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EXCELENTISSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA CIVEL DA__VARA CÍVEL

DA COMARCA DE POMERODE/SC.

Malia Camargo Silva de Oliveira, brasileira, viúva, manicure, inscrita no CPF sob o nº
XXX.XXX.XXX-XX e portadora do RG nº XXXXXXX, residente na Rua Lorenz Blank, nesta
cidade de Pomerode/SC, vem perante a V. Exa., por seus procuradores firmados, propor a
presente

AÇÃO EXONERAÇÃO DE ALIMENTOS


em face de Matias Campo de Oliveira, brasileiro, solteiro, analista de dados, inscrito no CPF
sob o nº XXX.XXX.XXX-XX e portadora da RG nº XXXXXXX, residente e domiciliado na Rua
Luiz Alves, nesta cidade de Pomerode/SC, pelos fatos e fundamentos que passa a expor:

Em ação de alimentos que tramitou na 4ª Vara Cível Especializada em Família dessa


Comarca, proposta em 02.07.2022, processo de nº 023/1.12 00058693-6, ficou acordado
em audiência de conciliação que autora pagasse à sua neta o valor correspondente a 20%
do salário mínimo nacional vigente, conforme termo de audiência em anexo (Doc. 01)
A autora é pessoa idosa, e sensibilizada com a necessidade da menina, concordou que
houvesse descontos em sua aposentadoria, e não percebeu que ao concordar com os
descontos. Seria seriamente prejudicada, sem que tivesse obrigação para tanto.
Esse valor vem sendo descontado da aposentadoria da autora desde então, o qual recebe
aproximadamente R$ 1.294,00 (mil duzentos e noventa e quatro reais), conforme
comprovante que segue (Doc. 02), resultantes de uma aposentadoria.
Entretanto Exa., não há como perdurar essa situação penosa em que vive a autora, em
continuar alcançando alimentos à sua neta sem prejuízo ao próprio sustento, agregado ao
fato de que seu filho, genitor do menor encontrar-se trabalhando e recebendo valor bem
superior ao que a autora percebe mensalmente, que com descontos chega a R$ 647,00
(seiscentos e quarenta e sete reais) o que impede a idosa suprir as suas próprias
necessidades
O Requerido, em que pese também seja carecedor de receber valores para seu sustento por
ser menor, possui genitora, que embora tenha utilizado o Serviço de Assistência Judiciária,
SAJ, vinculado à FURG, não juntou aos autos de ação de alimentos (n.) 023/1.12.0005863-6)
qualquer tipo de comprovante de renda para confirmar seu atestado de pobreza.
Exa., o requerido possui genitor, que já se encontra trabalhando em comércio próprio, em
atividade na Rua Paulo Zimmermann, n°. 23, nesta cidade, e recebendo como remuneração
valor superior ao pago pela idosa, que é protegida também pela Lei 10.741/2003 (Lei do
Idoso). Se está diante de um impasse legal Exa., uma vez que a idosa não possui condições
de arcar com o pagamento dos alimentos e se sustentar ao mesmo tempo.
Sabe-se que a concessão dos alimentos se dá diante da necessidade do alimentando de
recebê-los, mas deve ser destacado ainda que, quem fornece deve ter condições de fazê-lo,
sem prejuízo de sua própria subsistência.

Além disso, para que haja condenação ao pagamento dos alimentos avoengos, é necessária
comprovação de que nenhum dos genitores possui capacidade e condições de arcar com a
despesa de seu filho. No presente caso, o requerido ingressou com ação de alimentos em
face do genitor, Sr. Matias (n°. 023/1.11.000905-4) e após não tendo sido localizado,
entendeu por conveniente ingressar com a presente ação de alimentos em face da autora
idosa.
Importante frisar que os alimentos se amparam na obrigação existente entre parentes,
fulcro no art. 1.694 e seguintes do Código Civil, não havendo a presunção de necessidade
que deve ser provada por quem deles precisa.
O conceito de necessidade, por sua vez, é extraído do art. 1.695 do CCB, que dispõe que
"são devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode
prover, pelo seu trabalho, a própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode
fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento".

A verdade é que a concessão dos alimentos pelos avós é uma situação de caráter
subsidiário, ou seja, deve restar comprovada a impossibilidade dos genitores, para pagar os
alimentos dos filhos, o que não restou comprovado, já que a genitora é jovem e saudável, e
possui capacidade laboral, ao contrário da autora que precisa desse valor que e descontado
mensalmente.
Para facilitar a compreensão do aqui afirmado, seguem algumas decisões semelhantes ao
caso concreto que irão auxiliar na decisão da lide, que dizem:
APELAÇÃO CÍVEL. ALIMENTOS. FIXAÇÃO. OBRIGAÇÃO AVOENGA. A obrigação alimentar
avoenga tem fundamento no art. 1.696 do Código Civil, que dispõe que "o direito a
prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes,
recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros". Conceitua-se
"falta" a ausência de condições de prestar alimentos que satisfaçam as necessidades de
quem demanda os alimentos (art. 1.698, CC). Trata-se, pois, de obrigação de caráter
subsidiário e complementar, que somente é cabível diante da falta de condições de ambos
os genitores de suportar totalmente o encargo alimentar, de acordo com o art. 1.698 do
CCB. Ausência de prova de que a genitora não tenha condições de prover as necessidades
mínimas da filha. No caso, sendo o pai falecido, a fixação da pensão a ser paga por avós
depende de prova da impossibilidade da genitora em manter a prole, o que não está aqui
demonstrado. Isso porque, a genitora é pessoa jovem, com 34 anos de idade, que, não
obstante a alegação de ser acometida de enfermidade mental, possui capacidade laboral,
visto que admite trabalhar como "safrista" em seu depoimento. Ademais, mesmo que assim
não fosse, verifica-se a absoluta impossibilidade do avô contribuir, pois se trata de pessoa
idosa, com 74 anos de idade, acometida de AVC e inválida, com renda de apenas um salário
mínimo. NEGARAM PROVIMENTO. UNÂNIME.[1]
APELAÇÃO CÍVEL. ALIMENTOS. OBRIGAÇÃO AVOENGA. CARÁTER SUBSIDIÁRIO,
COMPLEMENTAR E EXCEPCIONAL. A obrigação alimentar dos avós alcança caráter
excepcional, exigindo falta de possibilidade absoluta dos genitores para prover à
subsistência do alimentando. Verificada a impossibilidade da avó materna de contribuir
financeiramente com o sustento do neto. Ausência de prova da impossibilidade dos pais de
pagar alimentos. Apelação desprovida.[2]
O genitor do requerido possui um comércio na Rua Paulo Zimmermann, n°. 23, Centro,
Pomerode/SC, tendo plenas condições de arcar com as despesas dos alimentos do
requerido, ao contrário da autora e a genitora, Sra. Margarete, é pessoa jovem, com total
capacidade laboral, o que desconfigura a incapacidade dos genitores para determinar que
seja a autora condenada ao pagamento de alimentos.

Da tutela antecipada
A tutela antecipada se faz necessária, in casu, uma vez presentes os requisitos do 273 do
CPC, diante disso, após o recebimento da presente ação, requer-se a antecipação dos
efeitos da prestação jurisdicional, ao efeito de exonerar a verba alimentar devida ao
alimentando.

O bem da vida pretendido com o ajuizamento da presente diz respeito ao caráter alimentar
da prestação, sendo indispensável à subsistência do Requerente a exoneração incontinent
dos alimentos.
Como visto, pleiteia-se uma prestação de natureza alimentar, indispensável por si mesma à
própria sobrevivência do Requerente, revelando o periculum in mora.
O fumus boni iuris configura-se no requisito legal da prova inequívoca e na verossimilhança
da alegação, ambos os requisitos presentes nos fatos alegados e nas provas juntadas nesta
peça, formando o conjunto probatório necessário para a tutela de urgência.

Além disso, pertinente transcrever a lição de Yussef Said Cahali (Dos Alimentos, Ed. Revista
dos Tribunais, 3ª Ed. 1999, p. 967):
"No caso de ação exoneratória ou de redução de pensão, parece-nos que desde que são
admitidos alimentos provisórios em ação revisional ajuizada pelo alimentado, similar razão
de direito autoriza igualmente a sua redução ou exoneração liminar, na ação revisional ou
exoneratória ajuizada pelo alimentante, verificados sumariamente, os pressupostos que a
autorizam, ainda que se exigindo redobrada cautela na concessão da liminar."
Ante todo o exposto, requer:
a) a concessão da tutela antecipada ao efeito de exonerar a autora de pagar a verba
alimentar consoante acima fundamentado, expedindo-se, incontinenti, ofício ao INSS
ordenando a cessação imediata do desconto;
b) seja a presente ação recebida e processada, citando-se o Requerido para que conteste,
querendo, no prazo legal à presente ação;
c) a final, sejam julgados totalmente procedentes os pedidos, exonerando a autora do
pagamento de pensão alimentícia ao Requerido, condenando-o ao pagamento, ainda, das
custas processuais e honorários advocatícios;

d) seja concedida à autora o benefício da assistência judiciária gratuita, por não ter
condições de arcar com as custas processuais da presente demanda, sem prejuízo do
próprio sustento e de sua família;
Protesta provar o legado por todos os meios de prova em direito admitidos, em especial a
juntada de documentos, o depoimento pessoal do suplicado, dentre outras que se reputem
necessárias.
Atribui-se à causa o valor de R$ 3.568,00 (três mil quinhentos e sessenta e oito reais).

Nesses termos, pede deferimento.


Pomerode,02 de julho de 2022.

Érica Leticia Maas


OAB/SC XXX.XXX

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