MATERIAIS
• relacionada a à titularidade de produção do
Direito Penal.
FONTES DO
DIREITO
PENAL
FORMAIS
• revelam como se exterioriza o Direito Penal.
1 Nas lições de Luciana Botelho Pacheco: a produção legislativa […] não é feita exclusivamente pelas Casas Legislativas, mas em
regime de coparticipação entre os poderes, notadamente entre o Legislativo e o Executivo. PACHECO, Luciana Botelho. Como se
fazem as leis. 3. ed. Brasília: Câmara dos Deputados, 2013. p. 15.
32 DIREITO PENAL DECIFRADO - PARTE GERAL
REGRA
• União (art. 22, I, CF)
FONTES
MATERIAIS
EXCEÇÃO
• Estados-membros (art. 22, parágrafo único, CF)
( ) Certo ( ) Errado
2 GOMES, Luiz Flavio; BIANCHINI, Alice. Curso de Direito Penal: parte geral. Salvador: Juspodivm, 2015. p. 82.
FONTES E INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL 33
( ) Certo ( ) Errado
Conforme exposto, somente a lei em sentido estrito poderá criar infrações penais e
cominar sanções penais. Gabarito: Errado.
3 MASSON, Cleber. Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120). 13. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2019. v.
1. p. 14.
4 Embora seja mais comum que as leis ordinárias criem tipos penais, teoricamente é possível que leis complementares também
veiculem norma penal incriminadora (é o exemplo do art. 10 da LC nº 105/01).
34 DIREITO PENAL DECIFRADO - PARTE GERAL
devendo ser incluídos como fonte formal imediata – além da lei – a Constituição Federal,
os tratados e convenções internacionais de direitos humanos e as súmulas vinculantes5.
Fontes formais mediatas (indiretas ou secundárias). Os estudiosos as entendem
como sendo aquelas que, embora não veiculem conteúdo incriminador (esse restrito às
fontes formais imediatas), de alguma forma sejam relevantes na interpretação ou inte-
gração do Direito Penal.
O problema da classificação em questão é que na doutrina pátria não há consenso
sobre quais e quantas fontes formais mediatas existem. Assim, elencaremos abaixo cada
uma das fontes, conceituando-as, além de indicarmos os autores que as consideram (sem
a pretensão de sermos exaustivos).
» Costumes – não se confundem com o mero hábito, pois exigem, além da prática
reiterada, um consenso acerca de sua obrigatoriedade. De antemão destacamos
que os costumes não criam delitos ou cominam penas. Contudo eles possuem
papel relevante na interpretação do Direito Penal, influenciando na sua aplicação
em determinadas situações. Citamos como exemplo o conceito de “ato obsceno”
(art. 233, do CP), o qual poderá variar dependendo da época ou região do país em
que for praticado o delito. Vale citar aqui um trecho de antiga, porém (quanto ao
tema) esclarecedora decisão do STJ ao analisar o conceito de obsceno que consta
no art. 234 do CP:
Jurisprudência destacada:
5 Os autores, ao analisarem as fontes formais imediatas, não consideram apenas as normas penais incriminadoras, mas o direito
penal como um todo (além de questionarem a utilidade prática dessa divisão das fontes formais). GOMES, Luiz Flavio; BIAN-
CHINI, Alice. Curso de Direito Penal: parte geral. Salvador: Juspodivm, 2015. p. 82-83 e 95.
6 Masson cita o exemplo da circuncisão, costume religioso dos judeus. MASSON, Cleber. Direito Penal: parte geral (arts. 1º a
120). 13. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2019. v. 1. p. 17.
FONTES E INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL 35
( ) Certo ( ) Errado
» Princípios gerais de direito – são normas que servem de fundamento para os diver-
sos ramos do Direito (como o Penal). Muitas vezes possuem a função de orientar o
Direito Penal, auxiliando na sua interpretação, integração ou até mesmo na criação
das normas (embora não possa, diretamente, tipificar condutas ou cominar penas).
Greco menciona apenas os costumes e os princípios gerais de direito como fontes
formais mediatas: “[…] podemos comungar com a posição daqueles que incluem e en-
tendem os costumes e os princípios gerais de direito como espécies de fontes cognitivas
mediatas”7.
( ) Certo ( ) Errado
Realmente apenas as leis são fontes formais (de cognição) imediatas do Direito Penal.
Com relação às fontes formais mediatas, a banca adotou a posição tradicional, a qual
cita apenas os costumes e os princípios gerais do direito. Gabarito: Certo.
» Jurisprudência – cada vez mais a jurisprudência, entendida como decisões reiteradas
de um Tribunal em um mesmo sentido (incluindo aqui as súmulas), influencia na
construção do Direito Penal – o futuro aprovado sabe bem disso. Inúmeras são as
normas publicadas em nosso ordenamento jurídico, desafiando o intérprete em sua
7 GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: parte geral. 21. ed. Niterói: Impetus, 2019. v. 1. p. 62.
36 DIREITO PENAL DECIFRADO - PARTE GERAL
( ) Certo ( ) Errado
A jurisprudência, mesmo que seja com força vinculante (como as súmulas vinculantes),
não possui similaridade com a lei no tocante à possibilidade de inovar (criando tipos
penais). A única fonte formal imediata do Direito Penal é a lei. Gabarito: Errado.
8 GOMES, Luiz Flavio; BIANCHINI, Alice. Curso de Direito Penal: parte geral. Salvador: Juspodivm, 2015. p. 94.
9 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal. 26. ed. São Paulo: Saraiva, 2020. v. 1. p. 198.
FONTES E INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL 37
(art. 5º, XLIII), princípios penais (art. 5º, XXXIX), recomendações e vedações
acerca de sanções penais (art. 5º, XLVII), dentre outras. Assim, de certa forma, não
há total liberdade ao legislador ordinário em matéria penal, devendo observância a
esses parâmetros constitucionais existentes.
» Tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos – sejam aqueles
aprovados com status de emenda constitucional (3/5 dos votos em 2 turnos em cada
Casa do Congresso Nacional – art. 5º, §3º, do CF), sejam os que possuem natureza
supralegal (pois são aprovados com o quórum mencionado), poderão se constituir
em fonte formal mediata, influenciando o Direito Penal. Por certo, se o tratado
veicular conteúdo penal incriminador, essa parte não possuirá aplicabilidade no
ordenamento jurídico pátrio. Nesse sentido, destacamos parte do REsp 1798903/
RJ-STJ, extraído do voto do relator (o qual venceu por maioria):
Jurisprudência destacada:
( ) Certo ( ) Errado
IMEDIATAS
• Lei em sentido estrito (LO ou LC).
FONTES
FORMAIS
MEDIATAS
• Costumes;
• Princípios gerais de direito;
• Jurisprudência;
• Doutrina;
• Constituição Federal;
• Tratados e convenções internacionais sobre
direitos humanos;
• Atos administrativos.
10 MASSON, Cleber. Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120). 13. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2019. v.
1. p. 14.
11 Citamos ainda o posicionamento de Busato, o qual entende que: Podem ser fontes indiretas outras manifestações legislativas, tais
como a medida provisória, a lei delegada, o decreto legislativo, a resolução e, ainda, os costumes, os Tratados Internacionais, os princípios
gerais de direito, as decisões judiciais e o poder negocial entre os cidadãos (consentimento). BUSATO, Paulo César. Direito Penal: parte
geral. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2018. v. 1. p. 144.
FONTES E INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL 39
( ) Certo ( ) Errado
A banca trocou os conceitos. As fontes que revelarão o direito (como ele será conhecido
pela sociedade) são as formais. Já as fontes materiais nos apontarão quem será o ente
encarregado de produzir as normas penais no país: em regra a União, excepcionalmente
os Estados-membros. Gabarito: Errado.
12 MASSON, Cleber. Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120). 13. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2019. v.
1. p. 100.
13 Conforme ensina Busato, desde Savigny a classificação da interpretação era apenas baseada nos meios/técnicas. Contudo,
com o advento da jurisprudência de interesses de Ihering, levantou-se a importância das espécies quanto ao sujeito e resultado.
BUSATO, Paulo César. Direito Penal: parte geral. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2018. v. 1. p. 182.
40 DIREITO PENAL DECIFRADO - PARTE GERAL
( ) Certo ( ) Errado
Será autêntica contextual quando estiver contida na mesma lei/norma que busca in-
terpretar. Gabarito: Errado.
14 GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: parte geral. 21. ed. Niterói: Impetus, 2019. v. 1. p. 85.
FONTES E INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL 41
15 BERNARDES, Juliano Taveira; FERREIRA, Olavo Augusto Vianna Alves. Direito Constitucional. 8. ed. Salvador: Jus-
podivm, 2018. t. I. p. 256.
42 DIREITO PENAL DECIFRADO - PARTE GERAL
17 NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal. 16. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020. p. 33.
44 DIREITO PENAL DECIFRADO - PARTE GERAL
( ) Certo ( ) Errado
Como vimos, há ainda dois outros sistemas possíveis (segundo Nucci): alternância
implícita e autonomia correlata. Gabarito: Errado.
18 NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal: parte geral. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020. v. 1. p. 131.
FONTES E INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL 45
( ) Certo ( ) Errado
Se a hipótese já é regulada por lei não há que se falar em analogia (a qual pressupõe
uma lacuna). Gabarito: Errado.
19 GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: parte geral. 21. ed. Niterói: Impetus, 2019. v. 1. p. 92.
20 Bitencourt destaca que, além da analogia in malam partem, também é inadmissível o instituto no caso de leis excepcionais e
nas leis fiscais (possui caráter similar às penais). BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal. 26. ed. São Paulo:
Saraiva, 2020. v. 1. p. 214.
46 DIREITO PENAL DECIFRADO - PARTE GERAL
Jurisprudência destacada:
Por fim, saiba ainda que apenas a omissão legislativa involuntária justifica a in-
cidência do instituto (jamais a voluntária, na qual o legislador teve a intenção de não
abarcar determinada hipótese).
Espécies de analogia. A doutrina divide a analogia em duas espécies: legal (ou
legis), consistente na utilização de uma lei para suprir a lacuna; jurídica (ou juris), quando
há o emprego de um princípio geral do direito na colmatação do ordenamento.
Analogia × interpretação analógica. De forma didática, apontamos as principais
distinções no quadro-esquema a seguir:
INTERPRETAÇÃO
ANALOGIA
ANALÓGICA
É um método de integração
do ordenamento (não é É espécie de interpretação.
espécie de interpretação).
( ) Certo ( ) Errado
1.3.1 A DÚVIDA
É possível ocorrer que, mesmo diante de emprego das espécies e técnicas de in-
terpretação estudadas, ainda paire dúvida com relação à exata compreensão da norma (a
chamada “dúvida insuperável”). Buscando resolver essa situação, há três entendimentos
que disputam espaço.
» 1C – Deve ser adotada a interpretação mais prejudicial ao agente (in dubio pro
societate).
» 2C – A escolha por uma interpretação mais benéfica ou prejudicial ao agente
caberá ao julgador.
» 3C – A interpretação adotada será necessariamente a mais benéfica ao agente,
por força do princípio in dubio pro reu. Essa é a mais adequada21.
Esse último posicionamento também é o adotado por Luiz Flavio Gomes e Alice
Bianchini, os quais lecionam: “o princípio do in dubio pro reu deve ser sempre respeitado
quando se está em jogo questões probatórias (fato) não as questões de direito (interpre-
tação da lei penal), salvo, nesse último caso, quando se trata de dúvida insuperável […]”.22
1.3.2 RETROATIVIDADE DA LEI INTERPRETATIVA MALÉFICA
Se a lei penal é meramente interpretativa (explica algum conceito de outra lei ou
dispositivo), mas o seu conteúdo de qualquer forma agrave a situação do agente, pode-
rá retroagir de modo a influenciar fatos ocorridos no passado (interpretação autêntica
posterior maléfica)? Há dois posicionamentos, adiantando que adotamos o primeiro:
Para Cleber Masson, ao abordar a interpretação autêntica (legislativa): “Por se
limitar à interpretação, tem eficácia retroativa (ex tunc), ainda que seja mais gravosa ao
réu. Em respeito à força e à autoridade da coisa julgada, por óbvio não atinge os casos já
definitivamente julgados”23.
Em sentido contrário são as lições de Nélson Hungria:
21 Nesse sentido: GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: parte geral. 21. ed. Niterói: Impetus, 2019. v. 1. p. 93.
22 GOMES, Luiz Flavio; BIANCHINI, Alice. Curso de Direito Penal: parte geral. Salvador: Juspodivm, 2015. p. 99.
23 MASSON, Cleber. Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120.). 13. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2019. v. 1.
p. 101.
48 DIREITO PENAL DECIFRADO - PARTE GERAL
Nem mesmo as leis destinadas a explicar ponto duvidoso de outras leis, ou a corrigir
equívoco de que estas se ressintam, podem retroagir em desfavor do réu. Se o próprio
legislador achou que a lei anterior (interpretada ou emendada) era de difícil entendimen-
to ou continha erro no seu texto, não se pode exigir do réu que a tivesse compreendido
segundo o pensamento que deixou de ser expresso com clareza ou exatidão24.
24 HUNGRIA, Nélson; DOTTI, René Ariel. Comentários ao Código Penal. 6. ed. Rio de Janeiro: GZ, 2017. E-book (posição
2706).