Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
67
ACÓRDÃO *03872484*
RENATO NALINI
RELATOR DESIGNADO
PODER JUDICIÁRIO
ÓRGÃO ESPECIAL
VOTO N° 2 1 . 2 4 1
ARGUIÇAO DE INCONSTITUCIONALIDADE N° 0041454
43.2012.8.26.0000 - SÃO PAULO
Suscitante: 6 a CÂMARA DE DIREITO PÚBLICO
ARGUIÇAO DE
INCONSTITUCIONALIDADE - MEDIDA
PROVISÓRIA N° 2.220/2001
CONCESSÃO D E U S O ESPECIAL PARA
FINS D E MORADIA (CUEM) - ALEGADA
VULNERAÇÃO AO ART. 2 4 , I, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
INOCORRÊNCIA - CONTORNOS DE
VERDADEIRA POLÍTICA PÚBLICA D E
ABRANGÊNCIA NACIONAL - DEVER DO
PODER JUDICIÁRIO
ÓRGÃO ESPECIAL
ESTADO-JUIZ DE INTERPRETA-LO
CONFORME A CONSTITUIÇÃO, A
PRESTIGIAR A CORRETA NARRATIVA DA
NORMA FUNDANTE, DECORRENTE, IN
CASU, DE HISTÓRICA REIVINDICAÇÃO
DOS MOVIMENTOS PELA REFORMA
URBANA - SITUAÇÃO FUNDIÁRIA DO
PAÍS E, EM ESPECIAL, DO ESTADO DE
SÃO PAULO QUE DESAUTORIZA
DESREGULAMENTAÇÃO DA MATÉRIA -
PERIGO DE REPETIÇÃO DO QUE SE
OBSERVA NO CASO DO DIREITO DE
GREVE, NA MEDIDA EM QUE
INEXISTIRIA, DE FORMA INEQUÍVOCA,
INTERESSE EM DISCIPLINAR ASSUNTO
QUE TOCA ASPECTOS PATRIMONIAIS DE
ENORME RELEVO DE ESTADOS E
MUNICÍPIOS - RISCO, ADEMAIS, DE VER
VULNERADO DIREITO SOCIAL
FUNDAMENTAL, NA MEDIDA EM QUE A
CUEM REPRESENTA UMA DAS POUCAS
HIPÓTESES LEGAIS DE REGULARIZAÇÃO
FUNDIÁRIA DE INTERESSE SOCIAL EM
IMÓVEIS PÚBLICOS URBANOS
PRECEDENTES DOUTRINÁRIOS
ARGUIÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE REJEITADA
Vistos etc.
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ÓRGÃO ESPECIAL
1
Acórdão às fls. 7 2 8 / 7 3 4 dos autos.
2
Parecer às fls. 7 4 1 / 7 5 2 dos autos.
3
Decisão à fl. 779 dos autos.
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ÓRGÃO ESPECIAL
ÓRGÃO ESPECIAL
ÓRGÃO ESPECIAL
5
RAATZ, Igor. Precedentes obrigatórios ou precedentes à brasileira? Disponível
em: http://www.temasatuaisprocessocivil.com.br/edicoes-anteriores/58-v2-n5-
maio-de-2012/192-precedentes-obrigatorios-ou-precedentes-a-brasileira#_ftn34.
Acesso em: 24 de janeiro de 2013.
A
MARINONI, Luiz Guilherme. Precedentes obrigatórios. 2 a ed. São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2011, p. 191.
7
CARDOZO, Benjamin. The nature of judicial process. New Haven: Yale
University Press, 1921. Apud MARINONI, Luiz Guilherme. Op. Cit., p. 192.
PODER JUDICIÁRIO
ÓRGÃO ESPECIAL
ÓRGÃO ESPECIAL
ÓRGÃO ESPECIAL
\
\ \ i
ÓRGÃO ESPECIAL
ÓRGÃO ESPECIAL
ÓRGÃO ESPECIAL
ÓRGÃO ESPECIAL
8
AMADEI, Vicente de Abreu. Concessão de Uso Especial para Fins de Moradia e
Concessão de Direito Real de Uso. In. NALINI, José Renato e LEVY, Wilson.
Regularização Fundiária. Rio de Janeiro: Forense, 2013, passim.
ÓRGÃO ESPECIAL
\
\
ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE N° 0041454-43.2012 - SÃO PAULO - VOTO N° 21.241
15
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ÓRGÃO ESPECIAL
ÓRGÃO ESPECIAL
E remata o autor:
"ao exigir uma 'responsabilidade política' dos
juizes. Os juizes têm a obrigação de justificar
suas decisões, porque com elas afetam os
direitos fundamentais e sociais, além da
relevante circunstância de que, no Estado
Democrático de Direito, a adequada justificação
da decisão constitui um direito fundamental
Uma decisão adequada a Constituição (resposta
hermeneuticamente correta) será fruto de uma
reconstrução histórica, do direito, com respeito a
ÓRGÃO ESPECIAL
10
STRECK, Lenio Luiz. O direito de obter respostas constitucionalmente
adequadas em tempos de crise do direito: a necessária concretização dos direitos
humanos. In. Hendu, v. 1. Belém: j u l h o / 2 0 1 0 , p. 103.
^
18
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ÓRGÃO ESPECIAL
11
BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 9 a ed. São Paulo:
Malheiros Editores, 2000, p. 478.
ÓRGÃO ESPECIAL
12
ROLNIK, Raquel. A cidade e a lei - legislação, política urbana e territórios na
cidade de São Paulo. 3 a ed. São Paulo: Studio Nobel/FAPESP, 2003, p. 16. C
ÓRGÃO ESPECIAL
13
ALFONSIN, Betânia e FERNANDES, Edésio (coord.)- Direito urbanístico:
estudos brasileiros e internacionais. Belo Horizonte: Del Rey Editora/Lincoln
Institute of Land Policy, 2006, p. 8.
ÓRGÃO ESPECIAL
A finalidade é a f a s t a r a n o ç ã o c r i s t a l i z a d a d e
q u e h á u m a c i d a d e legal e u m a c i d a d e ilegal, e m q u e
14
ALFONSIN, Betânia e FERNANDES, Edésio. Op. Cií., p. 11.
15
DALLARI BUCCI, Maria Paula. Gestão Democrática da Cidade, in DALLARI
BUCCI, Maria Paula e FERRAZ, Sérgio. Estatuto da Cidade. 3 a ed. São Paulo,:
Malheiros Editores, 2009, p. 337.
\
ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE N° 0041454-43.2012 - SÃO PAULO - VOTO N° 21.241
PODER Jl DiCIARIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ÓRGÃO ESPECIAL
16
MOLINARO, Carlos Alberto. Direito à Cidade e Proibição de Retrocesso. In.
BENJAMIN, Antônio Herman, CAPPELI, Sílvia e LECEY, Eladio. Direito
Ambiental, Mudanças Climáticas e Desastres - Impactos nas Cidades e no
Patrimônio Cultural: Homenagem ao Prof. Eckard Rehbinder e à Senadora Marin
Silva. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2009, p. 3 3 .
\\
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ÓRGÃO ESPECIAL
z
RENATO NALINI
Relator Designado
VOTO: 19.989
ARGUIÇÃO DE INCONST. N 0 . : 0041454-43.2012.8.26.0000
COMARCA: SÃO PAULO
SUSCITANTE.: 6 a CÂMARA DIREITO PÚBLICO DO TRIBUNAL DE
JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
INTERDO.: ALBERTO BETOLOTTI (E OUTROS(AS))
INTERDO.: FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO
INTERDO.: DEPARTAMENTO DE ESTRADAS DE RODAGEM DO ESTADO
DE SÃO PAULO DER
INTERDO.: DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Vistos.
É o relatório,
Fiquei v e n c i d o p e l a s s e g u i n t e s r a z õ e s já e x p o s t a s
q u a n d o d o j u l g a m e n t o d a A r g u i ç ã o de I n c o n s t i t u c i o n a l i d a d e n°.
0274211-77.2010.8.26.0000 (ocorrido em 12/09/2012), de minha
R e l a t o r i a , em caso i d ê n t i c o , o q u e ensejava o n ã o c o n h e c i m e n t o d a
a r g u i ç ã o , n o s t e r m o s d o art. 4 8 1 , p a r á g r a f o ú n i c o d o C P C .
Ensina A d i l s o n A b r e u D a l l a r i :
[...]
§ I o - No âmbito da legislação concorrente, a
competência da União limitar-se-á a estabelecer normas
gerais/.
Vê-se q u e c o m p e t e à U n i ã o em c o n c o r r ê n c i a c o m
os E s t a d o s e o D i s t r i t o F e d e r a l legislar s o b r e o d i r e i t o u r b a n í s t i c o
estabelecendo normas gerais, tão-somente.
1
Art 18 - A organização polítko-a d ministra ti va da República Federativa do Brasil compreende a União,
os-Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.
p a r a os g r a n d e s M u n i c í p i o s , e m q u e as f a v e l a s i n v a d e m
e s p a ç o s p ú b l i c o s d e s o r d e n a d a m e n t e e e m q u e t e r i a q u e ser
a s s e g u r a d o a t o d o s os i n v a s o r e s o u t r o i m ó v e l u r b a n o ou
r u r a l . A a p l i c a ç ã o da m e d i d a é p r a t i c a m e n t e i m p o s s í v e l s e m
a d e s t i n a ç ã o d e r e c u r s o s p ú b l i c o s a essa f i n a l i d a d e .
[...] O art. 3°, ao i m p o r aos E s t a d o s , D i s t r i t o F e d e r a l e
Municípios a concessão de uso de bens de seu p a t r i m ô n i o ,
padece de inconstitucionalidade, por invadir matéria de
competência legislativa de cada qual.
A U n i ã o t e r i a q u e se l i m i t a r a e s t a b e l e c e r n o r m a s
g e r a i s a r e s p e i t o d o i n s t i t u t o da c o n c e s s ã o d e u s o , d e i x a n d o
p a r a c a d a e n t e d a F e d e r a ç ã o a f a c u l d a d e d e se v a l e r ou n ã o
d o i n s t i t u t o , d e a c o r d o com c r i t é r i o s de o p o r t u n i d a d e e
conveniência, que passam forçosamente pela necessidade de
proteção do p a t r i m ô n i o público.' (Concessão de Uso
E s p e c i a l p a r a fins d e M o r a d i a in Estatuto da Cidade
(Comentários à Lei Federal 10.257/2001), São P a u l o : M a l h e i r o s ,
3 a ed., p . 1 6 0 / 1 6 1 ) .
' N ã o s e n d o a p l i c á v e i s à c o n c e s s ã o de u s o os r e q u i s i t o s
d o caput, v e m a r e s p o s t a à t e r c e i r a i n d a g a ç ã o : o p o s s u i d o r
de imóvel público não é titular de direito subjetivo o p o n í v e l
à A d m i n i s t r a ç ã o . O p r ó p r i o fato d e o § I o falar e m t í t u l o d e
d o m í n i o e c o n c e s s ã o d e u s o já d e i x a c l a r o q u e o P o d e r
P ú b l i c o p o d e o p t a r e n t r e u m a h i p ó t e s e ou o u t r a ; n ã o e m
r e l a ç ã o ao u s u c a p i ã o , m a s e m r e l a ç ã o a i m ó v e i s p ú b l i c o s
o c u p a d o s p o r p a r t i c u l a r e s . N ã o s e n d o direito s u b j e t i v o d o
p o s s u i d o r d e i m ó v e l p ú b l i c o , p o d e ser a s s e g u r a d o p e l a
legislação infraconstitucional como norma transitória
s o m e n t e a q u e m p r e e n c h e r os r e q u i s i t o s l e g a i s a t é a d a t a
fixada na m e d i d a p r o v i s ó r i a / (ob. cit., p . 1 5 9 / 1 6 0 ) .
DECLARAÇÃO DE VOTO
(...)
c.
ENJÇLSANTARELU ZULIANI
Relator