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PRINCIPAIS LINHAS DO PENSAMENTO EMPREENDOR

A reflexão dos pensadores económicos do século XIX, conhecidos por defensores


do laissaz-faire ou liberalismo económico defendiam que a acção da economia era
reflectida pelas forças livres do mercado e da concorrência.
Estes viam o empreendedorismo como um engenho que direcciona a inovação e
promove o desenvolvimento económico (REYNOLDS, 1997; SCHUMPETER,
1934).
Estes defensores defendiam a acção da economia relacionando com outras ciências
sociais que têm contribuído para a compreensão do empreendedorismo, como a
sociologia, a psicologia, a antropologia e, como já tinha citado, na história
económica estes, regista as três visões sobre a expansão do fenómeno:

 A escola dos economistas,


 A dos behavioristas (comportamentalistas) e
 A dos precursores da teoria dos traços de personalidade.

A visão dos Economistas

Existe concordância entre os pesquisadores do Empreendedorismo que esses


entendia que, se o empreendedor obtivesse lucro além do esperado, ele tinha muita
inovação (Filion, 1999).

O autor já associava o empreendedor ao risco, à inovação e ao lucro, ou seja, ele


era visto como pessoa que busca aproveitar novas oportunidades, vislumbrando o
lucro e exercendo suas acções diante de certos riscos.

Diversos economistas, mais tarde, associaram, de um modo mais contundente, para


a inovação e procurarem esclarecer a influência do empreendedorismo sobre o
desenvolvimento económico.

A visão dos Behavioristas

Na década de 1950, os americanos observaram o crescimento do império soviético,


o que incentivou David C. McClelland a buscar explicações a respeito da ascensão
e declínio das civilizações. Os behavioristas (comportamentalistas) foram, assim,
incentivados a traçar um perfil da personalidade do empreendedor (Filion, 1999).
O trabalho desenvolvido por McClelland (1971) focalizava os gerentes de grandes
empresas, mas não interligava claramente a necessidade de auto realização com a
decisão de iniciar um empreendimento e o sucesso desta possível ligação (Filion,
1999).

A escola dos traços de personalidade

Ainda que a pesquisa não tenha sido capaz de delimitar o conjunto de


empreendedores e atribuir-lhe características certas, tem propiciado uma série de
linhas mestres para futuros empreendedores, auxiliando-os na busca por
aperfeiçoar aspectos específicos para obterem sucesso (Filion, 1991a).

Dado o sucesso limitado e as dificuldades metodológicas inerentes à abordagem


dos traços, uma orientação comportamental ou de processos tem recebido
recentemente grande atenção

QUE TORNA UM NEGÓCIO BEM-SUCEDIDO

Ainda não vamos responder à pergunta acima. Veremos adiante o que significa um
ambiente de negócios com as ameaças e as oportunidades que ele traz em seu bojo.
Uma parte da resposta está exatamente aí: saber evitar ou neutralizar as ameaças e
saber navegar pelas oportunidades que ocorrem nesse ambiente.

Em outras palavras, saber escolher o negócio mais oportuno e mais susceptível de


êxito. Isso envolve forte dose de análise e intuição. A outra parte da resposta está
em você mesmo. A lista a seguir apresenta algumas razões pelas quais as pessoas
se engajam em negócios:
 Forte desejo de ser seu próprio patrão, de ter independência e não receber
ordens de outros, fundamentando-se apenas em seu talento pessoal.
A isso se dá o nome de espírito empreendedor;
 Oportunidade de trabalhar naquilo que gosta, em vez de trabalhar
como subalterno apenas para ter segurança de um salário mensal e
férias a cada ano;

 sentimento de que pode desenvolver a sua própria iniciativa sem o


guarda-chuva do patrão;
 Desejo pessoal de reconhecimento e de prestígio;
 Poderoso impulso para acumular riqueza e oportunidade de ganhar mais que
quando era simples empregado;
 Descoberta de uma oportunidade que outros ignoraram ou subestimaram;
 Desafio de aplicar recursos próprios e habilidades pessoais em um ambiente
desconhecido.
Se você tem algumas dessas razões racionais ou emocionais, ou ambas, a outra
parte da resposta está dada.
Novamente retomamos David McClelland, que desenvolveu uma interessante
teoria a respeito dos empreendedores. Um dos traços mais importantes foi descrito
como motivação de realização ou impulso para melhorar.

O primeiro passo de McClelland foi definir um treinamento de motivação para a


realização para desenvolver essa característica e fazê-la aplicável nas situações
típicas das empresas. O segundo passo foi desenvolver um projecto de selecção e
desenvolvimento de empreendedores, baseado em um estudo realizado em 34
países, para criar os instrumentos adequados de selecção e treinamento.

O programa ficou pronto em meados de 1985 e lançado, no Brasil, oficialmente


por meio de um convénio entre o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas (Sebrae) e a Organização das Nações Unidas (ONU). De acordo com
McClelland, as principais características que um empreendedor bem-sucedido deve
possuir ou desenvolver são as seguintes:
 iniciativa e busca de oportunidades;
 perseverança;
 comprometimento;
 busca de qualidade e efi ciência;
 coragem para assumir riscos, mas calculados;
 fixação de metas objectivas;
 busca de informações;
 planeamento e monitorização sistemáticos, isto é, detalhamento de planos e
controles;
 capacidade de persuasão e de estabelecer redes de contactos pessoais;
 independência, autonomia e autocontrole.
Tais características devem ser equilibradas, aplicadas com bom senso e, se
possível, distribuídas também entre os parceiros ou colaboradores do
empreendedor, para assim constituir um todo harmonioso. Não basta buscar
oportunidades se o empreendedor não se aprofundar na tomada de informações.

Também não adianta estabelecer metas objetivas se o empreendedor não for


perseverante na sua conquista. De nada vale ser independente e auto confiante se o
empreendedor não tiver profundo comprometimento emocional com seu negócio.

O segredo está em desenvolver todas essas características no seu conjunto, pois


elas constituem a matéria-prima básica do homem/mulher de negócios, a essência
do espírito empreendedor. Para tanto, uma constante e profunda auto-avaliação
para verificar se você e sua equipe de trabalho estão utilizando pessoalmente tais
características pode ajudar muito.

O que pode tornar você bem-sucedido em um negócio é a conjunção de duas


coisas: o negócio oportuno e apropriado e o espírito empreendedor bem dotado que
o leva adiante. Trata-se de um casamento entre a oportunidade e o oportunista que
pretende aproveitá-la. Saiba engatar o seu vagão em uma boa locomotiva. Se a
locomotiva for pesada demais e não conseguir vencer a rampa, o vagão
permanecerá parado ou descerá ladeira abaixo na contramão.
Em suma, saiba escolher a oportunidade adequada.

Além de possuir as características anteriormente relacionadas, para ser bem-


sucedido, o empreendedor precisa:
 ter vontade de trabalhar duro;
 ter habilidade de comunicação;
 conhecer maneiras de organizar o trabalho;
 ter orgulho daquilo que faz;
 manter boas relações interpessoais;
 ser um self-starter, um autopropulsionador;
 assumir responsabilidades e desafios;
 tomar decisões.
Procure reflectir sobre as características acima, melhorando cada uma delas.
O segredo não é ser forte em uma ou outra característica, mas saber dosá-las e
integrá-las em um conjunto harmonioso de comportamento empreendedor.
Um terceiro aspecto que torna um negócio bem-sucedido é o planeamento sólido e
detalhado daquilo que se pretende fazer. O plano de negócio é fundamental e será
analisado nos próximos capítulos.
O quarto aspecto é o capital financeiro adequado para tocar o negócio.
Dinheiro ou crédito são também fundamentais. Também esse aspecto será tratado
mais adiante.
O quinto aspecto é a sorte. E, como isso não depende de você, desejamos lhe muito
boa sorte nas suas actividades.

Os ingredientes de um negócio bem-sucedido

Uma oportunidade de negócios potenciais


• Um espírito empreendedor adequadamente qualificado e motivado
• Um planeamento sólido e bem detalhado do negócio
• Capital suficiente para bancar o negócio
• Muita sorte pela frente

É conveniente ponderar algumas limitações de um novo negócio. A lista a seguir


dá uma boa ideia disso.
1.Esqueça o período de oito horas diárias de jornada, os fins de semana e os
feriados, pelo menos no decorrer de alguns meses ou, até mesmo, anos. O ócio e a
tranquilidade não são características de um início de negócio.
Você certamente terá horários de trabalho prolongados e irregulares, levará
trabalho para casa, entre outras coisas.
2. Existe a possibilidade de você perder seu investimento de capital financeiro e
talvez o dinheiro de outras pessoas que também colaboraram com o ingresso de
numerário. O risco eventual de perdas e prejuízos não deve ser descartado.
3. Provavelmente, você não poderá contar com um ganho regular ou nem mesmo
com algum ganho durante o período inicial. Talvez alguns meses ou anos sejam
necessários para que você atinja o nível de salário que seu emprego actual lhe
garante mensalmente.
4. Você assumirá um enorme fardo de responsabilidades. Terá de tomar decisões
com ou sem a participação de seus colaboradores em todos os problemas que
aparecerem e precisará de um profundo engajamento em todas as fases do negócio.
5. Você terá de fazer o que gosta isso é extremamente importante para sua
satisfação pessoal e mais o que não gosta para tocar seu próprio negócio. Haverá,
certamente, situações muito agradáveis, mas há actividades desagradáveis que
terão de ser realizadas de qualquer maneira.
Esteja preparado para tudo.
6. Todo o seu tempo e todas as suas energias terão de ser aplicadas. Concentre-se
nessa missão. Isso reduzirá o tempo disponível para a família, para os amigos ou
para possíveis diversões.

O processo empreendedor

O processo empreendedor abrange todas as actividades, as funções e as acções


relacionadas com a criação de uma nova empresa.
Em primeiro lugar, o empreendedorismo envolve o processo de criação de algo
novo, que tenha valor e seja valorizado pelo mercado.
Em segundo lugar, o empreendedorismo exige devoção, comprometimento de
tempo e esforço para que o novo negócio possa transformar-se em realidade e
crescer.
Em terceiro lugar, o empreendedorismo requer ousadia, assunção de riscos
calculados e decisões críticas, além de tolerância com possíveis tropeços, erros ou
insucessos.
O empreendedor revolucionário é aquele que cria novos mercados por meio de
algo único. Entretanto, a maioria dos empreendedores cria negócios em mercados
já existentes apesar do sucesso na actuação de segmentos já estabelecidos.
Qualquer que seja o tipo de empreendedor revolucionário ou conservador, qualquer
que seja o caminho escolhido para entrar e sobreviver no mercado, o processo
empreendedor requer os seguintes passos:
1. Identifi cação e desenvolvimento de uma oportunidade na forma de visão.
2. Validação e criação de um conceito de negócio e estratégias que ajudem a
alcançar essa visão por meio de criação, aquisição, franquia etc..
3. Captação dos recursos necessários para implementar o conceito, ou seja,
talentos, tecnologias, capital e crédito, equipamentos etc..
4. Implementação do conceito empresarial ou do empreendimento para fazê-lo
começar a trabalhar.
5. Captura da oportunidade por meio do início e crescimento do negócio.
6. Extensão do crescimento do negócio por meio da actividade empreendedora
sustentada.
Todas essas actividades levam tempo e não obedecem a regras definidas, fazendo,
por vezes, com que o empreendedor volte atrás no processo ou, ainda, mude os
caminhos para ajustar seu negócio às novas oportunidades. As pessoas que “fazem
acontecer” possuem o talento empreendedor, uma combinação feliz de percepção,
direcção, dedicação e muito trabalho. Se há esse talento, tem-se a oportunidade de
crescer, diversificar e desenvolver novos negócios.
Mas o talento sem ideias é como uma semente sem água. Quando o talento é
somado à tecnologia e ao capital e o empreendedor tem ideias viáveis, a
formulação química está pronta para proporcionar resultados favoráveis.

Nosso país precisa de pessoas como você. Pessoas com iniciativa e dedicação.
Pessoas capazes de se engajar em novos negócios, produzir riqueza, participar do
crescimento económico, abrir novos empregos e gerar valor para a sociedade. Este
é o espírito empreendedor que incentiva novos empreendimentos, impulsiona a
prosperidade e aumenta as oportunidades de novos negócios e iniciativas.

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