I TH

Utilização da Contabilidade Pública de

Custos no Brasil e em Outros Países

Grupo: Geison Loureiro, Margarida Andrade e Maria Talita Albuquerque

8 de janeiro de 2022

UNIDADE 3
Utilização da Contabilidade
Pública de Custos no Brasil e
em outros Países
III

Introdução
O objetivo do capítulo é apresentar um panorama da situação da contabilidade de custos nos
países mais comumente citados em estudos ciêntificos.

Observando a literatura, o tema custos no serviço público vem se popularizando e crescendo de importância no exterior,
principalmente na criação de indicadores capazes de avaliar o desempenho e qualidade do gasto realizado pelo gestor
público, buscando um instrumento que permita melhor direcionar decisões e avaliar resultados. Há assim, uma
preocupação da gestão pública em relação ao aspecto econômico, refletindo na adoção de uma contabilidade e
orçamento mais acurado e fortemente direcionados a melhor gestão de custos.
 Governo Federal
Foi constituída uma comissão Interministerial de
Custos formada por servidores do Ministério do
Planejamento, Ministério da Fazenda e

Contextualizações
Controladoria Geral da União com objetivo de
elaborar estudos, fazer diagnósticos e propor
diretrizes e métodos para subsidiar a

sobre a utilização da
implantação de sistemas de custos na
Administração Pública Federal.

contabilidade pública Banco Central do Brasil

É considerado um sistema de custos inovador da

de custos no Brasil
área pública e sua alocação de custos está
baseda no método de custeio baseado em
atividades (ABC).
Contextualizações sobre a
utilização da contabilidade
pública de custos no Brasil

Rio de Janeiro Salvador (BA)

Somente em 2002 é que se iniciou de fato a impantação do sistema. O
Implantado em 2003, e a exemplo do sistema do Rio de Janeiro, foi
sistema informatizado é interligado com o sistema institucional e
utilizado o método de por absorção para alocação dos custos indiretos. Já
equipado com ferramentas de tecnologia avançada de BI e banco de
a acumulação dos custos se dá no sistema por processo. Para os autores,
dados. O processo de mensuração é baseado nos procedimentos do
a construção do sistema de custos buscou atender às ne- cessidades de
método de custeio por absorção. Usando os custos da Secretaria
avaliação, acompanhamento e controle da gestão orçamentária,
Municipal de Educação, por exemplo, o sistema tem por objetivo obter o
financeira e patrimonial. Foi priorizado o desenvolvimento de um modelo
custo por aluno e a formação de indicadores gerenciais de custos que
geral e flexível, que possa ser aperfeiçoado gradativamente de acordo
possam ajudar os gestores a atingir metas de governo.
com a evolução da dinamica cultural, organizacional e tecnológica da
entidade pública. Este foi o motivo da opção pelo custeio absorção.
 Em outros
países.

A seguir será apresentado algumas características

dos sistemas de custos da administração pública
adotados em outros países.
 Estados Unidos

A iniciativa mais abrangente e avançada de implementação de um
sistema de custos público, segundo Nunes (1995), é a administração
pública americana.
A arquitetura se sustenta no método de custeio ABC. Dentre tais
instituições podem-se citar a Receita Federal, a Força Aérea, a
Marinha, o Exército, o Departamento de Agricultura e a Agência dos
Serviços Gerais (GSA).
Tal mudança refletiu-se na formatação de novos relatórios e
novas informações. Dentre elas, podem-se destacar:
incluir comparação com custos históricos;
custo do ciclo de vida do objeto;
depreciação acumulada e ;

O IFAC (2000) faz referência explícita ao sistema norte-americano Ênfase na avaliação das condições físicas atuais e projeção do
e expõe que nos EUA a contabilidade de custos é utilizada como futuro custo de manutenção, reparos e substituição de bens
base para preparação e controle orçamentário. físicos que compõem uma infraestrutura governamental.

Catelli et al. (2001) afirmam que a cultura de custos está sendo Osborne e Gaebler (1995) também fazem referência à
introduzida de forma consistente nos EUA, chegando ao ponto de pressão dos aspectos culturais.
serem redefinidos os conceitos contábeis geralmente aceitos para
que possam ser incluídos critérios de avaliação de desempenho nas
três esferas de governo.
 Portugal e Inglaterra
Portugal Inglaterra

Marques (2001) destaca em seu estudo que está havendo Catelli e Santos (2001) enfatizam que o governo tem
uma grande reforma no sistema de informações contábil feito um esforço radical para mudar o setor público.
público português, iniciado em 1990 e denominado Plano Tenta criar uma nova cultura de gestão baseada no valor
Oficial de Contabilidade Pública (POCP). econômico, na eficiência e na efetividade.

Costa e Carvalho (2006) retrata que, apesar de tornar Ao que tudo indica, o modelo inglês aproxima-se do
obrigatória a contabilidade analítica, o plano não define modelo de gestão econômica que também é defendido
documentos, normas ou regras para a sua elaboração. por Catelli e Santos para a iniciativa privada.

Pesquisa realizada por Costa e Carvalho (2006) em

Municípios da região norte de Portugal constatou que
nenhuma das 40 entidades (35 municípios e 5 empresas
municipais) possui um sistema de contabilidade completo.
 Austrália e Uruguai
Austrália
Os estudos de Trosa (2001) e IFAC (2000) destacam que
a contabilidade de custos na Austrália é utilizada como
base para a utilização de um orçamento por resultados.
Portanto, pode - se afirmar que o governo australiano
implantou uma gestão pública por resultados, que tem sua
base calcada em um orçamento que já prevê resultados
almejados pelo gestor.
Uruguai
Pomi (2006) afirma que por iniciativa da Presidência da
República ensaiou-se a implantação de um sistema embasado
no custeio ABC. O programa foi denominado de Reforma e
Modernização do Estado. Os principais objetivos eram:
obter informações sobre produtividade e volume das
atividades executadas;
identificar os responsáveis pela execução das atividades;
mensurar os recursos demandados pela execução das
atividades;
utilizar o custo dos serviços para melhor precificar as taxas
públicas e proporcionar ferramentas para melhorar as
decisões.
 Nova Zelândia
Os principais aspectos do sistema de custos da Nova Zelândia de acordo com a International
Federation of Accountants (IFAC, 2000), são:

Auxiliar na construção do orçamento governamental que tem sua base na informação dos
custos dos programas de governo incorridos no passado e estimados para o futuro;
Foi adotado pelo governo o conceito de que todos os serviços ou atividades públicas devem
possuir um preço, mesmo o que é distribuído gratuitamente ao público;
Há um preço de transferência entre os órgãos governamentais, ou seja, todas as saídas são
custeadas pelo custo de produção de produtos ou serviços;
O método de custeio pleno é a base conceitual para o gerenciamento financeiro
governamental e o instrumento para mensurar o retorno dos investimentos em produtos
oferecidos à população;
Produzir informações para a fixação dos preços das taxas e tarifas públicas;
Facilitar o controle gerencial e a accountability e criar informação econômica para a gestão.
Nova Zelândia

A Secretaria do Tesouro (Treasury) da Nova Zelândia elabora um relatório anual que tem como
objetivo mostrar a importância do setor público utilizar uma contabilidade de custos de forma
gerencial e voltada para a tomada de decisões;
Treasury destaca a contabilidade gerencial no setor público também atende a iniciativa privada.
Sendo assim, tem como finalidade informar o público interno e externo sobre os custos dos
serviços e da atividade pública como um todo.
 Canadá e Reino Unido
Canadá
As características adotadas pela contabilidade de custos no
Canadá são:
Os investimentos públicos devem priorizar a recuperação
dos custos despendidos e avaliados pelo custeio pleno;
Analisar o custo-benefício individual de cada
departamento e oferecer informações para melhorar a
eficiência na alocação dos recursos entre os programas
de governo mais competitivos e com melhores
resultados;
Mensurar a performance dos programas e fundamentar
decisões;
Orientar as decisões de “fazer ou comprar” serviços;
Produzir informações para a fixação dos preços das taxas
e tarifas públicas.
O modelo canadense possui grande foco em resultados,
possibilitando a avaliação do desempenho público, e da
eficiência e eficácia da gestão.
Reino Unido
As características adotadas pela contabilidade de custos no
Reino Unido são:
Utilização de informação de custos para medição de
desempenho;
Adoção do orçamento baseado em custos;
O custo é a base para se criar informação para gestão;
Mensuração da utilização eficiente do capital e do
recurso investido através da informação de custos;
Apuração da melhor relação custo-benefício de cada
decisão tomada pelos gestores para a otimização dos
recursos públicos;
Produzir informações para a fixação dos preços das taxas
e tarifas públicas.
Sendo assim, a informação de custos é utilizada como base
para a gestão econômica do setor público, caracterizada pela
medição do desempenho e pela eficiência econômica da
gestão dos recursos públicos.
Itália

O modelo de gestão pública italiano tem como objetivo enfatizar o planejamento, tomada
de decisões e controles internos;
Segundo Mulazzani e Romolini (2007), a contabilidade pública italiana atual tem como
base somente informações financeiras e não dá suporte suficiente para a tomada de
decisões gerenciais e não permite uma avaliação em âmbito econômico e baseada em
custos;
O governo italiano deve ter como objetivo mudar a cultura de gestão e constituir um
sistema de controle econômico para assegurar que as decisões governamentais sejam
baseadas em valores de custos.
 Alemanha e Holanda
Alemanha
De acordo com Gornas e Hoek (2003), a Alemanha
começou a construir um novo modelo de gestão
orçamentária e do sistema contábil;
O modelo proposto requer itens de avaliação dos
custos históricos e do custo econômico dos ativos.
Um dos elementos básicos que devem integrar o
sistema é uma contabilidade de custos robusta e
interligada diretamente com a contabilidade
financeira para a obtenção de dados de base.
Holanda
Em 1994 foi criada uma agência que iniciou diversas
transformações na contabilidade governamental do
país;
Em 2000, o governo divulgou um passo muito
importante para chegar a um sistema que
possibilitasse um governo baseado em resultados,
utilizando o orçamento como meio ou instrumento
para a mensuração de performance;
O novo sistema do país apresentou um problema: o
departamento orçamentário recebe informações
insuficientes para poder realizar uma orçamentação e
uma avaliação do desempenho das políticas públicas e
dos objetivos de forma mais eficiente.
 A Contabilidade de Custos

O IFAC realça a importância da contabilidade de custos como instrumento de gestão,

por possuir importantes funções que possibilitam a eficiência e a efetividade da gestão
governamental. Entretanto, há diversas dificuldades associadas à sua aplicação e que
devem ser reconhecidas. Com isso, é evidente que esta área de conhecimento ainda
precisa progredir para gerar maiores informações.
Obrigado!