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Direitos dos Imigrantes

e Orientações para o
Atendimento
Módulo

4 Vulnerabilidades em
Contexto Migratório
Fundação Escola Nacional de Administração Pública

Presidente
Diogo Godinho Ramos Costa

Diretor de Desenvolvimento Profissional


Paulo Marques

Coordenador-Geral de Produção Web


Carlos Eduardo dos Santos

Equipe responsável
Ana Beatrice Neubauer de Moura (Revisora de texto, 2021).
Ana Carla Gualberto Cardoso (Diagramação, 2020).
Ana Paula Medeiros Araújo (Direção de arte, 2021).
Gabriel Silvestre Marques Boere (Implementador Rise 360º, 2021).
Ivan Lucas Alves Oliveira (Coordenador de produção, 2021).
Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos - MMFDH (Conteudista, 2020).
Patrick Oliveira Santos Coelho (Implementador Moodle, 2021).
Priscila Campos  (Coordenadora de desenvolvimento, 2020).

Desenvolvimento do curso realizado no âmbito do acordo de Cooperação Técnica FUB / CDT / Laboratório
Latitude e Enap.

Curso produzido em Brasília, 2021.

Enap, 2021

Enap Escola Nacional de Administração Pública


Diretoria de Educação Continuada
SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF

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Sumário
Unidade 1: O conceito de vulnerabilidade......................................... 6

Unidade 2: Fatores individuais........................................................... 8

Unidade 3: Fatores familiares............................................................ 9

Unidade 4: Fatores comunitários..................................................... 10

Unidade 5: Fatores estruturais......................................................... 11

Unidade 6: O Modelo de Determinantes da


Vulnerabilidade de Migrantes.......................................................... 12

Unidade 7: Na origem, em trânsito e no destino.............................. 14

Unidade 8: Vulnerabilidade à violência, exploração e abuso............ 16


8.1 Violência contra mulheres e meninas em contextos de
mobilidade................................................................................. 16
8.2 Exploração laboral................................................................ 17
8.3 Tráfico de pessoas................................................................ 18

Unidade 9: Proteção a migrantes em situação de vulnerabilidade.... 20

Unidade 10: Princípios orientadores na assistência


a imigrantes em situação de vulnerabilidade................................... 22

Glossário......................................................................................... 24

Referências ..................................................................................... 25

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Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 4
4
Módulo
Vulnerabilidades em
Contexto Migratório

Neste módulo, será abordado o conceito de vulnerabilidade em contexto migratório, entendendo


que as situações de vulnerabilidade emergem de um complexo conjunto de fatores que interagem
entre si de maneira não determinista. É importante compreender que a vulnerabilidade é
complexa, não devendo ser tratada como uma característica inerente ao migrante ou ao refugiado.

Partindo do Modelo de Determinantes da Vulnerabilidade de Migrantes da OIM, serão


considerados vários âmbitos nos quais os fatores de risco para a vulnerabilidade podem surgir:
individuais, familiares, comunitários e estruturais. Essas quatro dimensões se articulam entre si
e nenhuma delas consegue abarcar a vulnerabilidade de maneira isolada.

Igualmente importante, os fatores que fortalecem a resiliência dos migrantes e contribuem


para a superação de situações de vulnerabilidade também se articulam nesses quatro âmbitos,
portanto todos devem ser levados em conta ao construir respostas programáticas que visem a
proteção dos migrantes.

Também será considerada a vulnerabilidade a partir dos trajetos e momentos relacionados ao


ciclo migratório, levando em consideração a existência de fatores de risco na origem, em trânsito
e no destino. Portanto, as ações de proteção devem também estar presentes ao longo de todo o
ciclo migratório e não apenas no destino final desejado pelos migrantes.

Além disso, será abordada a proteção aos migrantes em situação de vulnerabilidade a partir da
proteção de direitos humanos, a proteção legal, a proteção física e a proteção social. O marco
internacional de direitos humanos e a legislação brasileira garantem aos migrantes uma série de
direitos que oferecem proteção nestes âmbitos. No entanto, pode ser um desafio considerável
encontrar respostas para a proteção de migrantes em situação de vulnerabilidade na prática.

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Unidade 1: O conceito de vulnerabilidade
🎯 Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de conceituar o termo vulnerabilidade.

A ONU Migração, no Protocolo de Assistência a Migrantes em Situação de Vulnerabilidade, define


vulnerabilidade da seguinte forma:

Em um contexto migratório, a vulnerabilidade significa a


capacidade limitada para evitar, resistir, lidar com ou recuperar-
se de danos. Esta capacidade limitada é o resultado de uma
interação específica de características e condições individuais,
familiar ou domiciliar, comunitários e estruturais.

Assim, migrantes em situação de vulnerabilidade estão em risco exacerbado de violência,


exploração e abuso e, portanto, não conseguem usufruir plenamente de seus direitos humanos
e precisam de atenção particular.

É importante entender que o conceito de vulnerabilidade deve servir para promover a plena
realização dos direitos dessas pessoas e que o fato de uma pessoa se encontrar em uma situação
de vulnerabilidade não significa que ela seja inerentemente vulnerável.

Como explicam Carmo e Guizardi (2018), o conceito de vulnerabilidade se constrói nos sistemas
de saúde e assistência social no Brasil visando a consolidação dos direitos de cidadania:

O ser humano vulnerável, por outro lado, é aquele que,


conforme conceito compartilhado pelas áreas da saúde e da
assistência social, não necessariamente sofrerá danos, mas está
a eles mais suscetível uma vez que possui desvantagens para
a mobilidade social, não alcançando patamares mais elevados
de qualidade de vida em função da sua cidadania fragilizada.
Assim, ao mesmo tempo, o ser humano vulnerável pode
possuir ou ser apoiado para criar as capacidades necessárias
para a mudança da sua condição.

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Portanto, a compreensão das vulnerabilidades deve estar ancorada em uma percepção da
pessoa como sujeito de direitos e plenamente capaz de realizar o seu potencial, de maneira a
não promover uma perspectiva de tutela ou assistencialismo que, muitas vezes, restringe direitos
em vez de promovê-los.

Portanto, dentro desta perspectiva, a situação de vulnerabilidade não é um sinal de “fraqueza”,


mas sim da existência de desigualdades que podem expor algumas pessoas a situações de maior
risco de violações dos seus direitos. Os quatro tipos de fatores que impactam a vulnerabilidade
são: fatores individuais, familiares, comunitários e estruturais (IOM, 2018). Esses fatores constam
no Modelo de Determinantes da Vulnerabilidade de Migrantes, desenvolvido pela OIM.

É importante destacar que a situação migratória não é o único fator determinante de


vulnerabilidade. Migrantes em distintas situações migratórias, entre eles solicitantes de refúgio,
refugiados e também migrantes em situação regular ou irregular podem se encontrar em situação
de vulnerabilidade.

Esse ponto é importante, pois muitos migrantes em situação de vulnerabilidade também podem
precisar de formas específicas de proteção legal, mesmo que não se encaixem na definição
de refugiado. Para dar apenas alguns exemplos, esse pode ser o caso das crianças migrantes
desacompanhadas ou separadas, das vítimas de tráfico de pessoas, ou dos sobreviventes de
tragédias ambientais.

Além disso, um migrante que tenha saído de seu país de origem sem nenhuma condição de
vulnerabilidade pode se tornar vulnerável no decorrer do percurso migratório ou mesmo quando
já se encontra no país de destino. Por sua vez, refugiados podem chegar ao país em situações
extremamente vulneráveis, relacionadas com múltiplos fatores, como a situação em seu país de
origem ou como consequência do que a pessoa possa ter sofrido ao estar exposta à perseguição
e a um ambiente de generalizada violação de direitos humanos.

No entanto, o refugiado não é inerentemente vulnerável, pois nas suas comunidades de


acolhida, com o apoio adequado, ele tem todo o potencial que necessita para superar situações
de vulnerabilidade.

A legislação brasileira contempla o refúgio, a apatridia e a acolhida humanitária. Esta última


permite oferecer proteção a pessoas que são obrigadas a abandonar o seu país de origem e
buscar acolhimento no Brasil devido a motivos que não estão incluídos na definição do refúgio,
mas que mesmo assim necessitam de proteção, tais como as pessoas que vêm de países afetados
por catástrofes ambientais ou grave instabilidade institucional.

O marco de proteção aos direitos humanos se aplica a todas as pessoas sem qualquer tipo de
discriminação. No entanto, no caso de migrantes em situação de vulnerabilidade, a aplicação
deste marco pode ser mais difícil de compreender e, em alguns casos, os fluxos de identificação
e referenciamento podem inclusive não existir (UN Secretary General Report A/70/59).
Ao analisar os fatores de vulnerabilidade, é importante lembrar que a análise da situação de
vulnerabilidade se faz de maneira individual, avaliando como os fatores interagem entre si
naquele determinado contexto.

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Unidade 2: Fatores individuais
🎯 Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de identificar os fatores individuais.

Os fatores individuais são aqueles relacionados aos indivíduos, tais como seu status
socioeconômico, suas características emocionais, psicológicas e cognitivas individuais, suas
crenças e atitudes, sua história de vida e condições de saúde, assim como idade, sexo, raça,
identidade de gênero, orientação sexual, entre outros. Essas características são essenciais para a
compreensão da construção de situações de vulnerabilidade, assim como para o fortalecimento
das capacidades de resiliência dos indivíduos.

Eles não devem ser compreendidos de maneira isolada, pois alguns desses fatores podem ser
de risco ou protetivos de acordo com o contexto. Por exemplo, o domínio de certo idioma pode
ser um fator protetivo em contextos nos quais este idioma permite à pessoa se comunicar
plenamente e acessar serviços; a situação contrária pode ser um fator de risco, quando a pessoa
não consegue se comunicar.

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Destaque,h
Por outro lado, alguns fatores geralmente são protetivos ou de risco em
praticamente todos os contextos. Um exemplo é a literacia (capacidade de
ler), que costuma ser um fator protetivo, enquanto o analfabetismo é quase
sempre um fator de risco.

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Unidade 3: Fatores familiares
🎯 Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de identificar os fatores familiares.

Esses fatores se referem às circunstâncias familiares em que os indivíduos estão inseridos, tais
como o papel e a posição de cada um dos membros dentro da família, as histórias e experiências
familiares. As famílias são, muitas vezes, a primeira opção das pessoas quando precisam de
apoio, especialmente as crianças, os jovens e os idosos.

Todos os membros das famílias têm direitos, e a forma como estes são respeitados tanto dentro
da família quanto no contexto social em que se inserem afeta de maneira importante os riscos
aos quais os indivíduos estão expostos e a sua capacidade de construir resiliência.

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Destaque,h
Assim, o contexto familiar pode incluir tanto fatores de risco quanto de proteção
contra a violência, a exploração e o abuso. A violência ou a desigualdade de
tratamento entre membros da família, por exemplo, são fatores de risco,
enquanto que um ambiente acolhedor e solidário e uma distribuição equitativa
de recursos são fatores de proteção. Outros exemplos de fatores relacionados
à família incluem o seu tamanho e a estrutura, históricos de violências, as
histórias migratórias, os meios de subsistência de que a família dispõe e as
dinâmicas entre os membros.

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Unidade 4: Fatores comunitários
🎯 Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de identificar os fatores comunitários.

Os fatores comunitários dizem respeito às sociedades em que os indivíduos e famílias se


inserem, com suas características econômicas, culturais e sociais. É importante notar que, assim
como ocorre com os fatores familiares, alguns fatores comunitários podem afetar grupos da
comunidade de maneira diferente, o que torna alguns grupos mais vulneráveis do que outros.

Por exemplo, se em uma comunidade os meninos e meninas têm acesso desigual à educação e
as meninas não podem estudar, então as meninas estão expostas a um fator de risco por conta
da falta de acesso à educação, mas, para os meninos no mesmo exemplo, o acesso à educação
é um fator protetivo.

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Destaque,h
Alguns fatores de risco e de proteção podem se aplicar a todos os membros
de uma comunidade, de maneira que é a comunidade como um todo que
se torna mais ou menos vulnerável. Um exemplo é a exposição a fatores
ambientais, como enchentes, desertificação e contaminação ambiental, que
podem ameaçar as formas de vida e os meios de subsistência da comunidade
como um todo, além de resultar em experiências traumáticas.

Cada um dos membros de uma comunidade tem direitos, e a maneira como estes são respeitados
define como os fatores comunitários podem representar riscos ou proteção para os membros da
comunidade. Todas as comunidades têm uma combinação de fatores de risco e de proteção.

Alguns exemplos desses fatores podem incluir a existência de oportunidades educacionais de


qualidade, de assistência em saúde, de equipamentos de assistência social e psicológica, e
a maneira como esses recursos são divididos entre os membros da comunidade. Portanto, a
desigualdade também é de grande relevância para entender como esses fatores podem vir a
representar risco ou proteção para cada um dos seus membros.

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Unidade 5: Fatores estruturais
🎯 Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de identificar os fatores estruturais.

Esse conjunto de fatores se refere, de maneira ampla, às condições históricas, sociais, geográficas,
políticas, econômicas, sociais e culturais em diferentes níveis que conformam o ambiente nos
quais os indivíduos, as famílias e as comunidades estão inseridos.

Fatores estruturais, de forma geral, são relativamente estáveis e difíceis de alterar. Exemplos
desses fatores de risco incluem estruturas herdadas de um passado de colonização, a existência
de leis discriminatórias ou de um estado de direito frágil.

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Destaque,h
Fatores protetivos podem incluir, por exemplo, uma sólida cultura de respeito
pelos direitos humanos, de manutenção da paz e políticas para a diminuição
das desigualdades sociais entre grupos.

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Unidade 6: O Modelo de Determinantes da Vulnerabilidade
de Migrantes
🎯 Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de conceituar o Modelo de Determinantes da
Vulnerabilidade de Migrantes.

No Modelo de Determinantes da Vulnerabilidade de Migrantes, da OIM (IOM, 2018), a


vulnerabilidade em contexto migratório é o resultado da interação de um conjunto de fatores
de risco e proteção em vários níveis, incluindo os fatores individuais, familiares, comunitários
e estruturais que acabamos de ver. Esse modelo leva em conta como a interação de fatores
afeta os riscos de sofrer violência, exploração e abuso ao longo de todo o ciclo migratório, mas
também as capacidades de resiliência dos migrantes.

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Destaque,h
Assim, a presença de um fator de risco não implica automaticamente que o
imigrante estará em uma situação de vulnerabilidade. Muitas vezes, a situação
de vulnerabilidade é o produto da atuação simultânea de vários fatores de
risco, ao mesmo tempo em que os fatores protetivos são insuficientes.
Igualmente, mesmo quando existem múltiplos fatores de risco, a situação de
vulnerabilidade pode não vir a ocorrer devido à presença de vários fatores
protetivos que fortaleçam a capacidade de resiliência dos migrantes.

O propósito do modelo de determinantes da vulnerabilidade dos migrantes é facilitar uma análise


significativa de como múltiplos fatores se interseccionam de maneira dinâmica para influenciar
a vulnerabilidade e a resiliência, de maneira a encontrar melhores soluções para a proteção dos
direitos humanos dos migrantes.

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Modelo de determinantes da vulnerabilidade da OIM.
Fonte: IOM Handbook on Protection and Assistance for Migrants Vulnerable to Violence,
Exploitation and Abuse. 2018. https://publications.iom.int/system/files/pdf/avm_handbook.pdf.

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Unidade 7: Na origem, em trânsito e no destino
🎯 Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de identificar a situação de vulnerabilidade por meio do
ciclo migratório.

Os fatores que levam a uma situação de vulnerabilidade podem ocorrer ao longo de todo o ciclo
migratório. Esses fatores podem ser parte do que leva o migrante a sair do seu país de origem,
mas podem também ocorrer durante o trânsito e no destino.

Situações de vulnerabilidade associadas a múltiplos fatores podem ocorrer ao longo de todo


o ciclo migratório, mesmo que os fatores associados sejam diferentes. Também é importante
lembrar que as situações de vulnerabilidade podem se formar mesmo nos casos de migrantes
que iniciaram o seu processo migratório de forma completamente voluntária .

Há pessoas que podem não ter um pedido da condição de


refugiado, mas que estão, no entanto, vulneráveis e precisam
de proteção como resultado das condições no seu país de
origem ou da maneira em que elas são levadas a migrar.

(UN SG Report A/70/59, parágrafo. 35).

Ao longo de todo este curso, fomos discutindo a multiplicidade de situações que estão relacionadas
à migração e os muitos motivos que levam as pessoas a migrar. Entre esses motivos, é importante
destacar que existem fatores que levam as pessoas a migrar porque elas estão impossibilitadas
de exercer plenamente os seus direitos nos seus países de origem ou de residência habitual.

Esses motivos podem ser muitos, como os desastres ambientais, as degradações ambientais e
as mudanças climáticas; a falta de acesso à educação e saúde; a discriminação por motivos de
gênero, raça ou orientação sexual; o recrutamento de crianças por parte de grupos armados,
entre muitos outros. Migrantes em situação de deslocamento forçado estão em maior risco de
sofrer violações de direitos humanos ao longo do seu ciclo migratório.

Nos trajetos utilizados pelos migrantes, outros fatores de risco podem emergir, principalmente
se os migrantes estão obrigados ou são induzidos a utilizar formas perigosas de transporte. Em
alguns casos, os migrantes fazem uso de “coiotes” para facilitar a sua travessia de fronteiras, que
podem vir a colocá-los em situações de grande perigo.

Alguns podem ser vitimizados por redes de tráfico de pessoas durante o trajeto. Podem também
enfrentar períodos sem acesso a condições adequadas de alimentação, água ou atendimento

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médico, por exemplo. Práticas como o fechamento de fronteiras, expulsão ou não admissão
coletiva ou arbitrária podem colocar em grave risco a segurança e a saúde dos migrantes, além
de expô-los a situações de violações de direitos humanos.

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Destaque,h
Alguns fatores de risco emergem no destino; situações que podem vir a causar
vulnerabilidades na comunidade de acolhida incluem a dificuldade no acesso à
documentação e à regularização migratória em geral, a xenofobia e o racismo,
obstáculos no acesso à justiça e a serviços básicos. As barreiras linguísticas
podem ser outro fator de risco importante, assim como a falta de locais de
referência onde buscar ajuda.

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Unidade 8: Vulnerabilidade à violência, exploração e
abuso
🎯 Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de identificar a vulnerabilidade à violência, exploração e
abuso em contexto migratório.

Vamos conhecer nesta unidade a vulnerabilidade à violência, exploração e abuso em contexto


migratório.

8.1 Violência contra mulheres e meninas em contextos de


mobilidade
A violência contra a mulher é entendida como toda violência que é direcionada contra uma
pessoa por causa do seu sexo. No Brasil, a referência mais conhecida para a compreensão
desse conceito é a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006), que pretende enfrentar a violência
doméstica e familiar contra as mulheres e meninas.

Apesar de a Lei Maria da Penha ser a referência mais conhecida no Brasil, a violência contra a
mulher não ocorre apenas no âmbito doméstico ou das relações íntimas. Ela ocorre toda vez que
uma violência é direcionada contra mulheres e meninas por causa do seu sexo.

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Destaque,h
Segundo o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), “a violência contra
mulheres e meninas é uma das violações de direitos humanos mais prevalentes
no mundo. Ela não conhece barreiras sociais, econômicas ou nacionais”.

Disponível em: https://www.unfpa.org/gender-based-violence.

No contexto das migrações, a violência contra a mulher deve ser entendida de maneira transversal;
ela pode ser uma das motivações que levam mulheres e meninas a migrar, inclusive a buscar
proteção internacional como refugiadas.

A violência contra a mulher pode ocorrer também durante o trajeto: segundo o Migration Policy
Institute (2017), mais da metade das mulheres migrantes em algumas rotas migratórias relataram
ter sofrido violência sexual, e muitas delas adotam alguma estratégia anticoncepcional durante
o trajeto para evitar uma gravidez resultante de estupro. Na chegada ao destino, as mulheres
podem também estar expostas a esse tipo de violência.

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Agora, assista ao vídeo da UNFPA Brasil sobre o “ Dia Internacional da Juventude: Violência
de Gênero e Migração”. Fonte: UNFPA Brasil, 12/08/2018.

8.2 Exploração laboral


A exploração laboral consiste em situações de trabalho forçado, servidão por dívida, jornadas
exaustivas ou em condições degradantes e pode incluir violência, maus-tratos, restrição de
liberdade, retenção de documentos e recusa de pagamento.

+ Trabalho forçado

É aquele exigido sob ameaça de sanção física ou psicológica e para o qual o trabalhador
não tenha se oferecido ou no qual não deseje permanecer espontaneamente. Ocorre
quando a pessoa é coagida a trabalhar através do uso de violência ou intimidação,
física ou psicológica, ou até mesmo por meios mais sutis, como a servidão por dívidas,
a retenção de documentos de identidade ou ameaças de denúncia às autoridades
de imigração.

+ Jornada exaustiva

É toda forma de trabalho, de natureza física ou mental, que, por sua extensão
ou por sua intensidade, acarrete violação de direito fundamental do trabalhador,
notadamente os relacionados à segurança, saúde, descanso e convívio familiar e
social. Ocorre em casos de expediente desgastante que supera as horas extras e
coloca em risco a integridade física do trabalhador, de maneira que o intervalo entre
jornadas é insuficiente para o descanso e recuperação.

+ Servidão por dívida

É a limitação ao direito fundamental de ir e vir ou de encerrar o contrato de


prestação do trabalho, em razão de dívida imputada pelo empregador ou preposto
ou da indução ao endividamento com terceiros. Inclui a fabricação de dívidas
ilegais referentes a gastos com transportes, alimentação, aluguel e ferramentas de
trabalho. Serviços e itens são cobrados de maneira abusiva e descontados do salário
do trabalhador.

+ Condição degradante

É qualquer forma de negação da dignidade humana pela violação de direito


fundamental do trabalhador, notadamente os dispostos nas normas de proteção
do trabalho e de segurança, higiene e saúde no trabalho. Inclui um conjunto de
elementos irregulares que caracterizam a precariedade do trabalho e das condições
de vida sob a qual o trabalhador é submetido, por exemplo o alojamento precário, a
falta de assistência médica, péssimas condições de alimentação, falta de saneamento
básico e água potável, maus-tratos e violência.

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A exploração laboral não ocorre apenas em lugares remotos nem está restrita apenas a um setor
produtivo. Ela pode ocorrer no campo, em indústrias, no espaço doméstico, entre outros. Por
isso, é importante conhecer como se caracteriza esse tipo de exploração, para saber identificá-la
e ativar os canais de denúncia.

Confira dois exemplos de exploração laboral.

Leitura: “Domésticas das Filipinas são escravizadas em São Paulo”

Vídeo: “#NãoSomosEscravosdaModa” – Luedji Luna. Fonte: MPTPGT, 14/11/2018.

Caso haja suspeita de uma situação de exploração laboral, é possível denunciar e solicitar uma
fiscalização para avaliar a existência de irregularidades. A fiscalização deve ser solicitada à
Superintendência Regional do Trabalho. Denúncias podem ser feitas no Disque Direitos Humanos
– Disque 100 ou encaminhadas ao Ministério Público do Trabalho, de forma presencial ou on-line
no site: <https://mpt.mp.br/>.

8.3 Tráfico de pessoas


Situações de vulnerabilidade e tráfico de pessoas também estão relacionadas, mas não são
equivalentes. Redes de tráfico de pessoas podem aliciar, nos locais de origem, pessoas que não
estão em situação de vulnerabilidade. Mas a existência de uma situação de vulnerabilidade prévia
é um fator de risco, assim como a desigualdade entre homens e mulheres, a baixa escolaridade,
a falta de acesso à informação sobre o tráfico de pessoas, entre muitos outros. Outros fatores de
risco incluem a situação de indocumentação, tal como não possuir documento de identidade ou
certidão de nascimento.

Mulheres, crianças e adolescentes são as principais vítimas do tráfico de pessoas. Crianças e


adolescentes são geralmente recrutados por pessoas adultas, que oferecem de forma enganosa
melhores condições de vida. No caso das adolescentes, outra forma de recrutamento pode ser
fingir interesse em iniciar uma relação amorosa ou ofertas de trabalho como modelo ou babá
em outros lugares.

No entanto, é muito importante compreender que o tráfico de pessoas não abarca apenas
situações de tráfico de mulheres e meninas para a exploração sexual – esta era a única situação
reconhecida pela lei brasileira como tráfico de pessoas até 2016, de maneira que por vezes ela
pode permanecer no imaginário social como a única situação associada ao tráfico de pessoas.

Na maioria das vezes, o aliciador não trabalha isoladamente, mas em uma rede que pode incluir
transportadores, fornecedores de documentação falsa, encobridores de lugares de exploração,
entre outros. Ao chegar ao lugar de destino, diferentes formas de exploração começam a operar
para impedir que a vítima consiga sair do lugar.

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Saiba mais lendo a reportagem da Polícia Federal sobre a desarticulação do
esquema criminoso de tráfico internacional de pessoas:
<http://www.pf.gov.br/agencia/noticias/2017/02/pf-desarticula-esquema-
criminoso-de-trafico-internacional-de-pessoas>.

Também, leia sobre o combate ao tráfico internacional de pessoas e trabalho


escravo :
<http://www.pf.gov.br/agencia/noticias/2018/08/pf-combate-trafico-
internacional-de-pessoas-e-trabalho-escravo>.

O crime quase nunca é percebido pelas vítimas, que frequentemente relatam o acontecido como
“má sorte” ou “desgraça”. Assim, é importante conhecer os elementos que caracterizam o tráfico
de pessoas para poder identificar narrativas que possam indicar essas situações.

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Unidade 9: Proteção a migrantes em situação de
vulnerabilidade
🎯 Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de indicar os diferentes tipos de proteção a migrantes
em situação de vulnerabilidade.

O termo “proteção” costuma ser utilizado para “descrever as ações que têm como objetivo
manter a segurança e o bem-estar dos indivíduos, de acordo com os direitos reconhecidos (IOM
(2018); OHCHR e Global Migration Group (s. d.)).”

Essa proteção está codificada nos diversos instrumentos internacionais de direitos humanos,
assim como na legislação nacional relevante, mas pode encontrar obstáculos tais como a falta de
mecanismos de implementação adequados aos casos de migrantes vulneráveis, independente
da sua situação migratória.

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Destaque,h
Os tipos de proteção importantes para migrantes em situação de vulnerabilidade
incluem a proteção de direitos humanos, a proteção legal, a proteção física, a
proteção social e a proteção humanitária.

A proteção dos direitos humanos é a obrigação dos Estados de respeitar, proteger e cumprir o
conjunto de direitos humanos. Portanto, consiste na obrigação de:

1. Respeitar os direitos humanos e não interferir com o pleno usufruto destes direitos
(por exemplo, banindo as práticas de detenção arbitrária ou expulsão coletiva,
entre outras);

2. Proteger todas as pessoas na sua jurisdição contra violações de direitos que possam
ser cometidas por indivíduos ou entes privados (por exemplo, combatendo o
trabalho escravo e tráfico de pessoas);

3. Cumprir as suas obrigações com respeito a estes direitos de maneira positiva, isto
é, implementando medidas para a plena realização dos direitos humanos.

A proteção legal se dá através do estado de direito e da construção de um marco legal no direito


interno que busque proteger os indivíduos de violações aos seus direitos, além de construir as
condições para o pleno acesso à justiça e ao devido processo legal. No Brasil, a proteção legal de
migrantes vulneráveis se dá de diversas maneiras. Como exemplos, além das proteções previstas
na Constituição e na Lei de Migração, citamos o acesso à assistência jurídica gratuita através da
Defensoria Pública da União.

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Destaque,h
A Defensoria Pública da União, o Ministério Público Federal e a Defensoria
Pública Estadual podem atuar na proteção legal de imigrantes, dentro das suas
atribuições legais. Essa proteção não se limita a questões estritamente ligadas
à migração.

A proteção física inclui as medidas para manter a integridade física das pessoas e dos seus bens,
prevenindo situações de dano ou perigo. Ela pode incluir, por exemplo, o abrigamento ou o
acesso a programas de proteção para vítimas de tráfico de pessoas, entre outros exemplos.

Já a proteção social inclui o apoio aos indivíduos, famílias e comunidades em questões relacionadas
ao seu bem-estar, prevenindo, gerindo e superando riscos nessa área. Busca reduzir a pobreza,
a exclusão social e a desigualdade. No Brasil, a seguridade social está descrita na Constituição e
não diferencia entre brasileiros e imigrantes, de maneira que os imigrantes podem acessar todos
os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social (Capítulo II, art. 194).

h,
Destaque,h
Pessoas que trabalham na assistência a migrantes têm um importante papel na
garantia da proteção a migrantes em situação de vulnerabilidade, em especial
a proteção social e física.

No âmbito da Operação Acolhida, força-tarefa que atende imigrantes venezuelanos,


especialmente em Roraima e Amazonas, medidas estão em prática para garantir a proteção de
migrantes vulneráveis em diversos âmbitos.

A proteção legal se dá através da regularização migratória e da presença e atuação da Defensoria


Pública da União, principalmente em casos de crianças separadas e desacompanhadas. A
proteção física é garantida pelo Exército Brasileiro através da instalação de infraestruturas e da
presença nos espaços da Operação. Por fim, a proteção social é garantida pela presença de uma
equipe de assistentes sociais capazes de analisar e encaminhar os casos mais vulneráveis para o
pedido de benefícios sociais.

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Unidade 10: Princípios orientadores na assistência a
imigrantes em situação de vulnerabilidade
Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer os princípios orientadores na assistência
a imigrantes em situação de vulnerabilidade.

Os seguintes princípios devem orientar a assistência a migrantes em situação de vulnerabilidade


(Suely Ruiz, 2018):

+ Enfoque em direitos humanos

O enfoque nos direitos humanos dos imigrantes deve permear todos os aspectos
da assistência. Isto equivale a dizer que todas as ações realizadas no âmbito da
assistência devem se preocupar ativamente com a garantia dos direitos humanos
dos migrantes e tomar as precauções necessárias para que estes não sejam
desrespeitados ou colocados em segundo plano.

+ Evitar um dano maior

Devido aos riscos associados, ao estado de fragilidade e vulnerabilidade das vítimas,


e à possibilidade de aumentar o trauma, deve-se evitar toda ação que possa causar
maior dano. É necessário reconhecer que a maneira de prestar assistência pode
resultar em impactos negativos involuntários, e atuar para evitar essas situações.
Por exemplo, expor uma pessoa sobrevivente de uma situação traumática a gatilhos
de trauma, ou pedir-lhe que relate a sua história mais de uma vez e/ou em condições
inadequadas, pode resultar em um impacto muito negativo sobre a sua saúde
mental. Toda a atuação na assistência deve evitar a revitimização.

+ Livre acesso a serviços

Os imigrantes que necessitem devem ter livre acesso aos serviços disponíveis. O
acesso aos serviços públicos é garantido pela Legislação Brasileira.

+ Confidencialidade e direito à privacidade

Todos os dados obtidos no contexto da assistência devem ser tratados com


confidencialidade e com respeito à privacidade. Dados pessoais não devem ser
divulgados e o imigrante deve ser informado sobre o tratamento dos seus dados
pessoais. Qualquer divulgação só pode ser feita com o consentimento informado
do imigrante e este consentimento pode ser retirado a qualquer momento. A
confidencialidade se aplica aos dados pessoais do imigrante e da sua família.

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+ Assistência e tratamento personalizados, contínuos e integrais

Reconhecer e respeitar a individualidade dos imigrantes, e prover cuidado e


assistência personalizados.

+ Autodeterminação e participação

Reconhecer o direito e a necessidade do imigrante de participar na tomada de


decisões na maior medida possível.

+ Consentimento informado

O imigrante deve sempre ser plenamente informado e consentir com qualquer


assistência fornecida. Isto deve ser feito tendo atenção às diferenças linguísticas
e culturais e possíveis desafios na comunicação com a pessoa imigrante. O
consentimento da pessoa imigrante a qualquer tipo de assistência fornecida pode
ser revisto por ela a qualquer momento.

+ Não discriminação

Por qualquer motivo, como sexo, raça, etnia, idade, nacionalidade, situação
migratória, tempo de estadia no país, entre outros.

+ Sensibilidade ao gênero

A assistência deve ser feita de forma sensível às desigualdades entre homens e


mulheres, de maneira a não exacerbá-las. Isto implica considerar os impactos que
cada ação pode vir a ter sobre essas desigualdades, mesmo quando se trate de ações
que não estão pensadas especificamente para atuar na redução de desigualdades.

+ Superior interesse da criança

Todas as ações envolvendo crianças e adolescentes devem ser tomadas considerando


o seu superior interesse. O superior interesse da criança é um direito da criança e
um princípio orientador de todas as ações que envolvam crianças. Esse conceito
se articula com outros direitos e princípios e não pode ser invocado para justificar
a limitação dos direitos da criança ou ações que possam provocar maior dano. A
interpretação do superior interesse da criança é individual e coletiva, ou seja, se
refere ao superior interesse de cada criança – em sua situação particular – assim
como do grupo de crianças.

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Glossário
+ Proteção

Todas as atividades que visam a obtenção do pleno respeito pelos direitos do


indivíduo de acordo com a letra e espírito dos conjuntos legislativos relevantes
(i.e. Direitos Humanos, Direito Internacional Humanitário, Direito Internacional dos
Refugiados)

+ Tráfico de pessoas

O recrutamento, transporte, transferência, o alojamento ou o acolhimento de


pessoas, recorrendo-se à ameaça ou ao uso da força ou a outras formas de
coação, ao rapto, à fraude, ao engano, ao abuso de autoridade ou à situação de
vulnerabilidade ou à entrega ou aceitação de pagamentos ou benefícios para obter
o consentimento de uma pessoa que tenha autoridade sobre outra para fins de
exploração. A exploração pode incluir a exploração da prostituição de outros ou
outras formas de exploração sexual, o trabalho forçado, a escravidão ou práticas
análogas à escravidão, a servidão, a remoção de órgãos e a adoção
ilegal.

+ Vulnerabilidade

Em um contexto migratório, a vulnerabilidade é a capacidade limitada para evitar,


resistir, enfrentar ou recuperar-se do dano. Esta capacidade limitada é o resultado
da interação específica de características e condições individuais, familiares,
comunitários e estruturais.

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Referências
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públicas de saúde e assistência social. Cadernos de Saúde Pública, v. 34, n. 3, 26 mar. 2018.
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RUIZ, Suely. Protocolo de assistência a migrantes em situação de vulnerabilidade. Brasília: OIM,


2018. Adaptado.

TRINDADE, C. A. A. Uprootedness and the protection of migrants in the International Law of


Human Rights. Revista Brasileira de Política Internacional, v. 51, n. 1. Brasília, 2008. Disponível
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