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Sociologia uma introdução

Prof. Pedro Mahfuz

Para Dias(2005,p.21), o surgimento da sociologia ocorre num contexto histórico, esse


contexto, coincide com a desagregação da sociedade feudal e a formação da sociedade
capitalista.
Acontecimentos como: a Revolução Francesa e a Revolução Industrial, possibilitaram o
aparecimento da sociologia

Profundas mudanças começam a ocorrer no campo social , sobretudo a partir do triunfo


industrial.

Problemas decorrentes do rápido processo de urbanização e de concentração de máquinas,


terras e ferramentas sob controle do empresário capitalista fazem surgir a questão social.

Já no século XVII, pensadores racionalistas provocavam notáveis avanços no modo de


pensar, com o uso sistemático da razão. No século XVIII, os iluministas buscavam
transformar velhas formas de conhecimento, utilizando a razão para criticar a
sociedade.Atacaram os fundamentos da sociedade feudal, os privilégios dos nobres e as
restrições que estes impunham aos interesses econômicos e políticos da burguesia.Esse
pensamento teve um importante papel na Revolução Francesa de 1789.

O francês, Auguste Comte(1798-1857) foi o fundador do positivismo.

Para Comte,o período de apogeu do racionalismo representava a oposição da filosofia


positiva em relação ao espírito teológico e metafísico. Comte considerava que nos
fenômenos naturais: os astronômicos; os físicos; os químicos e os fisiológicos, havia uma
lacuna: os fenômenos sociais. Assim sendo, Comte dividiu a filosofia positiva em cinco
ciências fundamentais:

. astronomia
.física
.química
.fisiologia
.física social

Posteriormente, Comte denominou a física social de sociologia, palavra por ele criada.

Muitos cientistas sociais contribuíram para a construção teórica da sociologia , entendemos


que três podem ser considerados os mais importantes, tidos como clássicos:

.Émile Durkheim

.Karl Marx

Max Weber

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Durkheim (1858-1917)

Considerado por muitos como fundador da sociologia. Um dos aspectos mais polêmicos foi
sua afirmação de que os fatos sociais deviam ser considerados como coisas, pois são
individualizados e observáveis.
Para Durkheim, os fatos sociais possuíam três características:

1-Coerção social:influxo exercido pelos fatos sobre os indivíduos, induzindo-os à aceitação


de regras vigentes na sociedade, a despeito de seus anseios e opções pessoais.Subordinação
a todos estatutos das leis.

2-Exterioridade: fatos existem antes e fora das pessoas. Ex.: sistemas de moedas;
instrumento de crédito; práticas profissionais...

3-Generalidade: devido ao fato repetir-se, pela imposição, na maioria ou em todos os


membros da sociedade. Ex: formas comuns de habitação, de comunicação...

Para Durkheim, fato social é toda a maneira de agir fixa ou não, suscetível de exercer sobre
o indivíduo uma coerção exterior, que é geral na extensão de uma sociedade dada,
apresentando uma existência própria, independente das manifestações individuais que possa
ter.

Marx (1818-1883)

O marxismo faz uma crítica radical ao tipo de ordem social da sociedade capitalista

A sociologia positivista preocupou-se com os problemas da manutenção da ordem


existente, concentrando sua atenção, principalmente, na estabilidade social, o pensamento
marxista privilegiou, para o desenvolvimento de sua teoria, as situações de conflito
existentes na sociedade industrial.Para os marxistas, a luta de classes, e não a harmonia
social, constitui a realidade mais evidente da sociedade capitalista.

Marx, com 17 anos, entendia que: o homem feliz é aquele que faz os outros felizes; a
melhor profissão, portanto, deve ser a que proporciona ao homem a oportunidade de
trabalhar pela felicidade do maior número de pessoas, isto é, pela humanidade.Pensava
também que existem sempre obstáculos e dificuldades que fazem com que a vida das
pessoas se desenvolva em parte sem que elas tenham condições para determina-la.

A obra de Marx, teve grande importância para a sociologia.


Marx reconheceu na dialética o único método científico de pesquisa da verdade.
Para Marx era o mundo real, o âmbito da economia, das relações de produção que
determinavam o que pensava o homem.Foi muito criticado por outros autores ,
consideravam sua teoria determinista do ponto de vista econômico. O determinismo
econômico marcou as diversas correntes do marxismo que proliferaram ao longo do século
XX.

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O método dialético proposto por Marx possui quatro características:

.Tudo se relaciona( lei da ação recíproca e da conexão universal)

.Tudo se transforma(lei da transformação universal e do desenvolvimento incessante)

.mudança qualitativa

.Luta dos contrários

Weber (1864-1920)

Filósofo, historiador e sociólogo alemão, era filho de uma família que lhe transmitiu o
conteúdo dos ideais liberais, somados ao rigor da formação protestante.
Para ele, a sociedade e seus sistemas não pairam acima e não são superiores ao indivíduo.
As regras e normas sociais não são analisadas como exteriores à vontade dos
indivíduos.Muito ao contrário, elas seriam o resultado de um conjunto complexo de ações
individuais, nas quais os agentes escolheriam, a todo momento, diferentes formas de
conduta.
De fundamento individualista, o pensamento weberiano privilegia a parte sobre o todo,uma
vez que sua perspectiva pressupõe que o coletivo se origina do individual. O primado da
ação do indivíduo sobre a sociedade é que determinaria a relação indivíduo-sociedade, item
fundamental para os estudos sociológicos.
Segundo Weber, a ação social é representada por tipos ideais e é caracterizada de quatro
modos distintos: motivos orientados pela tradição; por interesses racionais; pelos afetos;
por emoçòes.
Weber definiu como objeto de estudo da sociologia, a ação social. Para ele, ela compreende
qualquer ação que o indivíduo faz orientando-se pela ação dos outros, sendo dotada e
associada a um sentido.(Ferreira,2003).

Segundo Charon (2004), a sociologia é uma disciplina acadêmica, é uma das perspectivas
encontradas na universidade.Sua história é anterior ao século XIX.Trata-se de uma tentativa
de compreender o ser humano. Concentra-se em nossa vida social. Tipicamente, não enfoca
a personalidade do indivíduo como causa do comportamento, mas examina a interação
social, os padrões sociais (exemplo: papéis, classes, cultura, poder, conflito...) e a
socialização em processo.
Os sociólogos examinam as regras que se desenvolvem à medida que as pessoas interagem,
as expectativas que surgem entre elas, as verdades que elas acabam por compartilhar.Vêem
a importância do papel do estudante; de ser da classe média; de ser homem; mulher, na
sociedade moderna. Notamos como os atores mudam à medida que passam de um grupo ou
organização para outro, influenciados pela inevitável socialização ( tentativa de molda-los
por parte das pessoas da organização) que advém de seu ingresso no grupo.A sociologia
começa, portanto, com a idéia de que o homem deve ser entendido no contexto de sua vida
social e de que somos seres sociais influenciados pela interação, pelos padrões sociais e
pela socialização.

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A idéia central da sociologia é a de que os seres humanos são sociais. Vivemos em
sociedade.

Os seres humanos são sociais no mínimo de seis maneiras ( Charon, 2004):

1- Desde o nascimento dependemos de outros para sobreviver.Precisamos: alimentos,


proteção, afeto, amor , auto-estima que são essenciais para nosso crescimento.

2- Aprendemos com outros a sobreviver. O instinto não ajuda muito. Nossas ações são
aprendidas, emergem da interação com outros: pais, amigos, professores, ídolos,
estranhos, livros...

A vida é aprender a resolver problemas, é um processo contínuo. Temos de aprender a


viver sempre e até aprender a morrer.

3-Passamos a vida inteira na organização social. Todos nascemos em uma sociedade e


raramente a deixamos.Vivemos em comunidade organizada. Trabalhamos e nos divertimos.
Cada organização e grupos formais, possui regras que devemos seguir. Somos socializados.
Devemos viver em organização social ou perecer, aprendemos isso muito cedo.

4-Muitas qualidades humanas dependem da vida social. A maioria das religiões nos define
como humanos pelo fato de possuirmos uma alma dada por Deus.

Governos reconhecem nossa condição humana por meio de leis que declaram o indivíduo
um ser humano no momento da concepção, na hora do nascimento ou em qualquer ponto
no tempo.

Qualidades humanas essenciais: linguagem, o eu (self), consciência e mente, e é claro a


sociedade deve desenvolver nossas qualidades essenciais. Só nos tornamos totalmente
humanos por meio da sociedade.

5-Muitas de nossas qualidades individuais dependem de interação .


Cada um de nós desenvolve idéias, valores, objetivos, interesses, principios morais,
talentos, emoções e tendências para atuar de determinadas maneiras. A interação direciona
essas qualidades individuais.
Nossa sociedade, comunidade, família e amigos incentivam alguns caminhos e
desestimulam outros.
Podemos não ser cópias exatas daquilo que os outros desejariam que fossemos, mas
expectativas e ensinamentos de algumas pessoas são importantes para nossas escolhas na
vida.

6- Os seres humanos são atores sociais.

Estamos constantemente ajustando nossas ações àqueles que nos cercam.

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Tentamos, às vezes, impressionar os outros, nos comunicar com eles, influenciá-los, evita-
los ou, no mínimo, ajustamos nossas ações de modo a poder fazer o que desejamos sem
sermos importunados, por essas pessoas.
Como vivemos em meio a outros indivíduos, nossas ações são formadas tendo-os em
mente.
Somos atores sociais, temos de levar em consideração as ações dessas pessoas quando
atuamos.

A sociedade precede todos nós. Não podemos conceber o ser humano separado da
sociedade. Mesmo os animais dependem de sociedade.

Para que a sociedade funcione sem graves conflitos, o ser humano tem de ser socializado.

Socialização é o processo pelo qual a sociedade, comunidade, organização formal ou grupo


ensina seus costumes a seus membros.

Sem socialização seríamos todos diferentes, não haveria possibilidade de cooperação ou


ordem social.

Em 1997, nas florestas de Laune, na França, foi capturado um menino selvagem. Foi
estudado por vários especialistas e médicos. Verificou-se que não possuía o dom da fala,
usava gritos e sons inarticulados. Rejeitava roupas, não conseguia distinguir objetos reais
de desenhos , e objetos refletidos no espelho, não chorava. Não tinha laços emocionais,
tinha jeito de andar singular e ocasionalmente corria de quatro.

Relatos de casos humanos que cresceram sem contato social, apresentam quadro uniforme:
ausência de linguagem; reação aos outros de medo e hostilidade; apatia generalizada.

Charles Cooley, verificou que a natureza humana não surge no momento do nascimento,
surge somente por meio de associação, que declina no isolamento. Na verdade, somos
socializados para nos tornar humanos.

Bibliografia:
Charon, Joel M. Sociologia.5a ed. São Paulo: Saraiva, 2004
Dias, Reinaldo. Introdução à sociologia.. São Paulo: .Pearson Prentice Hall, 2005.
Ferreira, Delson. Manual de sociologia 2a ed. São Paulo: Atlas, 2003.

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