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Brazilian Journal of Health Review 14427

ISSN: 2595-6825

Resposta glicêmica do açúcar de coco, sacarose e açúcar mascavo em


indivíduos saudáveis

Glycemic response of coconut sugar, sucrose and brown sugar in


healthy subjects
DOI:10.34119/bjhrv4n4-005
Recebimento dos originais: 02/06/2021
Aceitação para publicação: 02/07/2021

Franciellen da Silva Ferreira


Bacharel em Nutrição
Unifoa Centro Universitário de Volta Redonda
Endereço: Av. Paulo Erlei Alves Abrantes, 1325. Três Poços, Volta Redonda RJ
E-mail: franciellen_nutri@yahoo.com.br

Marcelo Augusto Mendes da Silva


Mestre em Ciência dos Alimentos
Endereço: Av. Avenida Paulo Erlei Alves Abrantes, 1325, Três Poços, Volta Redonda -
RJ. Cep: 27240-560.
Instituição: Centro Universitário de Volta Redonda (UniFOA)
E-mail: marcelo.silva@foa.org.br

RESUMO
Diabetes mellitus é uma doença metabólica em que se verificam níveis elevados de
glicose no sangue durante um longo intervalo de tempo, estimou-se que em 2016 a
população mundial com diabetes era de 387 milhões e que alcance 471 milhões em 2035.
Considerada a mais comum das doenças endócrinas, existe evidência significativa que
apoie uma série de intervenções para melhorar os resultados da diabetes, sendo uma delas
o controle glicêmico através da nutrição básica para promoção à saúde. O açúcar de coco
(Cocos nuciferas, L.), vem sendo comercializado com a promessa de possuir um baixo
índice glicêmico, podendo ser indicado para pacientes diabéticos. Este trabalho teve como
objetivo comparar a resposta glicêmica de indivíduos saudáveis após a ingestão do açúcar
de coco com os açúcares refinado (sacarose) e o mascavo. O estudo contou com 30
voluntários em jejum de 4 horas, com idade variando de 19 à 50 anos, sendo 73% do sexo
feminino e 27% do sexo masculino, divididos de forma aleatória em três grupos distintos
com ingestão de 50g dos respectivos açúcares, as glicemias capilares foram aferidas nos
tempos: 0; 15; 30; 45 e 60 minutos. Os dados foram avaliados utilizando a análise de
variância, sendo o teste de Scott-knott a 5% o escolhido para verificação das diferenças
dos resultados. Os três açúcares apresentaram comportamentos estatisticamente iguais
(p<0,05) no que diz respeito ao aumento da glicemia nos tempos 15, 30 e 60 minutos com
relação ao tempo zero, havendo uma diferença significativa (p<0,05) no tempo de 45
minutos, ocorrendo um tempo maior para a diminuição do açúcar de coco. Conclui-se,
desta forma, que o açúcar de cocopossui um comportamento semelhante aos dos outros
açúcares, devendo ser reavaliada a promessa de ser um produto que apresenta um baixo
índice glicêmico.

Palavras-Chaves: Resposta Glicêmica, Açúcar de Coco, Diabetes Mellitus, Glicemia


Capilar.

Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.4, n.4, p.14427-14437 jul./aug. 2021
Brazilian Journal of Health Review 14428
ISSN: 2595-6825

ABSTRACT
Diabetes mellitus is a disorder in which blood sugar (glucose) levels are abnormally
high because the body does not produce enough insulin to meet itsneeds. The world
population with Diabetes mellitus is estimated to be about 387 million in 2016 and may
reach 471 million in 2035. Diabetes is, therefore, considered to be the most common
endocrine disease. There is significant evidence supporting the idea of interventions to
improve diabetes outcomes, one of them is glycemic control in the basic nutrition.
Coconut sugar (Cocos nuciferas. L.), has beenmarketed with the promise of having a low
glycemic index and recommended for diabetic patients. This research's objective was to
compare the glycemic response of 30 healthy volunteers in 4-hour fasting after the intake
of coconut sugar, sucrose and brown sugar, ranging in age from 19 to 50 years, being
73% female and 27% male, who were randomly divided into three distinct groups with
the intake of 50g of the respective sugars. Capillary blood glucose was measured in times:
0; 15; 30; 45 and 60 minutes. The data was evaluated using the analysis of variance, and
the Scott- knott test was chosen to verify the differences in results. We conclude that the
three kind of sugars presented statistically the same behaviors (p <0.05) regarding the
increase of glycemia in times 15, 30 and 60 minutes in relation to time zero, therewas
a significant difference (p <0.05) in the time of 45 minutes, where a longer time for the
coconut sugar decrease occured. However, it is concluded that coconut sugar behaves
similarly to the other sugars, and should be re-evaluated as a product that has a low
glycemic index.

Keywords: Glycemic Response, Coconut Sugar, Diabetes Mellitus, Capillary Glycemia.

1 INTRODUÇÃO
O Diabetes Mellitus (DM) é uma patologia caracterizada pela elevação da
concentração sanguínea de glicose devido à diminuição ou ausência de produção de
insulina pelo pâncreas, ou pela ineficácia da insulina produzida sobre as células-
alvo (AREAS; REYES, 1996).
Estimou-se que em 2016 a população mundial com diabetes era da ordem de 387
milhões e que alcance 471 milhões em 2035. Cerca de 80% desses indivíduos vivem em
países em desenvolvimento, onde a epidemia tem maior intensidade e há crescente
proporção de pessoas acometidas em grupos etários mais jovens. Quantificar o
predomínio atual de DM e estimar o número de pessoas com diabetes no futuro é
importante, pois possibilita planejar e alocar recursos de maneira racional(SBD, 2016).
Considerada a mais comum das doenças endócrinas, o diabetes é uma doença
complexa e crônica que promove uma série de transtornosmetabólicos e que requer
cuidados médicos contínuos com estratégias multifatoriais de redução de risco além do
controle glicêmico. Para o paciente em curso, aeducação e o apoio de autogestão são
fundamentais para prevenir complicações agudas e reduzir o risco de complicações a

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longo prazo. Existe evidência significativa que apoie uma série de intervenções para
melhorar os resultados da diabetes (DIABETES CARE, 2015). O Coco (Cocos nuciferas,
L.), é uma árvore que é cultivada por suas múltiplas utilidades, principalmente por seus
valores nutricionaise medicinais. A raiz do coqueiro, além de ser usada no artesanato, é
utilizada por populações nativas como dentifrício (raízes torradas e moídas), para fins
medicinais e como anti-séptico em feridas, lavagem da boca e gargarejos. Os brotos
tenros, quando colhidos ao emergirem do solo, mais o gomo apical, são consumidos em
saladas, como conservas (palmito, picles, etc.). Das inflorescências, quando estasse
encontram ainda no estado de buso, isto é, fechadas, extrai-se uma seiva conhecida como
tódi (toddy na Índia e Siri Lanka, tuba nas Filipinas, tuwak na Indonésia) que é usada
como refresco nas regiões onde é coletada diariamente (RETEC, 2007).
Os vários produtos de coco no Brasil, tal como na maior parte do mundo, são
matéria-prima de relevância na indústria de muitos produtos alimentares, desde fábricas
de bolachas, doces, iogurtes, sorvetes, restaurantes industriais e até pequenas
confeitarias e lanchonetes, destaquem-se os produtos de maior demanda no mercado
brasileiro como: coco inteiro, água e polpa de coco verde, leite de coco, coco ralado e
amêndoa de coco maduro (MORORÓ, 2007).
Todas as partes do coco são usadas de alguma maneira na vida das pessoas nas
tradicionais áreas de cultivo de coco. É a única fonte de vários produtos naturaispara o
desenvolvimento de medicamentos contra várias doenças e também para o
desenvolvimento de produtos industriais. As partes de seu fruto, como a semente de coco
e a água do coco têm propriedades medicinais numerosas tais como: antibacteriano,
antifúngico, antiviral, antiparasitário, antidermatófico, antioxidante, hipoglicêmico,
hepatoprotetor e imunoestimulante. A água de coco e a semente de coco contêm
nutrientes essenciais à saúde humana, fornecendo alimento para milhões de pessoas,
especialmente nas regiões tropicais e subtropicais. É muitas vezes chamado de "árvore da
vida" (ENIG, 2000).
Na medicina Ayurvédica, o óleo, leite, creme e água do coco são utilizados
para tratamento de perda de cabelo, queimaduras e problemas cardíacos. Na Índia,o uso
de coco para alimentos e suas aplicações na medicina Ayurvédica foram
documentadas há 4000 anos (DEBMANDAL; MANDAL, 2011). Segundo Dayrit
(2005), os registros mostram que nos Estados Unidos, o óleo de coco foi uma das
principais fontes de gorduras alimentares, sendo considerado como óleo saudável e
nutritivo por ter qualidades para usar em aplicações terapêuticas (DAYRIT, 2005).

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Segundo informações do site de distribuidores do açúcar de coco no Brasil e


em Portugal, o açúcar de coco que é extraído do fluído das flores da palma de coco tem
elevada quantidade de Potássio, Magnésio, Zinco, Cálcio e Ferro, além de elevadas
quantidades de compostos antioxidantes como Flavonoides, Antocianinase Polifenóis,
além de seu índice glicêmico ser de 35% (BIOSAMARA, 2016; COPRA,2016).
A composição do coco dessecado foi descrita por Bawalan e Chapman (2006);
onde alguns de seus valores medicinais foram documentados como de um poderoso
eletrólito, por ser altamente rico em íons inorgãnicos tais como: potássio; sódio; cálcio e
magnésio. O coco possui efeito cardioprotetor, devido ao fato de ser composto de ácidos
graxos chamados de Ácido caprílico; Ácido láurico; Ácido marístico; Ácido palmítico;
Ácido esteárico; Ácido oleico e Ácido linoeico, sendo 65% dotado de ácidos graxos
saturados de cadeia média que são diretamente absorvidosno intestino, enviados para o
fígado e rapidamente metabolizados para produção de energia, não participando assim
da biossíntese e transporte de colesterol. Também possui efeito antidiabético devido a
proteína da amêndoa de coco ter uma potente atividade antidiabética por meio da inversão
dos níveis de glicogênio, das atividades das enzimas metabolizadoras de carboidratos e
do dano pancreático aos níveis normais devido ao seu efeito na regeneração de células
pancreáticas por meio de arginina (DEBMANDAL; MANDAL, 2011).
O papel da nutrição vai além da ênfase sobre a importância de uma dieta
balanceada, proporcionando além da nutrição básica a promoção à saúde (CARVALHO
et al., 2006).
Os alimentos funcionais são alimentos ou bebidas que, quando consumidos na
alimentação cotidiana, além de nutrir podem trazer benefícios fisiológicos específicos,
graças à presença de ingredientes fisiologicamente saudáveis (CANDIDO; CAMPOS,
2005). Estes ingredientes não são nutrientes clássicos, mas apresentam propriedades
funcionais benéficas, além dos efeitos tradicionais dos nutrientes (ANGELIS, 2001).
Recentemente, a pesquisa medicinal moderna confirmou muitos benefícios de
saúde dos produtos múltiplos do coco em várias formas, sendo assim, é necessária uma
investigação extensiva para explorar a sua utilidade terapêutica para combater doenças.
O desenvolvimento de novos produtos visando a promoção e/ou a manutenção da saúde
é um dos principais motivos de pesquisas com alimentos (CARVALHO; COELHO,
2009).
Diante do exposto, este trabalho teve como objetivo comparar a respostaglicêmica
de indivíduos saudáveis após a ingestão do açúcar de coco com outros açúcares

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consumidos de forma mais frequente pela população, sendo eles, osaçúcares refinado
(sacarose) e mascavo.

2 MATERIAIS E MÉTODOS
Trata-se de um estudo de caso-controle, composto por 30 estudantes universitários
saudáveis de ambos os sexos com idade variando de 19 à 50 anos, realizado no laboratório
de Habilidades do Centro Universitário de Volta Redonda, Rio de Janeiro.
Para critérios de inclusão, foi realizado cálculo de IMC de todos os indivíduos
antes do estudo, sendo, 26 com IMC de eutrófico e 4 com IMC de sobrepeso.
Os trinta participantes do estudo foram divididos de forma aleatória em três grupos
distintos, sendo que cada um deles recebeu um tipo diferente de açúcar, servido em copo
descartável e codificado. Um grupo AM recebeu 50g de açúcar mascavo; o outro grupo
(SAC) 50g de sacarose e o último grupo (AC) 50g de açúcarde coco. Todos os açúcares
foram diluídos em 200 ml de água filtrada.
É importante salientar que antes da ingestão dos açúcares, foi aferida a glicemia
de todos os indivíduos que estavam em jejum de pelo menos quatro horas (T0). Por
medida de segurança, aqueles indivíduos que por ventura estivessem com a glicemia
acima de 140 mg/dL foram excluídos do estudo. Posteriormente a ingestão novas
aferições da glicemia foram realizadas nos respectivos tempos: 15, 30, 45 e 60 minutos,
respectivamente. Foi utilizado para estas análises o glicosímetro da marca Accu Chek –
Performa.
Medidas de biossegurança foram necessárias neste processo, como a utilização
de luvas e lancetas descartáveis. Para a higienização foi utilizado água filtrada.
Todo material foi descartado em Descarpack, esterilizado em autoclave e
devidamente encaminhado para descarte correto, de acordo com os procedimentos de
biossegurança institucional,
O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos
do Centro Universitário de Volta Redonda sob o número do CAAE
(82145617.9.0000.5237), todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido que explicou os objetivos do estudo.
Para a análise dos dados, foi aplicado a análise de variância, sendo o teste de Scott-
knott a 5%, o escolhido para verificação das diferenças dos resultados.

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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A obtenção dos açúcares de coco, mascavo e sacarose, foram por meios de
estabelecimentos de produtos naturais na cidade de Barra do Piraí - RJ, sendo, somente o
açúcar de coco comprado à granel. Entretanto, foi avaliado a embalagem e marca do
produto antes da sua aquisição.
Pode-se observar na Tabela 1 e Figura 1 que os três açúcares apresentaram
comportamentos estatisticamente iguais (p<0,05) no que diz respeito ao aumento da
glicemia nos tempos 15, 30 e 60 minutos com relação ao tempo zero da ingestão dos
açúcares. Todavia, houve uma diferença significativa (p<0,05) no tempo de 45 minutos,
sendo que a glicemia dos indivíduos que ingeriram sacarose tiveram valores menores de
44,4% em relação ao açúcar mascavo e de 61,1% em relação ao açúcar de coco.

Tabela 1: Valores médios do aumento da glicemia (mg/dL) após a ingestão deaçúcar mascavo,
sacarose e açúcar de coco
Açúcar Aumento médio da glicemia (mg/dL)*
15 minutos 30 minutos 45 minutos 60 minutos
Mascavo 26,7ª 34,3ª 17,9ª 29,4ª
Sacarose 27,9ª 37,3ª 32,2b 7,9ª
Coco 31,5ª 37,3ª 46,0b 25,4ª
Coeficiente de 59,9 46,47 69,18 105,12
variação (%)

Fonte: os autores (2018)*Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente pelo método de
Scott-Knott(p<0,05)

Figura 1: Valores médios do aumento da glicemia em relação ao tempo zero

Fonte: os autores (2018)

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Levando-se em consideração que o índice glicêmico da Sacarose é 64%, e açúcar


mascavo 64%, (POWELL; HOLT; BRAND-MILER, 2002) esperava-se um
comportamento diferente do açúcar de coco, visto que, na embalagem do produto existe
a promessa de um açúcar de índice glicêmico de 35%, o que pode induzir o indivíduo
diabético a consumir de forma equivocada este alimento.
É importante salientar que o Índice Glicêmico classifica os alimentos com base
no potencial aumento da glicose sanguínea em relação a um alimento padrão. Os
alimentos com alto IG provocam uma resposta glicêmica elevada de 15 a 20 minutos após
a ingestão, os de médio IG provocam uma resposta glicêmica médiade 30 a 40 minutos
e os alimentos de baixo IG provocam uma resposta glicêmica baixa de 40 a 50 minutos
após a ingestão de determinado alimento (JÚNIOR, 2007). Vale ressaltar que o aumento
do açúcar no sangue é determinado pela ingestão de um alimento que contém 50gr de
carboidrato, comparando-o num período de 2 horas, a um alimento padrão (glicose)
(HOLT; BRAN-MILLER, 2004; SIQUEIRA; RODRIGUES; FRUTUOSO 2007).
Pode-se constatar na Tabela 2 e Figura 2 que o comportamento glicêmico dostrês
açúcares foram iguais estatisticamente entre os grupos em praticamente todos os tempos
observados, sendo que o único tempo que houve diferença estatística foi o de 45 minutos
após a ingestão dos açúcares. Neste tempo o açúcar de coco apresentou um resultado
maior do que os outros, corroborando o que já foi descrito neste trabalho, ou seja: a
glicemia dos participantes que ingeriram tal produto demorou um tempo maior para
diminuir.

Tabela 2: Valores médios da glicemia (mg/dL) após a ingestão de açúcar mascavo,sacarose e açúcar de
coco
Valores médios das Glicemias (mg/dL)*
Açúcares
Tempo 0 15 min 30 min 45 min 60 min
Coco 87,2ª 118,7ª 124,5ª 133,2b 112,7ª
Sacarose 82,3ª 116,2ª 125,6ª 106,2ª 95,2ª
Mascavo 85,8ª 112,5ª 120,1ª 118,0a 105,4ª
Coeficiente de
variação (%) 8,2 14,9 14,1 18,12 19,9

Fonte: os autores (2018)*Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente pelo método de
Scott-Knott(p<0,05).

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Figura 2: Valores médios da glicemia (mg/dL) dos participantes do estudo

Fonte: os autores (2018)

Observa-se na Tabela Internacional de índice glicêmico e carga glicêmica que, em


geral, alimentos tradicionais como grãos integrais e legumes minimamente processados
ocasionam menores respostas glicêmicas. Isto porque estes apresentam maiores
quantidades de carboidratos lentamente digeríveis e não digeríveis, uma vez que o amido
e os açúcares estão protegidos pelas estruturas botânicas, como a parede celular e outras
barreiras que diminuem a velocidade de gelatinização ,e consequentemente, de digestão
e absorção destes carboidratos. Ao contrário, alimentos com alto grau de processamento,
que foram submetidos à moagem, a elevadas pressões e temperaturas, apresentam
destruição dessas barreiras e alto grau de gelatinização do amido e, consequentemente,
uma maior resposta glicêmica (CAPRILES; MATIAS; ARÊAS, 2009).

4 CONCLUSÃO
Este estudo demonstrou que o açúcar de coco aumenta a glicemia do mesmo modo
que os açúcares mascavo e sacarose, contudo, observou-se a necessidadede um tempo
maior (acima de 45 minutos) para que ocorresse sua redução.
Na literatura há uma falta de informações comprovadas sobre o açúcar de coco,
sendo este um produto sem comprovação científica sobre seu índice glicêmicoe carga
glicêmica.
Logo são necessários novos estudos utilizando o açúcar de coco, focando
principalmente na determinação correta do índice glicêmico, sua composição química e
sua real atividade funcional para o organismo humano.

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Alimentos com baixo índice glicêmico e carga glicêmica estão associados à


redução do risco de doenças crônicas. Por esse motivo existe um interesse crescente na
aplicação destes conceitos para avaliação e prescrição de dietas. Dessa forma, os
profissionais e estudantes das áreas de Alimentos e Nutriçãodevem estar preparados para
selecionar, interpretar e utilizar estes dados. Com isso será possível um melhor
conhecimento, mesmo que estimado, dos efeitos doscarboidratos dos alimentos para a
saúde humana, fornecendo subsídios adicionais para uma prescrição dietética de melhor
qualidade e mais segura, sobretudo para pacientes que necessitam controlar a glicemia
em seu tratamento.

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