consequências do aquecimento global

Mudanças do clima
O clima da Terra se mantém adequado à vida quando existe um equilíbrio entre a energia
solar incidente e a energia emitida pelo planeta para o espaço sideral. Esse equilíbrio pode ser
perturbado de diversas formas:
pela variação natural da quantidade de energia emitida pelo Sol;
por alterações naturais na órbita da Terra e
por uma modificação, de origem natural ou antrópica, na composição da atmosfera,
especialmente na concentração de minúsculas partículas chamadas aerossóis – que
resultam de queimadas, por exemplo – e de GEE (MMA, 2011).

Ao longo de toda a história da Terra, em todas as escalas de tempo, houve mudanças no


clima; no entanto, a mudança atual apresenta alguns aspectos distintos. No passado, as mudanças
climáticas foram decorrentes de fenômenos naturais. Atualmente, sobretudo nos últimos 50 anos,
a maior parte da mudança do clima pode ser atribuída às atividades antrópicas (MMA, 2011).
O aquecimento global é evidenciado principalmente por meio do aumento da temperatura
média global – do ar e dos oceanos –, pela elevação do nível dos mares e oceanos e pelo derretimento
da neve e do gelo das calotas polares (MMA, 2011).
Atualmente, as temperaturas médias globais da superfície terrestre são as maiores dos últimos
cinco séculos, e, nos últimos 100 anos, a temperatura média global da superfície aumentou cerca
de 0,74 ºC (MMA, 2011).
Pelos estudos do IPCC, caso não sejam tomadas medidas suficientes para desacelerar esse
processo global de aquecimento, é possível, ainda neste século, que a temperatura global aumente
em média de 2 oC a 5,8 oC. Porém, mudanças dessa magnitude na temperatura média da Terra
podem causar grandes impactos sobre todas as formas de vida existentes no planeta (MMA, 2011).
Além das mudanças climáticas, o aquecimento global pode provocar alterações nos ciclos
biogeoquímicos – ciclo da água, do carbono e do nitrogênio –, além de intensificar processos
naturais que impactam a vida humana e as demais formas de vida na Terra (MMA, 2011).

Intensificação dos eventos climáticos


O aumento da frequência e da intensidade de fenômenos climáticos, como secas, furacões,
enchentes e tempestades, está diretamente relacionado às mudanças climáticas (MMA, 2011).

17
Elevação dos níveis dos mares e oceanos
Como consequência das mudanças climáticas e do aquecimento global, o nível dos mares poderá
subir substancialmente, acarretando o desaparecimento de muitas ilhas, países e regiões costeiras, além
de ampliar a ocorrência de enchentes e erosões em áreas próximas à costa (MMA, 2011).

Impactos na agricultura
As mudanças climáticas podem alterar as condições naturais de algumas áreas agrícolas,
levando ao deslocamento de culturas alimentares ou inviabilizando a produção de alimentos em
outras áreas (MMA, 2011).

Mudanças nos regimes de chuva


As alterações nos regimes de chuvas podem desencadear ondas de secas em algumas
regiões, enquanto em outras, a intensificação de enchentes. O extravasamento de água salgada
em regiões próximas à foz dos rios pode contribuir para quadros de escassez de água potável em
algumas regiões (MMA, 2011).

Impactos no bem-estar e na saúde das populações


Em função das alterações climáticas, poderão ocorrer deslocamentos populacionais, uma vez
que as mudanças climáticas podem contribuir para a disseminação de doenças influenciadas pelo
clima. Estima-se que ocorra a expansão de doenças tropicais como a malária e a dengue para regiões
mais temperadas (MMA, 2011).

Impactos sobre diversidade


Uma das principais causas da perda de biodiversidade é a mudança de clima. Assim, com o
objetivo de identificar e tratar esse risco, nasceu a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) –
Convention on Biological Diversity. Da mesma forma, a UNFCCC possui o objetivo de garantir a
estabilização das concentrações de GEE seguindo um cronograma que permita a adaptação de
ecossistemas à mudança de clima. Com o mesmo intuito, essas duas convenções, bem como a
Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação, buscam contribuir para o
desenvolvimento sustentável (MMA, 2017).
Para o combate à desertificação, mitigação e adaptação à mudança climática, o manejo da
biodiversidade será o grande responsável por essa contribuição. Dessa forma, a conservação e o
incremento de ecossistemas terrestres, costeiros e marinhos podem constituir-se em sumidouros
naturais de GEE (MMA, 2017).

18
Os impactos da mudança de clima sobre a biodiversidade são de grande preocupação para a
CDB. A COP enfatizou os riscos, especialmente aqueles que se referem aos ecossistemas de recifes
de coral e às florestas, e chamou atenção sobre os graves impactos da perda de biodiversidade nesses
sistemas na subsistência das populações (MMA, 2017).

Impactos da mudança do clima no Brasil


Na Amazônia, na região Norte do País, nos últimos anos, ocorreram duas grandes secas: em
2005 e 2010. Além disso, uma das piores enchentes já vivenciadas, que ocorreu no ano de 2006, logo
após a seca extrema do ano anterior, afetando diversos setores da vida humana, como transporte,
agricultura, saúde púbica e saneamento, impactando negativamente a economia (MMA, 2011).
Do ponto de vista social, a região do Brasil mais vulnerável à mudança do clima é o interior
do Nordeste, conhecido como semiárido. O alto potencial de evaporação desse local combinado
com o aumento de temperatura poderia causar a diminuição de lagos, reservatórios e açudes, além
de contribuir para a redução da vazão dos cursos de água. Esses fatos possuem efeito direto sobre a
produção agrícola de subsistência, colocando em risco a sobrevivência humana e fomentando a
migração da população para as cidades costeiras e região Centro-Sul. (MMA, 2011)
Uma forte evidência de que os efeitos das mudanças climáticas estão provocando fenômenos
que antes não aconteciam no Brasil é o furacão Catarina, que atingiu a costa brasileira na região Sul
em 2004, sendo o primeiro registrado no Atlântico Sul (MMA, 2011).
Eventos extremos como chuvas mais intensas ocasionaram cada vez mais o risco de
deslizamento em morros desmatados, colocando em risco as populações locais. Também, devido ao
aumento das chuvas, tornam-se mais frequentes as inundações nos grandes centros urbanos, já que
a elevação rápida do nível da água se soma à dificuldade de escoamento de água e ao lixo acumulado
nas bocas-de-lobo (MMA, 2011).
Os graus de vulnerabilidade dos países em relação aos fenômenos da mudança climática
global e aos seus impactos sociais e ambientais extremos não estão necessariamente relacionados às
suas responsabilidades históricas diante da emissão de GEE. Estudos científicos apontam que as
diferenças regionais existentes entre os países, como o nível de renda e o desenvolvimento
tecnológico, determinarão os impactos da mudança do clima e as suas variações, influenciando o
nível de vulnerabilidade de cada região e população.

19
20
MÓDULO II - HISTÓRICO DAS NEGOCIAÇÕES
INTERNACIONAIS E SITUAÇÃO BRASILEIRA

Os problemas ambientais globais, a exemplo das mudanças climáticas, transcorrem de


impactos em escala planetária de atividades que se espalham além de fronteiras de cada Estado
(ROCKSTRÖM et al. 2009 apud SOUZA; CORAZZA, 2017).
Assim, os problemas ambientais mundiais da atualidade necessitam de ações coletivas,
articuladas em sistemas de governança internacional na busca de soluções globais. A UNFCCC e
as COPs representam o esforço conjunto dos países membros na busca dessa solução.
O Módulo II discorre sobre o histórico das negociações internacionais e a situação brasileira,
as ações da UNFCCC e os principais resultados das COPs.

Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança


do Clima
A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC – em
inglês: United Nations Framework Convention for Climate Change) tem como objetivo combater
as mudanças climáticas. Foi criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1992, durante
a segunda Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente, a Rio 92.
Os países membros da ONU são orientados pela UNFCCC a se comprometerem com ações
para mitigação e adaptação relacionadas às mudanças climáticas e buscarem negociações de meios
financeiros e tecnológicos para alcançá-las.
As COPs iniciaram em 1995, e as suas edições ocorrem para definir metas globais e meios de
implementação das ações relacionadas ao clima.
Com o conhecimento científico sobre causas, efeitos e recomendações sobre as mudanças
climáticas apontadas pelo IPCC a partir de 2007, houve uma intensificação das negociações. Um
exemplo é o Relatório do IPCC AR4 de 2007 que apresentou a confirmação de que ações antrópicas
afetam os aumentos das emissões de GEE e estas influenciam nas mudanças climáticas globais
(SOUZA; CORAZZA, 2017).

Conferência das Partes da UNFCCC


A seguir, serão relatadas as COPs, apresentadas por um breve resumo sobre as principais
definições e avanços ocorridos em cada uma delas:

COP 1 – Berlim, 1995


Início do processo de negociação para a redução das emissões de GEE dos países desenvolvidos.

COP 2 – Genebra, 1996


Definição da criação de obrigações legais para as metas de redução de emissões de GEE.

COP 3 – Quioto, 1997


O Protocolo de Quioto, criado em 1997, é um tratado complementar à UNFCCC e definiu
metas de redução de emissões de GEE para países desenvolvidos. No entanto, só entrou em vigor
oito anos mais tarde, em fevereiro de 2005, após a ratificação de 55% das emissões globais dos
países membros da UNFCCC.
As metas do primeiro período são descritas a seguir, na tabela 1.

Tabela 1 – Compromissos dos países para a redução de emissões de GEE

metas da 1ª fase do metas da 2ª fase do


países participantes
compromisso de 2008-2012 compromisso de 2013-2020

37 países redução de emissões de GEE redução das emissões de GEE


industrializados + para a média de 5% em em pelo menos 18% abaixo
comunidade Europeia* relação aos níveis de 1990 dos níveis de 1990
Ratificou o documento em 22 de agosto de 2002 por meio de
Brasil
decreto Legislativo nº 144 de 2002.

* cada país negociou sua meta de redução.

Fonte: adaptado de Brasil (2018).

22
Uma observação importante em relação ao Protocolo de Quioto é a não ratificação do
documento e dos seus compromissos pelos Estados Unidos, o maior emissor de GEE do planeta,
que abandonaram o acordo em 2001.

COP 4 – Buenos Aires, 1998


Elaboração de programa de metas do Protocolo de Quioto para temas como mudanças climáticas
e alternativas de compensação mediante mecanismos de financiamento e transferência de tecnologia.

COP 5 – Bonn, 1999


Uso da terra e das florestas e impactos das atividades humanas, papel desempenhado pelas
florestas e uso da terra na redução de emissões de GEE. Execução de metas da COP 4.

COP 6 parte I – Haia, 2000


Mecanismos de Flexibilização, a saber: 1) Execução Conjunta (em inglês: Joint
Implementation – JI), favorecendo a execução de projetos de redução de emissões entre países
industrializados; 2) Comércio de Emissões (em inglês: Emissions Trade – ET), permitindo a
comercialização de créditos de emissão entre países industrializados; 3) MDL – Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo (em inglês: Clean Development Mechanism – CDM), permitindo a
transferência de recursos e tecnologia de países industrializados para países em desenvolvimento.

COP 6 parte II – Bonn, 2001


Inclusão dos sumidouros nas metas de emissão.

COP 7 – Marrakesh, 2001


O Acordo de Marrakesh definiu mecanismos de flexibilização, limitação do uso de créditos
de carbono de projetos de MDL, e o estabelecimento de fundos para países em desenvolvimento –
Nova Deli COP 8.

COP 8 – Nova Deli, 2002


Discussão sobre o uso de fontes renováveis na matriz energética. Apresentação de projetos
para a criação de mercados de créditos de carbono.

23
COP 9 – Milão, 2003
Regulamentação de sumidouros de carbono e determinação de regras para a execução de
projetos de reflorestamento.

COP 10 – Buenos Aires, 2004


Regras de implementação do Protocolo de Quioto.

COP 11 – Montreal, 2005


Definições em relação ao segundo período do Protocolo de Quioto, pós-2012.

COP 12 – Nairóbi, 2006


Revisão de itens do Protocolo de Quioto. Estabelecimento de regras para o financiamento de
projetos de adaptação às mudanças climáticas em países em desenvolvimento. O Brasil propõe o REDD.

COP 13 – Bali, 2007


Definição de Road Map até 2009 com metas de emissão e compromissos verificáveis.
Aprovado Fundo de Adaptação.

COP 14 – Poznan, 2008


Preparação para COP 15 e discussão de um possível acordo climático global para substituir
o Protocolo de Quioto.

COP 15 – Copenhague, 2009


Não conseguiu definir um acordo global para diminuir emissões até 2012. Definição de meta
de limitação de 2 oC para o aumento da temperatura média global aos níveis pré-industriais.
Reconhecimento do REDD como fundamental para a mitigação de mudanças climáticas.

COP 16 – Cancun, 2010


Criação do Fundo Verde do Clima. O Brasil anunciou a regulamentação da Política Nacional
sobre Mudança do Clima e assumiu o compromisso de reduzir no máximo 2,1 bilhões de CO2 até
2020. A vigência do Protocolo de Quioto encerrou em 2012, obrigando 37 países desenvolvidos a
reduzir as emissões de CO2 e outros GEE.

24
COP 17 – Durban, 2011
A Plataforma de Durban estabelece que os países devem definir metas até 2015 e praticar a
partir de 2020. Trabalhos em torno da substituição do Protocolo de Quioto que encerra em 2012.

COP 18 – Doha, 2012


Acordo para o combate ao aquecimento global até 2020. Carta compromisso de extensão
do Protocolo de Quioto.

COP 19 – Varsóvia, 2013


Preparação e debates que antecedem à COP 21 de Paris para a definição de documento para
substituir o Protocolo de Quioto. O Brasil defende economia de baixo carbono.

COP 20 – Lima, 2014


Definição das bases para um acordo geral sobre o clima a ser aprovado a seguir na
COP 21, realizada em Paris, em substituição ao Protocolo de Quioto. Define as Contribuições
Intencionais Nacionalmente Determinadas (INDCs, sigla em inglês para Intended National
Determinate Contributions) para a mitigação e a adaptação, a serem propostas pelas partes para
o futuro acordo de Paris.

COP 21 – Paris, 2015


Em 12 de dezembro de 2015, em Paris, na conferência da ONU sobre mudança climática, a
COP 21, foi adotado o acordo global para o combate dos efeitos das mudanças climáticas e a
redução das emissões de GEE (ONU, 2015).
O documento intitulado “Acordo de Paris” foi ratificado pelas 195 partes da UNFCCC e
pela União Europeia, com assinaturas ocorridas em abril de 2016 até abril de 2017.
O acordo busca esforços para limitar o aquecimento global abaixo de 2 ºC, e limitar o aumento
da temperatura a 1,5 ºC com relação aos níveis pré-industriais. Em relação às metas de mitigação de
emissões de GEE, espera-se que os países em desenvolvimento levem mais tempo para alcançá-lo.
O Acordo de Paris prevê que cada país contribua com metas próprias, colaborando com a
meta global. Nesse sentido, há os chamados emissions gaps, levantados pela pesquisa da Climate
Action Tracker – CAT (2017), conforme figura 2, concluindo que os países devem assumir
compromissos para a redução das suas emissões até o meio do século em um esforço conjunto de
transição para uma economia de baixo carbono e, assim, evitar impactos planetários estudados e
divulgados pelo IPCC.
A figura 2 a seguir apresenta as principais COPs em uma timeline desde 1992 com a Cúpula
da Terra (Rio 92), no Rio de Janeiro, até 2015 com a COP 21 em Paris.

25
Figura 2 – Principais COPs

Fonte: CEBDS (2018).

26
O gráfico 1 apresenta dados históricos de emissões globais de GEE, bem como a simulação de
cinco possíveis cenários diante de adoções de alguns pressupostos na economia e na política mundial.

Gráfico 1 – Emissões globais e efeito na temperatura do planeta

Fonte: adaptado de Climate Action Tracker (2017).

Conforme demonstrado no gráfico 1, os estudos da CAT afirmam que, se não houver


mudanças, a trajetória atual de emissões até 2100 acarretará um aumento de temperatura global
entre 4,1 ºC e 4,8 ºC, o cenário mais pessimista. Com o atingimento das metas e políticas
estabelecidas pelas NDCs dos países, o aumento da temperatura global ficará entre 2,6 ºC e
3,7 ºC, o cenário intermediário. Contudo, se atingidas as metas coerentes ao Acordo de Paris,
proposto em 2015 na COP 21 e ratificado, devem-se zerar as emissões líquidas globais para atingir
a temperatura entre 1,5 ºC e 1,7 ºC. Esse cenário e as projeções da CAT foram projetados após
a saída dos EUA do Acordo Global.

27
Figura 3 – Projeções CAT de aquecimento

Fonte: adaptado de Climate Action Tracker (2017)

Para atingir os objetivos propostos no Acordo de Paris até 2020, os países signatários devem
apresentar as suas estratégias de desenvolvimento de baixo carbono até o meio do século, conhecida
como as estratégias de longo prazo (ELPs). A ELP de cada país deve conter emissões históricas;
metas de mitigação, com opções prioritárias e custos; projeções de emissões de GEE; e ações de
curto e médio prazo, entre outros dados e informações.

COP 22 – Marrocos, 2016


Na COP 22, realizada em Marrocos, o governo brasileiro lançou um mecanismo de
promoção do uso de biocombustíveis no mercado nacional e internacional. A iniciativa, que se
chamou Plataforma para o Biofuturo e foi criada por 20 países, incluindo o Brasil, terá a finalidade
de reduzir as emissões de GEE na área de transporte com o uso dos biocombustíveis, contendo
assim, o aquecimento global. Além disso, a plataforma tornará públicas as iniciativas brasileiras
como a produção de biocombustíveis de segunda geração no território nacional. Para mais
informações, acesse a plataforma, disponível em http://www.biofutureplatform.org.

28
COP 23 – Bonn, 2017
Aprovação de um documento a respeito das diretrizes estabelecidas no Acordo de Paris, que
não deve se materializar até 2020. Mesmo após a declaração da saída dos Estados Unidos do Acordo
de Paris, cerca de 200 delegações e chefes de estado reafirmaram o seu compromisso.

COP 24 – Katowice, 2018


Uma das tarefas mais importantes da 24ª Sessão da Conferência das Partes na UNFCCC
(COP 24) será elaborar e adotar um pacote de decisões que garanta a plena implementação do
Acordo de Paris, de acordo com as decisões adotadas em Paris (COP 21) e em Marrakesh
(CMA 1.1). Além disso, incluirá o chamado Diálogo Facilitador, destinado a apoiar a
implementação de compromissos nacionais.
Um dos objetivos do 2018 Climate Summit Poland é demonstrar como a neutralidade em
termos de emissões de GEE, ou seja, um equilíbrio entre as emissões de CO2 e o seu sequestro por
solos e florestas pode ser alcançado.
A COP 24 ocorreu de 3 a 14 de dezembro de 2018, em Katowice, na Polônia.

COP 25 – Madri, 2019


O foco inicial da COP 25 era impulsionar a ação dos países sobre a crise climática e concluir
questões relacionadas à operacionalização do Acordo de Paris em temas relacionados ao
funcionamento dos mercados globais de carbono, mas a discussão da maioria dos detalhes técnicos
foi deixada para a próxima COP.

COP 26 – Escócia, 2020


A COP 26, que ocorreria na Escócia no final de 2020 para encaminhar as negociações sobre
as mudanças climáticas, foram adiadas para outubro de 2021 devido a pandemia do novo
coronavírus.
O adiamento da COP 26 representa uma oportunidade a mais para os países se organizarem
para implementar uma estratégia de mitigação das mudanças climáticas.

Acordos e tratados internacionais sobre mudanças


climáticas
Os principais acordos internacionais direcionadores para a tratativa de redução de emissões
globais de GEE foram: Tratado (ou Protocolo) de Quioto, de 1997; e o Acordo de Paris, de 2015.

29
Linha do tempo: tratados sobre mudanças climáticas e principais marcos
sobre compromissos globais
1997 – Tratado de Quioto; 2015 – antes da conferência iNDCs dos países; 2015 – Acordo de
Paris; 2016 – NDCs dos países; até 2020 – apresentação das ELPs países signatários do Acordo de Paris;
2050 – meta global de aumento da temperatura; 2100 – meta global de aumento da temperatura.

NDC
Em 2015, antes da COP 21 que aprovou o Acordo de Paris, os países apresentaram as suas
intended Nationally Determined Contributions (iNDCs), ou pretendidas Contribuições
Nacionalmente Determinadas, pretendidas pois foram propostas antes da aprovação do Acordo.
Logo após a ratificação do Acordo em setembro de 2016, as iNDCs automaticamente foram
assumidas como Nationally Determined Contributions (NDCs), ou seja, Contribuições
Nacionalmente Determinadas.
As NDCs nos países assumem um papel norteador dos desafios para o cumprimento das
metas localmente e, assim, sugerem tendências gerais, adaptações e novas oportunidades na busca
do cumprimento das metas acordadas em Paris.
Em 12 de setembro de 2016, o Brasil concluiu o processo de ratificação do Acordo de Paris após
a aprovação pelo Congresso Nacional, e o instrumento foi entregue em 21 de setembro de 2016 às
Nações Unidas. Assim, desde essa data, a iNDC brasileira deixou de ser pretendida e passou a ser NDC.
Em relação à participação dos países nas emissões, segundo o World Resources Institute
(WRI, 2017), o Brasil contribui com 2,33% das emissões globais, e atualmente é o sétimo país no
ranking emitindo 2,278 GtCO2 em 2016 (SEEG, 2017).
O Acordo de Paris pede que as NDCs de cada país sejam entregues a cada cinco anos
contendo informações dos últimos anos, avanços em tecnologia e sinalizando as tendências
econômicas em mudança.
O WRI (2020) rastreia os países que sinalizaram aumentar suas contribuições nas NDCs. Em
2020, são 33 países que declaram sua intenção de atualizar a NDC, incluindo a União Européia,
representando 9,2% das emissões globais e 106 países declaram sua intenção de aumentar a ambição
ou ação da NDC até 2020, representando 15% das emissões globais.

NDC Brasil
O Brasil assumiu o Acordo com o compromisso de implantar ações e medidas estabelecidas
na NDC apresentada. Vale ressaltar que a iNDC atual NDC teve na sua elaboração o envolvimento
de diferentes atores – governo, setor privado, academia e organizações não governamentais –,
resultando em consenso entre todos os segmentos da sociedade brasileira.
Na tabela 2, apresenta-se um resumo das contribuições assumidas pelo Brasil.

30
Tabela 2 – Compromissos assumidos pelo Brasil na NDC

o que meta prazo

redução de emissões de GEE 37% abaixo dos níveis de 2005 2025

redução de emissões de GEE 43% abaixo dos níveis de 2005* 2030

Para garantir o alcance das metas acima, o país se compromete a:

aumentar a participação de bioenergia


18% 2030
sustentável

12 milhões de hectares de
restaurar e reflorestar 2030
florestas

alcançar participação de energias renováveis


45% 2030
na composição da matriz energética

Fonte: adaptado de MMA (2017).

A NDC brasileira, conforme demonstra a tabela 2, assumiu o compromisso de reduzir as


emissões de GEE em 37% abaixo dos níveis de 2005 até 2025. Também se comprometeu a reduzir
em 43% nos mesmos padrões até 2030. Para alcançar essas reduções, comprometeu-se a aumentar
a participação de bioenergia sustentável na matriz energética em 18% até 2030, alcançar uma
participação estimada em 45% de energias renováveis na composição da matriz energética em 2030
e restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares de florestas.
Em relação à dimensão social, a NDC brasileira destaca a necessidade de proteger as
populações vulneráveis relacionadas aos impactos negativos da mudança do clima, assim como
aumentar a sua capacidade de resiliência com novas políticas públicas no Plano Nacional de
Adaptação (PNA).

Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas


O IPCC foi criado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e pela
Organização Meteorológica Mundial (OMM) para fornecer conhecimento e visão científica sobre as
mudanças climáticas e os seus potenciais impactos socioeconômicos e ambientais em escala global.
O IPCC está no sexto ciclo de avaliação e entregará entre 2018 e 2022 – exceto 2020 – mais
relatórios relevantes sobre o aquecimento global. Em 2019, o IPCC atualizará a sua metodologia
para que os países possam participar com o relator das suas metas.

31
O Sumário para Formuladores de Políticas apresenta as principais conclusões do Relatório
Especial de 2018, com base na avaliação da literatura científica, técnica e socioeconômica em relação
ao aquecimento global de 1,5°C e na comparação entre o aquecimento de 1,5°C e o de 2°C acima
dos níveis pré-industriais.

Política Nacional sobre Mudança do Clima


Instituída pela Lei nº 12.187/09, a Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC)
oficializa o compromisso voluntário do Brasil perante a ONU de diminuir as emissões de GEE.
Assim, em 2009, o Brasil oficializou o compromisso voluntário de redução de emissões de GEE
com a meta de reduzir entre 36,1% e 38,9% as emissões projetadas para o País até 2020. Em outras
palavras, isso significa promover a redução entre 1.168 e 1.259 milhões de tonCO2eq do total das
emissões estimadas para o ano de 2010. Em 2010, o Decreto nº 7.390 regulamentou a PNMC e
estimou a linha de base de emissões de GEE em 3.236 GtCO2eq (MMA, 2011).
As medições são feitas, desde 1990, a cada cinco anos, nos seguintes setores:
uso da terra e florestas;
agropecuária;
processos industriais;
tratamento de resíduos e
energia.

Em função das ações de combate ao desmatamento implementadas pelo governo federal


desde 2004, o setor de Uso da Terra e Florestas é que vem apresentado a maior queda de emissões
de GEE (MMA, 2018).
A PNMC estabeleceu o desenvolvimento de planos setoriais de mitigação e adaptação às
mudanças climáticas nos âmbitos local, regional e nacional, de forma que o alcance dos seus
objetivos deve contemplar o desenvolvimento sustentável visando ao crescimento econômico, à
erradicação da pobreza e à redução das desigualdades sociais.
Buscando a consolidação de uma economia de baixo consumo de carbono, esses planos visam
a atender metas gradativas de redução de emissões de GEE de origem antrópica que possam ser
quantificados e verificados, para vários setores da economia, como geração e distribuição de energia
elétrica, indústria, transporte público urbano, serviços de saúde e agropecuária, considerando as
especificidades de cada setor, inclusive por meio do MDL e das Ações de Mitigação Nacionalmente
Apropriadas (Namas) (MMA, 2018).

32
Os gráficos 2 e 3 e a tabela 3 a seguir apresentam dados de resultados totais de emissões de
GEE no Brasil para os diferentes setores da economia – energia, tratamento de resíduos, processos
industriais, agropecuária, uso da terra e florestas –, para o período entre 1990 e 2012, publicadas
em 2014, os últimos dados disponíveis.

Gráfico 2 – GEE e emissões brasileiras entre 1990-2012

Fonte: adaptado de Brasil (2014).

Tabela 3 – Emissões em CO2 por setor entre 1990-2012

1990 1995 2000 2005 2011 2012 Variação

Setores
1995 - 2005 -
GgCO2eq
2005 2012

Energia 187.739 227.604 298.611 328.377 407.544 446.154 44,3% 35,9%

Processos
52.537 63.065 71.674 77.943 86.173 85.365 23,6% 9,5%
industriais

Agropecuária 303.772 335.775 347.882 415.724 449.853 446.445 23,8% 7,4%

Florestas 815.965 1.940.420 1.343.136 1.179.067 310.486 175.685 -39,2% -85,1%

Resíduos 29.061 33.677 38.517 41.887 48.139 49.775 24,4% 18,8%

TOTAL 1.389.074 2.600.543 2.099.820 2.042.998 1.302.195 1.203.424 -21,4% -41,1%

Gg = milhares de toneladas

Fonte: Brasil (2014).

33
Gráfico 3 – Variação da participação nas emissões para cada setor entre 2005-2012

Fonte: adaptado de Brasil (2014).

A PNMC colabora para a previsão de utilização de instrumentos econômicos e financeiros


para a promoção de ações de adaptação e de mitigação às mudanças do clima.
O inciso XIII da PNMC orienta a elaboração de registros, inventários, estimativas, avaliações
ou quaisquer outros estudos de emissões que tenham como base as informações geradas pelo setor
privado ou público. Nesse sentido, no inventário de emissões de GEE, destacam-se atualmente no
Brasil duas metodologias: o Program GHG Protocol e a ISO 14064 de 2006.
Ciente de que as mudanças climáticas são uma questão estratégica para o presente e o futuro
do País, o Brasil tem desenvolvido várias ações voltadas para a mitigação de emissões e a construção
de mecanismos de adaptação.
Os gráficos a seguir retratam as estimativas e os limites de emissões para 2020, conforme a
definição do Decreto nº 7.390/10, em termos globais (gráfico 4) e separadamente para cada setor da
economia considerado nos planos setoriais: mudança de uso da terra e florestas (gráfico 5); energia
(gráfico 6); agricultura (gráfico 7); e processos industriais e tratamento de resíduos sólidos (gráfico 8).

34
Gráfico 4 – Estimativas e limites de emissões para 2020 definidos pelo Decreto nº 7.390/10

Fonte: adaptado de MMA (2018). Disponível em: <http://educaclima.mma.gov.br/graficos-miniaturas>. Acesso em: nov. 2018.

Gráfico 5 – Estimativas e limites de emissões em 2020, em CO2eq, para o setor de mudança de


uso da terra e florestas

Fonte: adaptado de MMA (2018). Disponível em: <http://educaclima.mma.gov.br/graficos-miniaturas>. Acesso em: nov. 2018.

35
Gráfico 6 – Estimativas e limites de emissões em 2020, em CO2eq, para o setor de Energia

Fonte: adaptado de MMA (2018). Disponível em: <http://educaclima.mma.gov.br/graficos-miniaturas>. Acesso em: nov. 2018.

Gráfico 7 – Estimativas e limites de emissões em 2020, em CO2eq, para o setor de agricultura

Fonte: adaptado de MMA (2018). Disponível em: <http://educaclima.mma.gov.br/graficos-miniaturas>. Acesso em: nov. 2018.

36
Gráfico 8 – Estimativas e limites de emissões em 2020, em CO2eq, para os setores de processos
industriais e tratamento de resíduos sólidos

Fonte: adaptado de MMA (2018). Disponível em: <http://educaclima.mma.gov.br/graficos-miniaturas>. Acesso em: nov. 2018.

A figura 4 a seguir apresenta o monitoramento das emissões de GEE no Brasil, em face das
metas de redução instituídas em 2009 pela Lei nº 12.187, PNMC:

37
Figura 4 – Meta de reduções das emissões de GEE no Brasil

Fonte: adaptado de MMA (2018). Disponível em: <http://www.mma.gov.br/clima/politica-nacional-sobre-mudanca-do-


clima>. Acesso em: nov. 2018.

Assim, a PNMC busca promover o crescimento econômico de baixo carbono, estruturando


a ação pública em face dos impactos causados pelas alterações do clima global. Para auxiliar na sua
execução, a PNMC possui três instrumentos: a Comunicação Nacional do Brasil à UNFCCC, o
Plano Nacional sobre Mudanças Climáticas e o Fundo Nacional sobre Mudança Climática (MMA,
2011), que serão detalhados a seguir.

Comunicação Nacional do Brasil à UNFCCC


O Brasil, como Estado-Parte da UNFCCC, tem a obrigação de produzir e atualizar,
periodicamente, o seu Inventário Nacional de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito
Estufa não Controlados pelo Protocolo de Montreal. De 2004 a 2010, o País apresentou duas
Comunicações Nacionais à UNFCCC, como instrumentos de execução da PNMC. Os inventários
permitem que os países acompanhem o perfil das suas emissões e formulem, a partir desses dados,
estratégias nacionais de redução de emissões adequadas às realidades locais e globais (MMA, 2011).
Os últimos registros de emissões em dióxido de carbono equivalente por setor foram
divulgados pelo Sistema de Registro Nacional de Emissões - SIRENE Brasil. O SIRENE é um
sistema computacional desenvolvido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e

38
Comunicações (MCTIC), que disponibiliza os resultados do Inventário Nacional de Emissões
Antrópicas por Fontes e Remoções por Sumidouros de Gases de Efeito Estufa não controlados pelo
Protocolo de Montreal. O SIRENE também disponibiliza informações relacionadas a iniciativas de
contabilização de emissões tais como Estimativas Anuais de Emissões de Gases de Efeito Estufa e o
inventário do Relatório de Atualização Bienal (MCTIC, 2020).

Plano Nacional sobre Mudança do Clima


O Plano Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC) foi instituído em 2008 com o objetivo
de incentivar o desenvolvimento e o aprimoramento de ações de mitigação no Brasil, para
contribuir com o engajamento global de redução das emissões de GEE além de desenvolver
condições para que o País gerencie os impactos causados pela mudança do clima no cenário mundial
no seu território. Com metas estabelecidas no âmbito nacional, o plano prevê a participação de
diferentes órgãos do governo das três esferas federativas e de diversos setores da sociedade. Para
tanto, está baseado em quatro pilares fundamentais:
oportunidades de mitigação de emissões de GEE;
impactos, vulnerabilidades e adaptação às mudanças do clima;
pesquisa e desenvolvimento sobre mudanças do clima e
educação, capacitação e comunicação (MMA, 2011).

O plano é integrado pelos planos de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na


Amazônia Legal e no Cerrado e pelos demais planos setoriais de mitigação e adaptação estabelecidos
para os diferentes setores econômicos nacionais (MMA, 2011).
Em 2020 um projeto de lei foi apresentado para exigir avaliação anual de instrumentos de
execução da Política Nacional sobre Mudança do Clima (Lei 12.187, de 2009). Segundo o projeto,
os programas também deverão ser atualizados a cada cinco anos, no mínimo. O PL 4.816/2019
também terá que passar pela Comissão de Meio Ambiente (CMA), que terá a decisão final sobre
ele. O projeto destaca três iniciativas contidas dentro da PNMC: o Plano Nacional Sobre Mudança
do Clima, que identifica e coordena ações de mitigação dos efeitos das mudanças climáticas; o
Fundo Nacional sobre Mudança do Clima, que financia essas ações; e os Planos de Ação para a
Prevenção e Controle do Desmatamento, que se distribuem entre três biomas: Amazônia, Cerrado
e Caatinga (Agência Senado, 2020).

Fundo Nacional sobre Mudança do Clima e Fundo Amazônia


O Fundo Nacional sobre Mudança do Clima (ou somente, Fundo Clima) é um instrumento
da PNMC, cuja finalidade é garantir recursos que possam financiar projetos, estudos e
empreendimentos voltados à redução de emissões de GEE e à adaptação aos efeitos da mudança do
clima (MMA, 2011).

39
O Fundo Clima foi criado em 2010 é um dos principais instrumentos da Política Nacional
sobre Mudança do Clima (PNMC), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente (MMA) e
disponibiliza recursos de duas formas distintas: reembolsável, administrados pelo BNDES; e não
reembolsável, operacionalizados pelo próprio MMA (MMA, 2017).
O Fundo Amazônia foi criado em 2008 e seu principal objetivo é captar investimentos para
o combate ao desmatamento na Amazônia para execução de projetos não-reembolsáveis de
prevenção e monitoramento na região, promoção da conservação e uso sustentável do bioma. Entre
as ações beneficiadas pelo fundo estão os programas de Redução de Emissões por Desmatamento e
Degradação Florestal (REDD+). O fundo é gerido pelo BNDES e também apoia o
desenvolvimento de sistemas de monitoramento e controle do desmatamento no restante do Brasil
e em outros países tropicais, podendo usar até 20% dos seus recursos para este fim (MMA, 2020).
Áreas de projetos apoiadas pelo Fundo Amazônia: Gestão de florestas públicas e área
protegidas; Controle, monitoramento e fiscalização ambiental; Manejo florestal sustentável;
Atividades econômicas desenvolvidas a partir do uso sustentável da vegetação; zoneamento
ecológico e econômico, ordenamento territorial e regularização fundiária; conservação e uso
sustentável da biodiversidade; e recuperação de áreas desmatadas.
Quando criado, a gestão do Fundo Amazônia foi realizada pelo BNDES e contava com um
Comitê Orientador - COFA e um Comitê Técnico- CTFA.
A gestão do Fundo Amazônia teve alterações devido ao Decreto nº 9.759, de 11 de abril de
2019, que promoveu a extinção de diversos colegiados da administração pública federal, inclusive
o COFA e o CTFA. Até maio de 2020 não havia sido definida a nova governança do Fundo
Amazônia (MMA, 2020).

Tabela 4 - Quadro resumo da legislação aplicável ao Fundo Amazônia

LEGISLAÇÃO ASSUNTO

Decreto nº 6.527, de 1º Dispõe sobre o estabelecimento do Fundo Amazônia pelo Banco


de agosto de 2008 Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES

Decreto nº 6.565, de 15 Dispõe sobre medidas tributárias aplicáveis às doações em


de setembro de 2008 espécie recebidas por instituições financeiras públicas
controladas pela União e destinadas a ações de prevenção,
monitoramento e combate ao desmatamento e de promoção da
conservação e do uso sustentável das florestas brasileiras

40
LEGISLAÇÃO ASSUNTO

Lei nº 11.828, de 20 de Dispõe sobre medidas tributárias aplicáveis às doações em


novembro de 2008 espécie recebidas por instituições financeiras públicas
controladas pela União e destinadas a ações de prevenção,
monitoramento e combate ao desmatamento e de promoção da
conservação e do uso sustentável das florestas brasileiras.

Lei nº 12.810, de 15 de Dispõe sobre o parcelamento de débitos com a Fazenda


maio de 2013 Nacional relativos às contribuições previdenciárias de
responsabilidade dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios e altera, entre outras, a Lei nº 11.828, de 20 de
novembro de 2008 (Artigo 14)

Decreto nº 10.144, de 28 Institui a Comissão Nacional para Redução das Emissões de


de novembro de 2019 Gases de Efeito Estufa Provenientes do Desmatamento e da
Degradação Florestal, Conservação dos Estoques de Carbono
Florestal, Manejo Sustentável de Florestas e Aumento de
Estoques de Carbono Florestal - REDD+

Fonte : http://www.fundoamazonia.gov.br/pt/fundo-amazonia/ Acesso em: 06 de maio de 2020.

Objetivos do Desenvolvimento Sustentável


Ao final da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável realizada
em 2012 no Rio de Janeiro, a Rio+20, foram elaborados os Objetivos do Desenvolvimento
Sustentável (ODS), com o intuito de nortear o desenvolvimento sustentável, em substituição aos
Objetivos do Desenvolvimento do Milênio, válidos até 2015 (PNUD, 2018).
Os ODS são um conjunto de 17 objetivos, desdobrados em 169 metas, com prazo de
atingimento até 2030, sendo por essa razão também chamados de Agenda 2030. Os ODS podem ser
considerados como uma agenda global para atingir o equilíbrio almejado para o desenvolvimento
sustentável do planeta e da sociedade. Depois de três anos de um esforço conjunto da sociedade global,
os ODS foram aprovados em setembro de 2015 na Cúpula das Nações Unidas, convocando a
participação de governos, sociedade civil, setor privado, academia e mídia para o alcance dos resultados
para o equilíbrio social, ambiental e econômico, de forma que o último objetivo – ODS 17 – versa sobre
meios para a sua implementação por meio de parcerias globais (PNUD, 2018).

41
Conforme o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD (2018), os
ODS são:
Objetivo 1 – Erradicação da pobreza: acabar com a pobreza em todas as suas formas, em
todos os lugares.
Objetivo 2 – Erradicação da fome: acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e a
melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável.
Objetivo 3 – Saúde de qualidade: assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar
para todos, em todas as idades.
Objetivo 4 – Educação de qualidade: assegurar a educação inclusiva e equitativa e de
qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos.
Objetivo 5 – Igualdade de Gênero: alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as
mulheres e meninas.
Objetivo 6 – Água limpa e saneamento: garantir disponibilidade e manejo sustentável da
água e saneamento para todos.
Objetivo 7 – Energias renováveis: garantir acesso à energia barata, confiável, sustentável e
renovável para todos.
Objetivo 8 – Empregos dignos e crescimento econômico: promover o crescimento
econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo, e trabalho
decente para todos.
Objetivo 9 – Inovação e infraestrutura: construir infraestrutura resiliente, promover a
industrialização inclusiva e sustentável, e fomentar a inovação.
Objetivo 10 – Redução das desigualdades: reduzir a desigualdade dentro dos países e
entre eles.
Objetivo 11 – Cidades e comunidades sustentáveis: tornar as cidades e os assentamentos
humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis.
Objetivo 12 – Consumo responsável: assegurar padrões de produção e de consumo
sustentáveis.
Objetivo 13 – Combate às mudanças climáticas: tomar medidas urgentes para combater
a mudança climática e os seus impactos.
Objetivo 14 – Vida debaixo da água: conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares
e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável.
Objetivo 15 – Vida sobre a Terra: proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos
ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação,
deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade.

42
Objetivo 16 – Paz e justiça: promover sociedades pacíficas e inclusivas para o
desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir
instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis.
Objetivo 17 – Parcerias pelas metas: fortalecer os meios de implementação e revitalizar a
parceria global para o desenvolvimento sustentável.

Na temática da Gestão Estratégica do Carbono, os ODS que se relacionam, direta e


indiretamente, são: ODS 7, ODS 8, ODS 9, ODS 12, ODS 13 e ODS 15.
A figura 5 a seguir apresenta o quadro resumo com os 17 Objetivos do Desenvolvimento
Sustentável, a chamada Agenda 2030, da ONU.

Figura 5 – Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (Agenda 2030) da ONU

Fonte: adaptado de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (2015).

43
MÓDULO III - PROCESSO DE OBTENÇÃO DE
CRÉDITOS DE CARBONO

Os processos de obtenção e comercialização de créditos de carbono criam um mercado


potencial para a redução de GEE, já que conseguem monetizar a redução de emissões. Esse mercado
se estabeleceu em 1997, a partir da assinatura do Protocolo de Quioto, o qual definiu metas para a
redução de emissões de CO2 para os países mais industrializados do planeta.
O principal objetivo do mercado de carbono é negociar a redução das emissões de CO2,
considerado o principal GEE, instituindo uma medida comercial que pode ser negociada por
emissores de GEE como forma de mitigar e compensar as suas emissões.
O Módulo III discorre sobre o processo de obtenção de créditos de carbono e os seus principais
mecanismos. Também aborda os arranjos de implementação da NDC brasileira para os principais
setores emissores de GEE no País, apresentando os projetos brasileiros atuais relacionados ao tema.

Créditos de carbono e antecedentes


Créditos de carbono ou Redução Certificada de Emissões (RCE) são certificados emitidos por
pessoa física ou jurídica, quando há redução de emissão de GEE. Adotado por convenção, uma tonelada
de dióxido de carbono equivalente (CO2eq) equivale a um crédito de carbono (MMA, 2017).
O mercado de carbono cria oportunidades entre os países para que possam atingir as suas
metas de reduções de GEE, uma vez que o protocolo lhes permite comprar créditos de carbono de
outras nações signatárias do acordo, como o Brasil (SEBRAE, 2018).
Comprar créditos de carbono no mercado, em outras palavras, significa adquirir uma
“licença” para emitir GEE. Considerando que, para que haja compensação financeira, é necessário
que o preço dessa permissão, negociado no mercado, seja inferior ao valor da multa imposta pelo
poder público ao emissor por emitir GEE.
Mecanismo de desenvolvimento limpo
Com o intuito de auxiliar os países desenvolvidos e os de economia em transição para o
capitalismo – tecnicamente chamados de “Países Anexo I” – a cumprirem as suas metas de redução
ou limitação de emissões de GEE, o Protocolo de Quioto criou três mecanismos de flexibilização
para a redução dessas emissões, concedendo créditos para projetos que reduzem ou evitam emissões
nos países em desenvolvimento: comércio de emissões, implementação conjunta e MDL. Este
último é o único a permitir a participação dos países em desenvolvimento, tecnicamente chamados
de “Partes não Anexo I”.
O Anexo I do Protocolo de Quioto define que qualquer parte pode transferir para ou adquirir
de qualquer parte unidades de redução de emissões resultantes de projetos de redução das emissões
antrópicas ou aumento de remoções antrópicas por sumidouros de GEE em qualquer setor da
economia. Assim, o MDL pode ser considerado uma ferramenta estratégica para apoiar e fortalecer
ações de redução de emissões de GEE ao implementar projetos que colaborem para a sustentabilidade.
Para os países em desenvolvimento, não relacionados no Anexo I do Protocolo, o ganho com
o MDL é bastante significativo, conforme apresentado no quadro 1 a seguir.

Quadro 1 – Ganho dos países desenvolvidos com o MDL

Ganho com o MDL

entrada de recursos de países estrangeiros;

melhoria da qualidade ambiental com a utilização de tecnologias limpas;

modernização das atividades produtivas;

participação voluntária;

aprovação do país de origem;

atendimento aos objetivos de desenvolvimento sustentável;

redução das emissões de forma adicional ao que ocorreria na ausência da atividade de


projeto MDL;

contabilização das emissões que ocorrem fora dos limites do projeto;

consulta a todos os atores que sofrerão os impactos das atividades do projeto (partes
interessadas);

garantia de não causar impactos colaterais negativos ao meio ambiente local;

46
Ganho com o MDL

produção de benefícios mensuráveis, reais e de longo prazo relacionados com a mitigação da


mudança do clima;

relação com os gases e setores definidos no Anexo A do Protocolo de Quioto ou com


atividades de projetos de reflorestamento e florestamento.

Fonte: MMA. Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, 2007.

O MDL deu início ao mercado de créditos de carbono, sendo capaz de promover o


desenvolvimento de projetos de redução de emissões de gases de efeito estufa em países em
desenvolvimento. No entanto, o Protocolo de Quioto deixou dúvidas e questões pouco esclarecidas
sobre o próprio mecanismo que criou (o MDL), sendo necessário evoluir para o hoje chamado
MDS – Mecanismo de Desenvolvimento Sustentável. Este novo mecanismo é decorrente da
chamada “proposta de convergência concêntrica” apresentada pelo Brasil durante a COP-20 (XX
Conferência das Partes) e na CMP-10 (X Reunião das Partes no Protocolo de Quioto) em dezembro
de 2014, em Lima, Peru. O objetivo deste novo mecanismo foi oferecer uma solução a uma das
questões mais controversas das negociações: o respeito ao princípio das responsabilidades comuns,
porém diferenciadas, considerando que tanto os países em desenvolvimento como os desenvolvidos
são chamados a contribuir para a redução das emissões globais de gases de efeito estufa (MIGUEZ;
ANDRADE, 2018. p. 299-318).

Redução de emissões de gases de efeito estufa provenientes


do desmatamento e da degradação florestal (REDD+)
REDD+ é um instrumento econômico desenvolvido no âmbito da UNFCCC, da qual o
Brasil é parte. A sua principal função é fornecer incentivos financeiros a países em desenvolvimento
pelas suas ações de combate ao desmatamento e à degradação florestal assim como na promoção do
incremento de cobertura florestal (BRASIL, 2016). Assim, a sigla REDD+ origina-se de: redução
de emissões de gases de efeito estufa provenientes do desmatamento e da degradação florestal.
Com o auxílio desse instrumento, países em desenvolvimento que apresentarem reduções de
emissões de GEE e aumento de estoques de carbono verificados serão elegíveis a receber
“pagamentos por resultados” de diversas fontes internacionais, em particular do Fundo Verde para
o Clima (Green Climate Fund – GCF) (BRASIL, 2016).
Realizada em 2007, a 13ª Conferência das Partes da UNFCCC (COP13) estabeleceu o Plano
de Ação de Bali e decisão específica para estimular ações de redução de emissões por desmatamento e
degradação florestal. Nessa conferência, países em desenvolvimento acordaram que necessitam de

47
apoio da comunidade internacional tanto com recursos financeiros como tecnológicos novos e
adicionais, para que possam viabilizar as suas ações de mitigação, incluindo REDD+ (BRASIL, 2016).
O instrumento de REDD+ busca ir além da redução dos desmatamentos e degradação
florestal, pois atribui valores de compensação a diversas iniciativas voltadas a ações de conservação,
manejo sustentável de florestas e aumento dos estoques de carbono florestal (MMA, 2011).
Os Acordos de Cancun, firmados em 2010 após a realização da 16ª Conferência das Partes
da UNFCCC (COP16), consolidam o conceito e os seus principais elementos para o
reconhecimento de atividades que caracterizem REDD+. Assim, entre as atividades que
caracterizam REDD+, estão: redução das emissões provenientes de desmatamento e de degradação
florestal; conservação dos estoques de carbono florestal; manejo sustentável de florestas; e aumento
dos estoques de carbono florestal (BRASIL, 2016).
Além disso, os elementos necessários para o reconhecimento de resultados de REDD+ são:
uma estratégia ou plano de ação nacional;
um nível de referência nacional de emissões florestais ou nível de referência florestal (ou,
como uma medida interina, os correspondentes níveis subnacionais);
um sistema nacional robusto e transparente para o monitoramento e a relatoria das
atividades de REDD+, com monitoramento subnacional como medida interina, e
um sistema de informações sobre a implementação das salvaguardas de REDD+
(BRASIL, 2016).

Depois de sete anos de rodadas de negociação, na 19ª Conferência das Partes da UNFCCC
(COP19), realizada em 2013, definiu-se o Marco de Varsóvia para REDD+, que criou uma
arquitetura internacional para prover incentivos financeiros a países em desenvolvimento que
estejam implementando políticas de REDD+. O marco definiu as principais regras, ferramentas de
transparência e procedimentos para aspectos financeiros, metodológicos e institucionais para
REDD+ no plano internacional ao amparo da UNFCCC.
O principal fator de inovação desse instrumento de financiamento internacional é o
pagamento por resultados ou por performance. Dessa forma, é garantida a transferência de recursos
a países em desenvolvimento baseada em resultados já alcançados. Os pagamentos são realizados
por resultados de mitigação, medidos em toneladas de CO2eq, em relação a um nível de referência
previamente definido e avaliado pela UNFCCC. O desempenho deve estar ancorado na
implementação de ações que visem a diminuir, parar ou reverter o desmatamento. Diferentemente
da abordagem de projetos, a abordagem é nacional, a apresentação dos resultados é de
responsabilidade dos países-membros da convenção (BRASIL, 2016).

48
A figura 6 a seguir apresenta a metodologia de abordagem no Brasil para as principais ações
de REPP+, em que considera as particularidades de cada bioma nacional: Amazônia, Caatinga,
Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal.

Figura 6 – Abordagem nacional para ações de REDD+

Fonte: adaptado de MMA (2017). Disponível em: <http://redd.mma.gov.br/pt>. Acesso em: nov. 2018.

O gráfico 9 a seguir apresenta a meta de redução do desmatamento na Amazônia Legal,


calculada com base na média do Decreto nº 7.390/10, que regulamenta a PNMC, e nos dados
anuais do sistema Prodes, em km2.

Gráfico 9 – Meta de redução do desmatamento na Amazônia Legal

Fonte: adaptado de MMA (2017). Disponível em: <http://combateaodesmatamento.mma.gov.br>. Acesso em: nov. 2018.

49
O gráfico 10 a seguir apresenta a meta de redução do desmatamento no Cerrado, calculada
com base na média do Decreto nº 7.390/10, que regulamenta a PNMC, e nos dados preliminares
do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE/Funcate), em km2.

Gráfico 10 – Meta de redução do desmatamento na Amazônia Legal

Fonte: adaptado de MMA (2017). Disponível em: <http://combateaodesmatamento.mma.gov.br>. Acesso em: nov. 2018.

O gráfico 11 a seguir apresenta resultados do monitoramento realizado pelo Instituto


Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) com relação ao desmatamento no Cerrado.

Gráfico 11 – Desmatamento no Cerrado

Fonte: adaptado de MMA (2017). Disponível em: <http://redd.mma.gov.br/pt/component/content/article?id=998>.


Acesso em: nov. 2018.

50
Da análise desses resultados, evidencia-se que os dados registrados em 2017 apontam queda
de 53% em relação ao desmatamento médio observado no período de 1999 a 2008, sendo maior
que a meta de 40% estabelecida para o ano de 2020. Adicionalmente, observa-se que a área
desmatada no Cerrado nos últimos anos de monitoramento (2016 e 2017) corresponde a
6.777 km² e 7.408 km², respectivamente, representando uma redução de 43% e 38% em relação
ao ano de 2015, último período divulgado, que registrou 11.881 km2.

Arranjos de implementação da NDC brasileira


Em relação à implementação da NDC do Brasil, o MMA elaborou um documento base com
o título “Fortalecimento do financiamento para a Mitigação no Brasil orientado para a gestão de
resultados” em cooperação com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O documento
tem a finalidade de subsidiar as discussões para a elaboração da estratégia de implementação da
NDC no País.
O documento aborda arranjos para a implementação da NDC brasileira para as áreas de
biocombustíveis, setor florestal, mudança de uso da terra e florestas, agricultura, energia, indústria
e transportes. A síntese dos desafios apontados no estudo será abordada abaixo:

Biocombustíveis
No setor de biocombustíveis, o estudo aponta que entre o período de 2020-2030 é estimada
a mitigação potencial de 756 milhões de toneladas de CO2.
As ações sugeridas para esse resultado no setor de biocombustíveis envolvem:
Criar ou manter políticas claras de médio e longo prazo no setor de energia.
Inserir o custo do carbono no sistema de preços dos combustíveis.
Revisar estruturas dos leilões de eletricidade para competição mais justa.
Facilitar o acesso à rede do SIN.
Manter disponibilidade de recursos para renovação de canavial e retrofit.
Acelerar inovação e adoção de tecnologia.
Desenvolver nova geração de políticas para precificação do carbono.
Direcionar incentivos por ganho de eficiência do etanol em motores flex.
Incentivo tributário para a aquisição de máquinas agrícolas e industriais para a
expansão da produção.
Defesa e esclarecimento dos benefícios do etanol no Brasil e no exterior.

A tabela 5 apresenta metas intermediárias para o etanol e a bioeletricidade.

51
Tabela 5 – Metas intermediárias

nível de atividade unidade 2020 2025 2030

produção de etanol 109 de litros/ano 38 46 54

venda de bioeletricidade TWh/ano 36 52 68

Fonte: adaptado de MMA (2017).

Setor florestal
No setor florestal, o estudo aponta a necessidade de eliminar o desmatamento ilegal das
florestas, com apoio de políticas pública de combate ao desmatamento ilegal, criação de incentivos
econômicos para fomentar as externalidades positivas relacionadas às florestas com práticas
produtivas sustentáveis, restauração florestal, cadeias produtivas livres do desmatamento ilegal e
comércio de madeira com origem comprovada.
A recomendação para o uso da terra nas próximas décadas sugere o alinhamento
governamental e privado considerando:
enfoque de incentivos econômicos voltados para promover a eliminação do
desmatamento ilegal;
restauração florestal com viés econômico;
desestímulo à conversão de áreas – áreas com baixa aptidão para agricultura – e
manejo florestal sustentável.
As ações sugeridas para esse resultado no setor florestal envolvem:
ações sugeridas para zerar o desmatamento ilegal na Amazônia;
ações para implementação do Código Florestal;
ações para promover a restauração e a recuperação de florestas com espécie nativas;
ações para promover o manejo florestal sustentável e
ações sugeridas para florestas plantadas.

52
Setor elétrico
O estudo aponta que, caso a mudança de clima afete a capacidade de geração hidrelétrica, a
mitigação dos impactos ambientais poderá ocorrer com a eficiência energética para garantir um
menor aumento da geração em usinas termelétricas e gás (gráfico 12).

Gráfico 12 – Capacidade instalada por fonte energética para cada cenário de carga em 2030

Fonte: adaptado de MMA, Sumário Executivo, 2017. Acesso em: nov. 2018.

O Brasil indicou que pretende alcançar 10% de ganhos de eficiência no setor elétrico até
2030 por meio de: melhorias na eficiência de equipamentos utilizados pelos três setores da
economia (residencial, industrial, comercial e outros, que inclui o setor público.

Setor de transportes
O Plano Setorial de Transporte e de Mobilidade Urbana para a Mitigação do Clima (PSTM)
tem como objetivo
contribuir para a mitigação das emissões de GEE no setor, por meio de iniciativas que
levam à ampliação da infraestrutura de transporte de cargas e à maior utilização de modos
mais eficientes energeticamente e, no setor de mobilidade urbana, ao aumento do uso de
sistemas eficientes de transporte público de passageiros, contribuindo para a consecução
dos compromissos assumidos voluntariamente pelo Brasil (PSTM, 2017).

As ações sugeridas para a obtenção de resultados no setor de transporte envolvem


recomendações específicas para os diferentes tipos de transporte no País, por exemplo:

53
veículos leves – programa de incentivos à inovação tecnológica e ao adensamento de cadeia
produtiva dos veículos automotores;
veículos pesados – uso de acessórios para o aumento de eficiência energética;
aviação – implementação de combustíveis alternativos e
mobilidade urbana – aumento da eficiência energética do transporte público por ônibus.

Setor indústria
O documento divide o setor da indústria em três categorias: 1) cimento; 2) siderurgia; e
3) química. No setor de cimento, considerando emissões observadas período de 2000-2014, o fator
médio de emissões foi de 0,38 tCO2eq/tonelada cimento.

Tabela 6 – Projeção das emissões da indústria do para 2020-2030 (toneladas de CO2eq)

cenários de emissões
2020 2025 2030
(tCO2eq)

business as usual 25.479.280,62 25.479.280,62 31.518.886,89

cenário EPE 32.061.677,99 36.714.216,12 43.185.292,72

Fonte: MMA. Sumário Executivo, 2017.

As ações sugeridas para o setor são:

Quadro 2 – Ações sugeridas para a redução de emissões no segmento cimento:


relacionadas à redução de clínquer no cimento

Ações para alternativa tecnológica na redução do teor de clínquer do cimento, em 2025


e 2030 (Combustíveis e matérias-primas alternativas, substituição de clínquer,
eficiência energética: térmica e elétrica):

Revisar e atualizar a regulação regional e nacional, para garantir a utilização de combustíveis


alternativos e de biomassa na produção de cimento.

Incentivar e facilitar o aumento da substituição de clínquer: desenvolvimento de novas


normas ou revisão das existentes para produção de cimento para permitir a utilização mais
generalizada de cimento com novas adições, por exemplo, baseando-as sobre o desempenho
dos materiais ao invés da composição do produto, e assegurar que eles sejam aceitos pelos
seus stakeholders.

Promover P&D em técnicas de coprocessamento para potenciais substitutos de clínquer que


não podem atualmente ser utilizados devido a restrições de qualidade e normativas.

54
Ações para alternativa tecnológica na redução do teor de clínquer do cimento, em 2025
e 2030 (Combustíveis e matérias-primas alternativas, substituição de clínquer,
eficiência energética: térmica e elétrica):

Promover a adoção de melhores tecnologias de eficiência disponíveis (BAT – Best Available


Technologies) para novas plantas, novos fornos e retrofits.

Promover engajamento setorial com organismos de normalização – nacionais e


internacionais – e institutos de acreditação para trocar experiências sobre a substituição de
clínquer, desempenho dos produtos no médio e longo prazos, e de novos cimentos, os seus
impactos ambientais e econômicos.

Incentivar parcerias internacionais de colaboração e promoção de parcerias público-privadas


na implementação e disseminação de tecnológica.

Promover processos de transferência tecnológica para as regiões específicas, reconhecendo


que existem diferenças na disponibilidade de oferta – matérias-primas, combustíveis
alternativos, substitutos de clínquer –, apoio legislativo e de aplicação e na compreensão do
público sobre processos de fabricação de cimento.

Promover fontes alternativas de financiamento para tecnologias de baixo carbono na


indústria de cimento, incluindo integração e apoio entre agências de fomento e bancos
multilaterais de desenvolvimento (por exemplo, Fundos de Investimento Climático
administrados pelo Banco Mundial, International Finance Corporation, Banco Europeu para a
Reconstrução e Desenvolvimento, BID), de modo a demonstrar os efeitos positivos para o
setor na adoção de tais medidas.

Estruturar linhas multissetoriais para o financiamento de melhorias de eficiência energética


não só na indústria do cimento.

Fonte: MMA. Sumário Executivo, 2017.

Na siderurgia, as principais rotas de potencial de redução de emissões no setor são apontadas


no estudo com ações específicas: 1) usinas integradas a coque; 2) usinas integradas a carvão vegetal;
e 3) usinas semi-integradas.

55
Outras ações sugeridas para a siderurgia:

Quadro 3 – Financiamento da implantação das alternativas tecnológicas para a


redução de emissões no setor siderúrgico

Ações

Estabelecer ações de incentivo à implementação de tecnologias com potencial de redução de


emissões, que estejam alinhadas aos objetivos de competitividade e crescimento da indústria
siderúrgica nacional.

Focar a linha de incentivos nos campos de eficiência energética, produção de carvão vegetal e
uso de carvão vegetal em altos fornos, incluindo infraestrutura e logística.

Verificar a possibilidade de financiamento de implementação da NDC dos consórcios que


conjuntamente possam mitigar as emissões em mais de um setor. Por exemplo, base
florestal + investimentos em infraestrutura e transporte para carvão vegetal + usina
integrada, mitigando emissões de uso do solo e processos industriais; redução de consumo
de termorredutor + geração de energia elétrica, mitigando emissões de processos e
industriais e setor elétrico.

Fonte: MMA. Sumário Executivo, 2017.

Indústria química
Segundo estimativas anuais de emissões de GEE no Brasil (MCT, 2014), as emissões de GEE
relacionados à indústria química são resultantes dos processos produtivos nas indústrias, e não
resultados de queima de combustível.
As ações sugeridas para este setor são:

Quadro 4 – Ações sugeridas para a indústria química

Ações

A. Para as tecnologias prioritárias e críticas da Agenda


Tecnológica Setorial, ou na construção do Mapa Tecnológico
novo do setor, é recomendado definir uma abordagem para a
Contribuição das
estimativa de emissões que seja alinhada com a da Segunda
tecnologias baseadas em
Comunicação Nacional de Emissões, facilitando a estimativa das
matéria-prima renovável
emissões reduzidas dentro do cenário nacional no nível setorial,
bem como no cálculo de redução das emissões no caso de
novos investimentos.

56
Ações

B. Elaborar uma curva de abatimento marginal com base em


dados primários para as rotas prioritárias e críticas da Agenda
Tecnológica Setorial e correlacioná-las com os processos de
Contribuição das produção utilizados na Segunda Comunicação Nacional.
tecnologias baseadas em
matéria-prima renovável C. Priorizar as tecnologias em função de potencial de redução de
emissões contra o montante de investimento (a princípio, a
maioria são projetos greenfield) e complexidade de arranjos
intersetoriais para facilitar a escolha de projetos incentivados.

D. Focar a linha de incentivos nas tecnologias que possuem


maior potencial de redução das emissões ou são 953 facilmente
escaláveis (base item C).

E. Reduzir risco da fase inicial de implantação das tecnologias com


alto potencial de mitigação das emissões, via grants ou grants
condicionados. No caso de sucesso de P&D, o grant se torna em
um investimento.

F. Considerar o uso de mecanismos de recompensa, de forma


complementar ao mecanismo de cost sharing. Para condicionar a
continuidade do apoio ao desempenho, será necessário um
Financiamento da mapeamento tecnológico rigoroso para a pré-definição de
implantação e escalação indicadores de desempenho e metas. Desempenho na criação
das tecnologias à base de um modelo de negócio competitivo local poderia ser um dos
de matéria-prima indicadores/metas.
renovável no setor
químico G. Priorizar os projetos que criam, aproveitam ou viabilizam os
modelos de negócio competitivos locais que geram valor na
cadeia como um todo. Ex.: junto à infraestrutura sucroalcooleira
existente; infraestrutura básica, agricultura e planta química;
estrutura existente da cadeia de óleos, etc.

H. Verificar a possibilidade de financiamento de implementação


da NDC dos consórcios que conjuntamente possam mitigar as
emissões em mais de um setor. Por exemplo, agricultura +
planta química, mitigando emissões de uso de terra e processos
industriais. Geração solar + planta química, mitigando emissões
de energia e processos industriais.

Fonte: MMA. Sumário Executivo, 2017.

57
Agricultura: pastagens e integração lavoura-pecuária-floresta
As ações sugeridas para este setor são:
recuperação de pastagens;
integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF);
criação de rede de informações para áreas de pastagens;
monitoramento das pastagens (e pastagens degradadas);
geração de estimativas de emissões de GEE;
incentivo à produção sustentável da cadeia de valor;
orientação de ações regionalizadas, otimizando a produção e a conservação ambiental;
disseminação das tecnologias e BPAs, disponibilizando assistência técnica e extensão rural;
redução do custo de insumos para a recuperação de pastagem e para a intensificação
da pecuária;
orientação do crédito rural para investimentos em intensificação sustentável da pecuária;
criação de um programa de incentivos para o financiamento privado voltado à pecuária e
criação de um programa para a regularização fundiária das propriedades rurais e das áreas
públicas não destinadas.

Conclui-se que esses setores impactam fortemente as metas de redução de GEE, e o


cumprimento da NDC brasileira está atrelado à interdependência e conexão entre os setores.
Nesse sentido, o CEBDS (2017) considera a transversalidade dos segmentos, a necessidade
de uma estratégia de longo prazo no País apontando papéis que devem ser desempenhados pelo
setor empresarial em diferentes esferas governamentais: apontar caminhos, elementos para traçar
estratégias e desvendar tendências.
Segundo o CEBDS (2017), não há metas definidas, mas é possível um vislumbre em relação
aos compromissos firmados relacionados à mitigação dos efeitos do GEE, e o papel das empresas é
central para que os esforços se tornem realidade. Assim, as tendências gerais apontam para o
mercado necessidades de novas estruturas de negócio e novas oportunidades derivadas das
necessidades relacionadas ao cumprimento de metas assumidas pelo Brasil no Acordo de Paris.

58
Quadro 5 – Quadro comparativo entre as projeções de longo prazo já realizadas para o Brasil

Opções de Mitigação

Metodologia Elaboração de cenários setoriais (bottom-up): linha de base, baixo carbono


e baixo carbono com tecnologias inovadoras, considerando três diferentes
cenários macroeconômicos, com diferentes taxas de crescimento do PIB
setorial. Modelagem integrada, intersetorial de oferta e demanda de
energia com modelagem macroeconômica multissetorial. Foram
modelados cenários com os seguintes preços por tonelada de CO2:

US$ 10/tCO2 (BC1);

US$ 25/ tCO2 (BC25); US$50/ tCO2 (BC50); US$ 100/ tCO2 (BC100). Assim,
foram apresentados seis cenários: linha de base, baixo carbono sem
precificação (BC0) e baixo carbono com cada preço introduzido.

Modelagem Projeções setoriais (bottom-up), projeções de uso do solo OTIMIZAGRO,


Modelagem de oferta e demanda de energia MESSAGE e Modelo EFES
multissetorial de Equilíbrio Geral Computável.

Principais As taxas de crescimento dos diferentes setores são determinadas


premissas endogenamente pelo modelo considerando diferentes cenários
macroeconômicos. O projeto considera a questão da real adicionalidade
das medidas por meio da modelagem integrada.

Divisão Indústria, Energia, Transportes, Domicílios e Serviços, AFOLU (Agricultura,


setorial Florestas e Outros Usos do Solo), gestão de resíduos e outras alternativas
intersetoriais.

Principais A meta da NDC em 2025 pode ser atingida com a implementação de 11


resultados medidas a um custo acumulado de US$ 1,74 bilhão; a meta de 2030 pode
ser atingida com 26 medidas de baixo carbono, que perfazem um custo de
US$ 11,1 bilhões. Em 2050, no cenário referência, as emissões seriam de
cerca de 2000 MtCO2e, sendo cerca de 20% menor no cenário BC0, 40%
menor no cenário BC10, chegando a 50% de redução no cenário BC1000.

Alcance da redução depende do preço do carbono e do cenário projetado.

Representação É uma iniciativa do MCTIC, GEF e ONU Meio Ambiente e tem sido apontado
institucional e pelas empresas como referência por conta do cenário macroeconômico
percepções utilizado, cujas projeções são consideradas realizadas. Foi utilizado como
das empresas base na elaboração da NDC brasileira.

Fonte: CEBDS (2017)

59
Projetos brasileiros
Buscando a implementação de normas, estratégias e políticas públicas ambientais, o MMA
apoia programas e projetos voltados para o conhecimento, a proteção, a recuperação e o uso
sustentável dos recursos naturais. Entre várias outras linhas, o MMA executa o monitoramento e o
combate ao desmatamento e às emissões de GEE (MMA, 2017).
Em 2013, 2014 e 2015, foram diversas as chamadas e os editais do Fundo Clima para apoiar
projetos relacionados às mudanças climáticas. Recentemente, em janeiro de 2018, foi lançado o
“EDITAL FNMA/FNMC nº 01/2018 – Iniciativas socioambientais para redução de
vulnerabilidade à mudança do clima em áreas urbanas” para a seleção de propostas para
implementação de iniciativas socioambientais voltadas à redução de vulnerabilidade à mudança do
clima em áreas urbanas, pela prefeitura proponente, com participação ativa dos munícipes, nos
seguintes eixos temáticos: áreas verdes urbanas e gestão de áreas legalmente protegidas; manejo de
água e segurança hídrica; agricultura urbana, segurança alimentar e nutricional.
Entre os ODSs estabelecidos pelas Nações Unidas como agenda para implementação até
2030 está a linha “Cidades e comunidades sustentáveis”, que tem como meta “Tornar as cidades e
os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis”. O Brasil se comprometeu
com a implementação das metas estabelecidas no âmbito dos ODSs, e esse Edital pretende
contribuir para este fim. Informações gerais extraídas do Edital, disponível em
http://www.mma.gov.br/images/arquivos/Edital%2001-2018%20-%20Versao%20Final.pdf.

60
MÓDULO IV - MERCADO DE CARBONO

Conforme ressalta Araújo (2006), “O ecossistema não tem fronteira. Do ponto de vista
ambiental, o que importa é que haja uma redução de emissões global”, assim o Mercado de
Carbono propicia um valor monetário à redução da poluição e favorece o alcance das metas de
redução de GEE globalmente.
Para tanto, é necessário conhecer o mercado de carbono global e as suas generalidades. Em
relação à gestão estratégica do carbono, o presente módulo apresenta o funcionamento do mercado
global e nacional do mercado de carbono e algumas das suas ferramentas como o inventário e o
monitoramento de emissões de GEE, indicadores relacionados às mudanças climáticas, índices de
sustentabilidade e certificação relacionados ao tema.
Por fim, o Módulo IV explana o processo do sequestro de carbono e os principais desafios,
oportunidades e tendências do mercado de carbono global e nacional.

Mercado de carbono global e generalidades


Segundo Araújo (2006), o art. 17 do Protocolo de Quioto estabelece um mercado de compra e
venda do “direito de emitir GEE” e os créditos de carbono representam neste cenário a moeda de troca.
Os países que podem comercializar parte das suas emissões são aqueles que emitem mais GEE, e a
compra de créditos é realizada dos países que reduziram as suas emissões acima das metas estipuladas.
Segundo o MMA (2018), países em desenvolvimento podem negociar no mercado de
carbono global cada tonelada de CO2eq retirada da atmosfera ou não emitida.
Para o IPEA (2018), desde 2005, o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL),
alcançou uma escala de projetos nos países em desenvolvimento inaugurando assim o mercado de
créditos de carbono, contudo, lançaram dúvidas em relação ao próprio mecanismo.
“Com vistas a estender as vantagens do MDL ao contexto pós-2020, em
que um novo acordo sob a CQNUMC passaria a ser a principal referência
para a resposta internacional à mudança do clima, o Brasil apresentou, nas
negociações que culminariam na adoção do Acordo de Paris, em 2015, a
proposta de um MDL ampliado (MDL+). Os principais elementos da
proposta brasileira acabaram sendo incorporados no texto final do acordo,
em seu artigo 6, parágrafo 4º, na forma do “mecanismo de
desenvolvimento sustentável” (MDS)” (IPEA, 2018)

No Brasil, segundo o Sebrae (2018), são emitidos certificados quando há a redução de emissões
de GEE. Os certificados são conhecidos por “RCA” ou “Redução Certificada de Emissões” – os
créditos de carbono. Por convenção, um crédito de carbono equivale a uma tonelada de CO2.

Cálculo do crédito de carbono


A redução de emissões de GEE é medida em toneladas de dióxido de carbono equivalente
(tCO2eq). Cada tonelada de CO2eq reduzida ou removida da atmosfera corresponde a uma unidade
emitida pelo Conselho Executivo do MDL, denominada de Redução Certificada de Emissão (RCE).
Cada tonelada de CO2eq equivale a um crédito de carbono. A ideia do MDL é que cada
tonelada de CO2eq não emitida ou retirada da atmosfera por um país em desenvolvimento possa
ser negociada no mercado mundial por meio de Certificados de Emissões Reduzidas (CER).
As nações que não conseguirem – ou não desejarem – reduzir as suas emissões poderão
comprar os CER em países em desenvolvimento e usá-los para cumprir as suas obrigações.

62
Figura 7 – Infográfico Mercado de Carbono

63
Fonte: adaptado de Brasil (2018).

64
Mercado de carbono no Brasil
O Brasil ocupa a terceira posição mundial no mercado de carbono e com os seus 268 projetos
totaliza 5% da participação mundial. Além disso, apresentava uma expectativa inicial de absorver
20% do mercado de carbono mundial (BRASIL, 2018).

“A precificação de carbono é um instrumento que permitiria um


redirecionamento dos investimentos em projetos de baixo carbono, uma
vez que passa a incorporar na análise financeira o custo da emissão de
carbono. Políticas de precificação de carbono bem formuladas também
estimulam a inovação e novas formas de crescimento econômico, baseadas
em tecnologias, processos e serviços neutros ou pouco intensivos em
carbono. Há um consenso crescente entre lideranças empresariais
brasileiras de que a precificação de carbono pode incentivar investimentos,
garantir a competitividade das empresas e estimular a inovação tecnológica
de baixa emissão no País.” (CEBDS,2019)

A tributação ou sistema de comércio de emissões são formas de precificação de carbono, que


pode ser mandatória ou voluntária, e já ocorrem em quarenta e cinco países e jurisdições. Quando
mandatória a precificação ocorre pela tributação, sistema de comércio de emissões ou na mescla dos
dois, assim os mecanismos possibilitam a internalização dos custos relacionados as emissões nas
empresas considerando-os em suas decisões de negócios (CEBDS, 2019).

Inventário e monitoramento de emissões de GEE


Iniciativa desenvolvida nos EUA em 1998, o Greenhouse Gas Protocol é coordenado pelo
World Busineess Council for Sustenable Development (WBCSD) do World Resources Institute
(WRI) e tem como objetivo desenvolver padrões e inventários das emissões de GEE dos países.
A ferramenta possui uma metodologia e quando utilizada colabora para monitorar, medir e
gerenciar emissões de GEE das organizações que realizam inventários das suas emissões atmosféricas.
É baseada em um processo de consulta e oferece estrutura para contabilizar as emissões de
GEE, ainda possui um caráter modular, apresenta flexibilidade ao mesmo tempo que é neutra em
termos de políticas ou programas.
O Programa CHG Protocol do Brasil teve início em 2008 com a adaptação conduzida
pelo GVces e WRI em parceria com o MMA, Conselho Brasileiro para o Desenvolvimento
Sustentável (CEBDS), World Business Council for Sustainable Development (WBSCD) e mais
27 empresas fundadoras.

65
A metodologia garante resultados confiáveis, e todas as informações resultantes dos
inventários de GEE são aceitas e aplicadas nos questionários e relatórios de diversas iniciativas
nacionais e internacionais, entre elas: Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), atual B3;
Global Reporting Initiative (GRI); e Carbon Diclosure Project (CDP).
O Brasil foi o primeiro país em todo o mundo no Registro Público de Emissões e oferece
nesse pioneirismo também a possibilidade de acesso aos resultados dos inventários das empresas por
setor, por meio da consulta pública dos resultados de emissões registradas (BRASIL, 2018).
Em 2011, ocorreu o lançamento da área do Registro Público de Emissões de Gases de Efeito
Estufa e a publicação das Especificações de Verificação. Nesse período, o total de inventários de
GEE publicados e reconhecidos em Evento Anual do Programa subiu para 77.

Figura 8 – Registro público de emissões

Fonte: Programa Brasileiro GHG Protocol (2018)

66
Figura 9 – Ferramenta GHG Protocol para registro de emissões

Fonte: adaptado de Ferramenta de cálculo de emissões. 2018

67
Gráfico 13 – Emissões brutas e remoções de CO2eq para o setor de mudança de uso da
terra e florestas

Fonte: adaptado de MMA (2017). Disponível em: <http://educaclima.mma.gov.br/graficos-miniaturas>. Acesso em: nov. 2018.

Gráfico 14 – Emissões de GEE no Brasil para os anos 1994, 2000, 2010 e 2012, por setor, nas
métricas GTP e GWP, em comparação com o Compromisso Nacional Voluntário e projeção de
emissões para 2020

Fonte: adaptado de MMA (2017). Disponível em: <http://educaclima.mma.gov.br/graficos-miniaturas>. Acesso em: nov. 2018.

68
Simulação de mercado de carbono no Brasil (GVCes)
A simulação de mercado de carbono Brasil é uma iniciativa do GVCes e tem como objetivo criar
e disseminar conhecimento, entre as empresas, sobre o funcionamento de um sistema de comércio de
emissões (SCE), suas implicações para os negócios e sua contribuição para o alcance de metas de redução
das emissões de gases de efeito estufa (GEE) de forma custo-efetiva.
As empresas participantes da iniciativa devem conciliam suas emissões do ciclo vigente com
permissões de emissões – título que confere à empresa o direito de emitir uma tonelada de carbono
equivalente. Todas as transações ocorrem na plataforma de negociação do Instituto BVRio – Bolsa de
Valores Ambientais e são efetuadas com recurso financeiro fictício, EPCents (Ec$), com paridade ao
real (Ec$1,00 = R$ 1,00).
Os dados de emissões utilizados são reais, abrangendo (parte das) emissões de GEE provenientes
de fontes que pertencem ou são controladas pelas empresas participantes, publicadas no Registro
Público de Emissões, do Programa Brasileiro GHG Protocol.
A Simulação conta com um Conselho Consultivo formado por especialistas nacionais e
internacionais que contribuem para as tomadas de decisões estratégicas.

Gestão de indicadores relacionados às mudanças climáticas


Indicadores GRI
A Global Report Iniciative (GRI) possui desde o seu princípio uma visão de longo prazo, a
inclusão de diferentes visões, isto é, multistakeholder, o seu principal objetivo é elaborar e difundir
um padrão de relato, ou seja, um guia para a elaboração de relatórios de sustentabilidade que se
apliquem global e voluntariamente, por diferentes organizações de portes e segmentos diversos, que
queiram relatar a sua gestão considerando os aspectos econômicos, ambientais e sociais das suas
atividades, produtos e serviços (GRI, 2013).
O relato integrado no modelo GRI é um meio de dar transparência às atividades corporativas
por meio de um levantamento dos principais indicadores de desempenho econômico, social e
ambiental da empresa ou organização.
Durante a sua realização, o Relatório de Sustentabilidade funciona também como uma
ferramenta de autoavaliação e oferece etapas para a gestão da responsabilidade corporativa e
sustentável das organizações, pois auxilia as organizações a estabelecer metas, monitorar
desempenho e gerir mudanças.

69
Indicadores Ethos
O Instituto Ethos foi fundado com o propósito desenvolver no País um centro de produção e
organização de conhecimento e troca de experiências em responsabilidade social e sustentabilidade.
Na sua missão, a organização enfatiza a mobilização, sensibilização para colaborar com as empresas a
gerir os seus negócios de forma socialmente responsável, e dessa forma tornar essas organizações
participantes da construção de uma sociedade sustentável e justa (ETHOS, 2018).
Entre os seus serviços, o Instituto Ethos oferece os Indicadores Ethos, uma ferramenta de
gestão que tem como foco avaliar o quanto a sustentabilidade e a responsabilidade social estão
incorporadas nos negócios, orientando para a definição de estratégias, políticas e processos.
O questionário é composto de 47 indicadores organizados em quatro dimensões, que
apresentam os temas centrais da sustentabilidade

Figura 10 – Dimensões da sustentabilidade

Fonte: ETHOS (2018)

Na dimensão ambiental, os Indicadores Ethos abordam os subtemas abaixo.


Mudanças climáticas:
governança das ações relacionadas às mudanças climáticas;
adaptação às mudanças climáticas;

Gestão e monitoramento dos impactos sobre os serviços ecossistêmicos e a biodiversidade:


sistema de gestão ambiental;
prevenção da poluição;
uso sustentável de recursos – materiais;
uso sustentável de recursos – água;
uso sustentável de recursos – energia;
uso sustentável da biodiversidade e restauração dos habitats naturais e
educação e conscientização ambiental.

70
Indicadores Ethos para Negócios Sustentáveis e Responsáveis
Os Indicadores Ethos para Negócios Sustentáveis e Responsáveis tem como foco avaliar o
quanto a sustentabilidade e a responsabilidade social têm sido incorporadas nos negócios, guiando
a definição de estratégias, políticas e processos. Embora tragam medidas de desempenho em
sustentabilidade e responsabilidade social, o seu propósito não é reconhecer organizações como
sustentáveis ou responsáveis, mas intensificar o engajamento no tema (ETHOS, 2011).
Segundo a premissa Ethos (2011), um negócio sustentável e responsável é a atividade
econômica orientada para a geração de valor econômico-financeiro, ético, social e ambiental, cujos
resultados são compartilhados com os públicos afetados. A sua produção e a sua comercialização
são organizadas de modo a reduzir continuamente o consumo de bens naturais e de serviços
ecossistêmicos, a conferir competitividade e continuidade à própria atividade e a promover e manter
o desenvolvimento sustentável da sociedade.

Índices de sustentabilidade relacionados à gestão


de carbono

Índice de Sustentabilidade Empresarial


O Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) foi lançado em 2005 na Bovespa, atual B3 e
visa a criar um ambiente compatível com as demandas de desenvolvimento sustentável e estimular
a responsabilidade ética corporativa. O ISE aborda as seguintes dimensões: governança corporativa,
econômica, social e ambiental. Os critérios avaliados para a composição da sua carteira são: políticas,
gestão, indicadores de desempenho e cumprimento legal.
Na dimensão ambiental, o questionário aborda no Indicador 10 as emissões atmosféricas,
os efluentes líquidos e os resíduos, os quais se relacionam à mudança do clima e, portanto, à
gestão de carbono.

71
Quadro 6 – Indicadores Ambientais do Questionário ISE (versão 2019) relacionados às emissões
de GEE e resíduos – aplicados ao Grupo C (Organizações do setor de Comércio e Serviços)

AMB-C 23 AMB-C 24

(P) O atendimento à legislação, que compreende (P) O atendimento à legislação, que


dispositivos constitucionais, leis, decretos, abrange dispositivos constitucionais,
resoluções e normas técnicas aplicáveis, inclui leis, decretos, resoluções e normas
também o atendimento às exigências técnicas técnicas aplicáveis, inclui também o
estabelecidas em atos administrativos (licenças atendimento às exigências técnicas
ambientais, pareceres técnicos, comunicações estabelecidas em atos administrativos
formais dos órgãos competentes). (licenças ambientais, pareceres
Para assinalar as respostas “b” ou “c” é necessário técnicos, comunicações formais dos
que três condições sejam atendidas: órgãos competentes). Devem ser
- Que exista, no caso, regulamentação específica consideradas as emissões relevantes
para os esgotos domésticos; do ponto de vista local ou regional em
- Que exista, por parte da companhia, função de impactos sobre saúde
monitoramento quantitativo e qualitativo destes humana e ecossistemas. Referem-se à
efluentes; e toxicidade, e não a aquecimento
- Que a condição de lançamento esteja em global (assunto tratado na dimensão
conformidade com os requisitos legais. Mudança do Clima).

Assinale a alternativa que caracteriza a


Assinale a alternativa que
condição dos esgotos domésticos ou efluentes
caracteriza a condição das emissões
líquidos gerados nos processos administrativos
atmosféricas da companhia:
pela companhia:

a) Monitora as suas emissões e pode


a) Gera, mas a condição de lançamento isenta a garantir e comprovar que as mesmas
companhia de monitoramento de concentrações estão em conformidade com a
de poluentes e carga poluidora. legislação, normas e requisitos
aplicáveis.

b) Monitora as suas emissões e pode


garantir e comprovar que as mesmas
estão em conformidade com a
b) Gera e pode garantir que o lançamento se dá legislação, normas e requisitos
em conformidade com a legislação e as normas aplicáveis, além disso, a companhia
aplicáveis. pode comprovar, nos últimos dois
anos, a redução relativa
(massa/produção) da carga de
poluentes lançados no ar.

72
Assinale a alternativa que caracteriza a
Assinale a alternativa que
condição dos esgotos domésticos ou efluentes
caracteriza a condição das emissões
líquidos gerados nos processos administrativos
atmosféricas da companhia:
pela companhia:

c) Gera, pode garantir que o lançamento se dá em


conformidade com a legislação aplicável e pode
c) Nenhuma das anteriores.
comprovar que nos últimos dois anos houve redução
absoluta ou relativa da carga poluidora.

d) Nenhuma das anteriores. d) Não se aplica.

Fonte: BOVESPA/B3 (2019)

Índice Carbono Eficiente


O Índice de Carbono Eficiente (ICO2) é um índice de mercado criado por uma iniciativa
conjunta entre o BNDES e a B3 com o objetivo de atender às demandas da sociedade mundial
relacionadas às preocupações com o aquecimento global e todos os desafios alinhados ao tema.
Com o ICO2, a B3 3 e o BNDES buscam incentivar as empresas emissoras das ações mais
negociadas a medir, divulgar e monitorar as emissões de GEE e, com essa prática, preparar-se para
a gestão do carbono nas suas organizações na preparação de uma sociedade de baixo carbono e, com
isso, estabelecer no mercado um indicador de performance que resulte de ferramentas e escolhas de
gestão alinhadas às necessidades de mudanças relacionadas às questões climáticas.
Esse indicador, composto das ações das companhias participantes do índice IBrX 50 que
aceitaram participar dessa iniciativa, adotando práticas transparentes com relação às suas emissões de
GEE, leva em consideração, para a ponderação das ações das empresas componentes, o seu grau de
eficiência de emissões de GEE, além do free float – total de ações em circulação – de cada uma delas.

Metodologia do ICO2
O ICO2 possui uma carteira teórica de ativos elaborada de acordo com os critérios
estabelecidos nesta metodologia. Os índices da BM&FBOVESPA são apoiados em regras e
procedimentos descritos no Manual de Definições e Procedimentos dos Índices.
O objetivo do ICO2 é indicar o desempenho médio das cotações de ativos pertencentes à
carteira do IBrX 50, levando em consideração as emissões de GEE das empresas.
O ICO2 é um índice de retorno total, sendo composto de ações e units exclusivamente de
ações de companhias listadas na BM&FBOVESPA que atendem aos critérios de inclusão descritos
a seguir. Nesse universo, não estão incluídos BDRs e ativos de companhias em recuperação judicial
ou extrajudicial, regime especial de administração temporária, intervenção ou que sejam negociados
em qualquer outra situação especial de listagem.

73
Para se tornar elegível à composição do ICO2, os ativos devem atender aos critérios abaixo,
de forma cumulativa:
Fazer parte da carteira do IBrX 50.
Aderir formalmente à iniciativa do ICO2.
Reportar dados do seu inventário anual de GEE de acordo com o nível de abrangência e
prazo definidos pela BM&FBOVESPA.

Certificações relacionadas à gestão de carbono

ISO 14064
Em 2006, a Organização Internacional para Padronização (ISO) designou pela norma
ISO 14064 uma série de diretrizes técnicas com princípios e requisitos para desenvolver, relatar e
gerenciar inventários de GEE (ABNT, 2007).
A norma ABNT NBR ISO 14064:2007, a versão brasileira da norma ISO 14064, foi subdividida
em três partes durante a reunião do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, descritas a seguir:
ABNT NBR ISO 14064:2007-1 – Detalha e orienta as organizações para quantificação e
elaboração de relatórios de emissões e remoções de GEE.
ABNT NBR ISO 14064:2007-2 – Detalha e orienta as organizações para quantificação e
elaboração de relatórios de emissões e remoções de GEE. Orienta a elaboração de plano e
projetos de GEE.
ABNT NBR ISO 14064:2007-3 – Detalha e orienta a validação e verificação de
declarações relativas à GEE. Orienta os processos de verificação e validação dos inventários
e projetos de GEE (ABNT, 2007).

Sequestro de carbono
Sequestro de carbono é um processo de remoção de CO2, que ocorre principalmente em
oceanos, florestas e outros organismos que, por meio de fotossíntese, capturando o carbono na forma
de CO2 da atmosfera e devolvendo oxigênio (O2). Com a manutenção ou o incremento desses
organismos, a captura e a estocagem de CO2 reduz a existência deste importante GEE na atmosfera.
Consagrado pela Conferência de Quioto, em 1997, o conceito de sequestro de carbono possui a
finalidade de conter e reverter o acúmulo de CO2 na atmosfera, visando à diminuição do efeito estufa.
Vários processos naturais, assim como meios artificiais de captura e de sequestro do carbono,
estão sendo estudados e desenvolvidos para auxiliar na mitigação do aquecimento global. Sob o
ponto de vista do MDL, o Brasil oferece as melhores condições físicas e naturais para atender aos
seus requisitos, uma vez que possui elevada produtividade das suas florestas associada à vasta

74
extensão de terra, grande disponibilidade de mão de obra, além de clima favorável, tecnologias de
silvicultura e manejo florestal em alto nível de competitividade.
Ainda que o mercado de MDL apresente um cenário de indefinição, alguns projetos florestais
já vêm sendo implementados no País, com vistas a vender créditos de carbono para os países
industrializados, conforme descrito a seguir:

Conservação de florestas
No âmbito do MDL, a manutenção das florestas protegidas ou conservação florestal não é
considerada válida para a geração de créditos de carbono. Alvo de inúmeras controvérsias,
considerando a grande dificuldade na conservação de florestas tropicais, caso não haja um incentivo
ou uma compensação destinada aos proprietários de áreas florestais pelos serviços ambientais
prestados pelas suas florestas, incluindo o estoque de carbono. Ainda, há vertentes que entendem
que a conservação florestal desconsidera aspectos sociais e todos os bens e serviços que as florestas
podem gerar (SMITH et al., 2000).
Além disso, outro ponto criticado nos projetos de conservação florestal é que estes se
baseiam mais em emissões evitadas do que no sequestro de carbono propriamente dito. Assim,
esses projetos consistem basicamente na venda temporária dos estoques de carbono de florestas
protegidas, com uma parcela de sequestro de carbono via reflorestamento ou regeneração de
florestas secundárias (CAMPOS, 2001).
O IPCC (2000) afirma que a preservação de uma floresta não garante a mitigação do efeito
estufa em longo prazo devido aos riscos de fugas e reversibilidade por meio de atividades humanas,
distúrbios ou mudanças ambientais. Assim, no primeiro período de compromisso do Protocolo de
Quioto, que correspondeu aos anos de 2008 a 2012, a conservação florestal não foi considerada
válida para os projetos de MDL.

Florestas e estocagem de carbono


As florestas apresentam grande potencial, para remoção de CO2 da atmosfera, em curto
prazo. Com ciclo de vida longo, as árvores acumulam carbono na biomassa de folhas, flores, frutos,
galhos, raízes e tronco, ao contrário das plantas de ciclo de vida curto, que rapidamente morrem e
se decompõem (SEDJO; SOHNGEN, 2012).
O conceito de fixação – ou sequestro – de carbono em geral está relacionado ao
armazenamento de reservas de carbono em solos, florestas e outros tipos de vegetação. Com o
estabelecimento de novas plantações florestais, sistemas agroflorestais e recuperação de áreas
degradadas, promove-se o incremento nas reservas de carbono.
As florestas e as árvores trocam CO2 com o ambiente por meio de diversos processos
bioquímicos como a fotossíntese, a respiração e a decomposição, além de emissões associadas a
distúrbios como perda de folhas, ocorrência de incêndio e exploração florestal. As mudanças

75
ocorridas nos estoques líquidos de carbono determinam se um ecossistema florestal pode ser
considerado um sumidouro ou uma fonte de carbono atmosférico (SEDJO, 2001).
Uma floresta em fase inicial de crescimento, considerada jovem, que esteja crescendo de
forma acelerada, sequestra maiores quantidades de carbono do que uma floresta madura ou em
estágios mais avançados de crescimento. Por essa razão, a floresta madura atua como um reservatório
de carbono, estocando-o, ainda que não seja evidenciado um crescimento líquido. Em
contrapartida, uma floresta jovem sequestra mais carbono da atmosfera ao longo do tempo, ainda
que estoque menos carbono do que uma floresta madura. Apesar de não capturar “novo carbono”,
uma floresta madura continua a estocar grandes volumes de carbono na sua biomassa ao longo do
tempo, apesar de em alguns casos poder vir a se tornar uma fonte de emissão de carbono, como
quando ocorrem mortes ou outros eventos naturais (SEDJO, 2001; MIRBACH, 2003).
Uma forma bastante eficiente para proporcionar o sequestro de CO2 da atmosfera é o
desenvolvimento de plantações florestais de rápido crescimento. Quanto mais rápido o crescimento
de uma espécie, maior será a sua absorção de CO2.
No caso de florestas plantadas, ou plantações florestais, devido à grande produtividade nas
regiões dos trópicos, o incremento em biomassa – tronco, galhos, folhas, raízes – quando comparada
ao de uma floresta plantada em regiões temperadas, é muito maior, resultando em maior sequestro
de carbono nestas regiões.
O Brasil apresenta ainda uma parcela significativa do seu território composto de florestas
naturais, pertencentes a diversos biomas. Entre eles, a Mata Atlântica é a que possui o maior
potencial de estabelecimento de projetos de recomposição de áreas degradadas e, assim, gera créditos
de carbono. Esse bioma foi um dos que sofreu maior grau de intervenção humana, sobretudo no
que se refere ao desmatamento contribuindo para que o carbono estocado na biomassa florestal
fosse emitido para a atmosfera.

Produção de madeira para fins energéticos


Ao que tudo indica, os projetos florestais com fins energéticos implantados em substituição aos
combustíveis fósseis, com importantes contribuições para a redução do CO2 atmosférico, receberão
os devidos créditos de carbono. Tomando-se como exemplo a produção do ferro-gusa, se realizada
com carvão mineral emite 1,8 tonelada de CO2, enquanto que se com o carvão vegetal, resgata-se 1,1
tonelada de CO2, evidenciando-se, portanto, uma redução de emissões de 2,9 toneladas.
Com relação à produção de energia, muitos outros projetos poderão ser contemplados, por
exemplo, as usinas de açúcar e álcool que estão utilizando o bagaço de cana na cogeração de energia,
e as indústrias que utilizam resíduos madeireiros.
No Brasil, os projetos florestais que visam a atender ao MDL estão sendo elaborados com o
envolvimento de diversos atores em parceria, como: governo, universidades, empresas privadas e ONGs.

76
Até hoje, cerca de US$ 500 milhões já foram investidos em projetos de sequestro de carbono
no mundo todo. Só a Holanda já pagou até agora US$ 32 milhões em créditos para a Polônia, a
Romênia e a República Tcheca. Diante disso, pode-se observar como o mercado de crédito de
carbono é importante como instrumento para a política florestal brasileira.

Desafios e oportunidades do mercado de carbono global


e nacional
É fundamental que sejam desenvolvidas pesquisas científicas capazes de determinar as causas
e a intensidade das mudanças climáticas, os seus impactos e vulnerabilidades, como forma de reduzir
as incertezas inerentes à questão (MMA, 2011, p. 30).
O monitoramento das emissões de GEE, um dos principais desafios, devido à necessidade de
produção de um fluxo de informações contínuo e atualizado sobre as emissões, é um mecanismo
nacional importante e merece dedicação (MMA, 2011, p. 30).
A adoção do instrumento de REDD+ no País, bem como o estabelecimento e a consolidação
de um mercado nacional de carbono, apresentam-se como elementos fundamentais para a
construção de uma economia nacional de baixo carbono (MMA, 2011, p. 30).
O desafio da mudança do clima cria oportunidades para o Brasil inovar, desenvolver
tecnologias e executar ações que possibilitem um salto no desenvolvimento, na geração de
empregos, na conservação dos recursos naturais e na redução das desigualdades. Devido às suas
condições naturais e à possibilidade de integrar a questão climática a processos produtivos, o País
tem vantagens para transitar rumo à economia de baixo carbono e chances de alcançar uma matriz
energética não fóssil (ETHOS, 2017, p. 8).
A NDC brasileira visa a reduzir, até 2025, 37% das emissões de GEE, além de uma indicação
de redução de 43% das emissões até 2030, com base nos níveis aferidos em 2005. Desse modo, a
NDC é um elemento importante de requalificação do desenvolvimento brasileiro em direção a uma
economia de baixo carbono. Contudo, os esforços empreendidos para alcançar a meta devem
apoiar-se em um arcabouço político, regulatório e econômico que ofereça as condições e os
incentivos necessários para o investimento, a cooperação e a inovação (ETHOS, 2017, p. 8).
A NDC coloca desafios para a redução das emissões de GEE nos setores sucroenergético,
florestal, elétrico, agrícola, industrial e de transportes. Além de estabelecer metas voltadas para a
mitigação dos impactos da mudança do clima, o texto menciona a necessidade de fortalecer a
adaptação a eles, com foco especial nas populações vulneráveis, e a urgência de aumentar a
capacidade de resiliência do País, por meio de políticas públicas que se alicercem no Plano Nacional
de Adaptação (PNA). Então, é de extrema relevância mapear as possíveis fontes e formas de
financiamento de projetos com essa finalidade (ETHOS, 2017, p. 8).

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No âmbito da iniciativa Partnership for Market Readiness (PMR), o Ministério da Fazenda
e o Banco Mundial vêm realizando análises de políticas de mitigação e de precificação de carbono,
incluindo questões como sistemas de comércio de emissões, tributação, impostos e outras possíveis
abordagens de precificação. Há uma expectativa de que as recomendações para uma estratégia
nacional de precificação sejam implementadas nacionalmente após 2020, e cabe aos setores
econômicos e à sociedade civil acompanhar e participar desse processo (ETHOS, 2017, p. 8).
Vale citar também o GT Relato de Emissões, coordenado pelo Ministério da Fazenda e pelo
Estado do Rio de Janeiro. Em 2013, o grupo fez recomendações técnicas para a criação de um
Sistema Nacional de Relato de Emissões e Remoções por Sumidouros. Coerente com a Carta Aberta
ao Brasil sobre Mudança do Clima (2015), que recomenda o estabelecimento de um Sistema
Nacional de Controle de Emissões, essa relevante iniciativa busca a implantação de instrumentos
de regulação, incentivos e precificação de carbono. Ainda, complementando as orientações para o
estabelecimento do mercado brasileiro de emissões, a Iniciativa Empresarial em Clima (IEC), do
Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) publicou em 2016
o documento Posicionamento sobre Mecanismos de Precificação de Carbono (ETHOS, 2017).
Em nível mundial, o ODS 13, especificamente, aborda as mudanças climáticas no contexto
da urgência das suas ações, como a integração de medidas a políticas, estratégias e planejamentos
nacionais, programas de conscientização e educação, financiamento de projetos e capacitação de
mulheres, jovens e comunidades locais (ETHOS, 2017). Dessa forma, a gestão e a adaptação dos
negócios à mudança de clima devem ser vistas não somente como estratégia de sustentabilidade,
mas também como estímulo à inovação.

Energia

Biocombustíveis
De todos os setores da economia, o que está no centro dos debates sobre a sustentabilidade é
a expansão de biocombustíveis brasileiros; inicialmente pelo seu potencial para contribuir para
mitigação de emissões de GEE, mas hoje também em relação a impactos sociais e ambientais como
no caso do possível deslocamento da fronteira agrícola para a Floresta Amazônica, impactos sobre
a disponibilidade de recursos hídricos ou a sua contribuição para objetivos sociais como é o caso
para a redução da pobreza.
O impacto da mudança climática até 2030 pode ainda fortalecer esses potenciais conflitos,
mais conhecidos como trade-offs, em inglês. Por outro lado, há uma expectativa de que a expansão
sustentável da produção de biocombustíveis poderá contribuir para uma transição para uma
economia de baixo carbono. Para identificar e quantificar possíveis sinergias ou trade-offs entre os
setores da energia, uso da terra, macroeconomia e recursos hídricos, essa pesquisa buscou
desenvolver uma modelagem integrada, utilizando um conjunto de cenários socioeconômicos,
climáticos e energéticos até 2030 (CLIMA, 2018).

78
O papel dos biocombustíveis é muito importante no contexto da mudança do clima. Manter
o aquecimento global até 2100 no limite entre +1.5 °C e +2 °C, conforme o Acordo de Paris, requer
ações ambiciosas nos setores de uso da terra e florestas, como a redução de desmatamento em
florestas tropicais; e no de transportes, como a transição para biocombustíveis sustentáveis.
De modo geral, o Brasil tem assumido um papel proativo nas negociações sobre um novo
acordo e quadro legal internacional relativo à UNFCCC, e as iNDCs marcam a primeira vez em que
um país em desenvolvimento oferece uma meta absoluta para a redução de emissões de GEE. Nesse
contexto, é necessário ponderar se será possível aumentar a produção e o uso de biocombustíveis sem
afetar de forma adversa o uso do solo agrícola para outros fins e como será a influência sobre os preços
de alimentos, a segurança hídrica e a expansão das fronteiras agrícolas (CLIMA, 2018).

Tendências

Economia de baixo carbono


A economia de baixo carbono é uma configuração propositiva do ambiente de negócios, que
favorece novas tecnologias em prol da preservação do meio ambiente e da redução da emissão de
GEE, especialmente o CO2 (CEBDS, 2018).
A economia de baixo carbono proporciona uma nova trajetória de crescimento econômico,
alinhando as atividades industriais, agrícolas, de logística e de mobilidade, entre outras, com os
princípios da sustentabilidade. Dessa forma, será possível transitar rumo a um novo modelo de
desenvolvimento, causando menos impactos ambientais do que se testemunha hoje (CEBDS, 2018).
Além de contribuir para o futuro do planeta, reduzindo emissões de GEE, a economia de
baixo carbono é muito vantajosa para a empresa, seja a partir da adoção de métodos mais eficientes
na linha de produção, seja por inovação, ou ainda por meio de fontes alternativas de matéria-prima
e energia que resultem em menores custos (CEBDS, 2018).
A estratégia de desenvolvimento de baixo carbono para o longo prazo aponta cinco principais
caminhos que completam o quadro de estratégias de baixo carbono de longo prazo para o Brasil e
que já vêm sendo adotados pelas empresas:

Redução do desmatamento e papel dos sumidouros florestais e do solo


Consenso entre as empresas, o sucesso da ambição do País de ter bons indicadores após 2030
depende da eliminação do desmatamento ilegal. Entre as ações fundamentais estão:
exigência de selo de procedência dos produtos florestais;
incentivo a atividades de manejo florestal sustentável;
criação de linhas de crédito no plano Agricultura de Baixo Carbono (ABC);

79
regulamentação sobre o uso do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e
utilização de sensoriamento remoto para a fiscalização eletrônica do desmatamento
(CEBDS, 2018).

Bioeconomia voltada para o comércio internacional


A inclusão da bioeconomia na pauta exportadora depende da integração de políticas
climáticas, de comércio exterior e de desenvolvimento sustentável. A bioeconomia traz soluções
inovadoras ao mercado, de alto valor agregado, cuja produção deverá contribuir intensamente para
o desenvolvimento socioeconômico do País. A bioeconomia utiliza a biotecnologia para desenvolver
soluções que atendam aos desafios do desenvolvimento em diversos setores, como energia,
agricultura, pecuária, indústria, gestão de resíduos e saúde humana (CEBDS, 2018).

Economia circular
As práticas da economia circular deverão orientar a indústria no longo prazo, sobretudo nas
transformações da Indústria 4.0, permitindo a redução de custos com a reutilização de materiais
usados como matéria-prima e combustível. No setor siderúrgico, por exemplo, a utilização da sucata
reduz a necessidade de se produzir ferro-gusa, garantindo o reaproveitamento do material e
reduzindo emissões (CEBDS, 2018).

Transição energética
Há previsão de maior pressão sobre o setor de energia para que se desenvolva e passe a emitir
menos GEE, conforme os ODSs 7 e 13, que preveem a eliminação gradual dos subsídios aos
combustíveis fósseis e a consequente realocação para investimentos verdes (CEBDS, 2018).

Redirecionamento dos recursos a investimentos de baixo carbono


Quase unanimidade, há a necessidade de adoção de um mecanismo de precificação de
carbono, com a inclusão dos offsets – mecanismos de compensação de carbono – do setor florestal,
conforme ODSs 7, 12 e 13. Também pode ser considerado de suma importância que o governo
faça uso mais inteligente de instrumentos financeiros para direcionar e garantir recursos para os
investimentos de baixo carbono.

Precificação de carbono
A precificação de carbono aparece como uma solução para incorporar de forma transparente
os impactos provocados pela emissão de carbono na atmosfera aos custos das empresas emissoras
para financiar a transição para uma nova economia de baixo carbono (CEBDS, 2018).

80
As políticas climáticas que envolvem uma meta de redução de GEE devem adotar
instrumentos de controle ou instrumentos de precificação. Instrumentos de controle especificam a
emissão ou normas tecnológicas comuns a todos os emissores de uma mesma fonte. Instrumentos
de preços influenciam a decisão entre não emitir ou pagar para emitir aos próprios emissores.
Os instrumentos de precificação criam oportunidades de minimização de custos, dando aos
agentes econômicos a liberdade de escolher tecnologias e tomar a decisão de pagar o preço pela
emissão, de acordo com seus custos de controle e metas de produção e expansão. Desta forma,
oferecem uma abordagem de menor custo para reduzir as emissões.
Em outras palavras, os instrumentos de preço no agregado permitem alcançar a mesma meta
de controle de emissões que os instrumentos de controle, mas por um custo menor de mitigação social
para os setores regulados, assim diminuindo também a competitividade e os efeitos macroeconômicos.
Além disso, a precificação gera oportunidades de negócios para mitigação e inovação
tecnológica, o que reduz os custos de mitigação no médio prazo. Em suma, se há um compromisso
de reduzir as emissões de GEE, geralmente é mais rentável atingir essa meta com os preços do que
com os instrumentos de controle (CEBDS, 2018a; CEBDS, 2018b).
A iniciativa Carbon Pricing Leadership Coalition (CPLC) reúne líderes do governo, do setor
privado, da academia e da sociedade civil para compartilhar experiências de trabalho com
precificação de carbono e expandir a base de evidências para os sistemas e políticas de precificação
de carbono mais eficazes.
A CPLC é uma parceria voluntária de 32 governos nacionais e subnacionais, mais de 150
empresas de diversos setores e regiões e 67 parceiros estratégicos representando organizações da
sociedade civil, ONGs e instituições acadêmicas que concordam em avançar a agenda de
precificação de carbono trabalhando conjuntamente em direção ao objetivo de longo prazo de um
preço de carbono aplicado em toda a economia global por meio de: fortalecimento das políticas de
precificação de carbono para redirecionar investimentos proporcionais à escala do desafio climático;
antecipação e fortalecimento da implementação das políticas existentes de precificação de carbono
para melhor gerenciar riscos e oportunidades de investimento; e intensificação da cooperação para
compartilhar informações, conhecimentos e lições aprendidas sobre o desenvolvimento e a
implementação da precificação de carbono por meio de várias plataformas de “prontidão” (CEBDS,
2018a; CEBDS, 2018b).
Da PNMC ao Acordo de Paris, já existem metas nacionais de redução de emissões. No Brasil,
onde as emissões de processos industriais respondem por menos de 2% do total de emissões e as
emissões de energia representam apenas 6%, o setor industrial contribui com menos se comparado
com o de mudança do uso do solo (LULUCF – Land Use, Land-Use Change and Forestry), que tem
emissões muito mais representativas. Assim, as metas brasileiras estabelecidas na Convenção das
Nações Unidas sobre Mudança do Clima podem ser amplamente alcançadas pela redução das
emissões de uso do solo.

81
No entanto, já é fato que as vantagens de mitigação do Brasil, baseadas em florestas e
emissões agrícolas, diminuirão, forçando o País em 2025 a começar a considerar novas metas para
a partir de 2030, quando as emissões de processos industriais e energia certamente estarão em
discussão. Além disso, com a crescente adoção de mecanismos de precificação de carbono, as
metas da política climática nacional são cada vez mais traduzidas em compromissos setoriais.
Assim, há também uma percepção crescente de que ter compromissos setoriais associados à
precificação pode ser estratégico para evitar barreiras comerciais relacionadas ao clima,
especialmente com a atual intensificação de disputas comerciais.
Dado que as emissões por indústria representam uma parcela relativamente pequena em
relação ao total de emissões do território nacional e que as emissões, em muitos setores, já atingiram
baixas intensidades de carbono em termos internacionais, a iniciativa de mercado pioneiro da
indústria busca fortalecer a participação do setor em compromissos nacionais para reduzir as
emissões de GEE. A precificação do carbono poderia, de fato, ser uma componente chave da atual
agenda de competitividade do setor industrial brasileiro. Tanto as preferências dos consumidores
quanto as cadeias de suprimento estão mudando rapidamente com as crescentes tratativas
relacionadas ao clima, e a indústria precisará adaptar-se a isso.
A inclusão da precificação de carbono na devolutiva de mitigação do Brasil é também importante
em uma perspectiva global. Os principais parceiros comerciais do Brasil – China, União Europeia e
vários países da América Latina – já possuem um Sistema de Comércio de Emissões (Emissions Trading
System – ETS), e ao participar desse movimento, a indústria brasileira pode expandir a sua presença
nesses mercados e atrair investimentos em inovação para baixa emissão de carbono.
O estabelecimento da precificação do carbono por meio de uma estratégia de negociação
alinha-se com os desenvolvimentos regionais. O México, a Argentina, a Colômbia e o Chile já
adotaram impostos sobre carbono e estão adotando estratégias de comércio nos níveis nacional e
regional. Uma vez que o Brasil tenha a sua própria estratégia de comércio, o tamanho do seu
mercado nacional e o domínio do seu setor manufatureiro na região reforçarão a liderança do País
na agenda comercial dentro daquela região e nos seus arredores (CEBDS, 2018a).
Existem dois tipos de instrumentos de implementação da precificação de carbono: a
tributação, com uma sobretaxa sobre emissões; e um mercado com emissões negociáveis. Ambos
são similares em termos de eficiência econômica quando não há incerteza sobre os custos de
transação e mitigação. Caso contrário, é preferível adotar o instrumento que ofereça menores custos
de transação e menos incerteza sobre os custos de mitigação (CEBDS, 2018a).
Apesar da simplicidade administrativa de um imposto, as entidades reguladas geralmente
preferem a estratégia de comércio de emissões. Essa preferência tem a ver com o desejo de evitar
um aumento da carga tributária e com a possibilidade de que as receitas fiscais possam ser
direcionadas a investimentos não relacionados à transição climática. Em muitos casos, um ETS
forneceria às entidades regulamentadas maior flexibilidade e ofereceria uma base justa para o
envolvimento na transição climática (CEBDS, 2018a).

82
Por outro lado, um esquema de comércio de emissões requer um arranjo novo e específico,
mas oferece maior flexibilidade no gerenciamento da competitividade, por exemplo, por meio da
distribuição gratuita de direitos de emissão para os setores de maior risco. Além disso, os mercados
de comércio de emissões criam outras oportunidades de negócios por meio das atividades associadas
ao funcionamento do próprio mercado e à participação de instituições financeiras (CEBDS, 2018a).

Pagamento por Serviços Ambientais e Biodiversidade e Serviços


Ecossistêmicos
Incorporar a Biodiversidade e os Serviços Ecossistêmicos (BSEs) nas estratégias de negócios
das organizações torna-se cada vez mais importante, dada a evolução das discussões e
regulamentações sobre esses aspectos para a gestão socioambiental empresarial. Por essa razão,
muitas empresas buscam melhorar o seu desempenho por meio da incorporação de novas práticas
de gestão e da definição de metas ambientais (CEBDS, 2012a).
Segundo FGV-AESP (2018), no que tange a regulação do clima, o serviço ecossistêmico está
relacionado à:
i. capacidade dos ecossistemas de remoção do dióxido de carbono (CO2) atmosférico e a
sua fixação na forma de biomassa e de emissão de dióxido de carbono na perda da
biomassa (fluxo) e
ii. manutenção de carbono fixado em biomassa (mantido em estoque), evitando novas
emissões de gases de efeito estufa. Assim, as Diretrizes Empresariais para Valoração
Econômica de Serviços Ecossistêmicos (Devese) do Centro de Estudos em
Sustentabilidade da FGV sugerem as seguintes metodologias: a de “emissões líquidas”,
que se refere ao fluxo de carbono; e “desmatamento evitado”, que se refere ao estoque de
carbono mantido em floresta em pé e/ou emissões evitadas (FGV AESP, 2018).

Ao serem perguntadas sobre os possíveis motivos para incorporar o conceito de Serviços


Ecossistêmicos (SEs) nos sistemas de gestão das empresas, o argumento mais contundente que figurou
o primeiro lugar do ranking foi o de ressaltar as oportunidades para os negócios, ou seja, desenhar o
seu business case. Em seguida, a dependência dos negócios em relação aos SE, bem como a melhoria
da imagem institucional e a redução de riscos, conforme detalhado no gráfico 15 a seguir.

83
Gráfico 15 – Principais motivos para que as empresas incorporem voluntariamente os SEs nas
suas operações

Fonte: adaptado de CEBDS (2012a).

Entretanto, relacionar a qualidade e o bem-estar dos ecossistemas com o bottom line das
organizações ainda é um grande desafio, já que há uma grande lacuna de compreensão sobre o tema.
A principal razão é a falta de conhecimento sobre a relação entre as suas práticas produtivas e a
dependência e o impacto nos ecossistemas e, também, sobre os possíveis riscos e oportunidades
associados à incorporação da BSEs nas suas operações (CEBDS, 2012a).
A Parceria Empresarial pelos Serviços Ecossistêmicos (Pese), iniciativa do CEBDS, busca
promover estratégias de negócios que associem o desempenho empresarial à gestão sustentável dos
ecossistemas e da biodiversidade (CEBDS, 2018c).

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LISTA DE SIGLAS
BID Banco Interamericano de Desenvolvimento (em inglês, Inter-american
Development Bank)

BSE Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos

CDM Clean Development Mechanism (em português, MDL)

CEBDS Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável

CHG Protocol – Program CHG Protocol (em português, Protocolo de Gases do Efeito
Estufa)

COP Conferência das Partes (em inglês, Conference of Parties)

ELP Estratégia de Longo Prazo (em inglês, mid-century long-term low GHG emissions
development strategies)

ENREDD+ Estratégia Nacional para REDD+

ET Emissions Trade (em português, Comércio de Emissões)

ETS Emissions Trading Systems

GCF Fundo Verde para o Clima (em inglês, Green Climate Fund)

GEE Gases de Efeito Estufa

GT REDD+ Grupo de Trabalho Interministerial sobre REDD+

Ibama Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

ICA Análise e Consulta Internacional

iNDC Intended Nationally Determined Contributions (em português, Pretendida


Contribuição Nacionalmente Determinada)

Inpe Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

IPCC Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (em inglês,


Intergovernmental Panel on Climate Change)

JI Joint Implementation (em português, Execução Conjunta)

MDL Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (em inglês, CDM)

MMA Ministério do Meio Ambiente

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MRV Mensuração, Relato e Verificação (em inglês, Measurement, Report and
Verification)

NDC Nationally Determined Contributions (em português, Contribuição Nacionalmente


Determinada)

OECD Organization for Economic Cooperation and Development (em português,


Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômicos)

OMM Organização Meteorológica Mundial (em inglês, World Meteorological


Organization)

ONU Organização das Nações Unidas (em inglês, United Nations Organization)

PNMC Política Nacional sobre Mudança do Clima

PNUD United Nations Development Program (em português, Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento

PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (em inglês, United Nations
Environment Programme)

PPCDAm Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal

PPCerrado Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e Queimadas no


Bioma Cerrado

Prodes Projeto de Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite

PSA Pagamento por Serviços Ambientais

RCEs Reduções Certificadas de Emissões

RL Reserva Legal

SE Serviços Ecossistêmicos

SISREDD+ Sistema de Informação sobre as Salvaguardas de REDD+

TI Terra Indígena

UNFCCC Convenção-Quadro das Nações Unidas para Mudança do Clima (em inglês,
United Nations Framework Convention for Climate Change)

WBCSD World Business Council For Sustainable Development (em português, Conselho
Mundial para o Desenvolvimento Sustentável)

WRI World Resources Institute (em português, Instituto Mundial de Recursos)

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paises-enfrentem-tanto-covid-19-quanto-mudancas-climaticas>. Acesso em: 05 mai. 2020.

92
PROFESSOR-AUTOR
Mariana Schuchovski, doutora em Ciências Florestais pela Universidade Federal do Paraná
(UFPR) e pela North Carolina State University (EUA). É engenheira florestal e mestra pela UFPR.
Foi executiva por mais de 15 anos, coordenando projetos e equipes nas áreas de Sustentabilidade,
Certificação, Pesquisa & Desenvolvimento e Tecnologia Florestal, participando de importantes
cooperativas de pesquisa nacional e internacional, e implementando parcerias com ONGs
socioambientais nacionais e internacionais e outros stakeholders. Atualmente, é professora de várias
disciplinas nas áreas de Sustentabilidade e Gestão Ambiental para cursos de pós-graduação (MBA,
GBA), Perspectivação, Programas in company e Soluções para Cooperativas no Instituto Superior de
Administração e Economia do Mercosul (Isae); e da disciplina Sustentabilidade na indústria, nas
Faculdades da Indústria/IEL no curso de MBA em Gestão Industrial. Ministrou os módulos: Cases
and Strategies of Sustentainability in Brazilian and Foreign Companies e Agribusiness in Brazil em cursos
de pós-graduação da School of Innovation and Business Entrepreneurship da Universidade de
Steinbeis University Berlin (Alemanha) em parceria com as Faculdades da Indústria/IEL. Realizou os
cursos Forest resources in Germany na Albert-Ludwigs-Universität Freiburg (Alemanha); Shaping the
future of plantation forests, na Forest Productivity Cooperative (EUA); e o GBA Internacional em
Cutting-Edge Practices on Sustainability, no Isae em parceria com a Colögne Business School
(Alemanha). Ministrou palestras sobre Sustentabilidade em diversos eventos regionais, nacionais e
internacionais. Conselheira do Conselho de Ação para Sustentabilidade Empresarial (Casem) da
Associação Comercial do Paraná, na gestão 2018/2019. Revisora ad hoc em conceituadas revistas
científicas nas áreas ambiental e florestal. Fundadora e diretora da Verde Floresta – Consultoria e
Treinamentos em Sustentabilidade, credenciada ao programa Sebraetec para serviços em
Sustentabilidade e Qualidade para MPE de diversos setores. A sua missão é demonstrar que a
sustentabilidade pode ser implantada em pequenas e médias empresas, aplicando estratégias simples
para gerar benefícios que vão além da produtividade, da valorização da marca e do lucro.

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Vanessa Weber Leite, mestra em Governança e Sustentabilidade pelo Isae, com MBA em
Gestão e Empreendedorismo Social pela FIA-FEA/USP. Especialista em Gestão do Terceiro Setor
e Investimento Social Privado pelo Programa Trainee do GIFE. Graduada em Serviço Social pela
FAPSS de São Caetano do Sul – SP. Consultora nacional da Rede Ethos para negócios sustentáveis
e responsáveis. Consultora em Responsabilidade Social Corporativa e Sustentabilidade na Seravalli
Consulting de São Paulo. Docente em cursos de Graduação, MBA, Pós-Graduação, Programas in
company, Soluções para Cooperativas e Perspectivação no Isae. Vice-coordenadora no Casem da
Associação Comercial do Paraná (ACP), gestão 2018/2019. Atuou como coordenadora de
Responsabilidade Social Corporativa na BASF S/A por 12 anos em funções ligadas ao Diálogo com
a Comunidade, Investimento Social, Responsabilidade Corporativa e Sustentabilidade. Foi diretora
de Responsabilidade Corporativa na Fundação Espaço ECO. No sistema Fiesc, no Sesi Joinville,
atuou como consultora de Responsabilidade Corporativa. Foi diretora no Centro de Voluntariado
de São Bernardo do Campo – SP e Conselheira no Instituto Ajorpeme – Associação de pequenas e
médias empresas de Joinville.

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